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PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula 06 Compreensão e interpretação de textos. Tipologia textual. Olá, pessoal! Esta seria a última aula, mas preferi incluir mais duas para que tenhamos espaço para trabalhar melhor as questões. Por isso, segue a aula 7 e uma aula extra com comentário de provas juntamente com esta. Quanto ao assunto interpretação de texto, vamos observar que a banca Fundação Carlos Chagas trabalha a interpretação de uma forma bem clara. Você deve se lembrar do seguinte: todo professor que propõe qualquer questão de concurso tem que provar que a alternativa eleita por ele como correta é a única resposta possível. Para isso, as bancas cobram tudo documentado: os fundamentos, prováveis recursos, índice de dificuldade, tempo aproximado de resolução. Com a interpretação de texto é a mesma coisa. Interpretar não é algo subjetivo, como muitos têm dito por aí. Entender o texto tem sua lógica, seu princípio norteador, e a banca FCC sabe cobrar isso como ninguém. Assim, quem monta a questão de interpretação tem que provar no texto qual a alternativa é a correta. Por isso, não podemos resolver questões de interpretação somente no achismo. Temos que provar que nossa alternativa é a correta, com fundamento no texto. É importante notarmos que, dentro de um texto, há informações implícitas (aquilo que o texto sugere) e explícitas (aquilo que está escrito literalmente). É mais fácil o concursando encontrar as informações explícitas, por isso basicamente as bancas examinadoras exploram o outro tipo de informação: o implícito – o autor não mostra claramente, mas a interpretação bem feita alcança essa informação. Toda informação implícita do texto é “carregada” de vestígios. Como em uma investigação, o criminoso não está explícito, mas ele existe. Um bom investigador é um excelente leitor de vestígios. Assim, vestígios podem ser: uma palavra irônica, as características do ambiente e do personagem, a época em que o texto foi escrito ou a que o texto se refere, o vocabulário do autor, o rodapé do texto, as figuras de linguagem, o uso da primeira ou terceira pessoa verbal etc. Tudo isso pode indicar a intenção do autor ao escrever o texto, daí se tira o vestígio que nos leva à boa interpretação. Portanto, não se deixe levar pelo tamanho do texto antes de lê-lo. Há texto chato, e outros intrigantes. Ao iniciar sua leitura, faça-a duas ou três vezes, atentamente, antes de responder a qualquer pergunta. Primeiro, é preciso captar sua mensagem, entendê-lo como um todo, e isso não pode ser alcançado com uma simples leitura. A cada leitura, novas ideias serão Português para Tribunal Regional Eleitoral - PE (questões comentadas) PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 2 assimiladas. Tenha a paciência necessária para agir assim. Só depois tente resolver as questões propostas. As questões da Fundação Carlos Chagas têm uma tendência: elas podem ser localizadas (voltadas só para um determinado trecho do texto) ou referir- se ao conjunto, às ideias gerais do texto. No primeiro caso, leia não apenas o trecho (às vezes uma linha) referido, mas todo o parágrafo em que ele se situa. Lembre-se: quanto mais você ler, mais entenderá o texto. Tudo é uma questão de costume, e você vai acostumar-se a agir dessa forma. Lembre-se, ainda, de que a banca examinadora não pede a “sua opinião”, mas a “interpretação” da opinião do autor. Tenha paciência, aplicação e perseverança: afinal, concurso é isso! TIPOLOGIA TEXTUAL Veremos apenas o essencial da tipologia, noções que podem ajudá-lo a acertar determinadas questões da prova. I) Descrição Um texto se diz descritivo quando tem por base o objeto, a coisa, a pessoa. Mostra detalhes, que podem ser físicos, morais, emocionais, espirituais. Nota-se que a intenção é realmente descrever, daí a palavra descrição. Veja o exemplo abaixo: “Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar, nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.” (José de Alencar, Iracema) Uma característica marcante da descrição é a forte adjetivação que leva o leitor a visualizar o ser descrito. No trecho em estudo, o homem visto por Iracema é branco, tem olhos tristes; as águas são profundas, e os tecidos e armas, ignotos, ou seja, desconhecidos. Observe como a palavra “todo” revela a perplexidade do guerreiro, extático a observar a jovem índia à sua frente. Veja, agora, outro exemplo de trecho descritivo, na realidade uma autodescrição. “Meus cabelos eram muito bonitos, dum negro quente, acastanhado nos reflexos. Caíam pelos meus ombros em cachos gordos, com ritmos pesados de molas de espiral.” (Mário de Andrade, Tempo da Camisolinha) Texto Injuntivo É aquele por meio do qual se tenta convencer o receptor (quem ouve) a atender a vontade do emissor (quem fala). Visa convencer o ouvinte a obedecer a uma vontade desse emissor (quem fala), a fazer ou não algo, seja ordenando ou pedindo gentilmente. Os verbos imperativos são amplamente utilizados no texto injuntivo. Essa modalidade textual é recorrente em publicidade. Veja alguns exemplos de texto injuntivo: PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 3 - Coooompre batom! Cooooompre batom! Seu filho merece batom! (comercial veiculado por muito tempo a TV) - Está muito frio hoje, leve o agasalho quando sair. -Não pise a grama! -Te amarei por toda a vida, case-se comigo! -Filhinho, vem almoçar, vem?! Texto Injuntivo, também chamado prescritivo, não é só um ordem. Pode ser também uma sugestão, conselho, alerta, pedido, convite, instrução, súplica, dependendo do contexto e do tom, mas sempre objetivará que o receptor/leitor/ouvinte, realize ou não o que o emissor/falante está "prescrevendo", indicando. Veja mais alguns exemplos: - Cuidado com o cão! Afaste-se! - Se preferir, acrescente coco ralado à mistura. - Dobre a primeira à direita e depois siga em frente até o final da rua. - Venha para a minha festa de aniversário. Estou aguardando. - Pode esfriar à noite. Leve mais este casaco. - Certifique-se de que a peça foi colocada II) Narração Quando o texto está centrado no fato, no acontecimento, diz-se que se trata de uma narração. Palavra derivada do verbo narrar, narração é o ato de contar alguma coisa. Novelas, romances, contos são textos basicamente narrativos. São os seguintes os elementos de uma narração: 1) Narrador É aquele que narra, conta o que se passa supostamente aos seus olhos. Quando participa da história, é chamado de narrador-personagem. Então a narrativa fica, normalmente, em 1ª pessoa. Porém, quando o narrador não participa da história, o verbo fica na terceira pessoa, ocorrendo, então, o narrador-observador 2) Personagens São os elementos, usualmente pessoas, que participam da história. Mas os personagens podem ser coisas ou animais, como no romance O Trigo e o Joio, de Fernando Namora, em que o personagem principal, isto é, protagonista, é uma burra. 3) Enredo É a história propriamente dita, a trama desenvolvida em torno dos personagens. 4) Tempo PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 4 O momento em que a história se passa. Pode ser presente, passado ou futuro. 5) Ambiente O lugar em que a trama se desenvolve. Pode, naturalmente, variar muito, no desenrolar da narrativa. Eis, a seguir, um bom exemplo de texto narrativo, em que todos os elementos se fazem presentes. “Muitos anos mais tarde, Ana Terra costumava sentar-se na frente de sua casa para pensar nopassado. E no seu pensamento como que ouvia o vento de outros tempos e sentia o tempo passar, escutava vozes, via caras e lembrava-se de coisas... O ano de 81 trouxera um acontecimento triste para o velho Maneco: Horácio deixara a fazenda, a contragosto do pai, e fora para o Rio Pardo, onde se casara com a filha dum tanoeiro e se estabelecera com uma pequena venda.” (Érico Veríssimo, O Tempo e o Vento) O trecho do grande romance de Érico Veríssimo está situado no tempo (81), faz menção a lugares onde a trama se desenvolve e apresenta personagens, como Ana Terra e Seu Maneco. E, é claro, alguém está contando: é o narrador da história. (narrador-observador) Veja mais um exemplo de narração, agora com o narrador-personagem. “Hoje estive na loja de Seu Chamun, uma tristeza. Poeira e cisco por toda parte, qualquer dia vira monturo. Os dois empregados do meu tempo foram embora, não sei se dispensados, e o dono não tem disposição para limpar.” (José J. Veiga, Sombras de Reis Barbudos) 6) Discurso Os personagens que participam da história evidentemente falam. É o que se conhece como discurso, que pode ser: a) Direto O narrador apresenta a fala do personagem, integral, palavra por palavra. Geralmente se usam dois pontos e travessão. Ex.: O funcionário disse ao patrão: - Espero voltar no final do expediente. Rui perguntou ao amigo: - Posso chegar mais tarde? b) Indireto O narrador incorpora à sua fala a fala do personagem. O sentido é o mesmo do discurso direto, porém é utilizada uma conjunção integrante (que ou se) para fazer a ligação. Ex.: O funcionário disse ao patrão que esperava voltar no final do expediente. Rui perguntou ao amigo se poderia chegar mais tarde. Obs.: O conhecimento desse assunto é muito importante para as questões que envolvem as paráfrases. Cuidado, pois, com o sentido. Procure PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 5 ver se está sendo respeitada a correlação entre os tempos verbais e entre determinados pronomes. Abaixo, outro exemplo, bem elucidativo. Minha colega me afirmou: - Estarei aqui, se você precisar de mim. Minha colega me afirmou que estaria lá se eu precisasse dela. O sentido é, rigorosamente, o mesmo. Foi necessário fazer inúmeras adaptações. c) Indireto livre É praticamente uma fusão dos dois anteriores. Percebe-se a fala do personagem, porém sem os recursos do discurso direto (dois pontos e travessão) nem do discurso indireto (conjunções “que” ou “se”). Ex.: Ele caminhava preocupado pela avenida deserta. Será que vai chover, logo hoje, com todos esses compromissos!? III) Dissertação Um texto é dissertativo quando tem como centro a ideia. Seu objetivo é falar sobre um tema. O texto dissertativo pode se dividir em dois tipos: a) Quando o autor apenas transmite os saberes de uma comunidade (como em livros didáticos, enciclopédias etc), não colocando sua opinião sobre o assunto, mas apenas os dados objetivos, diz-se que o texto é dissertativo-expositivo. b) Quando o autor transmite sua opinião dentro do texto, diz-se que o é dissertativo-argumentativo ou opinativo. Geralmente é o que se cobra em concursos públicos, tanto em interpretação de textos quanto na elaboração de redações. Divide-se em: 1) Introdução Período de pouca extensão em que se apresenta uma idéia, uma afirmação que será desenvolvida nos parágrafos seguintes. É nele que se localiza o chamado tópico frasal, aquele período-chave em que se baseia todo o texto. 