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Livro Didática para Graduação EaD

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Prévia do material em texto

DIDÁTICA
Dra. Suzi Maria Nunes Cordeiro
Me. Camila Tecla Mortean Mendonça
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Acesse o seu livro também disponível na versão digital.
https://apigame.unicesumar.edu.br/getlinkidapp/3/378
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação 
a Distância; MENDONÇA, Camila Tecla Mortean ; CORDEIRO, 
Suzi Maria Nunes. 
 
 Didática. Camila Tecla Mortean Mendonça; Suzi Maria Nunes 
Cordeiro. 
 Maringá-Pr.: Unicesumar, 2019. 
 218 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Didática. 2. Prática. 3. Pedagógica. 4. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-1840-0
CDD - 22 ed. 371.3
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Minco�
James Prestes
Tiago Stachon 
Diretoria de Graduação e Pós-graduação 
Kátia Coelho
Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Produção de Conteúdos
Celso Luiz Braga de Souza Filho
Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas
Supervisão de Produção de Conteúdo
Nádila Toledo
Coordenador de Conteúdo
Márcia Maria Previato de Souza
Designer Educacional
Patrícia Ramos Peteck
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Ilustração Capa
Bruno Pardinho
Editoração
Matheus Silva de Souza
Qualidade Textual
Lorena Martins
Ilustração
Bruno Cesar Pardinho
Marta Sayuri Kakitani
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Crian-
do oportunidades e/ou estabelecendo mudanças 
capazes de alcançar um nível de desenvolvimento 
compatível com os desafios que surgem no mundo 
contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógi-
ca e encontram-se integrados à proposta pedagógica, 
contribuindo no processo educacional, complemen-
tando sua formação profissional, desenvolvendo com-
petências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos 
em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no 
mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm 
como principal objetivo “provocar uma aproximação 
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o 
desenvolvimento da autonomia em busca dos conhe-
cimentos necessários para a sua formação pessoal e 
profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fó-
runs e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe 
das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma 
equipe de professores e tutores que se encontra dis-
ponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em 
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe 
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória 
acadêmica.
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RR
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Professora Me. Camila Tecla Mortean Mendonça
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade 
Estadual de Maringá - UEM, linha de Políticas e Gestão da Educação. Mestre 
em Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade 
Estadual de Maringá - UEM, linha de História e Historiografia da Educação 
(2016). Especialista em Docência no Ensino Superior (2011), Gestão Escolar 
- Administração, Supervisão e Orientação (2012), Atendimento Educacional 
Especializado - AEE (2014) e Educação a distância e as tecnologias 
educacionais (2014) pela Unicesumar - Centro Universitário Cesumar. 
Graduada nos Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Pedagogia (2008) 
e Licenciatura em História (2019) pela mesma instituição. É docente da 
Educação Básica da Rede Municipal de Ensino de Maringá e da Unicesumar. 
Nesta última, trabalha na Educação a Distância – EAD e orienta projeto de 
Iniciação Científica na área da educação. Participa do Grupo de Pesquisa EAD 
e as Tecnologias Educacionais - GPEaDTEC/UEM, cadastrado no CNPq.
<http://lattes.cnpq.br/4187832592319972> 
Professora Dra. Suzi Maria Nunes Cordeiro
Possui Graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá - 
UEM (2011) e Especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela 
mesma Instituição de Ensino Superior (2014). É Especialista em EAD e as Novas 
Tecnologias Educacionais pela Unicesumar (2016), Mestre em Educação pela 
UEM (2016) e Doutora pela mesma IES (2019). Atua como professora da 
Pedagogia na Unicesumar, coordena o projeto de pesquisa docente sobre 
Teoria e Prática na formação de professores e o desenvolvimento global dos 
alunos, bem como orienta alunos de Iniciação Científica. Tem experiência 
com disciplinas de Didática, Políticas Educacionais, Estágio Supervisionado, 
dentre outras da Graduação e Pós-graduação, tanto com escrita de livros 
didáticos quanto com aulas ministradas. É participante do Grupo de Estudos 
e Pesquisas em Escola, Família e Sociedade da UEM, cadastrado no CNPq. 
Possui pesquisas e livros científicos relacionados a Educação na linha de 
Psicologia da Educação. Ministra palestras sobre a educação no século XXI, 
a exemplo, a educação da família e da escola, as políticas educacionais e 
outras temáticas que envolvem o ensino, a aprendizagem e a formação de 
professores.
<http://lattes.cnpq.br/1301448235769294>
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), é com muita satisfação que apresentamos a leitura da presente obra, 
intitulada “Didática”. O estudo da Didática se faz presente em todos os cursos de licen-
ciatura e alguns cursos de bacharelado, tendo em vista seu caráterformativo para a prá-
tica pedagógica e a necessidade de se pensar e estudar os procedimentos de ensino, 
que são inerentes à profissão docente.
Nesse contexto, lhe convidamos para uma leitura que propõe os objetivos de conhecer e 
refletir sobre o processo de ensino e de aprendizagem historicamente construído; compre-
ender como o processo de ensino se dá desde o século XIX até os dias atuais e como a es-
cola, instituição sistematizada, organiza e gere os processos de ensino e de aprendizagem.
Também são objetivos a reflexão e proposição de modelos ou sugestões de métodos, 
metodologias e recursos que visam auxiliar o professor em sua prática pedagógica diá-
ria e a reflexão sobre como a avaliação escolar deve seguir a metodologia adotado pelo 
professor e levar o aluno a construção das suas competências e habilidades.
Atendendo a essas finalidades, a Unidade 1, intitulada “Fundamentos históricos e filo-
sóficos da Didática”, leva ao conhecimento da origem da Didática e sua construção his-
tórica a partir de seu criador João Amós Comênio, intelectual e teólogo que, no final 
do século XVII, produziu uma das obras mais importantes para a educação, a Didática 
Magna. Também se farão relevantes o conhecimento do Ratio Studiorum e dos métodos 
de ensino aplicados no Brasil desde os meados do século XVI.
A Unidade 2, intitulada “Tendências pedagógicas”, aborda os estudos pertinentes às teo-
rias educacionais que fundamentaram o processo de ensino e de aprendizagem, desde 
o final do século XIX, no Brasil. Para isso, as tendências são descritas, levando em consi-
deração o contexto histórico; o papel da escola, do professor e dos alunos; os conteúdos; 
os métodos e a aprendizagem. A discussão se encerra pela contextualização da didática 
na contemporaneidade e sua utilização nos ambientes não formais de aprendizagem.
A Unidade 3, intitulada “Planejamento de ensino”, mostra como se constituem os pla-
nejamentos em ambiente escolar e ambientes não formais de aprendizagem, desde as 
ações macro até as ações micro, a fim de proporcionar uma visão linear dos encaminha-
mentos pedagógicos que começam a nível nacional, por meio de documentos da Edu-
cação que embasam os currículos escolares de todo o país, passando por documentos 
regionais até chegar ao nível institucional e, finalmente, ao professor que colocará em 
prática seu plano de aula. Para isso, veremos que todo planejamento envolve pesquisa 
e organização docente.
A Unidade 4, intitulada “Execução do planejamento”, fornece elementos que proporcio-
nam o conhecimento das práxis pedagógicas que norteiam os métodos de ação das ati-
vidades estabelecidas no planejamento, a fim de compreender os procedimentos de en-
sino, que aliam estratégias e técnicas eficientes e eficazes para um ensino de qualidade 
e uma aprendizagem significativa. Finaliza-se com a reflexão sobre as competências e as 
habilidades necessárias para o professor, bem como a postura adequada ao profissional.
APRESENTAÇÃO
DIDÁTICA
Por fim, a Unidade 5, intitulada “Avaliação do processo de ensino e de aprendiza-
gem”, apresenta o conceito de avaliação e como ela foi vista no decorrer de todas as 
tendências pedagógicas até chegar à concepção de avaliação que possuímos atu-
almente. Também realizaremos discussões em torno dos modelos de avaliação que 
são utilizados e a importância que tem a utilização da avaliação de forma conscien-
te, com finalidade pedagógica, possibilitando que o professor repense sua prática 
pedagógica e que os alunos concretizem os conhecimentos que foram adquiridos.
Esperamos que você aprecie as reflexões propostas nesta obra e as aproveite ao 
máximo, enriquecendo os seus conhecimentos e utilizando-os em suas práticas pe-
dagógicas, contribuindo, assim, para que a educação ganhe novos rumos com a 
formação de sujeitos críticos e conscientes. Esperamos também que você amplie os 
seus conhecimentos sobre a temática por meio da pesquisa, e não tome esta obra 
como sua única fonte de saberes. Vamos lá?
