Buscar

LIVRO NEUROBIOLOGIA DA ADOLESCENCIA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 114 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 114 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 114 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
Autores 
 
 
 
 
Suzana Portuguez Viñas 
Pedagoga, psicopedagoga, escritora, 
editora, agente literária, 
pós-graduanda em neuropsicopedagogia, 
possui vários livros publicados sobre filosofia, 
neuropsicopedagogia e neurobiologia. 
suzana_vinas@yahoo.com.br 
 
Roberto Aguilar Machado Santos Silva 
Membro da Academia de Ciências de Nova York, 
Médico Veterinário, escritor, 
etologista, poeta, historiador 
Doutor em Medicina Veterinária. 
Pós-graduando em neuropsicopedagogia, 
Possui vários livros publicados sobre filosofia, 
neuropsicopedagogia e neurobiologia 
robertoaguilarmss@gmail.com 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Neurobiologia 
da 
Adolescência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
Adolescente e o Cérebro em Ebulição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Suzana Portuguez Viñas1 
Roberto Aguilar Machado Santos Silva2 
 
A palavra emoção deriva do latim movere, mover, por em movimento. É 
essencial compreender que a emoção é um movimento de dentro para fora, um 
modo de comunicar os nossos mais importantes estados e necessidades 
internas. 
As emoções "são complexos psicofisiológicos que se caracterizam por 
súbitas rupturas no equilíbrio afetivo de curta duração, com repercussões 
consecutivas sobre a integridade da consciência e sobre a atividade funcional 
de vários órgãos”. Sentimentos são estados afetivos mais estáveis e duráveis, 
provavelmente provindos de emoções correlatas que lhe são cronologicamente 
anteriores. 
Podemos classificar emoções e estados emocionais em: 
• Emoções primárias: ligadas ao instinto e sobrevivência. São elas a 
Emoção de Choque (que representa ameaça ao indivíduo); Emoção Colérica 
(anulação de objeto, que representa algum incômodo) e Emoção Afetuosa 
(inclinação ao prazer). 
 
1 Suzana Portuguez Viñas é escritora, agente literária, pedagoga, psicopedagoga e pós-
graduanda em neuropsicopedagogia. Possui vários livros publicados sobre filosofia e 
neuropsicopedagogia. 
2 Roberto Aguilar Machado Santos Silva é escritor, medico-veterinário, Doutor, membro da 
Academia de Ciências de Nova York e pós-graduando em neuropsicopedagogia. Possui vários 
livros publicados sobre filosofia e neuropsicopedagogia. 
 
 
5 
 
• Emoções secundárias: estados afetivos mais complexos que as 
emoções primárias. Dividem-se em duas formas: Estados Afetivos Sensoriais 
(sensações de prazer e dor, relacionado à sensibilidade corporal) e Estados 
Afetivos Vitais (mal-estar, bem-estar, animação, desanimação, relacionado a 
atitudes internas do indivíduo). 
• Emoções mistas: envolvem misturas de estados afetivos contrastantes, 
caracterizando um conflito emocional. Este conflito emocional pode ter grande 
ou pequena repercussão na conduta individual. 
• Sentimentos anímicos e espirituais: sentimentos anímicos são estados 
afetivos tidos como qualidades do eu com o mundo de valores; referem-se a 
coisas, pessoas ou acontecimentos, atribuindo-lhes valores. Exemplos de 
sentimentos anímicos são tristeza e alegria, amor e ódio, felicidade e 
desespero. Sentimentos espirituais tendem para valores absolutos, como 
valores de estética, intelectuais, morais ou religiosos. 
Sentimentos são muito mais duradouros que as emoções, e muito mais 
numerosos. Desta forma, como um exemplo, podemos contatar que da emoção 
primária de choque-pânico, nascem emoções mistas como espanto, susto, 
terror, e destas surgem sentimentos de desconfiança, insegurança ou medo. 
 
Lopes (2017), citou as funções das emoções conforme Dámasio, Newen 
e Ballone: 
. Para Damásio a emoção tem duas funções biológicas: A primeira produz uma 
reação específica para a situação indutora e a segunda função é de 
Homeostase, regulando o estado interno do organismo, visando essa reação 
específica. Ou seja, as emoções são a forma que a natureza encontrou para 
proporcionar aos organismos comportamentos rápidos e eficazes orientados 
para a sua sobrevivência. 
. De acordo com Newen, as emoções cumprem funções de grande importância. 
Podemos citar quatro delas: Prepara-nos e motiva-nos para ações; possibilita 
avaliarmos os estímulos do ambiente de maneira extremamente rápida, ajuda 
no controle das relações sociais; são formas de expressão típicas que indicam 
aos outros as próprias intenções (quando alguém sorri para nós, 
automaticamente supomos que tem uma postura amigável). 
. Já, segundo Ballone, essas emoções são capazes de mobilizar o Sistema 
Nervoso Autônomo, órgãos e sistemas. Para a mesma autora, conclui-se que, 
as emoções influenciam a saúde não apenas em decorrência da psico-neuro-
fisiologia, mas também através de suas propriedades motivacionais, através de 
condutas saudáveis, tais como os exercícios físicos, a dieta equilibrada, etc 
 
Desenvolvimento do cérebro adolescente 
 
De acordo com o Ashton Community Science College, da Inglaterra, nos 
últimos 10 anos, as varreduras cerebrais ou ressonância magnética funcional 
6 
 
(fMRI, na sigla em inglês) nos disseram mais sobre como os cérebros do 
adolescente funcionam de forma diferente dos cérebros dos adultos. Saber 
mais sobre como o cérebro do adolescente funciona pode ajudar os adultos a 
entender melhor o comportamento deles - por que eles podem ser impulsivos, 
precisam dormir muito, sejam emocionais, rebeldes, correm riscos, sejam 
desorganizados, distraídos e atrasados! 
Os adolescentes podem parecer fisicamente maduros, mas seus 
cérebros ainda estão se desenvolvendo até os 20 anos. Os adultos usam a 
parte frontal do cérebro (córtex frontal) para pensar, avaliar e planejar. Ao usar 
exames cerebrais, os pesquisadores descobriram que a parte da frente dos 
cérebros dos adolescentes está subdesenvolvido. Os adolescentes usam uma 
parte emocional da cérebro (a amígdala) mais do que os adultos. 
 
Parte mais estimulada do cérebro dos adolescentes 
 
Sono 
 
Os adolescentes precisam de pelo menos 9 horas de sono para estarem 
otimamente alertas. As mudanças nos padrões de sono estão ligadas à 
puberdade e às mudanças nos hormônios. A puberdade é um momento em 
que o crescimento físico do adolescente acelera e isso é controlado pela 
liberação do hormônio do crescimento, as meninas com de cerca de 11 anos e 
meninos aproximadamente 14 anos. Nos adolescentes, o hormônio do sono 
(melatonina3) é liberado aproximadamente às 13 horas em comparação com as 
22 horas em adultos. Os adolescentes continuarão com esse padrão de sono 
até que tenham terminado a puberdade. Perto do fim da puberdade, eles 
mudarão para um padrão adulto. Para as meninas, isso ocorre em torno de 
19,5 anos de idade. Para meninos, isso ocorre em torno de 21 anos de idade. 
 
3 A melatonina é um hormônio produzido por diversos animais e plantas. Em animais 
superiores, é o produzido e liberado pela glândula Pineal. A glândula pineal participa na 
organização temporal dos ritmos biológicos, atuando como mediadora entre o ciclo 
claro/escuro ambiental e os processos regulatórios fisiológicos, incluindo a regulação endócrina 
da reprodução, a regulação dos ciclos de atividade-repouso e sono/vigília assim como a 
regulação do sistema imunológico, entre outros. 
 
7 
 
O que você pode fazer para ajudar seu adolescente? 
 
