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Negócio Jurídico - Classificação das Condições

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NEGÓCIO JURÍDICO
CLASSIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES
RESUMO: Este trabalho discorre sobre a classificação das condições relativas ao negócio jurídico, abordando seus principais aspectos.
PALAVRAS-CHAVE: Elementos acidentais do negócio jurídico. Classificação das condições. 
INTRODUÇÃO
A condição, juntamente com o termo e o encargo, se apresenta como um elemento acidental do negócio jurídico no direito brasileiro, encontrando-se positivada entre os artigos 121 e 130 do Código Civil.
Não se trata de elemento essencial do negócio jurídico e, por esta razão, também não é essencial a sua validade. No entanto, segundo CARLOS ROBERTO GONÇALVES, “Uma vez convencionados, têm o mesmo valor dos elementos estruturais e essenciais, pois que passam a integrá-lo, de forma indissociável.”[footnoteRef:2] [2: 	Direito Civil Brasileiro I – Parte Geral, cit., p. 375.] 
Conforme o disposto no art. 121 do Código Civil, “Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.”, isto é, é facultado às partes sua inserção no negócio jurídico, e deve estar relacionada a um evento que pode ou não vir a ocorrer, condicionando a eficácia do negócio jurídico a tal fato.
Existem diversas espécies de condições a partir das quais é possível estudar os seus efeitos, que podem ser classificadas em lícitas e ilícitas, possíveis e impossíveis (dividindo-se estas em física ou juridicamente impossíveis), em casuais, potestativas e mistas, em perplexas e promíscuas, e em suspensivas e resolutivas, a depender do aspecto a ser analisado.
Na sequência, trataremos sobre a classificação dessas espécies listadas de maneira mais aprofundada.
DESENVOLVIMENTO
a) Classificação quanto à licitude:
Serão lícitas as condições que, nos termos do art. 122 do CC, estiverem de acordo com o ordenamento jurídico e, assim, não contrariarem à lei, à ordem pública ou os bons costumes. Exemplo: locador promoverá descontos no valor de aluguel de imóvel se o locatário convidá-lo anualmente para sua festa de aniversário.
Serão ilícitas, no entanto, as condições que violarem proibição expressa ou implícita do ordenamento jurídico, a ordem pública ou os bons costumes, gerando a nulidade do negócio jurídico a ela relacionado. Exemplo: condicionar a venda de um produto a um crime a ser praticado pelo comprador.
São também classificadas como ilícitas as condições perplexas, que privarem de todo efeito o negócio jurídico, as puramente potestativas, as impossíveis e as incompreensíveis ou contraditórias.
Depreende-se disto, que, como regra, o legislador deu relativa liberdade às partes para a elaboração de cláusulas constitutivas ou extintivas de direitos, observadas as exceções legais.
b) Classificação quanto à possibilidade:
São consideradas possíveis as condições que puderem física e juridicamente ser cumpridas, não interferindo na validade do negócio. Exemplo: compra condicionada a um telefonema do vendedor detalhando as características o produto.
São consideradas impossíveis aquelas que não podem ser cumpridas, por uma razão natural ou jurídica, influindo na validade do ato e gerando a sua nulidade absoluta. 
Quando suspensivas, geram a nulidade absoluta do negócio jurídico, nos termos do art. 123, caput e inciso I, do CC. Exemplo: venda condicionada a uma viagem intergalática. 
Quando resolutivas, são consideradas inexistentes as condições impossíveis e as de não fazer coisa impossível, não comprometendo de modo algum a eficácia do negócio jurídico, de acordo com o art. 124 do CC.
c) Classificação quanto à fonte de onde promanam:
Condições casuais são aquelas que têm origem em eventos naturais, em fatos jurídicos em sentido estrito. Exemplo: venda condicionada ao romper de uma tempestade.
Também entram nessa classificação as que dependem exclusivamente da vontade de terceiro alheio ao negócio jurídico.
São condições potestativas, ou discricionárias, aquelas que dependem do elemento volitivo, da vontade humana, do poder de uma das partes, mas também de algum acontecimento externo, alheio ao seu controle, sendo denominadas condições simplesmente ou meramente potestativas, e são consideradas totalmente lícitas. Exemplo: doação de um veículo condicionada ao ganho de uma promoção no trabalho. 
São condições puramente potestativas, ou arbitrárias, as que dependem de uma vontade unilateral, sujeitando-se ao puro arbítrio de uma das partes (art. 122 do CC, parte final), sendo consideradas ilícitas conforme esta mesma norma. Exemplo: entrega do objeto da venda condicionada ao bel-prazer do vendedor. Contudo, há uma exceção. A venda a contento do comprador, caso especial de compra e venda, subordina o contrato à condição de ficar desfeito o negócio se o bem não agradar o comprador. É a venda que se realiza sob a condição de só se tornar perfeita e obrigatória se o comprador, de modo unilateral, declarar que a coisa adquirida lhe satisfaz (Art. 509, CC).