2) Desenvolvimento Um ou mais parágrafos de extensão variada, de acordo com a necessidade da composição. É nele que se argumenta, discute, opina, rebate. É o corpo da redação. 3) Conclusão Parágrafo curto com que se encerra a descrição. É também chamado de fecho. Há várias modalidades de conclusão: resumo da redação, citação de alguém famoso, opinião final contundente etc. Veja exemplo de trechos dissertativos. “De muitas maneiras, o emprego de alto funcionário público é um sacerdócio, porém pior, pois é exercido sob os olhares atentos da PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 6 imprensa. O cidadão comum, tornado autoridade, transforma-se, do dia para a noite, numa espécie de âncora de noticiário. Não deve gaguejar, improvisar nem correr riscos em temas polêmicos.” (Gustavo Franco, na Veja 1782) “Entende-se por juízo um pensamento por meio do qual se afirma ou nega alguma coisa, se enuncia algo; serve para estabelecer relação entre duas idéias. Emitir um juízo é o mesmo que julgar. A inteligência opera por meio de juízos; raciocinar consiste em encadear juízos para tirar uma conclusão.” (Carlos Toledo Rizzini, Evolução para o Terceiro Milênio) “Insistamos sobre esta verdade: a guerra de Canudos foi um refluxo em nossa história. Tivemos, inopinadamente, ressurreta e em armas em nossa frente, uma sociedade velha, uma sociedade morta, galvanizada por um doido.” (Euclides da Cunha, Os Sertões) Observações a) Um texto, às vezes, apresenta tipologia mista. Uma narração, por exemplo, pode conter traços dissertativos ou descritivos. Aliás, isso é frequente. Não há rigor absoluto. b) Se destacamos apenas um trecho de uma determinada obra, compreensivelmente todos os elementos que caracterizam sua tipologia podem não estar presentes. Por exemplo, os três trechos dissertativos apresentados, sendo parágrafos isolados, não contêm introdução, desenvolvimento e conclusão, o que não impede que os classifiquemos daquela forma. c) O tema costuma sugerir uma determinada tipologia, mas também aqui não há nada de absoluto. Digamos que se queira escrever sobre um passeio. A princípio, pensa-se numa narração. Porém, o autor pode prender-se a detalhes do lugar, das pessoas, do transporte utilizado etc. Teríamos então uma descrição. Por outro lado, ele pode falar da importância do lazer na vida das pessoas, para a sua saúde física ou mental etc. Dessa forma, desenvolvendo idéias, cairíamos em uma dissertação. Para aplicarmos esses conhecimentos, segue abaixo duas atividades retiradas de provas de várias bancas. 1. Numere os parágrafos a seguir, identificando o tipo de texto apresentado: (1) dissertação (2) narração (3) descrição ( ) Acreditamos firmemente que só o esforço conjunto de toda a nação brasileira conseguirá vencer os gravíssimos problemas econômicos, por todos há muito conhecidos. Quaisquer medidas econômicas, por si só, não são capazes de alterar a realidade, se as autoridades que as elaboram não contarem com o apoio da opinião pública, em meio a uma comunidade de cidadãos conscientes. ( ) Nas proximidades deste pequeno vilarejo, existe uma chácara de beleza incalculável. Ao centro avista-se um lago de águas cristalinas. Através delas, vemos a dança rodopiante dos pequenos peixes. Em volta deste lago pairam, imponentes, árvores seculares que parecem testemunhas vivas de tantas histórias que se sucederam pelas gerações. A relva, brilhando ao sol, estende- PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 7 se por todo aquele local, imprimindo à paisagem um clima de tranqüilidade e aconchego. ( ) As crianças sabiam que a presença daquele cachorro vira-lata em seu apartamento seria alvo da mais rigorosa censura de sua mãe. Não tinha qualquer cabimento: um apartamento tão pequeno que mal acolhia Álvaro, Alberto e Anita, além de seus pais, ainda tinha de dar abrigo a um cãozinho! Os meninos esconderam o animal em um armário próximo ao corredor e ficaram sentados na sala à espera dos acontecimentos. No fim da tarde a mãe chegou do trabalho. Não tardou em descobrir o intruso e a expulsá-lo, sob os olhares aflitos de seus filhos. ( ) Joaquim trabalhava em um escritório que ficava no 12º andar de um edifício da Avenida Paulista. De lá avistavatodos os dias a movimentação incessante dos transeuntes, os frequentes congestionamentos dos automóveis e a beleza das arrojadas construções que se sucediam do outro lado da avenida. Estes prédios moderníssimos alternavam-se com majestosas mansões antigas. O presente e o passado ali se combinavam e, contemplando aquelas mansões, podia-se, por alto, imaginar o que fora, nos tempos de outrora, a paisagem desta mesma avenida, hoje tão modificada pela ação do progresso. ( ) Dizem as pessoas ligadas ao estudo da Ecologia que são incalculáveis os danos que o homem vem causando ao meio ambiente. O desmatamento de grandes extensões de terra, transformando-as em verdadeiras regiões desérticas, os efeitos nocivos da poluição e a matança indiscriminada de muitas espécies são apenas alguns dos aspectos a serem mencionados. Os que se preocupam com a sobrevivência e o bem-estar das futuras gerações temem que a ambição desmedida do homem acabe por tornar esta terra inabitável. ( ) O candidato à vaga de administrador entrou no escritório onde iria ser entrevistado. Ele se sentia inseguro, apesar de ter um bom currículo, mas sempre se sentia assim quando estava por ser testado. O dono da firma entrou, sentou-se com ar de extrema seriedade e começou a lhe fazer as perguntas mais variadas. Aquele interrogatório parecia interminável. Porém, toda aquela sensação desagradável dissipou-se quando ele foi informado de que o lugar era seu. 2. Leia o texto e marque a alternativa correta. Para que a democracia seja efetiva, é necessário que as pessoas se sintam ligadas aos seus concidadãos e que essa ligação se manifeste por meio de um conjunto de organizações e instituições extramercado. Uma cultura política atuante precisa de grupos comunitários, bibliotecas, escolas públicas, associações de moradores, cooperativas, locais para reuniões públicas, associações voluntárias e sindicatos que propiciem formas de comunicação, encontro e interação entre os concidadãos. A democracia neoliberal, com sua idéia de mercado über alles, nunca leva em conta essa atuação. Em vez de cidadãos, ela produz consumidores. Em vez de comunidades, produz shopping centers. O que sobra é uma sociedade atomizada, de pessoas sem compromisso, desmoralizadas e socialmente impotentes. PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 8 Em suma, o neoliberalismo é o inimigo primeiro e imediato da verdadeira democracia participativa, não apenas nos Estados Unidos, mas em todo o planeta, e assim continuará no futuro previsível. Robert W. McChesney. Introdução. In: Noam Chomsky. O lucro ou as pessoas? Neoliberalismo e ordem global. Pedro Jorgensen Jr. (Trad.). 4.ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004 (com adaptações). Quanto à tipologia do texto, (A) o produtor do texto apresenta, em narrativa concisa, a trajetória contemporânea da democracia neoliberal em direção a um futuro previsível. (B) trata-se de texto expositivo, de caráter intimista, em que o autor apresenta suas impressões pessoais a respeito do neoliberalismo e da influência norte-americana sobre o futuro da humanidade. (C) Em um texto eminentemente descritivo, o autor estabelece, de modo subjetivo, um paralelo entre dois tipos de democracia cujas ações atendem, de modo diferenciado, aos interesses populares. (D) No texto, identifica-se uma parte narrativa, em que o autor relata o surgimento da democracia neoliberal, e outra descritiva, por meio da qual o produtor enumera, objetivamente, as características da democracia participativa. (E) O texto caracteriza-se como dissertativo-argumentativo, no qual o autor, contrapondo dois tipos de sistema político, manifesta-se contra os efeitos nocivos de um sobre o outro. Veja se você acertou: Questão 1: 1, 3, 2, 3, 1, 2 Questão 2: E Perceba que a narrativa é marcada com verbos que transmitem uma evolução temporal (primeiro se realiza uma ação, depois outra e assim por diante). É como se visualizássemos um filme, um teatro. Já a descrição é marcada pela “imagem”, a percepção estática, como uma foto, um quadro. Bem diferente da narrativa, concorda? Os textos dissertativos transmitem uma discussão sobre algo ou simplesmente relatam os conceitos sobre determinado assunto. TRT 17ª R - 2004 - Analista Pobreza e indigência Como se quantifica o número de pobres existentes no Brasil? É necessário, em primeiro lugar, definir o que é um pobre. Pouca gente teria dificuldade em dar sua própria definição. Provavelmente a maioria diria que os pobres são aqueles que ganham mal e têm pouco ou nenhum patrimônio. São as pessoas que pedem dinheiro nas ruas ou vivem de trabalhos precários. Embora suficiente para conversas informais sobre o assunto, trata-se de definição muito imprecisa. Um exemplo: como qualificar empregadas domésticas que trabalham em casas de famílias ricas de São Paulo, Porto Alegre ou Rio de Janeiro? Em comparação com os patrões, é razoável imaginar que elas sejam consideradas pobres, mas em comparação com um PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 9 miserável do interior do Nordeste, que passa fome durante vários meses do ano, certamente isso não seria verdade. Para que a discussão sobre o tema possa ser feita em bases mais sólidas, é vital avançar para uma definição mais rigorosa. Na maioria dos trabalhos acadêmicos, a contagem dos pobres é realizada da seguinte forma: admite-se, em primeiro lugar, uma cesta de bens e serviços (alimentos, transporte, moradia etc.) à qual todo mundo deveria ter acesso para não ser considerado pobre. A seguir, atribui-se um valor monetário a essa cesta (que pode variar de região para região), também chamado de linha de pobreza. A partir daí, verifica-se quem tem renda superior ao valor da cesta (os que não são pobres) e quem tem renda inferior (os que são pobres). É claro que aqueles com renda inferior não conseguem comprar todos os bens e serviços da cesta. Portanto, o número de pobres depende sempre da definição do que é a linha de pobreza. O mesmo argumento vale para a linha de indigência. A cesta de bens inclui, nesse caso, apenas os alimentos mínimos necessários para que a pessoa permaneça viva, de acordo com os padrões da Organização Mundial da Saúde. Ou seja, teoricamente, quem está abaixo da linha de indigência não conseguiria sequer sobreviver – se o faz é porque complementa minimamente sua renda com esmolas ou algum tipo de cultura de subsistência, que representa um recurso adicional que não é levado em conta pelos pesquisadores. (André Lahóz. Revista VEJA, 15/05/2002) Questão 1: De acordo com o texto, uma quantificação objetiva do número de pobres no Brasil depende (A) de uma fixação criteriosa do que seja, exatamente, a linha de indigência. (B) da fixação do valor monetário de uma determinada cesta de bens e serviços. (C) dos padrões que venham a ser fixados pela Organização Mundial de Saúde. (D) dos critérios acadêmicos que permitem subestimar as diferenças regionais. (E) de pesquisas orientadas por diferentes critérios e metodologia. Comentário: É importante responder à questão sempre por eliminação. Assim, a primeira passagem nas alternativas não assegurará a correta. O que sobrar das eliminações, nós voltaremos para confirmar no texto. Na alternativa (A), perceba que o texto faz menção à linha de indigência (3º parágrafo), que é um nível ainda mais baixo em relação à linha da pobreza. Além disso, “exatamente” é palavra categórica que fixa a quantificação do número de pobres com a precisão da linha de indigência, o que não é correto. Assim, esta pode ser eliminada. A alternativa (B) parece ser a correta, pois o início do segundo parágrafo está bem claro: “Para que a discussão sobre o tema possa ser feita em bases mais sólidas (quantificação objetiva), é vital avançar para uma definiçãomais rigorosa. Na maioria dos trabalhos acadêmicos, a contagem dos pobres é realizada da seguinte forma: admite-se, em primeiro lugar, uma cesta de bens e serviços (alimentos, transporte, moradia etc.) à qual todo mundo deveria ter acesso para não ser considerado pobre. A seguir, atribui-se um valor monetário a PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 10 essa cesta...”. Mas devemos confirmar com as demais alternativas. Na alternativa (C), perceba que a Organização mundial da Saúde fixa a linha de indigência: “O mesmo argumento vale para a linha de indigência. A cesta de bens inclui, nesse caso, apenas os alimentos mínimos necessários para que a pessoa permaneça viva, de acordo com os padrões da Organização Mundial da Saúde.” Na alternativa (D), observa-se que o texto não deixa dúvida que se deve levar em conta a região em que se vive: “A seguir, atribui-se um valor monetário a essa cesta (que pode variar de região para região), também chamado de linha de pobreza.”. Na alternativa (E), há erro, porque o texto é bem claro ao definir a linha de pobreza. Assim, a metodologia e os critérios foram expostos objetivamente. Ele não é vago e diverso como expõe esta alternativa. Assim, passamos por todas as alternativas e vimos que a única que preencheu corretamente o pedido da questão foi a (B). Lembre-se de que eliminamos todas primeiro, para depois nos certificarmos de que esta é a correta. Essa será a nossa forma de abordagem das interpretações de texto. Gabarito: B Questão 2: Considere as seguintes afirmações: I. A maioria das pessoas tem uma precária definição do que seja pobreza, precariedade que compromete o nível das pesquisas acadêmicas sobre o tema. II. O acesso ou falta de acesso a determinados bens e serviços é um critério pelo qual se identificam os que estão acima e os que estão abaixo da linha de pobreza. III. A linha de indigência é definida pelo acesso parcial de um indivíduo tanto aos bens como aos serviços considerados essenciais para o pleno exercício de sua cidadania. Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em (A) I. (B) I e II. (C) II. (D) II e III. (E) III. Comentário: Este tipo de questão aborda o conteúdo localizado no texto. A frase I quer do candidato a inferência do texto. Os dados não estão literalmente escritos, mas podemos entender que o fato de a população não saber determinar o que venha a ser a linha de pobreza não implica dificuldade para os técnicos fazerem isso. Os vestígios que confirmam isso são encontrados no primeiro parágrafo. Como temos certeza de que esta afirmativa está errada, podemos eliminar as alternativas (A) e (B). Na frase II, percebemos que “... quem tem renda superior ao valor da cesta (os que não são pobres) e quem tem renda inferior (os que são pobres).” são dados literais do texto. Poderíamos ter dúvida apenas na falta da palavra “respectivamente” na alternativa, pois o candidato poderia se enrolar no entendimento da questão. Veja: PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 11 “O acesso ou falta de acesso a determinados bens e serviços é um critério pelo qual se identificam os que estão acima e os que estão abaixo da linha de pobreza (respectivamente).” Por isso, ficaríamos na dúvida, então não eliminamos a alternativa, nem adotamos como correta. A frase III está errada, porque considera que a linha de indigência é definida pelo acesso parcial de um indivíduo tanto aos bens como aos serviços considerados essenciais para o pleno exercício de sua cidadania. A banca queria chamar a atenção sobre a ressalva dada no texto de que a linha de indigência é teórica, pois quem está abaixo dela não conseguiria sobreviver, mas consegue por contar com algum recurso adicional. Mas esse adicional não é considerado pelos pesquisadores. Se o fosse, entenderíamos como acesso parcial. Assim, os pesquisadores são categóricos: estando acima da linha ou abaixo dela, define-se teoricamente o não-indigente ou o indigente. Veja: Ou seja, teoricamente, quem está abaixo da linha de indigência não conseguiria sequer sobreviver – se o faz é porque complementa minimamente sua renda com esmolas ou algum tipo de cultura de subsistência, que representa um recurso adicional que não é levado em conta pelos pesquisadores. Assim, veja que a dúvida que havia na frase II agora não há mais; pois é a única alternativa possível. Vendo mais claramente, observamos que faltou o advérbio “respectivamente”, mas podemos entender que não houve incoerência sem ele. Gabarito: C Questão 3: No segundo parágrafo, a utilização das expressões em primeiro lugar, a seguir e a partir daí presta-se a descrever uma metodologia de trabalho baseada em (A) um alargamento de possibilidades. (B) uma concomitância de fatos. (C) uma série de alternativas. (D) um encadeamento de operações. (E) uma sucessão de hipóteses. Comentário: Vamos aos trechos em que haja esses conectivos para melhor visualização da resposta correta. ...admite-se, em primeiro lugar, uma cesta de bens e serviços (alimentos, transporte, moradia etc.) à qual todo mundo deveria ter acesso para não ser considerado pobre. A seguir, atribui-se um valor monetário a essa cesta (que pode variar de região para região), também chamado de linha de pobreza. A partir daí, verifica-se quem tem renda superior ao valor da cesta (os que não são pobres) e quem tem renda inferior (os que são pobres). Na alternativa (A), transmite-se uma imprecisão que não cabe ao contexto (“alargamento de possibilidades”). Na alternativa (B), perceba que “concomitância” significa ao mesmo tempo. É justamente o contrário que expressam esses conectivos. Na alternativa (C), “uma série de alternativas” tem valor bem parecido com a alternativa (A). Perceba que não há alternativas, mas um acúmulo de PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 12 procedimentos para uma só conclusão. A alternativa (D) é a correta, pois “encadeamento” é justamente o que requer a interpretação dos conectivos acima negritados no texto, pois se mostra uma sequência de ações, procedimentos a serem tomados. Mas ainda não temos certeza, temos que verificar o último. Na alternativa (E), há transmissão de ideia parecida com as alternativas (A) e (C). Não houve abertura para várias alternativas, hipóteses ou possibilidades, mas uma sequência de procedimentos que levam a uma situação. Assim, confirmamos a (D) como correta. Gabarito: D Questão 4: Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente o sentido de uma expressão do texto em (A) embora suficiente = ainda que bastante (B) em bases mais sólidas = de modo mais especulativo (C) atribui-se um valor monetário = calcula-se a demanda (D) cultura de subsistência = hábitos da pobreza (E) recurso adicional = atribuição necessária Comentário: Este tipo de questão pede a contextualização. O chato é ter que achar as expressões no texto, pois a banca não delimita a linha. (A): A conjunção “embora” é adverbial concessiva e permite ser substituída pela locução conjuntiva de igual valor “ainda que”. Note que está subentendido o verbo “seja” nesta oração subordinada adverbial concessiva (embora seja suficiente). O adjetivo “suficiente” é sinônimo contextual de “bastante”, por isso pode haver a troca. Veja um problema que o candidato poderia ter na hora da prova: no texto, a conjunção está com letra inicial maiúscula, mas na questão foi colocada com inicial minúscula. Isso porque a questão não está pedindo a substituição literal, mas pergunta apenas se o sentido é preservado. Isso está correto. Embora suficiente para conversas informais sobre o assunto, trata-se de definição muito imprecisa. (Ainda que bastante para conversas...) Portanto, éa alternativa correta. (B): “em bases mais sólidas” tem o mesmo sentido de “efetivo”, “objetivo”, “fundamentado”, “contundente”. Mas não há noção de algo especulativo. (C): A expressão “atribui-se” de certa forma se entende como “calcula-se”; mas “demanda” significa necessidade, o que não cabe no contexto. (D): “cultura de subsistência” não tem sentido de “hábito de pobreza”, pois esta cultura não significa somente com os pobres. Há alguns povos que sobrevivem da cultura de subsistência, nem por isso são considerados pobres. (E): “recurso adicional” é um ganho extra, a mais. Não há relação desta expressão com necessidade de atribuição. Por isso está errada a alternativa. Gabarito: A Entre o fato e a notícia A decantada objetividade jornalística tem, na verdade, duas faces: se de um lado toda notícia deve se prender originalmente a um fato cuja ocorrência seja inquestionável, por outro lado ela implica sempre uma dose de PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 13 interpretação desse fato. O espaço concedido, o estilo empregado, o ângulo adotado, as ênfases (intencionais ou inconscientes), tudo isso traz para a matéria jornalística uma certa conformação subjetiva. Por isso, um dos requisitos do bom leitor de jornais ou revistas está na atenção que ele saiba dar não apenas ao fato relatado, mas ao modo como o foi. Ao se transformar em linguagem, todo fato torna-se, também, um fato lingüístico; é com a linguagem que se produz uma notícia, é por meio de palavras que entramos em contato com a base de realidade de um acontecimento. Nesse sentido, não há, e nem pode haver, jornalismo inteiramente inocente, ainda quando se trate do mais honesto dos profissionais. Por isso, também o leitor deve recusar a ingênua credulidade de quem acha que uma notícia não é uma imagem construída, mas a materialidade mesma do fato ocorrido. (Celso de Oliveira) Questão 5: Ao afirmar, referindo-se à notícia jornalística, que todo fato torna-se, também, um fato lingüístico, o autor fornece um argumento para a seguinte tese: (A) É da realidade mesma de um fato que a matéria jornalística depende, se quiser ser inteiramente objetiva. (B) A ocorrência de um fato e a sua divulgação jornalística são realidades em si mesmas contraditórias. (C) O jornalismo competente é aquele em que a plena transparência da linguagem garante a transparência da realidade mesma do fato. (D) Cabe ao leitor, entre o fato gerador da notícia e o fato relatado, escolher de que lado está a verdade. (E) A leitura crítica não se prende apenas ao fato que gerou a notícia, mas à forma pela qual esta forçosamente o interpreta. Comentário: A banca queria que o candidato percebesse que o texto faz uma diferença do que é fato (verdade, o ocorrido) e a notícia (muitas vezes carregada de impressões, interpretações de quem publica a notícia). Assim, temos a tese do texto: “A decantada objetividade jornalística tem, na verdade, duas faces: se de um lado toda notícia deve se prender originalmente a um fato cuja ocorrência seja inquestionável, por outro lado ela implica sempre uma dose de interpretação desse fato.” O texto é crítico ao que é veiculado na mídia, entre o real e o transmitido ao povo. Assim, uma face é o fato em si, o outro é o fato lingüístico, isto é, a interpretação linguística dele, o que será passado à população. Confirmando isso, a alternativa (E) é uma outra forma de dizer o que está escrito no último período do 1º parágrafo: “Por isso, um dos requisitos do bom leitor de jornais ou revistas está na atenção que ele saiba dar não apenas ao fato relatado, mas ao modo como o foi” (como foi relatado). Compare: “A leitura crítica não se prende apenas ao fato que gerou a notícia, mas à forma pela qual esta (notícia, ou melhor, quem gerou a notícia) forçosamente o (o fato) interpreta”. Com base na interpretação literal do texto, vemos que as demais alternativas não estão corretas. Gabarito: E PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 14 Questão 6: Considere as seguintes afirmações: I. A expressão conformação subjetiva, no primeiro parágrafo, tem sentido vago, pois não há exemplos que a materializem. II. A frase não há, e nem pode haver, jornalismo inocente não é uma acusação moral, mas uma decorrência da tese central defendida pelo autor do texto. III. A expressão ingênua credulidade, no segundo parágrafo, refere-se ao leitor que considera a notícia um espelho que reflete a verdade incontestável do fato. Em relação ao texto, está correto o que se afirma em (A) I, II e III. (B) I e II, somente. (C) II e III, somente. (D) I e III, somente. (E) III, somente. Comentário: Para entendermos as afirmativas, vamos reescrever trechos do texto. O espaço concedido, o estilo empregado, o ângulo adotado, as ênfases (intencionais ou inconscientes), tudo isso traz para a matéria jornalística uma certa conformação subjetiva. Por isso, um dos requisitos do bom leitor de jornais ou revistas está na atenção que ele saiba dar não apenas ao fato relatado, mas ao modo como o foi. (1° parágrafo) A expressão “conformação subjetiva” significa no texto o ângulo, o ponto de vista de quem publica uma matéria jornalística. Isso vai depender do “espaço concedido” (aí englobando tempo e lugar), do “estilo empregado, o ângulo adotado, as ênfases (intencionais ou inconscientes)”. Essas expressões são justamente os exemplos da conformação subjetiva. Por isso, a frase está errada. Assim, eliminamos as alternativas (A), (B) e (D). Na frase II, a acusação moral poderia ser interpretada como uma linguagem acusativa e ofensiva do autor contra um repórter ou comunicador da mídia; mas a estrutura textual é clara e não permite esse tipo de interpretação. Primeiro se mostra na tese do texto que há duas faces na “decantada objetividade jornalística”. Todo o texto vem na sequência desenvolvendo esta ideia de que a realidade é expressa por palavras e esta linguagem deve ser entendida bem criticamente, pois foi a interpretação do repórter, não quer dizer que seja a verdade nua e crua. Na frase III, “ingênua credulidade” se refere ao leitor não atento, não crítico (por isso ingênuo), que vê na notícia a realidade dos fatos. Assim, só cabe a alternativa (C). Gabarito: C TRT 18ª R – 2008 – Analista Viagem para fora Há não tanto tempo assim, uma viagem de ônibus, sobretudo quando noturna, era a oportunidade para um passageiro ficar com o nariz na janela e, PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 15 mesmo vendo pouco, ou nada, entreter-se com algumas luzes, talvez a lua, e certamente com os próprios pensamentos. A escuridão e o silêncio no interior do ônibus propiciavam um pequeno devaneio, a memória de alguma cena longínqua, uma reflexão qualquer. Nos dias de hoje as pessoas não parecem dispostas a esse exercício mínimo de solidão. Não sei se a temem: sei que há dispositivos de toda espécie para não deixar um passageiro entregar-se ao curso das idéias e da imaginação pessoal. Há sempre um filme passando nos três ou quatro monitores de TV, estrategicamente dispostos no corredor. Em geral, é um filme ritmado pelo som de tiros, gritos, explosões. É também bastante possível que seu vizinho de poltrona prefira não assistir ao filme e deixar-se embalar pela música altíssima de seu fone de ouvido, que você também ouvirá, traduzida num chiado interminável, com direito a batidas mecânicas de algum sucesso pop. Inevitável, também, acompanhar a variedade dos toques personalizados dos celulares, que vão do latido de um cachorro à versão eletrônica de uma abertura sinfônica de Mozart. Claro que você também se inteirará dos detalhes da vida doméstica de muita gente: a senhora da frente pergunta pelocardápio