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS DA DIDÁTICA
15 Introdução 
16 João Amós Comênio 
22 A Didática Magna 
30 A Construção Histórica da Didática no Brasil 
43 Considerações Finais 
49 Referências 
51 Gabarito 
UNIDADE II
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
55 Introdução 
56 Tendências Pedagógicas Liberais 
68 Tendências Pedagógicas Progressistas 
83 Conceituando a Didática 
89 Considerações Finais 
96 Referências 
98 Gabarito 
SUMÁRIO
10
UNIDADE III
PLANEJAMENTO DE ENSINO
101 Introdução 
102 Caminhos do Planejamento Escolar 
116 Pesquisa Docente 
125 Plano de Aula 
134 Considerações Finais 
141 Referências 
144 Gabarito 
UNIDADE IV
EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO
149 Introdução 
150 Procedimentos de Ensino 
158 Estratégias e Técnicas para Ação Docente 
169 Competências, Habilidades e Postura Docente 
177 Considerações Finais 
183 Referências 
185 Gabarito 
SUMÁRIO
11
UNIDADE V
AVALIAÇÃO
189 Introdução 
190 Conceito de Avaliação 
196 Modelos de Avaliação 
203 Aspectos Pedagógicos e Psicológicos da Avaliação 
208 Considerações Finais 
214 Referências 
215 Gabarito 
216 CONCLUSÃO
217 GLOSSÁRIO
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Professora Me. Camila Tecla Mortean Mendonça
FUNDAMENTOS 
HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS 
DA DIDÁTICA
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conhecer o surgimento da Didática e o seu precursor, João Amós 
Comênio, a fim de compreender o contexto histórico.
 ■ Refletir sobre a Didática Magna e suas propostas pedagógicas, para 
identificar as ações presentes na educação até os dias atuais.
 ■ Analisar a construção histórica da didática no Brasil, a fim de 
compreender como a educação permeia as diferentes sociedades.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ João Amós Comênio
 ■ A Didática Magna
 ■ A construção histórica da Didática no Brasil
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) aluno(a)! Dando início aos estudos sobre a Didática, discutiremos, 
nesta unidade, seu nascimento. Para isso, percorreremos um caminho de conhe-
cimento sobre seu criador, o intelectual, filósofo e teólogo João Amós Comênio. 
Depois, conheceremos sua maior obra para a educação institucional, intitulada 
Didática Magna.
Continuaremos nossos estudos pela construção histórica da Didática no 
Brasil, iniciando com a educação Jesuíta e a sua obra didático-pedagógica, o Ratio 
Studiorum. Destacaremos, também, mais três métodos utilizados no Brasil, no 
processo de ensino e de aprendizagem: o método individual, o método simul-
tâneo e o método Lancaster.
O surgimento da Didática está atrelado à gênese da educação institucional, 
no decorrer da construção da sociedade, das ciências e da produção, como uma 
atividade que possui intencionalidade, planejamento e é dedicada à instrução 
das pessoas (LIBÂNEO, 1994).
Desde os primeiros tempos, há indícios de formas rudimentares de apren-
dizagem, no entanto, ainda, não havia didática como forma de organização e 
estrutura do ensino. Na Antiguidade Clássica e no Período Medieval, também, 
havia presença de ações pedagógicas nos mosteiros, igrejas e universidades, 
porém só podemos tratar de Didática após meados do século XVII, quando se 
concretizou como uma teoria do processo de ensino, que sistematize o ensino e 
as formas de ensinar (LIBÂNEO, 1994).
O termo Didática aparece quando há a intervenção de adultos no processo de 
aprendizagem das crianças e jovens, por meio de uma ação intencional e planejada. 
A escola, assim, se institucionaliza, e o processo de ensino se torna sistematizado, 
levando em consideração o ritmo dos alunos e a assimilação dos conteúdos.
Nesse sentido, nosso objetivo nesta unidade, caro(a) aluno(a), é que você 
compreenda a Didática como uma teoria que investiga o processo de ensino, que 
faz parte do fazer diário do professor. Convidamos você a iniciar a leitura desta 
unidade e se deleitar com a compreensão destes conceitos, que são fundamen-
tais para a construçãode uma prática pedagógica consistente.
Introdução
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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS DA DIDÁTICA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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JOÃO AMÓS COMÊNIO
Em tcheco, Jan Amos Komensky; no latim, Iohannes Amos Comenius; em lín-
gua portuguesa, João Amós Comênio. Ele foi um grande estudioso da História 
da Educação, destacando-se principalmente nos estudos da Didática. Nasceu 
na cidade de Nivnice, na Moravia, região da Boêmia, atualmente chamada de 
República Tcheca e Polônia, no dia 22 de março de 1592. Comênio faleceu em 
15 de novembro de 1670, na cidade de Amsterdã, na Holanda, em decorrência 
de intensas perseguições sofridas, em seus 78 anos de existência, nos inúmeros 
lugares que habitou (OLIVEIRA; COSTA, 2012).
Teólogo, filósofo e educador, João Comênio possui uma história de vida muito 
singular, isso contribuiu para que se tornasse um grande estudioso da Educação. 
Ficou órfão aos 12 anos e, no ano de 1608, aos 16, matriculou-se na escola secundária 
de Prerov, onde se destacou como um bom aluno (LOPES, 2008). Sua inquieta-
ção, sobre a melhor forma de 
ensinar e aprender, surgiu nos 
estudos de Latim, em que os 
alunos eram forçados a estu-
dar de forma desordenada e 
distante da realidade.
Aos 20 anos, cursou filo-
sofia na Academia de Hebron. 
Seus estudos o aproximaram 
da vida espiritual e possi-
bilitaram que ele refletisse 
sobre autores que marcaram 
profundamente seus pen-
samentos. Por meio de seu 
mestre, Alsted, conheceu os 
pensamentos progressistas de 
Francis Bacon (1561-1626) e 
Holfgang Ratke (1571-1635), 
João Amós Comênio
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que elaboravam novos métodos valorizando a experiência do aprendiz. Aos 
22 anos, João Comênio transferiu-se para o curso de Teologia da Academia de 
Heildeberg (OLIVEIRA; COSTA, 2012). Após a conclusão da sua formação, 
retornou para a Morávia, onde desempenhou a função de pastor e de educador.
A GUERRA DOS 30 ANOS
Figura 1 - Celebração da Paz de Münster
Fonte: Wikimedia.
Após dois anos trabalhando como pastor e educador na Morávia, João Comênio 
transferiu-se para Fulnek, em 1616, onde casou-se com sua primeira esposa, 
Madalena Vizovska, com quem teve seus dois primeiros filhos. No entanto, em 
1621, o exército dos espanhóis invadiu a cidade de Fulnek em virtude da guerra 
dos 30 anos, causando a Comênio duas grandes perdas: a primeira se refere aos 
seus livros e manuscritos e a segunda, à sua esposa e filhos, que morreram víti-
mas da peste. Comênio se viu obrigado a reiniciar a sua produção.
Devido à guerra dos 30 anos (1618-1648), Comênio precisou abandonar 
a sua pátria e passou por vários países, divulgando as suas ideias. Destacamos 
aqui as localidades de Lezno, Suécia, Londres, Transilvânia, Hungria e Amsterdã. 
Apesar das dificuldades que enfrentava, Comênio relacionava-se com os gran-
des pensadores da sua época (OLIVEIRA; COSTA, 2012).
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS DA DIDÁTICA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Na sequência desses acontecimentos, iniciou-se a perseguição contra os morá-
vios, que fugiram para a Polônia e se estabeleceram na cidade de Leszno. Nesse 
período, Comênio casou-se pela segunda vez com a filha de um bispo muito 
conhecido e importante na região, chamada de Dorotéia Cirilo. Em Fulnek, outra 
tragédia destruiu a cidade e, junto com ela, a casa e a biblioteca de Comênio.
No ano de 1648, Dorotéia Cirilo faleceu, deixando Comênio e os cinco filhos 
na cidade de Leszno. Nesse período, Comênio vivenciou uma situação aguda e foi 
muito criticado e incompreendido pela comunidade da Morávia. Pobre e doente, 
seguiu para Holanda, onde se casou pela terceira vez com Johana Gasusová, no 
ano de 1649. Na cidade de Amsterdã, onde viveu até a sua morte, cresceu nova-
mente como educador e reformador social, a partir de suas ideias progressistas. 
Em 15 de novembro de 1670, Comênio morre após adoecer gravemente. Cercado 
pela família e por amigos, é enterrado na igreja da pequena cidade de Naarden, 
onde está construído seu mausoléu.
VIDA ACADÊMICA
Apesar de sua história, Comênio teve uma vida muito produtiva. Começou sua 
vida acadêmica, destacando-se em Hebron, por volta de 1611, onde se preocu-
pou em escrever um dicionário com expressões elegantes de sua língua materna, 
intitulado Bohemicae Thesaurus, ou Tesouro da Língua Boêmia, cujo conteúdo 
descreve a gramática completa da língua tcheca.
Neste mesmo período, destacou-se por defender suas duas teses de dou-
torado, Problemata Miscelania e Syloge Quaestiorum Controversum, que foram 
grandemente elogiadas por seus mestres. Após um período em Heidel-berg para 
estudos sobre a Matemática e a Astronomia, retornou para a Boêmia.
