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direito constitucional MP-AL Funções Essenciais à Justiça Livro Eletrônico http://www.grancursosonline.com.br 2 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br SUMÁRIO Funções Essenciais à Justiça ........................................................................4 1. Ministério Público ....................................................................................6 1.1. Considerações Iniciais e Ingresso na Carreira ...........................................6 1.2. Princípios Institucionais .........................................................................8 1.2.1. Unidade ...........................................................................................9 1.2.2. Indivisibilidade ................................................................................11 1.2.3. Independência Funcional ..................................................................12 1.3. Princípio do Promotor Natural ..............................................................13 1.4. Autonomia Funcional, Administrativa e Orçamentária ..............................14 1.5. Diferentes Ramos Existentes no Ministério Público ..................................15 1.5.1. Ministério Público junto aos Tribunais de Contas (MP/Contas) ................16 1.5.2. Chefia do MPU ................................................................................16 1.5.3. Chefia dos MPEs e do MPDFT ............................................................18 1.5.4. Quadro Comparativo entre PGR e PGJ ................................................19 1.6. Foro por Prerrogativa de Função ...........................................................20 1.7. Garantias .........................................................................................21 1.7.1. Vitaliciedade ...................................................................................22 1.7.2. Inamovibilidade ..............................................................................22 1.7.3. Irredutibilidade de Subsídios .............................................................23 1.8. Proibições .........................................................................................23 1.8.1. Exercício de outro Cargo ou Função ...................................................23 1.8.2. Quarentena de Saída .......................................................................24 1.8.3. Dedicação a Atividades Político-Partidárias ..........................................25 1.8.4. Exercício da Advocacia e Recebimento de Custas ou Honorários .............25 1.9. Funções Institucionais ........................................................................26 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 3 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br 1.10. Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP ...................................31 2. Advocacia Pública .................................................................................34 2.1. Defensor Legis ...................................................................................40 3. Advocacia Privada .................................................................................42 4. Defensoria Pública ................................................................................45 4.1. Princípios Institucionais .......................................................................49 4.2. Autonomia Administrativa, Funcional e Orçamentária ..............................49 4.3. Foro por Prerrogativa de Função ...........................................................52 4.4. A Atuação da Defensoria Pública nas Tutelas Coletivas ............................52 4.5. A Percepção de Honorários Advocatícios ................................................53 Questões de Concurso ...............................................................................55 Gabarito ..................................................................................................74 Questões Comentadas ............................................................................ 75e O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 4 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA Apresentação As Funções Essenciais à Justiça são tratadas logo após o Poder Judiciário – ao longo dos artigos 127 a 135 da Constituição. Elas abrangem o Ministério Público, a Advocacia – pública e privada – e a Defensoria Pública. É aqui que começam as perguntas em provas, colocando outros órgãos e entidades no rol aí de cima. Se você olhasse as provas de alguns anos atrás, veria uma grande proeminência de questões sobre o MP em detrimento da Defensoria Pública e da Advocacia (pú- blica ou privada). Hoje em dia, essa disparidade é bem menor. A advocacia pública, por exemplo, tem sido explorada em diversas questões relativamente simples. Isso também acontece com a Defensoria Pública, instituição que ganhou muito relevo nos últimos anos. Aliás, não sei se você sabe, mas, quando parti para os concursos de alto ren- dimento na área jurídica, queria ser Defensor Público. O curioso é que passei para Defensor, para Promotor e para Juiz, mas o único cargo em que não tomei posse foi exatamente o de Defensor... ARAGONÊ FERNANDES Atualmente, atua como Juiz de Direito do TJDFT. Contudo, em seu qualificado percurso profissional, já se dedicou a ser Promotor de Jus- tiça do MPDFT; Assessor de Ministros do STJ; Analista do STF; além de ter sido aprovado em vários concursos públicos. Leciona Direito Constitucional em variados cursos preparatórios para concursos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 5 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br A razão para isso? O cargo de Defensor Público era no querido Estado do Rio Grande do Sul, enquanto Promotor e Juiz eram no DF, minha terra natal (nas aulas você notará um sotaque nordestino, fruto da convivência com um monte de parai- banos lá de casa – tenho orgulho de minhas origens!). Acabei ficando apenas alguns meses na Promotoria de Justiça, pois os concur- sos da Magistratura e do MP caminharam juntos. Foi, sem dúvidas, a decisão mais difícil de minha vida. Confesso que nunca me arrependi da escolha que fiz, pois adoro o meu traba- lho, embora ele seja uma árdua tarefa. Essa vida de concurseiro é curiosa! Ah, também aqui, como já deve ser do seu costume, citarei os julgados mais importantes sobre o tema. Venha comigo! As funções essenciais à Justiça são o Ministério Público, a Advocacia (pú- blica e privada) e a Defensoria Pública. Não estão nesse rol o Judiciário ou as Polícias Civil e Militar. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 6 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL FunçõesEssenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br 1. Ministério Público 1.1. Considerações Iniciais e Ingresso na Carreira Uma coisa: o Ministério Público também recebe o nome de Parquet (palavra de origem francesa, que remete aos antigos procuradores do rei da França, que ficavam em pé sobre o assoalho (parquet) da sala de audiência). Você ainda pode ouvir expressões como custos legis (fiscal da lei), custos constitucionis (fiscal da Constituição) ou ouvidor da sociedade. Mas fique atento(a) a uma coisa: custos legis (fiscal da lei) é o MP, enquanto defensor legis (curador da lei) é o Advogado-Geral da União, que atua defen- dendo a norma questionada no STF. Eu falo isso para você não trocar alhos com bugalhos. Avançando, a primeira Constituição brasileira a fazer referência ao Ministério Público foi a de 1891. De lá para cá, a instituição constou em todos os textos constitucionais – seja com maior ou menor grau de atuação. No entanto, não há dúvidas de que foi a atual Constituição a que maior autonomia deu ao MP. A própria Constituição, em seu artigo 127, conceitua o MP dizendo que ele “é ins- tituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individu- ais indisponíveis”. Você vai ver que quase todas as regras de ingresso, garantias e proibições aplicáveis aos magistrados são estendidas aos membros do MP. Note que eu disse quase... Começando, o artigo 129, § 3º, da Constituição aponta que se aplicam ao MP, no que couberem, as regras do artigo 93. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 7 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Dentro desse cenário, o candidato deve se submeter a concurso público de pro- vas e títulos, sendo obrigatória a participação da OAB em todas as fases da disputa. A chamada quarentena de entrada, introduzida pela EC n. 45/2004, vale para a Magistratura e para o MP. Ela é a exigência feita ao bacharel em Direito de demonstração de no mínimo três anos de atividade jurídica. O dispositivo sur- giu com o claro intuito de que o futuro profissional tenha mais experiência, dada a relevância das funções que exercerá. Lembro que no conceito de “atividade jurídica” não há a obrigatoriedade de o candidato exercer a advocacia, sendo essa apenas uma das diversas hipóteses – eu, por exemplo, no concurso de Promotor de Justiça do MPDFT, usei o período em que fui Analista Judiciário do STF e Assessor de Ministro do STJ. Ah, o STF entende que a contagem do prazo de três anos se inicia com a conclusão do curso, e não com a colação de grau. Ou seja, a interpretação é mais benéfica ao candidato. Ainda sobre o tema, há uma decisão importantíssima (para as provas e para a vida do amigo concurseiro!): “a comprovação de atividade jurídica pode con- siderar o tempo de exercício em cargo não privativo de bacharel em Direi- to, desde que, ausentes dúvidas acerca da natureza eminentemente jurídica das funções desempenhadas” (STF, MS 27.601). Assim, nada impede que o candidato que trabalhe como técnico judiciá- rio de um Tribunal ou técnico administrativo no Ministério Público (ambos de nível médio) se candidate ao concurso da Magistratura, do MP ou da Defensoria, quando comprovar que desempenhava a chamada atividade-fim. Outra coisa: em regra, os requisitos do cargo público devem ser comprovados no ato da posse (STJ, Súmula n. 266). No entanto, para a Magistratura e para o MP, a comprovação deve ser feita na inscrição definitiva (STF, RE 655.265). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 8 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Para que não haja dúvidas, deixe-me explicar aqui a “maratona” que é um con- curso desse porte: primeiro, o candidato faz a inscrição preliminar. Depois, subme- te-se a provas objetivas e subjetivas, onde enfrentará questões e a elaboração de peças práticas. Após a segunda fase (e antes da prova oral), é hora da inscrição definitiva, oportunidade de comprovação também dos três anos de atividade ju- rídica. Finalizando, acontecem as provas orais e de títulos, esta última de caráter meramente classificatório – o STF já entendeu que fase de títulos não pode ter caráter eliminatório. Os requisitos para ingresso nas carreiras do Ministério Público e da Magistratura devem ser comprovados na inscrição definitiva, e não na posse. 1.2. Princípios Institucionais O artigo 127, § 1º, da Constituição elenca três princípios institucionais do Ministério Público: unidade, indivisibilidade e independência funcional. As questões mais simples nas provas se limitam a perguntar quais são os prin- cípios ou ainda quais não são. Ou seja, mera decoreba. O problema é que só isso não será suficiente para a maior parte das provas que são aplicadas atualmente. Então, vou detalhar para você o que pode ser cobrado, para não o(a) deixar em um mato sem cachorro... O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 9 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br 1.2.1. Unidade A unidade significa que os membros do Ministério Público integram um só órgão sob a direção de um só Procurador-Geral. Contudo, você tem que lembrar que a unidade existe dentro de cada MP. Em outras palavras, há uma chefia para o Ministério Público da União – PGR – e uma chefia no Ministério Público Estadual – PGJ. É dentro desse cenário que o STF reconhece a legitimidade do membro do MP Estadual para recorrer diretamente no STF e no STJ nos processos que ele tenha atuado na primeira instância. Aliás, também se confere essa mesma possibilidade em relação ao ajuizamento de reclamação, quando a instância de origem não quiser dar cumprimento à deci- são do Tribunal Superior ou do STF (STF, RCL 7.245). Para você entender melhor a polêmica, segundo a legislação, quem atuaria no STF e nos Tribunais Superiores seriam somente os membros do MPU (PGR e Subprocuradores-Gerais). Porém, dando uma interpretação mais contextualizada, abriu-se a possibilidade de o membro do MP Estadual acompanhar o processo até o final, sem precisar “pe- dir benção” aos membros do MP da União (STF, RE 848.286). Agora que você deve ter entendido, vou partir para um entendimento – impor- tantíssimo nas provas – que ao menos aparentemente vai contra o que falei até aqui... Deixe-me explicar: lá no artigo 102 da Constituição se atribui ao STF a compe- tência originária para o julgamento de conflito federativo. Ou seja, quando a ação envolver União x Estado; Estado x Estado; União x DF; Estado x DF, inclusive as respectivas entidades, o processo deve começar lá em cima. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 10 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais àJustiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Pois é, era nessa ótica que o STF entendia (passado!) ser o competente para o julgamento de conflitos de atribuições envolvendo membros do Ministério Público Federal x Ministério Público Estadual. Isso porque o MPF é um dos quatro ramos do MPU (MPF, MPT, MPM e MPDFT). Contudo, modificando seu posicionamento, o Tribunal transferiu para o Pro- curador-Geral da República a competência para dirimir conflitos de atri- buições entre os membros do MP Federal x MP Estadual (STF, ACO 1.567). É certo que não faltaram críticas à nova orientação, porque o membro do MP Estadual não possui nenhum vínculo de subordinação ou hierarquia com o PGR, que chefia apenas o MPU. No entanto, prevaleceu a ideia (vencidos os dois Ministros mais antigos do Tri- bunal) segundo a qual o PGR ocuparia um papel diferenciado na instituição, poden- do esse conflito interno do MP ser resolvido lá mesmo – afinal, “roupa suja se lava em casa” (STF, PET 4.863). Seja como for, minha ideia aqui é dar subsídio para você resolver a sua prova, de modo que os apontamentos aí de cima serão mais que suficientes. Os membros do Ministério Público Estadual dispõem de legitimidade para atuar diretamente no STF, ajuizando reclamação ou mesmo na interposição de recursos nos processos em que tenham atuado na primeira instância. Foi também com base no princípio da unidade que o STF decidiu ser desneces- sária a ratificação da denúncia quando apresentada anteriormente por membro do MP incompetente. A hipótese envolvia membro pertencente ao mesmo MP e também do mesmo grau funcional (STF, HC 85.137). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 11 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Cabe ao PGR a tarefa de dirimir conflitos de atribuições entre membros do MP Es- tadual e do MP Federal. 1.2.2. Indivisibilidade O princípio da indivisibilidade é uma decorrência do postulado da unidade. Por meio dele, é possível que um membro do MP substitua outro, dentro da mesma função, pois quem exerce os atos não é a pessoa do Promotor, e, sim, a instituição Ministério Público. Exemplificando, um processo de homicídio qualificado que tramita na Vara do Júri da Comarca de Belo Horizonte pode ter a denúncia oferecida pelo Promotor de Justiça José, mas as audiências podem ser feitas pelo Promotor João. Nada impe- diria, ainda, que outro Promotor, Alfredo, fizesse o júri. “Aragonê, você quer dizer então que podem mandar qualquer Promotor para fazer um júri específico?” Calma lá, eu não disse isso, até porque a figura do Pro- motor Natural impede que haja designações casuísticas. Mas isso você verá mais à frente. Fique firme aí, pois não demora. Também por conta da indivisibilidade, o STF entendeu que o pedido de arquiva- mento de inquérito em trâmite naquele Tribunal formulado pelo PGR não poderia ser recusado. E essa orientação se aplicaria mesmo na hipótese em que um novo PGR ofereça denúncia (STF, INQ 2.028). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 12 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br 1.2.3. Independência Funcional Este princípio é muito importante, principalmente dentro do Direito Processual Penal. Aqui, no Constitucional, ele também é lembrado, mas acredito que a grande aposta para as provas esteja no princípio da unidade. Avançando, no exercício de suas funções, o membro do MP é livre e indepen- dente, não ficando sujeito às ordens de seu superior hierárquico ou mesmo de outro Poder. O que há é hierarquia no sentido administrativo, mas nunca de índole funcional. Comentando esse princípio, Alexandre de Moraes, hoje Ministro do STF, diz que “nem seus superiores hierárquicos podem ditar-lhes ordens no sentido de agir des- ta ou daquela maneira dentro de um processo. Os órgãos de administração superior do Ministério Público podem editar recomendações sobre a atuação funcional para todos os integrantes da Instituição, mas sempre sem caráter normativo” (Moraes, 2008). Voltando ao Processo Penal, no artigo 28 do CPP consta que se o juiz não con- cordar com o pedido de arquivamento de inquérito feito pelo Promotor de Justiça, deveria remeter os autos ao Chefe da Instituição. Este, por sua vez, teria três op- ções: a) oferecer, ele próprio, a denúncia; b) indicar que outro Promotor ofereça a denúncia, agindo em seu nome (longa manus); e c) insistir pelo arquivamento, opção em que o juiz deveria arquivar. Note que o Chefe da Instituição jamais poderá obrigar que aquele primeiro membro do MP atue em sentido diverso de seu entendimento. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 13 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br 1.3. Princípio do Promotor Natural De antemão, lembre-se: existe o princípio do juiz natural (artigo 5º da Constituição); existe o princípio do defensor natural (artigo 4º-A da LC n. 80/1994), mas não existe o princípio do delegado natural. Agora é hora de falarmos sobre o princípio do promotor natural. Embora haja certa resistência (minoritária), prevalece a orientação segundo a qual também se admite o princípio do promotor natural. Ele decorreria da norma contida no art. 5º, inciso LIII (“ninguém será processado nem senten- ciado senão pela autoridade competente”). No STF, a questão referente à existência do princípio do promotor natural não é pacífica. No ano de 1992, houve julgamento do Plenário, no qual quatro Ministros defenderam a inexistência desse princípio. No entanto, as decisões mais recentes mencionam a sua existência, razão pela qual acredito ser essa a posição atual do Tribunal (STF, HC 95.447). “Mas o que se entenderia pelo princípio do promotor natural? Ele não se choca com o princípio institucional da indivisibilidade?” Como você viu logo acima, um membro do MP pode ser substituído pelo outro, pois quem atua é a instituição, e não a pessoa. A partir disso, criou-se um entendi- mento (minoritário) no sentido de que não haveria o princípio do promotor natural. Contudo, o que se impede é a figura do promotor de exceção, que, a par- tir de manipulação casuística, recebe uma designação específica, em nítido caráter de perseguição (STF, HC 136.503). Exemplificando, pense aí que um grande criminoso, já conhecido pelos promo- tores da capital, pratique um crime de homicídio doloso em uma pequena cidade no interior daquele Estado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 14 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Naquela longínqua comarca, o Promotor que atua acabou de ingressar na insti- tuição. Então, “para não perder o júri”, o MP designa seu melhor quadro para não deixar escapar uma sentença de condenação. Note que, no bizarroexemplo por mim criado, o Promotor experiente no júri foi mandado “por encomenda” para aquela comarca, a fim de participar apenas do julgamento do “bandidão”. O princípio do Promotor Natural impede a figura do promotor de exceção, que, a partir de manipulação casuística, recebe uma designação específica, em nítido ca- ráter de perseguição. 1.4. Autonomia Funcional, Administrativa e Orçamentária Em relação à autonomia administrativa, a Constituição prevê que o MP poderá propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxi- liares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, política remuneratória e os planos de carreira. É com base na autonomia deferida pela Constituição que o STF assentou o en- tendimento segundo o qual o Ministério Público não se submete a controle interno, feito pelo Executivo (STF, ADI 2.513). Ao contrário, essa instituição, assim como todo o Poder Público, está sujeita ao controle externo, realizado pelo Legislativo com o apoio dos Tribunais de Contas. Quanto à autonomia financeira, assim como acontece em relação ao Poder Judici- ário, o próprio MP é responsável pela elaboração de sua proposta orçamentária, ob- viamente dentro dos limites estabelecidos na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 15 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Sobre o tema, entende-se que o MP pode deflagrar o processo legislativo de lei concernente à política remuneratória e aos planos de carreira de seus membros e servidores. Em outras palavras, é dele a iniciativa para projetos de lei de seu inte- resse (STF, ADI 603). Ah, tal qual acontece com as propostas de iniciativa do Executivo e do Judiciário, não cabe emenda parlamentar a projeto de lei de iniciativa do Ministério Público que importe aumento de despesa (ADI 4.075). 1.5. Diferentes Ramos Existentes no Ministério Público Além do Ministério Público da União (MPU), existe também o Ministério Público Estadual (MPE) e aquele que atua junto aos Tribunais de Contas (MP/Contas). De outro lado, convém alertar que não existe Ministério Público municipal – também não há Judiciário ou Defensoria Pública na esfera municipal. O MPU abrange quatro ramos: a) Ministério Público Federal – MPF; b) Ministério Público do Trabalho – MPT; c) Ministério Público Militar – MPM; d) Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios – MPDFT. Eu já falei isso ali em cima, mas vou repetir: o STF entendia (passado!) ser o competente para o julgamento de conflitos de atribuições envolvendo membros do Ministério Público Federal x Ministério Público Estadual. Isso porque o MPF é um dos quatro ramos do MPU (MPF, MPT, MPM e MPDFT). Contudo, modificando seu posicionamento, o Tribunal transferiu para o Pro- curador-Geral da República a competência para dirimir conflitos de atri- buições entre os membros do MP Federal x MP Estadual (STF, ACO 1.567). Vou cuidar primeiro do MP/Contas, pois ele merece tratamento especial. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 16 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br 1.5.1. Ministério Público junto aos Tribunais de Contas (MP/ Contas) De acordo com o artigo 130 da Constituição, aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas se aplicam as mesmas disposições pertinentes a di- reitos, vedações e forma de investidura inerentes aos outros membros do MP. Um ponto importantíssimo: o MP/Contas não se insere na estrutura do MP comum, sejam os dos Estados, seja o da União. Em razão disso, não podem os membros do MP Estadual atuar junto ao Tribunal de Contas, ainda que transitoriamente (STF, MS 27.339). Além disso, também se entende que o MP/Contas estadual não dispõe das garantias institucionais pertinentes ao Ministério Público comum dos Es- tados-membros, notadamente das prerrogativas que concernem à autonomia administrativa e financeira, ao processo de escolha, nomeação e destituição de seu titular e ao poder de iniciativa dos projetos de lei relativos à sua organização (STF, ADI 2378). É por essa razão que cabe ao respectivo Tribunal de Contas a iniciativa de projetos de lei de interesse do MP/Contas. Isso é o oposto do MP comum, que conta com o poder de dar o start nos projetos de lei de seu interesse. 