Mesmo que o corpo do seu adolescente esteja mudando, as rotinas para 
dormir e ter maneiras de se acomodar para dormir ainda são importantes. 
Tente encorajá-lo a ter um tempo de cama regular, porém que não seja muito 
cedo. 
Todos sabemos as coisas que podem ser úteis para dormir: uma rotina 
que leva à hora de dormir, acalmando-se, calma e escuridão, mas talvez você 
precise adaptar essas coisas para estar mais em sintonia com seu 
adolescente. Portanto, tente manter a calma: assim como você quando era 
mais jovem, eles também, dependerão de você para ajudá-los a manter a 
calma. Mantenha seu quartofresco. Reduza a iluminação (iluminação com 
dimmers4 ou pequenas lâmpadas podem ser úteis). Incentive um tempo de 
calma, como planejar a hora para parar de usar o computador e a TV. 
 
Será que os adolescentes podem dizer o que você sente, pelo 
olhar no seu rosto? 
 
Nos adolescentes, a parte do cérebro que controla a fala e interpreta as 
expressões e emoções faciais (a amígdala) é também a parte do cérebro que 
usamos quando estamos em perigo. Isso significa que eles ficam confusos, 
pois o seu cérebro está ainda imaturo. Em um experimento para ver se 
adolescentes e adultos reconheceram uma expressão da mesma maneira. Ao 
mostrar uma imagem de uma mulher com expressão de medo, os 
pesquisadores perguntaram: 
"O que esta pessoa sente?" 
100% dos adultos estavam corretos. Eles disseram medo corretamente. 
Enquanto que apenas 50% dos adolescentes estavam corretos. Os outros 50% 
dos adolescentes citaram outras emoções, como raiva, choque, tristeza ou 
confusão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mãe com expressão de medo. 
 
 
Alguns disseram que não sabiam. Foi surpreendente que até mesmo 
adolescentes bastante cultos responderam errado. 
 
4 Dimmers são dispositivos utilizados para variar a intensidade de uma corrente elétrica média 
em uma carga. Eles consistem de graduadores que, através da diminuição ou aumento da 
tensão valor eficaz e, portanto, um aumento da potência média de uma lâmpada, controlam a 
intensidade da luz produzida pela mesma. 
 
 
8 
 
Os adolescentes usam a parte emocional do cérebro (amígdala) com 
mais frequência e que ainda está imaturo e por isso tem dificuldades de 
interpretar as emoções e sentimentos expressados por outras pessoas. 
Com apoio e compreensão de você e de outros adultos: 
. Os cérebros deles vão amadurecer e eles serão adultos responsáveis. 
. Eles serão mais capazes de organizar e planejar. 
. Seu padrão de sono mudará e eles vão se levantar cedo para o 
trabalho ou escola. 
 
Para saber mais: 
 
FACEBOOK. NEUROPSICOPEDAGOGIA HOJE. 
https://www.facebook.com/neuropsicopedagogiahoje/ 
 
ASHTON COMMUNITY SCIENCE COLLEGE. Teenage brain development 
http://www.ashtoncsc.lancs.sch.uk/files/files/Teenage_brain_dev.pdf 
Acesso em: 31 out. 2017. 
 
DURAN, K. M.; VENANCIO, L. R.; RIBEIRO, L. S. Influência das Emoções na 
Cognição. Disponível em: <http://www.ic.unicamp.br/~wainer/cursos/906/ 
trabalhos/Trabalho_E1.pdf> Acesso em: 17 jul. 2017. 
 
LOPES, M. A História do Cérebro. Disponível em:<https://sophiaofnature. 
wordpress.com/2014/12/13/a-historia-do-cerebro/> Acesso em:14 ago. 2017. 
 
LOPES, R. B. As emoções. Disponível em:<https://psicologado.com/ 
psicologia-geral/introducao/as-emocoes> Acesso em: 17 jul. 2017. 
 
9 
 
 
A Memória no adolescente 
 
 
 
Bases neuroanatômicas e neurofisiológicas da 
memória 
 
Segundo Vivas (2017), geralmente se reconhecem as seguintes etapas 
na formação de uma memória: aquisição, consolidação e armazenamento. O 
proceso de aquisição implica no ingresso da informação ao cérebro através dos 
órgãos sensoriais e os cortéx sensoriais primários (visual, auditivo, 
somatosensorial) chegando a um primeiro espaço da memória: a memória de 
trabalho. A consolidação implica na repetição da informação e a elaboração de 
representações robustas no cérebro. O armazenamento, por sua parte, implica 
na geração de traços relativamente estáveis de conhecimento. Estas etapas 
ocorrem para a aquisição de diversos tipos de conhecimento (de episódios, de 
conceitos, de procedimentos, etc.). 
Conforme a mesma autora, cabe ressaltar que estes processos são 
dinâmicos e que os traços de memória se podem reativar e modificar. Cada vez 
que recordamos um acontecimento passado a recuperação da informação 
pode sofrer leves modificações produto da reinterpretação que fazemos do 
evento. Assim mesmo a informação que temos sobre os conceitos se pode ir 
completando e modificando a partir da experiência. A informação sempre 
ingressa no cérebro desde o meio externo através das áreas sensoriais 
primárias, porém o processamento posterior varia de acordo al tipo de 
conteúdo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
 
Classificações dos distintos tipos de memória 
 
São numerosas as classificações dos distintos tipos de memória que 
desenvolvido ao longo dos anos. Entre as mais destacadas cabe mencionar as 
propostas de James5 (1890), quem distinguiu entre uma memória primária 
(transitória) e uma secundária (permanente), o modelo de Atkinson e Shiffrin6 
(1968), quem propuseram uma multi-estrutura que continha três instancias 
(registro sensorial, memória a curto e a longo prazo), passando pela proposta 
de Tulving7 (1972) que permitiu diferenciar dentro da memória a longo prazo 
entre memória episódica e semântica, continuando com Baddeley e Hitch8 
(1974), quem elaboraram uma proposta acerca do funcionamento da memória 
de trabalho, e, chegando aos modelos mais recentes, o de Tulving9 (1995) 
quem propôs a existência de cinco sistemas de memoria (representación 
perceptual, memoria procedural, memoria semântica, memoria episódica, 
memoria de trabalho). Os modelos mais reconhecidos sobre os sistemas de 
memória são aqueles propostos por Squire (199210, 200411). O motivo é que 
 
5 JAMES, W. Principles of Psychology. New York: Holt, 1890. 
6 ATKINSON, R.C.; SHIFFRIN, R.M. Human memory: A proposed system and its 
control processes. Em SPENCE, K.W.; SPENCE, J.T. (Eds.), The psychology of 
learning and motivation: Advances in research and theory. (Vol. 2). (pp. 742-775). 
New York: Academic Press,1968. 
7 TULVING, E. Episodic and semantic memory. En E. Tulving & W. Donaldson 
(Eds.), Organization of memory, (pp. 381-403). New York: Academic Press, 1972. 
8 BADDELEY, A.D.; HITCH, G. Working memory. En G.H. Bower (Ed.), The 
psychology of learning and motivation: Advances in research and theory (Vol. 8), 
pp. 47-89). New York: Academic Press, 1974. 
9 TULVING, E. Organization of memory: Quo vadis? En GAZZANIGA, M. (Ed.). The 
Cognitive Neurosciences. Cambridge M.A.: MIT Press, 1995. 
10 SQUIRE, L.R. Memory and the hippocampus: a synthesis from findings with rats, 
monkeys, and humans. Psychological Review, 99(2), 195-231, 1992. 
11 SQUIRE, L.R. Memory systems of the brain: A brief history and current 
11 
 
estes modelos permitem estabelecer uma correspondência entre os sistemas 
de memória que propõe e as estruturas neuro-anatómicas que servem de base 
para seu funcionamento. Na figura a seguir se pode observar o esquema deste 
modelo. 
 
 
 
 
De acordo com a autora, este modelo propõe una primera diferenciação 
entre memória declarativa ou explícita e não declarativa ou implícita. Na 
primeira se localizam aqueles tipos de memórias que podem ser expressadas 
verbalmente e na segunda aquelas que não podem expressar-se verbalmente, 
mas podemos explicar a sua existência a partir da observação do 
comportamento. 
 