No ano de 1614, Comênio foi designado reitor da escola de Prerov, comu-
nidade Morávia. Nesse período, se destacou e foi notadamente elogiado pela 
inclusão de atividades ao processo de ensino que anteriormente não eram 
utilizadas, como conversas, músicas e jogos, tornando a escola um espaço 
agradável. Com isso, eliminou da escola os castigos corporais, muito utiliza-
dos naquele período.
João Amós Comênio
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Destacou-se pelo seu brilhantismo como educador, principalmente, após a 
reforma educacional, que culminou na implantação de métodos diferenciados 
para o ensino das disciplinas de Artes e de Ciências. Em 1616, estabeleceu-se 
em Fulnek, onde atuou como pastor morávio. Em 1623, durante sua estadia em 
Brandeis, escreveu Labyrint sueta a ráj srdce ou O labirinto do mundo e o para-
íso do coração, para consolar os que haviam sobrevivido à guerra, a fim de que 
pudessem encontrar alento em Cristo e não nos bens materiais; foi uma de suas 
obras de maior valia (LOPES, 2008).
Posteriormente, foi a Londres, onde foi convidado a assumir a Reitoria da 
Universidade de Harvard. Negando o convite, viajou para vários países, mas acabou 
se fixando em Leszno. Em uma ocasião durante passagem pela Suécia, Comênio 
deparou-se com René Descartes no castelo de Endegeest. Apesar de se tratar de 
um breve encontro, acredita-se que Descartes tenha simpatizado por Comênio, 
tendo em vista a proximidade do pensamento de ambos com relação ao ensino 
realizado nas escolas da época. Tanto Comênio quanto Descartes foram intelec-
tuais que desenvolveram métodos e defendiam a utilização destes para o processo 
de ensino. Idealizavam uma ciência universal a que todos pudessem ter acesso.
No entanto, em um ponto as suas 
ideias divergiam. Descartes acreditava 
que a ciência deveria ser utilizada com 
a finalidade exclusivamente humana, 
desconsiderando os aspectos reli-
giosos. Em contrapartida, Comênio 
acreditava que a ciência deveria ser 
ensinada e utilizada como uma forma 
de aproximar as pessoas de Deus, ou 
seja, com a finalidade religiosa.
Suas obras pedagógicas apa-
receram somente no período de 
1630 e 1633: a Didática tcheca, 
Informatorium Skóly Materké (que se 
traduz por Guia da Escola Materna); 
Janua Linguarum Reserata (traduzido 
Figura 2 - Retrato de René Descartes
Fonte: Wikimedia.
Estimular a inteligência infantil; 
Facilitar a aprendizagem da leitura.
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS DA DIDÁTICA
Reprodução proibida. A
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por Porta Aberta das Línguas) e a Didática Magna, a obra mais importante para 
a educação. Esses escritos foram desenvolvidos tanto para professores, quanto 
para alunos. Aos professores era indicado o aprender a fazer e, apartir disso, 
fundamentar a prática em uma sólida teoria; aos alunos era preciso aprender a 
aprender (LOPES, 2008).
Já em 1642, a fim de ajudar a Suécia e melhorar o seu estudo do latim, é enco-
mendada a Comênio, pelo Chanceler Oxenstiern, a escrita da obra Methodus 
Linguarum Novíssima ou Novíssimo Método das Línguas, publicada em 1947. 
Essa é a principal obra sobre os estudos dos idiomas escrita por Comênio, que 
possuía uma grande preocupação com os estudos comparativos das línguas, che-
gando a traçar regras para a tradução de textos (LOPES, 2008).
A convite do príncipe Sigismundo Rákoczy, em 1650, Comênio assume uma 
escola na Hungria e nela permanece por quatro anos. Nesse período, escreve a 
obra Orbis pictus, (Mundo Ilustrado ou Sensível), que, segundo Lopes (2008, p. 
52), consiste na síntese da sua vasta experiência pedagógica, discutindo, por 
meio de gravuras, três objetivos:
Reter a noção aprendida; 
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Devido à grande influência da religião na vida e na formação de Comênio, utili-
zava a Bíblia como fonte de sabedoria e como fundamentação para a sua filosofia. 
Em 1670, antes de sua morte, escreveu ainda um resumo dos princípios peda-
gógicos: Spicilegium Didactium ou Didática Especial.
Caro(a) aluno(a), após visualizarmos a vida e a obra de João Amós Comênio, 
você deve estar se perguntando: por que é importante saber a trajetória desse 
autor? Por que estudar a Didática Magna, texto escrito no século XVII?
Conhecer a trajetória da vida e da obra desse autor é importante para que 
possamos compreender em que período histórico ele elaborou seu método. 
Comênio teve uma vida muito conturbada, como pudemos observar, no entanto 
o momento histórico em que ele viveu foi tão conturbado quanto. Foi no decorrer 
dos séculos XVI e XVII que a história da humanidade sofreu grandes transforma-
ções, principalmente na Europa, tendo em vista o declínio do sistema feudal e a 
ascensão do capitalismo, um período marcado pelo abismo entre ricos e pobres.
A educação escolar era restrita, destinada à burguesia e de caráter religioso. 
Mesmo assim, a metodologia utilizada era rígida, desordenada e distante da rea-
lidade dos alunos. Comênio foi um reformador e, apesar de ser um homem de 
seu tempo, pensou para além dele. O seu projeto era criar condições para que o 
homem pudesse se adaptar ao novo contexto produtivo do século XVI e XVII. 
Para isso, escreveu obras que tinham como objetivo a “construção de uma cida-
dania para todos, pobres, ricos, homens e mulheres de todas as idades, para que 
as pessoas todas experimentassem a libertação da ignorância e do sofrimento 
[...]” (AHLERT, 2002, p. 450).
Nesse período, ocorreram intensas mudanças na forma de produção e no 
desenvolvimento da ciência e da cultura. O clero e a nobreza diminuíam, enquanto 
o poder da burguesia aumentava. Assim, na medida em que a burguesia se fortale-
cia como classe social, disputava o poder econômico e político com a nobreza. No 
mesmo ritmo, crescia a necessidade de um ensino que fosse ligado às exigências 
do mundo da produção e dos negócios, ou seja, um ensino que contemplasse o 
desenvolvimento da capacidade e dos interesses dos indivíduos (LIBÂNEO, 1994).
Para Ahlert (2002), a Didática Magna se apresenta como uma proposta 
pedagógica para o processo de ensino e de aprendizagem no período de tran-
sição entre a Idade Média e o início da Modernidade. Comênio considerava a 
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educação um instrumento necessário às transformações sociais tão urgentes no 
período turbulento e conflituoso no qual viveu. Nesse sentido, a educação era o 
caminho para se chegar à libertação e salvação de todos.
Comenius foi o fundador da didática e, em parte, da pedagogia moder-
na. Mas foi, ainda, um pensador, um místico, um reformador social, 
personalidade extraordinária, em suma. Seu nome figura ao nível dos 
de Rousseau, Pestalozzi e Froebel, isto é, dos maiores da educação e da 
pedagogia (COVELLO, 1991, p. 9).
A Didática Magna, ou O Tratado de Ensinar Tudo a Todos, assunto do nosso 
próximo tópico, é uma das obras mais importantes para a educação institu-
cional, tendo em vista seu caráter pioneiro no processo de democratização da 
escola. Retomar a obra de Comênio significa resgatar a utopia de uma educa-
ção para todos, em que as mulheres e os menos favorecidos socialmente são 
incluídos. Significa uma possibilidade de educação que considere a multicul-
turalidade, “expressa no seu esforço em garantir os conteúdos universais na 
língua e contexto cultural onde o ser humano está inserido. Comênio via a 
cultura, o seu símbolo maior, como uma força libertadora para as nações opri-
midas” (AHLERT, 2002, p. 450).
A DIDÁTICA MAGNA
A Didática Magna, ou O Tratado de Ensinar Tudo a Todos, define didática como:
O processo seguro e excelente de instituir, em todas as comunidades 
de qualquer Reino cristão, cidades e aldeias, escolas tais que toda a ju-
ventude de um e de outro sexo, sem excetuar ninguém em siveiarte 
alguma, possa ser formada nos estudos, educada nos bons costumes, 
impregnada de piedade, e, desta maneira, possa ser, nos anos da pu-
berdade, instruída em tudo o que diz respeito a vida presente e à fu-
tura, com economia de tempo e de fadiga, com agrado e com solidez 
(COMÊNIO, 2001, p. 11).
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A Didática Magna escrita por Comênio (2001) se destaca como uma das obras 
mais importantes da história da educação, consagrando seu autor como criador 
da didática moderna e um dos intelectuais mais importantes do século XVII. 
Comênio concebia o homem tanto pelo seu lado humano quanto espiritual, tanto 
que faz uma proposta pedagógica que envolve ambos e que é referência nos estu-
dos do processo de ensino, ou seja, da Didática.
