Buscar

sistema tributario municipal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Escola Nacional de Serviços Urbanos 
Programa de Capacitação 
Curso: Gestão Tributária Municipal 
UNIDADE 1 
SISTEMA TRIBUTÁRIO MUNICIPAL 
 
 
 
 
 
2 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO DO IBAM 
Curso: Gestão Tributária Municipal 
 
Copyright 2015: Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM 
Escola Nacional de Serviços Urbanos – ENSUR 
Edição revista e atualizada, 2016 
Rua Buenos Aires, nº 19 – 20070-021 – Centro – RJ 
Tel. (21) 2142-9797 – Fax: 2537-1262 
E-mail: ibam@ibam.org.br - Web: www.ibam.org.br 
 
FICHA TÉCNICA 
Direção da ENSUR Tereza Cristina Baratta 
Coordenação de Ensino 
Heraldo da Costa Reis 
Márcia Costa Alves da Silva 
Conteúdo Técnico Leonardo Godoi Sia 
Revisão Pedagógica Dora Apelbaum 
Revisão Técnica Patrícia Araújo Santos 
Equipe da ENSUR - IBAM 
Andréia Azevedo 
Cinthia Pestana 
Roberto Gonçalves 
Sílvia Leão 
 
 
CIP. Brasil. Catalogação-na-Publicação 
Centro de Documentação – CEDOC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
S563 Sia, Leonardo Godoi 
 Curso Gestão Tributária Municipal: unidade 1: sistema tributário 
municipal / Leonardo Godoi Sai -Rio de Janeiro: IBAM, 2016 
 
 35 p. : il. color. 
 Inclui Referências. 
 
 
 1 Administração Tributária – curso. 2. Educação â distância. 3. 
Administração municipal. I. Instituto Brasileiro de Administração Municipal. II. 
Título. 
 
 
CDU – 352:657 
 
 
 
 
3 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
 
APRESENTAÇÃO DO CURSO 
As recentes transformações ocorridas no ambiente e nos processos políticos, 
econômicos e de produção têm gerado uma crescente arrecadação de tributos e 
consequentemente o surgimento da “guerra fiscal” entre os entes da federação. 
 
No intuito de iniciar o debate e de fazer com que os operadores do Direito Tributário na 
esfera municipal entendam de forma objetiva o porquê desse fenômeno recente, é 
importante estudar os aspectos gerais da gestão tributária municipal como forma de 
melhorar e gerir com eficiência a arrecadação dos tributos Municipais. 
 
OBJETIVO DO CURSO 
Propiciar informações básicas sobre o sistema tributário municipal com foco na gestão 
tributária municipal, através de uma formação sólida com elementos teóricos e práticos 
para a identificação de aspectos gerais sobre o tema. 
 
O curso está estruturado em cinco unidades: 
 
Unidade 1 – Sistema Tributário Municipal 
Unidade 2 – Competência Tributária 
Unidade 3 – Obrigação Tributária 
Unidade 4 – Crédito Tributário e lançamento 
Unidade 5 – Administração Tributária 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
 
UNIDADE 1 – SISTEMA TRIBUTÁRIO MUNICIPAL 
 
APRESENTAÇÃO DA UNIDADE 
O seguimento jurídico brasileiro é um conjunto de normas que oferece à sociedade uma 
direção, ou seja, o sistema jurídico é visto dentro de uma perspectiva social. 
 
O conteúdo da norma jurídica regula a conduta humana dentro da sociedade, tendo 
como função a estabilização das expectativas normativas em razão do que as normas 
jurídicas ditam. Por isso a razão de existir um sistema jurídico. 
 
De forma preliminar, analisamos o Sistema Tributário Municipal relacionando-o com o 
poder que o Estado de Direito busca para captar recursos financeiros e sua origem 
constitucional para que, em seguida, analisemos de forma objetiva as espécies 
tributárias. 
 
É preciso um critério jurídico que vise a uma gestão tributária eficiente. Esse critério 
jurídico diz o que é uma espécie tributária para que determinado ente da federação 
possa captar recursos, e saber quem são as pessoas que serão tributadas. 
 
OBJETIVO DA UNIDADE 
Analisar as espécies tributárias de forma a relacioná-las com os respectivos entes da 
federação, com a finalidade de obter uma gestão tributária mais eficiente. 
 
CONTEUDISTA: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Leonardo Godoi Sia 
Fiscal Tributário Municipal. Graduado em Direito com Especialização em Direito Público 
e Privado pelo Instituto Superior do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e 
em Direito Tributário pelo IBET – Instituto Brasileiro de Estudos Tributários. Mestrando 
em Direito Tributário pelo IBET – Instituto Brasileiro de Estudos Tributários. Professor 
da Escola Nacional de Serviços Urbanos – ENSUR do IBAM, Professor Seminarista de 
Direito Tributário do IBET e da Pós-Graduação em Estratégias Tributárias no curso de 
Contabilidade da UNILASALLE\RJ. Professor do CRECI 1ª Região e dos Cursos de 
aperfeiçoamento do Conselho Regional de Contabilidade (CRC-RJ). Autor de diversos 
artigos para revistas especializadas, entre eles Autor de Capítulo do Livro " 
Planejamento tributário e a autonomia privada: limites e possibilidades" e do Curso de 
Gestão Tributária Municipal publicado pelo IBAM Editor do DTA – Direito Tributário 
Atualizado. 
 
 
 
5 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 – SISTEMA TRIBUTÁRIO MUNICIPAL ...................................................... 4 
Apresentação da Unidade ............................................................................................. 4 
Objetivo da Unidade ....................................................................................................... 4 
1. Poder de Tributar........................................................................................................ 6 
1.1. Princípios Constitucionais Tributários ............................................................. 7 
1.1.1. Princípios que protegem o valor Segurança Jurídica ............................. 7 
A) Princípio da Transparência Fiscal (art. 150, §5, CRFB/88) ....................... 7 
B) Princípio da Irretroatividade (art. 150, III, “a”, CRFB/88) .......................... 8 
C) Princípio da Legalidade (art. 150, I, CRFB/88) ............................................ 9 
D) Princípio da Anterioridade (art. 150, III, “b” e “c”, CRFB/88) ................. 11 
1.1.2. Princípios que protegem o valor Justiça da Tributação ....................... 13 
A) Princípio da Capacidade Contributiva (art. 145, §1º, CRFB/88) ............. 13 
B) Princípio da Igualdade (art. 150, II, CRFB/88) ........................................... 14 
C) Princípio da não discriminação pela procedência ou destino (art. 152, 
CRFB/88) ............................................................................................................ 15 
D) Princípio da Uniformidade Geográfica (art. 151, CRFB/88) .................... 15 
E) Princípio do Não Confisco (art. 150, IV, CRFB/88) ................................... 16 
1.1.3. Princípio que protege o valor da liberdade jurídica ............................... 17 
A) Princípio da não limitação ao trânsito (art. 150, V, CRFB/88) ................ 17 
2. Origem Constitucional ............................................................................................. 17 
3. Espécies Tributárias Municipais ............................................................................ 20 
Referência ..................................................................................................................... 39 
Exercícios ...................................................................................................................... 40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
 
1. PODER DE TRIBUTAR 
 
O Estado se forma a partir de três elementos: um território, o governo soberano e o 
povo. Esses elementos existem para a realização do bem comum. 
 
Assim, um determinado ente da federação, seja ele a União, Estado ou Município irá 
exigir da sociedade sua soberania por meio do poder de tributar para realizar a atividade 
de tributar. 
 
O poder de tributar é um poder que o Estado de Direito busca paracaptar recursos 
financeiros no intuito de custear sua atividade fim por meio de receitas originárias ou 
derivadas. 
 
As receitas originárias se originam do patrimônio do Estado, como por exemplo, os 
aluguéis de imóveis públicos. 
 
As receitas derivadas têm como origem o patrimônio do particular, como por exemplo, 
os tributos. Por meio da Assembléia Nacional Constituinte, o povo brasileiro transfere 
para a sociedade a jurisdição e a administração dos tributos. 
 
Neste sentido, a solução de todos os conflitos existentes será dada pelo Estado, pois o 
ser humano não é apto a aplicar a jurisdição, em razão da colisão de conflitos e 
interesses que realizamos, ou seja, nas palavras de Ricardo Lobo Torres, 2005, p. 63-
64 “a soberania financeira, que é do povo, transfere-se limitadamente ao Estado pelo 
contrato constitucional, permitindo-lhe tributar e gastar”. 
 
Para saber mais... 
 
 
 
 
 
 
Esse poder de tributar está autorizado nos artigos 13 e 14 da Declaração francesa dos 
Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, que preconiza que para a manutenção da 
força pública e custos administrativos, os tributos devem ser distribuídos igualmente 
entre os cidadãos e dimensionados conforme as suas possibilidades e capacidade. Os 
cidadãos têm o direito de analisar a necessidade das contribuições e de aceitá-las por 
meio de seus representantes. 
 
 
 
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro tributário. 12ed. Rio de 
Janeiro: Renovar, 2005, p. 63-64. 
 
 
 
7 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
1.1. Princípios Constitucionais Tributários 
 
Nas atividades dos entes da federação cuja incidência dos tributos não é proibida, 
precisamos definir a elasticidade permitida, ou seja, precisamos colocar um limite 
norteador para que o Estado gestor não extrapole e aplique de forma plena os atos 
normativos. Assim, com os princípios não se proíbe a tributação, mas impõem-se limites. 
 
Os princípios têm por finalidade a proteção de três valores: 
 
▪ Liberdade jurídica, 
▪ Segurança jurídica, e 
▪ Justiça da tributação. 
 
