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A CONSULTA FÍSICO-FUNCIONAL_FISIOTERAPÊUTICA

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CONSULTA FÍSICO-FUNCIONAL / 
FISIOTERAPÊUTICA 
 
1. O DIAGNÓSTICO FISIOTERAPÊUTICO 
 
“Para o fisioterapeuta o movimento é o seu trabalho. 
E para o ser humano estar vivo é estar em movimento. 
Então, o fisioterapeuta deve ser o primeiro profissional a ser buscado 
pelo ser humano, para que este tenha boa qualidade de vida” 
Lucas, 2009. 
--------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
Independentemente das especialidades fisioterapêuticas, resguardando 
métodos e técnicas específicas das mesmas, o diagnóstico relativo à consulta do 
fisioterapeuta, também conhecido como diagnóstico cinesiológico funcional, tem o 
sistema de movimento como principal objeto de análise. Pois é sabido que à luz do 
movimento humano podemos encontrar situações cinesiopatológicas ou 
patocinesiológicas. Ou seja, disfunções de movimento que podem determinar 
doenças, ou doenças que podem determinar disfunções de movimentos, 
respectivamente. Neste sentido, é importante frisar o que representa o diagnóstico geral 
fisioterapêutico, citando MOURA FILHO1: 
“.....O Diagnóstico Fisioterapêutico constitui o conjunto de 
procedimentos e rotinas diagnósticas, realizadas pelo fisioterapeuta, com a 
finalidade de identificar, quantificar e qualificar o distúrbio cinético-funcional 
2 
 
de órgãos e sistemas, sensíveis à abordagem fisioterapêutica, direta ou 
sinergicamente. Cada profissional de saúde elabora o diagnóstico de seus 
pacientes voltado às suas peculiaridades de intervenção. No caso do 
profissional ter no bojo de sua intervenção profissional a administração 
farmacológica, o tipo de distúrbio a ser identificado, qualificará o distúrbio de 
forma a encaminhar esta tipicidade de abordagem. 
Tomemos como exemplo a Asma Brônquica. Este é um exemplo 
de diagnóstico nosológico, peculiar à abordagem médica. Esta entidade 
nosológica, sob a perspectiva médica, envolverá uma abordagem 
farmacológica para tratar o distúrbio imunológico envolvido, combatendo o 
edema de mucosa e o broncoespasmo. Sob a ótica fisioterapêutica, o 
paciente não tem asma, mas uma discinesia muscular respiratória associada 
ao conjunto de distúrbios mecânicos identificados como "limitação do fluxo 
aéreo", com diversos componentes cinetico-funcionais envolvendo os 
músculos respiratórios e o comprometimento da biomecânica toraco-
abdominal. 
 
O Diagnóstico Fisioterapêutico foi 
previsto na Resolução número 80 
(anexo 01) do Egrégio COFFITO, 
publicada no D.O.U. 093 de 21/05/87, 
Seção I, Pág. 7609, cujo Artigo 1º é 
transcrito a seguir: 
"É competência do FISIOTERAPEUTA, elaborar o diagnóstico 
fisioterapêutico compreendido como avaliação físico-funcional, sendo 
esta, um processo pelo qual, através de metodologias e técnicas 
fisioterapêuticas, são analisados e estudados os desvios físico-
funcionais intercorrentes, na sua estrutura e no seu funcionamento, 
com a finalidade de detectar e parametrar as alterações apresentadas, 
considerados os desvios dos graus de normalidade para os de 
anormalidade; prescrever, baseado no constatado na avaliação físico-
funcional as técnicas próprias da Fisioterapia, qualificando-as e 
3 
 
quantificando-as; dar ordenação ao processo terapêutico baseando-
se nas técnicas fisioterapêuticas indicadas; induzir o processo 
terapêutico no paciente; dar altas nos serviços de Fisioterapia, 
utilizando o critério de reavaliações sucessivas que demonstrem não 
haver alterações que indiquem necessidade de continuidade destas 
práticas terapêuticas." 
A elaboração do diagnóstico fisioterapêutico é realizada no 
procedimento de CONSULTA, procedimento este, que requer a aplicação 
dos recursos de diagnose para que sejam elaborados o PROGNÓSTICO, ou 
seja, a estimativa do nível de funcionalidade e as potencialidades a serem 
obtidas, na previsão de um determinado período de tempo e o PLANO DE 
INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA. 
Um Diagnóstico Fisioterapêutico adequado é o único meio para a 
prescrição e administração de uma abordagem fisioterapêutica eficaz. É 
recomendado ao fisioterapeuta que sistematize sua rotina de consulta na 
clínica, consultório ou hospital, dando a importância adequada a este 
procedimento, realizando num espaço adequado, seja no consultório ou na 
enfermaria, com privacidade, silêncio, boa iluminação e ventilação. 
Apesar de que alguns profissionais enfrentam alguma dificuldade 
para realizarem suas consultas por conveniências de alguns serviços em 
função de adequações aos planos de saúde, somos convencidos de que a 
própria sociedade se encarregará de reconhecer a desqualificação destes 
serviços, migrando naturalmente para serviços e profissionais que 
administram uma prática fisioterapêutica compromissada com a qualidade e 
com a efetividade de suas intervenções....” 
Existe uma característica muito marcante no diagnóstico fisioterapêutico 
quando comparado ao diagnóstico nosológico (médico). Normalmente o diagnóstico 
médico faz referência ao comprometimento dos órgãos ou das estruturas componentes 
dos mesmos. Mas, o diagnóstico fisioterapêutico faz referências às funções 
normalmente relacionadas a estes órgãos ou estruturas. E obviamente as funções 
4 
 
comprometidas relacionadas ou não com o diagnóstico médico são as que se referem 
ao movimento. 
Sendo assim, a conclusão diagnóstica fisioterapêutica pode ser múltipla, pois 
os componentes a serem analisados a partir das disfunções de movimento devem ser 
explorados individualmente, para que possam ser quantificados e qualificados, com ou 
independentemente do diagnóstico nosológico. 
 