Condição promíscua é aquela que se caracteriza no momento inicial como potestativa, vindo a perder tal característica por fato superveniente, alheio à vontade do agente, que venha a dificultar sua realização.[footnoteRef:3] Por exemplo, ‘pagarei um cachê de dez mil reais se a banda fizer uma apresentação na Boate Azul, em Santos, no dia 19/04; no entanto, no dia 19/04 um furacão devasta a cidade’. Essa condição potestativa torna-se promíscua, a partir daí. [3: 	DINIZ, Maria Helena. Código Civil anotado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 1.386-1.388.] 
São condições mistas aquelas que dependem, ao mesmo tempo, da manifestação de vontade de uma das partes, e do acaso ou da vontade de um terceiro. Exemplos: 1. dou-lhe um veículo se você cantar amanhã, desde que esteja chovendo durante o espetáculo; 2. dou-lhe um veículo se casares com Joana.
A diferença da condição promíscua para a mista reside no fato de nesta o acaso ser proposital, já ter sido preestabelecido.
A condição perplexa ou contraditória é aquela que priva de todo o efeito o negócio jurídico por não existir lógica em suas proposições, comprometendo sua eficácia e sendo considerada uma condição defesa no direito (art. 122, CC). Exemplo: Pedro ganhará um prêmio se for o artilheiro do campeonato sem marcar gols.
Conforme o disposto no art. 123, III, do Código Civil, neste caso o negócio será invalidado.
d) Classificação quanto aos efeitos da condição (modo de atuação):
São condições suspensivas aquelas que, enquanto não se implementarem, impedem que o negócio jurídico gere efeitos (art. 125, CC). Exemplos: 1. no mútuo, o contrato só produzirá efeitos com a entrega ou cessão do bem; 2. no caso de venda a contento, em compras pela internet a lei dá um prazo de sete dias para experimentar e se arrepender se não gostar (ad gustum). O comprador não precisa dar os motivos caso não queira ficar com o bem, sendo direito potestativo do comprador exercer esta cláusula, e o vendedor não pode discutir ou impugnar essa manifestação. A venda está suspensa até a aprovação, isto é, só vai ter eficácia se ou quando ocorrer a avaliação positiva pelo comprador.
O art. 126 do CC dispõe que se alguém dispuser de alguma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas últimas não terão valor, caso ocorra o implemento do evento futuro e incerto, sendo a condição incompatível com essas novas disposições. Tal regra impede que uma nova condição se sobreponha a uma anterior, caso sejam elas incompatíveis entre si. 
As condições suspensivas física ou juridicamente impossíveis geram a nulidade absoluta do negócio jurídico (art. 123, I, do CC). 
São condições resolutivas aquelas que, enquanto não se verificarem, não afetam de modo algum o negócio jurídico, que se mantém gerando os efeitos decorrentes de suas disposições. Exemplo: no campo dos Direitos Reais, quando o título de aquisição da propriedade estiver subordinado a uma condição resolutiva, estaremos diante de uma propriedade resolúvel, como no pacto de retrovenda,na venda com reserva de domínio e na alienação fiduciária em garantia. No entanto, sobrevindo a condição resolutiva, extinguem-se os direitos que a ela se opõem, conforme delimitado no art. 128 do CC. 
A condição resolutiva pode ser expressa, se constar do instrumento do negócio ou tácita se decorrer de uma presunção ou mesmo da natureza do pacto celebrado. A condição presente na venda ad gustum de vinhos é, na maioria das vezes, tácita, já que sequer é celebrado contrato escrito.
Frise-se, no entanto, que a resolução, em qualquer caso, deve ser judicialmente pronunciada. Quanto ao compromisso de compra e venda, José Osório de Azevedo Júnior declara: “… haja ou não cláusula resolutiva expressa, impõe-se a manifestação judicial para a resolução do contrato”.
CONCLUSÃO
Esgotado o tema e, listadas as diversas espécies de condições afetas aos seus elementos acidentais, a esta altura restou clara a identificação da condição no negócio jurídico pelas conjunções utilizadas para caracterizá-la. Majoritariamente, aparecem as condições se (ex.: dou-lhe um televisor se você vencer a maratona) e enquanto (ex.: dou-lhe uma ajuda financeira enquanto estiver desempregado). A expressão se é utilizada para a condição suspensiva, ao passo que a expressão enquanto para a condição resolutiva.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Parte geral. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. v. 1.
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. 5. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: MÉTODO, 2015.
FERREIRA, Rafael Medeiros Antunes. Elementos acidentais dos negócios jurídicos.
Elementos Acidentais: Análise do Plano da Eficácia dos Negócios Jurídicos. in Consilium - Revista Eletrônica de Direito, Brasília n.3, v.1 jan/abr de 2009.
LUZ, José Carlos Ferreira. Material didático da disciplina Direito Civil III. Instituto de Educação Superior da Paraíba (IESP). Curso de Direito, 2014.
</https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/216614/eficacia-do-negocio-juridico-condicao-termo-e-encargo/>

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