do jantar que a espera, enquanto o senhor logo atrás de você lamenta não ter incluído certos dados em seu último relatório. Quando o ônibus chega, enfim, ao destino, você desce tomado por um inexplicável cansaço. Acho interessantes todas as conquistas da tecnologia da mídia moderna, mas prefiro desfrutar de uma a cada vez, e em momentos que eu escolho. Mas parece que a maioria das pessoas entrega-se gozosa e voluptuosamente a uma sobrecarga de estímulos áudio-visuais, evitando o rumo dos mudos pensamentos e das imagens internas, sem luz. Ninguém mais gosta de ficar, por um tempo mínimo que seja, metido no seu canto, entretido consigo mesmo? Por que se deleitam todos com tantas engenhocas eletrônicas, numa viagem que poderia propiciar o prazer de uma pequena incursão íntima? Fica a impressão de que a vida interior das pessoas vem-se reduzindo na mesma proporção em que se expandem os recursos eletrônicos. (Thiago Solito da Cruz, inédito) Questão 7: Considerando-se o sentido integral do texto, o título Viagem para fora representa (A) uma alusão à exterioridade dos apelos a que se entregam os passageiros. (B) um específico anseio que o autor alimenta a cada viagem de ônibus. (C) a nostalgia de excursões antigas, em que todos se solidarizavam. (D) a importância que o autor confere aos devaneios dos passageiros. (E) a ironia de quem não se deixa abalar por tumultuadas viagens de ônibus. Comentário: O tema, isto é, o sentido central do texto, normalmente é expresso pelo título, elemento estrutural que o resume ou nos induz a perceber seu sentido. “Viagem para fora” remete a “uma alusão à exterioridade dos apelos¹ a que se entregam os passageiros².” Observe que a alternativa (A), citada anteriormente, transmite explicitamente o que se diz na segunda frase do terceiro parágrafo do texto: “Mais parece que a maioria das pessoas entrega-se² gozosa e voluptuosamente a uma sobrecarga de estímulos áudio-visuais¹.” As expressões-chave tanto da resposta quanto da alternativa (A) foram colocadas em negrito para comparação e observação de sua proximidade semântica. Tendo em vista a PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 16 explicação da alternativa (A), eliminam-se os outros itens. Mesmo assim, veja em negrito o que está errado nas demais alternativas: (B) um específico anseio que o autor alimenta a cada viagem de ônibus. (C) a nostalgia de excursões antigas, em que todos se solidarizavam. (D) a importância que o autor confere aos devaneios dos passageiros. (E) a ironia de quem não se deixa abalar por tumultuadas viagens de ônibus. Gabarito: A Questão 8: Atente para as seguintes afirmações: I. No primeiro parágrafo, configura-se a tensão entre o desejo de recolhimento íntimo de um passageiro e a agitação de uma viagem noturna. II. No segundo parágrafo, o cruzamento de mensagens, em diferentes meios de comunicação, é considerado invasivo por quem preferiria entregar-se ao curso da imaginação pessoal. III. No terceiro parágrafo, o autor considera a possibilidade de os recursos da mídia eletrônica e o cultivo da vida serem usufruídos em tempos distintos. Em relação ao texto, está correto o que se afirma em (A) I, II e III. (B) I e II, somente. (C) II e III, somente. (D) I e III, somente. (E) II, somente. Comentário: Perceba que este tipo de questão trabalha o conteúdo localizado. Ele induz o candidato a interpretar cada parte do texto. Na frase I, o erro está em dizer que houve a tensão entre o desejo de recolhimento íntimo de um passageiro e a agitação de uma viagem noturna. Verifique que a agitação é alvo dos próximos parágrafos, não do primeiro. A frase II a expressão “... o cruzamento de mensagens, em diferentes meios de comunicação, é considerado invasivo¹ por quem preferiria entregar-se ao curso da imaginação pessoal².” está inteiramente correta. Basta confrontá-la com a seguinte passagem do texto: “... sei que há dispositivos de toda espécie para não deixar¹ um passageiro entregar- se ao curso das idéias e da imaginação pessoal²”. Por isso, está correta. A frase III a expressão “... o autor considera a possibilidade de os recursos da mídia eletrônica e o cultivo da vida serem usufruídos em tempos distintos¹.” está correta, porque encontra base na primeira frase do terceiro parágrafo: “Acho interessantes todas as conquistas da tecnologia da mídia moderna, mas prefiro desfrutar de uma a cada vez, e em momentos que eu escolho¹”. Perceba que o autor prefere desfrutar de cada conquista a seu tempo, e essa forma de desfrutar de algo implicitamente leva o leitor a entender que essa é a maneira de o autor do texto ver o cultivo da vida. Assim, a frase III também está correta. Gabarito: C Questão 9: O autor vale-se do emprego do pronome você, ao longo do PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 17 segundo parágrafo, da mesma forma que esse pronome é empregado em: (A) Quando perguntei se você gostava de viajar, você titubeou, e não me respondeu. (B) Já sei a opinião dele acerca da mídia eletrônica; gostaria que você me dissesse, agora, qual a sua. (C) Não é aquele ou aquela passageira que me interessa; meus olhos não conseguem desviar-se de você. (D) Quando se está em meio a um tumulto, você não consegue concentrar-se em seus próprios pensamentos. (E) Espero que você não tenha se ofendido por eu lhe haver proposto que desligue o celular enquanto conversamos. Comentário: O autor do texto vale-se do pronome de tratamento “você” de sentido geral, indefinindo o agente, quer dizer, “quem se passar por tal situação”. Deve-se inferir das alternativas (A), (B), (C) e (E) que o pronome de tratamento retrata o locutor (com quem se fala, uma pessoa específica), e não é esse o uso no texto. Porém, na alternativa (D), o exemplo é de que “Quando se está em meio a um tumulto, você (isto é, qualquer pessoa que estiver nesta situação) não consegue concentrar-se em seus próprios pensamentos.” O autor poderia também optar por indeterminar o sujeito: “... não se consegue concentrar nos próprios pensamentos.” Gabarito: D Questão 10: O último período do texto retoma e arremata, conclusivamente, uma idéia que já se representara na seguinte passagem: (A) (...) há dispositivos de toda espécie para não deixar um passageiro entregar-se ao curso das idéias (...). (B) A escuridão e o silêncio no interior do ônibus propiciavam um pequeno devaneio (...). (C) Claro que você também se inteirará dos detalhes da vida doméstica de muita gente (...). (D) Quando o ônibus chega, enfim, ao destino, você desce tomado por um inexplicável cansaço. (E) Há sempre um filme passando nos três ou quatro monitores de TV, estrategicamente dispostos no corredor. Comentário: O último período é: “Fica a impressão de que a vida interior das pessoas vem-se reduzindo na mesma proporção em que se expandem os recursos eletrônicos”. Percebemos que essa frase não se refere aos trechos expostos nas alternativas (B), (C), (D) e (E). Mas a alternativa (A) mostra literalmente as palavras-chave do último período: (A): “...há dispositivos de toda espécie¹ para não deixar um passageiro entregar-se ao curso das idéias e da imaginação pessoal².” (texto): “Fica a impressão de que a vida interior das pessoas vem-se reduzindo² na mesma proporção em que se expandem os recursos eletrônicos¹.” Gabarito: A PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 18 A amizade Uma amizade verdadeira possui tão grandes vantagens que mal posso descrevê-las. Para começar, em que pode consistir uma “vida vivível” que não encontre descanso na afeição partilhada com um amigo? Que há de mais agradável que ter alguém a quem se ousa contar tudo como a si mesmo? De que seria feitaa graça tão intensa de nossos sucessos, sem um ser para se alegrar com eles tanto quanto nós? E em relação a nossos reveses, seriam mais difíceis de suportar sem essa pessoa, para quem eles são ainda mais penosos que para nós mesmos. Os outros privilégios da vida a que as pessoas aspiram só existem em função de uma única forma de utilização: as riquezas, para serem gastas; o poder, para ser cortejado; as honrarias, para suscitarem os elogios; os prazeres, para deles se obter satisfação; a saúde, para não termos de padecer a dor e podermos contar com os recursos de nosso corpo. Quanto à amizade, ela contém uma série de possibilidades. Em qualquer direção a que a gente se volte, ela está lá, prestativa, jamais excluída de alguma situação, jamais importuna, jamais embaraçosa. Por isso, como diz o ditado, “nem a água nem o fogo nos são mais prestimosos que a amizade”. E aqui não se trata da amizade comum ou medíocre (que, no entanto, proporciona alguma satisfação e utilidade), mas da verdadeira, da perfeita, à qual venho me referindo. Pois a amizade torna mais maravilhosos os favores da vida, e mais leves, porque comunicados e partilhados, seus golpes mais duros. (Adaptado de Cícero, filósofo e jurista romano) Questão 11: Ao tratar da amizade verdadeira, Cícero dá um peso especial ao fato de que ela (A) é um privilégio desfrutado de uma forma única e exclusiva. (B) intensifica nossas conquistas e ameniza nossos infortúnios. (C) abre caminho para o exercício de um poder que todos desejamos. (D) produz honrarias que todos os amigos podem compartilhar. (E) afasta os padecimentos morais e multiplica as alegrias. Comentário: As últimas frases do texto relatam: “E aqui não se trata da amizade comum ou medíocre (...), mas da verdadeira, da perfeita, à qual venho me referindo. Pois a amizade torna mais maravilhosos os favores da vida, e mais leves, porque comunicados e partilhados, seus