Os itens, ou funções relacionadas ao movimento, mais comuns do diagnóstico 
fisioterapêutico, independentemente da especialidade fisioterapêutica, são a 
mobilidade articular ativa e a força muscular. Juntamente com estas há possibilidade 
de se quantificar e qualificar o tônus muscular, a coordenação motora, a resistência 
muscular, reflexos musculares e outras funções neurológicas, além de funções 
relacionadas à marcha. 
Uma peculiaridade do diagnóstico fisioterapêutico é a necessidade de 
aprofundar a interpretação da função sensorial “dor” se a história clínico-fisioterapêutica 
demonstrar que está interferindo em demais funções relacionadas ao movimento. Por 
exemplo, a amplitude de movimento de determinado complexo articular apresenta 
determinado percentual de incapacidade para determinando movimento, tendo em vista 
a presença de dor. Nestas situações a quantificação da incapacidade deste movimento 
estará baseada no quantitativo de dor, e não no encontrado gonimetricamente para o 
movimento. Ou seja, a dor prepondera ao diagnóstico do movimento. 
O profissional fisioterapeuta não pode deixar de levar em consideração que o 
seu laudo ou parecer deve compor um diagnóstico próprio e de acordo com a 
5 
 
Resolução 370 de novembro de 2009 (anexo 02). Nesta existe a obrigatoriedade 
profissional de concluir suas consultas de acordo com os padrões de equiparação da 
CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade Incapacidade e Saúde. 
Desta forma, como a Resolução 370 determina que sejam quantificadas, 
qualificadas e codificadas as incapacidades físico-funcionais, é importante que o 
profissional fisioterapeuta desenvolva seu diagnóstico sob suas bases, sendo 
diagnóstico geral ou específico. Não importando a função, o diagnóstico deve ser 
equiparado quantitativamente e qualitativamente conforme abaixo: 
 
Figura 01. Referencial de equiparações quantitativas à CIF 
 
 
Quadro 01. Quantificação, Qualificação e Codificação pela CIF. 
 
 
 
 
 
6 
 
2. QUANTIFICAÇÃO, QUALIFICAÇÃO e CODIFICAÇÃO PELA CIF 
 
 
Especificamente os fisioterapeutas devem executar seus diagnósticos 
cinesiológicos funcionais de acordo com a Resolução 370 do COFFITO (anexo 02). 
Esta resolução versa sobre a utilização da CIF – Classificação Internacional de 
Funcionalidade,Incapacidade e Saúde6, da OMS – Organização Mundial da Saúde. 
Para a composição adequada da codificação orientada pela CIF é muito 
importante que o diagnóstico da estrutura comprometida esteja claro. Ou seja, o 
diagnóstico do profissional médico será elucidador para a complementação da 
codificação da estrutura relacionada ao movimento (ossos, tendões articulações, 
tendões e músculos principalmente). Para a emissão do diagnóstico físico-funcional, 
geralmente não há necessidade de se adicionar códigos “d” e “e” da CIF. Devemos 
então fazer breve explanação sobre a CIF. 
 
7 
 
2.1 Contexto da CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade 
Incapacidade e Saúde. 
 
Traduzindo da página oficial da OMS – Organização Mundial de Saúde, assim 
como a CID – Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas 
Relacionados à Saúde, a Classificação Internacional de Funcionalidade, 
Incapacidade e Saúde6, mais comumente conhecido como o CIF, também é uma 
classificação da OMS. 
 
Esta versa sobre a saúde e domínios relacionados à saúde. Estes domínios 
são classificados a partir do corpo, das perspectivas individuais e sociais, por meio de 
duas listas, Uma lista de Funções e Estruturas do corpo, e uma lista de domínios de 
Atividade e Participação, pois o funcionamento de um indivíduo e a deficiência que o 
mesmo possa apresentar, ocorre em um contexto. Ela foi endossada por todos os 
países membros da OMS (total de 191) na sua 54ª Assembleia em 22 de Maio de 2001, 
e foi traduzida para a língua portuguesa, versão brasileira em 2003. 
 
Como classificação, a CIF agrupa sistematicamente diferentes domínios de 
uma pessoa com uma determinada condição de saúde. A Funcionalidade é um termo 
que engloba todas as funções do corpo, atividades e participação. De maneira similar, 
Incapacidade é um termo que inclui deficiências, limitação de atividades ou restrição 
na participação. 
 
A CIF também relaciona os fatores ambientais que interagem com todos estes 
constructos. Neste sentido, a classificação permite ao utilizador registrar perfis úteis da 
funcionalidade, incapacidade e saúde dos indivíduos em vários domínios. 
 
As análises dos domínios da CIF se baseiam em seus capítulos e devem ser 
resumidas a códigos, que objetivam a uniformidade internacional para compreensão da 
saúde mundial. As pesquisas e condutas de interferência para a melhora da saúde de 
determinada região são, dentre outros, objetivos da CIF e da CID pela OMS. São 08 
(oito) capítulos para Funções do Corpo, 08 (oito) para Estruturas do Corpo, 09 (nove) 
para atividades e participação, e 05 (cinco) para Fatores Ambientais. 
8 
 
 
Quadro 02. Estrutura básica da CIF 
 
As valências físicas mais comprometedoras da funcionalidade, e que são alvo 
de uma consulta geral fisioterapêutica são a “força” a “mobilidade articular”. Na CIF 
estão presentes capítulos com códigos nos permitem quantificar por equiparação estas 
valências físicas. De uma maneira prática, o capítulo 7 da CIF é o ponto de partida 
para a atuação fisioterapêutica, e os códigos de “força” e “mobilidade articular” são 
peças fundamentais para a confecção dos documentos clínicos e legais 
fisioterapêuticos. Qualquer outra função determinadas por capítulos da CIF e que 
interfira com o movimento também deverá ser quantificada. 
 
O fisioterapeuta deve conhecer principalmente os qualificadores da CIF para 
Estruturas e Funções do Corpo, para que possa desenvolver uma codificação de 
incapacidade encontrada. As funções corporais como força, mobilidade articular, dor, 
sensibilidade, equilíbrio, marcha, dentre outras, possuem somente um qualificador. 
Este qualificador é o de gravidade da alteração da função. Já o código de estruturas 
do corpo, que são as regiões anatômicas determinadas pelo CID, possuem 03 (três) 
qualificadores: o de gravidade, o de natureza da alteração estrutural e o de localização: 
 
9 
 
 
Fig. 02. Qualificadores e Quantificadores de funções e estruturas CIF. 
 