Assim, temos a seguinte estrutura: 
 
Princípios que protegem o valor Segurança Jurídica 
Os princípios da Transparência Fiscal (art. 150, §5, CRFB/88), o da Irretroatividade 
(art. 150, III, “a”, CRFB/88), da Legalidade (art. 150, I, CRFB/88) e da Anterioridade 
(art. 150, III, “b” e “c”, CRFB/88). 
Princípios que protegem o valor justiça da tributação 
Princípios da Capacidade Contributiva (art. 145, §1, CRFB/88), da Igualdade (art. 150, 
II, CRFB/88), da Não Discriminação pela Procedência ou Destino (art. 152, CRFB/88), 
da Uniformidade Geográfica e do Não Confisco (art. 150, IV, CRFB/88). 
Princípio que protege o valor liberdade jurídica 
Princípio da não limitação ao trânsito (art. 150, V, CRFB/88). 
 
Diante da estrutura apresentada, demonstraremos os conjuntos que se relacionam com 
o objeto deste trabalho que é o de abordar os pontos centrais da gestão tributária 
municipal. 
 
 
1.1.1. Princípios que protegem o valor Segurança Jurídica 
 
A) Princípio da Transparência Fiscal (art. 150, §5, CRFB/88) 
 
O Princípio da Transparência Fiscal tem por finalidade proteger a sociedade na relação 
de consumo. 
 
Quando, por exemplo, compramos um objeto há tributação e necessitamos saber sobre 
o que estamos sendo tributados. Esse compromisso está estabelecido no que manifesta 
a cidadania fiscal. Essência que emana do povo, com seus direitos e deveres, e por 
 
 
 
8 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
meio dela o povo pode exigir do governo atuar na fiscalização em relação a 
determinadas sociedades empresariais com maior transparência fiscal. 
 
Não podemos confundir o princípio que estamos analisando – Princípio da 
Transparência Fiscal – com o Princípio da Transparência Orçamentária, que iremos 
abordar no decorrer do nosso estudo. O Princípio da transparência Orçamentária 
informa que os gastos deverão ser esclarecidos de forma cristalina. 
 
O princípio da transparência relaciona-se no sistema tributário nacional com o IPI, ICMS 
e ISS que são denominados por parte da doutrina como impostos indiretos, pois o 
contribuinte de direito, como o prestador de serviços repassa o impacto tributário para 
os consumidores que são chamados de contribuintes de fato. 
 
B) Princípio da Irretroatividade (art. 150, III, “a”, CRFB/88) 
 
O Princípio da Irretroatividade tem por finalidade vedar a aplicação retroativa das leis, 
ou seja, a lei que rege o ato será a lei do tempo e do ato. 
 
Contudo, o que nos importa a título de uma melhor gestão tributária são as exceções a 
este princípio, ou seja, as hipóteses em que os entes da federação possam tributar fatos 
passados com leis atuais. 
 
As situações que compreendem exceções ao Princípio da Irretroatividade são: 
▪ leis interpretativas (art. 106, I, Código Tributário Nacional, CTN), 
▪ leis que alteram os aspectos formais do lançamento (art. 144, §1º, CTN),e 
▪ leis benéficas em penalidades (art. 106, II, CTN). 
 
Na hipótese das leis interpretativas (art. 106, I, CTN), entende-se que são as leis criadas 
para esclarecer algum conteúdo prescrito em outras leis, ou seja, são leis que são 
criadas para esclarecer o sentido de outra anterior de maneira que não influencia o 
conteúdo jurídico, mas apenas servem de esclarecimento para os agentes públicos e 
contribuintes. 
 
Quanto às leis benéficas, leis que alteram os aspectos formais do lançamento (art. 144, 
§1º, CTN), significa dizer que essas leis alteram a forma de cobrar, ou seja, alteram 
apenas o procedimento. 
 
 
 
 
9 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
Veja a seguinte questão: 
 
Vejam: 
Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador 
da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente 
modificada ou revogada. 
§ 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à 
ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios 
de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de 
investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito 
maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito 
de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. 
 
Assim... 
 
C) Princípio da Legalidade (art. 150, I, CRFB/88) 
 
O Princípio da Legalidade tem por finalidade ensinar que nenhum tributo pode ser criado 
ou majorado senão em virtude de lei. Este princípio se encontra regulado pelo art. 150, 
I, CRFB/88, que diz que todos os elementos do fato gerador devem estar previstos em 
lei. É cláusula pétrea, pois é uma garantia do cidadão contribuinte em face do Fisco. 
 
A Lei Complementar 105/2001 outorgou à Administração Fazendária a faculdade de 
afastar o sigilo bancário do contribuinte com vistas à promover à adequada 
fiscalização quanto ao cumprimento da obrigação tributária (que estudaremos com 
mais detalhes no decorrer do curso, deixando de lado as lacunas e dúvidas 
relacionadas se o ato é constitucional ou não. Assim, o que poderá ocorrer se a 
administração quiser quebrar com o sigilo bancário do contribuinte em relação ao 
fato gerador ocorrido em 2000? 
 
O art. 144, § 1º, CTN soluciona a questão, dando mais rigor na fiscalização tributária. 
O fato gerador já tinha ocorrido em 2000 e a ação do Fisco foi praticar um ato mais 
eficiente para realizar a fiscalização. 
 
As leis benéficas em penalidades (art. 106, II, CTN) tratam da aplicação de uma 
norma penal mais benéfica ao contribuinte no tocante às penalidades (multas 
fiscais), fazendo esta norma retroagir. 
Neste caso, o agente fiscal deve ficar atento para não lavrar um auto de infração, 
que futuramente pode ser questionado pelo contribuinte. 
 
 
 
10 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
A legalidade tributária se desdobra em outro princípiochamado de princípio da tipicidade 
tributária que exige que a lei exteriorize de forma integral os elementos da obrigação 
tributária. Todos os elementos do fato gerador integral deverão estar tipificados na lei 
de tributação que se encontra no art. 97, CTN. 
 
Mas... 
▪ O que é tipicidade fechada? 
▪ O que é tipicidade aberta? 
 
Tipicidade fechada ocorre quando o tipo tributário necessita prever detalhes de cada 
um dos elementos da obrigação tributária de forma a não caber qualquer espaço de 
decisão para o intérprete, de modo que à lei tributária não deve caber interpretação. 
E... 
Tipicidade aberta acontece quando o dispositivo tributário cabe em uma maior 
interpretação, para que o intérprete possa integrar os conceitos previstos pelo legislador. 
 
 Para refletir... 
 
 
 
Temos dois posicionamentos. 
 
▪ Primeiro posicionamento 
Defendido pelo Supremo Tribunal Federal, STF, e pela maioria da Doutrina é o de que 
o direito tributário brasileiro adota a tipicidade fechada, ou seja, a lei tributária deve 
elencar todos os elementos do fato gerador (material, espacial, temporal, alíquota, base 
de cálculo, sujeito passivo e ativo) e a administração tributária não pode extrapolar os 
limites da lei. O STF entende que a tipicidade é fechada ou o tributo é inconstitucional, 
pois não está fixado na CRFB/88, ou seja, a tipicidade tributária não é constitucional, 
mas sim infraconstitucional. 
 
Para saber mais 
 
O Direito Tributário aplica a tipicidade aberta ou fechada? 
Leia a notícia do STJ sobre o desafio de tributar novas tecnologias em que é abordado 
o princípio da tipicidade tributária disponível em: 
http://direitotributarioatualizado.blogspot.com.br/2014/02/stj-16022014-o-desafio-de-
tributar.html 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
 
▪ Segundo posicionamento 
Defendido pelo Jurista Ricardo Lobo Torres e que pode ser defendido pelo Fisco no 
sentido de ter uma gestão tributária mais eficiente é que a tipicidade tributária aberta, 
ou seja, o artigo que trata do fato gerador do tributo pode ser genérico, pois caberá ao 
administrador concretizar a lei tributária no exame do caso concreto. 
 
O fundamento para a tipicidade aberta está na ponderação de interesses, ou seja, o 
Fisco pondera o interesse público em face do interesse privado, considera também 
como norma geral antielisiva (estudaremos este tema mais à frente) e está dentro do 
art. 116, parágrafo único do CTN. 
 
“Art. 116, Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar 
atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência 
do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação 
tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária”. 
 
A expressão “poderá” quer dizer que cabe ao administrador tributário examinar o caso 
concreto. 
 
É importante esclarecer que há uma grande velocidade na mudança para realidade em 
comparação a velocidade da produção legislativa, razão pela qual o professor Marco 
Aurélio Greco, 1998, p. 50-60, afirma que “a maneira de acompanhar é prever padrões 
de condutas ou de fatos, em vez de prever condutas individuais ou fatos específicos 
com modelos abstratos, onde o modelo pode ter uma vida maior do que a descrição de 
cada conduta individualizada”. 
 
O Princípio da legalidade tem várias exceções, mas para fins de uma melhor gestão 
tributária interessa-nos as seguintes situações: 
▪ mudança na data de vencimento dos tributos (art. 160 do CTN), e 
▪ criação ou regulação das obrigações acessórias, em função da celeridade. 
 
D) Princípio da Anterioridade (art. 150, III, “b” e “c”, CRFB/88) 
 
O Princípio da Anterioridade visa estabelecer a segurança jurídica, no sentido de não 
realizar uma surpresa aos contribuintes quando há a majoração dos tributos, pois eles 
precisam se adequar ao novo modelo econômico instaurado. 
 