Memória declarativa 
 
A memória declarativa se refere a capacidade consciente de recuperar 
a informação sobre os fatos e eventos e é o tipo de memória geralmente 
afetada na amnésia. A memória declarativa permite que o material recuperado 
 
perspective. Neurobiology of Learning and Memory, 82, 171-177, 2004. 
 
12 
 
seja comparado e contrastado. Por exemplo, é possível demonstrar que uma 
pessoa esteve a semana passada no médico (memoria episódica) ou que um 
cão é um animal (memoria semântica). O formato de armazenamento é 
representacional . 
 
Memória não declarativa 
 
Ao contrário, a memoria não declarativa é disposicional e é expressada 
mediante o desempeño mais que mediante a recuperação da informação. O 
fato é de se que adquiriu uma habilidade(memória processual) ou estabeleceu 
um condicionamento pode ser encontrando a partir da observação do 
comportamento. 
De acordo com Vivas (2017), as formas de memoria não declarativas se 
manifestam através de modificaciones em nos sistemas de desempenho 
especializados. 
Na memoria declarativa se encontram a memoria para fatos, que seriam 
a memória semántica do modelo de Tulving e a memória para eventos, que 
seria a episódica. 
O substrato neuroanatomico que permite a adquisição de ambos tipos 
de memoria se localiza no lobo temporal medial. A codificação e recuperação 
da memória declarativa ocorre através do hipocampo e as estruturas 
adjacentes, como o cortex parahipocampal, a entorrinal e a peririnal. Todos se 
localizam na face medial do lobo temporal (como pode ser observado na figura 
seguinte). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mais 
recentemente, Iván Izquierdo e cols (2013) examinaram as definições e 
características gerais dos principais tipos de memórias de acordo com sua 
 
13 
 
função, conteúdo e duração, as áreas cerebrais responsáveis por elas e os 
mecanismos moleculares sinápticos envolvidos na formação e extinção dos 
diversos tipos de memórias nessas áreas. Dando particular destaque a alguns 
aspectos de sua biologia, com alguma ênfase na memória de trabalho, na 
memória de curta duração e na memória de extinção, comentando os principais 
processos fisiológicos responsáveis por sua formação, evocação e extinção, 
assim como sobre sua modulação por sistemas cerebrais e periféricos. 
Encerrando o artigo com algumas recomendações para a manutenção das 
principais formas de memória. 
Iván Izquierdo e cols (2013), classificam as memórias com relação ao 
conteúdo, em memórias que podem ser divididas em dois grandes grupos: as 
declarativas (eventos, fatos, conhecimentos) e as de procedimentos ou hábitos, 
que adquirimos e evocamos de maneira mais ou menos automática (andar de 
bicicleta, usar um teclado). 
 
Memória declarativa 
 
Segundo os mesmos autores, na memória declarativa participam o 
hipocampo (uma região cortical filogeneticamente antiga, como demonstrado 
na figura a seguir), a amígdala, ambos localizados no lobo temporal, e várias 
regiões corticais (pré-frontal, entorrinal, parietal, etc.), enquanto, nas memórias 
de procedimentos ou hábitos, o hipocampo parece estar envolvido apenas nos 
primeiros momentos após o aprendizado, sendo elas dependentes 
basicamente de circuitos subcorticais que incluem o núcleo caudato e circuitos 
cerebelares. 
 
 
 
 
 
 
14 
 
Amnésia 
 
Conforme Izquierdo e cols (2013), eenomina-se amnésia, a perda de 
memória declarativa, pois as doenças que a provocam afetam em maior 
proporção as áreas vinculadas com esse tipo de memória. A depressão é a 
causa mais frequente, mas a menos grave. Em geral não se acompanha de 
dano neuronal irreversível e, ao tratá-la, a amnésia desaparece. As demências 
(de: partícula privativa; mens: mente) são progressivas e mais graves; 
envolvem perda definitiva de neurônios e de funções cerebrais. 
De acordo com os mesmos autores, a demência mais comum é a 
doença de Alzheimer, na qual predomina o déficit de memória. Nela ocorrem 
lesões nas áreas cerebrais responsáveis pela memória declarativa (córtex 
entorrinal, hipocampo), e mais tarde em outras partes do cérebro. A doença de 
Parkinson, nos seus estágios avançados (em que ficam comprometidos 
circuitos que ligam o núcleo caudato ao córtex), a dependência crônica do 
álcool, da cocaína e outras drogas, as lesões vasculares do cérebro, o 
traumatismo craniano repetido (no boxe, por exemplo) e algumas doenças 
metabólicas (Síndrome de Creutzfeld-Jacob, doença de Pick), também causam 
quadros demenciais. 
 
Duração e função das memórias 
 
De acordo com Izquierdo e cols (2013), todas as memórias são 
associativas: se adquirem através da ligação entre um grupo de estímulos (um 
livro, uma sala de aula) e outro grupo de estímulos (o material lido, aquilo que 
se aprende; algo que causa prazer ou penúria). O do segundo grupo, que é de 
maiores consequências biológicas, chama-se estímulo condicionado ou 
reforço. 
Para os mesmos autores, em algumas formas de aprendizado, associa-
se um grupo de estímulos com a ausência do outro ou de qualquer outro. A 
forma mais simples dessas formas de “aprendizado negativo” associa um 
estímulo repetido (um som, uma cena) com a falta de qualquer consequência; 
esse tipo de aprendizado se chama habituação. Permite que seja possível 
trabalhar em ambientes cheios de ruídos, ou dormir em ambientes iluminados, 
por exemplo. Segundo eles, alguns autores consideram a habituação uma 
memória não associativa. Do ponto de vista da função, há um tipo de memória 
que é crucial tanto no momento da aquisição como no momento da evocação 
de toda e qualquer outra memória, declarativa ou não: a memória de trabalho. 
Operacionalmente, representa aquilo que a memória RAM representa nos 
15 
 
computadores: mantém a informação “viva” durante segundos ou poucos 
minutos, enquanto ela está sendo percebida ou processada. 
 
Memória RAM 
Segundo Cowan (2017), a capacidade de armazenar recordações 
e “filtrá-las” é uma característica específica de cada indivíduo – 
uma espécie de “impressão digital”. Não por acaso, a memória de 
trabalho (ou de curto prazo, que nos permite guardar 
temporariamente um número limitado de informações, como 
números de telefones que usamos com certa freqüência, por 
exemplo) varia consideravelmente de uma pessoa para outra. De 
acordo com o estudo sobre esse tipo de memória desenvolvido 
pelos pesquisadores americanos Fiona McNab e Torkel Klingberg, 
o processo de seleção das lembranças que devem ser guardadas 
ou dispensadas pode ser comparado aos dos filtros de spam do 
computador. O funcionamento dessas “peneiras mentais” situadas 
nos gânglios basais pode comprometer ou facilitar a lembrança de 
números, nomes de pessoas, compromissos etc. Filtros 
ineficientes causam, por exemplo, atividades desnecessárias e 
excessivas nas regiões cerebrais que “arquivam” as informações 
da memória de trabalho – as áreas parietais posteriores, situadas 
ao longo do topo do cérebro em direção ao dorso. Poderíamos 
dizer que essas regiões desempenham o papel do disco rígido do 
computador, mas quando se trata de memória de trabalho, é mais 
adequado afirmar que sua função não é tanto guardar dados 
permanentemente, mas sim armazena-los temporariamente da 
memória à qual temos acesso de forma aleatória. É aceitável fazer 
um paralelo com a memória RAM (random access memory), já 
que as informações são mantidas enquanto estão em uso ou 
poderão ser usadas em breve. 
 
Essa forma de memória é sustentada pela atividade elétrica de 
neurônios do córtex pré-frontal, em rede via córtex entorrinal com o hipocampo 
e a amígdala, durante a percepção, a aquisição ou a evocação. A memória de 
trabalho dura segundos e não deixa traços: depende exclusivamente da 
atividade neuronal on line. Conforme os autores, um exemplo é a terceira 
palavra da frase anterior: durou 2 ou 3 segundos, para dar sentido à frase e 
conectá-la com a seguinte, mas já desapareceu de nossa memória para 
sempre. Segundo eles, na esquizofrenia há falhas graves da memória de 
trabalho, que causam uma percepção distorcida ou alucinatória da realidade. 
 