Exemplo: Como compor um quadro de diagnóstico geral fisioterapêutico para 
o caso de um examinado do sexo feminino, 48 anos, que apresenta amplitude de 135º 
para o movimento de abdução do complexo articular do ombro esquerdo, apresenta 
força de preensão manual de 19 kgf e que refere dor grau 4 ao movimento ativo 
analisado. A documentação nosológica apresenta uma codificação CID S42.0 e 
informação que a fratura atingiu 75% do corpo do osso. 
 
a) Análise da Mobilidade Articular 
O normal seria 180º para o movimento de abdução5. Como o examinado 
apresentou 135º de amplitude de forma ativa, possui então 75% da capacidade 
ideal. 
 
Significa então que seu déficit, ou 
incapacidade de movimento de 
abdução, será a diferença entre o 
ideal e o encontrado no exame. 
Possui então 25% de incapacidade, 
equivalente a 100% - 75%. Este 
déficit quantitativo se encontra entre 
25% e 50% pelo equiparador da CIF, 
sendo então classificado como 
MODERADO. 
 
10 
 
Para desenvolver a codificação basta acessar o Capítulo 7 da CIF – 
Funções relacionadas ao movimento - e localizar o código base relacionado 
à mobilidade articular de várias articulações, já que foi analisado o complexo 
articular do ombro (não se analisa o ombro como se fosse uma articulação). 
Sendo assim, o código mais adequado é o b7101. Adicionando o qualificador 
do equiparador da CIF para funções graves, o código passa a ser escrito como 
b7101.3. 
 
 
Fig. 03. Equiparação da CIF para mobilidade articular de 180º. 
 
b) Análise da Força Muscular 
O normal seria 44 kgf para a força de preensão manual com a utilização do 
dinamômetro Jamar3. Como o examinado apresentou 19 kgf, possui então 43% 
da capacidade ideal. Significa então que seu déficit, ou incapacidade de força 
de preensão, será a diferença entre o ideal e o encontrado no exame. Possui 
então 57% de incapacidade, equivalente a 100% - 43%. 
 
Este déficit quantitativo se encontra entre 50% e 
95% pelo equiparador da CIF, sendo então 
classificado como GRAVE. Para desenvolver a 
codificação basta acessar o Capítulo 7 da CIF – 
Funções relacionadas ao movimento - e localizar 
o código base relacionado à força muscular. Sendo 
assim, o código mais adequado é o b7300. 
Adicionando o qualificador do equiparador da CIF 
para funções graves, o código passa a ser escrito 
como b7300.3. 
 
11 
 
 
 
 
Fig. 04. Equiparação da CIF para força de preensão manual de 44 kgf. 
 
 
c) Análise da Sensibilidade Dolorosa ao Movimento Ativo de Abdução 
O normal seria não apresentar dor ao movimento. Como o examinado 
apresentou pela escala numérica de referência4 o valor 4, possui então 40% de 
incapacidade. 
 
Fig. 05. Representação de uma escala visual para referencial de dor. 
 
Este déficit quantitativo se encontra entre 25% e 49% pelo equiparador da 
CIF, sendo então classificado como MODERADO. Para desenvolver a 
codificação basta acessar o Capítulo 2 da CIF – Funções sensoriais e dor - 
e localizar o código base relacionado à dor nas articulações. Sendo assim, o 
código mais adequado é o b28016. Adicionando o qualificador do equiparador 
da CIF para funções moderadas, o código passa a ser escrito como b28016.3. 
 
12 
 
 
Fig. 06. Equiparação da CIF para sensibilidade dolorosa. 
 
 
d) Análise da Estrutura Comprometida 
No Capítulo 7 da CIF – Estruturas relacionadas ao movimento - o 
código da estrutura comprometida é s7200 para “ossos da região do ombro”. 
Como há informação que o comprometimento da estrutura óssea é de 75%, o 
primeiro qualificador do código será “3”. A natureza da alteração estrutural para 
determinação do segundo qualificador é “5”, relacionado à “descontinuidade”. 
A posição da estrutura, como se trata do esqueleto apendicular direito, recebe 
o terceiro qualificador como número “1”. Sendo assim o código CIF completo 
da estrutura seria s7200.351. 
 
Fig. 07. Equiparaçãoda CIF para o comprometimento estrutural. 
Importante observar neste exemplo, que o aspecto sensorial da dor ficou 
em um patamar quantitativo abaixo do determinado pela mobilidade articular. 
Significa então, que o movimento de abdução do complexo articular do ombro 
direito possui uma incapacidade de 69% efetivamente. Ou seja, se a dor 
13 
 
quantificada possuísse um escore acima do analisado para a mobilidade 
articular, o escore desta seria preponderante para a esta mobilidade. Neste 
sentido, a incapacidade do movimento seria a mesma apontada para a dor. 
Veja então como ficaria o resumo do diagnóstico fisioterapêutico, observando 
que há para o exame realizado “vários” diagnósticos para o mesmo problema 
nosológico: 
 
FUNÇÃO 
 
QUANTIFICADOR QUALIFICADOR CÓDIGO 
Mobilidade Articular Ativa – 
Abdução: 
Marques/20032 
69% GRAVE b7101.3 
Força de Preensão 
Manual: Dinamômetro 
Jamar3 
57% GRAVE b7300.3 
Dor: Escala 
Multidimensional – 
Numérica - de Avaliação 
da Dor4 
40% MODERADO b28016.2 
 
ESTRUTURA 
 
QUANTIFICADOR QUALIFICADOR CÓDIGO 
 
Clávícula Direita 
 
75% GRAVE b7200.351 
Quadro 03. Diagnóstico fisioterapêutico – CIF. 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
3. CONSULTA FISIOTERAPÊUTICA GERAL 
Para que possamos empreender um tratamento físioterapêutico a um cliente é 
necessária a execução de um procedimento prévio que é o diagnóstico. Ou seja, 
precisamos identificar o que se encontra fora da normalidade em nosso universo de 
atuação. Isto quer dizer que devemos quantificar o percentual de variação anormal para 
que possamos emitir alta baseada na evolução positiva das anormalidades 
encontradas. 
 