Por ter estudado em uma escola muito rígida, cheia de regras e com cas-
tigos violentos aplicados às crianças, Comênio foi capaz de perceber os vários 
defeitos que caracterizavam o método aplicado em seu tempo. Nesse sentido, 
“seu ideal era ensinar a criança de maneira que sua chegada na fase adulta atin-
gisse na plenitude de suas capacidades todo o conhecimento e sociabilidade” 
(BIASSETI, 2017, p. 8). Seu objetivo era que os indivíduos aprendessem para a 
vida, de forma que conseguissem se inserir na sociedade e fossem capazes de 
cumprir os seus deveres sociais.
Eles aprenderão, não para a escola, mas para a vida, de forma que os 
jovens tornem-se enérgicos, prontos para tudo, diligentes e merecedo-
res da atribuição de qualquer um dos deveres da vida, e ainda mais, se 
tiverem acrescentado à virtude uma conversação suave, e tudo tiverem 
coroado com o temor e o amor de Deus. Tornar-se-ão capazes de ex-
pressão e eloquência (COMÊNIO, 2001, p. 200).
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A escola, nesse contexto, deveria ser um lugar tranquilo, de convivência e traba-
lho em equipe. Os alunos teriam a oportunidade de se expressar, de se relacionar 
socialmente, de aprender de forma agradável, em um processo de transformação 
dos alunos em seres humanos, iniciado no nascimento e continuado dentro da 
escola. “Os livros de textos deveriam ser padronizados e cada aluno deveria ter 
o seu próprio livro. Também, cada classe deveria ter um texto contendo todo o 
conteúdo de cada aula” (BIASSETI, 2017, p. 9).
A educação pansófica ou a sabedoria universal defendida por Comênio se 
traduz no seu ideário de se ensinar tudo a todos, necessidade atribuída a sua 
crença em Deus, em sua infinitabondade. Assim, a educação pansófica se cons-
tituiu em uma organização do saber, em um projeto educativo ou um ideal de 
vida imaginado por Comênio.
O pensador organizou a didática em quatro níveis: escola materna – de 0 a 6 
anos; escola vernácula – de 7 a 12 anos; escola latina – de 13 a 18 anos; e univer-
sidades e viagens a partir dos 19 anos. Tratemos de tais níveis com mais atenção:
Escola materna – de 0 a 6 anos. É 
o lar, considerada a primeira escola 
da criança. Nesse período, as crian-
ças deveriam ter o convívio familiar 
e aprender a partir de suas próprias 
observações. Além disso, as funções 
específicas também deveriam ser 
ensinadas, como a sociabilidade, a 
percepção e a religião, a partir do 
interesse das crianças dessa idade. 
Comênio era a favor dos contos 
de fadas, dos jogos, das atividades 
manuais, da música, do humor e das 
fábulas (BIASSETI, 2017).
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Escola vernácula – de 7 a 
12 anos. Comênio acredi-
tava que as crianças, nesse 
período, deveriam apren-
der todas juntas, de forma 
que a educação deveria ser 
básica e completa, aquela 
necessária para a vida de 
todos nós. A língua ver-
nácula, ou seja, o idioma 
puro, tanto na linguagem 
oral quanto na escrita, 
sem utilização de palavras 
estrangeiras, deveria ser ensinado antes do latim. As crianças deveriam treinar os 
sentidos, a memória e a imaginação, desenvolvendo-se cognitivamente. Biasseti 
(2017, p. 10) destaca que as aulas deveriam incluir “Leitura, Escrita, Aritmética 
prática, Canto, Religião, Moral, Economia e Política, História geral, Cosmografia 
e as Artes mecânicas”.
Escola latina – de 13 a 18 anos. 
Deveria ser destinada a desen-
volver, nos meninos, a formação 
para alcançar os graus mais ele-
vados do saber, independente da 
sua condição social. Esta escola 
iria treinar os alunos a compre-
ender e julgar as informações 
adquiridas pelos sentidos, que 
seriam desenvolvidos na escola 
vernácula.
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 Para isso seriam ensinadas as seguintes disciplinas: Lógica, Gramática, Retórica, 
Ciências e Artes, para que as mais elevadas faculdades do espírito fossem exercitadas. 
Quatro línguas deveriam ser aprendidas: o vernáculo, o latim, o grego e o hebraico. 
Nesses seis anos de escola latina, as matérias seriam divididas: Gramática, Filosofia natu-
ral, Matemática, Ética, Dialética e Retórica (BIASSETI, 2017, p. 10).
Universidades e Viagens – a partir dos 19 anos. Indicaria o mais alto nível 
de educação, seria somente para os alunos mais dedicados e com alto caráter 
moral. O ingresso nesse nível seria realizado por meio de exame público para 
avaliação dos alunos (BIASSETI, 2017). Uma função da universidade seria a 
pesquisa e as viagens para coleta de informações sobre a natureza humana e 
suas instituições.
 
Comênio também baseou seus métodos em uma teoria da vida mental 
e do desenvolvimento infantil. Observou cuidadosamente o desenvol-
vimento das plantas e animais, a execução de artes manuais e artesana-
to e os interesses espontâneos das crianças. Compreendia que a verda-
deira base da ciência educacional deveria ser o crescimento natural da 
criança, e seguindo este caminho, deveria se basear o método de ensino 
neste princípio de sucessão natural (BIASSETI, 2017, p. 11).
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Comênio defendia que a escola era fundamental para a educação dos homens, 
por isso a sua máxima “ensinar tudo e todos”. Para ele, dar acesso ao conheci-
mento a todos permitiria que o homem pudesse se colocar como agente do seu 
desenvolvimento, ou seja, como ator e não como mero espectador.
Nesse sentido, caro(a) aluno(a), a educação de Comênio tinha como objetivo 
formar bons cristãos, assim, os homens seriam capazes de praticar boas ações 
a todos, sem distinção. Sua teoria possuía consistência e apresentava uma boa 
articulação entre suas diversas dimensões: religiosa, filosófica, educacional e 
social, mas isso não foi o suficiente para ser reconhecido, no período em que 
viveu, pelos seus ideais inovadores. Acreditamos que seja por sua trajetória de 
vida e pelo momento histórico e social em que viveu.
Para Comênio (2001), a Didática é, ao mesmo tempo, um processo e um tra-
tado; consiste tanto em um ato de ensinar, como na arte de ensinar. É uma ação 
sublime, pois forma seres humanos, envolve professor e aluno, tornando ambos 
diferentes do que eram antes.
Nesse contexto, ensinar supõe que há conteúdos a serem ensinados, sejam 
eles de natureza moral, instrucional ou sobre a religião. Esses conhecimentos 
também dão base para a exploração e o conhecimento de nós próprios, assim, 
essa natureza que deve ser explorada é a natureza social, ou seja, os conteúdos 
historicamente acumulados.
Comênio também defendia a educação escolar das crianças pequenas, pois, 
assim, elas poderiam ter acesso, desde cedo, às noções das ciências básicas que 
viriam a estudar mais tarde. Ele acreditava que a aprendizagem iniciava pelo 
treino dos sentidos, pois as impressões das experiências vivenciadas com os obje-
tos seriam internalizadas e mais tarde interpretadas pela consciência racional.
Você acredita que a máxima de Comênio, “ensinar tudo a todos”, ainda se 
faz necessária nos dias atuais?
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A base do método didático de Comênio se constitui por três elementos: com-
preensão, retenção de informações e prática. Por meio destes, podemos chegar 
a três qualidades fundamentais que devem ser desenvolvidas pelos alunos: eru-
dição, instrução e religião, as quais nos levam às três competências que devem 
ser adquiridas: desenvolvimento intelectual, disposição em aprender e memória.
Figura 3 - Método didático de Comênio
Fonte: as autoras (2018).
O método didático deveria seguir a seguinte ordem: 
1. Todo o conhecimento historicamente acumulado deve ser ensinado. 
2. Tudo o que se ensina deve ser ensinado, relacionando com sua aplicação 
prática, com o seu uso social. 
3. O ensino deve ser direto e claro. 
4. Deve ser ensinado a partir da verdadeira natureza das coisas, ou seja, a 
partir do conhecimento científico. 
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5. Ensinar, primeiramente, de forma geral e, posteriormente, adentrar para 
o estudo das partes. 
6. Ensinar os conteúdos no seu devido tempo. 
7. Ensinar até a compreensão perfeita do conteúdo.
8. Dar a devida importância às diferenças que existem entre as coisas. Assim, 
o ensino seria universal.
Biasseti (2017, p. 13) destaca alguns dos princípios do método de instrução de 
Comênio:
 
O método de Comênio tinha como propósito dar instrução de for-
ma: segura e completa; certa e clara; fácil e agradável. •A educação 
dos homens deveria ser iniciada na primavera da vida; •Ensinar coi-
sas e linguagem juntas; •Primeiro a criança deveria compreender o 
assunto, antes de memorizar a definição dele; •Começar pelo uni-
versal (elementos simples e gerais), e partir para o particular (por-
menores); •Todo o estudo deve ser graduado por passos minucio-
sos; •O ensino deveria ser dado conforme a idade e força mental da 
criança (BIASSETI, 2017, p. 13).
A Didática Magna de Comênio se constitui como um modelo do saber sobre a 
educação do homem, desde sua infância até sua juventude, por meio da inte-
ração social, que passaria a ser coletiva, ou seja, passaria a acontecer na escola. 