1.5.2. Chefia do MPU Um alerta inicial: depois de tratar das chefias do MPU e do MPE/MPDFT, eu farei um quadro comparativo para facilitar a visualização, ok? O chefe do MPU é o Procurador-Geral da República – PGR. Ele é nomeado pelo Presidente da República, dentre integrantes da carreira, com mais de 35 anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 17 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Note que não há limitação no número de reconduções. Ou seja, pode o PGR ser reconduzido ao cargo quantas vezes o Presidente da República quiser. Con- tudo, em todas as reconduções será necessária a aprovação pelo Senado. Para tentar ajudar – talvez você não se lembre –, quando o Brasil era presidido por Fernando Henrique Cardoso, o então PGR, Geraldo Brindeiro, ficou oito anos consecutivos no cargo. Outra coisa: na escolha do PGR, não há elaboração de lista tríplice. Ape- nas se exige que a indicação recaia sobre um integrante da carreira. Daí você me fala; “Professor, eu vi no noticiário que foi elaborada uma lista trí- plice recentemente para a escolha do novo PGR”. Pois é, o que acontece é que informalmente a Associação Nacional dos Pro- curadores da República – ANPR – elabora uma lista como espécie de sugestão ao Presidente da República. Desde o primeiro mandato do Presidente Lula, passando por Dilma e agora por Temer, o escolhido sempre foi algum dos integrantes da lista. Repito: não há obri- gatoriedade de o Presidente escolher um nome da lista. Avançando, antes do término do prazo de dois anos, é possível a destituição do PGR, que dependerá de iniciativa do Presidente da República e de autoriza- ção de maioria absoluta do Senado. Veja que o Senado e o Presidente participa- riam do processo de escolha e também de destituição antes do término do biênio. Cabe, ainda, lembrar que o PGR será o Presidente do Conselho Nacional do Ministério Público, sendo membro nato. Em outras palavras, o tempo em que ele ficar como PGR permanecerá à frente do CNMP. Na escolha do PGR, não há formação de lista tríplice. O nome indicado pelo Presidente da República precisa ser sabatinado por maioria absoluta do Senado Federal. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 18 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandeswww.grancursosonline.com.br 1.5.3. Chefia dos MPEs e do MPDFT Tanto no âmbito estadual quanto no Distrito Federal, o Ministério Público é che- fiado pelo Procurador-Geral de Justiça – PGJ. Diferentemente do que você viu com o PGR, aqui há lista tríplice. Ela deve ser elaborada entre integrantes da carreira, sendo que todos os membros (Promotores e Procuradores de Justiça) participam da votação. Formada a lista, ela é encaminhada para o Chefe do Poder Executivo para que faça a escolha de um nome. O indicado terá mandato de dois anos, permitida uma recondução. Você notou quando eu falei que a escolha caberia ao Chefe do Executivo, e não ao Governador? É que só caberá ao Governador fazer a escolha se estiver- mos tratando de MP Estadual. Contudo, no caso do MPDFT, cabe ao Presidente da República indicar um nome entre os integrantes da lista. Isso porque, como você viu, o MPDFT é um dos ramos do Ministério Público da União. Em nova diferença em relação ao PGR, o PGJ só pode ser reconduzido uma vez. A propósito, o STF já decidiu que será inconstitucional norma estadual que permita reconduções sucessivas (STF, ADI 3.077). Também é possível a destituição do PGJ antes do prazo de dois anos, com a prévia deliberação de maioria absoluta do Legislativo – Assembleia Legislativa no MP Estadual, e Senado Federal no caso do MPDFT. Um ponto importantíssimo para as provas: o STF entende ser inconstitucio- nal norma da Constituição Estadual que preveja a participação da Assem- bleia Legislativa na escolha do PGJ (STF, ADI 452). Aliás, também declarou a inconstitucionalidade de outra norma estadual, que previa que, vagando o cargo de PGJ no curso do biênio, o novo titular apenas com- pletaria o período restante, e não iniciando novo biênio (STF, ADI 1.783). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 19 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Na escolha do PGJ, há formação de lista tríplice, mas não existe a previsão de sabatina do nome. Será inconstitucional norma da Constituição Estadual que exija aprovação da Assembleia Legislativa. 1.5.4. Quadro Comparativo entre PGR e PGJ Algumas linhas aí para cima eu avisei que faria um quadro comparando os cri- térios de escolha dos Chefes do MPU e do MPE/MPDFT. Chegou a hora! DIFERENÇA ENTRE PGR e PGJ CRITÉRIO PGR PGJ O que o cargo significa? É o chefe do MPU. É o chefe do MP Estadual e do MPDFT. Quem escolhe? É escolhido pelo Presi- dente da República entre integrantes da carreira. É escolhido pelo Chefe do Executivo entre integran- tes de lista tríplice elabo- rada por toda a carreira. MPE: Governador esco- lhe. MPDFT: Presidente escolhe. Há lista tríplice? Não Sim Há sabatina pelo órgão do Legislativo (Senado ou Assembleia Legislativa)? Sim, pelo voto de maioria absoluta dos Senadores, em votação secreta. Não! Se norma esta- dual previr sabatina, será inconstitucional. É possível a destituição antes do término do biênio? Sim Sim O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 20 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br 1.6. Foro por Prerrogativa de Função É do Tribunal de Justiça a competência para julgar todos os membros do Ministério Público Estadual nos crimes comuns e de responsabilidade, res- salvada a competência da Justiça Eleitoral. Agora, quanto aos membros do MPU, é a hora que a porca torce o rabo... Antes de detalhar as regras, eu lembro que o MPU possui quatro ramos, a saber: MP Federal; MP do Trabalho; MP Militar; e MPDFT. Veja como fica: 1. O PGR, chefe da instituição, será julgado, nos crimes comuns, pelo STF e, nos crimes de responsabilidade, pelo Senado. 2. Os membros do MPU que atuem perante Tribunais (de 2ª instância ou superiores) serão julgados, nos crimes comuns + de responsabilidade, pelo STJ. 3. Os membros do MPU que atuam na primeira instância serão julgados, nos crimes comuns + de responsabilidade, pelo respectivo TRF (sempre ressal- vada a competência da Justiça Eleitoral). Cuidado com uma particularidade: os membros do MPDFT recebem o mesmo nome dos membros do MP Estadual. Ou seja, temos Promotores de Justiça, Procu- radores de Justiça e o Procurador-Geral de Justiça. E, embora o TJDFT também seja organizado e mantido pela União, o STF, invo- cando o princípio da especialidade, entendeu que não cabe ao TJ julgar os membros do MPDFT. Em outras palavras, os membros de nenhum dos ramos do MPU serão julgados pelos TJs (STF, RE 418.852). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 21 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Dito isso, eles serão julgados pelo TRF (Promotores de Justiça) ou pelo STJ (Procuradores de Justiça e o Procurador-Geral de Justiça). Para facilitar sua visualização, usarei o mesmo quadro esquemático empregado lá na aula sobre Poder Judiciário: Foro para julgamento de membros do Ministério Público Ministério Público Estadual Ministério Público da União PGJ Em crime comum TJ PGR Em crime comum STF Em crime de responsabilidade TJ (STF, ADI 541) Em crime de responsab i l i - dade Senado Federal Se atuar em 2ª instância TJ, exceto crime eleitoral Se atuar em tribu- nal (2ª instância ou superior) STJ Se atuar em 1ª instância TJ, exceto crime eleitoral Se atuar na 1ª ins- tância TRF, exceto crime eleitoral Os membros do MPDFT que atuam na primeira instância (Promotores de Justiça) serão julgados pelo TRF. Já os que trabalham na 2ª instância (Procuradores de Jus- tiça) respondem perante o STJ. 1.7. Garantias As garantias e vedações do Ministério Público seguem, em linhas gerais, as mesmas regras já estudadas em relação ao Poder Judiciário. É claro que as diferen- ças, embora sutis, são perguntadas nas provas. Vamos começar pelas garantias! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 22 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br 1.7.1. Vitaliciedade É adquirida após dois anos de efetivo exercício para aqueles que ingres- sam, mediante concurso público, na 1ª instância. Lembro, ainda, que os conceitos de vitaliciedade e de titularidade não se confundem. Desse modo, pode um Promotor titular não ser vitalício, assim como pode um Promotor já vitalício ainda ser substituto. Por outro lado, vitaliciedade e estabilidade apresentam algumas distinções. Para se olhar para apenas uma delas, o prazo para a aquisição da estabilidade é bem maior – 3, e não 2 anos. Fique atento(a), pois os detentores de vitaliciedade (magistrados, membros do Ministério Público e dos Tribunais de Contas) mantêm as prerrogativas do cargo após a aposentadoria, mas uma delas – talvez a mais importante para as provas – não é mantida: o foro especial. Então, peço sua atenção porque o STF entende que,com a aposentadoria, acaba o foro por prerrogativa de função. Exemplificando, um Procurador-Ge- ral da República que esteja respondendo a ação penal perante o STF, caso se aposente, o processo passará a tramitar na 1ª instância (STF, RE 549.560)! 1.7.2. Inamovibilidade Os membros do MP não podem ser removidos de ofício, salvo se houver motivo de interesse público. A decisão para afastar a inamovibilidade do magis- trado será tomada pela maioria absoluta dos membros do próprio órgão. Fique de olho, pois esse quorum era de 2/3 até a EC 45/04. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 23 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br 1.7.3. Irredutibilidade de Subsídios Nesse ponto, destaca-se a observância do teto do funcionalismo e o pagamento de tributos. Ah, é importante lembrar que verbas de caráter indenizatório (por exemplo, férias pagas em pecúnia) não se submetem ao teto constitucional. Com a aposentadoria do magistrado ou membro do Ministério Público termina o foro especial e também a proibição para a dedicação a atividades político-partidárias. 1.8. Proibições Se, de um lado, a Constituição assegura um leque de garantias, de outro con- sagra diversas vedações, justificadas pela importante função exercida por esses agentes estatais. Veja as principais proibições previstas no artigo 128, § 5º, II, bem assim as pontuações que diferenciam os membros do MP dos magistrados: 1.8.1. Exercício de outro Cargo ou Função Veda-se o exercício de outro ofício ou profissão, ainda que em disponibilidade, salvo uma de magistério. Quando se fala “salvo uma de magistério”, não há uma restrição numérica, mas, sim, ligada à compatibilidade de horários, para que não haja prejuízo à função (STF, ADI 3.126). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 24 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Lá no Poder Judiciário eu citei decisão do CNJ, por meio da qual se entendeu pela proibição do exercício de atividades de coaching, mentoria ou simila- res aos juízes (Resolução n. 226/2016). Pois é, mas, até o momento, os membros do MP não possuem essa res- trição. Exemplificando, o Conselho Superior do MPDFT acabou por arquivar proce- dimento que visava apurar supostas irregularidades com tais atividades. Ainda com base nesse dispositivo, proíbe-se que membros do Ministério Público ocupem cargos que estejam fora da estrutura da própria instituição (STF, ADI 3.574). Tente aí puxar pela memória um acontecimento relativamente recente: a então Presidente Dilma, já mais para o final do mandato, indicou para o cargo de Ministro da Justiça um Procurador de Justiça do MP/BA. Dentro da proibição ora comentada, decidiu-se que para ocupar o cargo de Mi- nistro de Estado ele deveria abandonar o MP/BA, o que não aconteceu. Então, a Ex-Presidente nomeou outro membro do MP para o cargo de Ministro da Justiça. A diferença é que o escolhido, o Subprocurador-Geral da República, Eu- gênio de Aragão, havia ingressado no MP antes de 1988, não lhe sendo imposta a proibição (STF, ADPF 388). Ah, considerando o entendimento do STF no sentido de que, na acumulação lícita de cargos públicos deve ser observado o teto de remuneração em cada cargo isoladamente e não na somatória dos valores, é possível que, na prática, os ganhos do membro do MP superem o subsídio mensal pago aos Ministros do STF. 1.8.2. Quarentena de Saída Todo cuidado é pouco aqui, pois são muitas questões cobrando este assunto. Você viu que são exigidos três anos de atividade jurídica para o ingresso na carreira (quarentena de entrada). Agora é hora de vermos a quarentena de saída, que O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 25 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br nada mais é do que o período em que se proíbe que o membro do MP exerça a advocacia no juízo ou Tribunal no qual oficiava, também pelo período de três anos. Note que a restrição alcança o Tribunal de onde o membro oficiava, ainda que a Corte tenha jurisdição em todo o território nacional. Assim, poderia o PGR após a sua aposentadoria advogar em processos na 1ª instância, sem a necessidade de aguardar o triênio. 1.8.3. Dedicação a Atividades Político-Partidárias Para os Magistrados, essa vedação já estava prevista desde o texto ori- ginal da Constituição, do ano de 1988. Por sua vez, a proibição só alcançou os membros do Ministério Público com a EC n. 45/2004. Um ponto importante: a vedação não persiste durante a inatividade. Ou seja, com a aposentadoria, o membro do MP poderia candidatar-se a mandato eletivo. 1.8.4. Exercício da Advocacia e Recebimento de Custas ou Honorários Note que os membros do Ministério Público não podem exercer a advocacia nem mesmo em causa própria (STF, HC 76.671). A proibição, contudo, encontra uma exceção: os membros que ingressaram an- tes da Constituição de 1988 puderam optar entre a vitaliciedade e a estabilidade. A quem optou pela estabilidade, foi permitido o exercício da advocacia. Tirando tal excepcionalidade, também não poderá haver o recebimento de ho- norários, percentagens ou custas processuais. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 26 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br 1.9. Funções Institucionais Esse é o ponto alto das provas relacionadas ao Ministério Público. O artigo 129 lista algumas atribuições, chamando-as de funções institucionais. Vou apresentar cada uma delas e fazer comentários às mais importantes: I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; Vamos por partes! O MP é o titular da ação penal pública. Logo, é ele quem atu- ará como órgão acusador. O primeiro ponto que enseja grande discussão é sobre a (im)possibilidade de o MP fazer investigações, coletar provas. Embora o artigo 144 da Constituição diga que cabe exclusivamente à polícia fe- deral e à polícia civil a tarefa de polícia judiciária (responsável pelas investigações), prevaleceu no STF e no STJ a orientação segundo a qual seriam legítimas as provas coletadas pelo MP (STF, HC 91.661). Adotou-se, no caso, a teoria norte-americana dos princípios implícitos – “quem pode o mais, pode o menos”. “Como assim?” Ora, se o MP é o titular da ação penal, cabe a ele oferecer a acusação. Mas para isso ele precisa de provas, certo? Então, ele pode requisitar as provas à autoridade policial ou ainda coletá-las di- retamente. Afinal, quem pode o mais (acusar), pode o menos (coletar provas para acusar)! De todo modo, não esqueça que a presidência do inquérito policial é ativi- dade privativa do delegado de polícia, não podendo ser exercida pelo Ministério Público (STF, RHC 81.326). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a)- 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 27 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br “Aragonê, você me disse que o MP é o titular da ação penal. Mas e se ele per- manecer inerte, mesmo diante da notícia de um grave crime?” É justamente nesses casos que se permite o uso da ação penal privada subsi- diária da pública, prevista lá no artigo 5º, LIX, da Constituição. Falando abreviada- mente – o assunto é mais afeito ao Processo Penal –, temos quatro tipos de ações penais. a) Ação penal pública: subdivide-se em incondicionada (regra em nosso ordenamento); condicionada à representação do ofendido; e condicionada à requisição do Ministro da Justiça (crimes contra o Presidente da República). b) Ação penal privada: o particular age com uma queixa-crime. Seria para aqueles crimes em que o maior interessado na condenação seja a própria vítima. Exemplo: crime contra a honra. c) Ação penal privada subsidiária da pública: mencionada aí em cima. É aquela possibilidade dada aos cidadãos para que iniciem a ação penal, ante a inér- cia do órgão acusador (Ministério Público). d) Ação penal pública subsidiária da pública: pouco conhecida da grande maioria dos concurseiros. Ela é a possibilidade dada a outro ente público de promo- ver a denúncia diante da inércia do MP. Está presente, por exemplo, no artigo 80 do Código de Defesa do Consumidor. Eu acrescento, por fim, que a peça inicial da ação penal pública é chamada de denúncia, ao passo que, na ação penal privada, ela recebe o nome de queixa-crime. Outra coisa: cabe prioritariamente ao MP propor a ação de cobrança de multa decorrente de sentença penal condenatória transitada em julgado (STF, ADI 3.150). Deixe-me explicar melhor: suponha que a pessoa tenha sido condenada, por roubo, a cumprir pena de 5 anos de reclusão, em regime inicial semiaberto, além do pagamento de 12 dias-multa. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 28 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br O STF entendeu que a multa penal deverá ser cobrada prioritariamente pelo MP, pois continua a ser uma sanção criminal, embora possa ser considerada como dívida de valor. Assim, a legitimidade prioritária para a ação de execução é do Ministério Públi- co, que ajuizará ação perante a vara de execuções penais (VEP). Entretanto, caso o titular da ação penal, devidamente intimado, não proponha a execução da multa no prazo de noventa dias, o juiz da execução criminal deverá dar ciência do feito ao órgão competente da Fazenda Pública (federal ou estadual, conforme o caso) para a respectiva cobrança na própria vara de execução fiscal. Embora se admita a possibilidade de o Ministério Público investigar, a presidência de inquérito policial é ato privativo de delegado de polícia. II – zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimô- nio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; A promoção do inquérito civil é privativa do Ministério Público. Ou seja, nenhum outro ente público pode presidir o inquérito civil, que serve muitas vezes como preparativo para a ação civil pública. Traçando um paralelo, o inquérito policial é usado para instruir a ação penal pú- blica, enquanto o inquérito civil é usado para dar suporte à ação civil pública. Diferentemente do que acontece com o inquérito civil, na ação civil pública há outros legitimados. A esse respeito, veja o teor do artigo 5º da Lei n. 7.357/1985 (LACP): O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 29 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I – o Ministério Público; II – a Defensoria Pública; III – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; IV – a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; V – a associação que, concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Ainda sobre o tema, foi questionada junto ao STF a legitimidade da Defensoria Pública para atuar nas tutelas coletivas. O Tribunal, então, confirmou a possibi- lidade de a Defensoria Pública ajuizar ações civis públicas (STF, ADI 3.943). Lembro, na linha do que acabamos de ver, que ela (a Defensoria) não poderá promover inquérito civil. Outra observação se impõe: a Lei n. 4.717/1965 (Lei da Ação Popular – LAP) diz que o legitimado para o ajuizamento da ação popular é o cidadão, vale dizer, o brasileiro no gozo de capacidade eleitora ativa (quem pode votar). A LAP também prevê que, caso o cidadão desista da ação popular, o Ministério Público poderá prosseguir com a ação – repare que não falou que o MP pode ajuizar. Mesmo sem previsão legal, mas atento ao novo enquadramento conferido às tutelas coletivas, o STJ vem conferindo ao Ministério Público a possibilidade de ajuizar a ação popular. Mais que isso: se reconhece a legitimidade do MP tam- bém na impetração de mandado de segurança coletivo (STJ, RESP 700.206). Existem diversas espécies de inquéritos. Destacam-se: inquérito policial, civil, ad- ministrativo, policial militar, judicial, parlamentar de inquérito, policial legislativo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 30 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br IV – promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; São cinco as ações do controle concentrado de constitucionalidade (sempre digo que elas cabem nos dedos de uma mão): ADI, ADO, ADC, ADPF e ADI Interventiva. As quatro primeiras (ADI, ADO, ADC e ADPF) podem ser ajuizadas por nove legitimados, que são listados no artigo 103 da Constituição Federal: a) Presidente da República; b) Mesa do Senado Federal; c) Mesa da Câmara dos De- putados; d) Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF; e) Governador de Estado ou do DF; f) Procurador-Geral da República (PGR); g) Con- selho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); h) partido político com representação no Congresso; e i) confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. A única ferramenta do controle concentrado que conta com regra diferente é a ADI Interventiva, exatamente sobre o que estamos tratando agora.Segundo a Constituição, ela só pode ser proposta pelo PGR, que fica sendo o único legitimado. A ADI Interventiva é cabível se houver violação a um dos prin- cípios constitucionais sensíveis, previstos no artigo 34, VII, da Constituição. Eles são chamados de sensíveis, pois, se forem violados, autorizam a interven- ção federal, medida extrema em uma Federação. Vale lembrar que a característica central de uma Federação é a autonomia dos entes que a compõem, e ela (autono- mia) será afastada no processo de intervenção. Ao contrário das outras ferramentas do controle concentrado, a ADI Interventiva possui apenas um legitimado para a propositura, que é o PGR. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 31 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br V – defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; VI – expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, re- quisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; VII – exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complemen- tar mencionada no artigo anterior; VIII – requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX – exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entida- des públicas. Repare que a própria redação do inciso IX do artigo 129 já deixa claro que o rol de atribuições do Ministério Público é meramente exemplificativo, poden- do ser ampliado. 1.10. Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP Na aula sobre o Judiciário, eu ressaltei a importância do CNJ para as provas de concurso. No caso do CNMP, as questões aparecem em número bem menor, e nor- malmente estão ligadas à composição do órgão. Avançando, o CNMP também foi criado pela EC n. 45/2004, também conhecida como Reforma do Judiciário. Ele é competente para fazer o controle da atuação administrativa e finan- ceira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros. Em sua composição, conta com quatorze membros, sendo oito deles da própria carreira, enquanto outros seis vêm de fora da estrutura da instituição. 