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Aula 36 - Portugus - Aula 06

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PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) 
PROFESSOR TERROR 
Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 1
Aula 06 
Compreensão e interpretação de textos. Tipologia textual. 
 Olá, pessoal! 
Esta seria a última aula, mas preferi incluir mais duas para que 
tenhamos espaço para trabalhar melhor as questões. 
Por isso, segue a aula 7 e uma aula extra com comentário de provas 
juntamente com esta. 
Quanto ao assunto interpretação de texto, vamos observar que a banca 
Fundação Carlos Chagas trabalha a interpretação de uma forma bem clara. 
Você deve se lembrar do seguinte: todo professor que propõe qualquer 
questão de concurso tem que provar que a alternativa eleita por ele como 
correta é a única resposta possível. Para isso, as bancas cobram tudo 
documentado: os fundamentos, prováveis recursos, índice de dificuldade, 
tempo aproximado de resolução. Com a interpretação de texto é a mesma 
coisa. Interpretar não é algo subjetivo, como muitos têm dito por aí. Entender 
o texto tem sua lógica, seu princípio norteador, e a banca FCC sabe cobrar isso 
como ninguém. 
Assim, quem monta a questão de interpretação tem que provar no texto
qual a alternativa é a correta. Por isso, não podemos resolver questões de 
interpretação somente no achismo. Temos que provar que nossa alternativa é 
a correta, com fundamento no texto. 
É importante notarmos que, dentro de um texto, há informações 
implícitas (aquilo que o texto sugere) e explícitas (aquilo que está escrito 
literalmente). É mais fácil o concursando encontrar as informações explícitas, 
por isso basicamente as bancas examinadoras exploram o outro tipo de 
informação: o implícito – o autor não mostra claramente, mas a interpretação 
bem feita alcança essa informação. 
Toda informação implícita do texto é “carregada” de vestígios. Como em 
uma investigação, o criminoso não está explícito, mas ele existe. Um bom 
investigador é um excelente leitor de vestígios. Assim, vestígios podem ser: 
uma palavra irônica, as características do ambiente e do personagem, a época 
em que o texto foi escrito ou a que o texto se refere, o vocabulário do autor, o 
rodapé do texto, as figuras de linguagem, o uso da primeira ou terceira pessoa 
verbal etc. Tudo isso pode indicar a intenção do autor ao escrever o texto, daí 
se tira o vestígio que nos leva à boa interpretação. 
Portanto, não se deixe levar pelo tamanho do texto antes de lê-lo. Há 
texto chato, e outros intrigantes. Ao iniciar sua leitura, faça-a duas ou três 
vezes, atentamente, antes de responder a qualquer pergunta. Primeiro, é 
preciso captar sua mensagem, entendê-lo como um todo, e isso não pode ser 
alcançado com uma simples leitura. A cada leitura, novas ideias serão 
Português para Tribunal Regional Eleitoral - PE 
(questões comentadas) 
PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) 
PROFESSOR TERROR 
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assimiladas. Tenha a paciência necessária para agir assim. Só depois tente 
resolver as questões propostas. 
As questões da Fundação Carlos Chagas têm uma tendência: elas podem 
ser localizadas (voltadas só para um determinado trecho do texto) ou referir-
se ao conjunto, às ideias gerais do texto. No primeiro caso, leia não apenas o 
trecho (às vezes uma linha) referido, mas todo o parágrafo em que ele se 
situa. Lembre-se: quanto mais você ler, mais entenderá o texto. Tudo é uma 
questão de costume, e você vai acostumar-se a agir dessa forma. 
Lembre-se, ainda, de que a banca examinadora não pede a “sua 
opinião”, mas a “interpretação” da opinião do autor. 
Tenha paciência, aplicação e perseverança: afinal, concurso é isso! 
TIPOLOGIA TEXTUAL 
Veremos apenas o essencial da tipologia, noções que podem ajudá-lo a 
acertar determinadas questões da prova. 
I) Descrição 
Um texto se diz descritivo quando tem por base o objeto, a coisa, a 
pessoa. Mostra detalhes, que podem ser físicos, morais, emocionais, 
espirituais. Nota-se que a intenção é realmente descrever, daí a palavra 
descrição. Veja o exemplo abaixo: 
“Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é 
guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco 
das areias que bordam o mar, nos olhos o azul triste das águas 
profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.” 
(José de Alencar, Iracema) 
Uma característica marcante da descrição é a forte adjetivação que leva 
o leitor a visualizar o ser descrito. No trecho em estudo, o homem visto por 
Iracema é branco, tem olhos tristes; as águas são profundas, e os tecidos e 
armas, ignotos, ou seja, desconhecidos. Observe como a palavra “todo” revela 
a perplexidade do guerreiro, extático a observar a jovem índia à sua frente. 
Veja, agora, outro exemplo de trecho descritivo, na realidade uma 
autodescrição. 
“Meus cabelos eram muito bonitos, dum negro quente, acastanhado nos 
reflexos. Caíam pelos meus ombros em cachos gordos, com ritmos 
pesados de molas de espiral.” 
(Mário de Andrade, Tempo da Camisolinha) 
Texto Injuntivo 
É aquele por meio do qual se tenta convencer o receptor (quem ouve) a 
atender a vontade do emissor (quem fala). 
Visa convencer o ouvinte a obedecer a uma vontade desse emissor (quem 
fala), a fazer ou não algo, seja ordenando ou pedindo gentilmente. 
Os verbos imperativos são amplamente utilizados no texto injuntivo. 
Essa modalidade textual é recorrente em publicidade. 
Veja alguns exemplos de texto injuntivo: 
PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) 
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- Coooompre batom! Cooooompre batom! Seu filho merece batom! 
(comercial veiculado por muito tempo a TV) 
- Está muito frio hoje, leve o agasalho quando sair. 
-Não pise a grama! 
-Te amarei por toda a vida, case-se comigo! 
-Filhinho, vem almoçar, vem?! 
Texto Injuntivo, também chamado prescritivo, não é só um ordem. Pode ser 
também uma sugestão, conselho, alerta, pedido, convite, instrução, súplica, 
dependendo do contexto e do tom, mas sempre objetivará que o 
receptor/leitor/ouvinte, realize ou não o que o emissor/falante está 
"prescrevendo", indicando. 
Veja mais alguns exemplos: 
- Cuidado com o cão! Afaste-se! 
- Se preferir, acrescente coco ralado à mistura. 
- Dobre a primeira à direita e depois siga em frente até o final da rua. 
- Venha para a minha festa de aniversário. Estou aguardando. 
- Pode esfriar à noite. Leve mais este casaco. 
- Certifique-se de que a peça foi colocada 
II) Narração 
Quando o texto está centrado no fato, no acontecimento, diz-se que se 
trata de uma narração. Palavra derivada do verbo narrar, narração é o ato de 
contar alguma coisa. Novelas, romances, contos são textos basicamente 
narrativos. São os seguintes os elementos de uma narração: 
1) Narrador 
É aquele que narra, conta o que se passa supostamente aos seus olhos. 
Quando participa da história, é chamado de narrador-personagem. Então a 
narrativa fica, normalmente, em 1ª pessoa. Porém, quando o narrador não 
participa da história, o verbo fica na terceira pessoa, ocorrendo, então, o 
narrador-observador 
2) Personagens 
São os elementos, usualmente pessoas, que participam da história. Mas 
os personagens podem ser coisas ou animais, como no romance O Trigo e o 
Joio, de Fernando Namora, em que o personagem principal, isto é, 
protagonista, é uma burra. 
3) Enredo 
É a história propriamente dita, a trama desenvolvida em torno dos 
personagens. 
4) Tempo 
PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) 
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O momento em que a história se passa. Pode ser presente, passado ou 
futuro. 
5) Ambiente 
O lugar em que a trama se desenvolve. Pode, naturalmente, variar 
muito, no desenrolar da narrativa. Eis, a seguir, um bom exemplo de texto 
narrativo, em que todos os elementos se fazem presentes. 
“Muitos anos mais tarde, Ana Terra costumava sentar-se na frente de 
sua casa para pensar nopassado. E no seu pensamento como que ouvia 
o vento de outros tempos e sentia o tempo passar, escutava vozes, via 
caras e lembrava-se de coisas... O ano de 81 trouxera um acontecimento 
triste para o velho Maneco: Horácio deixara a fazenda, a contragosto do 
pai, e fora para o Rio Pardo, onde se casara com a filha dum tanoeiro e 
se estabelecera com uma pequena venda.” 
(Érico Veríssimo, O Tempo e o Vento) 
O trecho do grande romance de Érico Veríssimo está situado no tempo 
(81), faz menção a lugares onde a trama se desenvolve e apresenta 
personagens, como Ana Terra e Seu Maneco. E, é claro, alguém está 
contando: é o narrador da história. (narrador-observador) 
Veja mais um exemplo de narração, agora com o narrador-personagem. 
“Hoje estive na loja de Seu Chamun, uma tristeza. Poeira e cisco por 
toda parte, qualquer dia vira monturo. Os dois empregados do meu 
tempo foram embora, não sei se dispensados, e o dono não tem 
disposição para limpar.” (José J. Veiga, Sombras de Reis Barbudos) 
6) Discurso 
Os personagens que participam da história evidentemente falam. É o que 
se conhece como discurso, que pode ser: 
a) Direto 
O narrador apresenta a fala do personagem, integral, palavra por 
palavra. Geralmente se usam dois pontos e travessão. 
Ex.: O funcionário disse ao patrão: 
- Espero voltar no final do expediente. 
Rui perguntou ao amigo: 
- Posso chegar mais tarde? 
b) Indireto 
O narrador incorpora à sua fala a fala do personagem. O sentido é o 
mesmo do discurso direto, porém é utilizada uma conjunção integrante (que 
ou se) para fazer a ligação. 
Ex.: O funcionário disse ao patrão que esperava voltar no final do expediente. 
Rui perguntou ao amigo se poderia chegar mais tarde. 