Memórias de curta duração e de longa 
duração 
16 
 
 
Memória de curta duração 
 
As memórias que persistem além de segundos denominam-se memória 
de curta duração e memória de longa duração. A primeira dura 0,5-6 horas e 
utiliza processos bioquímicos breves no hipocampo e córtex entorrinal 
(Izquierdo e cols, 2013). 
 
Memória de longa duração 
 
 A memória de longa duração perdura muitas horas, dias ou anos. 
Quando dura anos, denomina-se remota. Sua formação requer uma sequência 
de passos moleculares que dura de 3 a 6 horas, no hipocampo, nos núcleos 
amigdalinos,e em outras áreas, durante as quais é suscetível a numerosas 
influências. A memória de curta duração mantém a cognição funcionando 
durante as horas que a memória de longa duração leva até adquirir sua forma 
definitiva (Izquierdo e cols ,2013). 
 
As sinapses e as memórias 
 
Como reportado por Izquierdo e cols (2013) e no prólogo desta obra, em 
fins do século XIX, Santiago Ramón y Cajal, fundador da neurociência, 
postulou que as memórias obedecem a modificações da estrutura e função das 
sinapses. Segundo Izquierdo e cols (2013), nos últimos trinta anos se 
demonstrou que isso é verdade, e agora conhecemos as alterações 
moleculares sinápticas que subjazem à formação, persistência e evocação das 
memórias em muitas regiões encefálicas. 
 
Neuroquimica da memória 
 
A mente tem sido considerada um mundo complexo, onde interatuam 
uma série de fenomenos físicos, biológicos, químicos. Em relação a esta última 
parte faremos aqui uma descrição de neurotransmissores e sua influência 
sobre o comportamento e conduta. Estas moléculas químicas conhecidas como 
neurotransmissores são responsáveis por mudanças organizacionais e 
17 
 
comportamentais, tal como se manifesta no comportamento dos seres 
humanos. 
 
Perda de memória de curto prazo em 
adolescentes 
 
Atenção e o Adolescente 
 
A atenção subjacente a memória em uma função muito semelhante ao 
sistema de memória de trabalho. A atenção dividida é a capacidade de atender 
a informações específicas que estão sendo aprendidas em meio ao ruído de 
fundo. O ruído de fundo para o adolescente pode consistir em música, TV, 
conversas telefônicas e qualquer outro número de atividades. Quando a 
atenção é dividida, o resultado pode ser que a nova informação não está 
corretamente codificada para armazenamento de memória. Em 2000, a 
psicóloga Angela Troyer estudou o impacto das questões de atenção na 
memória dos jovens. Ela descobriu que a codificação de novas informações 
requer muita atenção em muitos casos. Os adolescentes podem não perceber 
até que ponto seu nível de ruído de fundo afeta a capacidade de codificar e 
recuperar informações. 
 
Velocidade de processamento 
 
A velocidade de processamento refere-se à rapidez com que um 
indivíduo processa informações em formatos verbais e visuais. O papel da 
velocidade de processamento na memória é bastante importante em uma sala 
de aula. Quando uma criança tenta aprender novas informações de um 
professor em uma palestra oral ou formato de ponto de poder, a capacidade de 
codificar e armazenar fatos na memória de longo prazo depende, em parte, da 
capacidade de processar rapidamente o que está sendo dito. A psicóloga 
Hanna Moulder estudou o papel da velocidade de processamento na obtenção 
acadêmica em crianças e descobriu que a aprendizagem e a memória eram 
significativamente menores em crianças com pouca velocidade de 
processamento. Assim, se um adolescente não processou a informação com 
rapidez suficiente, o resultado provavelmente sentirá como perda de memória 
quando o verdadeiro culpado reduzirá a velocidade de processamento. 
 
Lado Emocional da Memória 
 
O estado emocional desempenha um papel na memória. Dado o alto 
nível de emotividade durante a adolescência, esse fator deve ser levado em 
consideração quando ocorre perda de memória na adolescência. Depressão, 
ansiedade, drama social e doenças mentais mais severas tornam difícil para 
uma criança manter o bom funcionamento cognitivo para se empenhar 
ativamente na aprendizagem. Por exemplo, entre os sinais de depressão 
18 
 
descritos pelo "Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais" 
estão a concentração e a memória precárias. Assim, uma criança que sofre de 
agitação emocional permanece vulnerável à diminuição da memória de curto 
prazo. 
 
Significado 
 
Dada a variedade de sistemas que devem funcionar corretamente para 
que a memória seja ativada, quando um adolescente reclama perda de 
memória, é importante descompactar a queixa. Quando o problema é dividido 
em processos passo a passo envolvidos na aprendizagem e na obtenção de 
novas informações, os pais geralmente acham que a velocidade de 
processamento, a atenção ou a distração emocional estão subjacentes à perda 
de memória. Se todos esses sistemas parecem estar ativados e a criança 
ainda sente perda de memória, uma consulta profissional com um 
neuropsicólogo clínico pode ser necessária. 
 
 
Para saber mais 
 
IONASCU, N. N. Short-Term Memory Loss in Teens. 
https://www.livestrong.com/article/290659-short-term-memory-loss-in-teens/ 
Acesso em: 21 nov. 2017. 
 
VIÑAS, S. P. & SILVA, R. A. M. S. As Bases Neurobiológicas da Psicopedagogia 
da Aprendizagem. Editora Suzana Portuguez Viñas:Santo Ângelo, 275 p., 2017 
(no Prélo). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
Comportamento rebelde de adolescentes ligado 
a mudanças cognitivas rápidas no cérebro 
 
O jornal inglês The Guardian publicou, que estudos científicos sugerem 
que as diferenças no córtex pré-frontal podem explicar as ações impulsivas dos 
jovens. Os adolescentes podem fazer coisas muito malucas. Eles insultam 
seus pais - ou mentem para eles. Para eles é mais fácil culpar os colegas. E 
não sentem o mínimo remorso, porque, claro, seus pais para eles são quase 
idiotas. Porém, estudos científicos sugerem que alguns desses 
comportamentos podem ser explicados. Tecnologias de mapeamento cerebral 
mostram, que o cérebro do adolescente é diferente do adulto. As maiores 
diferenças estão no córtex pré-frontal - uma parte do cérebro associada ao 
raciocínio - e nas redes de células cerebrais, que ligam o córtex à regiões do 
cérebro que estão menos envolvidas com o raciocínio e pensamento e mais 
com a emoção. 
 
 
 
Usando ferramentas como ressonância magnética funcional (fMRI, do 
inglês functional magnetic resonance imaging) e tomografia por emissão de 
positrões (PET, Positron Emission Tomography), os cientistas observaram os 
cérebros adolescentes e descobriram, que até atingir meados dos 20 anos de 
idade, apresentam seu córtex pré-frontal mudando rapidamente. Assim como 
as terminações celulares e conexões químicas, que ligam o córtex à outras 
partes do cérebro. 
Quando as pessoas têm cerca de 15 ou 16 anos de idade, muitas 
células cerebrais no córtex morrem enquanto outras são criadas e novas 
conexões se formam entre elas. Muitas das habilidades cognitivas básicas - 
raciocínio avançado, pensamento abstrato, autoconsciência - se expandem 
 
20 
 
rapidamente durante esse período, diz Laurence Steinberg, professor de 
psicologia da Temple University (Estados Unidos da America, EUA). "As 
conexões dentro do cérebro não se ramificam completamente até os 22 anos 
ou mais. Os tipos de capacidades que a conectividade contribui para - 
regulação emocional e controle de impulsos - provavelmente atinge o auge na 
metade dos anos 20". 
Pesquisas que Steinberg e colegas publicaram demonstraram, que 
quando os adolescentes estão na presença de companheiros, o circuito de 
recompensas no cérebro é mais ativado do que quando os adultos estão com 
seus amigos. Esses sinais elétricos os impulsionam a buscar coisas 
prazerosas, e é natural, que tais sentimentos sejam mais intensos nos 
adolescentes, diz Steinberg. "A adolescência é quando você começa a namorar 
e, de um ponto de vista evolutivo, é comum que isso ocorra com pessoas 
próximas a ele e com idade semelhante. Então, deve ser parte de nossa 
herança evolutiva se sentir bem quando estamos próximos a pessoas de idade 
semelhante ", diz ele. 
Esses circuitos, que incluem neurônios contendo dopamina no córtex 
pré-frontal e áreas mais profundas do cérebro, como o núcleo accumbens e a 
amígdala podem provocar um “sacudidão” hormonal que faz com que alguns 
adolescentes adotem comportamentos de risco, de acordo com pesquisadores. 
Correm de carros até o ponto de bater em uma árvore, mas se sobreviverem, 
podem impressionar seus colegas. 
 