Importante ressaltar que diferentemente da alta de um procedimento médico, a 
alta fisioterapêutica nem sempre ocorrem em um único dia. Ou seja, pode ser emitido 
alta por evolução de um determinado comprometimento físico funcional e continuar o 
tratamento para outros parâmetros ainda deficitários em relação à normalidade. 
 
Podemos identificar, por exemplo, que um indivíduo possui déficit de força 
estática dinamométrica de preensão manual e déficit de amplitude de movimento geral 
ântero- posterior. Com a prescrição ou tratamento fisioterapêutico até determinado 
momento, ele pode receber alta de um parâmetro e permanecer tratando outro. Isto 
inclusive possibilita que os valores financeiros do tratamento se reduza para o cliente. 
 
Os fisioterapeutas devem observar um organograma mínimo para a consulta 
fisioterapêutica, introduzindo parâmetros até então negligenciáveis ao profissional, 
como a obrigatoriedade da devolutiva ao cliente sobre sua evolução, o diagnóstico do 
percentual de gordura determinado através da composição corporal, e o diagnóstico do 
déficit de atividade física (sedentarismo): 
15 
 
 
Fig. 08 – Esquema de consulta geral (Lucas, 2009). 
 
 
3.1 REANÁLISES EM SÉRIE 
A evolução do tratamento físico deve ser obrigatória de acordo com a 
Resolução COFFITO 80 (anexo 01). Desta forma convém que o profissional desenvolva 
critérios de reanálise das incapacidades físico funcionais para que possa computar em 
percentual a evolução e eventualmente emitir alta de algum parâmetro: 
16 
 
 
Fig. 09 – Exemplo de planilha de consultas e reanálise sequenciais em programa excel do pacote 
Microsoft Office. 
 
3.2. A COMPOSIÇÃO CORPORAL 
A composição corporal geral deve ser integrada à conculta fisioterapêutica 
tendo em vista a grande relação da morfologia corporal e o sistema de movimento. Para 
tanto diversos são os métodos para a determinação da composição corporal. A ênfase 
para a maioria deles é para a determinação do percentual de gordura e de sua relação 
com a massa corporal total (erroneamente chamada de peso). 
No mercado as técnicas de composição corporal são divididas basicamente 
entre técnicas antropométricas (perimetrias e dobras cutâneas) e técnicas laboratoriais 
e/ou baseadas em equipamentos, como a pesagem hidrostática, a emissão de raio x 
de dupla energia (DEXA), a ressonância magnética e o método da água deuterada. 
Mas estes são muito caros e não estão acessíveis em muitos locais. 
17 
 
Por este motivo as técnicas antropométricas são mais utilizáveis em nosso 
mercado. É consenso que existem técnicas mais precisas de acordo com o gênero, 
idade e perfil étnico dos indivíduos avaliados. Porém sabe-se que existem técnicas mais 
generalistas e que podem ser utilizadas de forma criteriosa pelos profissionais, como é 
caso das análises antropométricas. 
Há dois protocolos válidos e confiáveis que utilizam técnicas antropométricas 
baseadas por perimetria (fita métrica) divididas para homens e para mulheres: 
 
PROTOCOLO DE PENROE - MULHERES 
%G= ([0,55 x CG) - ( 0,24 x Est) + (0,28 x CA) - 8,43 
Est = estatura (cm); CA = cintura alta (cm); CG=circ.glúteo (cm) 
 
PROTOCOLO DE DOTSON & DAVIES– HOMENS 
G% = + [85,20969 . log (AB - Pç)] - [69,73016 . log (estatura em polegadas)] 
+ 37,26673 
AB = Circ. Abdome; Circ. Pç = pescoço 
Quadro 04. Protocolos de determinação de percentual de gordura por perimetria. 
 
3.2.1 BIOIMPEDÂNCIA 
Dos métodos que conferem maior precisão à composição corporal o 
scaneamento por bioimpedância é o mais prático e acessível. Desta forma a mais 
recomendada seria a “Bioimpedância Tetrapolar Multifrequencial Multisegmentada de 
oito pontos de contato”. 
Como qualquer método de composição corporal é muito importante a 
observação dos protocolos de execução. 
18 
 
 
Fig. 10 – Exemplo de Scanner de Bioimpedância Tetrapolar Multifrequencias de oito pontos. 
 
 
3.3 DIAGNÓSTICO DE SEDENTARISMO 
 
Diversos são os métodos para auxílio da determinação do gasto calórico 
em movimentação, ou mensuração do gasto calórico da atividade física. Todos os 
procedimentos procuram se aproximar do padrão ouro para este objetivo que é 
atualmente a “água duplamente marcada”: 
 
Sensores de movimento simples (Caltrac, Tritac...); Sensores de 
movimento conjugados (Armband Sensewear, Bodymedia Fit...); Pedômetros; 
Pulseiras de movimento (Loop Polar, Garmin Vivo Fit...); Monitores de Frequência 
Cardíaca (Polar FT1, Polar RS800 CX, Garmin 405....); Questionário de Atividade 
Física (IPAQ); Calorimetria Indireta Portátil (VO2000, Medgen...); Calorimetria 
Direta (Câmaras calorimétricas, Termografia por infravermelho...). 
 
 
Fig. 11. Métodos para medidas da atividade física. 
 
 
 
 
https://drive.google.com/file/d/0B4Vum8NY54D1a3lqUWRxUDVCVG8/edit?usp=sharing
19 
 
3.3.1 MONITORIZAÇÃO DA FREQUÊNCIA CARDÍACA 
 
Pela praticidade, pela margem de erros controláveis, baixo custo e 
simplicidade de operação a monitorização contínua da frequência cardíaca, em 
repouso e em atividade, é uma boa opção para análise da atividade física. 
 