Obs.: O conhecimento desse assunto é muito importante para as 
questões que envolvem as paráfrases. Cuidado, pois, com o sentido. Procure 
PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) 
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ver se está sendo respeitada a correlação entre os tempos verbais e entre 
determinados pronomes. Abaixo, outro exemplo, bem elucidativo. 
Minha colega me afirmou: 
- Estarei aqui, se você precisar de mim. 
Minha colega me afirmou que estaria lá se eu precisasse dela. 
O sentido é, rigorosamente, o mesmo. Foi necessário fazer inúmeras 
adaptações. 
c) Indireto livre 
É praticamente uma fusão dos dois anteriores. Percebe-se a fala do 
personagem, porém sem os recursos do discurso direto (dois pontos e 
travessão) nem do discurso indireto (conjunções “que” ou “se”). 
Ex.: Ele caminhava preocupado pela avenida deserta. Será que vai chover, 
logo hoje, com todos esses compromissos!? 
III) Dissertação 
Um texto é dissertativo quando tem como centro a ideia. Seu objetivo é 
falar sobre um tema. O texto dissertativo pode se dividir em dois tipos: 
a) Quando o autor apenas transmite os saberes de uma comunidade (como em 
livros didáticos, enciclopédias etc), não colocando sua opinião sobre o assunto, 
mas apenas os dados objetivos, diz-se que o texto é dissertativo-expositivo. 
b) Quando o autor transmite sua opinião dentro do texto, diz-se que o é 
dissertativo-argumentativo ou opinativo. Geralmente é o que se cobra em 
concursos públicos, tanto em interpretação de textos quanto na elaboração de 
redações. Divide-se em: 
1) Introdução 
Período de pouca extensão em que se apresenta uma idéia, uma 
afirmação que será desenvolvida nos parágrafos seguintes. É nele que se 
localiza o chamado tópico frasal, aquele período-chave em que se baseia 
todo o texto. 
2) Desenvolvimento 
Um ou mais parágrafos de extensão variada, de acordo com a 
necessidade da composição. É nele que se argumenta, discute, opina, rebate. 
É o corpo da redação. 
3) Conclusão 
Parágrafo curto com que se encerra a descrição. É também chamado de 
fecho. Há várias modalidades de conclusão: resumo da redação, citação de 
alguém famoso, opinião final contundente etc. Veja exemplo de trechos 
dissertativos. 
“De muitas maneiras, o emprego de alto funcionário público é um 
sacerdócio, porém pior, pois é exercido sob os olhares atentos da 
PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) 
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imprensa. O cidadão comum, tornado autoridade, transforma-se, do dia 
para a noite, numa espécie de âncora de noticiário. Não deve gaguejar, 
improvisar nem correr riscos em temas polêmicos.” (Gustavo Franco, na 
Veja 1782) 
“Entende-se por juízo um pensamento por meio do qual se afirma ou 
nega alguma coisa, se enuncia algo; serve para estabelecer relação entre 
duas idéias. Emitir um juízo é o mesmo que julgar. A inteligência opera 
por meio de juízos; raciocinar consiste em encadear juízos para tirar uma 
conclusão.” (Carlos Toledo Rizzini, Evolução para o Terceiro Milênio) 
“Insistamos sobre esta verdade: a guerra de Canudos foi um refluxo em 
nossa história. Tivemos, inopinadamente, ressurreta e em armas em 
nossa frente, uma sociedade velha, uma sociedade morta, galvanizada
por um doido.” (Euclides da Cunha, Os Sertões) 
Observações 
a) Um texto, às vezes, apresenta tipologia mista. Uma narração, por exemplo, 
pode conter traços dissertativos ou descritivos. Aliás, isso é frequente. Não há 
rigor absoluto. 
b) Se destacamos apenas um trecho de uma determinada obra, 
compreensivelmente todos os elementos que caracterizam sua tipologia podem 
não estar presentes. Por exemplo, os três trechos dissertativos apresentados, 
sendo parágrafos isolados, não contêm introdução, desenvolvimento e 
conclusão, o que não impede que os classifiquemos daquela forma. 
c) O tema costuma sugerir uma determinada tipologia, mas também aqui não 
há nada de absoluto. Digamos que se queira escrever sobre um passeio. A 
princípio, pensa-se numa narração. Porém, o autor pode prender-se a detalhes 
do lugar, das pessoas, do transporte utilizado etc. Teríamos então uma 
descrição. Por outro lado, ele pode falar da importância do lazer na vida das 
pessoas, para a sua saúde física ou mental etc. Dessa forma, desenvolvendo 
idéias, cairíamos em uma dissertação. 
Para aplicarmos esses conhecimentos, segue abaixo duas atividades 
retiradas de provas de várias bancas. 
1. Numere os parágrafos a seguir, identificando o tipo de texto apresentado: 
(1) dissertação (2) narração (3) descrição 
( ) Acreditamos firmemente que só o esforço conjunto de toda a nação 
brasileira conseguirá vencer os gravíssimos problemas econômicos, por todos 
há muito conhecidos. Quaisquer medidas econômicas, por si só, não são 
capazes de alterar a realidade, se as autoridades que as elaboram não 
contarem com o apoio da opinião pública, em meio a uma comunidade de 
cidadãos conscientes. 
( ) Nas proximidades deste pequeno vilarejo, existe uma chácara de beleza 
incalculável. Ao centro avista-se um lago de águas cristalinas. Através delas, 
vemos a dança rodopiante dos pequenos peixes. Em volta deste lago pairam, 
imponentes, árvores seculares que parecem testemunhas vivas de tantas 
histórias que se sucederam pelas gerações. A relva, brilhando ao sol, estende-
PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) 
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se por todo aquele local, imprimindo à paisagem um clima de tranqüilidade e 
aconchego. 
( ) As crianças sabiam que a presença daquele cachorro vira-lata em seu 
apartamento seria alvo da mais rigorosa censura de sua mãe. Não tinha 
qualquer cabimento: um apartamento tão pequeno que mal acolhia Álvaro, 
Alberto e Anita, além de seus pais, ainda tinha de dar abrigo a um cãozinho! 
Os meninos esconderam o animal em um armário próximo ao corredor e 
ficaram sentados na sala à espera dos acontecimentos. No fim da tarde a mãe 
chegou do trabalho. Não tardou em descobrir o intruso e a expulsá-lo, sob os 
olhares aflitos de seus filhos. 
( ) Joaquim trabalhava em um escritório que ficava no 12º andar de um 
edifício da Avenida Paulista. De lá avistavatodos os dias a movimentação 
incessante dos transeuntes, os frequentes congestionamentos dos automóveis 
e a beleza das arrojadas construções que se sucediam do outro lado da 
avenida. Estes prédios moderníssimos alternavam-se com majestosas 
mansões antigas. O presente e o passado ali se combinavam e, contemplando 
aquelas mansões, podia-se, por alto, imaginar o que fora, nos tempos de 
outrora, a paisagem desta mesma avenida, hoje tão modificada pela ação do 
progresso. 
( ) Dizem as pessoas ligadas ao estudo da Ecologia que são incalculáveis os 
danos que o homem vem causando ao meio ambiente. O desmatamento de 
grandes extensões de terra, transformando-as em verdadeiras regiões 
desérticas, os efeitos nocivos da poluição e a matança indiscriminada de 
muitas espécies são apenas alguns dos aspectos a serem mencionados. Os 
que se preocupam com a sobrevivência e o bem-estar das futuras gerações 
temem que a ambição desmedida do homem acabe por tornar esta terra 
inabitável. 
( ) O candidato à vaga de administrador entrou no escritório onde iria ser 
entrevistado. Ele se sentia inseguro, apesar de ter um bom currículo, mas 
sempre se sentia assim quando estava por ser testado. O dono da firma 
entrou, sentou-se com ar de extrema seriedade e começou a lhe fazer as 
perguntas mais variadas. Aquele interrogatório parecia interminável. Porém, 
toda aquela sensação desagradável dissipou-se quando ele foi informado de 
que o lugar era seu. 
2. Leia o texto e marque a alternativa correta. 
Para que a democracia seja efetiva, é necessário que as pessoas se 
sintam ligadas aos seus concidadãos e que essa ligação se manifeste por meio 
de um conjunto de organizações e instituições extramercado. Uma cultura 
política atuante precisa de grupos comunitários, bibliotecas, escolas públicas, 
associações de moradores, cooperativas, locais para reuniões públicas, 
associações voluntárias e sindicatos que propiciem formas de comunicação, 
encontro e interação entre os concidadãos. 
A democracia neoliberal, com sua idéia de mercado über alles, nunca 
leva em conta essa atuação. Em vez de cidadãos, ela produz consumidores. 
Em vez de comunidades, produz shopping centers. O que sobra é uma 
sociedade atomizada, de pessoas sem compromisso, desmoralizadas e 
socialmente impotentes. 
PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) 
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Em suma, o neoliberalismo é o inimigo primeiro e imediato da verdadeira 
democracia participativa, não apenas nos Estados Unidos, mas em todo o 
planeta, e assim continuará no 
futuro previsível. 
Robert W. McChesney. Introdução. In: Noam Chomsky. O lucro ou 
as pessoas? Neoliberalismo e ordem global. Pedro Jorgensen Jr. 
(Trad.). 4.ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004 (com adaptações). 
Quanto à tipologia do texto, 
(A) o produtor do texto apresenta, em narrativa concisa, a trajetória 
contemporânea da democracia neoliberal em direção a um futuro previsível. 
(B) trata-se de texto expositivo, de caráter intimista, em que o autor 
apresenta suas impressões pessoais a respeito do neoliberalismo e da 
influência norte-americana sobre o 
futuro da humanidade. 
(C) Em um texto eminentemente descritivo, o autor estabelece, de modo 
subjetivo, um paralelo entre dois tipos de democracia cujas ações atendem, de 
modo diferenciado, aos interesses populares. 
(D) No texto, identifica-se uma parte narrativa, em que o autor relata o 
surgimento da democracia neoliberal, e outra descritiva, por meio da qual o 
produtor enumera, objetivamente, as características da democracia 
participativa. 
(E) O texto caracteriza-se como dissertativo-argumentativo, no qual o autor, 
contrapondo dois tipos de sistema político, manifesta-se contra os efeitos 
nocivos de um sobre o outro. 