golpes mais duros.” A alternativa (A) é a correta, pois nela se diz que amizade verdadeira intensifica nossas conquistas (“os favores da vida”) e ameniza nossos infortúnios (“golpes mais duros”). Gabarito: B Questão 12: No segundo parágrafo, os segmentos iniciados por as riquezas (...), as honrarias (...) e os prazeres (...) deixam subentendida a forma verbal: (A) aspiram. (B) contêm. (C) obtêm. PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 19 (D) suscitam. (E) existem. Comentário: Deve-se observar nesta questão o motivo da vírgula após as palavras “riquezas”, “poder”, “honrarias”, “prazeres”. Elas marcam a elipse de um verbo e são seus sujeitos. A questão apenas pede para identificar o verbo. No texto, temos: “Os outros privilégios da vida a que as pessoas aspiram só existem em função de uma única forma de utilização: as riquezas (existem), para serem gastas; o poder (existe), para ser cortejado; as honrarias (existem), para suscitarem os elogios; os prazeres (existem), para deles se obter satisfação...” Essa estrutura ocorre para não haver repetição de vocábulo facilmente subentendido no contexto. Gabarito: E Questão 13: Atente para as seguintes afirmações: I. A expressão nossos reveses (1° parágrafo) é empregada com sentido equivalente ao de golpes mais duros (3° parágrafo). II. Em vez de podermos contar (2° parágrafo), o emprego da forma pudermos contar seria mais adequado à construção da frase. III. Os termos comunicados e partilhados (3° parágrafo) referem-se ao termo anterior favores. Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em (A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III. Comentário: A frase I está correta, pois os reveses são entendidos como problemas, desgostos na vida. Podemos entender a palavra golpes também com esse mesmo sentido. A frase II está errada porque “podermos” está na forma nominal infinitiva, haja vista que se encontra em oração subordinada adverbial de finalidade reduzida (a preposição “para” introduz essa construção); já o verbo pudermos seria o futuro do subjuntivo e não caberia nesse contexto. Para entender que a frase III está errada, deve-se reescrever um fragmento da última frase na ordem direta: a amizade torna (...) mais leves seus golpes mais duros, porque comunicados e partilhados. Então são os golpes mais duros comunicados e partilhados, e não os favores. Portanto, a correta é a alternativa (A). Gabarito: A Questão 14: Que há de mais agradável que ter alguém a quem se ousa contar tudo como a si mesmo? Pode-se substituir o segmento sublinhado na frase acima, sem prejuízo para o sentido, clareza e correção, por: (A) com a audácia de contar tudo para si mesmo? (B) que pode contar com si mesmo? PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 20 (C) com a coragem de quem ousa contar tudo? (D) com força para contar tudo sobre si próprio? (E) para confidenciar, sem receio, tudo de si? Comentário: Deve-se perceber nesta questão a presença do objeto indireto “a quem”, significando que alguém receberia alguma ação, portanto esse alguém deve ser paciente e não agente. As alternativas (A, B, C e D) transmitem o sentido desse “alguém” retomado pelo “a quem” como agente. No entanto, somente a alternativa (E) pode ser entendida com valor paciente: alguém para confidenciar, sem receio, tudo de si. Quem conta, quem confidencia não foi abordado nesse trecho. Apenas a quem isso foi dirigido. Observe-se o erro gramatical na (B), não existe “com si mesmo”, mas “consigo mesmo”. Gabarito: E TRE TO – 2011 – Analista Cartão de Natal Pois que reinaugurando essa criança pensam os homens reinaugurar a sua vida e começar novo caderno, fresco como o pão do dia; pois que nestes dias a aventura parece em ponto de voo, e parece que vão enfim poder explodir suas sementes: que desta vez não perca esse caderno sua atração núbil para o dente; que o entusiasmo conserve vivas suas molas, e possa enfim o ferro comer a ferrugem o sim comer o não. João Cabral de Melo Neto Questão 15: No poema, João Cabral (A) critica o egoísmo, e manifesta o desejo de que na passagem do Natal as pessoas se tornem generosas e façam o sim comer o não. (B) demonstra a sua aversão às festividades natalinas, pois nestes dias a aventura parece em ponto de vôo, mas depois a rotina segue como sempre. (C) critica a atração núbil para o dente daqueles que transformam o Natal em uma apologia ao consumo e se esquecem do seu caráter religioso. (D) observa com otimismo que o Natal é um momento de renovação em que os homens se transformam para melhor e fazem o ferro comer a ferrugem. (E) manifesta a esperança de que o Natal traga, de fato, uma transformação, e que, ao contrário de outros natais, seja possível começar novo caderno. Comentário: Um poema não deve ser lido como um texto em prosa. Você PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 21 deve perceber que o poema deve ser curto e sugestivo; pois poucas palavras devem induzir o leitor a entender algo além do que está apenas escrito. Só há delicadeza, arte e valor quando o poema não diz diretamente o tema, mas sugere por sensibilidade, sonoridade, linguagem figurada. Veja que o poeta não fala da passagem do ano. Ele a sugere como consequência da expressão “reinaugurando essa criança”. A expressão “essa criança” é uma menção ao menino Jesus. Ao reinaugurá-lo, é manifestada a passagem de natal e o desejo do homem em mudar (reinaugurar) sua vida e pensar a mudança desta vida (começar novo caderno). Note no final da segunda estrofe a expressão “explodir suas sementes”. É lógico que ela não está em seu sentido direto, denotativo; mas figurado, conotativo. Veja os dois-pontos na sequência. Isso quer dizer que há uma explicaçãodessa explosão de sementes. Para que as sementes explodem? Para germinar, para florescer, para gerar nova vida. E o que pensamos nas passagens de ano, não é o mesmo? Queremos sempre mudança, sempre pensando positivo para que a vida melhore. É esse o desejo do poeta. Mas ele não fala diretamente, mas sugere. Aí está a arte, a melodia, o ritmo. Veja que “este caderno” é a vida, na qual escrevemos nossa história. O verso “que não perca sua atração núbil para o dente” mostra o desejo de que os problemas (“o dente”) não destruam nossos objetivos, nossa união (“atração núbil”) e que tenhamos sempre entusiasmo em nossa vida para que tudo corra bem (conserve vivas suas molas). E assim a vida possa ser melhor com nosso desejo vencendo os problemas (o ferro comer a ferrugem / o sim comer o não). Pela forma como abordamos, veja agora a alternativa (E): ”No poema, João Cabral manifesta a esperança de que o Natal traga, de fato, uma transformação¹, e que, ao contrário de outros natais², seja possível começar novo caderno³.” Pois que reinaugurando essa criança pensam os homens reinaugurar a sua vida e começar novo caderno³, fresco como o pão do dia; pois que nestes dias a aventura parece em ponto de voo, e parece que vão enfim poder explodir suas sementes: que desta vez² não perca esse caderno³ sua atração núbil para o dente; que o entusiasmo conserve vivas suas molas, e possa enfim o ferro comer a ferrugem o sim comer o não. Gabarito: E 1 PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 22 Questão 16: É correto perceber no poema uma equivalência entre (A) ferrugem e aventura. (B) dente e entusiasmo. (C) caderno e vida. (D) sementes e pão do dia. (E) ferro e atração núbil. Comentário: Veja que o terceiro e quarto versos são paralelos, ligados pela conjunção “e”. Isso mostra a junção de mesmas ideias, mesmos princípios. Veja abaixo o poema com as palavras das alternativas em destaque e em seguida o significado dessas palavras. Pois que reinaugurando essa criança pensam os homens reinaugurar a sua vida e começar novo caderno, fresco como o pão do dia;(amanhecer) pois que nestes dias a aventura (vontades, desejos) parece em ponto de voo, e parece que vão enfim poder explodir suas sementes: (trazer consequências boas, nova vida) que desta vez não perca esse caderno sua atração núbil para o dente; (casamento, enlace) X (problema) que o entusiasmo conserve vivas (vontade, desejo) suas molas, e possa enfim o ferro (nosso desejo) comer a ferrugem (nossos problemas) o sim comer o não. Gabarito: C Questão 17: Pois que reinaugurando essa criança O segmento grifado acima pode ser substituído, no contexto, por: (A) Mesmo que estejam. (B) Apesar de estarem. (C) Ainda que estejam. (D) Como estão. (E) Mas estão. Comentário: Note que essa estrutura é uma oração reduzida de gerúndio. A banca nos ajudou muito inserindo 4 alternativas com valor de oposição. As alternativas (A), (B) e (C) transmitem valor adverbial concessivo. A alternativa (E) possui valor coordenado adversativo. O único diferente é a alternativa (D), com o valor adverbial de causa. Por isso esta é a correta. Gabarito: D Questão 18: que desta vez não perca esse caderno Com a frase acima o poeta (A) alude a uma impossibilidade. (B) exprime um desejo. PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 23 (C) demonstra estar confuso. (D) revela sua hesitação. (E) manifesta desconfiança. Comentário: Pela nossa explicação anterior, verificamos que há vontade de mudança. O verbo “perca” encontra-se no presente do subjuntivo, e sabemos que esse tempo verbal exprime desejo, possibilidade. Isso confirma a alternativa (B) como correta. Gabarito: B Assembleia Legislativa SP - 2010 - Analista "Nenhum homem é uma ilha", escreveu o inglês John Donne em 1624, frase que atravessaria os séculos como um dos lugares-comuns mais citados de todos os tempos. Todo