Vamos imaginar então um indivíduo que possua os seguintes dados 
metabólicos: Taxa Metabólica de Repouso de 1200 kcal; Média FC repouso de 65 bpm; 
Média FC atividade de 82 bpm e dorme 10 (dez) horas. Para calcular o gasto 
calórico/dia devemos seguir os seguintes passos: 
 
1. Passo – Determina-se o referencial de sedentarismo: 
1200 x 1,4 = 1680 kcal/dia 
2. Passo – Determina-se o gasto calórico por minuto em repouso: 
1200 / 1440 = 0,83 kcal/min/repouso 
3. Passo – Determina-se o gasto calórico por batimento em repouso: 
0,83 / 65 = 0,013 kcal/batimento/repouso 
4. Passo – Determina-se o gasto calórico por batimento em atividade: (82 
x 0,012) / 65 = 0,016 kcal/batimento/atividade 
5. Passo – Determina-se o gasto calórico por minuto em atividade: 
0,016 x 82 = 1,312 kcal/min/atividade 
6. Passo – Determina-se o gasto calórico dia em repouso: 
0,83 x 600 min (10 horas de sono) = 498 kcal 
7. Passo – Determina-se o gasto calórico dia em atividade: 
1,312 x 840 min (16 horas em atividade) = 1102 kcal 
8. Passo – Determina-se o gasto calórico dia/real: 
498 + 1102 = 1600 kcal/dia 
9. Passo – Realiza-se a comparação com o referencialde sedentarismo: 
1680 - 1600 = 80 kcal de déficit (indivíduo sedentário matematicamente) 
10. Passo – Interpreta-se sobre a necessidade de prescrição quantitativa 
de movimento. Como 80 kcal é menor que 5% do valor ideal, que seria 84 
kcal, não haveria necessidade de prescrição, cabendo somente 
orientações em relação ao mínimo aumento de movimentação pelo 
indivíduo. 
20 
 
Para compor o diagnóstico de acordo com a CIF, caso houvesse relevância, 
bastaria identificar qual seria o máximo de sedentarismo possível para o cliente e 
comparar com o déficit apresentado. Como um indivíduo sedentário 
(matematicamente) não chega a utilizar por volta de 40% de sua taxa metabólica de 
repouso, este seria o quantitativo máximo de sedentarismo. Neste exemplo a taxa 
equivale a 1200 kcal, então 100% de sedentarismo seria 480 kcal (40% de 1200 kcal), 
então teríamos: 
100% ..............................480 kcal 
X % ................................. 80 kcal X = (80 kcal x 100%)/480 kcal 
Então o indivíduo seria quantitativamente 17% sedentário. Isto corresponde 
a uma qualificação LEVE pela CIF. 
Para desenvolver a codificação basta acessar o Capítulo 5 da CIF – 
Funções do aparelho digestivo e dos sistemas metabólico e endócrino - e 
localizar o código base relacionado às funções metabólicas gerais. Sendo assim, o 
código mais adequado é o b540. Adicionando o qualificador do equiparador da CIF 
para funções leves, o código passa a ser escrito como b540.1. 
Para colher os valores da Média de Frequência Cardíaca em atividade de 
vida diária (atividade), convêm que o fisioterapeuta ofereça o monitor de frequência 
cardíaca (Polar FT1, por exemplo) para que o cliente realize a coleta em pelos menos 
03 (três) dias típicos. Convém também que seja oferecido formulário próprio para o 
indivíduo (ou de forma online), além de oferecer ensinamento sobre a operação do 
aparelho. 
Obviamente, sabendo que há métodos mais precisos para a determinação 
da Taxa Metabólica de Repouso, como a Calorimetria Indireta ou Termometria 
Cutânea, se houver a possibilidade de executá-lo os cálculos apresentados seriam 
poupados e obviamente a margem de erros diminuiria. 
 
 
 
 
 
 
21 
 
4. PASSO A PASSO DA CONSULTA FISIOTERAPÊUTICA 
GENERALIZADA 
É muito importante que o fisioterapeuta possa interpretar que nem toda 
consulta fisioterapêutica é realizada com o objetivo do desenvolvimento de um plano 
de tratamento. Pois, se a fisioterapia é uma ciência da saúde que também se relaciona 
com a prevenção e a promoção da saúde, o cliente pode procurá-lo somente para que 
conheça o seu quadro físico funcional (saúde física), ou para compará-lo com consultas 
anteriores. Este é o procedimento mais comum nas situações 
CINESIOPATOLÓGICAS. Já a consulta realizada com fim específico de tratamento 
fisioterapêutico se enquadra na situação PATOCINESIOLÓGICA. 
 
O fisioterapeuta deve ser capaz de oferecer sua consulta para a comunidade 
enfocando os dois tipos de procedimentos que envolvem o sistema de movimento7 , 
tendo em vista a diferenciação do seu diagnóstico em relação aos demais profissionais 
da saúde, especialmente o médico. Este posicionamento profissional é determinante 
para a demarcação da identidade profissional fisioterapêutica perante a sociedade7. 
 
 
1º PASSO - AGENDAMENTO DA CONSULTA: 
• As consultas devem ser agendadas para duração de 01 (uma) hora. 
• Informe ao cliente que a cobrança será realizada previamente. Deve possuir 
o valor mínimo de R$ 64,50 de acordo com a Resolução COFFITO 428/2013 
– Referencial Nacional de Procedimentos Fisioterapêuticos (RNPF), salvo 
exceções do mesm: 
 
 
• De acordo com seu adicional de especialização, ou valores de mercado, 
você poderá estipular valor maior para sua consulta. 
• Informe a data e a hora disponível para o cliente. 
22 
 
• Dê prazo de 24 horas para o cliente realizar o pagamento da consulta. 
• Convém que a cobrança seja feita via meios de pagamento online, com 
envio para e-mail do cliente ou botão de pagamento em site do 
profissional. (Moip, Pagseguro, PayPal, etc.). 
• Após confirmação do pagamento faça contato com o cliente, reafirmando 
a data e o horário. 
• Solicite ao cliente que compareça com os “exames” mais recentes e 
relevantes e que não modifique a sua rotina. 
 