Veja se você acertou: Questão 1: 1, 3, 2, 3, 1, 2 Questão 2: E 
Perceba que a narrativa é marcada com verbos que transmitem uma 
evolução temporal (primeiro se realiza uma ação, depois outra e assim por 
diante). É como se visualizássemos um filme, um teatro. 
Já a descrição é marcada pela “imagem”, a percepção estática, como 
uma foto, um quadro. Bem diferente da narrativa, concorda? 
Os textos dissertativos transmitem uma discussão sobre algo ou 
simplesmente relatam os conceitos sobre determinado assunto. 
TRT 17ª R - 2004 - Analista 
Pobreza e indigência 
Como se quantifica o número de pobres existentes no Brasil? É 
necessário, em primeiro lugar, definir o que é um pobre. Pouca gente teria 
dificuldade em dar sua própria definição. Provavelmente a maioria diria que os 
pobres são aqueles que ganham mal e têm pouco ou nenhum patrimônio. São 
as pessoas que pedem dinheiro nas ruas ou vivem de trabalhos precários. 
Embora suficiente para conversas informais sobre o assunto, trata-se de 
definição muito imprecisa. Um exemplo: como qualificar empregadas 
domésticas que trabalham em casas de famílias ricas de São Paulo, Porto 
Alegre ou Rio de Janeiro? Em comparação com os patrões, é razoável 
imaginar que elas sejam consideradas pobres, mas em comparação com um 
PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) 
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miserável do interior do Nordeste, que passa fome durante vários meses do 
ano, certamente isso não seria verdade. 
Para que a discussão sobre o tema possa ser feita em bases mais 
sólidas, é vital avançar para uma definição mais rigorosa. Na maioria dos 
trabalhos acadêmicos, a contagem dos pobres é realizada da seguinte forma: 
admite-se, em primeiro lugar, uma cesta de bens e serviços (alimentos, 
transporte, moradia etc.) à qual todo mundo deveria ter acesso para não ser 
considerado pobre. A seguir, atribui-se um valor monetário a essa cesta (que 
pode variar de região para região), também chamado de linha de pobreza. A 
partir daí, verifica-se quem tem renda superior ao valor da cesta (os que não 
são pobres) e quem tem renda inferior (os que são pobres). É claro que 
aqueles com renda inferior não conseguem comprar todos os bens e serviços 
da cesta. Portanto, o número de pobres depende sempre da definição do que 
é a linha de pobreza. 
O mesmo argumento vale para a linha de indigência. A cesta de bens 
inclui, nesse caso, apenas os alimentos mínimos necessários para que a 
pessoa permaneça viva, de acordo com os padrões da Organização Mundial da 
Saúde. Ou seja, teoricamente, quem está abaixo da linha de indigência não 
conseguiria sequer sobreviver – se o faz é porque complementa minimamente 
sua renda com esmolas ou algum tipo de cultura de subsistência, que 
representa um recurso adicional que não é levado em conta pelos 
pesquisadores. 
(André Lahóz. Revista VEJA, 15/05/2002)
Questão 1: De acordo com o texto, uma quantificação objetiva do número de 
pobres no Brasil depende 
(A) de uma fixação criteriosa do que seja, exatamente, a linha de indigência. 
(B) da fixação do valor monetário de uma determinada cesta de bens e 
serviços. 
(C) dos padrões que venham a ser fixados pela Organização Mundial de 
Saúde. 
(D) dos critérios acadêmicos que permitem subestimar as diferenças 
regionais. 
(E) de pesquisas orientadas por diferentes critérios e metodologia. 
Comentário: É importante responder à questão sempre por eliminação. 
Assim, a primeira passagem nas alternativas não assegurará a correta. O que 
sobrar das eliminações, nós voltaremos para confirmar no texto. 
Na alternativa (A), perceba que o texto faz menção à linha de indigência 
(3º parágrafo), que é um nível ainda mais baixo em relação à linha da 
pobreza. Além disso, “exatamente” é palavra categórica que fixa a 
quantificação do número de pobres com a precisão da linha de indigência, o 
que não é correto. Assim, esta pode ser eliminada. 
A alternativa (B) parece ser a correta, pois o início do segundo parágrafo 
está bem claro: 
“Para que a discussão sobre o tema possa ser feita em bases mais sólidas 
(quantificação objetiva), é vital avançar para uma definiçãomais rigorosa. 
Na maioria dos trabalhos acadêmicos, a contagem dos pobres é realizada da 
seguinte forma: admite-se, em primeiro lugar, uma cesta de bens e serviços 
(alimentos, transporte, moradia etc.) à qual todo mundo deveria ter acesso
para não ser considerado pobre. A seguir, atribui-se um valor monetário a 
PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) 
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essa cesta...”. Mas devemos confirmar com as demais alternativas. 
 Na alternativa (C), perceba que a Organização mundial da Saúde fixa a 
linha de indigência: 
“O mesmo argumento vale para a linha de indigência. A cesta de bens inclui, 
nesse caso, apenas os alimentos mínimos necessários para que a pessoa 
permaneça viva, de acordo com os padrões da Organização Mundial da 
Saúde.” 
Na alternativa (D), observa-se que o texto não deixa dúvida que se deve 
levar em conta a região em que se vive: “A seguir, atribui-se um valor 
monetário a essa cesta (que pode variar de região para região), também 
chamado de linha de pobreza.”. 
Na alternativa (E), há erro, porque o texto é bem claro ao definir a linha 
de pobreza. Assim, a metodologia e os critérios foram expostos 
objetivamente. Ele não é vago e diverso como expõe esta alternativa. 
Assim, passamos por todas as alternativas e vimos que a única que 
preencheu corretamente o pedido da questão foi a (B). Lembre-se de que 
eliminamos todas primeiro, para depois nos certificarmos de que esta é a 
correta. Essa será a nossa forma de abordagem das interpretações de texto. 
Gabarito: B 
Questão 2: Considere as seguintes afirmações: 
I. A maioria das pessoas tem uma precária definição do que seja pobreza, 
precariedade que compromete o nível das pesquisas acadêmicas sobre o 
tema. 
II. O acesso ou falta de acesso a determinados bens e serviços é um critério 
pelo qual se identificam os que estão acima e os que estão abaixo da linha 
de pobreza. 
III. A linha de indigência é definida pelo acesso parcial de um indivíduo tanto 
aos bens como aos serviços considerados essenciais para o pleno 
exercício de sua cidadania. 
Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em 
(A) I. 
(B) I e II. 
(C) II. 
(D) II e III. 
(E) III. 
Comentário: Este tipo de questão aborda o conteúdo localizado no texto. 
A frase I quer do candidato a inferência do texto. Os dados não estão 
literalmente escritos, mas podemos entender que o fato de a população não 
saber determinar o que venha a ser a linha de pobreza não implica dificuldade 
para os técnicos fazerem isso. Os vestígios que confirmam isso são 
encontrados no primeiro parágrafo. Como temos certeza de que esta 
afirmativa está errada, podemos eliminar as alternativas (A) e (B). 
Na frase II, percebemos que “... quem tem renda superior ao valor da 
cesta (os que não são pobres) e quem tem renda inferior (os que são 
pobres).” são dados literais do texto. Poderíamos ter dúvida apenas na falta 
da palavra “respectivamente” na alternativa, pois o candidato poderia se 
enrolar no entendimento da questão. Veja: 
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“O acesso ou falta de acesso a determinados bens e serviços é um critério 
pelo qual se identificam os que estão acima e os que estão abaixo da linha de 
pobreza (respectivamente).” Por isso, ficaríamos na dúvida, então não 
eliminamos a alternativa, nem adotamos como correta. 
A frase III está errada, porque considera que a linha de indigência é 
definida pelo acesso parcial de um indivíduo tanto aos bens como aos 
serviços considerados essenciais para o pleno exercício de sua cidadania. A 
banca queria chamar a atenção sobre a ressalva dada no texto de que a linha 
de indigência é teórica, pois quem está abaixo dela não conseguiria 
sobreviver, mas consegue por contar com algum recurso adicional. Mas esse 
adicional não é considerado pelos pesquisadores. Se o fosse, entenderíamos 
como acesso parcial. Assim, os pesquisadores são categóricos: estando acima 
da linha ou abaixo dela, define-se teoricamente o não-indigente ou o 
indigente. Veja: 
Ou seja, teoricamente, quem está abaixo da linha de indigência não 
conseguiria sequer sobreviver – se o faz é porque complementa minimamente 
sua renda com esmolas ou algum tipo de cultura de subsistência, que 
representa um recurso adicional que não é levado em conta pelos 
pesquisadores. 
Assim, veja que a dúvida que havia na frase II agora não há mais; pois 
é a única alternativa possível. Vendo mais claramente, observamos que faltou 
o advérbio “respectivamente”, mas podemos entender que não houve 
incoerência sem ele. 
Gabarito: C 
Questão 3: No segundo parágrafo, a utilização das expressões em primeiro 
lugar, a seguir e a partir daí presta-se a descrever uma metodologia de 
trabalho baseada em 
(A) um alargamento de possibilidades. 
(B) uma concomitância de fatos. 
(C) uma série de alternativas. 
(D) um encadeamento de operações. 
(E) uma sucessão de hipóteses. 
Comentário: Vamos aos trechos em que haja esses conectivos para melhor 
visualização da resposta correta. 
...admite-se, em primeiro lugar, uma cesta de bens e serviços (alimentos, 
transporte, moradia etc.) à qual todo mundo deveria ter acesso para não ser 
considerado pobre. 
A seguir, atribui-se um valor monetário a essa cesta (que pode variar de 
região para região), também chamado de linha de pobreza. 
A partir daí, verifica-se quem tem renda superior ao valor da cesta (os que 
não são pobres) e quem tem renda inferior (os que são pobres). 
Na alternativa (A), transmite-se uma imprecisão que não cabe ao 
contexto (“alargamento de possibilidades”). 
Na alternativa (B), perceba que “concomitância” significa ao mesmo 
tempo. É justamente o contrário que expressam esses conectivos. 