É uma garantia individual em que a lei que institui ou aumenta tributo deverá ser 
publicada até o último dia do exercício financeiro anterior ao exercício da cobrança, 
sendo imperativo existir um prazo mínimo de 90 dias entre a sua publicação e sua 
aplicação. 
 
 
 
 
12 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
Então, a Emenda Constitucional 42/2003 trouxe a anterioridade tributária condicionada 
a duas situações. 
 
▪ Primeira situação 
Está no art. 150, III, “b” da CRFB/88 em que a lei que instituir ou majorar 
tributo deverá ser publicada no exercício financeiro anterior ao da 
cobrança. 
▪ Segunda situação 
Está no art. 150, III, “c” da CRFB/88. Este artigo determina que é preciso 
existir um lapso temporal de no mínimo de 90 dias entre a publicação da 
lei e a cobrança do tributo. 
 
 
Quanto à primeira situação, é necessário realizarmos algumas observações. O art. 34 
da Lei 4.320/1964, nos ensina que o exercício financeiro coincide com o ano civil, dessa 
forma entendemos que o exercício financeiro é o período de tempo entre 1º de janeiro 
e 31 de dezembro. 
 
O STF não critica se o dia 31 de dezembro é dia útil ou não, mas analisa apenas se 
houve publicação ou não da lei. Assim, se houve a publicação pouco importará se o dia 
da publicação foi dia útil ou não, ou seja, se o dia 31 de Dezembro cair no Domingo e a 
lei for publicada em Diário Oficial em 31 de Dezembro, domingo, entende-se que o 
exercício financeiro é o período de tempo entre 1º de janeiro e 31 de dezembro. 
 
Quanto à segunda situação, art. 150, III, “c”, CRFB/88, o lapso temporal de no mínimo 
de 90 dias entre a publicação da lei e a cobrança do tributo chamamos de noventena. 
No entanto, a Emenda Constitucional 42 de 2003, que criou a noventena, excluiu o IPTU 
e o IPVA, quando a majoração desses impostos se der via ajuste na base de cálculo. 
Importa-nos analisar o IPTU. 
 
Veja a situação: 
 
No IPTU, a base de cálculo é um composto de vários critérios facilmente manipuláveis. 
Por isso, se o legislativo não aprovar lei majorando alíquota até 4 de outubro, para 
afastar a noventena, ele pode majorar o imposto alterando a base de cálculo até 31 de 
dezembro, para aplicação já a contar de 1 de janeiro do ano seguinte, pois essa 
majoração só se submeteria à regra do exercício financeiro seguinte, pois excluída da 
regra da noventena. 
Vamos supor que uma lei municipal majorou a alíquota do IPTU em 03.07.12. Então, a 
partir de que dia a nova alíquota poderá ser aplicada pelo município? A partir de 01 de 
janeiro de 2013, pois respeitou as duas hipóteses em questão. 
Se esta lei, ao invés de majorar a alíquota do IPTU, alterou a base de cálculo, como fica 
a questão? 
 
 
 
 
 
13 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
 
A data de 1 de janeiro foi fixada como de apuração do IPTU por mera conveniência, pois 
não há norma na CRFB/88, no CTN ou em lei complementar específica do IPTU, que 
imponha essa data. Sendo assim, a data do fato gerador poderia ser alterada por lei 
municipal de forma a se adequar ao prazo da anterioridade. 
 
1.1.2. Princípios que protegem o valor Justiça da Tributação 
 
A) Princípio da Capacidade Contributiva (art. 145, §1º, CRFB/88) 
 
O Princípio da Capacidade Contributiva legitima o Município a cobrar impostos ou 
tributos e revela que quem tem mais riqueza para sobreviver deve ser tributado de 
acordo com a exteriorização de sua riqueza revelada. 
 
Dessa forma, os tributos serão graduados de acordo com a capacidade econômica do 
contribuinte, mas não deve ser exigido nada de quem só possui para sua própria 
subsistência, pois “se o Estado não é obrigado a assegurar positivamente o mínimo de 
existência a cada cidadão, ao menos que não lhe retire aquilo que ele adquiriu e é 
indispensável à sua sobrevivência com o mínimo de dignidade”, ANDRADE, Vieira, 
1976, p. 388. 
 
 Para saber mais... 
 
O Princípioda Capacidade Contributiva possui aplicação tanto para pessoas físicas 
quanto para pessoas jurídicas. No entanto, a administração pública municipal pode 
realizar a progressividade de seus tributos de acordo com a capacidade econômica do 
contribuinte. 
 
Assim, é importante trazermos ao nosso estudo a súmula 668 do Supremo Tribunal 
Federal – STF que afirma: “é inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, 
antes da Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se 
destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana”. 
 
Esse entendimento tem levado à ineficácia da gestão tributária de diversos municípios 
do Brasil, pois no IPTU a progressividade fiscal não pode ocorrer com base 
exclusivamente no art. 145, §1 da CRFB/88, (Princípio da Capacidade Contributiva) em 
Progressividade é um dos métodos de arrecadação de alíquotas em razão da 
riqueza revelada do contribuinte. 
ANDRADE, Vieira. Os Direitos Fundamentais na Constituição Portuguesa de 
1976, 2ª edição, Almedina, p. 388. 
 
 
 
14 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
função deste imposto ser classificado como imposto real (lançados em função do valor 
da matéria tributável, mas sem atender às condições pessoais do contribuinte, ou seja, 
o que leva em consideração é o valor venal do imóvel). 
 
O entendimento para realização dessa progressividade tem como base o art. 156, §1º 
da CRFB/88 com limitação nos art. 182, §§2º e 4º da CRFB/88 e art. 7º da lei 
10.257/2001, ou seja, as alíquotas são diferenciadas pelo uso/destinação e pela 
área/localização, e ainda pela progressividade sanção, em função do desrespeito a 
função social da propriedade. 
 
Com a edição da Emenda Constitucional 29/2001 os municípios tiveram que elaborar 
uma nova lei para autorizar a progressividade das alíquotas. Com isso, vários 
municípios imaginaram que as faltas e as carências nas leis do IPTU estavam sanadas 
com esta nova Emenda Constitucional. Ocorre que a lei antiga nasceu inconstitucional 
e a Emenda Constitucional não sana esta inconstitucionalidade. 
 
Então, temos um problema no elemento temporal, e necessidade de elaboração de nova 
lei para autorizar a progressividade do IPTU. 
 
Se o município de sua cidade está tributando dessa forma, com a lei antiga, esta 
tributação é inconstitucional, levando a crer que a projeção de arrecadação será 
ineficiente. 
 
B) Princípio da Igualdade (art. 150, II, CRFB/88) 
 
A justiça fiscal age de modo a não privilegiar e não discriminar, ou seja, igualdade aos 
iguais e desigualdade aos desiguais, sendo um resultado que pode ou não alcançar, 
mas deve tentar alcançá-lo, possuindo o desafio de identificar os desiguais. Precisa-se, 
para essa identificação de um fator de desigualdade, ou seja, de um critério objetivo 
adequado à finalidade do ato que se pratica. Para ser isonômico, ou seja, para que todos 
sejam tributados de forma igual, tem que se respeitar a desigualdade. 
 
Então, no direito tributário isso vai ter como derivação também o princípio da capacidade 
contributiva, na medida em que vai se tratar os desiguais na medida das suas 
desigualdades. 
 
Na taxa, por exemplo, o critério só pode ser um que é o de quem tem mais potencial de 
consumo do serviço prestado ou posto à disposição mais poder de provocar gasto pelo 
exercício do poder de polícia. A taxa não guarda para si a noção de capacidade 
contributiva que identificamos no item anterior. 
 
A importância do estudo deste princípio está presente na concessão do benefício da 
isenção tributária. 
 
 
 
15 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
 
Para reflexão! 
 
 
 
 
Se o texto da norma permitir, caberá a interpretação extensiva para se estender isenção 
à luz do princípio da isonomia, mas o judiciário não pode invadir o espaço do legislador 
dando isenção para quem o legislador não previu, em função da separação de poderes. 
 
Isso não é comum. Em geral os textos das normas de isenção não permitem, pela sua 
redação, uma interpretação extensiva, sob pena de estar criando uma isenção sem lei. 
 
Assim, é a razoabilidade que vai direcionar o legislador nas isenções em que atuar com 
necessidade e adequação, e ponderar os prós e contras da medida que será isenta, ou 
seja, o legislador irá atuar visando à proporcionalidade na hora de dar benefícios as 
sociedades empresariais. 
 
C) Princípio da não discriminação pela procedência ou destino (art. 152, CRFB/88) 
 
O pacto federativo obriga os entes da federação, União, Estados/Distrito Federal e 
Municípios, se relacionarem com igualdade. Não é possível a criação por eles, os entes 
da federação, de vantagens tributárias recíprocas e deixando de lado outros entes da 
federação, impedindo a guerra tributária entre eles. 
 
“Esse princípio tem função dupla: ao mesmo tempo em que organiza os interesses 
fiscais das entidades políticas, evitando que se interpenetrem, ou seja, atuando “de fora 
pra dentro”, impede os famosos “leilões” de favores fiscais, feitos por estados ou 
municípios, egoisticamente despreocupados com a guerra fiscal, e, nessa medida, atua 
“de dentro pra fora”, o que gera uma eficaz e eficiente gestão tributária municipal”. 
SABBAG, Eduardo, 2012, p.282. 
 
 Para saber mais... 
 
D) Princípio da Uniformidade Geográfica (art. 151, CRFB/88) 
 
Se há uma lei que estabelece um privilégio legítimo, ele pode ser estendido a 
outro que esteja na mesma situação? 
SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário, 4ª Edição, Saraiva, p. 282. 
 