 
2º PASSO – PROCEDIMENTOS INICIAIS: 
• Preencha uma Ficha de Identificação do cliente, preferencialmente 
digitalizada em seu computador ou em software específico. Deve possuir 
número de registro do cliente para início da formação do Prontuário de 
acordo com a Resolução COFFITO 414/2012 (anexo 03). 
• A Ficha de identificação deve possuir dados do Local, data (dia, mês, 
ano), nome e registro profissional consultor e no mínimo os seguintes 
dados do cliente: 
1. Nome Completo; 
2. Data de nascimento; 
3. Idade atual; 
4. Gênero; 
5. Perfil Étnico; 
6. Estado Civil; 
7. Escolaridade; 
8. Profissão/Ocupação (há quanto tempo); 
9. Endereço Completo (Rua....Número....Bairro...Cidade...País); 
10. Contatos Diretos (e-mails, telefones e redes sociais). 
 
3º PASSO – ENTREVISTA (anamnese) 
• Seu prontuário deve conter espaço para Informações Relevantes 
levantadas pela entrevista inicial. (Recomendamos a leitura do livro 
“Métodos de Avaliação Clínica e Funcional”, de Silvia Maria Amado João). 
23 
 
• A primeira parte da entrevista (anamnese) consiste em fazer perguntas 
ao cliente sobre alguns aspectos de sua vida diária como: 
1. Qualidade do sono; 
2. Alimentação (tipo, quantidade); 
3. Habitação (local, tipo); 
4. Parâmetros da Atividade Física (“sedentarismo”, atleta, frequência, 
intensidade); 
5. Informação sobre o perfil emocional (estressado, calmo, ansioso) 
6. Vícios (álcool, fumo, drogas ilícitas); 
7. Condições culturais e escolaridade. 
• A segunda parte da entrevista (anamnese) é direcionada para a situação 
clínica do cliente, com perguntas direcionadas à especialidade 
fisioterapêutica: 
1. Queixa Principal (QP); 
2. HPMA (História Pregressa da Moléstia Atual); 
3. HPP (História Patológica Pregressa); 
4. HFP (História Fisiológica Pregressa); 
5. História Familiar relacionada ao problema; 
6. Medicamentos e Dosagem; 
7. Diagnósticos e Exames complementares (identificando seus 
emitentes e datas); 
8. Movimentos prejudicados para realizar atividades de 
lazer/trabalho; 
9. Características da dor: 
a. Início: súbito ou insidioso; 
b. Local principal: Região anatômica; 
c. Tipo: queimante, agulhada, latejante, cansada, irradiada; 
d. Intensidade pela Escala Visual Analógica (EVA); 
10. Sintomas associados à dor ou à disfunções sensoriais: 
a. Sente calor, hiperemia, formigamento, edema, peso, 
cansaço, tontura, dor de cabeça, enjoo, outros; 
b. Caráter: migratório, permanente, progressivo, cíclico; 
c. Período: manhã, tarde, noite, indiferente; 
24 
 
d. Fatores agravantes: Frio, calor, atividade física intensa, 
imobilização, mobilização, outros. 
e. Fatores de Alívio: Repouso, mobilização, frio, calor, gelo, 
bolsa quente, banho, outros. 
11. Realizou fisioterapia? 
a. Onde? 
b. Frequência? 
c. Em que período? 
d. Tipo de tratamento? 
e. Resultado? 
 
4º PASSO - EXAME SUBJETIVO 
• Você deve fazer a Inspeção visual direcionada à especialidade 
fisioterapêutica relacionada ao exame, identificando fotograficamente 
imagens relevantes. Caso o rosto do cliente seja identificado deve 
adicionar mascaramento do mesmo: 
1. Postura Estática Geral: Frente, costas, lateral direita, lateral 
esquerda...; 
2. Postura Estática Segmentar: Observar posturas antálgicas ou 
posturas irregulares nos segmentos corporais, devendo no exame 
objetivo analisar e nominar os grupamentos musculares 
potencialmente comprometidos. 
3. Ectoscopia segmentar: Descrever cicatrizes, edemas, colorações 
anormais (hiperemia, hematomas, palidez) e deformidades, 
identificando os locais (regiões anatômicas ou segmentoscorporais). Quando possível deve quantificar as deformidades, 
além de qualificá-las comparativamente ou de acordo com 
referenciais/parâmetros pré-estabelecidos. 
4. Padrão Qualitativo da Marcha: Identificar a existência de 
marchas patológicas ou marcha claudicante/álgica ou anormal, 
devendo no exame objetivo correlacioná-la com os déficits de 
mobilidade articular ativa, mobilidade articular passiva e força. 
 
 
25 
 
 5º PASSO – EXAME OBJETIVO 
• Seu prontuário deve utilizar um espaço separado para Exame Físico-
funcional, realizado após a entrevista (anamnese). 
• Inicie analisando sinais vitais e oximetria (se for relevante): 
1. Adapte o monitor de frequência cardíaca (relógio com ou sem 
cinta), e eventualmente o oxímetro e verifique os valores em 
repouso deitado, sentado e de pé; 
2. Mensure a frequência respiratória (inspiração e expiração) em 
cada posição, juntamente à análise da frequência cardíaca; 
3. Mensure a PA (Pressão Arterial) também em cada posição da 
frequência cardíaca; 
4. Mensure a TCC (Temperatura Corporal Central) e a TCP 
(Temperatura Corporal Periférica). 
• Devem ser registrados/mensurados dados antropométricos: 
1. Massa Corporal Total; 
2. Estatura; 
3. Envergadura; 
4. Perímetro da Cervical; 
5. Menor Perímetro Toracoabdominal; 
6. Perímetro Abdominal; 
7. Perímetro de Quadril/Glúteo; 
• Determine o DP (Duplo Produto). 
• Se houver relevância determine o percentual de gordura, utilizando 
protocolo ou equipamento adequado. 
• Deve ser analisada a função Mobilidade Articular Ativa dos complexos 
articulares envolvidos, quantificando, qualificando e codificando a 
incapacidade físico-funcional presente, de acordo com Resolução 
COFFITO 370 (anexo 02), que se refere a CIF – Classificação 
Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Você deve 
solicitar ao cliente que permaneça alguns segundos na amplitude máxima 
alcançada e pergunte qual o grau de dor que o mesmo sente nesta 
posição, de acordo com a EVA. Se o grau de dor for determinante de grau 
26 
 