Na alternativa (C), “uma série de alternativas” tem valor bem parecido 
com a alternativa (A). Perceba que não há alternativas, mas um acúmulo de 
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procedimentos para uma só conclusão. 
A alternativa (D) é a correta, pois “encadeamento” é justamente o que 
requer a interpretação dos conectivos acima negritados no texto, pois se 
mostra uma sequência de ações, procedimentos a serem tomados. Mas ainda 
não temos certeza, temos que verificar o último. 
Na alternativa (E), há transmissão de ideia parecida com as alternativas 
(A) e (C). Não houve abertura para várias alternativas, hipóteses ou 
possibilidades, mas uma sequência de procedimentos que levam a uma 
situação. 
Assim, confirmamos a (D) como correta. 
Gabarito: D 
Questão 4: Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente o sentido de 
uma expressão do texto em 
(A) embora suficiente = ainda que bastante 
(B) em bases mais sólidas = de modo mais especulativo 
(C) atribui-se um valor monetário = calcula-se a demanda 
(D) cultura de subsistência = hábitos da pobreza 
(E) recurso adicional = atribuição necessária 
Comentário: Este tipo de questão pede a contextualização. O chato é ter que 
achar as expressões no texto, pois a banca não delimita a linha. 
(A): A conjunção “embora” é adverbial concessiva e permite ser 
substituída pela locução conjuntiva de igual valor “ainda que”. Note que está 
subentendido o verbo “seja” nesta oração subordinada adverbial concessiva 
(embora seja suficiente). O adjetivo “suficiente” é sinônimo contextual de 
“bastante”, por isso pode haver a troca. Veja um problema que o candidato 
poderia ter na hora da prova: no texto, a conjunção está com letra inicial 
maiúscula, mas na questão foi colocada com inicial minúscula. Isso porque a 
questão não está pedindo a substituição literal, mas pergunta apenas se o 
sentido é preservado. Isso está correto. 
Embora suficiente para conversas informais sobre o assunto, trata-se de 
definição muito imprecisa. (Ainda que bastante para conversas...) 
Portanto, éa alternativa correta. 
(B): “em bases mais sólidas” tem o mesmo sentido de “efetivo”, “objetivo”, 
“fundamentado”, “contundente”. Mas não há noção de algo especulativo. 
(C): A expressão “atribui-se” de certa forma se entende como “calcula-se”; 
mas “demanda” significa necessidade, o que não cabe no contexto. 
(D): “cultura de subsistência” não tem sentido de “hábito de pobreza”, pois 
esta cultura não significa somente com os pobres. Há alguns povos que 
sobrevivem da cultura de subsistência, nem por isso são considerados pobres. 
(E): “recurso adicional” é um ganho extra, a mais. Não há relação desta 
expressão com necessidade de atribuição. Por isso está errada a alternativa. 
Gabarito: A 
Entre o fato e a notícia 
A decantada objetividade jornalística tem, na verdade, duas faces: se de 
um lado toda notícia deve se prender originalmente a um fato cuja ocorrência 
seja inquestionável, por outro lado ela implica sempre uma dose de 
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interpretação desse fato. O espaço concedido, o estilo empregado, o ângulo 
adotado, as ênfases (intencionais ou inconscientes), tudo isso traz para a 
matéria jornalística uma certa conformação subjetiva. Por isso, um dos 
requisitos do bom leitor de jornais ou revistas está na atenção que ele saiba 
dar não apenas ao fato relatado, mas ao modo como o foi. 
Ao se transformar em linguagem, todo fato torna-se, também, um fato 
lingüístico; é com a linguagem que se produz uma notícia, é por meio de 
palavras que entramos em contato com a base de realidade de um 
acontecimento. Nesse sentido, não há, e nem pode haver, jornalismo 
inteiramente inocente, ainda quando se trate do mais honesto dos 
profissionais. Por isso, também o leitor deve recusar a ingênua credulidade de 
quem acha que uma notícia não é uma imagem construída, mas a 
materialidade mesma do fato ocorrido. 
(Celso de Oliveira)
Questão 5: Ao afirmar, referindo-se à notícia jornalística, que todo fato 
torna-se, também, um fato lingüístico, o autor fornece um argumento para a 
seguinte tese: 
(A) É da realidade mesma de um fato que a matéria jornalística depende, se 
quiser ser inteiramente objetiva. 
(B) A ocorrência de um fato e a sua divulgação jornalística são realidades em 
si mesmas contraditórias. 
(C) O jornalismo competente é aquele em que a plena transparência da 
linguagem garante a transparência da realidade mesma do fato. 
(D) Cabe ao leitor, entre o fato gerador da notícia e o fato relatado, escolher 
de que lado está a verdade. 
(E) A leitura crítica não se prende apenas ao fato que gerou a notícia, mas à 
forma pela qual esta forçosamente o interpreta. 
Comentário: A banca queria que o candidato percebesse que o texto faz uma 
diferença do que é fato (verdade, o ocorrido) e a notícia (muitas vezes 
carregada de impressões, interpretações de quem publica a notícia). Assim, 
temos a tese do texto: 
“A decantada objetividade jornalística tem, na verdade, duas faces: se de um 
lado toda notícia deve se prender originalmente a um fato cuja ocorrência 
seja inquestionável, por outro lado ela implica sempre uma dose de 
interpretação desse fato.” 
O texto é crítico ao que é veiculado na mídia, entre o real e o 
transmitido ao povo. Assim, uma face é o fato em si, o outro é o fato 
lingüístico, isto é, a interpretação linguística dele, o que será passado à 
população. 
Confirmando isso, a alternativa (E) é uma outra forma de dizer o que 
está escrito no último período do 1º parágrafo: “Por isso, um dos requisitos do 
bom leitor de jornais ou revistas está na atenção que ele saiba dar não apenas 
ao fato relatado, mas ao modo como o foi” (como foi relatado). 
Compare: “A leitura crítica não se prende apenas ao fato que gerou a notícia, 
mas à forma pela qual esta (notícia, ou melhor, quem gerou a notícia)
forçosamente o (o fato) interpreta”. 
Com base na interpretação literal do texto, vemos que as demais 
alternativas não estão corretas. 
Gabarito: E 
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Questão 6: Considere as seguintes afirmações: 
I. A expressão conformação subjetiva, no primeiro parágrafo, tem sentido 
vago, pois não há exemplos que a materializem. 
II. A frase não há, e nem pode haver, jornalismo inocente não é uma 
acusação moral, mas uma decorrência da tese central defendida pelo 
autor do texto. 
III. A expressão ingênua credulidade, no segundo parágrafo, refere-se ao 
leitor que considera a notícia um espelho que reflete a verdade 
incontestável do fato. 
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em 
(A) I, II e III. 
(B) I e II, somente. 
(C) II e III, somente. 
(D) I e III, somente. 
(E) III, somente. 
Comentário: Para entendermos as afirmativas, vamos reescrever trechos do 
texto. 
O espaço concedido, o estilo empregado, o ângulo adotado, as ênfases 
(intencionais ou inconscientes), tudo isso traz para a matéria jornalística uma 
certa conformação subjetiva. Por isso, um dos requisitos do bom leitor de 
jornais ou revistas está na atenção que ele saiba dar não apenas ao fato 
relatado, mas ao modo como o foi. (1° parágrafo) 
A expressão “conformação subjetiva” significa no texto o ângulo, o 
ponto de vista de quem publica uma matéria jornalística. Isso vai depender do 
“espaço concedido” (aí englobando tempo e lugar), do “estilo empregado, o 
ângulo adotado, as ênfases (intencionais ou inconscientes)”. Essas expressões 
são justamente os exemplos da conformação subjetiva. Por isso, a frase está 
errada. Assim, eliminamos as alternativas (A), (B) e (D). 
Na frase II, a acusação moral poderia ser interpretada como uma 
linguagem acusativa e ofensiva do autor contra um repórter ou comunicador 
da mídia; mas a estrutura textual é clara e não permite esse tipo de 
interpretação. Primeiro se mostra na tese do texto que há duas faces na 
“decantada objetividade jornalística”. Todo o texto vem na sequência 
desenvolvendo esta ideia de que a realidade é expressa por palavras e esta 
linguagem deve ser entendida bem criticamente, pois foi a interpretação do 
repórter, não quer dizer que seja a verdade nua e crua. 
Na frase III, “ingênua credulidade” se refere ao leitor não atento, não 
crítico (por isso ingênuo), que vê na notícia a realidade dos fatos. 
Assim, só cabe a alternativa (C). 
Gabarito: C 
TRT 18ª R – 2008 – Analista 
Viagem para fora 
Há não tanto tempo assim, uma viagem de ônibus, sobretudo quando 
noturna, era a oportunidade para um passageiro ficar com o nariz na janela e, 
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mesmo vendo pouco, ou nada, entreter-se com algumas luzes, talvez a lua, e 
certamente com os próprios pensamentos. A escuridão e o silêncio no interior 
do ônibus propiciavam um pequeno devaneio, a memória de alguma cena 
longínqua, uma reflexão qualquer. 
Nos dias de hoje as pessoas não parecem dispostas a esse exercício 
mínimo de solidão. Não sei se a temem: sei que há dispositivos de toda 
espécie para não deixar um passageiro entregar-se ao curso das idéias e da 
imaginação pessoal. Há sempre um filme passando nos três ou quatro 
monitores de TV, estrategicamente dispostos no corredor. Em geral, é um 
filme ritmado pelo som de tiros, gritos, explosões. É também bastante 
possível que seu vizinho de poltrona prefira não assistir ao filme e deixar-se 
embalar pela música altíssima de seu fone de ouvido, que você também 
ouvirá, traduzida num chiado interminável, com direito a batidas mecânicas de 
algum sucesso pop. Inevitável, também, acompanhar a variedade dos toques 
personalizados dos celulares, que vão do latido de um cachorro à versão 
eletrônica de uma abertura sinfônica de Mozart. Claro que você também se 
inteirará dos detalhes da vida doméstica de muita gente: a senhora da frente 
pergunta pelocardápio do jantar que a espera, enquanto o senhor logo atrás 
de você lamenta não ter incluído certos dados em seu último relatório. 