Ela apresenta característicasque se fizeram necessárias para a instituição escolar 
moderna, e que, em alguns aspectos, permanece nela até os dias atuais. Podemos 
destacar: a valorização da infância e sua escolarização formal; a concepção da 
família como primeiro núcleo social da criança; a relação entre família e escola; 
a escola como instituição educacional; e a construção da figura do professor, 
educador, do mestre como elemento fundamental no processo de ensino. Esses 
são motivos pelos quais se faz necessário conhecer e compreender Comênio.
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A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA DIDÁTICA NO 
BRASIL
O método didático elaborado por Comênio vai de encontro com a situação em 
que a Europa vivia no final do século XVI, em meio à Contra Reforma Católica. 
A igreja católica estava perdendo o seu espaço e o seu poder com o avanço do 
Protestantismo. Dessa forma, com o objetivo de deter o avanço protestante e con-
quistar novos fiéis, é fundada em 1539 a Companhia de Jesus, por Inácio de Loyola.
A ordem surge em um momento em que as grandes navegações estão em 
ascensão, sendo utilizada como uma arma da Igreja Católica na Contra Reforma. 
É nesse contexto, que a Companhia de Jesus chega ao Brasil, pois os primeiros 
países colonizadores católicos eram Espanha e Portugal.
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No Brasil, a educação escolar iniciou-se a partir da chegada da Companhia 
de Jesus, em março de 1549. Trouxeram junto a eles um plano de estudos, ela-
borado por Inácio de Loyola e vigorado em 1552. Esse documento padronizava 
a educação em todas as instituições da Companhia de Jesus, apresentando 
métodos de ensino e orientando o professor sobre como organizar sua aula 
(FRANCA, 1952). 
Na Europa, o objetivo dessa educação, ainda voltada aos filhos dos nobres, 
era proteger o poder da Igreja Católica do protestantismo que se instaurava na 
época, ameaçando dogmas, costumes e regras já estabelecidos na sociedade. No 
Brasil, com a catequização dos índios, o objetivo era propagar e impor a cul-
tura europeia, sobretudo a portuguesa, a fim de que o poder da Igreja Católica 
também permeasse a nova terra. Mais uma vez, vemos a educação sendo uti-
lizada como forma de poder sobre o povo 
(SHIGUNOV NETO; MACIEL, 2008).
Mais conhecido como Ratium 
Studiorum, o Plano de Estudos da 
Companhia de Jesus desempenha um papel 
muito importante na educação moderna, 
papel este que não pode ser diminuído ou 
menosprezado. Franca (2017) destaca que, 
historicamente, esse manual de ensino era 
utilizado para toda a organização das ativi-
dades desenvolvidas, em todos os colégios, 
que a Companhia de Jesus fundou e diri-
giu, no decorrer de aproximadamente dois 
séculos, em todos os continentes.
A Companhia de Jesus, uma ordem con-
sagrada a ensinar pela constituição escrita por seus fundadores, tinha a missão 
de exercer os seus ministérios em todo o território que entrasse. Logo depois 
de instituída, rapidamente, multiplicava os seus estabelecimentos de ensino 
(FRANCA, 2017). O seu domínio era tamanho que “em 1750, poucos anos 
antes de sua supressão (1773) por Clemente XIV, a Ordem de Inácio dirigia 578 
colégios e 150 seminários, ao todo, 728 casas de ensino” (FRANCA, 2017, p. 3).
Figura 4 - Capa do livro Ratios Studiorum
Fonte: Wikimedia Commons.
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A ordem jesuíta possuía uma organização administrativa, dividida em 
Províncias e Circunscrições territoriais, ou seja, composta por casas e colé-
gios da ordem, localizados em um território ou em parte dele. Administrando 
cada província, encontrava-se um Provincial, o qual possuía a função escolher 
o Prefeito de estudos e das disciplinas, prezar pela formação de bons professo-
res, promover o estudo na Província, vigiar o emprego das normas estabelecidas 
pelo Ratium Studiorum, assim como sugerir mudanças, devido as circunstâncias 
de tempo e lugar específicas da Província (FRANCA, 2017).
O reitor, de acordo com Franca (2017), era a figura central do colégio jesuíta. 
Dentre as suas funções, cabia convocar e presidir a reunião com os professo-
res e as solenidades escolares. Dentro do colégio jesuíta, o reitor é autoridade 
máxima; fora dela, é subordinado ao Provincial. O prefeito de estudos era o braço 
direito do reitor, e possuía a função de acompanhar de perto toda a rotina esco-
lar, visitar as aulas e primar pela execução dos regulamentos e dos programas. 
Se necessário, nomeava-se ainda um prefeito de disciplinas, que possuía a fun-
ção de auxiliar o prefeito de estudos, principalmente, com relação a manter o 
bom comportamento.
Os cursos superiores e secundários eram minuciosamente organizados no 
Ratium Studiorum, de acordo com Franca (2017, p. 65):
I – Currículo Teológico. 4 anos. Teologia escolástica. 4 anos; dois pro-
fessores, cada qual com 4 horas por semana. Teologia moral. 2 anos. 
Dois professores com aulas diárias ou um professor com duas horas por 
dia. Sagrada Escritura. 2 anos com aulas diárias. Hebreu. 1 ano, com 
duas horas por semana. A revisão de 1832 ao currículo teológico acres-
centou, com disciplinas autônomas, o Direito Canônico e a História 
Eclesiástica, estudada no século XVI, só ocasionalmente. II – Currículo 
filosófico. 1o. Ano – Lógica e introdução às ciências; um professor; 2 
horas por dia. 2o. Ano – Cosmologia, Psicologia, Física – 2 horas por 
dia. Matemática – 1 hora por dia. 3o. Ano – psicologia, Metafísica, Fi-
losofia Moral – dois professores. Duas horas por dia. III – Currículo 
Humanista. O currículo humanista, corresponde ao moderno curso 
secundário, abrange, no Ratio, cinco classes: 1 – Retórica. 2 – Huma-
nidades. 3 – Gramática Superior. 4 – Gramática Média. 5 – Gramática 
Inferior.
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Essas classes possuíam a característica dos graus, ou estágios de progresso. De 
acordo com Franca (2017), só poderia ser promovido a um grau superior o aluno 
que havia adquirido integralmente os conhecimentos. Por esse motivo, os cur-
rículos eram concluídos, muitas vezes, somente 6 ou 7 anos após o seu início. 
Franca (2017) apresenta como estava organizada a maior parte do currículo, ou 
seja, o III – Currículo Humanista:
Quadro 1 - Organização do currículo Humanista do Ratium Studiorum
GRAU CLASSE ANO
1 Retórica 7
2 Humanidades 6
3 Gramática Superior 5
4 Gramática Média A 4
4 Gramática Média B 3
5 Gramática Inferior A 2
5 Gramática Inferior B 1
Fonte: Franca (2017, p. 7).
Na prática, os colégios da Companhia de Jesus não eram instituições de ensino 
rígidas, sem vida. No entanto, continham um ar conservador e suavemente pro-
gressista que acompanhava a cultura e as mudanças sociais.
A metodologia do Ratium Studiorum compreende processos didáticos com 
a finalidade do estímulo e a transmissão dos conteúdos. A metodologia apre-
sentava flexibilização quanto aos processos de trabalho, uma vez que o plano 
de estudos possuía uma variedade de métodos e permitia liberdade de esco-
lha. Um ponto chave da didática do Ratium Studiorum é a preleção, ou seja, a 
indicação de lições antecipadas, que eram indicadas para os alunos estudarem, 
cujos métodos aplicados variavam de acordo com o nível intelectual dos alunos 
(TOSHIMA; MONTAGNOLI; COSTA, 2018, p. 5).
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Na pedagogia jesuíta, instrução e educação caminhavam juntas. Dessaforma, esse processo não era estritamente religioso, tendo em vista que o ideal 
da Companhia de Jesus era “proporcionar a realização plena da natureza humana” 
(TOSHIMA; MONTAGNOLI; COSTA, 2018, p. 9). Assim, os jesuítas tiveram 
êxito na formação de cristãos e de profissionais capacitados, e o Ratium Studiorum, 
mesmo se tratando de um texto escrito no século XVI, merece atenção, ainda, 
hoje, tendo em vista que compreendê-lo e pensá-lo de forma crítica enriquece 
nossa postura enquanto docentes.
Os jesuítas foram expulsos do Brasil em 1773 pelo Rei Clemente XIV. As 
causas prováveis de sua supressão versam em duas categorias: questões polí-
ticas e ideológicas e questões educacionais. Politicamente e ideologicamente, 
a Companhia de Jesus havia se tornado um empecilho para os interesses do 
Estado Moderno; além disso, possuíam um grande poder econômico que era 
cobiçado pela Coroa Portuguesa. No campo educacional, as transformações 
sociais que decorriam do movimento Iluminista e dos princípios liberais solici-
tavam um sujeito novo, burguês, e não mais um homem cristão (SHIGUNOV 
NETO; MACIEL, 2008).