superior à incapacidade de a mobilidade articular ativa, este grau será o 
determinante da incapacidade do movimento analisado. 
• Caso seja relevante a análise da mobilidade articular do sistema 
respiratório (ventilatório), deve identificar o padrão respiratório 
predominante (costal ou diafragmático), registrando a presença de 
postura patológica característica e registrar o padrão auscultatório. 
• Deve identificar fotograficamente os padrões de movimento que 
apresentem incapacidades com percentuais moderados e graves pela 
CIF, inserindo em espaços específicos na folha de Exame Físico-
funcional. 
• Caso seja relevante proceda a análise da função Mobilidade Articular 
Passiva dos complexos articulares envolvidos. 
• Caso seja relevante proceda a análise da função dos Reflexos Motores 
dos segmentos corporais comprometidos. 
• Caso o quadro álgico (dor) não se caracterizar como fator comprometedor 
ao movimento, você deve analisar a função Força Muscular dos 
grupamentos musculares dos complexos articulares envolvidos. 
• Caso a função respiratória/ventilatória esteja comprometida, e haja 
relevância, deve mensurar a Força Muscular Inspiratória e Expiratória 
(Manovacuometria), mensurar volumes e capacidades (espirometria) e 
PFE (Pico de Fluxo Expiratório). 
• Independentemente do método utilizado para aferição dos parâmetros 
físico-funcionais, estes devem ser quantificados, qualificados e 
codificados por equiparação à CIF. Desta forma é fundamental o 
conhecimento dos padrões de normalidade referenciados à função 
analisada. 
 
6º PASSO – CONCLUSÃO – DIAGNÓSTICO FÍSICO-FUNCIONAL 
• Seu prontuário deve utilizar um espaço separado para Diagnóstico 
Fisioterapêutico, realizado após o exame objetivo, ou o mesmo pode 
ser elaborado à parte em pasta específica. 
• O Diagnóstico Fisioterapêutico deve conter o referencial 
bibliográfico ao qual você se baseou para emiti-lo. 
27 
 
• No mesmo espaço da elaboração do referido diagnóstico você deve 
tecer considerações a respeito do seu Plano de Tratamento e de seu 
Prognóstico. 
 
 
 CONSIDERAÇÕES 
• O Prognóstico deve se basear no seu diagnóstico e nas 
possibilidades terapêuticas, acerca da duração, da evolução e 
eventual alta fisioterapêutica parcial ou total. 
• Normalmente as diversas incapacidades físico-funcionais 
determinadas na consulta não evoluem no mesmo tempo para sua 
resolução. Sendo assim há possibilidade de se emitir altas parciais, 
relacionadas às incapacidades que são saneadas 100%. Ou seja, o 
cliente pode, por exemplo, receber alta para a função mobilidade 
articular, mas não receber ainda para a função força muscular, ou 
quaisquer outras diagnosticadas. 
• Caso o cliente tenha solicitado somente o Diagnóstico 
Fisioterapêutico, você emitirá o mesmo em pasta separada para que 
seja entregue ao cliente. Neste deverá constar as sugestões 
terapêuticas gerais. 
• Eventualmente é necessário que você solicite pareceres de outros 
profissionais, ou solicite exames que não estão disponíveis no seu 
espaço e que sejam relevantes. Nesta situação a consulta deve ser 
interrompida e concluída quando o cliente retornar com os exames 
solicitados ou os pareceres dos profissionais. 
• A CIF é a norteadora de sua consulta fisioterapêutica, marcadamente 
para o Capítulo 7 - Funções Neuromusculoesqueléticas e 
relacionadas com o movimento, e para o Capítulo 7 - Estruturas 
relacionadas com o movimento. Mas, qualquer capítulo da CIF que 
possua funções que possam interferir com o diagnóstico do 
movimento, deve ser utilizado. Como exemplo citamos o Capítulo 2 - 
Funções Sensoriais e Dor, que possui muita relação com o 
movimento. 
28 
 
• Funções comuns da CIF utilizadas em consultas fisioterapêuticas: 
1. b710 Funções da mobilidade das articulações 
2. b730 Funções da força muscular 
3. b750 Funções de reflexos motores 
4. b770 Funções relacionadas com o padrão de marcha 
5. b550 Funções termorreguladoras 
6. b540 Funções metabólicas gerais 
7. b530 Funções de manutenção do peso 
8. b440 Funções da respiração 
9. b445 Funções dos músculos respiratórios 
10. b280 Sensação de dor 
11. b260 Função proprioceptiva 
12. b235 Funções vestibulares 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
5. QUANTIFICAÇÃO DA EVOLUÇÃO DOS DIAGNÓSTICOS 
Conforme a Resolução COFFITO 80 (anexo 01), a evolução do tratamento 
fisioterapêutico é ato obrigatório ao profissional que iniciou o tratamento. 
Independentemente do método, técnica ou especialidade a qual pertence o profissional, 
é necessário que pelo menos quantitativamente a evolução dos parâmetros físico 
funcionais encontrados na consulta seja determinada. Como exemplo discorreremos a 
respeito da utilização da técnica de termometria cutânea como objeto de evolução 
Utilizando os valores do Δt (Delta t) das regiões de interesse (ROI) nas imagens 
termográficas obtidas no início do tratamento fisioterapêutico, e os valores obtidos nas 
reanálises termográficas, é possível desenvolver um parâmetro quantitivo percentual 
de evolução. Ou seja, as variações térmicas de momentos diferentes de análise podem 
ser comparadas e quantificadas. 
Para que o parâmetro percentual seja desenvolvido é necessário que se 
obtenha o padrão de normalidade a ser buscado, tal como no diagnóstico termográfico. 
O fisioterapeuta termografista, deve referenciar os valores iniciais da temperatura e os 
valores de normalidade como o intervalo de 100% a ser sanado. Ou seja, entre a 
temperatura inicial da consulta e a temperatura adequada considera-se o total a ser 
saneado para que a ROI atinja a normalidade térmica. 
Em uma situação onde o ideal seja, por exemplo, 36º C e a ROI com disfunção 
apresente 35,2º C no primeiro momento de análise, o intervalo de melhora térmica fica 
compreendido entre 35,2º C e 36º C. Este intervalo possuiria então0,8º C para ser 
saneado com o tratamento fisioterapêutico ou médico, que seria resultado da diferença 
entre o ideal e o inicial (36º C – 35,2º C). Se em um segundo momento de análise o 
examinado apresentasse na mesma ROI a temperatura de 35,8º C seria viável se 
determinar a evolução percentual: 
100% ........................0,8º C (36º C – 35,2º C) 
X % .......................... 0,6º C (35,8º C – 35,2º C) 
X % = (0,6º C x 100 %) / 0,8º C ...................... X % = 75 
30 
 
