Buscar

Apostila Crimes Ambientais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 74 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 74 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 74 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2 
 
 
 
 
 
 
 
O homem, ao mesmo tempo, é criatura e 
criador do meio ambiente. (Conferência 
Estocolmo - 1972) 
 
A interação do homem com a natureza, ao longo da história da humanidade, em geral tem ocorrido de 
forma predatória e indiscriminada, o que tem trazido desequilíbrio ao meio ambiente em escala global. 
A proteção do ambiente não faz parte da cultura nem do instinto humano. Ao contrário, conquistar a 
natureza sempre foi o grande desafio do homem, espécie que possui uma incrível adaptabilidade aos diversos 
locais do planeta e uma grande capacidade de utilizar os recursos naturais em seu benefício. Essas características 
fizeram com que, ao longo do tempo, a natureza fosse dominada pelo homem que, no entanto, não se 
preocupou com os danos que esse desenvolvimento causava. (GRANZIERA, 2011, p. 22). 
A necessidade de preservar o meio ambiente é fato notório. Desde a Conferência de Estocolmo, em 
1972, as nações chegaram ao consenso de que a conservação do meio ambiente é condição sine qua non* para 
a qualidade de vida no planeta. 
* sine qua non: do Latim: sem o qual não pode ser (indispensável). 
 
Ao discorrer sobre o exercício do poder de polícia ambiental e da questão da fiscalização, Paulo Bessa 
Antunes traz à tona o fato de que, por vezes, os próprios responsáveis por essas atividades não conhecem a 
legislação: 
A fiscalização ambiental é uma das atividades mais relevantes para a proteção do meio ambiente, pois 
é por meio dela que danos ambientais podem ser evitados e, se consumados, reprimidos. No entanto, nem 
sempre a fiscalização é exercida com a observância das normas próprias, do respeito aos cidadãos e de forma 
isenta. Um dos motivos mais importantes para que isso ocorra é que, simplesmente, as regras de fiscalização 
são desconhecidas pelo público e, não raras vezes, até pelos próprios fiscais. (ANTUNES, 2010, p. 136, grifo 
nosso). 
 
No decorrer do curso, você aprenderá que, como agente encarregado da aplicação da lei, você deverá: 
 
• Prender os infratores. 
• Apreender os objetos do crime. 
• Efetuar a condução dos envolvidos à delegacia para as providências cabíveis. 
• E, se for o caso, emitir ou solicitar a emissão do auto de infração ambiental. 
 
 3 
É importante saber que este curso não tem a intenção de esgotar todas as modalidades de crimes 
ambientais existentes, mas apresentar uma visão geral dos crimes praticados contra o meio ambiente e como a 
lei deve ser aplicada nesses casos, capacitando-o para a primeira resposta no enfrentamento aos crimes 
ambientais. 
 
Para Refletir 
Antes de prosseguir com o curso, pense no seguinte... 
Para você, qual a importância do meio ambiente e de sua preservação? 
Agora, vá até a biblioteca do curso, leia o texto Carta do Índio Seattle e reflita. 
 
Objetivos do curso 
 
Ao final do estudo desse curso, você será capaz de: 
• Compreender a importância da preservação/conservação do meio ambiente; 
• Caracterizar a biodiversidade brasileira e as leis que a protegem; 
• Compreender a Política Nacional do Meio Ambiente; 
• Enumerar as modalidades de crimes contra a fauna e a flora; 
Identificar, a partir de noções básicas, outros crimes ambientais; 
• Descrever os conhecimentos necessários à proteção do meio ambiente no enfrentamento aos 
crimes ambientais; 
• Listar os procedimentos a serem seguidos quando de ocorrência policial que envolva crime 
ambiental. 
 
 
Estrutura do curso 
 
O curso está dividido nos seguintes módulos: 
• Módulo 1 - Noções fundamentais; 
• Módulo 2 - Crimes contra a fauna; 
• Módulo 3 - Crimes contra a flora; 
• Módulo 4 - Poluição e outros crimes ambientais. 
 
Vá até a biblioteca do curso, e conheça a Cartilha de Crimes Ambientais. 
 
 
 
 
 
 4 
 
 
 
 
 
 
 
Apresentação do módulo 
 
Há algumas grandes esferas de preocupação que são comuns a todos os países, tais como: 
 
• A contaminação que alcança níveis perigosos na água, no ar, no solo e nos seres vivos; 
• A necessidade frequentemente urgente de conservar os recursos naturais não renováveis; 
• As possíveis perturbações do equilíbrio ecológico da biosfera, emergentes da relação do homem 
com o meio ambiente; e 
• As atividades nocivas para a saúde física, mental e social do homem no meio ambiente por ele 
criado, particularmente no ambiente de vida e de trabalho. 
 
 
(Prado 2001, p.15, ao citar o informe sobre a Situação Social do 
Mundo, da Organização das Nações Unidas). 
 
 
Os debates atuais na ONU sobre esse assunto abordam o desenvolvimento sustentável, chamando 
atenção para a necessidade de se alcançar um equilíbrio entre as necessidades econômicas, sociais e ambientais. 
Na Cúpula sobre o Desenvolvimento Sustentável, realizada em Nova York, entre os dias 25 e 27 de 
setembro de 2015, foi estabelecida a “Agenda 2030”, com a adoção de diversas medidas com vistas a proteger, 
recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, de forma a gerir de forma sustentável as 
florestas, enfrentar a desertificação, deter e reverter a degradação da Terra e frear a perda de biodiversidade. 
Tudo isso por conta da crescente poluição do ar, da água e do solo; do aumento das queimadas e do 
desmatamento; do aquecimento global; e por conta das projeções que apontam que, em 2025, 2,5 bilhões de 
pessoas sofrerão com falta d’água no mundo. 
 
 
Para compreender melhor o cenário descrito acima, neste módulo você estudará as noções 
fundamentais de Meio Ambiente e a forma como a legislação nacional trata este tema. 
 
 
 
MÓDULO 
1 
NOÇÕES FUNDAMENTAIS 
 5 
Objetivos do módulo 
 
Ao final deste módulo, você será capaz de: 
• Conceituar meio ambiente, crime, crime ambiental, fauna, flora, poluição, etc.; 
• Descrever a importância da biodiversidade brasileira; 
• Conscientizar-se da importância da preservação/conservação do meio ambiente; 
• Analisar a Política Nacional do Meio Ambiente e suas diretrizes para preservação e conservação 
do meio ambiente no país; 
• Conhecer os órgãos que integram o Sistema Nacional de Meio Ambiente; e 
• Entender por que a Lei de Crimes Ambientais é a principal 
ferramenta no enfrentamento das infrações ambientais. 
 
Estrutura do Módulo 
 
 Este módulo abrange as seguintes aulas: 
• Aula 1 – O meio ambiente: direito constitucional; 
• Aula 2 - Conceitos básicos; 
• Aula 3 - Biodiversidade brasileira; 
• Aula 4 - Política Nacional do Meio Ambiente; 
• Aula 5 - Lei de Crimes Ambientais. 
 
Aula 1 – Meio ambiente: direito constitucional 
 
1.1 Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado 
Seguindo a tendência mundial de proteção ao meio ambiente, a Constituição Federal de 1988, de 
acordo com Beltrão (2009, p. 64), “é reconhecida internacionalmente como merecedora de elogios quanto à 
preocupação ambiental que ostenta”, pois em seu artigo 225, contempla a tutela jurisdicional do meio ambiente 
ao prescrever que: 
 
Art. 225 Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de 
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e 
futuras gerações. (Grifo nosso). 
 
A Constituição Federal de 1988 implementou um novo direito na ordem constitucional: o direito 
fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. 
 
 
 
 6 
1.2 Meio ambiente: princípio da ordem econômica brasileira 
De igual maneira ao tratar da ordem econômica e financeira, a Constituição Federal assevera em seu 
artigo 170, inciso VI, que a defesa do meio ambiente é um princípio geral da atividadeeconômica brasileira: 
 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre 
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da 
justiça social, observados os seguintes princípios: 
[...] 
VI – defesa do meio ambiente [...] 
 
 
Importante! 
A defesa do meio ambiente é princípio da ordem econômica brasileira. 
 
A tutela jurisdicional do meio ambiente tem como embasamento o disposto no §3º, do artigo 225 da 
Constituição Federal: 
 
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os 
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, 
independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 
 
Ao discorrer sobre o poder de polícia ambiental, Paulo Bessa Antunes ensina que: 
 
A utilização de recursos ambientais é atividade inteiramente submetida ao poder de 
polícia do Estado, não se concebendo sem a presença de diferentes mecanismos de 
controle que serão manejados pelo Estado conforme as necessidades que forem se 
apresentando na vida diária. O controle estatal sobre as atividades privadas se faz 
pelo exercício regular do poder de polícia [...] O poder de polícia, como sabemos, é 
o instrumento jurídico pelo qual o Estado define os contornos dos diferentes direitos 
individuais, em benefício da coletividade, haja vista que não se conhecem direitos 
ilimitados.” (ANTUNES, 2010, p. 129, grifo nosso) 
 
1.3 Meio ambiente: direito constitucional de todos 
Como observou, com a edição da Constituição Federal em 1988, o meio ambiente passou a figurar 
como um direito constitucional de todos, sendo que, pela primeira vez, a tutela ambiental passou a fazer parte 
da norma constitucional e o meio ambiente a ser visto como um todo. Sobre a necessidade da tutela do meio 
ambiente como um todo, Silva (2001, p.111) cita Moreira Neto, que já em 1977, dizia o seguinte: 
 
“A proteção da flora e da fauna deve ser objeto de tutela jurídica, não apenas 
setorizada, como ocorre atualmente, através de diplomas legais isolados, mas com 
 7 
resultado de princípios e métodos integrados [...] Não se pode, por exemplo, 
exemplo, ter uma legislação sobre pesticidas sem considerar a de água, caça, pesca, 
loteamento, etc., e vice-versa. Em outras palavras: a proteção à flora deve ser 
considerada em termos de ecossistema, em suas múltiplas interações com a fauna, 
com a terra, com a água e com o ar. Código de Flora ou de Fauna alheios à realidade 
ecológica não são senão fragmentos de solução que a pouco ou nada conduzem.” 
 