lugar-comum, porém, tem um alicerce na realidade ou nos sentimentos humanos – e esse não é exceção. Durante toda a história da espécie, a biologia e a cultura conspiraram juntas para que a vida humana adquirisse exatamente esse contorno, o de um continente, um relevo que se espraia, abraça e se interliga. A vida moderna, porém, alterou-o de maneira drástica. Em certos aspectos partiu o continente humano em um arquipélago tão fragmentado que uma pessoa pode se sentir totalmente separada das demais. Vencer tal distância e se reunir aos outros, entretanto, é um dos nossos instintos básicos. E é a ele que atende um setor do mercado editorial que cresce a passos largos: o da autoajuda e, em particular, de uma autoajuda que se pode descrever como espiritual. Não porque tenha necessariamente tonalidades religiosas (embora elas, às vezes, sejam nítidas), mas porque se dirige àquelas questões de alma que sempre atormentam os homens. Como a perda de uma pessoa querida, a rejeição ou o abandono, a dificuldade de conviver com os próprios defeitos e os alheios, o medo da velhice e da morte, conflitos com os pais e os filhos, a frustração com as aspirações que não se realizaram, a perplexidade diante do fim e a dúvida sobre o propósito da existência. Questões que, como séculos de filosofia já explicitaram, nem sempre têm solução clara – mas que são suportáveis quando se tem com quem dividir seu peso, e esmagadoras quando se está só. As mudanças que conduziram a isso não são poucas nem sutis: na sua segunda metade, em particular, o século XX foi pródigo em abalos de natureza social que reconfiguraram o modo como vivemos. O campo, com suas relações próximas, foi trocado em massa pelas cidades, onde vigora o anonimato. As mulheres saíram de casa para o trabalho, e a instituição da "comadre" virtualmente desapareceu. Desmanchou-se também a ligação quase compulsória que se tinha com a religião, as famílias encolheram drasticamente não só em número de filhos mas também em sua extensão. A vida profissional se tornou terrivelmente competitiva, o que acrescenta ansiedade e reduz as chances de fazer amizades verdadeiras no local de trabalho. Também o celular e o computador fazem sua parte, aumentando o número de contatos de que se desfruta, mas reduzindo sua profundidade e qualidade. Perdeu-se aquela vasta rede de segurança que, é certo, originava fofoca e intromissão, mas também implicava conselhos e experiência, valores sólidos e afeição desprendida, que não aumenta nem diminui em função do sucesso PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 24 ou da beleza. Essa é a lacuna da vida moderna que a autoajuda vem se propondo a preencher: esse sentido de desconexão que faz com que em certas ocasiões cada um se sinta como uma ilha desgarrada do continente e sem meios de se reunir novamente a ele. (Isabela Boscov e Silvia Rogar. Veja, 2 de dezembro de 2009, pp. 141–143, com adaptações) Questão 19: A afirmativa inicial do texto significa, em outras palavras, que (A) o fato de uma pessoa se manter isolada das demais é um dos aspectos inerentes à natureza humana. (B) todos os homens podem usufruir, por decisão própria, situações de afastamento dos demais, à semelhança de uma ilha. (C) o sentimento coletivo transforma os homens num aglomerado de ilhas, como num arquipélago. (D) o isolamento entre os homens pode fazer parte de sua natureza, embora eles vivam em sociedade. (E) os homens são dependentes uns dos outros por natureza, distintos das ilhas, que são isoladas por definição. Comentário: Esta é outra questão localizada, em que a banca situa a interpretação a partir de um ponto determinado no texto. Na alternativa (A), o erro é dizer que se manter isolado é uma característica do serhumano, mas o primeiro parágrafo prova o contrário em: “Durante toda a história da espécie, a biologia e a cultura conspiraram juntas para que a vida humana adquirisse exatamente esse contorno, o de um continente, um relevo que se espraia, abraça e se interliga.” Na alternativa (B), uma ilha não tem decisão própria. Aliás, ela não decide nada!!!!! Na alternativa (C), o sentimento coletivo faz o contrário, ele une, não dá margem à individualização (ilha). Na alternativa (D), o primeiro parágrafo nos mostra que não faz parte do ser humano a cultura de se isolar, mas de se agrupar. A alternativa (E) é a correta, pois o homem se interliga (primeiro parágrafo); diferente da ilha, cuja definição já é a de isolar-se. Gabarito:E Questão 20: De acordo com o texto, (A) as mudanças sociais ocorridas no século XX alteraram o modo de vida das pessoas, permitindo maior aproximação entre elas. (B) a transformação de um mundo rural em uma sociedade urbana favoreceu o surgimento de uma rede de contatos pessoais mais próximos. (C) a ausência de um verdadeiro sentimento religioso induz as pessoas a uma insatisfação que marca até mesmo as relações de trabalho na sociedade moderna. (D) a beleza e o sucesso pessoal passaram a ser mais importantes na vida moderna, em detrimento das relações de verdadeira e desinteressada afeição. (E) a vida moderna instituiu novos padrões e valores que regem a sociedade, aproximando os homens em torno de serviços oferecidos pelas cidades. Comentário: A correta é a alternativa (D); pois, no último parágrafo, temos PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 25 os vestígios “Perdeu-se” e “que não aumenta nem diminui em função do sucesso ou da beleza”. Isso nos faz inferir que hoje são muito valorizados o sucesso e a beleza, algo que não era antigamente e com isso se perdeu “a vasta rede de segurança”. Note que as demais alternativas possuem ideias bem fora do contexto. (A): Segundo o texto, as mudanças ocorridas no século XX estão fazendo o ser humano distanciar-se dos outros. (B): Esta alternativa está errada pelo mesmo motivo da anterior. Com a urbanização, o homem teve a tendência de isolar-se. (C): Esta alternativa extrapolou o conteúdo do texto. Não há no texto indício de que não há verdadeiro sentimento religioso e que isso induza as pessoas a uma insatisfação. (E): Esta alternativa também extrapolou o conteúdo do texto no fragmento “aproximando os homens em torno de serviços oferecidos pelas cidades”. Gabarito:D Questão 21: Considerando-se o 2° parágrafo, está INCORRETO o que se afirma em: (A) O parágrafo se articula com o 1° por meio de uma ressalva, expressa por porém. (B) O segmento grifado em partiu o continente humano pode ser substituído por partiu-lhe. (C) Há relação de causa e consequência no segmento um arquipélago tão fragmentado que uma pessoa pode se sentir totalmente separada das demais. (D) Há nele enumeração de situações que exemplificam as questões de alma que sempre atormentam os homens. (E) Substituindo-se o segmento grifado em quando se está só por estamos, a palavra só deverá ir obrigatoriamente para o plural – sós. Comentário: Basta notar que foi pedida a alternativa errada. Assim, o verbo “partiu” é transitivo direto e “o continente humano” é o objeto direto, só cabendo o pronome oblíquo átono “o”. Na alternativa (A), bastava o candidato ver a conjunção “porém” deslocada (“A vida moderna, porém, alterou-o”) e se lembrar de que as conjunções coordenadas adversativas e adverbiais concessivas transmitem contraste, oposição e ressalva. Na alternativa (C), bastava o candidato verificar a estrutura da oração subordinada adverbial consecutiva, a qual exploramos na aula 4. A conjunção consecutiva “que” se ligou ao intensificador “tão”, assim temos a oração principal (“um arquipélago tão fragmentado” - valor de causa) e a oração subordinada adverbial consecutiva (“que uma pessoa pode se sentir totalmente separada das demais“ - consequência). Na alternativa (D), a palavra denotativa de exemplificação “Como” inicia uma sequência de situações (enumeração). Isso serve para confirmar o que se diz na oração anterior: “àquelas situações de alma que sempre atormentam os homens”. Na alternativa (E), bastava atentar-se quanto à concordância nominal do adjetivo “só”/”sós”. Gabarito: B PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 26 Questão 22: A expressão cujo sentido está corretamente transcrito, com outras palavras, é: (A) um alicerce na realidade = uma base na existência efetiva. (B) alterou-o de maneira drástica = substituiu-o paulatinamente. (C) um arquipélago tão fragmentado = ilhas de relevo acidentado. (D) foi pródigo em abalos de natureza social = permitiu algumas alterações na sociedade. (E) a ligação quase compulsória = uma convicção extrema. Comentário: Este tipo de questão é típico da Fundação Carlos Chagas e vamos explorar bastante a partir da próxima aula. Não se quer que o candidato conheça o sentido de todos os vocábulos, o que deve ser feito é a contextualização da palavra. Numa leitura bem atenta do texto, conseguimos interpretar o sentido destes vocábulos, mesmo não conhecendo seu sinônimo extra-textual. Assim, vamos por eliminação. Normalmente, devemos eliminar as alternativas que estão bem fora do contexto. Se ficarmos em dúvida em alguma, voltamos ao texto e tiramos a dúvida. Veja: Na alternativa (A), “alicerce” tem a ver com “base”, “realidade” tem a ver (conotativamente) com “existência efetiva”. Assim, não eliminamos esta alternativa, porque tem possibilidades de ser a correta. Na alternativa (B), “alterou” tem a ver com “substituiu”, mas “maneira drástica” não tem nada a ver com “paulatinamente”. Eliminamos, portanto, esta alternativa. Na alternativa (C), “arquipélago” tem a ver com “ilhas”, porém “tão fragmentado” (sentido figurado, conotativo) não