A dopamina 
A dopamina é um neurotransmissormonoaminérgico, da família 
das catecolaminas e das feniletilaminas, que desempenha vários 
papéis importantes no cérebro e no corpo. O cérebro contém 
várias vias dopaminérgicas, uma delas desempenha um papel 
importante no sistema de comportamento motivado a 
recompensa. A maioria das recompensas aumentam o nível de 
dopamina no cérebro, e muitas drogas viciantes aumentam a 
atividade neuronal da dopamina. A dopamina é produzida 
especialmente pela substância negra e na área tegmental ventral 
(ATV). A dopamina também está envolvida no controle de 
movimentos, aprendizado, humor, emoções, cognição e memória. 
 
Os adolescentes são susceptíveis ao “feedback” social, por exemplo ao 
elogio e a rejeição, mais do que os adultos, de acordo com a pesquisa de 
Steinberg e colaboradores. Dezenas de adolescentes costumam fazer o que os 
colegas querem que eles façam, ou o que eles acham que os colegas querem 
que eles façam, para receber a recompensa na forma de elogio. Em vez de 
atitudes consideradas racionais, disse Steinberg. No entanto, muito difícil 
quanto esse comportamento de risco, comportamento orientado por colegas e 
de recompensa tem que ser vigiados pelos pais e outros adultos. Porém, a 
loucura juvenil geralmente não dura para sempre, diz o neuropsicólogo William 
Stixrud. 
Ele considera útil mostrar aos adultos as imagens de scanner que 
mostram que os cérebros adolescentes são fisicamente diferentes dos deles e 
que segundo a pesquisa mostrando, que os cérebros mudam ao longo do 
tempo. A ciência encontrou diferenças físicas entre as estruturas cerebrais 
21 
 
adolescentes e adultas, diz Stixrud. Ele acha "extremamente útil" para poder 
explicar aos adolescentes, que é a "amígdala sensível e reativa", que faz com 
que eles sintam as coisas mais fortemente do que outras, mas também tornam 
mais difícil viver perigosamente. 
Todas as funções cerebrais são complicadas, mas a amígdala 
desempenha um papel fundamental na memória emocional, e essa área do 
cérebro parece mostrar mais atividade em adolescentes do que em adultos, de 
acordo com pesquisas de cientistas holandeses da Universidade de Leiden e 
outros. Para Stixrud, uma amígdala hiperativa ajuda a explicar porque os 
sentimentos de agressão, medo e depressão dos adolescentes podem ser 
mais intensos que os adultos. 
A pesquisa comparando córtices pré-frontais de adultos e adolescentes, 
surgiu pela primeira vez na década de 1990. Os psicólogos, psicopedagogos e 
professores interpretaram isso como "nós precisamos mantê-los sob “rédea 
curta”, porque o cérebro deles não está totalmente desenvolvido", disse 
Stixrud. Porém, mais recentemente, os pesquisadores e outros profissionais 
tendem a se concentrar no poder e na adaptabilidade do cérebro adolescente. 
O tipo de desenvolvimento do cérebro, que pode fazer adolescentes e 
jovens tomarem decisões e riscos assustadores, também os motiva a sair por 
conta própria e buscar novas experiências e muitas vezes criar coisas 
inovadoras. 
A recomendação para adolescentes e pais, que vivem esses “anos 
loucos”, é que "sejam pacientes" e que essas palavras podem ser as mais 
sábias. 
A ciência nos diz que, aos 24 anos, o cérebro do adolescente já se 
transformou em uma versão adulta. 
E é claro, que os adultos às vezes também fazem coisas loucas. 
 
 
Para saber mais: 
 
FACEBOOK. NEUROPSICOPEDAGOGIA HOJE 
https://www.facebook.com/neuropsicopedagogiahoje/ 
 
THE GUARDIAN. Wild teenage behaviour linked to rapid cognitive change in 
the brain. 
https://www.theguardian.com/science/2014/sep/05/teenage-brain-behaviour-
prefrontal-cortex 
Acesso em: 02 nov. 2017. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
Maturação do cérebro adolescente 
 
 
O Dr. Jay N. Giedd, do Child Psychiatry Branch, National Institute of 
Mental Health, dos Estados Unidos da América (EUA), no site Enciclopédia 
sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância (2017), afirmou que há muito 
tempo que a adolescência é conhecida como um período de mudanças 
espetaculares no corpo e no comportamento. Nossos conhecimentos sobre a 
neurobiologia que está por trás dessas mudanças cognitivas e 
comportamentais aumentou significativamente com a chegada da imagiologia 
por ressonância magnética (IRM), que permite que se tenha um acesso sem 
risco e sem precedente à anatomia e à fisiologia do cérebro vivo. Estudos 
longitudinais com IRM começam a mapear as trajetórias desenvolvimentais da 
maturação do cérebro e a explorar as influências genéticas e ambientais sobre 
essas trajetórias na saúde e na doença. 
Segundo o autor, a maioria dos adolescentes consegue efetuar com 
sucesso a transição entre o estado de dependência da infância e a autonomia 
da idade adulta. Contudo, a adolescência pode também constituir um período 
de grandes turbulências e, para alguns, de aparecimento de alguma 
psicopatologia. Compreender o curso, os mecanismos e as influências da 
maturação do cérebro adolescente pode iluminar o caminho para intervenções 
mais eficazes em caso de doença e a otimização de um desenvolvimento 
saudável. 
Com os progressos na caracterização das trajetórias gerais da 
maturação do cérebro, os pesquisadores começaram a se concentrar na 
elucidação: 
(1) dos mecanismos que provocam as modificações anatômicas e 
fisiológicas; 
 
(2) das relações entre as medições por neuroimagiologia e as 
mudanças emocionais, cognitivas e comportamentais observadas 
nos adolescentes; 
 
 
(3) do papel das influências genéticas e ambientais; 
(4) de quando e como as trajetórias desenvolvimentais diferem entre as 
populações clínicas e aquelas em boas condições de saúde; e 
 
(5) das melhores intervenções para otimizar um desenvolvimento 
saudável, melhorar a educação, prevenir as psicopatologias e tratar os 
transtornos em função da idade, caso eles apareçam. 
 