Você, membro do sistema de segurança pública, deve entender que o equilíbrio ecológico é frágil, 
delicado e que todos os elementos – ar, água, terra, luz, plantas, animais e homem – que interagem nesse 
ecossistema têm influência um sobre o outro, e sobre o equilíbrio natural. Daí a importância da 
conservação/preservação e do uso racional e sustentável dos recursos naturais. 
 
 
Aula 2 – Conceitos Básicos 
 
Nesta aula, você estudará os conceitos dos termos fundamentais para o desempenho de suas 
atividades, durante a execução do policiamento ambiental. São eles: 
 
• Meio ambiente 
• Crime 
• Crime ambiental 
• Fauna 
• Flora 
• Poluição 
• Licenciamento Ambiental 
 
Estude a seguir, cada um deles. 
 
2.1 Meio ambiente 
O meio ambiente abrange todos os fatores que afetam diretamente o metabolismo ou o 
comportamento de um ser vivo ou de uma espécie. Incluindo os fatores abióticos* (a luz, o ar, a água, o solo) 
e os seres vivos que coabitam no mesmo biótopo**. (portalgeobrasil.org) 
*Abióticos: elemento ou lugar que se caracteriza pela ausência de vida. 
**Biótopo: lugar onde existe vida. 
 
A Lei nº 6.938/81, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, em seu 3° artigo, inciso I, define 
Meio Ambiente como conjunto de condições, leis, influências, alterações e interações de ordem física, química 
e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. 
Paulo de Bessa Antunes, define que meio ambiente é: 
 
 8 
 
Um bem jurídico autônomo e unitário, que não se confunde com os diversos bens 
jurídicos que o integram. O bem jurídico meio ambiente não é um simples somatório 
de flora e fauna, de recursos hídricos e recursos minerais. O bem jurídico ambiente 
resulta da supressão de todos os componentes que, isoladamente, podem ser 
identificados, tais como florestas, animais, ar etc. [...] Meio ambiente é, portanto, uma 
res communes omnium, uma coisa comum a todos, que pode ser composta por bens 
pertencentes ao domínio público ou ao domínio privado. (ANTUNES, 2010, p.248) 
 
RESUMINDO... 
O meio ambiente é constituído pelos seres vivos e por tudo mais que interage com eles. 
 
Saiba mais... 
Antônio Beltrão (2009, p. 19) esclarece que: “A expressão meio ambiente, que historicamente passou a 
ser utilizada no Brasil, é claramente redundante. ‘Meio’ e ‘ambiente’ são sinônimos, designam o âmbito que nos 
cerca, o nosso entorno, onde estamos inseridos e vivemos”. 
No Dicionário HOUAISS você encontra a definição de meio, que é: “conjunto de elementos materiais e 
circunstanciais que influenciam um organismo vivo”, e, de ambiente que consiste no “que rodeia ou envolve por 
todos os lados e constitui o meio em que se vive; tudo que rodeia ou envolve os seres vivos e/ou as coisas; 
recinto, espaço, âmbito em que está ou vive”. 
 
 
2.2 Crime 
A legislação brasileira não traz um conceito legal de crime, tal atribuição ficou a cargo dos 
doutrinadores que afirmam que o conceito analítico de crime é o mais completo, as duas principais teorias são: 
a bipartida e a tripartida. 
 
Para a teoria tripartida, crime é fato típico, antijurídico e culpável. Já a teoria bipartida defende que 
crime é fato típico e antijurídico, sendo que a culpabilidade constitui pressuposto de aplicação da pena. 
Como a corrente tripartida é majoritária no Brasil é ela que será utilizada neste curso. 
Neste sentido, Rogério Greco ensina que: 
 
Dentre as várias definições analíticas que têm sido propostas por importantes 
penalistas, parece-nos mais aceitável a que considera as três notas fundamentais do 
fato-crime, a saber: ação típica (tipicidade), ilícita ou antijurídica (ilicitude) e 
culpável (culpabilidade). O crime, nessa concepção que adotamos, é, pois, ação 
típica, ilícita e culpável. (GRECO, 2011, p. 27, grifo nosso). 
 
 9 
Bitencourt (2012) também define crime como a ação típica, antijurídica e culpável. 
O Sistema Penal Brasileiro utiliza a teoria finalista para a conceituação de crime. 
 
Rogério Greco ao citar Eugenio Raúl Zaffaroni, ensina que: 
 
Delito é uma conduta humana individualizada mediante um dispositivo legal (tipo) 
que revela sua proibição (típica), que por não estar permitida por nenhum preceito 
jurídico (causa de justificação) é contrária ao ordenamento jurídico (antijurídica) e 
que, por ser exigível do autor que atuasse de outra maneira nessa circunstância, lhe 
é reprovável (culpável)”. (GRECO, 2011, p. 28). 
 
Lembre-se que... 
Crime é um fato típico, antijurídico e culpável. 
 
 
2.3 Crime ambiental 
Uma vez que você já estudou os conceitos de meio ambiente e de crime, crie o seu próprio conceito 
de crime ambiental, respondendo à pergunta: 
O que é crime ambiental? 
 
Crime ambiental é qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que compõem o meio ambiente, 
e, que violem a legislação ambiental. 
 
2.4 Fauna 
Fauna é o conjunto de animais de um determinado local. Difere-se de reino animal, por se limitar 
aos animais de certo habitat, certo bioma*, enquanto que o reino animal** é composto por todas asespécies 
de animais da Terra. 
*Bioma: Silva (2001, p. 17-18) ensina que bioma, do grego bios, significa ‘vida’, e oma que significa ‘massa’, 
‘proliferação’. “Denominação dada a cada uma das grandes comunidades clímax da Terra, por exemplo, aos grandes 
agrupamentos faunísticos e florísticos do mundo”. São grandes superfícies “onde uma verdadeira paisagem vegetal criada 
por algumas espécies dominantes, está associada uma fauna específica”. 
**Reino animal: O reino animal é composto de todos os animais do planeta, quer sejam racionais ou irracionais. 
 
Silva (2001, p. 16) ensina que animal “é todo ser vivo dotado de movimento que possua ausência de 
clorofila e celulose, que se alimente de substâncias sólidas e, normalmente, seja capaz de percepções sensoriais”. 
 
2.4.1 A fauna sob o ponto de vista legal 
A fauna para fins de interpretação e aplicação da legislação se divide em quatro grupos. 
 
 10 
• Fauna Silvestre: É composta por animais nativos ou de rota migratória que vivem naturalmente 
em determinada região, mesmo que somente durante períodos de migração; e, têm seu habitat natural nas 
matas, florestas, nos rios e mares; são animais que ficam, em via de regra, afastados do convívio do meio 
ambiente humano. 
 
“São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, 
migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte 
de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas 
jurisdicionais brasileiras” (LCA, artigo 29, §3º). 
 
• Fauna Exótica: É a originária de outro país (estrangeira). 
• Fauna Doméstica ou Domesticada: É o conjunto de espécies passíveis de domesticação. 
• Fauna Ictiológica: É composta principalmente pelos peixes, compreendendo ainda os crustáceos 
e moluscos. 
 
2.4.2 A fauna sob o ponto de vista científico 
A comunidade científica zoológica agrupa a fauna em seis grupos, são eles: invertebrados, peixes, 
anfíbios, répteis, aves e mamíferos. 
 
RESUMINDO... 
Fauna é o conjunto de animais de uma determinada região. 
 
2.5 Flora 
Flora é o reino vegetal localizado em determinada região, ou seja, o conjunto da vegetação de um 
país ou de uma região. 
Édis Milaré (2001, p. 162) conceituou flora como a: 
 
Totalidade de espécies que compreende a vegetação de uma determinada região, 
sem qualquer expressão de importância individual dos elementos que a compõem. 
Elas podem pertencer a grupos botânicos os mais diversos, desde que estes tenham 
exigências semelhantes quanto aos fatores ambientais, dentre eles os biológicos, os 
do solo e do clima. 
 
2.5.1 As unidades de conservação 
A flora brasileira é constituída por diversos espaços protegidos por lei, que são chamados de unidades 
de conservação e divididos em dois grupos: 
 
 
 
 11 
Unidades de Proteção Integral Unidades de Uso Sustentável 
Estação Ecológica Área de Proteção Ambiental 
Reserva Biológica Área de Relevante Interesse Ecológico 
Parque Nacional Floresta Nacional 
Monumento Nacional Reserva Extrativista 
Refúgio da Vida Silvestre Reserva de Fauna 
 Reserva de Desenvolvimento Sustentável 
 Reserva Particular do Patrimônio Nacional 
 
Você sabe qual é a diferença de Unidade de Proteção Integral e Unidade de Uso Sustentável? 
 