tem nada a ver com “relevo acidentado” (sentido real, concreto, denotativo). Também eliminamos. Na alternativa (D), “pródigo em abalos” (cheio de, em excesso) não tem nada a ver com “permitiu algumas alterações” . Eliminamos mais uma. Na alternativa (E), “compulsória” (algo forçado, exigido) não tem nada a ver com “extrema”, além de “ligação” não ter a ideia de “convicção”. Gabarito: A Questão 23: As mudanças que conduziram a isso não são poucas nem sutis... (3° parágrafo) A expressão grifada refere-se, corretamente, (A) às condições impostas tanto pela biologia quanto pela cultura ao modo de vida que se desenhou nos dias de hoje. (B) ao crescimento de um tipo de literatura que se difundiu pelo mundo todo, como alternativa à perda do antigo sentimento religioso. (C) à retomada do espírito de união que sempre caracterizou os agrupamentos humanos, com a consciência de que cada um é parte de um todo social. (D) às questões existenciais que se agravaram diante da percepção de isolamento existente nas contingências da vida moderna. (E) à certeza de que frases que se tornam repetitivas ao longo do tempo constituem a base da autoajuda, tão importante nos dias de hoje. Comentário: Esta questão trabalha o assunto coesão referencial, isto é, a quem o vocábulo se refere. Perceba onde se localiza esta palavra, ela retoma expressão anterior: a enumeração dos exemplos de situações que envolvem PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 27 as questões existências. Por isso, a alternativa (D) é a correta. Gabarito: D Questão 24: E é a ele que atende um setor do mercado editorial que cresce a passos largos... (2° parágrafo) O pronome grifado acima substitui corretamente, considerando-se o contexto, (A) um arquipélago fragmentado. (B) um relevo que se espraia. (C) um dos nossos instintos básicos.(D) um dos lugares-comuns mais citados de todos os tempos. (E) um setor de autoajuda do mercado editorial. Comentário: Outra questão de coesão referencial. Observe o posicionamento no texto deste pronome. Veja a quem se liga: ao termo anterior. Esse termo é “um dos nossos instintos básicos”. Note que “ele” retoma o núcleo “um”, por isso está no singular e masculino. Gabarito: C DNOCS – 2010 Superior Texto: Cultura de massa e cultura popular O poder econômico expansivo dos meios de comunicação parece ter abolido, em vários momentos e lugares, as manifestações da cultura popular, reduzindo-as à função de folclore para turismo. Tal é a penetração de certos programas de rádio e TV junto às classes pobres, tal é a aparência de modernização que cobre a vida do povo em todo o território brasileiro, que, à primeira vista, parece não ter sobrado mais nenhum espaço próprio para os modos de ser, pensar e falar, em suma, viver, tradicionais e populares. A cultura de massa entra na casa do caboclo e do trabalhador da periferia, ocupando-lhe as horas de lazer em que poderia desenvolver alguma forma criativa de autoexpressão; eis o seu primeiro tento. Em outro plano, a cultura de massa aproveita-se dos aspectos diferenciados da vida popular e os explora sob a categoria de reportagem popularesca e de turismo. O vampirismo é assim duplo e crescente; destrói-se por dentro o tempo próprio da cultura popular e exibe-se, para consumo do telespectador, o que restou desse tempo, no artesanato, nas festas, nos ritos. Poderíamos, aqui, configurar com mais clareza uma relação de aparelhos econômicos industriais e comerciais que exploram, e a cultura popular, que é explorada. Não se pode, de resto, fugir à luta fundamental: é o capital à procura de matéria- prima e de mão de obra para manipular, elaborar e vender. A macumba na televisão, a escola de samba no Carnaval estipendiado para o turista, são exemplos de conhecimento geral. No entanto, a dialética é uma verdade mais séria do que supõe a nossa vã filosofia. A exploração, o uso abusivo que a cultura de massa faz das manifestações populares não foi ainda capaz de interromper para sempre o dinamismo lento, mas seguro e poderoso da vida arcaico-popular, que se reproduz quase organicamente em microescalas, no interior da rede familiar e comunitária, apoiada pela socialização do parentesco, do vicinato e dos grupos PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 28 religiosos. (Alfredo Bosi. Dialética da colonização. S. Paulo: Companhia das Letras, 1992, pp. 328-29) Questão 25: Tomando como referências a cultura de massa e a cultura popular, o autor do texto considera que, entre elas, (A) não há qualquer relação possível, uma vez que configuram universos distintos no tempo e no espaço. (B) há uma relação de necessária interdependência, pois não há sociedade que possa prescindir de ambas. (C) há uma espécie de simbiose, uma vez que já não é possível distinguir uma da outra. (D) há uma relação de apropriação, conforme se manifestam os efeitos da primeira sobre a segunda. (E) há uma espécie de dialética, pois cada uma delas se desenvolve à medida que sofre a influência da outra. Comentário: Notamos ao longo do texto um contraste entre a cultura de massa e a cultura popular, em que a primeira tenta se apoderar da segunda. Assim, a alternativa (D) é a correta, pois realmente há uma relação de apropriação da cultura de massa sobre a cultura popular. Note que esta alternativa não possui palavras categóricas. Assim, entendemos que de maneira geral ocorre essa apropriação, mesmo não sendo total. Você poderia ter ficado na dúvida em relação à alternativa (E), mas veja que nela é dito que uma sofre a influência da outra. Como não há uma identificação das culturas, nenhum trecho nos induz a interpretar que haveria uma influência mútua: a cultura de massa influenciaria a cultura popular e vice-versa. Isso confirma a alternativa como errada. A alternativa (A) está bem fora, pois a palavra “qualquer” é categórica e transmite uma interpretação bem equivocada. A alternativa (B) está errada, pois não há uma relação de necessária interdependência. A alternativa (C) está errada, pois todo o texto mostra os contrastes entre essas culturas, assim não há simbiose (associação entre dois seres em comum). Gabarito: D Questão 26: Atente para as seguintes afirmações: I. No primeiro parágrafo, afirma-se que a modernização é determinante para a sobrevivência de algumas formas autênticas da cultura popular. II. No segundo parágrafo, a expropriação sofrida pela cultura de massa é vista na sua concomitância com o desprestígio da cultura popular. III. No terceiro parágrafo, aponta-se a resistência das manifestações de cultura popular, observadas em determinados círculos sociais. Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em (A) I. (B) II. (C) III. PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 29 (D) I e II. (E) II e III. Comentário: A afirmativa I está errada, pois a modernização não é determinante para a cultura popular. A afirmativa II está errada, pois quem sofre expropriação é a cultura popular. A afirmativa III está correta, pois realmente no terceiro parágrafo há um contraste, mostrando que a cultura popular ainda resiste (“A exploração, o uso abusivo que a cultura de massa faz das manifestações populares não foi ainda capaz de interromper para sempre o dinamismo lento, mas seguro e poderoso da vida arcaico-popular”). Além disso, foi afirmado que isso ocorre em alguns círculos sociais. Veja o trecho que comprova isso: ”que se reproduz quase organicamente em microescalas, no interior da rede familiar e comunitária, apoiada pela socialização do parentesco, do vicinato e dos grupos religiosos”. Assim, a alternativa correta é a (C). Gabarito: C Questão 27: Um mesmo fenômeno é expresso pelos segmentos: (A) poder econômico expansivo e socialização do parentesco. (B) aparência de modernização e forma criativa de autoexpressão. (C) aspectos diferenciados da vida popular e reportagem popularesca. (D) aparelhos econômicos e a dialética é uma verdade mais séria. (E) o dinamismo lento e se reproduz quase organicamente. Comentário: Esta questão cobrou simplesmente a localização dos trechos no texto e a observação da referência ao mesmo argumento (fenômeno). Na alternativa (A), “poder econômico expansivo” refere-se aos meios de comunicação (cultura de massa); já “socialização do parentesco” refere-se à cultura popular. Assim, fenômenos diferentes. Na alternativa (B), “aparência de modernização” é o mascaramento provocado pela cultura de massa; já a “forma criativa de autoexpressão” se refere à cultura popular. Assim, fenômenos diferentes. Na alternativa (C), “aspectos diferenciados da vida popular” se refere à cultura popular; já “reportagem popularesca” refere-se à cultura de massa. Assim, fenômenos diferentes. Na alternativa (D), “aparelhos econômicos” refere-se à cultura de massa; mas “dialética é uma verdade mais séria” é trecho que trata da cultura popular. Assim, fenômenos diferentes. A alternativa (E) é a correta, pois se refere ao mesmo fenômeno: a cultura popular. Para isso, basta verificar este trecho no texto: "o dinamismo lento, mas seguro e poderoso da vida arcaico-popular, que se reproduz quase organicamente em microescalas". Gabarito: E Questão 28: Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em: (A) reduzindo-as à função (1º parágrafo) = incitando-as à extrapolação. (B) vampirismo (...) crescente (2º parágrafo) = progressiva avidez. PORTUGUÊS P/ TRE PE - (QUESTÕES COMENTADAS) PROFESSOR TERROR Prof. Décio Terror www.pontodosconcursos.com.br 30 (C) seu primeiro tento (2º parágrafo) = sua primitiva
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