 
 
16 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
Esse princípio é aplicado aos tributos federais, entretanto, explicaremos brevemente, 
pois ele nos ensina que discriminar os entes é discriminar suas populações. 
 
Contudo, há regiões do país com grandes diferenças quanto aos aspectos financeiro, 
geográfico, populacional que precisam ter tratamento diferenciado, mediante incentivos 
fiscais para as regiões mais pobres. 
 
A tributação tem que ser uniforme (base de cálculo e alíquota), no entanto, por meio de 
incentivo fiscal pode-se minimizar a pobreza. 
 
E) Princípio do Não Confisco (art. 150, IV, CRFB/88) 
 
Confisco é um conceito jurídico indeterminado, razão pela qual ele não admite definição 
a princípio, e será analisada de acordo com o caso concreto. 
 
Este princípio é de grande utilidade em relação à gestão tributária, pois o efeito do 
confisco na tributação não leva em conta a majoração isolada do tributo, mas sim o 
somatório da carga tributária incidente sobre o sujeito passivo, e para o STF o tributo 
terá o efeito de confisco se houver majoração acentuada no somatório da carga 
tributária. 
 
Temos ainda que levar em consideração que o efeito confiscatório interrompe a 
continuidade da arrecadação, impedindo a ocorrência do fato gerador que elimina a 
fonte de custeio da Administração Pública. 
 
O Princípio do Não Confisco não se aplica apenas aos tributos, mas também às multas, 
que têm efeito inibitório e repressivo. Esta é a razão pela qual as multas não podem ser 
irrisórias, elas têm por objetivo inibir determinada conduta infracional, e não podem 
ultrapassar esta finalidade, tendo que haver uma proporção no ato de sua aplicação. 
 
Por confisco tributário fiscal, entende-se o abuso do poder de tributar que, 
ultrapassando a capacidade contributiva do sujeito passivo, acaba por atingir o seu 
mínimo vital. 
Sujeito passivo (contribuinte ou responsável tributário) é a pessoa obrigada ao 
pagamento de tributo. 
 
 
 
17 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
1.1.3. Princípio que protege o valor da liberdade jurídica 
 
A) Princípio da não limitação ao trânsito (art. 150, V, CRFB/88) 
 
Este princípio significa que não se deve proibir a locomoção de pessoas ou bens. Para 
fins de gestão tributária ele é aplicado no sentido denão inibir o trajeto das pessoas em 
função do pagamento de tributos. 
 
2. ORIGEM CONSTITUCIONAL 
 
A CRFB/88 trata do Sistema Tributário Nacional do artigo 145 ao artigo 169, são 24 
artigos que dispensam cuidados à tributação no Brasil. 
 
O Sistema Tributário Nacional é o conjunto de normas constitucionais de natureza 
tributária que determina uma base ao sistema tributário, determina as normas de 
competência tributária, e ainda determina à Lei Complementar, no seu art. 146, as 
normas gerais de direito tributário. 
 
As normas constitucionais se relacionam com os princípios constitucionais tributários, 
princípios que estudamos no Capítulo 1, desta Unidade. 
 
Vale conferir o art. 146, CRFB/88: 
 
Art. 146. Cabe à lei complementar: 
 
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios; 
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; 
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente 
sobre: 
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos 
discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de 
cálculo e contribuintes; 
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; 
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades 
cooperativas. 
 
Entendendo o que esses três incisos do art. 146, CRFB/88 expressam. 
Art. 146. Cabe à lei complementar: 
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, , entre a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios; 
 
 
 
18 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
 
Assim... 
Existem zonas cinzentas onde há dúvida sobre a competência tributária como por 
exemplo, a propriedade imobiliária. (Na próxima Unidade veremos outros aspectos 
sobre a competência tributária). 
 
 
 
Se a propriedade imobiliária for rural a competência é da União. 
 
Se a propriedade imobiliária for urbana compete ao Município tributar. 
 
E então... 
 
Somente uma Lei Nacional. A Lei Complementar. 
 
A lei complementar soluciona os conflitos de competência entre União, Estados e 
Municípios. 
 
Nesse sentido, a Lei Complementar é o Código Tributário Nacional, o CTN. 
 
No artigo 32, o CTN adota o critério da localização. 
 
Aos imóveis situados dentro da zona urbana do município incidem o Imposto sobre a 
Propriedade Predial e Territorial Urbana, o IPTU. 
 
Aos imóveis situados fora da zona urbana do município incidem o Imposto sobre a 
Propriedade Territorial Rural, o ITR. Essa questão é solucionada com o art. 146, I, 
CRFB/88. 
 
 
Assim... 
 
Regular as limitações constitucionais ao poder de tributar é a segunda função da lei 
complementar. 
 
Que instrumento legal define uma propriedade como propriedade urbana ou como 
propriedade rural? 
Art. 146. Cabe à lei complementar: 
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; 
Tributar a propriedade imobiliária é competência de que ente da federação? 
 
 
 
19 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
Essas limitações se relacionam, por exemplo, com os princípios constitucionais 
tributários. O poder de tributar é definido na CRFB/88, pois a lei complementar não pode 
criar outras limitações ao poder de tributar. Se assim fizesse, a União estaria 
restringindo o exercício das competências tributárias dos Estados/DF e Municípios. 
 
Assim... 
 
A lei complementar define o conceito de tributos e suas espécies. Essa lei é o CTN. 
É necessário haver uma uniformização nacional para fatos geradores, bases de cálculo 
e contribuintes. 
 
Se cada Município brasileiro definisse um fato gerador diferente para o Imposto Sobre 
Serviços, o ISS, ou um contribuinte diferente para o ISS, teríamos pessoas que 
pagariam duas ou mais vezes o mesmo tributo municipal. 
 
É preciso, portanto, uma definição nacional sobre esses três elementos essenciais da 
obrigação tributária: o fato gerador, a base de cálculo e o contribuinte. 
 
Art. 146. Cabe à lei complementar: 
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária 
 
 
 
20 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
3. ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS MUNICIPAIS 
 
Os Entes da Federação exercem o Poder de Tributar por meio das espécies tributárias 
municipais. 
 
A importância de conhecer as espécies tributárias é poder identificar o regime jurídico 
que é aplicado, como também reconhecer os Princípios Constitucionais Tributários, 
princípios estudados no Capítulo 1, desta Unidade. 
 
A doutrina majoritária do Direito Tributário e o STF adotam a teoria em que há cinco 
espécies de tributos, a Teoria Quinquipartite, que é liderada por Ives Gandra da Silva 
Martins. 
 
Apesar de haver outras teorias, vamos trabalhar com a Teoria Quinquipartite em função 
do objetivo de nosso curso. 
 
As cinco espécies tributárias da Teoria Quinquipartite dos Tributos são: 
▪ os impostos, 
▪ as taxas, 
▪ os empréstimos compulsórios, 
▪ as contribuições de melhoria, e 
▪ as contribuições sociais. 
 
O art. 5º do CTN dispõe de apenas três espécies tributárias: Impostos, taxas e 
contrição de melhoria. 
 
A razão de o CTN dispor de três e não cinco espécies é a de que o referido dispositivo 
exemplifica e se completa com mais outros dois que são o art. 15 e 217, ambos do 
CTN. 
Observe os artigos 15 e 217, do CTN: 
 
“Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir 
empréstimos compulsórios”: 
“Art. 217. As disposições desta Lei (...) não excluem a incidência e a 
exigibilidade: 
I - da "contribuição sindical", denominação que passa a ter o imposto sindical de 
que tratam os arts 578 e seguintes, da Consolidação das Leis do Trabalho, sem 
prejuízo do disposto no art. 16 da Lei 4.589, de 11 de dezembro de 1964; 
(Incluído pelo Decreto-lei nº 27, de 14.11.1966) 
III - da contribuição destinada a constituir o "Fundo de Assistência" e 
"Previdência do Trabalhador Rural", de que trata o art. 158 da Lei 4.214, de 2 de 
março de 1963; (Incluído pelo Decreto-lei nº 27, de 14.11.1966) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del0027.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del0027.htm#art1
 
 
 
21 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
IV - da contribuição destinada ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, criada 
pelo art. 2º da Lei 5.107, de 13 de setembro de 1966; (Incluído pelo Decreto-lei 
nº 27, de 14.11.1966) 
V - das contribuições enumeradas no § 2º do art. 34 da Lei 4.863, de 29 de 
novembro de 1965, com as alterações decorrentes do disposto nos arts 22 e 23 
da Lei 5.107, de 13 de setembro de 1966, e outras de fins sociais criadas por lei. 
(Incluído pelo Decreto-lei nº 27, de 14.11.1966).” 
 
Assim, em virtude do objetivo deste trabalho, vamos analisar as espécies tributárias 
municipais que são os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria. 
 
Os Impostos 
 
Antes de captar recursos, o Estado necessita saber quem são as pessoas que serão 
tributadas. 
 
O Estado divide a sociedade em dois grupos: 
▪ os que possuem capacidade contributiva, e 
▪ os que não possuem capacidade contributiva. 
 
O Estado impõe a quem tem capacidade contributiva, a contribuir, e dar parte de suas 
riquezas reveladas, e assim, viabiliza o custeio da máquina pública. 
 
Os impostos são, assim, estruturados: 
▪ quanto à competência, 
▪ quanto à finalidade, 
▪ quanto à incidência, 
▪ quanto à possibilidade de repercussão do encargo econômico. 
 
Então vejamos... 
 