Unidades de Proteção Integral: Espaços especialmente protegidos, cujo objetivo é a preservação da 
natureza, sendo proibido o uso direto de seus recursos (uso, coleta, consumo, dano, destruição...), em geral, só 
admitem o uso indireto dos recursos naturais; 
Unidades de Uso Sustentável: Espaços especialmente protegidos, cujo objetivo é a conservação da 
natureza, sendo que os recursos naturais devem ser utilizados de modo sustentável, de forma socialmente justa 
e economicamente viável, com vistas a garantir a perenidade dos recursos naturais. 
 
Lembre-se que... 
Flora é o conjunto de plantas de uma determinada região. 
 
Saiba Mais.. 
Antônio Beltrão, ao citar o Professor Herman Benjamin, ensina que: 
A lei nº 9.985/00 incorre em imprecisão técnica ao se referir a “unidades de conservação” quando, na 
realidade, deveria se referir a “espaços especialmente protegidos” (como previsto na Constituição Federal e na 
Convenção da Diversidade Biológica), uma vez que “unidades de conservação” são espécies do gênero “espaços 
territoriais especialmente protegidos”, ou seja, toda unidade de conservação é um espaço territorial 
especialmente protegido, mas a recíproca não é verdadeira. (BELTRÃO, 2009). 
Para complementar seus conhecimentos e entender mais sobre cada Unidade de Conservação, leia a 
Lei nº 9.985/00 (SNUC), do artigo 7º ao 21º. 
 
2.6 Poluição 
Poluição pode ser caracterizada pela liberação de elementos, radiações, vibrações, ruídos e substâncias 
ou agentes contaminantes em um ambiente. Essa contaminação prejudica os ecossistemas biológicos e/ou os 
seres humanos. 
A Lei nº 6.938/81, em seu artigo 3º, define poluição como: 
 
 
 12 
[...] a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que, direta ou 
indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) criem condições adversas para as atividades sociais e econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e 
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais 
estabelecidos. 
 
 
Lembre-se que... 
Poluição é a contaminação do meio ambiente. 
 
2.7 Licenciamento Ambiental 
Licenciamento Ambiental é o procedimento administrativo que autoriza atividades ou 
empreendimentos potencialmente poluidores ou que possam, de alguma forma, causar qualquer tipo de dano 
ao meio ambiente; estabelecendo condições, restrições e medidas de controle ambiental a serem seguidas pelo 
empreendedor. 
É por meio do licenciamento ambiental que a administração pública busca exercer o controle das 
atividades humanas que impactam nas condições ambientais, procurando a conciliação entre o 
desenvolvimento econômico e o uso de recursos naturais. 
Segundo o IBAMA, o licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia para a instalação de 
qualquer empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente e possui 
como uma de suas mais expressivas características a participação social na tomada de decisão, por meio da 
realização de Audiências Públicas como parte do processo. 
O licenciamento ambiental exige Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto 
Ambiental (RIMA) que são realizados por técnicos habilitados e visam diminuir os danos ambientais e 
aumentar o uso sustentável dos recursos naturais. 
Para Edis Milaré (2001), o licenciamento ambiental, ao contrário do licenciamento simples, é ato uno, 
de caráter complexo, em que vários agentes interferem nas etapas e que deverá ser precedido de EIA/RIMA, 
sempre que houver significante impacto ambiental. 
 
Saiba Mais.. 
Saiba mais sobre a atuação do Ibama, em conjunto com outros órgãos e instituições, no licenciamento 
ambiental. 
O licenciamento ambiental é uma obrigação compartilhada principalmente pelos Órgãos Estaduais de 
Meio Ambiente e pelo IBAMA, como partes integrantes do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente). O 
IBAMA atua, principalmente, no licenciamento de grandes projetos de infraestrutura que envolvam impactos em 
mais de um estado e nas atividades do setor de petróleo e gás na plataforma continental. As principais diretrizes 
 13 
para a execução do licenciamento ambiental estão expressas na Lei nº 6.938/81 e nas Resoluções CONAMA nº 
001/86 e nº 237/97. 
 
2.7.1 Tipos de licença 
O licenciamento ambientalcompreende três tipos de licença, sendo que para cada etapa do 
empreendimento/atividade é expedida um tipo de licença. 
Licença Prévia (LP): Concedida na fase preliminar (no planejamento) do empreendimento ou 
atividade – atesta a viabilidade ambiental, aprova sua localização, concepção e contém os requisitos básicos 
a serem atendidos nas próximas fases. 
Licença de Instalação (LI): Possibilita a implantação (instalação) do empreendimento ou 
atividade, de acordo com as especificações constantes nos projetos aprovados. 
Licença de Operação (LO): Autoriza, após as verificações necessárias, o início da atividade ou 
empreendimento licenciado, de acordo com o previsto na Licença Prévia e na Licença de Instalação. 
As licenças ambientais têm prazo de validade, então é importante, durante a fiscalização, que você 
observe a validade da mesma: 
 
As licenças ambientais possuem prazo de validade, podendo ser renovadas, a teor 
do que estabelecem os arts. 9º, IV, da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, e 
18 da Resolução CONAMA n. 237/97. Segundo esse último dispositivo, cada 
modalidade de licença ambiental estaria sujeita a prazos máximos de validade (cinco 
anos para a LP, seis anos para a LI e dez anos para a LO), o que lhes retiraria o caráter 
de definitividade. (p. 38) 
 
Existe uma exceção que é a seguinte, para atividades de pequeno impacto ambiental (como por 
exemplo: cortar algumas árvores) é concedida uma licença única, inominada: 
 
Excepcionalmente, tratando-se de atividades de pequeno potencial de impacto no 
ambiente, poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados [...] poderá ser 
admitido um único processo de licenciamento ambiental. (BELTRÃO, 2009, p. 166) 
 
Lembre-se que... 
“O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer empreendimento 
ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente.” (IBAMA) 
 
Aula 3 – Biodiversidade Brasileira 
 
Nesta aula, você estudará sobre a riqueza da biodiversidade brasileira, para que comece a entender a 
importância do seu papel como profissional da área de segurança pública no enfrentamento aos crimes 
ambientais. 
 
 14 
 
Você sabe o que é biodiversidade e qual sua importância? 
Nesta aula você conhecerá a resposta. 
 
3.1 Biodiversidade 
A biodiversidade refere-se à variedade de vida no planeta Terra, incluindo a variedade genética 
dentro das populações e espécies; à diversidade de espécies da flora, da fauna, de fungos macroscópicos e de 
microrganismos; à variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; às 
diferentes comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos organismos. Ela inclui a totalidade dos recursos 
vivos ou biológicos, e dos recursos genéticos e seus componentes. 
A Convenção sobre Diversidade Biológica, em seu artigo 2º, define biodiversidade ou diversidade 
biológica como a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os 
ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem 
parte; e, ainda, a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas. 
Biodiversidade ou diversidade biológica (grego: bios, vida) diz respeito à variedade de vida. 
Segundo informações do IBAMA, o Brasil é o país de maior biodiversidade do planeta, que é 
qualificada pela diversidade de ecossistemas, de espécies biológicas, de endemismos e de patrimônio genético, 
por essa razão o país é considerado megabiodiverso, reunindo pelo menos 70% das espécies vegetais e animais 
do planeta. 
O Brasil concentra 55 mil espécies de plantas superiores (22% de todas as que existem no mundo), 
muitas delas endêmicas; 524 espécies de mamíferos; mais de 3 mil espécies de peixes de água doce; entre 10 
e 15 milhões de insetos (a maioria ainda por ser descrita); e mais de 70 espécies de psitacídeos: araras, papagaios 
e periquitos. 
No Brasil estão quatro dos biomas mais ricos do planeta: Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia e Pantanal 
que, infelizmente, correm sérios riscos. 
O Brasil possui a maior rede hidrográfica do mundo, sendo que 13% (treze por cento) da água doce do 
planeta está aqui. 
 
Biodiversidade é a variedade de todas as formas de vida existentes. 
 
 
Aula 4 – Política Nacional do Meio Ambiente 
 
A Política Nacional do Meio Ambiente trata das diretrizes para a preservação e conservação do meio 
ambiente no país. 
 15 
A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins 
e mecanismos de formulação e aplicação e estabelece que sua execução se dará por intermédio do Sistema 
Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). 
 
 
 
4.1 O SISNAMA 
O Sistema Nacional de Meio Ambiente – o SISNAMA é o conjunto de instituições e órgãos públicos 
responsáveis pela política nacional do meio ambiente que visa à proteção e à melhoria da qualidade do meio 
ambiente nas três instâncias: federal, estadual e municipal. 
 
O SISNAMA é o responsável pelas políticas de proteção ambiental. 
 
4.1.1 A estrutura do SISNAMA 
Como os problemas ambientais são setorizados, ou seja, cada região possui suas próprias 
peculiaridades, o sistema é composto de órgãos federais, estaduais e municipais, de forma que a aplicação da 
lei atenda às circunstâncias locais. 
 