Quando o ônibus chega, enfim, ao destino, você desce tomado por um 
inexplicável cansaço. 
Acho interessantes todas as conquistas da tecnologia da mídia moderna, 
mas prefiro desfrutar de uma a cada vez, e em momentos que eu escolho. 
Mas parece que a maioria das pessoas entrega-se gozosa e voluptuosamente 
a uma sobrecarga de estímulos áudio-visuais, evitando o rumo dos mudos 
pensamentos e das imagens internas, sem luz. Ninguém mais gosta de ficar, 
por um tempo mínimo que seja, metido no seu canto, entretido consigo 
mesmo? Por que se deleitam todos com tantas engenhocas eletrônicas, numa 
viagem que poderia propiciar o prazer de uma pequena incursão íntima? Fica 
a impressão de que a vida interior das pessoas vem-se reduzindo na mesma 
proporção em que se expandem os recursos eletrônicos. 
(Thiago Solito da Cruz, inédito)
Questão 7: Considerando-se o sentido integral do texto, o título Viagem 
para fora representa 
(A) uma alusão à exterioridade dos apelos a que se entregam os passageiros. 
(B) um específico anseio que o autor alimenta a cada viagem de ônibus. 
(C) a nostalgia de excursões antigas, em que todos se solidarizavam. 
(D) a importância que o autor confere aos devaneios dos passageiros. 
(E) a ironia de quem não se deixa abalar por tumultuadas viagens de ônibus. 
Comentário: O tema, isto é, o sentido central do texto, normalmente é 
expresso pelo título, elemento estrutural que o resume ou nos induz a 
perceber seu sentido. “Viagem para fora” remete a “uma alusão à 
exterioridade dos apelos¹ a que se entregam os passageiros².” Observe 
que a alternativa (A), citada anteriormente, transmite explicitamente o que se 
diz na segunda frase do terceiro parágrafo do texto: “Mais parece que a 
maioria das pessoas entrega-se² gozosa e voluptuosamente a uma 
sobrecarga de estímulos áudio-visuais¹.” As expressões-chave tanto da 
resposta quanto da alternativa (A) foram colocadas em negrito para 
comparação e observação de sua proximidade semântica. Tendo em vista a 
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explicação da alternativa (A), eliminam-se os outros itens. Mesmo assim, veja 
em negrito o que está errado nas demais alternativas: 
(B) um específico anseio que o autor alimenta a cada viagem de ônibus. 
(C) a nostalgia de excursões antigas, em que todos se solidarizavam. 
(D) a importância que o autor confere aos devaneios dos passageiros. 
(E) a ironia de quem não se deixa abalar por tumultuadas viagens de 
ônibus. 
Gabarito: A 
Questão 8: Atente para as seguintes afirmações: 
I. No primeiro parágrafo, configura-se a tensão entre o desejo de 
recolhimento íntimo de um passageiro e a agitação de uma viagem 
noturna. 
II. No segundo parágrafo, o cruzamento de mensagens, em diferentes meios 
de comunicação, é considerado invasivo por quem preferiria entregar-se 
ao curso da imaginação pessoal. 
III. No terceiro parágrafo, o autor considera a possibilidade de os recursos da 
mídia eletrônica e o cultivo da vida serem usufruídos em tempos distintos. 
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em 
(A) I, II e III. 
(B) I e II, somente. 
(C) II e III, somente. 
(D) I e III, somente. 
(E) II, somente. 
Comentário: Perceba que este tipo de questão trabalha o conteúdo 
localizado. Ele induz o candidato a interpretar cada parte do texto. 
Na frase I, o erro está em dizer que houve a tensão entre o desejo de 
recolhimento íntimo de um passageiro e a agitação de uma viagem noturna. 
Verifique que a agitação é alvo dos próximos parágrafos, não do primeiro. 
A frase II a expressão “... o cruzamento de mensagens, em diferentes 
meios de comunicação, é considerado invasivo¹ por quem preferiria 
entregar-se ao curso da imaginação pessoal².” está inteiramente correta. 
Basta confrontá-la com a seguinte passagem do texto: “... sei que há 
dispositivos de toda espécie para não deixar¹ um passageiro entregar-
se ao curso das idéias e da imaginação pessoal²”. Por isso, está correta. 
A frase III a expressão “... o autor considera a possibilidade de os 
recursos da mídia eletrônica e o cultivo da vida serem usufruídos em 
tempos distintos¹.” está correta, porque encontra base na primeira frase do 
terceiro parágrafo: “Acho interessantes todas as conquistas da tecnologia da 
mídia moderna, mas prefiro desfrutar de uma a cada vez, e em 
momentos que eu escolho¹”. Perceba que o autor prefere desfrutar de cada 
conquista a seu tempo, e essa forma de desfrutar de algo implicitamente leva 
o leitor a entender que essa é a maneira de o autor do texto ver o cultivo da 
vida. Assim, a frase III também está correta. 
Gabarito: C 
Questão 9: O autor vale-se do emprego do pronome você, ao longo do 
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segundo parágrafo, da mesma forma que esse pronome é empregado em: 
(A) Quando perguntei se você gostava de viajar, você titubeou, e não me 
respondeu. 
(B) Já sei a opinião dele acerca da mídia eletrônica; gostaria que você me 
dissesse, agora, qual a sua. 
(C) Não é aquele ou aquela passageira que me interessa; meus olhos não 
conseguem desviar-se de você. 
(D) Quando se está em meio a um tumulto, você não consegue concentrar-se 
em seus próprios pensamentos. 
(E) Espero que você não tenha se ofendido por eu lhe haver proposto que 
desligue o celular enquanto conversamos. 
Comentário: O autor do texto vale-se do pronome de tratamento “você” de 
sentido geral, indefinindo o agente, quer dizer, “quem se passar por tal 
situação”. Deve-se inferir das alternativas (A), (B), (C) e (E) que o pronome 
de tratamento retrata o locutor (com quem se fala, uma pessoa específica), e 
não é esse o uso no texto. 
Porém, na alternativa (D), o exemplo é de que “Quando se está em 
meio a um tumulto, você (isto é, qualquer pessoa que estiver nesta situação) 
não consegue concentrar-se em seus próprios pensamentos.” O autor poderia 
também optar por indeterminar o sujeito: “... não se consegue concentrar nos 
próprios pensamentos.” 
Gabarito: D 
Questão 10: O último período do texto retoma e arremata, conclusivamente, 
uma idéia que já se representara na seguinte passagem: 
(A) (...) há dispositivos de toda espécie para não deixar um passageiro 
entregar-se ao curso das idéias (...). 
(B) A escuridão e o silêncio no interior do ônibus propiciavam um pequeno 
devaneio (...). 
(C) Claro que você também se inteirará dos detalhes da vida doméstica de 
muita gente (...). 
(D) Quando o ônibus chega, enfim, ao destino, você desce tomado por um 
inexplicável cansaço. 
(E) Há sempre um filme passando nos três ou quatro monitores de TV, 
estrategicamente dispostos no corredor. 
Comentário: O último período é: “Fica a impressão de que a vida interior das 
pessoas vem-se reduzindo na mesma proporção em que se expandem os 
recursos eletrônicos”. Percebemos que essa frase não se refere aos trechos 
expostos nas alternativas (B), (C), (D) e (E). 
Mas a alternativa (A) mostra literalmente as palavras-chave do último 
período: 
(A): “...há dispositivos de toda espécie¹ para não deixar um passageiro 
entregar-se ao curso das idéias e da imaginação pessoal².” 
(texto): “Fica a impressão de que a vida interior das pessoas vem-se 
reduzindo² na mesma proporção em que se expandem os recursos 
eletrônicos¹.” 
Gabarito: A 
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A amizade 
Uma amizade verdadeira possui tão grandes vantagens que mal posso 
descrevê-las. Para começar, em que pode consistir uma “vida vivível” que não 
encontre descanso na afeição partilhada com um amigo? Que há de mais 
agradável que ter alguém a quem se ousa contar tudo como a si mesmo? De 
que seria feitaa graça tão intensa de nossos sucessos, sem um ser para se 
alegrar com eles tanto quanto nós? E em relação a nossos reveses, seriam 
mais difíceis de suportar sem essa pessoa, para quem eles são ainda mais 
penosos que para nós mesmos. 
Os outros privilégios da vida a que as pessoas aspiram só existem em 
função de uma única forma de utilização: as riquezas, para serem gastas; o 
poder, para ser cortejado; as honrarias, para suscitarem os elogios; os 
prazeres, para deles se obter satisfação; a saúde, para não termos de padecer 
a dor e podermos contar com os recursos de nosso corpo. 
Quanto à amizade, ela contém uma série de possibilidades. Em qualquer 
direção a que a gente se volte, ela está lá, prestativa, jamais excluída de 
alguma situação, jamais importuna, jamais embaraçosa. Por isso, como diz o 
ditado, “nem a água nem o fogo nos são mais prestimosos que a amizade”. E 
aqui não se trata da amizade comum ou medíocre (que, no entanto, 
proporciona alguma satisfação e utilidade), mas da verdadeira, da perfeita, à 
qual venho me referindo. Pois a amizade torna mais maravilhosos os favores 
da vida, e mais leves, porque comunicados e partilhados, seus golpes mais 
duros. 
(Adaptado de Cícero, filósofo e jurista romano)
Questão 11: Ao tratar da amizade verdadeira, Cícero dá um peso especial ao 
fato de que ela 
(A) é um privilégio desfrutado de uma forma única e exclusiva. 
(B) intensifica nossas conquistas e ameniza nossos infortúnios. 
(C) abre caminho para o exercício de um poder que todos desejamos. 
(D) produz honrarias que todos os amigos podem compartilhar. 
(E) afasta os padecimentos morais e multiplica as alegrias. 
Comentário: As últimas frases do texto relatam: 
“E aqui não se trata da amizade comum ou medíocre (...), mas da verdadeira, 
da perfeita, à qual venho me referindo. Pois a amizade torna mais 
maravilhosos os favores da vida, e mais leves, porque comunicados e 
partilhados, seus golpes mais duros.” 