Assim terminou a catequização da Companhia de Jesus no Brasil. No entanto, 
mesmo após a expulsão, seus métodos e escolas se mantiveram. Atualmente, no 
Brasil, temos várias escolas e universidades que são mantidas pela Companhia 
de Jesus e que estão espalhadas por todo o território brasileiro.
MÉTODO INDIVIDUAL
Outros métodos pedagógicos foram utilizados, no Brasil, para a educação esco-
lar. Aqui, destacamos o método individual.
O método individual consiste na relação entre professor e aluno: o profes-
sor atente cada aluno individualmente, ou seja, o professor chama o aluno e em 
alguns minutos lhe passa a lição. Ao retornar ao seu lugar, o aluno deveria rea-
lizar os exercícios a fim de aprender o ensinamento do professor. Nessa época, 
os estudos realizados eram em torno do ensino da leitura.
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O methodo individual é aquele que o professor leciona cada menino 
em si. [...] As vantagens do método individual são o mestre tomar para 
si, a cada menino, a sua lição respectiva; as suas desvantagens são não 
se poder praticar n’uma escola, onde haja muitos meninos, porque isso 
rouba grande parte de tempo (SILVA; ARANTES, 2015, p. 17).
Esse método de ensino, que é considerado um dos mais antigos, apresenta mais 
algumas vantagens para o processo de ensino, a saber: o professor conhecia o 
seu aluno de forma a compreender se havia disposição para o conhecimento, 
conhecia o seu caráter, seu gênio, se poderia se tornar bom aluno. A partir deste 
conhecimento, o professor achava-se habilitado para formar-lhe o coração e diri-
gir-lhe a inteligência (SILVA; ARANTES, 2015).
Algumas desvantagens também poderiam ser vistas, como o número de alu-
nos para o professor ensinar precisava ser limitado, a disciplina era facilmente 
dissipada, pois o professor chamava um aluno após o outro para lhe tomar as 
lições (SILVA; ARANTES, 2015). Conforme exemplificamos na figura a seguir:
 
Figura 5 - Método Individual
Fonte: elaborada pelas autoras (2018).
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Silva e Arantes (2015) ainda destacam que este era o método utilizado na ins-
trução doméstica, aquela que ocorria em casa, em que as mães ou irmãos que 
sabiam alguma coisa ensinavam para aqueles que não sabiam nada. Logo em 
seguida, surge o método Lancaster, que esteve presente na primeira lei sobre a 
educação no país, a Lei Geral relativa do Ensino Elementar, publicada em 15 de 
outubro de 1827.
MÉTODO LANCASTER
 O método Lancaster, difundido na Europa, no final do século XVII, chegou ao 
Brasil somente por volta da década de 1820, momento no qual o governo tomou a 
decisão de implantar o método para o processo de ensino das escolas do Império. 
Foi criado por Joseph Lancaster (1778-1838) em parceria com Andrew Bell (1753-
1832). A primeira escola brasileira de ensino mútuo foi criada oficialmente em 
1º de março de 1823, e possuía como objetivo a formação de professores, espe-
cialmente, os militares (MENDONÇA; COSTA, 2015).
Outro método utilizado, no Brasil, foi o método intuitivo. Este chegou ao 
Brasil por volta de 1886, por meio da publicação da obra Primeiras lições de 
coisas, traduzida por Rui Barbosa.
O objetivo do método era resolver os problemas educacionais decorrentes 
da Revolução Industrial, que se tornaram ineficientes diante das novas 
exigências sociais. A Revolução Industrial havia viabilizado a produção 
de novos materiais e mobiliário escolar, mas a sua utilização dependia 
da adoção de novos métodos pelos professores. Dessa forma, o método 
intuitivo propiciava orientação aos professores por meios de manuais, 
neste caso, a obra Primeiras lições de coisas. 
Para saber mais sobre este método acesse o artigo: “Primeiras lições de 
coisas – manual de ensino elementar para uso dos pais e professores”, de 
autoria de Gladys Mary Teive Auras. Disponível em: <http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40602003000100021>. 
Fonte: elaborado pelas autoras (2018).
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Outorgada, no ano de 1824, a primeira Constituição brasileira, a qual 
estabelecia a instrução primária gratuita a todos os cidadãos, houve a neces-
sidade de propagar a instrução a todos os cidadãos brasileiros. Estabelecida 
essa meta, no dia 22 de agosto de 1825, o governo enviou um aviso minis-
terial endereçado aos presidentes de províncias, “insistindo na necessidade 
de propagar escolas pelo método lancasteriano” (CASTANHA, 2012, p. 5).
 
O método de ensino mútuo espalhou-se de tal forma pelo Brasil 
que até mesmo no início do período republicano ainda era possível 
encontrá-lo aplicado em diversos estabelecimentos de ensino – pú-
blicos e particulares – não só nas aulas de primeiras letras como, 
igualmente, em colégios onde funcionavam cursos secundários 
(NISKIER, 1989, p. 105).
Por ser dividido em províncias, o Brasil acabou por adotar formas diferencia-
das do método Lancaster. Nesse contexto, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas 
Gerais e Rio Grande do Sul implantaram, cada um à sua forma, o método 
Lancaster, tendo em vista que os governos estavam preocupados em ape-
nas criar as escolas e nomear os professores. A fiscalização, o treinamento 
e a eficiência educacional não estavam nos planos dos governos provinciais 
(MENDONÇA; COSTA, 2015).
 Apesar disso, caro(a) aluno(a), as escolas que adotaram o método Lancaster 
possuíam algumas características em comum, como a sua estrutura pedagó-
gica, os agentes da ação educativa e o mobiliário. A estrutura pedagógica era 
sempre a mesma: a sala em formato retangular e os alunos organizados todos 
juntos, a sala não possuía divisão (MENDONÇA; COSTA, 2015).
Jomard [...] fixou as normas desejáveis para o número de alunos, va-
riando de setenta a mil. Ele indica, por exemplo, para 350 alunos, a 
necessidade de uma sala de 18m de comprimento por 9m de largura. 
Na Inglaterra e na zona rural francesa, utiliza-se frequentemente um 
celeiro para a nova escola. Na França, os edifícios religiosos, desocu-
pados após o período revolucionário, são numerosos e respondem 
perfeitamente às normas desejadas. Esses edifícios acolhem as esco-
las mútuas (LESAGE, 1999, p. 12).
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 Segue a exemplificação da organização de uma sala de aula do método Lancaster:
Figura 6 - Método Lancaster
Fonte: as autoras (2018).O plano escolar da escola mútua consistia na divisão dos conteúdos dentro de 
cada disciplina. Dentro de cada grupo, eram estabelecidas as atividades que 
seriam realizadas. As atividades orais e de leitura eram realizadas em semicírcu-
los, espalhados na sala e nos quadros negros. As atividades de matemática eram 
realizadas nos bancos (MENDONÇA; COSTA, 2015).
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Figura 7 - Ensino mútuo, Lancaster
Fonte: aquarela “Aplicação do método de Lancaster”, de Giovanni Migliara Confalonieri e Pellico.
Figura 8 - Mesa de areia
Fonte: Revista do Centro de Educação/UFSM. Disponível em: <http://coralx.ufsm.br/revce/>.
Para trazer economia, o mobiliário e os materiais eram utilizados de forma redu-
zida: os bancos não possuíam encosto e eram produzidos de madeira simples, 
havia relógios para cronometrar as atividades realizadas, estrados elevavam a 
mesa dos professores, quadro negro e telégrafos eram utilizados para a comu-
nicação entre os monitores gerais e os monitores particulares (ARAÚJO, 2010).
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Os agentes da ação educativa eram os professores e os alunos monitores, que, 
diferentemente dos métodos individual e simultâneo, dividiam a responsabilidade. 
Ao professor cabia orientar os monitores, transmitindo os seus conhecimentos a 
fim de que estes pudessem retransmitir o conhecimento e aplicar o método. Os 
monitores, os alunos mais fortes, eram as peças essenciais desse método, pois 
ensinavam os conteúdos diretamente aos demais alunos da sala (MENDONÇA; 
COSTA, 2015).
 
Figura 9 - Ensino monitoral - mútuo
Fonte: Revista do Centro de Educação/UFSM. Disponível em: <http://coralx.ufsm.br/revce/>.
O método Lancaster não obteve o desempenho que era esperado. Por esse motivo, 
novas discussões foram travadas. Novos métodos, misturando o método individual 
e o método Lancaster, foram surgindo ao longo dos séculos e estão intimamente 
relacionados à forma como organizamos nossa sala de aula.
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MÉTODO SIMULTÂNEO
O método simultâneo caracteriza uma evolução significativa no modo de ensinar, 
pois seu foco está na qualidade e na quantidade de alunos que se pode alcançar, 
ao mesmo tempo. O professor, ao invés de realizar o atendimento individual aos 
alunos, como proposto no método individual, pode atender de trinta a quarenta 
alunos ao mesmo tempo. Ou seja, os alunos realizam a mesma lição ao mesmo 
tempo e o professor corrige todos ao mesmo tempo.