▪ Quanto à competência 
Os impostos se dividem em: 
- federais (Art. 153, CRFB/88), 
- estaduais/distritais (art. 155, CRFB/88), e 
- municipais (Art. 156, CRFB/88). 
 
Os impostos municipais serão abordados com detalhes no decorrer do curso,em função 
do objetivo central do nosso trabalho: a gestão tributária municipal. 
 
▪ Quanto à finalidade 
Os impostos podem ser fiscais e extrafiscais. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del0027.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del0027.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del0027.htm#art1
 
 
 
22 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
Impostos fiscais são aqueles cuja finalidade está na arrecadação, ou seja, a captação 
é de receita derivada, que são receitas oriundas do poder de tributar. Exemplos em 
âmbito municipal: IPTU, ISS e ITBI. 
Impostos extrafiscais têm como finalidade a intervenção do Estado no domínio 
econômico, ou seja, é uma função regulatória. 
Exemplo: O IPTU que em regra é fiscal, possui esta exceção que é relacionada à sua 
progressividade no tempo. 
 
Essa progressividade ocorre no caso do particular não conseguir atender às 
expectativas do Município no sentido de não cumprir com a função social da 
propriedade, não promovendo o seu adequado aproveitamento. 
 
O município com o intuito de realizar uma gestão tributária eficiente pode aumentar a 
carga tributária referente ao imóvel. Contudo, essa progressividade tem um limite: não 
deve exceder duas vezes o valor referente ao ano anterior, respeitando a alíquota 
máxima de 15%, conforme art. 7, §1º do Estatuto da Cidade, para não gerar efeito 
confiscatório previsto no art. 150, IV, CRFB/88. 
 
A importância prática em caracterizar um imposto como fiscal e extrafiscal é que os 
impostos extrafiscais, como regra geral, são uma exceção ao princípio da legalidade, e 
também, ao da anterioridade tributária. 
 
Quanto à capacidade contributiva os impostos extrafiscais não levam em consideração 
a capacidade contributiva, visto que sua função é de intervir no domínio econômico. 
 
▪ Quanto à incidência 
Os impostos podem ser pessoais ou reais. 
 
Impostos pessoais incidem sobre o contribuinte, enfatizando aspectos pessoais, como 
por exemplo, os gastos com educação, com saúde etc. O Imposto de Renda é um caso 
de imposto pessoal. 
 
Impostos reais incidem também sobre o contribuinte, mas levam em consideração os 
bens desse contribuinte, como por exemplo, o IPTU. 
 
▪ Quanto à possibilidade de repercussão do encargo econômico 
Os impostos podem ser classificados em diretos e indiretos. 
 
O imposto classificado como indireto admite o fenômeno da repercussão, ou seja, pode 
onerar pessoa diferente do sujeito passivo, como por exemplo, o ISS. 
 
O imposto classificado como direto não permite essa repercussão econômica, como 
por exemplo, o IPTU. 
 
 
 
 
23 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
A Regressividade do IPTU, localizada no art. 156, §1º, II, CRFB/88 pode afetar a gestão 
tributária municipal. 
 
O IPTU pode ter alíquotas diferentes em razão do uso e da localização. Então, é cabível 
a sua regressividade. Podemos dar como exemplo o IPTU que incide sobre bem 
tombado. Neste caso, de acordo com o grau de conservação do bem poderá gerar 
redução no IPTU. Outro exemplo é a localização, ou seja, a alíquota pode variar de 
acordo com o padrão do bairro que a pessoa tem domicílio. 
 
Após a sistematização dos critérios formalizadores dos impostos, vamos estudar os 
impostos de competência dos municípios. 
 
Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU 
 
É o imposto que incide sobre propriedade predial e territorial urbana. 
 
O IPTU difere do ITR pela própria denominação constitucional, pois não é só territorial 
como o ITR, ele é também predial. Isso permite que se tribute a terra nua, o solo urbano 
e ainda as construções. 
 
A estrutura do IPTU está nos artigos 32 a 34 do CTN e ainda nos artigos 14 e 15 do 
Decreto-Lei 57/1966. 
 
▪ Quanto ao fato gerador 
O artigo 32, do CTN, define o fato que gera a incidência do IPTU. 
Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial 
e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a 
posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei 
civil, localizado na zona urbana do Município. 
 
O Município deverá tributar aquele que possui a capacidade contributiva. 
 
O indivíduo que invadiu um terreno tem uma posse originária, ou seja, que não deriva 
de nenhum negócio jurídico com o proprietário, é a posse com animus dominus, posse 
de quem quer tornar-se proprietário. 
 
Um exemplo... 
A pessoa que tem a posse de um imóvel quer colocar o IPTU no seu nome, achando 
que com isso se tornará dono do imóvel e está cumprindo com a sua obrigação. O 
proprietário desse imóvel não quer deixar de pagar o IPTU, pois deseja que seu nome 
continue cadastrado lá. 
 
O proprietário poderia comprovar que é proprietário, mas não irá pagar o IPTU pelo fato 
do terreno ter sido invadido. Contudo, na prática, ninguém faz essa comprovação, pois 
 
 
 
24 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
há um entendimento, majoritário, de que o pagamento do imposto feito pelo posseiro 
concretiza a posse. 
 
Assim, enquanto durar o estado de posse, o contribuinte é o posseiro, e esse 
pensamento já está bem resolvido nos tribunais superiores conforme a leitura do 
Recurso Especial - Resp. 325.489. 
 
Para o STJ, o dispositivo que estamos comentando oferece possibilidades ao legislador 
municipal definir qualquer das pessoas como sujeito passivo do IPTU, isto é aquele que 
pagará o IPTU. 
 
É o caso da promessa de compra e venda em que o promitente vendedor tem a 
propriedade registrada no RGI e promitente comprador tem a posse do imóvel com a 
intenção de propriedade. 
 
Neste sentido o referido tribunal criou a súmula 399 que afirma que “cabe à legislação 
municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU”. E assim, no caso do IPTU, o 
contribuinte foi definido como forma alternativa pelo CTN. 
 
▪ Quanto à base de cálculo 
O artigo 33, do CTN, define a base do cálculo do IPTU. 
 
Art. 33. A base do cálculo do imposto é o valor venal do imóvel. 
 
A definição do valor venal será obtida mediante avaliação imobiliária realizada sobre a 
totalidade dos imóveis urbanos existentes no município, devendo ser elaborada de 
acordo com as normas técnicas reconhecidas e por profissionais habilitados, como 
engenheiros, arquitetos, etc. 
 
O valor venal é o valor do imóvel estimado a partir do cálculo de m2 das propriedades 
de cada bairro, e não o valor real, o valor de mercado que aquele imóvel possui. 
 
Como definir a avaliação imobiliária? 
 
A Planta Genérica de Valores (PGV) é o principal instrumento para conseguirmos definir 
a avaliação imobiliária em grande quantidade, pois ela desenvolverá a base de cálculo 
do IPTU. No entanto, ela deve ser instituída por lei com critérios metodologicamente 
reconhecidos de avaliação, como por exemplo, os que estão elencados no capítulo VI 
da Portaria 511/09 do Ministério das Cidades. 
 
Vale ressaltar que é necessário realizar a atualização da PGV de forma periódica para 
que a cobrança do IPTU esteja dentro dos padrões da isonomia tributária. 
 
 
 
 
25 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
O lançamento do IPTU é de ofício – aquele em que o Fisco dispensa o auxílio do 
contribuinte, pois possui todos os dados suficientes consigo, conforme art. 149, I, CTN 
–, então a prefeitura tem um cadastro de todos os imóveis com valor venal de cada um 
que será menor do que o valor de mercado, pois o preço de mercado do imóvel varia 
muito. 
 
Assim, se os municípios quiserem adotar o valor de mercado, em vários momentos 
haverá impugnação e a sua arrecadação irá diminuir, pois quando há a impugnação 
administrativa o sujeito passivo não irá pagar. 
 
Então, como estratégia de gestão tributária o administrador coloca o preço abaixo do 
valor de mercado, pois nãohaverá impugnação daquele valor. Com isso, vem o STJ 
cria a súmula 160 que informa “é defeso ao município atualizar IPTU mediante decreto, 
acima dos índices de inflação”. Quando a súmula fala em “atualizar” ela quer nos 
informar que é mudar o que está na planta de valores. 
 
A planta de valores é feita a partir do cálculo em m2 das propriedades de cada bairro. O 
critério utilizado não é individualizado, pois se o valor não for mais baixo do que o valor 
real haverá muitas impugnações. 
 
Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis – ITBI 
 
O ITBI incide sobre qualquer imóvel e mais do que isso, incide também sobre a 
transmissão de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia. 
 
Ele tem sua estrutura no art. 156, CRFB/88 e nos arts. 35 ao 42 do CTN. 
 
Em relação ao Município competente para a cobrança do ITBI, será o da situação do 
bem. Então, se eu tiver um bem localizado no Município do Rio de Janeiro (RJ) que 
pertence a um proprietário domiciliado em Cabo Frio (RJ) e o vendedor com domicílio 
em São Paulo (SP), o imposto será devido ao Município do Rio de Janeiro (RJ). 
 
▪ Quanto ao fato que irá gerar a incidência do ITBI 
 
O artigo 35, do CTN, define o fato gerador do ITBI 
 
Art. 35. O imposto, de competência dos Estados, sobre a transmissão de bens 
imóveis e de direitos a eles relativos tem como fato gerador: 
I – a transmissão, a qualquer título, da propriedade ou do domínio útil de bens 
imóveis por natureza ou por acessão física, como definidos na lei civil; 
II – a transmissão, a qualquer título, de direitos reais sobre imóveis, exceto os 
direitos reais de garantia; 
III – a cessão de direitos relativos às transmissões referidas nos incisos I e II. 
 