Conheça agora os órgãos que compõe o SISNAMA. 
Órgão Superior: O Conselho de Governo. 
Órgão Consultivo e Deliberativo: O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). 
Órgão Central*: O Ministério do Meio Ambiente (MMA). 
*Desde 1992, a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República foi extinta e em seu lugar 
surgiu o Ministério do Meio Ambiente; embora a lei não tenha sido atualizada, quem faz as vezes de órgão 
central do SINASMA é o Ministério do Meio Ambiente. 
Órgão Executor: O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) 
e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). 
Órgãos Seccionais: Os órgãos ou entidades federais/estaduais responsáveis pela execução de 
programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental. 
Órgãos Locais: Os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas 
atividades nas suas respectivas jurisdições. 
É importante entender que os Estados e os Municípios participam de forma ativa do SISNAMA e são 
responsáveis por elaborarem normas complementares à União. 
Exemplo: Se a legislação federal estabelece que a quantidade máxima de pescado por pescador é de 
15kg + 1 exemplar de qualquer tamanho, o Estado de Tocantins pode fixar em 10kg a quantidade permitida no 
estado (nunca acima da norma federal, sempre de forma mais restritiva), de igual modo, o Município de 
Miracema – TO, pode baixar a norma e estabelecer que nos limites do município a quantidade máxima é de 5kg. 
 
 
 
 16 
4.1.2 Competências do Sistema Nacional de Meio Ambiente 
Os órgãos que compõem o SISNAMA são responsáveis pelo licenciamento ambiental, pela criação de 
unidades de conservação, pelo controle de atividades potencialmente poluidoras, dentre outras competências. 
Ao estudar a legislação que trata dos crimes ambientais, observe que as infrações são punidas nas 
esferas penal e administrativa, e você, como agente encarregado da aplicação da lei, só poderá agir, 
administrativamente, se o órgão ao qual pertencer for membro do SISNAMA ou tiver celebrado convênio com 
órgão ou entidade membro do SISNAMA. 
Assim, juntamente à União, os Estados e os Municípios têm competência para legislar em matéria 
ambiental, como a Constituição Federal prescreve. 
 
Infraçãoambiental 
Para lavrar o auto de infração ambiental, o órgão ao qual você pertence deve estar devidamente 
credenciado, portanto, quando se deparar com a ocorrência, acione a Polícia Militar Ambiental do seu Estado 
ou o IBAMA, para que eles possam tomar as medidas administrativas cabíveis. 
Para seu conhecimento, as infrações ambientais são punidas com as seguintes penas administrativas, 
dentre outras: 
• Advertência; 
• Multa; 
• Embargo; 
• Suspensão das atividades; 
• Apreensão* dos animais**; dos produtos e subprodutos da prática delituosa, inclusive os 
instrumentos*** utilizados para a prática do crime; 
• Destruição dos produtos e subprodutos apreendidos. 
 
* Diferentemente das regras do Código Penal, em que a apreensão dos instrumentos e dos produtos do crime é 
efeito da condenação. Nos crimes ambientais, não se espera a condenação do infrator para a realização da apreensão dos 
produtos e instrumentos da infração ou crime ambiental, tendo em vista muitas vezes tratar-se de animais ou de produtos 
perecíveis. Assim, de acordo com o art. 25 da Lei de Crimes Ambientais, os produtos e instrumentos serão apreendidos 
logo que verificada a infração, dando-se a eles destinação estabelecida nos parágrafos do art. 25 da LCA. (GARCIA; THOMÉ, 
2010, p. 310). 
 
** A Lei n.º 13.052, 08 de dezembro de 2014, alterou o art. 25 da LCA, ao prescrever que os animais apreendidos 
deverão ser prioritariamente libertados em seu habitat, e, se tal medida não for viável ou recomendada por questões 
sanitárias, os animais deverão ser entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e 
cuidados de técnicos habilitados. No período de espera da destinação o órgão que realizou a apreensão deve cuidar dos 
animais e garantir seu bem-estar físico. 
 
*** Nos crimes ambientais, qualquer instrumento utilizado na prática do crime pode ser confiscado, 
independentemente de ser lícito ou ilícito, como, por exemplo, caminhão que transporta madeira ilegal. O objeto em si 
 17 
(caminhão) é lícito, mas se é utilizado usualmente na prática de crime ambiental, será confiscado. (GARCIA; THOMÉ, 2010, 
p. 310). 
 
Quanto à competência para agir no caso de infrações ambientais, Antônio Beltrão ensina que: 
 
O poder de polícia a ser exercido pelos entes federados insere-se nesta 
competência administrativa. Logo, a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios possuem competência comum para realizar os atos derivados do 
poder de polícia, como, por exemplo, os relativos à fiscalização e à autuação 
administrativa das infrações ambientais. Por tal atribuição ser comum, todos estes 
entes públicos possuem igual responsabilidade, não podendo renunciá-la.” 
(BELTRÃO, 2009, p. 69, grifo nosso). 
 
Aula 5 – Lei de Crimes Ambientais (LCA) 
 
A Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como a Lei de Crimes Ambientais (LCA) – A 
Lei da Vida -, procurou cumprir o disposto na Constituição, e foi editada com vistas a disciplinar a proteção 
jurídica do meio ambiente que, anteriormente, era constituída de leis e de decretos vagos e esparsos, o que 
contribuía para a não aplicabilidade da legislação até então vigente. 
A Lei de Crimes Ambientais (LCA) é um dos grandes marcos jurídicos da proteção ambiental, sendo 
comparada ao Código de Defesa do Consumidor (CDC) e ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), como 
legislação avançada para sua época, e é referência mundial no que diz respeito à proteção ao meio ambiente e 
ao enfrentamento aos crimes ambientais. 
 
Importante! 
A Lei de Crimes Ambientais será seu principal instrumento de trabalho no enfrentamento aos Crimes 
Ambientais. 
 
 
4.1 As inovações da LCA 
 
A Lei de Crimes Ambientais procurou unificar as diversas práticas lesivas ao meio ambiente e representa 
um significativo avanço na tutela do meio ambiente. 
Com as mudanças na LCA, as penas se tornaram mais uniformes, com gradação adequada e as infrações 
mais definidas, como: 
 
• Abuso e maus-tratos aos animais nativos e exóticos passa a ser crime; 
• Experiências dolorosas e cruéis em animal vivo, mesmo que para fins didáticos são consideradas 
crime; 
 
 18 
• Fabricar, vender, transportar e soltar balões, pelo risco de causar incêndios, sujeita o infrator à 
prisão e multa 
• O desmatamento não autorizado é crime; 
• Pichar edificação ou monumento urbano passou a ser crime. 
 
Veja as principais inovações da LCA: 
Antes Depois 
Leis esparsas e de difícil aplicação 
A legislação ambiental é consolidada; as penas têm 
uniformização e gradação adequadas e as infrações 
são claramente definidas. 
Pessoa jurídica não era responsabilizada 
criminalmente. 
Define a responsabilidade da pessoa jurídica – 
inclusive a responsabilidade penal – e permite a 
responsabilização também da pessoa física autora ou 
coautora da infração. 
Pessoa jurídica não tinha decretada liquidação 
quando cometia infração ambiental. 
Pode ter liquidação forçada no caso de ser criada e/ou 
utilizada para permitir, facilitar ou ocultar crime 
definido na lei, e, seu patrimônio é transferido para o 
Patrimônio Penitenciário Nacional. 
A reparação do dano ambiental não extinguia a 
punibilidade. 
A punição é extinta com apresentação de laudo que 
comprove a recuperação do dano ambiental. 
Impossibilidade de aplicação direta de pena 
restritiva de direito ou multa. 
A partir da constatação do dano ambiental, as penas 
alternativas ou a multa podem ser aplicadas 
imediatamente. 
Aplicação das penas alternativas era possível para 
crimes cuja pena privativa de liberdade fosse 
aplicada até 2 (dois) anos. 
É possível substituir penas de prisão até 4 (quatro) 
anos por penas alternativas, como a prestação de 
serviços à comunidade. A grande maioria das penas 
previstas na lei tem limite máximo de 4 (quatro) anos. 
O destino dos produtos e instrumentos da 
infração não era bem definido. 
Produtos e subprodutos da fauna e flora podem ser 
doados ou destruídos, e os instrumentos utilizados 
quando da infração podem ser vendidos. 
Matar um animal da fauna silvestre, mesmo para 
se alimentar, era crime inafiançável. 
Matar animais continua sendo crime, mas não é mais 
inafiançável. No entanto, para saciar a fome do agente 
ou da sua família, a lei descriminaliza o abate. 
Maus-tratos contra animais domésticos e 
domesticados era contravenção. 
Além dos maus tratos, o abuso contra esses animais, 
bem como aos nativos ou exóticos, passa a ser crime. 
 19 
Não havia disposições claras relativas a 
experiências realizadas com animais. 
Experiências dolorosas ou cruéis em animal vivo, ainda 
que para fins didáticos ou científicos, são 
consideradas crimes, quando existirem recursos 
alternativos. 
Pichar não tinha pena claramente definida. 
A prática de pichar ou de qualquer forma de poluir 
edificação ou monumento urbano, sujeita o infrator a 
até um ano de detenção. 
A prática de soltura de balões não era punida de 
forma clara. 
Fabricar, vender, transportar ou soltar balões, pelo 
risco de causar incêndios em florestas e áreas urbanas, 
sujeita o infrator à prisão e multa. 
Destruir ou danificar plantas de ornamentação em 
áreas públicas ou privadas era considerado 
contravenção. 
Destruição, dano, lesão ou maus-tratos às plantas de 
ornamentação é crime, punido por até 1 (um) ano. 
O acesso livre às praias era garantido, entretanto, 
sem prever punição criminal a quem o impedisse. 
Quem dificultar ou impedir o uso público das praias 
está sujeito a até 5 (cinco) anos de prisão. 
Desmatamentos ilegais e outras infrações contra 
a flora eram consideradascontravenções. 
O desmatamento não autorizado agora é crime, além 
de ficar sujeito a pesadas multas. 
A comercialização, o transporte e o 
armazenamento de produtos e subprodutos 
florestais eram punidos como contravenção. 
 