Estudos longitudinais12 realizados com sujeitos de 3 a 30 anos de idade 
revelaram que o volume da substância branca continua aumentando até depois 
 
12 Estudo longitudinal é um método de pesquisa que visa analisar as variações nas 
caraterísticas dos mesmos elementos amostrais (indivíduos, empresas, organizações, etc.) ao 
23 
 
da terceira década, enquanto que o volume da substância cinzenta aumenta e 
depois diminui, atingindo seu máximo em momentos característicos durante a 
infância e a adolescência, específicos para cada área do cérebro. Essas 
mudanças estão por trás da melhoria geral nos planos funcional e estrutural, da 
conectividade e dos processos de integração, e de uma mudança do equilíbrio 
entre as funções límbicas/subcorticais e do lóbulo frontal que se estendem até 
a idade adulta. Um dos princípios que aparece a partir de um grande número 
de pesquisas é que, na neuroimagiologia como na vida, a jornada é muitas 
vezes tão importante quanto o destino. A avaliação das trajetórias (isto é, o 
tamanho das estruturas em função da idade) por medições de 
neuroimagiologia mostrou-se mais discriminativa que as medições estáticas 
nos estudos que examinam as diferenças homem/mulher, ligando as medições 
por neuroimagiologia às capacidades cognitivas, diferenciando as populações 
clínicas daquelas em boas condições de saúde, e caracterizando a 
hereditariedade da anatomia do cérebro.1 Por exemplo, homens e mulheres 
possuem trajetórias com formatos diferentes, as mulheres tendendo a alcançar 
o volume máximo das substâncias branca e cinzenta mais cedo que os 
homens.2 No que diz respeito aos correlatos das capacidades 
cerebrais/cognitivas, as pessoas com um QI muito alto têm trajetórias com 
formatos diferentes para a espessura cortical quando comparadas àquelas cujo 
QI está em uma faixa normal, com as áreas chave de seu cérebro começando 
com um córtex mais fino, e crescendo mais rapidamente para chegar a um 
valor final semelhante.3 De um ponto de vista diagnóstico, comparando 
pessoas com TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade) 
com pessoas sadias, o atraso na maturação corticalprediz melhor o estado 
clínico que o tamanho final das estruturas.4 Da mesma maneira, estudos sobre 
gêmeos que examinaram as contribuições relativas dos fatores interativos 
genéticos e ambientais indicam um forte efeito da idade sobre a 
hereditariedade das medições por neuroimagem.5 Por exemplo, as áreas 
cerebrais associadas às funções primárias e sensitivo-motoras parecem ser 
mais afetadas por fatores genéticos no início do seu desenvolvimento e por 
fatores ambientais mais tarde, enquanto que as áreas associadas a funções 
mais complexas como a linguagem se tornam mais hereditárias com o tempo. 
Essas descobertas podem implicar que áreas diferentes do cérebro podem ser 
mais sensíveis a intervenções ambientais em determinados momentos que 
outras. 
Um aspecto da tomada de decisão por adolescentes, visado para futuras 
pesquisas, diz respeito à caracterização das diferenças entre avaliações 
clássicas em laboratório com pessoas atuando sozinhas em ambientes de teste 
com baixo estresse e de acordo com roteiros hipotéticos (isto é, cognição “a 
frio”), e as tomadas de decisão no mundo real, que acontecem muitas vezes 
em locais movimentados, com pressão dos pares e em situações de alto 
conflito / estresse, e com consequências reais (isto é, cognição “a quente”). 
Outro desafio para a pesquisa consiste no aprofundamento da nossa 
compreensão das relações entre as descobertas em neuroimagiologia e 
capacidades cognitivas ou características psicológicas específicas. Como as 
 
longo de um longo período de tempo - frequentemente vários anos. Os estudos longitudinais 
são muito usados na Psicologia, Medicina (em especial na Epidemiologia de doenças), e 
também na Economia e Sociologia. 
24 
 
funções mentais resultam da atividade de redes neuronais distribuídas, a 
prática que consiste em tentar fazer uma correlação o tamanho de uma única 
estrutura com uma competência específica cede o lugar ao reconhecimento da 
necessidade de entender as relações complexas entre nós, diferentes das 
redes. Abordagens matemáticas como a teoria dos grafos começam a serem 
utilizadas para explorar as propriedades das redes do cérebro. 
As conclusões do Dr. Jay N. Giedd foram que um aspecto fundamental 
da maturação do cérebro adolescente é que se trata de um período de 
mudanças espetaculares. Essa capacidade de mudar ou “plasticidade” tem 
sido muito útil a nossa espécie, ao permitir nossa adaptação aos desafios 
únicos de nosso ambiente no momento que deixamos a proteção de nossas 
famílias para nos tornarmos membros autônomos da comunidade. A 
plasticidade do cérebro humano adolescente faz da adolescência uma época 
de grandes riscos e de grandes oportunidades. O volume de substância branca 
aumenta, os estudos utilizando imagiologia por ressonância magnética 
funcional (IRMf) revelam uma maior correlação entre áreas dispersas na 
execução de certas tarefas, e mudanças coerentes no eletroencefalograma 
(EEG) sustentam a noção de uma maior “conexidade” entre os 
subcomponentes do cérebro ao longo da adolescência até a idade adulta. As 
mudanças na curva em U invertido da substância cinzenta podem refletir um 
aumento da especialização do cérebro, ditada pelas exigências ambientais – 
embora haja ainda muita pesquisa a ser feita para avaliar essa hipótese. Estão 
sendo realizados estudos sobre gêmeos, diferenças entre homens e mulheres, 
genes específicos, sobre os efeitos do ambiente e as psicopatologias, no intuito 
de examinar suas influências sobre as trajetórias do desenvolvimento do 
cérebro. 
No mesmo artigo são explicitadas as Implicações para os pais, os 
serviços e as políticas Entre as descobertas obtidas por neuroimagiologia, 
aquela que diz que o córtex pré-frontal (um componente essencial das redes 
neuronais envolvidas no juízo, na tomada de decisão e no controle dos 
impulsos) continua sua maturação quando a pessoa chega aos 25 anos teve 
uma influência considerável nos campos social, legislativo, judiciário, parental e 
educacional. Apesar da tentação de trocar a complexidade e a ambiguidade do 
comportamento humano pela clareza e a beleza estética das imagens coloridas 
do cérebro, deve-se tomar cuidado para não exagerar na interpretação dos 
resultados da neuroimagiologia quando ligados às políticas públicas. As 
questões relativas à idade exigida para consentir são especialmente 
emaranhadas nos contextos políticos e sociais. Por exemplo, hoje em dia, nos 
Estados Unidos, uma pessoa deve ter pelo menos de 15 a 17 anos (de acordo 
com o Estado) para dirigir, pelos menos 18 anos para votar, comprar cigarros 
ou entrar no exército, e pelos menos 21 anos para ingerir bebida alcoólica. A 
idade mínima para exercer funções políticas varia também: certos municípios 
aceitam prefeitos a partir de 16 anos, e a idade mínima para ser governador 
varia de 18 a 30 anos. No plano nacional, a idade mínima para ser membro da 
Câmara dos Representantes dos Estados Unidos é de 25 anos, é preciso ter 
pelo menos 35 anos para ser senador ou Presidente. A idade exigida para 
consentir em ter relações sexuais varia em todo mundo, da puberdade (sem 
especificação de idade) até os 18 anos. É claro que esses limites traduzem 
fortes influências sociais e que eles não pontuam a “idade biológica da 
maturidade”. Para tirar proveito da melhor forma dos progressos obtidos na 
25 
 
compreensão do desenvolvimento do cérebro na adolescência, é preciso um 
esforço integrado envolvendo pais, legisladores, educadores, neurocientistas, 
clínicos e os próprios adolescentes. 
 