Podemos inferir que a evolução termográfica, e consequentemente metabólica, 
apresentou uma evolução positiva de 75%, permanecendo ainda uma deficiência 
térmica de 25% a ser saneada. Desta forma, referenciando a CIF, um relatório de 
evolução termográfica poderia ser emitido com um valor quantitativo de 75% e com um 
valor qualitativo denominado ÓTIMO. 
Sugerimos sempre utilizar a CIF como equiparadora de evolução, assim como 
a mesma é utilizada como parâmetro de diagnóstico fisioterapêutico. Apesar do Manual 
da CIF não referenciar a classificação ÓTIMO como parâmetro de evolução funcional, 
entendemos que é necessário normatizar estes parâmetros para termografia e demais 
atuações fisioterapêuticas tendo a mesma como base, já que a mesma contempla 
análises de saúde e funcionalidade, e não somente de incapacidade. Entendemos que 
as demais qualificações da CIF que devem ser mantidas em suas nôminas originais: 
Nenhuma, Leve. Moderada, Ótima e Completa. 
 
Figura 12. Equiparação da CIF para quantificação da evolução térmica. (Lucas, 2009) 
 
Também é possível verificar a evolução de determinada disfunção térmica, 
presente em um trauma direto por exemplo, através do acompanhamento do padrão 
de homogeneização da imagem. Ou seja, é possível determinar a ROI da lesão 
marcando adequadamente os limites de menor e maior temperatura na mesma. 
Conforme for evoluindo positivamente a lesão, a tendência é a 
uniformização/homogeinização da imagem circunscrita na ROI. 
Para desenvolver a quantificação da evolução se deve atribuir o valor térmico 
que que caracterize o valor final, ou seja, a imagem térmica uniformizada. Se a 
diferença entre a maior (ou menor) temperatura relacionada à máxima disfunção 
térmica possuir um valor de 5º C, por exemplo, zerar esta diferença seria o máximo de 
homogeneização. Sendo assim, o intervalo de evolução, ou grau de heterogeneidade 
31 
 
ficaria compreendido entre 0º C e 5º C, e o procedimento para quantificação e 
qualificação pela CIF seria o mesmo. 
Alguns termovisores acompanham softwares que são capazes de elaborar 
curvas de tendência de evolução de imagens térmicas (ROIs), possibilitando a 
elaboração de um prognóstico para a resolução metabólica da imagem. Esta 
caracteristica nestes equipamentos oferecem aos fisioterapeutas termografistas um 
acompanhamento de grande possibilidade documental, sendo inclusive de grande valia 
em situações forenses ou administrativas, tais como Laudos (relatórios) de 
determinação de incapacidade física temporária ou definitiva. 
A impossibilidade da utilização de termovisores que possuem tais softwares de 
tendência de evolução térmica, não invalida a atuação do termografista fisioterapeuta. 
Pois o mesmo pode utilizar planilhas de cálculos de programas de computadores, como 
o Excel, para também desenvolver tais parâmetros evolutivos térmicos em imagens 
seriadas. É importante que seja construído na planilha de cálculos um gráfico de 
dispersão, com tendência logarítmica8. 
O fisioterapeuta que assiste o cliente deve proceder da mesma forma, se o 
diagnóstico for em relação a qualquer outro diagnóstico físico funcional, como a um 
déficit da função mobilidade articular. 
No exemplo citado no texto onde a situação ideal da mobilidade articular do 
movimento de abdução do complexo articular do ombro esquerdo seria 180°, e a 
amplitude encontrada no primeiro momento era 135º, o intervalo de melhora integral 
fica compreendido entre 135º e 180º. Este intervalo possuiria então 45º para ser 
saneado com o tratamento fisioterapêutico ou médico, que seria resultado da diferença 
entre o ideal e o inicial (180º – 135º C). Se em um segundo momento de análise o 
examinado apresentasse 150º seria viável se determinar a evolução percentual: 
 
100% ........................45º (180º – 135º) 
X % .......................... 15º (150º – 135º) 
X % = (15º x 100 %) / 45º ...................... X % = 33 
32 
 
Podemos inferir que a evolução da mobilidade articular ativa para o movimento 
de abdução, apresentou uma evolução positiva de 33%, permanecendo ainda uma 
deficiência de amplitude de movimento de 67% a ser saneada. Desta forma, 
referenciando a CIF, um relatório de evolução poderia ser emitido com um valor 
quantitativo de 33% e com um valor qualitativo denominado MODERADO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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http://www.profala.com/artfisio2.htm . 
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Editora Manole. 2014. 
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SOARES, F. H. de C.; NAKACHIMA, L. R.; SEGRE, N. G. Estudo populacional 
da força de preensão palmar com dinamômetro JAMAR. Revista Brasileira de 
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4. ESCALA MULTIDIMENSIONAL DE AVALIAÇÃO DE DOR. jan-fev. Acessado 
em 02/02/2016. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rlae/v18n1/pt_02.pdf . 
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5 ed. Philadelphia. 1996. 
6. MANUAL DA CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade 
e Saúde. ACESSADO EM 02/02/2016. Disponível em 
http://www.inr.pt/uploads/docs/cif/CIF_port_%202004.pdf 
7. SAHRMANN, S.A. The human movement system: our professional identity. Phys 
Ther. 2014;94:1034–1042. 
8. LUCAS, RWC; BRIOSCHI, ML. Termografia aplicada à fisioterapia. 1 ed. Rocha. 
Florianópolis. 2016. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.inr.pt/uploads/docs/cif/CIF_port_%202004.pdf

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