Comprar, vender, transportar, armazenar madeira, 
lenha ou carvão, sem licença da autoridade 
competente, sujeita o infrator a até 1 (um) ano de 
prisão e multa. 
A conduta irresponsável de funcionários de 
órgãos ambientais não estava claramente 
definida. 
Funcionário de órgão ambiental que fizer afirmação 
falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar 
informações ou dados em procedimentos de 
autorização ou licenciamento ambiental, pode pegar 
até 3 (três) anos de cadeia. 
As multas, na maioria, eram fixadas através de 
instrumentos normativos passíveis de contestação 
judicial. 
A fixação e a aplicação de multas têm a força da lei. 
A multa máxima por hectare, metro cúbico ou 
fração era de R$ 5 mil. 
A multa administrativa varia de R$ 50 a R$ 50 milhões. 
 
As normas de direito penal que abrangem os crimes ambientais foram adequadamente reunidas em 
um único dispositivo legal, embora não seja possível prever todos os atos lesivos contra o meio ambiente, dada 
a complexidade e diversidade dos crimes que podem ser praticados contra a natureza. Ainda assim, não restam 
dúvidas de que se trata de uma legislação avançada, que é referência legislativa, mesmo com suas lacunas e 
defeitos. 
 
 
 20 
Saiba Mais... 
 
Associados aos crimes ambientais, em geral, há outros crimes, como: 
- Crime contra a ordem tributária; 
- Porte ilegal de arma de fogo; 
- Improbidade administrativa; 
- Contrabando ou descaminho; 
- Condescendência criminosa; 
- Prevaricação, etc. 
 
 
4.2 Outras leis sobre o meio ambiente 
Depois da edição da LCA, surgiram outras legislações afetas ao meio ambiente, dentre essas podemos 
destacar: 
• Lei n.º 9.795, de 27 de abril de 1999, dispõe sobre a educação ambiental e instituiu a Política 
Nacional de Educação Ambiental, prescrevendo que a educação ambiental é um componente essencial e 
permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e 
modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal. 
• Lei nº 9985, de 18 de julho de 2000, Sistema Nacional de Unidades de Conservação, 
estabelecendo critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação. 
• Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, Estatuto da Cidade, estabelecendo normas de ordem 
pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e 
do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental. 
• Lei nº. 12.651, de 25 de maio de 2012, Novo Código Florestal, que estabelece normas gerais 
sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração 
florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e 
prevenção dos incêndios florestais. 
• Lei n.º 13.123, de 20 de maio de 2015, Lei de Acesso ao Patrimônio Genético e Conhecimento 
Tradicional, dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e o acesso ao conhecimento 
tradicional associado e sobre a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade. 
 
Finalizando... 
Neste módulo, você estudou as noções básicas que nortearam o curso de Crimes Ambientais e 
aprendeu que: 
 
• Com a edição da Constituição Federal em 1988, o meio ambiente passou a figurar como um 
direito constitucional de todos, sendo que, pela primeira vez, a tutela ambiental passou a fazer parte da norma 
constitucional e o meio ambiente a ser visto como um todo; 
 21 
• O meio ambiente é constituído pelos seres vivos e por tudo mais que interage com eles; 
• Crime ambiental é qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que compõem o meio 
ambiente, protegidos pela legislação; 
• Fauna é o conjunto de animais de um determinado local, sendo que para fins de aplicação da lei 
está dividida em três grupos: fauna silvestre – Conjunto de animais que vivem em determinada região, afastados 
do convívio do meio ambiente humano; fauna exótica – É a originaria de outro país; e fauna Doméstica ou 
domesticada – espécies passíveis de domesticação; 
• Flora é o conjunto de plantas de uma determinada região, sendo que a legislação protege 
diversos espaços em virtude de sua importância natural; 
• Poluição é a contaminação do meio ambiente; 
• Licenciamento Ambiental é o procedimento administrativo que autoriza atividades ou 
empreendimentos potencialmente poluidores ou que possam, de alguma forma, causar qualquer tipo de dano 
ao meio ambiente; estabelecendo condições, restrições e medidas de controle ambiental a serem seguidas pelo 
empreendedor. 
• Biodiversidade diz respeito à variedade de vida; o Brasil é o país de maior biodiversidade do 
planeta; 
• Como parte da Política Nacional do Meio Ambiente foi criado o SISNAMA, que é um conjunto de 
instituições e órgãos públicos responsáveis pela política nacional do meio ambiente que visa à proteção e à 
melhoria da qualidade do meio ambiente nas três instâncias: federal, estadual e municipal; 
• A Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como a Lei de Crimes Ambientais (LCA) 
– A Lei da Vida -, procurou cumprir o disposto na Constituição, e foi editada com vistas a disciplinar a proteção 
jurídica do meio ambiente que, anteriormente, era constituída de leis e de decretos vagos e esparsos, o que 
contribuía para a não aplicabilidade da legislação até então vigente. 
• A Lei de Crimes Ambientais (LCA) será sua principal ferramenta de trabalho para enfrentar os 
crimes ambientais. 
 
 
Exercícios 
 
1. Com relação ao previsto na Constituição Federal sobre meio ambiente, assinale os itens 
FALSOS. 
a. A proteção ao meio ambiente não é prevista na Constituição Federal. 
b. O princípio da participação da população na proteção do meio ambiente está previsto na 
Constituição Federal. 
c. Os municípios não detêm competência para legislar em matéria afeta ao meio ambiente. 
d. A Constituição Federal implementou um novo direito na ordem constitucional: o direito 
fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. 
 
 
 22 
2. De acordo com os conceitos apresentados neste módulo, arraste os itens da primeira coluna 
para seu correspondente, na segunda coluna. 
(1) Crimes Ambientais 
(2) Fauna 
(3) Flora 
(4) Poluição 
(5) Licença Ambiental 
 
( ) É a autorização legal para a realização de qualquer empreendimento ou atividade potencialmente 
poluidora ou degradadora do meio ambiente. 
( ) Conjunto de animais de um determinado local. 
( ) É a contaminação do meio ambiente. 
( ) Conjunto de plantas de uma determinada região. 
( ) Qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que compõem o meio ambiente, protegidos 
pela legislação. 
 
3. A respeito das noções fundamentais de direito ambiental, assinale as alternativas 
VERDADEIRAS. 
a. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o seu relatório (RIMA) são documentos necessários para o 
licenciamento ambiental e visam diminuir os danos ambientais e aumentar o uso sustentável dos recursos 
naturais. 
b. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), órgão consultivo e deliberativo, integra o 
Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). 
c. As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos: unidades de 
proteção integral e unidades de uso sustentável. 
d. O Estudo de Impacto Ambiental figura como um dos mais eficazes instrumentos de defesa do meio 
ambiente, devendoser realizado, sempre que possível, após o licenciamento da atividade. 
 
4. De acordo com os conceitos apresentados sobre fauna silvestre, exótica e doméstica, 
relacione a segunda coluna de acordo com a primeira: 
(1) Fauna Silvestre 
(2) Fauna Exótica 
(3) Fauna Doméstica ou Domesticada 
 
( ) Javali, cacatua, leão, urso. 
( ) Papagaio, arara, águia-pescadora, baleia jubarte. 
( ) Gato siamês, cachorro poodle, cavalo, galo. 
 
 23 
5. De acordo com o estudado no módulo em questão, assinale as alternativas VERDADEIRAS. 
a. Biodiversidade ou diversidade biológica é a variedade de todas as formas de vida existentes. 
b. O SISNAMA é o conjunto de instituições e órgãos públicos responsáveis pela política nacional do 
meio ambiente que visa à proteção e à melhoria da qualidade do meio ambiente nas três instâncias: federal, 
estadual e municipal. 
c. Os estados e os municípios não podem legislar em matéria ambiental. 
d. A Lei de Crimes Ambientais (9.605/98) unificou a esparsa legislação ambiental, e, é a principal 
ferramenta no enfrentamento as infrações ambientais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 24 
Gabarito 
 
1. Resposta Correta: Letras A e C 
2. Resposta Correta: 5-2-4-3-1 
3. Resposta Correta: Letras A, B e C 
4. Resposta Correta: 2-1-3 
5. Resposta Correta: Letras A, B e D 
 
 25 
 
 
 
 
 
 
Apresentação do módulo 
 
“Pã, divindade da Grécia antiga, com seu corpo meio homem, meio animal, com pernas e 
chifres de bode, protegia os bosques e os campos, sendo a própria personificação da natureza. Seu 
correspondente latino, a divindade fauno, deu origem, provavelmente, ao termo fauna, que designa 
atualmente o conjunto de animais que habita uma determinada região” (BELTRÃO apud BULFINCH, 
2009, p. 87) 
 
Neste módulo você estudará sobre os crimes contra a fauna, o que é imprescindível para a sua atuação 
como agente encarregado da aplicação da lei. 
Seu estudo estará fundamentado na Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, lei já vista por você, e 
conhecida como Lei de Crimes Ambientais. 
 