A alternativa (A) é a correta, pois nela se diz que amizade verdadeira 
intensifica nossas conquistas (“os favores da vida”) e ameniza nossos 
infortúnios (“golpes mais duros”). 
Gabarito: B 
Questão 12: No segundo parágrafo, os segmentos iniciados por as riquezas 
(...), as honrarias (...) e os prazeres (...) deixam subentendida a forma 
verbal: 
(A) aspiram. 
(B) contêm. 
(C) obtêm. 
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(D) suscitam. 
(E) existem. 
Comentário: Deve-se observar nesta questão o motivo da vírgula após as 
palavras “riquezas”, “poder”, “honrarias”, “prazeres”. Elas marcam a elipse de 
um verbo e são seus sujeitos. A questão apenas pede para identificar o verbo. 
 No texto, temos: 
“Os outros privilégios da vida a que as pessoas aspiram só existem em função 
de uma única forma de utilização: as riquezas (existem), para serem gastas; 
o poder (existe), para ser cortejado; as honrarias (existem), para suscitarem 
os elogios; os prazeres (existem), para deles se obter satisfação...” 
Essa estrutura ocorre para não haver repetição de vocábulo facilmente 
subentendido no contexto. 
Gabarito: E 
Questão 13: Atente para as seguintes afirmações: 
I. A expressão nossos reveses (1° parágrafo) é empregada com sentido 
equivalente ao de golpes mais duros (3° parágrafo). 
II. Em vez de podermos contar (2° parágrafo), o emprego da forma 
pudermos contar seria mais adequado à construção da frase. 
III. Os termos comunicados e partilhados (3° parágrafo) referem-se ao termo 
anterior favores. 
Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em 
(A) I. 
(B) II. 
(C) III. 
(D) I e II. 
(E) II e III. 
Comentário: A frase I está correta, pois os reveses são entendidos como 
problemas, desgostos na vida. Podemos entender a palavra golpes também 
com esse mesmo sentido. 
A frase II está errada porque “podermos” está na forma nominal 
infinitiva, haja vista que se encontra em oração subordinada adverbial de 
finalidade reduzida (a preposição “para” introduz essa construção); já o verbo 
pudermos seria o futuro do subjuntivo e não caberia nesse contexto. 
Para entender que a frase III está errada, deve-se reescrever um 
fragmento da última frase na ordem direta: a amizade torna (...) mais leves 
seus golpes mais duros, porque comunicados e partilhados. Então são os 
golpes mais duros comunicados e partilhados, e não os favores. Portanto, a 
correta é a alternativa (A). 
Gabarito: A 
Questão 14: Que há de mais agradável que ter alguém a quem se ousa 
contar tudo como a si mesmo? 
Pode-se substituir o segmento sublinhado na frase acima, sem prejuízo para o 
sentido, clareza e correção, por: 
(A) com a audácia de contar tudo para si mesmo? 
(B) que pode contar com si mesmo? 
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(C) com a coragem de quem ousa contar tudo? 
(D) com força para contar tudo sobre si próprio? 
(E) para confidenciar, sem receio, tudo de si? 
Comentário: Deve-se perceber nesta questão a presença do objeto indireto 
“a quem”, significando que alguém receberia alguma ação, portanto esse 
alguém deve ser paciente e não agente. As alternativas (A, B, C e D) 
transmitem o sentido desse “alguém” retomado pelo “a quem” como agente. 
No entanto, somente a alternativa (E) pode ser entendida com valor paciente: 
alguém para confidenciar, sem receio, tudo de si. Quem conta, quem 
confidencia não foi abordado nesse trecho. Apenas a quem isso foi dirigido. 
Observe-se o erro gramatical na (B), não existe “com si mesmo”, mas 
“consigo mesmo”. 
Gabarito: E 
TRE TO – 2011 – Analista 
Cartão de Natal 
 Pois que reinaugurando essa criança 
 pensam os homens 
 reinaugurar a sua vida 
 e começar novo caderno, 
fresco como o pão do dia; 
pois que nestes dias a aventura 
parece em ponto de voo, e parece 
 que vão enfim poder 
 explodir suas sementes: 
 
que desta vez não perca esse caderno 
sua atração núbil para o dente; 
que o entusiasmo conserve vivas 
 suas molas, 
e possa enfim o ferro 
 comer a ferrugem 
o sim comer o não. 
 João Cabral de Melo Neto 
Questão 15: No poema, João Cabral 
(A) critica o egoísmo, e manifesta o desejo de que na passagem do Natal as 
pessoas se tornem generosas e façam o sim comer o não. 
(B) demonstra a sua aversão às festividades natalinas, pois nestes dias a 
aventura parece em ponto de vôo, mas depois a rotina segue como 
sempre. 
(C) critica a atração núbil para o dente daqueles que transformam o Natal em 
uma apologia ao consumo e se esquecem do seu caráter religioso. 
(D) observa com otimismo que o Natal é um momento de renovação em que 
os homens se transformam para melhor e fazem o ferro comer a 
ferrugem. 
(E) manifesta a esperança de que o Natal traga, de fato, uma transformação, 
e que, ao contrário de outros natais, seja possível começar novo caderno.
Comentário: Um poema não deve ser lido como um texto em prosa. Você 
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deve perceber que o poema deve ser curto e sugestivo; pois poucas palavras 
devem induzir o leitor a entender algo além do que está apenas escrito. 
Só há delicadeza, arte e valor quando o poema não diz diretamente o 
tema, mas sugere por sensibilidade, sonoridade, linguagem figurada. Veja que 
o poeta não fala da passagem do ano. Ele a sugere como consequência da 
expressão “reinaugurando essa criança”. A expressão “essa criança” é uma 
menção ao menino Jesus. Ao reinaugurá-lo, é manifestada a passagem de 
natal e o desejo do homem em mudar (reinaugurar) sua vida e pensar a 
mudança desta vida (começar novo caderno). 
Note no final da segunda estrofe a expressão “explodir suas sementes”. 
É lógico que ela não está em seu sentido direto, denotativo; mas figurado, 
conotativo. Veja os dois-pontos na sequência. Isso quer dizer que há uma 
explicaçãodessa explosão de sementes. 
Para que as sementes explodem? Para germinar, para florescer, para 
gerar nova vida. E o que pensamos nas passagens de ano, não é o mesmo? 
Queremos sempre mudança, sempre pensando positivo para que a vida 
melhore. É esse o desejo do poeta. Mas ele não fala diretamente, mas sugere. 
Aí está a arte, a melodia, o ritmo. 
Veja que “este caderno” é a vida, na qual escrevemos nossa história. O 
verso “que não perca sua atração núbil para o dente” mostra o desejo de que 
os problemas (“o dente”) não destruam nossos objetivos, nossa união 
(“atração núbil”) e que tenhamos sempre entusiasmo em nossa vida para que 
tudo corra bem (conserve vivas suas molas). E assim a vida possa ser melhor 
com nosso desejo vencendo os problemas (o ferro comer a ferrugem / o sim 
comer o não). 
Pela forma como abordamos, veja agora a alternativa (E): 
”No poema, João Cabral manifesta a esperança de que o Natal traga, de fato, 
uma transformação¹, e que, ao contrário de outros natais², seja possível 
começar novo caderno³.” 
 Pois que reinaugurando essa criança 
 pensam os homens 
 reinaugurar a sua vida 
 e começar novo caderno³, 
fresco como o pão do dia; 
pois que nestes dias a aventura 
parece em ponto de voo, e parece 
 que vão enfim poder 
 explodir suas sementes: 
 
 que desta vez² não perca esse caderno³ 
sua atração núbil para o dente; 
que o entusiasmo conserve vivas 
 suas molas, 
e possa enfim o ferro 
 comer a ferrugem 
o sim comer o não. 
Gabarito: E 
1
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Questão 16: É correto perceber no poema uma equivalência entre 
(A) ferrugem e aventura. 
(B) dente e entusiasmo. 
(C) caderno e vida. 
(D) sementes e pão do dia. 
(E) ferro e atração núbil. 
Comentário: Veja que o terceiro e quarto versos são paralelos, ligados pela 
conjunção “e”. Isso mostra a junção de mesmas ideias, mesmos princípios. 
Veja abaixo o poema com as palavras das alternativas em destaque e em 
seguida o significado dessas palavras. 
Pois que reinaugurando essa criança 
pensam os homens 
reinaugurar a sua vida 
e começar novo caderno, 
fresco como o pão do dia;(amanhecer) 
pois que nestes dias a aventura (vontades, desejos) 
parece em ponto de voo, e parece 
que vão enfim poder 
 explodir suas sementes: (trazer consequências boas, nova vida) 
 
que desta vez não perca esse caderno 
 sua atração núbil para o dente; (casamento, enlace) X (problema) 
 que o entusiasmo conserve vivas (vontade, desejo) 
 suas molas, 
e possa enfim o ferro (nosso desejo) 
 comer a ferrugem (nossos problemas)
o sim comer o não. 
Gabarito: C 
Questão 17: Pois que reinaugurando essa criança 
O segmento grifado acima pode ser substituído, no contexto, por: 
(A) Mesmo que estejam. 
(B) Apesar de estarem. 
(C) Ainda que estejam. 
(D) Como estão. 
(E) Mas estão. 
Comentário: Note que essa estrutura é uma oração reduzida de gerúndio. A 
banca nos ajudou muito inserindo 4 alternativas com valor de oposição. As 
alternativas (A), (B) e (C) transmitem valor adverbial concessivo. A 
alternativa (E) possui valor coordenado adversativo. O único diferente é a 
alternativa (D), com o valor adverbial de causa. Por isso esta é a correta. 
Gabarito: D 
Questão 18: que desta vez não perca esse caderno 
Com a frase acima o poeta 
(A) alude a uma impossibilidade. 
(B) exprime um desejo. 
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(C) demonstra estar confuso. 
(D) revela sua hesitação. 
(E) manifesta desconfiança. 
Comentário: Pela nossa explicação anterior, verificamos que há vontade de 
mudança. O verbo “perca” encontra-se no presente do subjuntivo, e sabemos 
que esse tempo verbal exprime desejo, possibilidade. Isso confirma a 
alternativa (B) como correta. 