 
O método simultâneo consiste em dividir os discípulos em diversas 
classes ou termos, e fazer seguir em cada classe a mesma lição de lei-
tura, de escrita e de cálculo, passando sucessivamente de uma a outra 
classe, e tendo todo o cuidado em que estão empregadas em alguma 
coisa, aquelas classes, que não assistem neste intervalo (SILVA; ARAN-
TES, 2015, p. 17).
Criado por Jean-Baptiste de La Salle, no final do século XVII, o método simul-
tâneo possuía como característica a divisão da turma em classes, levando em 
consideração a matéria e o grau de desenvolvimento dos alunos.
 
O Método simultâneo é coletivo e apresentado a grupos de alunos reu-
nidos em função da matéria a ser estudada, [...] o ensino não se dirige 
mais a um único aluno, como no modo individual, mas pode aten-
der a cinquenta ou sessenta alunos ao mesmo tempo. Esse ensino [...] 
comporta em nível de estrutura, três classes sucessivas, a primeira é 
consagrada unicamente a leitura, [...] a segunda destina-se a aprendi-
zagem da escrita, [...] na terceira classe, são abordadas as disciplinas 
mais complexas elaboradas: gramática, ortografia e cálculo (LESAGE, 
1999, p. 10-11).
O autor recomendava que, dentre os alunos, fossem escolhidos os que se desta-
cavam, os mais estudiosos. Estes seriam encarregados da vigilância dos demais 
alunos, ou seja, de “tomar” as lições dos alunos, por meio da repetição do que o 
mestre havia ensinado. A estes vigilantes, também, era permitido a repreensão 
dos alunos que não realizavam os seus deveres e de ensinar, guiando as mãos 
dos alunos que não conseguissem escrever.
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O método simultâneo apresentava maior vantagem para o processo de ensino, 
em relação aos métodos individual e Lancaster. Neste modelo, o professor pode-
ria ensinar uma quantidade proporcional de alunos, dividindo-os em classes 
segundo o desenvolvimento de cada um. Dessa forma, o professor poderia apli-
car a toda a classe a mesma lição de leitura, cálculo e escrita. O professor poderia 
pedir para que um aluno lesse em voz alta a lição, enquanto os outros acom-
panhavam em seus livros, assim o professor poderia transitar de uma classe a 
outra, sem deixar os alunos ociosos (SILVA; ARANTES, 2015). Exemplificamos 
as classes do método simultâneo da seguinte forma:
Figura 10 - Método Simultâneo
Fonte: elaborada pelas autoras (2018).
Esse método, porém, também possuía desvantagens. O número de alunos era 
limitado; caso contrário, o professor necessitaria de ajudantes e teria de recorrer 
ao método individual, caso chegasse um aluno para os primeiros ensinamentos.
Considerações Finais
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43
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezado(a) aluno(a), chegamos ao final das discussões sobre os fundamentos his-
tóricos e filosóficos da Didática. É indispensável pensarmos na forma como os 
conteúdos desta unidade foram expressos. Iniciamos nossa discussão conhecendo 
e compreendendo a Didática Magna e o seu criador João Amós Comênio, um 
intelectual e teólogo que viveu no século XVII, em meio à transição do sistema 
feudal para o sistema capitalista. Ele se configura como um dos mais importan-
tes intelectuais do seu período.
Partindo de uma experiência pessoal e atenta às mudanças sociais, Comênio 
propôs uma nova forma de se pensar o processo de aprendizagem nas escolas, a 
partir da sua obra mais importante para a educação, a Didática Magna. Apesar 
de ser um homem do seu tempo, Comênio pensou para além dele. Diante disso, 
suas obras permanecem atuais, servindo de base para as teorias educacionais e 
norteando o processo de ensino até hoje.
As nossas discussões seguiram em torno da compreensão da Didática no 
Brasil, a partir da chegada da Companhia de Jesus para catequizar os índios. 
Essa é uma importante parte da história do Brasil, tanto com relação ao processo 
educacional quanto ao processo político, pois vemos a educação como uma fer-
ramenta para o processo de dominação. Mesmo após a expulsão dos jesuítas do 
Brasil, seus métodos pedagógicos permaneceram, no entanto, outros também 
surgiram, como o método individual, método Lancaster e método simultâneo.
É importante perceber que, a partir do momento que o adulto passou a inter-
ferir no processo de aprendizagem das crianças e dos jovens, surgiu a necessidade 
de se pensar em métodos para o processo de ensino. Dessa forma, a partir do 
momento em que o saber é sistematizado, surge a preocupação com o processo 
de ensino, fazendo emergir intelectuais que propõem, por meio de suas teorias, 
novas formas de ensinar.
Convidamos você a continuar o estudo sobre o processo de ensino, conhe-
cendo, na próxima unidade, as tendências pedagógicas que fundamentam o 
processo de ensino e de aprendizagem desde o final do século XIX. Vamos lá?
44 
1. Estudar a obra Didática Magna de João Amós Comênio,escrita no século XVII, se faz ne-
cessário ainda nos dias atuais, tendo em vista que refletir sobre a educação e seus aspec-
tos de valorização da infância e da escolarização formal, por exemplo, é uma tarefa do 
homem moderno. Nesse contexto, partindo da teoria de Comênio, leia as afirmativas e 
assinale a correta:
a) Comênio era um homem do seu tempo, mas que pensava além dele. Por esse motivo, 
defendia que somente os homens deveriam ter acesso à escolarização formal.
b) Quando era criança, Comênio teve a experiência da sua escolarização em uma institui-
ção que valorizava a criança. Foi por esse motivo que ele criou um método, para que 
todos tivessem acesso à escola.
c) Comênio defendia que deveria ser ensinado tudo a todos, pois, na época em que vi-
veu, a educação era um privilégio de poucos, além de estar sob a guarda da Igreja 
Católica;
d) Comênio defendia que as crianças pequenas também deveriam frequentar a escola, 
tendo em vista que a educação empreendida pelos pais não era suficiente para a for-
mação do ser humano;
e) Comênio defendia que a educação deveria ser acessada por todos, tendo em vista 
que seria por meio da educação que o homem desenvolveria o seu lado racional e 
intelectual.
2. A educação escolar no Brasil iniciou-se por meio da Companhia de Jesus, os jesuítas, no 
ano de 1549. A chegada ao país possuía como objetivo a catequização dos índios e a pro-
pagação da cultura europeia, além de se constituir como mais uma terra onde o poder da 
Igreja Católica vigorava. Os jesuítas trouxeram consigo um documento que padronizava 
a educação em todas as instituições da Companhia de Jesus, o qual se intitula:
a) Didática Magna.
b) Ratio Studiorum.
c) Mundo Ilustrado ou Sensível.
d) Novíssimo Método das Línguas.
e) Didática Tcheca.
3. A Didática Magna contempla a educação pansófica, que se constitui como uma organi-
zação do saber, um projeto educativo e um ideal de vida imaginado por Comênio. Nesse 
contexto, ele organizou a educação em quatro níveis. Leia as afirmativas e assinale V para 
verdadeiro e F para falso, considerando os quatro níveis de educação.
 ( ) Escola Materna; Escola Vernácula.
( ) Escola Materna; Escola superior.
( ) Escola Latina e Universidade e viagens.
( ) Escola vernácula; Estudos posteriores.
45 
( ) Escola latina; Escola superior.
 As afirmações I, II, III e IV são, respectivamente:
a) V, F, V, F, F
b) F, V, V, V, F
c) V, F, F, V, V
d) V, V, F, V, F
e) F, F, V, V, V
4. Foram utilizados, no Brasil, alguns métodos didáticos para a escolarização após a expulsão 
dos jesuítas, em 1773. A conhecer: o método individual, o método mútuo e o método si-
multâneo. No entanto, foi somente quase um século depois que a instrução primária para 
todos os cidadãos foi garantida por Lei. Leia as afirmativas e assinale a que representa o 
documento que garantiu a gratuidade do ensino primário a todos os cidadãos.
a) Constituição Federal de 1824.
b) Carta Régia.
c) Decisão Imperial.
d) Lei da Corte Geral.
e) Lei 13 de janeiro de 1822.
5. O método Lancaster ou método mútuo chegou ao Brasil por volta de 1820, sendo implan-
tado pelo governo como método para o processo de ensino e de aprendizagem nas es-
colas do Império. Todas as províncias do Brasil acabaram por adotar, cada um à sua forma, 
este método de ensino. Apesar disso, as escolas que adotaram o método apresentavam 
algumas características em comum. Leia as afirmativas e assinale a correta, quanto a essas 
características:
I. Estrutura pedagógica.
II. Mobiliário.
III. Atendimento individualizado.
IV. Agentes da ação educativa.
Está correto o que se afirma em:
a) I, II e III, apenas.
b) I, III e IV, apenas.
c) II, III e IV, apenas.
d) I, II e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
46 
O MATERIALISMO HISTÓRICO DE KARL MARX E FRIEDRICH ENGELS 
 Karl Marx (1818-1883) destacou-se como um importante pensador do século XIX, tor-
nando-se um dos principais nomes das ciências humanas. Em parceria com Friedrich 
Engels (1820-1895), escreveu obras que se tornaram clássicas, tendo como principal 
objeto de estudo a sociedade capitalista. Seus estudos inspiraram e ainda inspiram for-
mulações das vertentes teóricas e políticas. Ainda que não tenham escrito uma obra 
dedicada ao estudo da metodologia, Karl Marx é considerado o precursor do Materialis-
mo Histórico-Dialético, que é utilizado como método de pesquisa em vários campos da 
ciência (MCLELLAN, 1988).