“A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo como seus animais são tratados.” 
Mahatma Ghandi 
 
 
Objetivo do módulo 
 
Ao final deste módulo, você será capaz de: 
 
• Listar as primeiras providências a serem tomadas no caso de crime ambiental contra a fauna; 
• Conscientizar-se para a importância da preservação/conservação dos recursos faunísticos; 
• Descrever os principais crimes praticados contra a fauna; 
• Identificar a legislação pertinente aos crimes contra a fauna; 
• Identificar as infrações contra a fauna; 
• Reconhecer a importância de atuar de forma correta diante dos ilícitos penais contra a fauna. 
 
 
 
MÓDULO 
2 CRIMES CONTRA A FAUNA 
 
 26 
Estrutura do Módulo 
 
Este módulo abrange as seguintes aulas: 
 
• Aula 1 - Procedimentos e erros comuns nas ocorrências; 
• Aula 2 – A caça; 
• Aula 3 - O comércio ilegal; 
• Aula 4 - Introdução de espécies exóticas; 
• Aula 5 - Maus-tratos; 
• Aula 6 - Degradação do ambiente aquático; 
• Aula 7 - Os crimes de pesca. 
 
 
Aula 1 – Procedimentos e erros comuns nas ocorrências 
 
1.1 Procedimentos: avaliação e aplicação da LCA (se couber) 
Como membro do sistema de segurança pública, você deve além de adotar os procedimentos padrões 
para uma abordagem e condução de detidos, aplicar o que será exposto a seguir quando se deparar com crimes 
contra a fauna. 
Ao chegar no local, você deve inicialmente avaliar a situação: 
A
V
A
L
IA
Ç
Ã
O
 1. Observe a presença de pessoas 
2. Identifique os possíveis infratores 
3. Solicite a documentação ambiental (licenças, autorizações, relações de animais, ...) 
4. Analise a documentação apresentada 
 
 
 
A partir da avaliação inicial, se você constatar irregularidades, aplique a LCA e tome as 
providências apresentadas a seguir, quando necessárias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 27 
 
A
P
L
IC
A
Ç
Ã
O
 D
A
 L
C
A
 E
 P
R
O
V
ID
Ê
N
C
IA
S
 N
E
C
E
S
S
Á
R
IA
S
 
1. Prenda o infrator ou o responsável pelo empreendimento. 
2. Registre toda ação policial, através de fotos ou vídeo, com vistas a registrar 
toda ação criminosa, em especial porque certas provas em crimes ambientais 
não são repetíveis. 
3. Isole e preserve o local do crime, uma vez que a perícia é essencial para a 
constatação do dano ambiental. 
4. Identifique cada material/animal com o seu respectivo proprietário, fazendo o 
registro adequado. 
5. Apreenda o material/animal objeto do crime e tome as providências logísticas 
para o transporte e guarda do mesmo. 
6. Tome as providências necessárias para a lavratura do Termo Circunstanciado 
de Ocorrência (TCO) ou Auto de Prisão em Flagrante (APF). 
7. Contate o Batalhão de Polícia Ambiental (Florestal), IBAMA ou ICMBio, se for 
necessário, para a confecção do auto de infração e, na ausência desses, faça 
contato com outros órgãos ambientais que tenham competência para 
confeccionar o auto de infração ambiental. 
8. Verifique se na sua região de atuação existem Centros de Triagem de Animais 
Silvestres (CETAS) ou de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), para onde 
devem ser encaminhados os animais silvestres provenientes da ação 
fiscalizatória, para que possam ser identificados, avaliados, tratados e 
reabilitados; sendo que o relatório veterinário provavelmente virá a instruir o 
procedimento a ser encaminhado ao Ministério Público para as providências 
pertinentes. 
9. Tome as medidas adequadas para a destinação correta do material/animal 
apreendido. 
 
Conduta criminosa? Na dúvida não decida! Peça ajuda à Polícia Ambiental ou ao IBAMA. 
 
1.2 Erros comuns nas ocorrências de crimes contra a fauna 
 
• Veja quais são os erros mais comuns. 
• Não identificar o crime. 
• Confundir as infrações. 
• Deixar de agir (prevaricação). 
• Não dar a destinação correta aos materiais/animais apreendidos. 
• Deixar de confeccionar Boletim de Ocorrência e de proceder na lavratura do Termo 
Circunstanciado ou Auto de Prisão em Flagrante. 
 
 28 
• Deixar de acionar a Polícia Ambiental (Florestal) ou IBAMA para confecção do auto de infração. 
 
Agora que já sabe como proceder, estudará, a cada aula, um dos tipos penais. 
 
Aula 2 – Caça 
 
Antes de iniciar seu aprendizado, reflita sobre a situação a seguir e responda o que faria: 
 
Refletindo sobre a questão... 
Você está realizando um ponto de bloqueio policial (barreira) e, ao abordar um veículo, constata que 
existem diversos animais dentro de caixas de isopor, dentre eles: 2 tatus, 1 teiú e 1 caititu cortado em pedaços. 
E agora, o que você deve fazer como agente encarregado da aplicação da lei? 
 
 
Continue o estudo e verá como agir nessa situação. 
 
 
A fauna silvestre é propriedade do Estado (artigo 1º, da Lei nº 5.197/67), portanto, a velha concepção 
de que os animais são coisas de ninguém, “sem dono”, é falsa. 
O primeiro crime capitulado na LCA é o crime de caça, que trata justamente da proteção jurídica dos 
animais silvestres e dispõe o seguinte no artigo 29: 
 
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar e utilizar espécimes da fauna silvestre, 
nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da 
autoridade competente, ou em desacordo com a obtida. 
Pena – Detenção, de seis meses a um ano, e multa. (Grifo nosso) 
 
• Matar: Exterminar, ceifar a vida. (Prado, 2005, p.230). 
• Perseguir: Incomodar, ir ao encalço, importunar, seguir de perto, correr atrás, acossar. (Prado, 
2005,p.230). 
• Caçar: Perseguir animais a fim de matar ou de apanhar vivos. (Prado, 2005, p.230). 
• Apanhar: Recolher, colher, caçar com armadilhas, redes ou visgos. (Prado, 2005, p.230). 
• Utilizar: Servir-se, tirar proveito. (Prado, 2005, p.230). 
 
Fauna silvestre, de acordo com o parágrafo 3º, deste mesmo artigo 29, da LCA, é composta pelas 
espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu 
ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou em águas jurisdicionais brasileiras. 
 
 29 
 
Atenção! 
Apenas os animais aquáticos (excluindo peixes, crustáceos e moluscos) são objetos do crime de caça. 
São eles: baleias, peixes-boi, golfinhos, botos, leões-marinhos, dentre outros. 
Essas condutas não se aplicam aos atos de pesca. 
 
Para a prática desse crime, como a de outros crimes ambientais, o infrator tem que agir sem licença da 
autoridade competente, que no caso é o órgão ambiental estadual ou o IBAMA. 
 
Lembre-se... 
A caça profissional é proibida no Brasil. 
 
 
Importante! 
Para o manejo da fauna silvestre é necessária a devida licença expedida pelo órgão ambiental estadual 
ou pelo IBAMA. 
 
É importante entender que os animais domésticos e exóticos não são objetos dos crimes descritos, uma 
vez que a tutela jurisdicional se limita aos animais silvestres nativos. 
Cães, gatos, cachorros, bois, cavalos, elefantes, leões, coalas, cangurus e outras espécies domésticas ou 
exóticas não são tutelados por esse dispositivo legal. 
O parágrafo 1º, do artigo 29, da LCA e seus incisos tratam dos animais em seus habitats e visa à lei de 
proteção desses animais, uma vez que sem seu abrigo ou local de reprodução natural, o animal ficará 
extremamente exposto às intempéries naturais e a ações de predadores. 
Além disso, alguns animais abandonam seus locais de abrigo e procriação ao perceberem que os 
mesmos foram manuseados. 
 
§ 1º Incorre nas mesmas penas: 
I – Quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo 
com a obtida; e 
II – Quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural. 
 
 
Lembre-se que... 
Ao se referir à procriação da fauna, o legislador refere-se à fauna silvestre nativa, e como já citado, não 
estão tutelados os animais domésticos nem exóticos, porque não é de interesse público tutelar sua procriação. 
 
Os parágrafos quarto e quinto, do artigo 29, da LCA, tratam dos casos de aumento de pena e 
prescrevem que ela triplica se o crime decorrer do exercício de caça profissional, que é proibida no Brasil e, 
ainda, aumenta pela metade se praticado. 
 
 30 
 
• Contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da 
infração. Entende-se como espécie rara aquela que existe naturalmente em pequenas quantidades na natureza 
e por esta razão são difíceis de se encontrar, e espécie ameaçada de extinção constante na relação da CTIS 
publicada pelo IBAMA. 
• Em período proibido à caça, uma vez que a caça é proibida no Brasil, toda vez que se praticar 
um crime contra a fauna deve-se ter o aumento da pena. 
• Durante a noite, pois durante o período noturno a fiscalização é mais difícil de ser executada e 
menos eficaz. 
• Com abuso de licença, pois a princípio a impressão é que nenhuma infração está sendo cometida 
já que o infrator estava devidamente autorizado a praticar o ato. 
• Em unidade de conservação que foi criada pelo poder público justamente para a preservação e 
conservação dos ecossistemas ali existentes, pois o abate de animais pode vir a interferir no equilíbrio ecológico; 
• Com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa. 
 