Gabarito: B 
Assembleia Legislativa SP - 2010 - Analista 
"Nenhum homem é uma ilha", escreveu o inglês John Donne em 1624, 
frase que atravessaria os séculos como um dos lugares-comuns mais citados 
de todos os tempos. Todo lugar-comum, porém, tem um alicerce na realidade 
ou nos sentimentos humanos – e esse não é exceção. Durante toda a história 
da espécie, a biologia e a cultura conspiraram juntas para que a vida humana 
adquirisse exatamente esse contorno, o de um continente, um relevo que se 
espraia, abraça e se interliga. 
A vida moderna, porém, alterou-o de maneira drástica. Em certos 
aspectos partiu o continente humano em um arquipélago tão fragmentado que 
uma pessoa pode se sentir totalmente separada das demais. Vencer tal 
distância e se reunir aos outros, entretanto, é um dos nossos instintos 
básicos. E é a ele que atende um setor do mercado editorial que cresce a 
passos largos: o da autoajuda e, em particular, de uma autoajuda que se 
pode descrever como espiritual. Não porque tenha necessariamente 
tonalidades religiosas (embora elas, às vezes, sejam nítidas), mas porque se 
dirige àquelas questões de alma que sempre atormentam os homens. Como a 
perda de uma pessoa querida, a rejeição ou o abandono, a dificuldade de 
conviver com os próprios defeitos e os alheios, o medo da velhice e da morte, 
conflitos com os pais e os filhos, a frustração com as aspirações que não se 
realizaram, a perplexidade diante do fim e a dúvida sobre o propósito da 
existência. Questões que, como séculos de filosofia já explicitaram, nem 
sempre têm solução clara – mas que são suportáveis quando se tem com 
quem dividir seu peso, e esmagadoras quando se está só. 
As mudanças que conduziram a isso não são poucas nem sutis: na sua 
segunda metade, em particular, o século XX foi pródigo em abalos de 
natureza social que reconfiguraram o modo como vivemos. O campo, com 
suas relações próximas, foi trocado em massa pelas cidades, onde vigora o 
anonimato. As mulheres saíram de casa para o trabalho, e a instituição da 
"comadre" virtualmente desapareceu. Desmanchou-se também a ligação 
quase compulsória que se tinha com a religião, as famílias encolheram 
drasticamente não só em número de filhos mas também em sua extensão. A 
vida profissional se tornou terrivelmente competitiva, o que acrescenta 
ansiedade e reduz as chances de fazer amizades verdadeiras no local de 
trabalho. Também o celular e o computador fazem sua parte, aumentando o 
número de contatos de que se desfruta, mas reduzindo sua profundidade e 
qualidade. 
Perdeu-se aquela vasta rede de segurança que, é certo, originava fofoca 
e intromissão, mas também implicava conselhos e experiência, valores sólidos 
e afeição desprendida, que não aumenta nem diminui em função do sucesso 
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ou da beleza. Essa é a lacuna da vida moderna que a autoajuda vem se 
propondo a preencher: esse sentido de desconexão que faz com que em 
certas ocasiões cada um se sinta como uma ilha desgarrada do continente e 
sem meios de se reunir novamente a ele. 
(Isabela Boscov e Silvia Rogar. Veja, 2 de dezembro de 2009,
pp. 141–143, com adaptações)
Questão 19: A afirmativa inicial do texto significa, em outras palavras, que 
(A) o fato de uma pessoa se manter isolada das demais é um dos aspectos 
inerentes à natureza humana. 
(B) todos os homens podem usufruir, por decisão própria, situações de 
afastamento dos demais, à semelhança de uma ilha. 
(C) o sentimento coletivo transforma os homens num aglomerado de ilhas, 
como num arquipélago. 
(D) o isolamento entre os homens pode fazer parte de sua natureza, embora 
eles vivam em sociedade. 
(E) os homens são dependentes uns dos outros por natureza, distintos das 
ilhas, que são isoladas por definição. 
Comentário: Esta é outra questão localizada, em que a banca situa a 
interpretação a partir de um ponto determinado no texto. 
Na alternativa (A), o erro é dizer que se manter isolado é uma característica 
do serhumano, mas o primeiro parágrafo prova o contrário em: “Durante 
toda a história da espécie, a biologia e a cultura conspiraram juntas para que 
a vida humana adquirisse exatamente esse contorno, o de um continente, um 
relevo que se espraia, abraça e se interliga.” 
Na alternativa (B), uma ilha não tem decisão própria. Aliás, ela não decide 
nada!!!!! 
Na alternativa (C), o sentimento coletivo faz o contrário, ele une, não dá 
margem à individualização (ilha). 
Na alternativa (D), o primeiro parágrafo nos mostra que não faz parte do ser 
humano a cultura de se isolar, mas de se agrupar. 
A alternativa (E) é a correta, pois o homem se interliga (primeiro parágrafo); 
diferente da ilha, cuja definição já é a de isolar-se. 
Gabarito:E 
Questão 20: De acordo com o texto, 
(A) as mudanças sociais ocorridas no século XX alteraram o modo de vida das 
pessoas, permitindo maior aproximação entre elas. 
(B) a transformação de um mundo rural em uma sociedade urbana favoreceu 
o surgimento de uma rede de contatos pessoais mais próximos. 
(C) a ausência de um verdadeiro sentimento religioso induz as pessoas a uma 
insatisfação que marca até mesmo as relações de trabalho na sociedade 
moderna. 
(D) a beleza e o sucesso pessoal passaram a ser mais importantes na vida 
moderna, em detrimento das relações de verdadeira e desinteressada 
afeição. 
(E) a vida moderna instituiu novos padrões e valores que regem a sociedade, 
aproximando os homens em torno de serviços oferecidos pelas cidades. 
Comentário: A correta é a alternativa (D); pois, no último parágrafo, temos 
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os vestígios “Perdeu-se” e “que não aumenta nem diminui em função do 
sucesso ou da beleza”. Isso nos faz inferir que hoje são muito valorizados o 
sucesso e a beleza, algo que não era antigamente e com isso se perdeu “a 
vasta rede de segurança”. 
Note que as demais alternativas possuem ideias bem fora do contexto. 
(A): Segundo o texto, as mudanças ocorridas no século XX estão fazendo o 
ser humano distanciar-se dos outros. 
(B): Esta alternativa está errada pelo mesmo motivo da anterior. Com a 
urbanização, o homem teve a tendência de isolar-se. 
(C): Esta alternativa extrapolou o conteúdo do texto. Não há no texto indício 
de que não há verdadeiro sentimento religioso e que isso induza as pessoas a 
uma insatisfação. 
(E): Esta alternativa também extrapolou o conteúdo do texto no fragmento 
“aproximando os homens em torno de serviços oferecidos pelas cidades”. 
Gabarito:D 
Questão 21: Considerando-se o 2° parágrafo, está INCORRETO o que se 
afirma em: 
(A) O parágrafo se articula com o 1° por meio de uma ressalva, expressa por 
porém. 
(B) O segmento grifado em partiu o continente humano pode ser substituído 
por partiu-lhe. 
(C) Há relação de causa e consequência no segmento um arquipélago tão 
fragmentado que uma pessoa pode se sentir totalmente separada das 
demais. 
(D) Há nele enumeração de situações que exemplificam as questões de alma 
que sempre atormentam os homens. 
(E) Substituindo-se o segmento grifado em quando se está só por estamos, 
a palavra só deverá ir obrigatoriamente para o plural – sós. 
Comentário: Basta notar que foi pedida a alternativa errada. Assim, o verbo 
“partiu” é transitivo direto e “o continente humano” é o objeto direto, só 
cabendo o pronome oblíquo átono “o”. 
Na alternativa (A), bastava o candidato ver a conjunção “porém” 
deslocada (“A vida moderna, porém, alterou-o”) e se lembrar de que as 
conjunções coordenadas adversativas e adverbiais concessivas transmitem 
contraste, oposição e ressalva. 
Na alternativa (C), bastava o candidato verificar a estrutura da oração 
subordinada adverbial consecutiva, a qual exploramos na aula 4. A conjunção 
consecutiva “que” se ligou ao intensificador “tão”, assim temos a oração 
principal (“um arquipélago tão fragmentado” - valor de causa) e a oração 
subordinada adverbial consecutiva (“que uma pessoa pode se sentir 
totalmente separada das demais“ - consequência). 
Na alternativa (D), a palavra denotativa de exemplificação “Como” inicia uma 
sequência de situações (enumeração). Isso serve para confirmar o que se diz 
na oração anterior: “àquelas situações de alma que sempre atormentam os 
homens”. 
Na alternativa (E), bastava atentar-se quanto à concordância nominal do 
adjetivo “só”/”sós”. 
Gabarito: B 
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Questão 22: A expressão cujo sentido está corretamente transcrito, com 
outras palavras, é: 
(A) um alicerce na realidade = uma base na existência efetiva. 
(B) alterou-o de maneira drástica = substituiu-o paulatinamente. 
(C) um arquipélago tão fragmentado = ilhas de relevo acidentado. 
(D) foi pródigo em abalos de natureza social = permitiu algumas alterações na 
sociedade. 
(E) a ligação quase compulsória = uma convicção extrema. 
Comentário: Este tipo de questão é típico da Fundação Carlos Chagas e 
vamos explorar bastante a partir da próxima aula. Não se quer que o 
candidato conheça o sentido de todos os vocábulos, o que deve ser feito é a 
contextualização da palavra. Numa leitura bem atenta do texto, conseguimos 
interpretar o sentido destes vocábulos, mesmo não conhecendo seu sinônimo 
extra-textual. Assim, vamos por eliminação. Normalmente, devemos eliminar 
as alternativas que estão bem fora do contexto. Se ficarmos em dúvida em 
alguma, voltamos ao texto e tiramos a dúvida. Veja: 
Na alternativa (A), “alicerce” tem a ver com “base”, “realidade” tem a 
ver (conotativamente) com “existência efetiva”. Assim, não eliminamos esta 
alternativa, porque tem possibilidades de ser a correta. 