 
 
 
26 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
Essa transmissão da propriedade imóvel ocorre mediante o registro do título translativo 
no RGI. 
 
No caso da promessa de compra e venda, sem cláusula de arrependimento, o registro 
ocorre no RGI e o tabelião vai exigir que o promitente comprador pague o ITBI. O 
promitente comprador pode alegar que essa cobrança é indevida, pois só poderá incidir 
o ITBI quando ocorrer a transmissão da propriedade, e essa transmissão só se dá com 
registro da escritura definitiva no RGI. 
 
Há uma divergência se o imposto é só sobre a transmissão de propriedade ou se ele é 
também sobre a transmissão de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia. 
Essa controvérsia referente ao pagamento do ITBI ocorre somente aonde existe essa 
modalidade comum no mercado, a de fazer primeiro a promessa e depois a escritura 
definitiva. 
 
Há inclusive decisões do STF e decisões do STJ (Recurso Especial 327.188/DF) que 
afirmam ser ilegítima a cobrança do ITBI na promessa. 
 
O fundamento que o STJ oferece é que a promessa não transmite propriedade, e 
realmente não transmite, mas a promessa registrada é um direito real; se estiver 
transmitindo um direito real sobre o imóvel há incidência de ITBI. 
 
O direito brasileiro admite como direito real a promessa registrada sem cláusula de 
arrependimento. Por outro lado, a promessa com clausula de arrependimento não gera 
direito real, ainda que registrada ou não. 
 
Então, a incidência do ITBI vai ser pela transferência de um direito real sobre o imóvel 
e não pela transmissão da propriedade. 
 
Quando há a promessa de compra e venda, a propriedade está sendo esvaziada, ou 
seja, a pessoa dona da promessa não tem ainda a propriedade do imóvel, e isso tem a 
ideia de uma garantia em que a propriedade será transmitida quando o adquirente 
acabar de pagar o imóvel. 
 
Se o município exigisse o ITBI na escritura definitiva ninguém a faria. 
 
▪ Quanto à base de cálculo do ITBI 
O artigo 38, do CTN, nos ajuda a entender 
 
Art. 38. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos. 
 
Valor venal, para o cálculo do ITBI, é o valor de mercado. Só que o valor venal é um na 
planilha do IPTU, e é outro na do ITBI. 
 
 
 
 
27 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
O valor venal será quanto pagarem pelo imóvel, e o parâmetro adotado é a base de 
cálculo normal e não a base de cálculo real. 
 
O importante é saber quanto seu imóvel vale e não saber quanto pagaram pelo seu 
imóvel. Por isso pouco importa que o contribuinte faça uma subavaliação para pagar 
menos imposto, pois irá prevalecer o valor de mercado, a Fazenda vai glosar o valor 
apresentado pelo contribuinte. 
 
Vale esclarecer que, muitos municípios utilizam, equivocadamente, o valor venal do 
IPTU como base de cálculo do ITBI através de uma planta genérica de valores que está 
completamente desatualizada. Contudo, o próprio STJ já decidiu que isto não pode 
ocorrer, conforme AgRg. no Resp. nº 1.226.872 - SP (2010/0211767-5). 
 
Entendemos que para fins de fiscalização tributária do ITBI, pode ocorrer o arbitramento 
que, neste caso, não é modalidade de lançamento, mas sim um procedimento realizado 
antes do próprio lançamento para que se determine o valor da base de cálculo. Se este 
procedimento vier a ocorrer, o contribuinte deve ser notificado para que possa 
apresentar avaliação contraditória, respeitando o princípio do contraditório e da ampla 
defesa. 
 
▪ Quanto ao contribuinte do ITBI 
O artigo 42, do CTN, afirma 
Art. 42. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como 
dispuser a lei. 
Assim, o legislador do Município tem completa autonomia para definir na lei o 
contribuinte do ITBI. 
 
Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS 
 
A estrutura do ISS está no art. 156 da CRFB/88 e na LC 116/03. 
 
O ISS é o imposto sobre serviços de qualquer natureza, exceto os de comunicação, 
transporte interestadual, transporte intermunicipal que são do ICMS, conforme o art. 
156, III da CRFB/88 e a prestação de serviços está definida no Código Civil onde será 
uma obrigação de fazer e o art. 1º da LC 116/03 informa que o ISS incidirá sobre esta 
prestação de serviços. 
 
Sua base de cálculo está no art.7º da LC 116/03 que informa ser o preço do serviço e o 
contribuinte será o prestador de serviços, conforme o art. 5º da LC 116/03. 
 
Contudo, temos duas exceções. 
 
 
 
 
28 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
▪ Primeira exceção 
Está contida no parágrafo 2º do artigo 9º, LC 116/2003. 
 
A construção civil contrata diversos profissionais para fazer um serviço terceirizado, vai 
descontar o ISS, estabelecendo, então, uma não cumulatividade do imposto. 
 
▪ Segunda exceção 
É a dos profissionais liberais, que podem ser autônomos, conforme §1 do art. 9 da 
LC116/2003, ou profissionais em sociedade, conforme §3º do art. 9º da LC 116/2003. 
 
Esses profissionais não pagam ISS sobre seus honorários e nem sobre o seu 
faturamento, eles pagam sobre um valor fixo. No passado, os Municípios entenderam 
que isso violava o princípio da capacidade contributiva e da isonomia pedindo a 
inconstitucionalidade do dispositivo, mas o STF não aceitou. 
 
Em relação a sua alíquota, o art. 4º da LC 116/03 limitou aos Municípios a fixação de 
até 5%, relativo aos serviços colocados na lista da referida lei. Em relação à alíquota 
mínima, a LC 116/03 não fixou regras, sendo aplicado o art. 88 do Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias – ADCT que afirma que a alíquota mínima será de 2%. 
Entretanto, a regra da alíquota mínima não se aplica aos itens 32, 33 e 34 da lista de 
serviços anexa ao Decreto-Lei 406/68 que estão no item 7 da lista da LC 116/03. 
 
De acordo com o art. 3º da LC116/2003, o imposto será devido ao município onde se 
localiza o estabelecimento prestador dos serviços. O art. 4° da LC 116/2003 define como 
estabelecimento prestador o local onde o contribuinte desenvolve a atividade de prestar 
serviços, de modo permanente ou temporário, e que configure unidade econômica ou 
profissional, sendo irrelevantepara caracterizá-lo a classificação que a ele se dê. 
 
Na falta de estabelecimento do prestador, o imposto será devido no local do domicílio 
do prestador. Assim, o imposto somente será devido no domicílio do prestador se no 
local onde o serviço for prestado não houver estabelecimento do prestador (sede, filial, 
agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de representação). 
 
Nas hipóteses previstas nos incisos I a XXII (art. 3º, LC 116/03), mesmo que não haja 
local do estabelecimento prestador, ou local do domicílio do prestador, o imposto será 
devido nos locais indicados nas regras de exceção. 
 
 
 
 
29 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
Por fim, vale informar o entendimento do STF, por meio do AgRg no Ag 903.224/MG: 
 
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO – AGRAVO REGIMENTAL – 
ISS – COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA – LC 116/2003. (...) 
 
3. Com o advento da Lei Complementar 116/2003, tem-se as 
seguintes regras: a) o ISS é devido no local do estabelecimento 
prestador (nele se compreendendo o local onde o contribuinte 
desenvolva a atividade de prestar serviços, de modo permanente ou 
temporário, e que configure unidade econômica ou profissional, sendo 
irrelevantes para caracterizá-lo as denominações de sede, filial, 
agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de representação 
ou contato ou quaisquer outras que venham a ser utilizadas); e b) na 
falta de estabelecimento, no local do domicílio do prestador, exceto 
nas hipóteses previstas nos incisos I a XXII do art. 3º da LC 116/2003. 
(...) (AgRg no Ag 903.224/MG, Rel. Ministra ELIANA CALMON, 
SEGUNDA TURMA, julgado em 11/12/2007, DJ 07/02/2008 p. 307) 
 
É importante ressaltar que, em relação aos impostos, a fiscalização tributária municipal 
deve criar mecanismos de controle de sua arrecadação em função deste tributo 
apresentar significativo em relação a receita municipal. 
 
Vale destacar a tabela de receita tributária econômica do Município do Rio de Janeiro. 
 
Discriminação 
Valores Correntes 
Janeiro a Agosto 
2013 2014 Var. Nominal Var. % 
Receita Tributária 5.801, 5 6.103,9 302, 5,2% 
IPTU 1.539,1 1.562,3 23,2 1,5% 
IRRF 318,3 402,2 83,9 26,4% 
ITBI 504,6 462,5 (42,1) -8,3% 
ISS 3.139,8 3.363,3 223,5 7,1% 
TCDL 232,0 247,5 15,5 6,7% 
Outras Taxas 67,8 66,2 (1,6) -2,4% 
 
 
 
 
 
30 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
Para saber mais... 
 
As Taxas 
Os acadêmicos verificaram uma imperfeição dos Estados no momento de arrecadar os 
impostos. O remédio utilizado para corrigir essa imperfeição se chama taxa. 
 
As taxas estão nos artigos 77 ao 80, do CTN, e no artigo 145, II da CRFB/88, conforme 
abaixo: 
 
“Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão 
instituir os seguintes tributos: 
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, 
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, 
prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição”. 
 
“Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito 
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, 
têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a 
utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, 
prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. 
 
Parágrafo único: A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador 
idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função 
do capital das empresas”. 
 