 
Importante! 
Não se considera como criminosa a conduta de abater um animal quando realizada: 
• Em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família; 
• Para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, 
desde que legal e expressamente autorizada pela autoridade competente; e 
• Por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente. 
 
A caça de animais silvestres, assim como a destruição de ninhos e locais de procriação é crime; a caça 
só é permitida mediante licença do IBAMA ou do órgão ambiental estadual. 
Animais como o tatu, veado, paca, anta, caititu, capivara e teiú estão entre os preferidos pelos 
caçadores. 
 
Aula 3 - O Comércio ilegal 
 
Nesta aula, você estudará sobre uma das maiores atividades criminosas do mundo. 
 
Você sabe quais são os três maiores comércios ilegais do mundo? 
Nesta aula você conhecerá a resposta. 
 
Os artigos 29, § 1º, III e 30, da LCA, disciplinam o comércio ilegal de animais silvestres, que é considerada 
uma das atividades mais ilícitas do mundo. 
 
 31 
 
Art. 29 [...] 
Pena – Detenção, de seis meses a um ano, e multa. 
§ 1º Incorre nas mesmas penas: 
[...] 
III – Quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou 
depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa 
ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes 
de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização 
da autoridade competente. 
Art. 30 Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a 
autorização da autoridade ambiental competente: 
Pena – Reclusão, de um a três anos, e multa. 
 
O inciso III, do parágrafo 1º, do artigo 29, da LCA, trata do comércio da fauna silvestre, que a princípio 
deve ser realizado somente por criadouros/criadores autorizados pelo órgão ambiental estadual ou IBAMA, e 
de acordo com a permissão, licença ou autorização concedida. 
 
Saiba Mais.. 
A Rede de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (RENCTAS), em 2001, classificou o comércio ilegal 
de animais silvestres, como o terceiro comércio ilegal do mundo, só perdendo para o tráfico de drogas e de 
armas, movimentando cerca de US$ 20.000.000.000,00 (vinte bilhões de dólares) por ano, sendo que a 
participação do Brasil no total mundial é de 20%. 
A WWF (2012), afirma que, ao se combinar o tráfico ilícito de animais selvagens (com pesca e madeira), 
tem-se o quarto maior comércio ilegal do mundo, atrás de narcóticos, de seres humanos e de produtos 
falsificados, movimentando até cerca de U$$ 26.500.000.000,00 (vinte e seis bilhões e quinhentos milhões de 
dólares) por ano. 
 
3.1 Transporte de animais silvestres 
Para o transporte é necessária a Licença ou Autorização de Transporte emitida pelo órgão ambiental 
estadual ou pelo IBAMA, bem como a Nota Fiscal que oficializou o comércio, e, quando for o caso, a Guia de 
Trânsito Animal (GTA) emitida pelo órgão de defesa agropecuária competente. 
 
Importante! 
Para o transporte internacional exige-se ainda a licença de exportação, emitida pelo IBAMA. 
 
 
O dispositivo tutela não somente o animal já formado, mas também as espécies em formação – ovos e 
larvas. O ovo representa o primeiro estágio de vida de algumas espécies, e, portanto, a destruição do ovo implica 
 
 32 
na destruição de um ser que está se formando, numa quebra no ciclo de vida do espécime, semelhantemente, 
a larva é o primeiro estágio de vida dos insetos. 
Aos produtos beneficiados, como bolsas, jaquetas, cintos e botas, cuja matéria-prima seja a pele ou os 
couros de répteis ou anfíbios, aplica-se o disposto no artigo 29, §1º, III, por se tratar de “produto ou objeto” da 
fauna silvestre. 
 
3.2 Tráfico de animais 
O tráfico de animais silvestres dá a impressão de ser uma atividade aparentemente inofensiva e algumas 
autoridadesnão dão tratamento adequado a esse tipo de crime. 
Para se ter ideia da potencialidade desta atividade, basta recorrer ao preço estimado praticado no 
mercado internacional, segundo a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (RENCTAS), 
2000: 
• O espécime da arara-azul-de-lear é cotado em US$ 60.000 (sessenta mil dólares); 
• O grama do veneno da coral-verdadeira é cotado em mais de US$ 30.000 (trinta mil dólares); 
• O grama do veneno da aranha-marrom vale cerca de US$ 20.000 (vinte mil dólares); 
• O espécime do papagaio-de-cara-roxa é cotado em US$ 6.000 (seis mil dólares); 
• Cada espécime de melro tem cotação em mais de US$ 2.000 (dois mil dólares). 
 
3.3 Biopirataria 
Outra vertente do tráfico de animais é a biopirataria, que se constitui na exploração, manipulação, 
exportação e/ou comercialização internacional de recursos biológicos que contrariam as normas da Convenção 
sobre Diversidade Biológica. 
A Biopirataria se caracteriza também pela apropriação e monopolização ilegal dos conhecimentos das 
populações tradicionais no que se refere ao uso dos recursos naturais. 
A ação desses criminosos é facilitada pela ausência de uma legislação que defina as regras de uso dos 
recursos naturais brasileiros. 
A biopirataria deve ser veementemente combatida, e você deve fazer isto apoiado nesse dispositivo 
legal. 
 
Lembre-se... 
A Biopirataria é uma das modalidades de tráfico de animais silvestres. 
 
Aula 4 – Introdução de espécies exóticas 
 
Nesta aula, você estudará sobre um dos crimes responsáveis pela destruição de ecossistemas. 
 
Você lembra o que é fauna exótica? 
Fauna exótica é a fauna originária de outro país. 
 33 
 
O artigo 31, da LCA, disciplina o combate à entrada de animais exóticos no território brasileiro, uma 
vez que a introdução de espécimes pode vir a alterar o equilíbrio dos ecossistemas e causar o desaparecimento 
de diversas espécies. 
O conceito de animal já foi delimitado, no início do curso, como sendo “todo ser vivo dotado de 
movimento que possua ausência de clorofila e celulose, que se alimente de substâncias sólidas e, 
normalmente, capaz de percepções sensoriais”. Já espécie é “um conjunto de indivíduos semelhantes 
entre si e capazes de entrecruzarem em condições naturais produzindo descendentes férteis”. 
 
Importante! 
O objetivo do Artigo 31 é proteger a fauna nacional, porque a introdução de um único espécime 
exótico pode vir a se constituir num grande problema, especialmente, se o animal introduzido não 
tiver aqui um predador natural e começar a destruir a fauna e a flora local. 
 
 
Não se constitui crime a introdução de espécime exótica desde que realizada com licença emitida pelo 
IBAMA ou órgão ambiental com função delegada. 
Essa introdução pode vir a provocar mudanças profundas no ecossistema, exemplo disso, foi a 
introdução de coelhos na Austrália, o que provocou a diminuição das populações de mamíferos marsupiais 
nativos da região, como os cangurus, por causa da alteração do habitat. 
 
Exemplo 
No Brasil, a introdução de javalis no sul do país é um exemplo dos danos que a introdução de espécies 
exóticas pode causar, eles tornaram-se um grave problema para a flora, a agricultura e a pecuária. 
 
 
Aula 5 –Maus-tratos 
 
Nesta aula, você estudará uma das inovações da LCA: maus-tratos e abuso de animais silvestres, 
exóticos e domésticos. 
 
O que você entende que são maus-tratos aos animais? 
Nesta aula você conhecerá a resposta. 
 
Uma das inovações da legislação foi a tutela da fauna doméstica e exótica, que anteriormente não eram 
protegidas pela Lei de Proteção a Fauna (Lei n.º 5.197, de 03 de janeiro de 1967). 
 
 
 
 34 
A LCA dispõe que: 
 
Art. 32 Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, 
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: 
Pena – Detenção, de três meses a um ano, e multa. 
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal 
vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos 
alternativos. 
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal. 
 
No módulo anterior, você aprendeu os conceitos de fauna silvestre, exótica e doméstica. 
Fauna Silvestre Nativa é o conjunto de animais que vivem em determinada região. São os que têm 
seu habitat natural nas matas, florestas, nos rios e mares; são animais que ficam, em via de regra, afastados do 
convívio do meio ambiente humano; 
Fauna Silvestre Exótica é a originária de outro país (estrangeira); 
Fauna Doméstica ou Domesticada é formada pelas espécies passíveis de domesticação. 
 
O caput do artigo 32, da LCA, traz as condutas de abuso e maus-tratos. Vladimir Passos de Freitas e 
Gilberto Passos de Freitas (2000, p. 94), assim se pronunciaram sobre as condutas previstas neste artigo: 
• Praticar ato de abuso é realizar uso errado do animal. Por exemplo, cavalgar por horas sem 
permitir descanso ao cavalo, nem lhe dar oportunidade de comer ou beber água; 
• Lançar galo em rinha sabendo que, mesmo vencedor, ele sairá ferido, apenas para satisfazer o 
desejo dos apostadores, ou transportar pássaros fechados em caixas, por horas, sem as mínimas condições de 
bem-estar; 
• Maus-tratos significam insultar e ultrajar. Por exemplo, manter cachorro permanentemente 
fechado em lugar pequeno, sem ventilação e limpeza; 
• Ferir é lesar o animal. É a ação do que exagera ao açoitar um burro, causando-lhe ferimentos; e 
• Finalmente, mutilar, conduta que implica em retirar parte do corpo do animal, geralmente um 
membro. 
 