Na alternativa (B), “alterou” tem a ver com “substituiu”, mas “maneira 
drástica” não tem nada a ver com “paulatinamente”. Eliminamos, portanto, 
esta alternativa. 
Na alternativa (C), “arquipélago” tem a ver com “ilhas”, porém “tão 
fragmentado” (sentido figurado, conotativo) não tem nada a ver com “relevo 
acidentado” (sentido real, concreto, denotativo). Também eliminamos. 
Na alternativa (D), “pródigo em abalos” (cheio de, em excesso) não tem 
nada a ver com “permitiu algumas alterações” . Eliminamos mais uma. 
Na alternativa (E), “compulsória” (algo forçado, exigido) não tem nada a 
ver com “extrema”, além de “ligação” não ter a ideia de “convicção”. 
Gabarito: A 
Questão 23: As mudanças que conduziram a isso não são poucas nem 
sutis... (3° parágrafo) 
A expressão grifada refere-se, corretamente, 
(A) às condições impostas tanto pela biologia quanto pela cultura ao modo de 
vida que se desenhou nos dias de hoje. 
(B) ao crescimento de um tipo de literatura que se difundiu pelo mundo todo, 
como alternativa à perda do antigo sentimento religioso. 
(C) à retomada do espírito de união que sempre caracterizou os agrupamentos 
humanos, com a consciência de que cada um é parte de um todo social. 
(D) às questões existenciais que se agravaram diante da percepção de 
isolamento existente nas contingências da vida moderna. 
(E) à certeza de que frases que se tornam repetitivas ao longo do tempo 
constituem a base da autoajuda, tão importante nos dias de hoje. 
Comentário: Esta questão trabalha o assunto coesão referencial, isto é, a 
quem o vocábulo se refere. Perceba onde se localiza esta palavra, ela retoma 
expressão anterior: a enumeração dos exemplos de situações que envolvem 
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as questões existências. Por isso, a alternativa (D) é a correta. 
Gabarito: D 
Questão 24: E é a ele que atende um setor do mercado editorial que cresce a 
passos largos... (2° parágrafo) 
O pronome grifado acima substitui corretamente, considerando-se o contexto, 
(A) um arquipélago fragmentado. 
(B) um relevo que se espraia. 
(C) um dos nossos instintos básicos.(D) um dos lugares-comuns mais citados de todos os tempos. 
(E) um setor de autoajuda do mercado editorial. 
Comentário: Outra questão de coesão referencial. Observe o posicionamento 
no texto deste pronome. Veja a quem se liga: ao termo anterior. Esse termo é 
“um dos nossos instintos básicos”. Note que “ele” retoma o núcleo “um”, por 
isso está no singular e masculino. 
Gabarito: C 
DNOCS – 2010 Superior 
Texto: 
Cultura de massa e cultura popular 
O poder econômico expansivo dos meios de comunicação parece ter 
abolido, em vários momentos e lugares, as manifestações da cultura popular, 
reduzindo-as à função de folclore para turismo. Tal é a penetração de certos 
programas de rádio e TV junto às classes pobres, tal é a aparência de 
modernização que cobre a vida do povo em todo o território brasileiro, que, à 
primeira vista, parece não ter sobrado mais nenhum espaço próprio para os 
modos de ser, pensar e falar, em suma, viver, tradicionais e populares. 
A cultura de massa entra na casa do caboclo e do trabalhador da 
periferia, ocupando-lhe as horas de lazer em que poderia desenvolver alguma 
forma criativa de autoexpressão; eis o seu primeiro tento. Em outro plano, a 
cultura de massa aproveita-se dos aspectos diferenciados da vida popular e os 
explora sob a categoria de reportagem popularesca e de turismo. O 
vampirismo é assim duplo e crescente; destrói-se por dentro o tempo próprio 
da cultura popular e exibe-se, para consumo do telespectador, o que restou 
desse tempo, no artesanato, nas festas, nos ritos. Poderíamos, aqui, 
configurar com mais clareza uma relação de aparelhos econômicos industriais 
e comerciais que exploram, e a cultura popular, que é explorada. Não se 
pode, de resto, fugir à luta fundamental: é o capital à procura de matéria-
prima e de mão de obra para manipular, elaborar e vender. A macumba na 
televisão, a escola de samba no Carnaval estipendiado para o turista, são 
exemplos de conhecimento geral. 
No entanto, a dialética é uma verdade mais séria do que supõe a nossa 
vã filosofia. A exploração, o uso abusivo que a cultura de massa faz das 
manifestações populares não foi ainda capaz de interromper para sempre o 
dinamismo lento, mas seguro e poderoso da vida arcaico-popular, que se 
reproduz quase organicamente em microescalas, no interior da rede familiar e 
comunitária, apoiada pela socialização do parentesco, do vicinato e dos grupos 
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religiosos. 
(Alfredo Bosi. Dialética da colonização. S. Paulo: Companhia
das Letras, 1992, pp. 328-29)
Questão 25: Tomando como referências a cultura de massa e a cultura 
popular, o autor do texto considera que, entre elas, 
(A) não há qualquer relação possível, uma vez que configuram universos 
distintos no tempo e no espaço. 
(B) há uma relação de necessária interdependência, pois não há sociedade 
que possa prescindir de ambas. 
(C) há uma espécie de simbiose, uma vez que já não é possível distinguir 
uma da outra. 
(D) há uma relação de apropriação, conforme se manifestam os efeitos da 
primeira sobre a segunda. 
(E) há uma espécie de dialética, pois cada uma delas se desenvolve à medida 
que sofre a influência da outra. 
Comentário: Notamos ao longo do texto um contraste entre a cultura de 
massa e a cultura popular, em que a primeira tenta se apoderar da segunda. 
Assim, a alternativa (D) é a correta, pois realmente há uma relação de 
apropriação da cultura de massa sobre a cultura popular. Note que esta 
alternativa não possui palavras categóricas. Assim, entendemos que de 
maneira geral ocorre essa apropriação, mesmo não sendo total. 
Você poderia ter ficado na dúvida em relação à alternativa (E), mas veja 
que nela é dito que uma sofre a influência da outra. Como não há uma 
identificação das culturas, nenhum trecho nos induz a interpretar que haveria 
uma influência mútua: a cultura de massa influenciaria a cultura popular e 
vice-versa. Isso confirma a alternativa como errada. 
A alternativa (A) está bem fora, pois a palavra “qualquer” é categórica e 
transmite uma interpretação bem equivocada. 
A alternativa (B) está errada, pois não há uma relação de necessária 
interdependência. 
A alternativa (C) está errada, pois todo o texto mostra os contrastes 
entre essas culturas, assim não há simbiose (associação entre dois seres em 
comum). 
Gabarito: D 
Questão 26: Atente para as seguintes afirmações: 
I. No primeiro parágrafo, afirma-se que a modernização é determinante 
para a sobrevivência de algumas formas autênticas da cultura popular. 
II. No segundo parágrafo, a expropriação sofrida pela cultura de massa é 
vista na sua concomitância com o desprestígio da cultura popular. 
III. No terceiro parágrafo, aponta-se a resistência das manifestações de 
cultura popular, observadas em determinados círculos sociais. 
Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em 
(A) I. 
(B) II. 
(C) III. 
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(D) I e II. 
(E) II e III. 
Comentário: A afirmativa I está errada, pois a modernização não é 
determinante para a cultura popular. 
A afirmativa II está errada, pois quem sofre expropriação é a cultura 
popular. 
A afirmativa III está correta, pois realmente no terceiro parágrafo há um 
contraste, mostrando que a cultura popular ainda resiste (“A exploração, o 
uso abusivo que a cultura de massa faz das manifestações populares não foi 
ainda capaz de interromper para sempre o dinamismo lento, mas seguro e 
poderoso da vida arcaico-popular”). 
Além disso, foi afirmado que isso ocorre em alguns círculos sociais. Veja 
o trecho que comprova isso: ”que se reproduz quase organicamente em 
microescalas, no interior da rede familiar e comunitária, apoiada pela 
socialização do parentesco, do vicinato e dos grupos religiosos”. 
Assim, a alternativa correta é a (C). 
Gabarito: C 
Questão 27: Um mesmo fenômeno é expresso pelos segmentos: 
(A) poder econômico expansivo e socialização do parentesco. 
(B) aparência de modernização e forma criativa de autoexpressão. 
(C) aspectos diferenciados da vida popular e reportagem popularesca. 
(D) aparelhos econômicos e a dialética é uma verdade mais séria. 
(E) o dinamismo lento e se reproduz quase organicamente. 
Comentário: Esta questão cobrou simplesmente a localização dos trechos no 
texto e a observação da referência ao mesmo argumento (fenômeno). 
Na alternativa (A), “poder econômico expansivo” refere-se aos meios de 
comunicação (cultura de massa); já “socialização do parentesco” refere-se à 
cultura popular. Assim, fenômenos diferentes. 
Na alternativa (B), “aparência de modernização” é o mascaramento 
provocado pela cultura de massa; já a “forma criativa de autoexpressão” se 
refere à cultura popular. Assim, fenômenos diferentes. 
Na alternativa (C), “aspectos diferenciados da vida popular” se refere à 
cultura popular; já “reportagem popularesca” refere-se à cultura de massa. 
Assim, fenômenos diferentes. 
Na alternativa (D), “aparelhos econômicos” refere-se à cultura de 
massa; mas “dialética é uma verdade mais séria” é trecho que trata da cultura 
popular. Assim, fenômenos diferentes. 
A alternativa (E) é a correta, pois se refere ao mesmo fenômeno: a 
cultura popular. Para isso, basta verificar este trecho no texto: "o dinamismo 
lento, mas seguro e poderoso da vida arcaico-popular, que se reproduz 
quase organicamente em microescalas". 
Gabarito: E 
Questão 28: Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o 
sentido de um segmento em: 
(A) reduzindo-as à função (1º parágrafo) = incitando-as à extrapolação. 
(B) vampirismo (...) crescente (2º parágrafo) = progressiva avidez. 
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(C) seu primeiro tento (2º parágrafo) = sua primitiva

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