 
Para saber mais: 
 
FACEBOOK. NEUROPSICOPEDAGOGIA HOJE 
https://www.facebook.com/neuropsicopedagogiahoje/ 
 
ENCICLOPÉDIA SOBRE O DESENVOLVIMENTO NA PRIMEIRA INFANCIA. 
Maturação do cérebro adolescente. 
http://www.enciclopedia-crianca.com/sites/default/files/textes-experts/pt-
pt/2432/maturacao-do-cerebro-adolescente.pdf 
Acesso em: 03 nov. 2017. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
Os sentimentos do adolescente cego. 
Como conviver com a deficiência visual 
Uma abordagem psicopedagógica 
 
 
 
 A adolescência em geral é um período delicado para muitos jovens à 
medida que passam pelas mudanças físicas, psicológicas e sociais até a idade 
adulta. A maioria quer se encaixar com seus colegas, ser igual para ser aceito 
nos grupos e ser "diferente" por causa de uma deficiência visual pode causar 
reações como raiva, depressão ou tristeza. Nesta fase, muitos adolescentes 
também estão preocupados com o futuro, e suas incertezas, às vezes, podem 
dar origem a fortes sentimentos negativos sobre a deficiência visual. 
Adolescentes portadores de deficiência visual, com perda total da visão 
nos dois olhos ou parcial e baixa visão, podem compartilhar uma série de 
reações e sentimentos, mas estes variam de pessoa para pessoa. Além disso, 
os adolescentes que recentemente se tornaram deficientes visuais terão muitas 
necessidades emocionais diferentes de quem sofreu deficiência visual desde a 
primeira infância. 
Dar ao seu aluno o suporte emocional na adolescência pode ser um 
ponto crítico. São muitos os desafios enfrentados pelas pessoas com 
deficiência visual. Não só pelas experiências que o próprio sujeito enfrenta, 
pelas suas condições, mas também pelo despreparo e ignorância da 
sociedade, que vem trazendo a cultura de que o cego é um sujeito limitado, 
incompleto, inválido e incapaz. Desta cultura arcaica resulta ainda, nos dias 
atuais, descriminação, isolamento, exclusão social e nos grupos de 
adolescentes videntes, violência, dificuldades de deslocamento, dificuldades 
para realizar aprendizagens por falta de recurso material ou humano 
capacitados. 
Outro aspecto relevante, que é imprescindível destacar, é o despreparo 
e desinformação da família (pais ou responsáveis) do adolescente portador de 
deficiência visual, que tendem a protegê-lo ouaté negando sonhos de um 
projeto de futuro. 
O site Family Connect, dos Estados Unidos da América, destinado a pais 
de crianças e adolescentes com impedimentos visuais, sugere algumas 
maneiras pelas quais podem ajudá-los, como por exemplo: 
* Incentive-o a falar abertamente. Ajude-o a conhecer outros 
adolescentes e adultos com deficiência visual, que levam vidas bem-sucedidas. 
O adolescente pode achar mais fácil falar sobre sua deficiência visual com 
outras pessoas com a mesma dificuldade. Se ele não tiver muito contato com 
outras crianças com deficiência visual quando jovem, considere a possibilidade 
de incentivá-lo a fazê-lo agora. Isso lhe dará uma chance de compartilhar 
experiências com outros que, ele sentirá que são como ele. Ele pode se 
beneficiar ao encontrar modelos a seguir entre os novos conhecidos e, por sua 
vez, pode se tornar um modelo a seguir para uma pessoa mais nova. A 
experiência pode fazê-la sentir-se melhor sobre si mesma e sua deficiência 
visual. 
27 
 
* Forneça aconselhamento ou outro suporte profissional (psicólogos, 
psicopedagogos, fisioterapeutas, professores de educação física), apropriado 
com formação na área. 
* Ajude o adolescente a sentir a auto-estima elevada. A auto-aceitação 
poderá contribuir muito para o seu bem-estar e estabelecer as bases para uma 
vida satisfatória. 
* Incentive a ouvir colegas de classe falando sobre suas experiências ou 
outras atividades sociais nas quais eles não estão envolvidos e falem sobre 
suas próprias experiências. Certamente serão uma troca produtiva de 
conhecimentos com diversas formas de viver e ser feliz. 
* Apoiá-lo emocionalmente para flertar, namorar, fazer novas amizades. 
Isto pode parecer esmagador para um adolescente com deficiência visual, mas 
ele poderá se sentir mais seguro de si mesmo. Algumas das emoções do 
adolescente, podem resultar dos desafios que ele enfrenta em suas relações 
sociais, tanto nas amizades como nas relações de namoro. Ele pode se sentir 
deixado de fora ou pode duvidar de sua capacidade de atrair amigos e 
namoros. Ajudá-lo a desenvolver estratégias para criar e manter amizades é 
importante para seu bem-estar emocional geral. Trabalhar com ele sobre como 
parecer atraente também é importante. Investir o tempo em discutir e 
interpretar papéis como agir com membros do sexo oposto pode ajudar 
aumentar a autoconfiança. 
* Incentive-o a fazer planos para um futuro próximo e também distante. 
Como todos os adolescentes, ele pode ter sentimentos mistos sobre o futuro. 
Se por um lado, ele pode querer se apressar e terminar o ensino médio para 
possa ficar sozinho. Por outro lado, ele pode estar incerto sobre o que fará 
depois do ensino médio. Ele precisa de sua garantia de que a maioria dos 
adolescentes tem os mesmos sentimentos de incerteza. 
 
* Deixe-o saber o quanto você se preocupa com ele e que ele pode falar 
com você sobre qualquer coisa, a qualquer momento. Deixe-o saber que você 
não está lá para julgar, mas para escutá-lo e orientá-lo. 
 
Adolescentes que têm experimentado recentemente a 
perda de visão 
 
Durante a adolescência, alguns jovens experimentam uma diminuição 
significativa da visão, ocasionada pela doença Retinite Pigmentosa (RP) ou 
doença de Stargardt13. Essa doença ocular em que a parede posterior do olho 
(retina) encontra-se danificada. É uma doença rara. O tratamento pode ajudar, 
mas não tem cura. Outros podem perder a visão de um acidente ou outro 
evento traumático. Se o seu cliente está neste grupo, ele tem para ser apoiado 
emocionalmente. Como você, ele pode estar se afligindo pela visão "normal" ou 
"quase normal" que ele tinha anteriormente. Ele também pode estar com raiva 
sobre as coisas que ele está encontrando dificuldades para fazer, como ler ou 
 
13 Doença de Stargardt é a forma mais comum de degeneração macular juvenil congênita. A 
perda de visão progressiva associada à doença de Stargardt é causada pela morte de células 
fotorreceptoras na porção central da retina denominada mácula. 
28 
 
ir lugares sozinho. E seu relacionamento com amigos pode ter mudado, porque 
seus amigos não sabem como apoiá-la. 
O adolescente, provavelmente, vai precisar de tempo para se ajustar, 
aprender a viver com a perda de visão e lidar com seus sentimentos, mas 
também vai precisar do incentivo e apoio de todos que o cercam. Muitas das 
estratégias que são importantes para os adolescentes com perda da visão 
serão úteis agora, por exemplo: 
* Estar disponível para conversar com ele sobre seus sentimentos sobre 
essa redução significativa em sua visão. 
* Auxiliá-lo a procurar acompanhamento médico para uma investigação 
e avaliação sobre a perda da visão. 
* Deixá-lo saber que você está perto para ouvi-lo e apoiá-lo no que for 
preciso. 
* Não culpá-lo ou julgá-lo, pela perda da visão. 
* Procure os adolescentes mais velhos ou modelos adultos para ele se 
encontrar. Conhecer alguém com deficiência visual e ouvir sobre suas 
experiências ajudará a perceber que ele não é a única pessoa com deficiência 
visual. Os modelos podem compartilhar experiências e como eles lidam com 
seus próprios sentimentos sobre perda de visão. Ouvir diretamente de alguém 
que teve experiências semelhantes pode ser muito útil para muitos 
adolescentes. O adolescente pode se beneficiar do tempo em atividades com 
outros adolescentes com deficiência visual. 
 Algumas instituições e escolas patrocinam programas de fim de 
semana. Há uma variedade de acampamentos de verão e outros programas 
para adolescentes com deficiências visuais. Se você achar que o seu aluno ou 
cliente está emocionalmente perturbado, considere a possibilidade de ter 
conversa com um profissional habilitado. 
Às vezes, um profissional que tem formação no assunto pode ajudar os 
jovens a trabalharem com as questões mais eficazes do que aqueles que são 
mais próximos do jovem. 
Se o adolescente expressar sentimento de tristeza ou raiva sobre seu 
relacionamento com amigos, sugira que ele convide um ou dois amigos. Alguns 
adolescentes podem não ter certeza de como reagir ou apoiar um amigo que 
tenha experimentado perda de visão. O adolescente pode precisar fazer a 
primeira iniciativa e descobrir que seus amigos ainda estão lá para ele, uma 
vez que eles têm a chance de conversar calmamente uns com os outros. O 
restabelecimento das relações com seus amigos lhe dará uma saída para 
compartilhar seus sentimentos. 
A aceitação e compreensão da nova condição é fundamental para que o 
adolescente siga uma vida produtiva com novas realizações. 
 