Sua estrutura ocorre da seguinte forma: 
▪ A taxa é um tributo de competência comum, ou seja, podem ser cobradas pela 
União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas 
respectivas atribuições, conforme o art. 77, CTN. 
▪ A taxa é um tributo vinculado, ou seja, ela está relacionada a uma atividade estatal 
específica diretamente com relação ao contribuinte. 
 
A taxa caracteriza-se pelo seu fato gerador que é uma atividade estatal específica em 
relação à pessoa do contribuinte. Essa atividade estatal pode se traduzir no exercício 
regular do poder de polícia e no serviço público específico e divisível. 
 
Observa-se que o serviço público é específico e divisível por ser uma nomenclatura 
inserida na legislação. Contudo, isto não significa que o exercício regular do poder de 
polícia também não seja específico e divisível. Na verdade, a taxa vai sempre exigir 
atividade estatal, específica e divisível. 
Clique aqui e leia algumas informações sobre a CIP da Secretaria de Fazenda do 
Município do Rio de Janeiro. 
http://www.rio.rj.gov.br/documents/91253/3240b9f1-ed85-4bb0-b035-b1b85005f27e
 
 
 
31 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
 
Assim, existem duas espécies de taxas conforme art. 77, CTN: 
▪ a taxa de serviço, e 
▪ a taxa de polícia. 
 
Taxa de Serviço 
 
A taxa de serviço está definida no artigo 145, II, CR combinado com os artigos 77 e 79, 
CTN. 
 
A taxa de serviço tem características próprias e exige a conjugação dos seguintes 
elementos: 
▪ ser público; 
▪ ser divisível; 
▪ ser específico; 
▪ ser efetivamente prestado ou ser posto à disposição do sujeito passivo. 
 
Vamos analisar cada um desses elementos. 
 
Ser público 
 
O serviço público, que viabiliza a cobrança da taxa, é o que se caracteriza como 
essencial, ou seja, é aquele, para fins de tributação, definido pela lei como tal, conforme 
art. 9º, §1º, CRFB/88. 
 
Então, o regime tributário da taxa será fruto de um regime administrativo que é uma 
opção política, como por exemplo, o serviço de energia elétrica foi desconsiderado como 
serviço essencial pela legislação. 
Não podemos confundir o serviço público essencial relacionado à tributação, com os de 
direito administrativo. 
 
No direito administrativo, o serviço público essencial é aquele afeto ao mínimo 
existencial. Como por exemplo: uma concessionária de telecomunicações desligar 
unilateralmente o telefone de um hospital e fazer com que um paciente venha a falecer 
em virtude da falta de comunicação com um especialista que trate de sua doença, o que 
não ocorre na esfera tributária. 
 
Assim, para efeitos de cobrança de taxa, o serviço público essencial tem os seguintes 
elementos essenciais: descrição na lei, execução direta pelo poder público, 
indelegabilidade. 
 
 
 
 
32 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
Ser divisível 
 
O serviço público necessita ser divisível. 
 
Ser divisível é a possibilidade da obrigação poder ser dividida entre duas ou mais 
pessoas. Pode individualizar cada um dos devedores e cada um dos credores, ou 
seja, é aquele que individualiza o sujeito passivo da obrigação tributária, ou seja, é o 
serviço uti singuli. 
 
O artigo 79, III, CTN, assim, define: 
“Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: 
III – divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de 
cada um dos seus usuários”. 
 
Ser específico 
 
O serviço público específico é ser individualmente quantificado, conforme art. 79, II, 
CTN: 
“Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: 
II – específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de 
intervenção, de unidade, ou de necessidades públicas”; 
 
Ser efetivamente prestado ou Ser posto à disposição do sujeito passivo 
 
É o serviço potencialmente prestado, ou seja, é aquele posto à disposição do sujeito 
passivo e o art. 79, I, “b”, CTN, informa o que vem a ser “colocar à disposição do sujeito 
passivo”: 
“Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: 
I – utilizados pelo contribuinte: 
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua 
disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento”; 
Então, significa dizer que é um serviço em pleno funcionamento, ou seja, eficientementeposto à disposição. 
 
Com base no raciocínio apresentado, o STF criou a súmula vinculante 19: “A taxa 
cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e 
tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 
145, II, da Constituição Federal”. 
 
Uma questão relacionada à cobrança de taxa de coleta de lixo domiciliar: 
 
A taxa de coleta de lixo domiciliar pode ser cobrada juntamente com o IPTU? 
 
 
 
33 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
Taxa de coleta de lixo cobrada juntamente com IPTU acarreta bis in idem, ou seja, há 
uma dupla tributação do mesmo ente federativo sobre o mesmo fato gerador. 
 
O art. 145, §2º da CRFB/88 determina que as taxas não tenham a mesma base de 
cálculo dos impostos. 
 
Destaca-se que a vedação do artigo 145, §2º, da CRFB/88, se refere à identidade das 
bases de cálculo, não existindo qualquer óbice à utilização de apenas alguns elementos 
comuns. 
 
E ainda a súmula 670, STF, determina: “O serviço de iluminação pública não poder ser 
remunerado mediante taxa”. 
 
Por fim, a súmula 595, STF, ordena: “É inconstitucional a taxa municipal de conservação 
de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica a do imposto territorial rural”. 
 
Taxa de Polícia 
 
Primeiro vamos entender o que vem a ser poder de polícia. 
 
O art. 78, CTN define o poder de polícia: 
“Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando 
ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou 
abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à 
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao 
exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização 
do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos 
direitos individuais ou coletivos”. 
 
Em seguida, precisamos entender, também, o que considera-se regular no exercício do 
poder de polícia. 
 
O art. 78, parágrafo único, do CTN, define: 
 
“Art. 78, parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia 
quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com 
observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como 
discricionária, sem abuso ou desvio de poder”. 
 
Então... 
Taxa de polícia é aquela taxa devida quando há o exercício regular do poder de polícia 
tendo como fundamentação o princípio da supremacia do interesse público sobre o 
interesse privado. 
 
 
 
 
34 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
Podemos citar como exemplo a taxa municipal de licença de localização e 
funcionamento, cobrada quando ocorre a inscrição inicial, pois o Município tem todo 
aparato administrativo para fiscalizar a existência de condições de segurança e de 
higiene. 
 
Nesse sentido, o STF tem entendimento de que a Taxa de polícia é constitucional, 
conforme a seguinte jurisprudência: 
 
TAXA DE LICENÇA PARA LOCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO. 
EXERCÍCIO DE PODER DE POLÍCIA. ART. 145, II, DA CONSTITUIÇÃO. 
(...) A cobrança da taxa de localização e funcionamento, pelo Município 
de São Paulo, prescinde da efetiva comprovação da atividade 
fiscalizadora, diante da notoriedade do exercício do poder de polícia pelo 
aparato administrativo dessa municipalidade. (...) (STF, RE-AgR 222.252, 
1ª T., Voto Min. Ellen Gracie, 17/04/2001) 
 
A Contribuição de Melhoria 
 
A Contribuição de Melhoria está prevista na CRFB/88 no seu artigo 145, III, no artigo 
81, do CTN, e no Decreto 195/67, podendo ser cobrada pelos Municípios, Estados, DF 
e União. 
 
Esse tributo é vinculado, ou seja, a possibilidade de cobrança depende de atuação dos 
entes federativos, que é a realização de uma obra pública que tenha gerado valorização 
imobiliária, conforme redação dos dispositivos mencionados. 
 
- artigo 145, CRFB/88 
“A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os 
seguintes tributos: 
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas”. 
 
- artigo 81, CTN 
“A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito 
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é 
instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra 
valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como 
limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel 
beneficiado” 
 
 
 
 
35 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
- Decreto-lei 195/67 
“Art 1º, DL 195/67. A Contribuição de Melhoria, prevista na Constituição 
Federal tem como fato gerador o acréscimo do valor do imóvel localizado nas 
áreas beneficiadas direta ou indiretamente por obras públicas”. 
 
Quanto à valorização imobiliária quem a define é o mercado. 
A cobrança da contribuição de melhoria tem um limite total que é o valor gasto na obra 
pública e um limite individual que é a valorização imobiliária que cada contribuinte teve, 
mas com restrição de 3% ao ano, conforme o artigo 12 do Decreto-lei 195/67. 
 Vejamos... 
 
 
A prefeitura não tem como avaliar todos os imóveis anualmente, tendo que utilizar um 
valor que esteja abaixo da oscilação que é um valor mais baixo do que o valor do 
mercado, para manter uma planilha de valores fixa, realizando apenas a correção 
monetária. Ela faz dessa forma porque se baseia na propriedade. 
 
Quanto à contribuição de melhoria, a valorização imobiliária é quase impossível definir 
e a administração não tem como reavaliar cada móvel, pois a valorização é diferente 
para cada imóvel, razão pela qual fica impossível definir qual é a valorização de cada 
imóvel. 
 
Há países que essa contribuição funciona, pois não há a questão da valorização 
imobiliária como ponto central para que haja a contribuição de melhoria. É o caso da 
Alemanha que pega o custo da obra e divide. 
 
A Contribuição de Iluminação Pública 
 
A Contribuição de Iluminação Pública está prevista no artigo 149-A, CRFB/88. 
 
Os Municípios instituíram leis cobrando a Taxa de Iluminação Pública. A 
constitucionalidade dessas leis foi contestada. Elas não preenchiam os requisitos 
caracterizadores da taxa de serviço. 
 
O serviço de iluminação pública é essencial e não é um serviço específico nem divisível, 
mas caracterizava um serviço para todos, ou seja, uti universi, conforme STJ e STF. 
 