Lembre-se... 
Rinha é crime! E está associada aos maus-tratos. 
 
Atente para o fato de que: 
O parágrafo primeiro, do artigo 32, da LCA, trata da utilização da fauna para fins científicos. Não se 
quer coibir pesquisas científicas, o objetivo é garantir que só serão empregados métodos dolorosos e cruéis, 
em animais, se não houver outra alternativa disponível, uma vez que a manipulação de novas drogas é realizada, 
primeiramente, nos animais para, só depois, ser utilizada em seres humanos. 
 
 35 
 
Exemplo 
Luciana Cardoso Pilati (2011, p. 84) ao tratar do tema cita o exemplo da “farra do boi” (manifestação 
cultural de Santa Catarina), e que, segundo se entende, configuraria a conduta criminosa prevista no art. 32 da 
LCA. Quando do exame da matéria, o STF decidiu que a prática da “farra do boi” significa submeter os animais 
à crueldade, ofendendo-se, assim, o disposto no art. 225, § 1º, VII, da Constituição da República Federativa do 
Brasil (RE 153.531-8/SC, rel. Min. Marco Aurélio, DJU de 3-6-1997). 
O Decreto Lei nº 24.645, de 10 de julho de 1934, embora tenha sido revogado, trazia à tona excelentes 
exemplos de condutas que poderiam se constituir em maus-tratos. 
 
Lembre-se... 
Maus-tratos aos animais é crime. 
 
Aula 6 – A degradação do ambiente aquático 
 
Nesta aula, você estudará sobre a destruição do ambiente aquático. 
A proteção à fauna ictiológica começa a ser contemplada no artigo 33, da LCA: 
 
Art. 33 Provocar, pela emissão de efluentes ou carregamento de materiais, o 
perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, 
lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras: 
Pena – Detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente. 
 
Para aplicação da legislação ambiental deve se entender que a fauna aquática engloba os mamíferos, 
anfíbios e répteis aquáticos, bem como os peixes, os crustáceos e os moluscos. 
O parágrafo único, do artigo 33, da LCA dispõe o seguinte: 
 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas: 
I – Quem causa degradação em viveiros, açudesou estações de aquicultura de 
domínio público; 
II – Quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença, 
permissão ou autorização da autoridade competente; 
III – Quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre 
bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica. 
 
 
 
 
 
 
 
 36 
Importante! 
Esse dispositivo legal visa manter o equilíbrio dos ambientes aquático. 
• O crime do inciso I, do artigo 33, da LCA, é bastante semelhante ao previsto no caput do artigo, 
com a diferença de que não se faz necessário que da degradação ambiental resulte a morte dos 
espécimes, além de que somente é praticado em ambiente aquáticos de propriedade do Estado, que 
pode ser a União ou qualquer estado federado. 
• O crime do inciso II, do artigo 33, da LCA, trata da exploração econômica que deve ser realizada 
somente com autorização do Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA. 
• O inciso III, do artigo 33, da LCA, dispõe sobre a proteção dos arrecifes naturais que existem ao 
longo da costa brasileira. 
 
 
Aula 7 – Os crimes de pesca 
 
Nesta aula, você estudará um dos grandes temas da LCA: os crimes de pesca! 
 
O que é pesca? 
Nesta aula você conhecerá a resposta. 
 
O conceito de pesca é essencial para fins de interpretação e aplicação da lei. 
De acordo com o artigo 36, da Lei de Crimes Ambientais, considera-se pesca... 
 
Todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos 
peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas 
as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora. 
 
Para configurar o crime de pesca, basta a iminência da captura dos espécimes da ictiofauna, ou 
seja, o pescador que atira na água um instrumento de pesca proibido incorre no crime, mesmo que não consiga 
trazer nada da água. 
A pesca de vegetais não é novidade na legislação, porque o Código de Pesca já previa essa modalidade, 
que a princípio parece estranha, mas a flora aquática passa a ser potencialmente objeto de pesca. 
 
Atenção! 
A pesca irregular é crime! 
 
O artigo 34, da LCA, veda a pesca em certos períodos e locais: 
 
 
 37 
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares 
interditados por órgão competente: 
Pena – Detenção, de um ano a três anos, ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: 
I – Pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos 
inferiores aos permitidos; 
 
O que se visa nesse artigo é a proteção da ictiofauna em períodos determinados, especialmente, 
durante a desova e em certos locais, para que as populações possam se desenvolver. 
Diferentemente dos crimes contra a fauna é o Ministério da Pesca e Aquicultura quem estabelecerá 
quais as espécies que poderão ser pescadas e quais os tamanhos mínimos permitidos para a pesca. 
 
 
Importante! 
Você precisa entender que o legislador visou à proteção das espécies que estejam em risco de extinção 
ou que ainda não atingiram o tamanho suficiente, em especial porque ainda não se reproduziram. 
 
 
Com a finalidade de garantir a continuidade das espécies de peixes, crustáceos, moluscos e vegetais 
hidróbios, foi editado no inciso II, do artigo 34, da LCA, a proibição da pesca em quantidades superiores às 
permitidas ou mediante a utilização de aparelhos, apetrechos, técnicas e métodos não permitidos. 
 
 
Importante! 
Cada região hidrográfica possui características próprias quanto aos instrumentos que são ou não 
permitidos para a pesca em águas interiores, em geral, os seguintes apetrechos são proibidos: redes e 
tarrafas de arrasto de qualquer natureza, redes de emalhar, espinhéis e joão bobo. 
Consulte o órgão local ambiental para certificar-se dos instrumentos e apetrechos proibidos em sua 
região. 
 
 
Durante a atividade de fiscalização você sempre deverá observar a legislação complementar que é 
divulgada pelo Ministério da Pesca e Aquicultura. 
 
 
Lembre-se... 
Cada bacia hidrográfica possui legislação específica por conta de suas peculiaridades e espécies 
ocorrentes, por isto ao agir certifique-se das normas vigentes em sua localidade. 
 
 
 38 
7.1 A comercialização 
Quanto ao processo de comercialização dos produtos de pesca, prescreveu o legislador, no inciso III, 
do artigo 34, da LCA, sobre o transporte, comercialização, beneficiamento e industrialização de espécimes 
provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas. 
Reprime-se neste dispositivo a receptação dos espécimes oriundos da pesca ilegal. O dispositivo visa 
punir aquele que se utiliza do recurso natural para auferir lucros, não se importando com a origem do pescado. 
O tipo penal disciplina todo o ciclo de comercialização, desde o transporte, o beneficiamento, a industrialização 
até a venda dos espécimes da ictiofauna. Dentro desse tipo penal tem-se a pesca ilegal de peixes ornamentais, 
que alcançam valores astronômicos no mercado internacional. 
A ganância dos pescadores ou das empresas que exploram a atividade pesqueira pode trazer um 
malefício terrível ao meio ambiente, que é a extinção de espécies. 
 
Lembre-se... 
O Ministério da Pesca e Aquicultura é o responsável por determinar quais são as quantidades permitidas 
por pescador ou por embarcação e por definir quais são os apetrechos permitidos. 
 
Quanto à pesca predatória, a mesma está disciplinada no artigo 35, da LCA: 
 
Art. 35. Pescar mediante a utilização de: 
I – Explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito 
semelhante; e 
II – Substâncias tóxicas ou outro meio proibido pela autoridade competente: 
Pena – Reclusão de um ano a cinco anos. 
 
O artigo visa combater todo tipo de pesca predatória, que destrói todo o habitat aquático da 
ictiofauna, sendo esta a razão por que a pena foi agravada nesse tipo penal, pois o infrator não está 
preocupado em preservar o ambiente para que ele, futuramente, possa vir a pescar, uma vez que este tipo de 
pesca predatória causa danos irreversíveis ao meio ambiente, destruindo toda fauna e flora aquáticas. 
 
Observação 
Os tamanhos mínimos não se aplicam aos peixes de piscicultura. Nesse caso, é necessário comprovar 
a origem do peixe, através de nota fiscal. 
 
Atenção! 
É crime capturar, transportar e comercializar espécies protegidas, peixes abaixo do tamanho mínimo e 
além do limite por pescador amador, que é de 10kg mais um exemplar (ou o limite estipulado por legislação 
estadual/municipal, quando inferior a 10kg). 
 
 
 39 
Finalizando... 
 
Neste módulo você estudou que... 
• A fauna silvestre é constituída de todo e qualquer animal que tenha todo ou parte de seu ciclo 
de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. Logo, os 
animais migratórios fazem parte de nossa fauna, como as aves migratórias e os cetáceos. 
• Exemplos dos crimes citados neste módulo: 
• A caça (sendo que a caça profissional é proibida no Brasil); 
• Venda de animais silvestres em feiras livres ou lojas; 
• Comercialização ilegal de sapatos, bolsas, casacos, dentre outros artefatos e objetos que são 
produtos/subprodutos da fauna silvestre; 
• Manutenção de animais silvestres em cativeiro; 
• Transporte irregular de animais silvestres; 
• Maus-tratos aos animais (rinha de galo, espancamento, etc.); 
• Degradação do ambiente aquático pela emissão de detritos; e 
• Pesca irregular (quantidades maiores que as permitidas, nos locais proibidos, em período de 
defeso,

Outros materiais