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Há duas exceções a essa regra: a primeira, relativa ao PGR, que ficará na presi- dência do CNMP enquanto for PGR – mesmo que haja reconduções sucessivas, como aconteceu à época de Geraldo Brindeiro. A segunda em relação ao Correge- dor, que não pode ser reconduzido – art. 130-A, § 3º, da Constituição. Veja então a composição do Conselho: Composição do CNMP Oriundos do MP ** Procurador-Geral da República Será o Presidente do Conselho 04 Membros do MP da União, assegurada a representação de cada uma das carreiras (MPF, MPT, MPM e MPDFT) Indicados pelo Ministério Público respectivo 03 Membros do MP dos Estados Vindos de fora 02 Juízes 1 indicado pelo STF e 1 pelo STJ 02 Advogados Indicados pelo Conselho Federal da OAB 02 Cidadãos (notório saber jurídico + reputa- ção ilibada) Indicados: 1 pelo Senado Federal 1 pela Câmara dos Deputados * O corregedor será um dos membros oriundos do MPU ou do MPE (um dos sete) ** O Presidente do Conselho Federal da OAB oficiará junto ao CNMP O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 33 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Vamos ver agora as atribuições do Conselho, previstas no artigo 130-A, § 2º: I – zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, po- dendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências; II – zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas; Eu já disse isso lá no CNJ e repito aqui: os dois conselhos não têm compe- tência para efetuar controle de constitucionalidade de lei, seja na via difusa ou na concentrada (STF, MS 27.744). O que se permitiu, em relação ao CNJ – e não haveria razão para entendimento diverso no CNMP –, é que o Conselho poderia deixar de aplicar norma que entenda ser inconstitucional. Relembrando, o caso julgado pelo STF envolvia uma determinação dada pelo CNJ para que um TJ exonerasse servidores nomeados sem concurso público para cargos em comissão que não se amoldavam às atribuições de direção, chefia ou assessoramento. Frisou-se que a decisão do CNJ não configuraria controle de constitucionalidade, sendo exercício de controle da validade dos atos administrativos do Poder Judiciário (STF, PET 4656/PB). III – receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Minis- tério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar proces- sos disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 34 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br IV – rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de membros do Ministério Público da União ou dos Estados julgados há menos de um ano; Note que a competência do CNMP é para rever processos disciplinares apenas contra membros do MPU e do MPE. O que quero dizer com isso é que o Conselho não tem competência para rever punição imposta a servidor do MP (STF, MS 28.827). V – elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a situação do Ministério Público no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI. No mais, uma distinção importante: as ações contra o CNJ são julgadas pelo Plenário do STF, enquantoas que forem propostas contra o CNMP serão julgadas pelas Turmas do Tribunal. E por que então tal diferença? É que o CNJ é presidido pelo Presidente do STF, autoridade que atrairia o julgamento para o Pleno. A competência do CNMP para rever processos disciplinares abrange apenas os Membros do MPU e do MPE, não se estendendo para punições impostas a servidor do Ministério Público. 2. Advocacia Pública Logo de cara tem a parte que hoje aparece nas “paradas de sucesso” das Ban- cas Examinadoras. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 35 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Preste atenção no trecho que vem agora, pois depois vou decompô-lo: é que se- gundo o artigo 131 da Constituição, “a Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe as atividades de consultoria e assessora- mento jurídico do Poder Executivo.” Repare você que a Constituição deferiu à AGU a missão de representar a União, sem restringir a atuação a nenhum dos Poderes da República. Em razão disso, a re- presentação judicial ou extrajudicial vale para todos os Poderes da União. Quer um exemplo? Outro dia, eu vi um caso em que o Presidente do TJDFT impetrou mandado de segurança contra decisão do CNJ a qual obrigava que todos os juízes do Tribunal fizessem plantão – aqui no TJDFT, apenas os juízes substitutos fazem os plantões. Advinha então quem foi o advogado responsável pela impetração do MS? A AGU, claro! Ah, para você saber, o STF deferiu a liminar, suspendendo o ato do CNJ, mas ainda não houve julgamento definitivo sobre o tema. Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos (STF, MS 32.462). Prosseguindo, se de um lado, a União representa judicial e extrajudicialmente todos os Poderes da República, de outro, quando o assunto é a prestação de consultoria e assessoramento jurídico, a missão abrange apenas o Poder Executivo. Como você vai fazer para lembrar isso? Fácil! Basta você ter em mente que nós temos os Consultores Legislativos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Ou seja, o Legislativo já tem seu corpo próprio de consultores, que prestam a as- sessoria jurídica necessária. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 36 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Já em relação ao Judiciário, ninguém melhor do que ele para entender do “juri- diquês”. Logo, não teria cabimento algum o Judiciário pedir consultoria e assesso- ramento jurídico à AGU. É dentro desse contexto que a atuação de consultoria e assessoramento jurídico prestada pela AGU se restringe ao Poder Executivo. Agora que já falei sobre a missão da instituição – a AGU –, vou tratar do seu chefe, que é o AGU. Pois bem, o Advogado-Geral da União ocupa cargo de livre nomeação pelo Presidente da República, dentre cidadãos com mais de 35 anos, de notável saber jurídico e de reputação ilibada. Note-se que, na escolha do AGU, não há formação de lista, nem a necessi- dade de aprovação do nome pelo Senado Federal. Repare que, assim como os Ministros de Estado, o cargo é de livre nomeação e livre dispensa. No entanto, há dois pontos que diferenciam o AGU dos demais Ministros. Primeiro: a idade mínima para ser Ministro de Estado é de 21 anos, enquanto para o AGU se exige no mínimo 35 anos. Segundo: nos crimes de responsabilidade, o AGU será julgado pelo Senado Fe- deral, estando ou não em conexão com o Presidente ou Vice-Presidente da Repú- blica (artigo 52, II). Se você bem lembra a situação dos Ministros de Estado, eles serão julgados pelo STF tanto nos crimes comuns quanto nos de responsabilidade. A única hipótese de eles irem para o Senado na responsabilidade é em caso de co- nexão com o Presidente ou Vice. Só pelas duas ponderações aí de cima você já percebe que o AGU tem um status diferenciado. O problema é que não lhe foi dado foro especial nos crimes comuns. Vale dizer, em tais crimes ele responderia perante o Juiz de 1ª instância. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 37 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Foi daí que se editou medida provisória (posteriormente convertida em lei) equiparando o AGU ao cargo de Ministro de Estado. Houve questiona- mento no STF, mas o Tribunal entendeu pela constitucionalidade da norma (STF, INQ 1.660). Então, nos crimes comuns, o AGU será julgado pelo STF, indo para o Se- nado Federal nos crimes de responsabilidade. Mudando de assunto, para ingressar na carreira da advocacia pública é exigido que o concurso seja de provas + títulos. Não há na Constituição Federal a neces- sidade de comprovação de três anos de prática jurídica – quarentena de entrada. Porém, nada impede que a regra própria da carreira exija a comprovação de algum período de experiência. Ainda na advocacia pública federal, há uma ramificação em três carreiras: o Advogado da União, que atua na Administração Direta; o Procurador Federal, o qual representa a União na Administração Indireta; e, por fim, o Procurador da Fazenda Nacional, que é o advogado do governo em matéria tributária. A propósito, o § 3º do artigo 131 diz que, na execução da dívida ativa de natureza tributária, caberá à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) representar a União. As funções de AGU serão exercidas, nos planos estadual, distrital e municipal, respectivamente pelos Procuradores-Gerais dos Estados (PGE), do Distrito Federal (PGDF) e dos municípios (PGM). Note que nós acabamos de ver que o STF disse ser constitucional a medida pro- visória que equiparou o AGU a Ministro de Estado, a fim de lhe dar foro especial nos crimes comuns perante o STF, certo? Pois é, mas indo em direção oposta, o Tribunal disse ser inconstitucional lei complementar estadual que equiparou o cargo de Procurador-Geral do O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 38 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br Estado (PGE) aos Secretários de Estado, também visando lhe dar foro es- pecial. Isso porque a Constituição do Estado não poderia delegar ao legislador ordi- nário (infraconstitucional) a tarefa de estabelecer as competências do TJ. Essa missão – definição das competências do TJ – cabe apenas à CE, conforme o artigo 125, § 1º, da Constituição (STF, HC 103.803). Na ocasião, estava em discussão uma situação ocorrida no Estado de Roraima. O PGE da época acabou envolvido em um esquema de pedofilia, apurado na de- nominada Operação Arcanjo. Na sentença, ele foi condenado a quase 300 anos de prisão e buscava (sem sucesso) anular a ação penal, ao argumento de que deveria ser processado no TJ (foro especial), e não na 1ª instância! Ainda sobre o PGE,o cargo também é de livre nomeação, podendo o Governa- dor escolher o nome entre os membros da carreira ou não. De igual modo, não pode a legislação estadual condicionar a destituição do PGE à autorização da Assembleia Legislativa (STF, ADI 291). Outra coisa: você viu que magistrados, membros do Ministério Público e dos Tribunais de Contas adquirem vitaliciedade. Por sua vez, os membros da Advocacia Pública e da Defensoria Pública não são vitalícios. Ao contrário, eles adquirem estabilidade após três anos de efetivo exercício. Já a garantia da inamovibilidade só alcança os magistrados, membros do Ministério Público e da Defensoria Pública. Mais uma vez, ficam de fora os advogados públicos (STF, ADI 291). Quanto ao foro especial, ENTENDIA o STF que, embora ele não tenha sido dado pela Constituição Federal, nada impediria que fosse conferido por Cons- tituição Estadual (STF, ADI 2.587). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 39 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br No entanto, em 2019, o Tribunal mudou a sua orientação, para deixar claro que não caberia à Constituição Estadual conceder foro especial a autoridades, indo além daqueles casos já disciplinados na Constituição Federal. Isso porque a própria CF já estabelece autoridades estaduais e até municipais (Prefeito e membro de TCM) que contam com a prerrogativa. Ao final, prevaleceu a tese de que o foro especial só seria aplicável àquelas autoridades mencionadas na CF, ou naqueles casos em que o foro previsto na CE derivasse diretamente dos artigos 27 e 28 da Constituição – ou seja, deputados estaduais e distritais, vice-governador, secretários de Estado e chefes das forças policiais (STF, ADI 2.553). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 40 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br 2.1. Defensor Legis Cuidado com a terminologia: custos legis (ou custos constitucionis) é a missão de fiscal da lei, atribuída ao Ministério Público. Agora, quando se fala em defensor legis, ou curador da lei, estamos tratando da missão atribuída ao AGU de, no controle concentrado, fazer a defesa da lei ou ato normativo questionado junto ao STF. Perceba que não se restringiu o papel do AGU às leis ou atos normativos fede- rais. É dele também a incumbência de defender as normas estaduais e as distritais de natureza estadual que sejam atacadas via ADI. É que de acordo com o § 3º do artigo 103 da Constituição, quando o STF apre- ciar a inconstitucionalidade, em tese (controle concentrado), de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado. Repare bem que o texto constitucional usa expressão afirmativa, quase pe- remptória, determinando que o AGU faça a defesa da norma. A necessidade de defender a norma seria para formar um contraditório, na medida em que se a ADI foi ajuizada, é porque alguém está entendendo que ela é inconstitucional – “estão batendo na lei”. É nessa toada que chegaria o AGU para atuar no sentido contrário. Entretanto, o STF entende que o AGU não estará obrigado a defender a norma questionada em algumas hipóteses. Veja quais são: a) se já houver manifestação anterior, proferida pelo STF, declarando a inconsti- tucionalidade da norma em controle concentrado de constitucionalidade – STF, ADI 1.616; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 41 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br b) se ele assinar, juntamente com o Presidente da República, a petição da ação direta de inconstitucionalidade. Cabe lembrar que o AGU não possui legitimidade para o ajuizamento da ADI. Porém, quando o Presidente da República seja o autor da ação, é natural que a pe- tição tenha sido redigida pelo AGU. Então, nada impede que ele também assine o pedido de declaração de inconstitucionalidade. Em tal hipótese, não se poderia exigir um comportamento esdrúxulo, no sentido de primeiro assinar a petição dizendo que a norma é inconstitucional e, na sequên- cia, passar a defendê-la. c) se a norma questionada contrariar o interesse da União – STF, ADI 3.916. Uma pergunta: deve o AGU exercer defesa de norma que contrarie os interesses da União? A resposta tende a ser negativa, pois, como o nome do cargo por ele ocupado dá mostras, ele advoga para a União. Em uma interpretação mais alargada, o STF considerou que a AGU teria direi- to de manifestação, e não propriamente a obrigação de defender a norma questionada. Por fim, devemos fazer uma observação: a jurisprudência do STF era no sentido de que na ação direta de inconstitucionalidade por omissão – ADI por omissão – não se fazia necessário ouvir o AGU (STF, ADI 480). Esse raciocínio se justificava na medida em que se o AGU deve fazer a defesa da norma e a ação direta é ajuizada exatamente por conta do vácuo legislativo (ausência da norma), o que lhe restaria defender? No entanto, com a edição da Lei n. 12.063/2009, que deu novo tratamento à ADI por omissão, se a omissão for parcial, será necessária a manifestação do AGU. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br 42 de 109 DIREITO CONSTITUCIONAL Funções Essenciais à Justiça Prof. Aragonê Fernandes www.grancursosonline.com.br A nova sistemática não passou despercebida, uma vez que a própria Lei n. 12.063/2009, em seu artigo 12-E, § 2º, diz que “o relator poderá solicitar a manifestação do Advogado-Geral da União, que deverá ser encaminhada no prazo de 15 (quinze) dias”. Enquanto o Ministério Público é chamado de custos legis (fiscal da lei), cabe ao Ad- vogado-Geral da União a missão de defensor legis (curador da lei). 3. Advocacia Privada Você vai notar que a Constituição trata da advocacia privada em apenas um ar- tigo e, ainda assim, de forma muito resumida. No entanto, será preciso saber bem mais do que está no texto constitucional para se sair bem nas provas. Vou começar pelo que consta no artigo 133: “o advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exer- cício da profissão”. Você viu que destaquei as palavras “indispensável” e “inviolável”, não foi? Pois é, tem uma razão para isso... Começando pela primeira, embora a Constituição diga que o advogado é indispensável, sua presença não será obrigatória em algumas situações. Exemplificando, não há necessidade de a parte estar assistida por advogado na impetração de habeas corpus, no ajuizamento de ações nos juizados especiais cíveis com valor da causa até vinte salários mínimos e nas ações trabalhistas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores
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