Marx (1986) acreditava e expressou no conjunto de suas obras o nascimento, a existên-
cia, o desenvolvimento, a morte e a substituição da sociedade capitalista com base nas 
contradições entre as classes sociais, ou seja, no movimento dialético. Podemos ver tal 
movimento dialético na crença que Marx (1986) possuía no proletariado, pois acreditava 
que essa classe seria capaz de organizar a sociedade de forma mais séria e justa. 
Segundo Marx (1986), a história se constitui revolucionária, concebendo a história como 
produção social da existência do ser social, ontológico. Ou seja, a história se produziu 
dessa forma por conta dessa determinada sociedade, a capitalista.
O primeiro ato histórico é, portanto, a produção dos meios que permitam a satisfação 
destas necessidades, a produção da própria vida material, e de fato este é um ato histó-
rico, uma condição fundamental de toda a história, que ainda hoje, como há milhares de 
anos, deve ser cumprido todos os dias e todas as horas, simplesmente para manter os 
homens vivos (MARX; ENGELS, 1986, p. 39).
O processo da história é o processo de humanização do ser social ou da produção da hu-
manidade, ou seja, é o produto dos seres humanos ao produzir suas vidas. Ao produzir 
vidas se produz história.
A sociedade é apresentada como uma totalidade social para Marx (1986). O homem se 
constitui no corpo da sociedade, sendo a sociedade capitalista uma das etapas do de-
senvolvimento histórico. Na teoria marxista, não há seres sociais isolados, fora da socie-
dade. O trabalho se apresenta como ponto fundamental no processo de humanização, 
ou seja, de construção do ser social. É pelo trabalho que o homem se distingue do ser da 
natureza e se produz como ser social.
Marx (1986) acreditava que o homem é uma forma específica de ser histórico. Só exis-
te como ser social em uma determinada sociedade, ou seja, a concepção do ser social 
aparece como uma síntese de determinações sociais e históricas. Temos dois tipos de 
relações sociais: entre homem e homem, e entre homem e natureza. Esses conceitos são 
estabelecidos em conformidade com os meios de produção.
47 
Podemos perceber, pelas as considerações apontadas com relação ao Materialismo His-
tórico-Dialético de Marx e Engels, que os estudos de Marx eram baseados nas ciências 
humanas, no estudo da sociedade. Escreveu obras de muita importância para entender-
mos a sociedade capitalista e suas crises.
Marx (1986) acreditava no movimento dialético, acreditava que a luta de classes é que 
movimenta a história. Por isso, sua análise parte sempre do plano material para o plano 
das ideias. O seu estudo sobre a sociedade capitalista rompe com o conceito do ser 
isolado e parte para a concepção do ser social, que produz com as mãos, trabalha com 
as mãos e com a cabeça, transformando sua realidade. Para Marx (1986), a organização 
social, por meio da história – ou das transformações sociais –, possui meios de superar 
o seu método.
Fonte: as autoras.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Didática
José Carlos Libâneo 
Editora: Editora Cortez
Sinopse: nesse livro, a Didática é tratada como ramo de 
estudo da Pedagogia, partindo dos vínculos entre finalidades 
sócio-políticas e pedagógicas e as bases teórico-científicas e 
técnicas da direção do processo de ensino e aprendizagem. 
O autor propõe o estudo sistemático da Didática como 
teoria do processo de ensino de modo a unir a preparação 
teórica e prática na formação profissional do professor. 
Constitui-se, assim, como disciplina integradora que, ao 
buscar os conhecimentos teóricos e práticosda Teoria da 
Educação, Psicologia, Sociologia e Metodologias específicas 
das matérias de ensino, generaliza princípios, condições e meios que são muito comuns e básicos 
para a docência de todas as matérias escolares.
Comentário: A leitura desse livro é de fundamental importância para todos os profissionais da 
educação que trabalharão com o processo de ensino e de aprendizagem em ambientes formais 
ou não formais. Compreender a Didática como uma parte da sua formação é compreender que há 
ciência e teoria no ato de ensinar. 
Escritores da liberdade
Ano: 2007.
Sinopse: Hilary Swank, duas vezes premiada com o Oscar, atua 
nessa instigante história, envolvendo adolescentes criados no 
meio de tiroteios e de agressividade, é a professora que lhes 
oferece o que mais precisam: uma voz própria. Quando vai 
parar numa escola corrompida pela violência e tensão racial, 
a professora Erin Gruwell combate um sistema deficiente, 
lutando para que a sala de aula faça a diferença na vida dos 
estudantes. Contando suas próprias histórias e ouvindo as dos 
outros, uma turma de adolescentes supostamente indomáveis 
vai descobrir o poder da tolerância, recuperar suas vidas 
desfeitas e mudar seu mundo. Com eletrizantes performances 
de um elenco de astros, incluindo Scott Glenn (Dia de 
Treinamento), Imelda Stauton (Harry Potter e a Ordem da 
Fênix) e Patrick Dempsey (Grey’s Anatomy), ganhador do Globo de Ouro. Escritores da Liberdade é 
baseado no aclamado best-seller O Diário dos Escritores da Liberdade.
REFERÊNCIAS
49
AHLERT, A. O mundo de Comênius: entre conflitos e guerras, uma luz para a prática 
pedagógica. Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, n. 32, p. 439-451, out. 2002. 
ARAÚJO, J. S. Esboço sobre o surgimento, as características e a implantação do método 
monitorial/mútuo no Brasil do século XIX. Cadernos da Pedagogia, São Carlos, ano 4, 
v. 4, n. 7, p. 86-95, jan./jun. 2010. Disponível em: <http://www.cadernosdapedagogia.
ufscar.br/index.php/cp/article/viewFile/179/105> Acesso em: 19 mar 2019.
BIASENTTI, S. Uma visão histórico-teológica de Jan Amos Komenský: Pai da didática 
moderna, segundo a ética protestante da Instrução, virtude e piedade. 2017. Disponí-
vel em: <http://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20170503115121.pdf>. Aces-
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CASTANHA, A. P. A introdução do método Lancaster no Brasil: história e historiogra-
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quisa em Educação, 9, Máringá, 2012. Anais..., Maringá, 2012, p. 4-8. Disponível em: 
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COMENIUS, I. A.. Didactica Magna. Introdução, tradução e Notas de Joaquim Ferreira 
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GABARITO
51
GABARITO
1. Opção correta é a C.
2. Opção correta é a B.
3. Opção correta é a A.
4. Opção correta é a A.
5. Opção correta é a D.
U
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A
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E II
Professora Me. Camila Tecla Mortean Mendonça
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Discutir as tendências pedagógicas nos diferentes tempos históricos, 
a fim de compreender a aliança entre a educação e sua sociedade.
 ■ Contextualizar a didática, a partir das teorias liberais e progressistas, 
para que possamos identificar o objetivo da educação em cada 
sociedade.
 ■ Conhecer como a Didática se constitui na contemporaneidade e sua 
relação com o processo de ensino, a fim compreender a função social 
da atual educação.
 ■ Relacionar a Didática com sua utilização nos ambientes não formais 
para identificar a relevância de uma didática em diferentes espaços.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Tendências Pedagógicas Liberais
 ■ Tendências Pedagógicas Progressistas
 ■ A Didática na contemporaneidade
 ■ A Didática nos ambientes não formais de aprendizagem
Introdução
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55
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), dando continuidade as nossas discussões sobre a construção 
histórica da Didática, avançaremos nos estudos do tema e compreenderemos 
a Didática enquanto um campo de estudo do processo de ensino que, aliando 
teoria a um conjunto de métodos, recursos e procedimentos, possibilitam ao 
professor a realização do processo de ensino consistente.
O processo de ensino nas instituições educacionais se dá a partir da mediação 
que o professor faz entre o conhecimento e o aluno, utilizando as metodologias, 
os métodos, as estratégias e os recursos, para isso é preciso que o professor tenha 
conhecimento destes. Diante disso, nosso objetivo, nesta unidade, é o de levá-
-los à reflexão sobre as principais tendências pedagógicas que foram e ainda são 
utilizadas no processo de ensino em nosso país. 
É importante esclarecer, de antemão, que o processo teórico de criação e 
consolidação de uma teoria pedagógica se dá por meio de embates e discus-
sões. As teorias apresentadas são aquelas que se destacaram e foram adotadas 
nas escolas brasileiras, mas isso não quer dizer que não surgiram outras teorias 
e propostas nos mesmos períodos.
Trouxemos os períodos em que

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