Com isso, surgiu a Emenda Constitucional 39 CIP, Contribuição de Iluminação Pública, 
conforme o artigo 149-A, CRFB/88, e que fez nascer a Súmula 670, STF. 
 
A base de cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel e neste imposto, o Município tem 
uma dificuldade muito grande de mensurar esse valor e opta por subavaliar, porque o 
preço do imóvel é algo muito variável. 
 
 
 
36 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
- Artigo 149-A, CRFB/88 
Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir 
contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de 
iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 39, de 2002) 
 
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere 
o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.(Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 39, de 2002) 
 
- Súmula 670, STF: 
“O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante 
taxa”. 
 
O valor deste tributo obedecerá ao princípio da capacidade contributiva e será aquele 
que corresponder à faixa de consumo de energia elétrica indicado na fatura emitida pela 
empresa concessionária de distribuição de energia elétrica do Município e irá variar de 
acordo com o ente federativo. 
 
Vale destacar a tabela de projeção do Município do Rio de Janeiro. 
 
Faixa de consumo mensal (KWH) 
Valor (R$) 
2010 2011 2012 20132014 2015 
Até 80 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 
Superior a 80 até 100 2,00 2,11 2,24 2,36 2,49 2,65 
Superior a 100 até 140 3,00 3,17 3,37 3,56 3,76 4,00 
Superior a 140 até 200 4,50 4,76 5,07 5,36 5,67 6,03 
Superior a 200 até 300 6,50 6,87 7,32 7,74 8,19 8,71 
Superior a 300 até 400 9,80 10,36 11,03 11,66 12,34 13,13 
Superior a 400 até 500 12,80 13,54 14,42 15,25 16,14 17,18 
Superior a 500 até 1.000 16,00 16,92 18,03 19,07 20,18 21,48 
Superior a 1.000 até 5.000 30,00 31,73 33,81 36,76 37,85 40,29 
Superior a 5.000 até 10.000 60,00 63,47 67,63 71,53 75,71 80,60 
Superior a 10.000 90,00 95,21 101,45 107,31 113,58 120,91 
 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc39.htm#art149a
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc39.htm#art149a
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc39.htm#art149a
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc39.htm#art149a
 
 
 
37 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
Para saber mais... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para saber mais... 
 
Sob a ótica da gestão tributária municipal, observe: 
 
Imaginemos um Município que enfrenta dificuldades para financiar políticas públicas, 
porque o orçamento é rígido e vinculado, tem uma gestão municipal obrigada por lei a 
aplicar em saúde e educação, respectivamente, 15% e 20% da Receita Corrente 
Líquida, e verifica-se a sobra de valores referentes a CIP. 
 
 
Com os recursos da CIP o Município realiza investimentos na instalação, manutenção 
e ampliação da iluminação pública local. O direcionamento desse recurso para outros 
fins pode ser entendido por improbidade administrativa. 
 
Clique aqui e leia o conteúdo do Relatório de Transparência Fiscal da Secretaria 
de Fazenda do Município do Rio de Janeiro. 
 
Como pode-se utilizar o valor arrecadado da CIP, se não ocorrer uma sobra abusiva 
(arrecadação é maior do que o necessário), ou seja, é possível utilizar os valores 
arrecadados de CIP para outros fins mesmo que já tenha ocorrido aplicação de 
recursos, ou devemos entender que o tributo deve ser reduzido? 
Clique aqui e leia algumas informações sobre a CIP da Secretaria de Fazenda do 
Município do Rio de Janeiro. 
 
Contribuição de Iluminação Pública, CIP, é uma das principais fontes de arrecadação 
municipal. 
 
Podemos citar como exemplo, o município do Rio de Janeiro. 
 
Na Lei Orçamentária Anual, LOA/2011, era previsto R$ 157,800 milhões, foram 
arrecadados R$ 172,088 milhões contra R$ 78,049 milhões arrecadados em 2010, 
indicando um crescimento de 120,5% entre os períodos citados. 
 
Cabe observar que este incremento justifica-se pelo fato de que a CIP ainda não era 
cobrada nos primeiros meses de 2010, pois os primeiros ingressos desses recursos 
ocorreram a partir de maio daquele ano. 
 
http://www.rio.rj.gov.br/web/smf/exibeConteudo?article-id=2645034
http://www.rio.rj.gov.br/web/smf/exibeconteudo?id=734623
 
 
 
38 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
Mais uma reflexão... 
 
 
 
 
Havendo sobra deve passar pensamento deve ser modificado, pois há o princípio do 
interesse público que vai de encontro a essa situação. 
 
Não é viável direcionar os valores para outros fins, em função do caráter vinculado do 
tributo ao custeio do serviço de iluminação pública, sendo indevido qualquer 
investimento do Município em outro setor. 
 
Por fim, vale informar o entendimento do STF, por meio do Recurso Extraordinário, RE 
573.675/SC: 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. RE INTERPOSTO 
CONTRA DECISÃO PROFERIDA EM AÇÃO DIRETA DE 
INCONSTITUCIONALIDADE ESTADUAL. CONTRIBUIÇÃO PARA O 
CUSTEIO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA – COSIP. ART. 
149-A DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LEI COMPLEMENTAR 7/2002, 
DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ, SANTA CATARINA. COBRANÇA 
 
REALIZADA NA FATURA DE ENERGIA ELÉTRICA. UNIVERSO DE 
CONTRIBUINTES QUE NÃO COINCIDE COM O DE BENEFICIÁRIOS 
DO SERVIÇO. BASE DE CÁLCULO QUE LEVA EM CONSIDERAÇÃO 
O CUSTO DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA E O CONSUMO DE ENERGIA. 
PROGRESSIVIDADE DA ALÍQUOTA QUE EXPRESSA O RATEIO DAS 
DESPESAS INCORRIDAS PELO MUNICÍPIO. OFENSA AOS 
PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. 
INOCORRÊNCIA. EXAÇÃO QUE RESPEITA OS PRINCÍPIOS DA 
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO IMPROVIDO. I – Lei que restringe os contribuintes 
da COSIP aos consumidores de energia elétrica do município não ofende 
o princípio da isonomia, ante a impossibilidade de se identificar e tributar 
todos os beneficiários do serviço de iluminação pública. II – A 
progressividade da alíquota, que resulta do rateio do custo da iluminação 
pública entre os consumidores de energia elétrica, não afronta o princípio 
da capacidade contributiva. III – Tributo de caráter sui generis, que não 
se confunde com um imposto, porque sua receita se destina a finalidade 
específica, nem com uma taxa, por não exigir a contraprestação 
individualizada de um serviço ao contribuinte.IV – Exação que, ademais, 
se amolda aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. V – 
Recurso extraordinário conhecido e improvido. 
 
E quando houver sobra? 
 
 
 
39 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
REFERÊNCIAS 
 
ANDRADE, Vieira. Os Direitos Fundamentais na Constituição Portuguesa de 1976, 2ª 
ed., ALMEDINA. 
CRECO, Marco Aurélio. Planejamento Fiscal e Interpretação da Lei Tributária. Dialética, 
1998. 
SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário, 4ª ed., Saraiva, 2012. 
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro tributário. 12. ed. Rio de Janeiro: 
Renovar, 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
40 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
EXERCÍCIOS 
 
Questão 01: 
Em relação ao IPTU, é correto afirmar que: 
 
(A) Uma lei municipal majorou a alíquota do IPTU em 03.07.12. Então, a partir de 
01.12.12 a prefeitura poderá inscrever o contribuinte em dívida ativa. 
(B) O legislador do Município pode cobrar o IPTU do indivíduo que detém a posse de 
um imóvel invadido. 
(C) O IPTU é uma das espécies tributárias denominada contribuição especial, em 
função do seu caráter de extrafiscalidade é o que prevalece no STF. 
(D) A base de cálculo do IPTU deverá ser o valor mercado do imóvel que poderá trazer 
maior eficiência na arrecadação. 
 
Questão 02: 
João é proprietário de um imóvel situado no Município de Nova Friburgo, no Estado do 
Rio de Janeiro e alugou a propriedade para Maria Antônia por 3 anos. Em relação a 
essa situação, assinale a alternativa correta: 
 
(A) O IPTU O ITBI será devido ao Município do domicílio do comprador do imóvel. 
(B) O ISS terá alíquota máxima de 10%. 
(C) O contribuinte do IPTU será o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou 
o seu possuidor a qualquer título. 
(D) O Contribuinte é o possuidor do imóvel 
 
Questão 03: 
Em relação às espécies tributárias municipais é correto afirmar que: 
 
(A) A taxa de coleta de lixo domiciliar é inconstitucional. 
(B) A taxa de iluminação pública é constitucional. 
(C) A taxa municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja 
idêntica a do imposto territorial rural é constitucional 
(D) A contribuição de melhoria poderá incidir nos imóveis onde houve valorização 
imobiliária decorrente de obra pública. 
 
 
 
 
41 CURSO EAD - GESTÃO TRIBUTÁRIA MUNICIPAL 
Questão 04: 
É característica dos tributos municipais: 
 
(A) A contribuição de iluminação pública ter como base de cálculo o valor do consumo 
de energia elétrica. 
(B) A taxa não poder ser cobrada quando o município oferecer um serviço público efetivo 
e divisível. 
(C) O contribuinte do ITBI ser o vendedor do imóvel. 
(D) O ITBI incidir nos casos do indivíduo prestar serviços em bens imóveis. 
 
Questão 05: 
O município pode reduzir a alíquota do IPTU quando for verificado: 
 
(A) O grau de

Outros materiais