 O encaminhamento do adolescente Deficiente Visual ao 
Mercado de trabalho 
 
Apender novas habilidades, como rendimento para seu sustento, a 
Massoterapia, a Música (canto e instrumentos musicais), Ascensorista, 
operador de telemarketing, fisioterapeuta, pedagogo, psicólogo, sociólogo, 
professor de Braille, telefonista, são algumas atividades mais usadas e que 
29 
 
oportunizam maior autonomia ao adolescente portador de deficiência visual ou 
baixa visão. 
No site do Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, é possível 
encontrar diversos cursos voltados para a capacitação profissional do 
deficiente visual. 
 
Para saber mais 
 
INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT 
http://www.ibc.gov.br/ 
Acesso em: 07 nov. 2017. 
 
FAMILY CONNECT. Your teenagers feelings about being visually impaired. 
http://www.familyconnect.org/info/browse-by-age/teenagers/growth-and-
development-teenagers/your-teenagers-feelings-about-being-visually-
impaired/1235 
Acessado em 07 nov. 2017. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
Neuropsicodagogia da 
Sinestesia Musical em Crianças e 
Adolescentes 
 
 
Sinestesia (do grego συναισθησία, συν- (syn-) "união" ou "junção" e -
αισθησία (-esthesia) "sensação") é a relação de planos sensoriais diferentes: 
Por exemplo, o gosto com o cheiro, ou a visão com o tato. O termo é usado 
para descrever uma figurade linguagem e uma série de fenômenos 
provocados por uma condição neurológica. 
Tendo em vista as múltiplas interconexões presentes em nosso cérebro, 
como um sistema de "anéis dentro de anéis", de tal forma que, assim que um 
dado sensório entra na rede, compara-se como uma pedra lançada em uma 
lagoa: as ondulações se espalham formando círculos concêntricos em todos os 
distritos sensórios ativando outras sensações. É possível, que todos nós 
tenhamos um painel de comando, que interconecta os vários sentidos, 
normalmente adormecidos e que também podem ser reativados artificialmente 
com certos alucinógenos. Quanto ao caráter seletivo da sinestesia, 
mencionado acima entendemos, que pesquisadores tais como o professor 
Sean Day da Universidade Central de Taiwan, tem se preocupado em 
catalogar modalidades diferentes de sinestesia presentes nas pessoas, que já 
tem consciência de possuírem tal habilidade e as possíveis causas e 
consequências das misturas de sensações. Outro pesquisador que tem 
estudado o fenômeno é Baron-Cohen da Universidade de Cambridge na 
Inglaterra. Ele estuda a presença da sinestesia na fase neonatal, defendendo a 
ideia de que o cérebro dos portadores de sinestesia é biologicamente distinto 
dos demais e que tal habilidade se apresenta nos seres humanos já nos 
primeiros dias de vida. English (1977), por sua vez em seu Dicionário de 
Psicologia também sinaliza para o fato de que a sinestesia é uma condição 
encontrada em alguns indivíduos, onde a percepção de certo tipo de objeto é 
associada com imagens particulares de outra modalidade sensorial. 
A ideia de relações entre a música e as cores é antiga, apesar de essas 
relações serem tratadas, na maioria das vezes, apenas como metáforas. 
Segundo Sacks (2007), citado por Levek (2008), as cores do espectro 
correspondiam, de alguma maneira, às sete notas da escala diatônica. Na 
segunda metade do séc. XIX, muitos artistas, escritores e inventores se 
convenceram que a “color-music” (relação da música com as cores) poderia ser 
a arte do futuro, e muitos artistas começaram a acreditar que a música poderia 
ser análoga à pintura. Mas a relação cores-música é muito mais complexa que 
um simples pensamento. A mistura de dois ou mais sentidos, chamada 
sinestesia, atinge uma a cada duas mil pessoas, e é uma percepção imediata, 
não uma simples memória ou associação que possa ter sido aprendida. 
A sinestesia musical é a mais comum (Sacks, 2007, citado por Levek, 
2008). Há relatos de pessoas que possuem a habilidade involuntária de 
experimentar a música como cores bonitas e luminosas, ou seja, algumas 
31 
 
pessoas são capazes de presenciar texturas visuais ao ouvir música. Alguns 
especialistas testaram um caso isolado de sinestesia musical, e a percepção 
de uma pessoa com relação às “cores musicais” não mudou com o passar dos 
anos (Sacks, 2007), ou seja, este estudo fortalece a sugestão de que a 
sinestesia não pode ser aprendida. Segundo Levek (2008), todos os recém-
nascidos possuem sinestesia, mas por volta dos 4 meses de idade os sentidos 
se modificam, e a criança passa a não ter mais essa faculdade. Seguindo 
essas possibilidades, a sinestesia pode ser uma variável de uma ação normal 
do cérebro. Ainda fortalecendo essa ideia, Sacks (2007), citado por Levek 
(2008) demonstrou que um homem, ao sofrer um acidente e tornar-se 
daltônico, perdeu também as características sinestésicas que possuía. Mas 
cabe lembrar que o termo sinestesia é muito variado e pode ser utilizado para 
descrever diversos acontecimentos e comportamentos, além de existir diversos 
tipos de sinestesia. 
Levek (2008) perguntou: será possível haver uma relação imaginativa, 
entre as cores e a música, comum às pessoas? Isso não se trata de sinestesia, 
pois sinestesia é uma atividade involuntária. Nesse caso, seria uma atividade 
voluntária, proveniente da imaginação das pessoas ao ouvir música. Sendo 
assim, vários fatores são capazes de influenciar essa imaginação “colorida”. Há 
a possibilidade de “cores musicais” serem assimiladas com alguma experiência 
já vivida. Uma criança pode ter relacionado teclas coloridas de um piano de 
brinquedo que costumava tocar com as notas que soavam, e esse 
“aprendizado” permanece, por exemplo. Outros fatores existentes na música 
ouvida podem ser relevantes para essa imaginação, como o timbre, o 
andamento e o modo. 
Conforme Barberi (2017), a sinestesia é um fenômeno de contaminação 
dos sentidos em que um único estímulo - visual, auditivo, olfativo ou tátil - pode 
desencadear a percepção de dois eventos sensoriais diferentes e simultâneos. 
 
Base neural da Sinestesia 
Duas principais teorias foram propostas quanto à base neural da 
sinestesia. Ambas as teorias começam a partir da observação de que há 
regiões dedicadas do cérebro, que são especializadas em certas 
funções. Por exemplo, a parte do cérebro humano envolvida no 
processamento de entrada visual, chamada de córtex visual, pode ser 
subdividida em regiões, que são preferencialmente envolvidas no 
processamento de cores (a quarta área visual, V4) ou com 
processamento de movimento, chamado V5 ou MT. Com base nesta 
noção de regiões especializadas, alguns pesquisadores sugeriram, que o 
aumento da conversação cruzada entre diferentes regiões 
especializadas para diferentes funções pode explicar diferentes tipos de 
sinestesia. Uma vez, que as regiões envolvidas na identificação de letras 
e números estão adjacentes a uma região envolvida no processamento 
de cores (V4), a experiência adicional de ver cores ao olhar grafemas 
pode ser devida a "ativação cruzada" de V4. Esta ativação cruzada pode 
surgir devido a uma falha no processo normal de desenvolvimento da 
poda, que é um dos principais mecanismos de plasticidade sináptica, em 
que as conexões entre regiões cerebrais são parcialmente eliminadas 
com o desenvolvimento. Da mesma forma, a sinestesia gustativa → 
lexical pode ser devido ao aumento da conectividade entre as regiões 
adjetivas da ínsula nas profundidades do sulco lateral envolvido no 
processamento do sabor, que se situam adjacentes às regiões do lobo 
temporal envolvidas no processamento auditivo. Da mesma forma, o 
gosto → sinestesia de toque, pode surgir de conexões entre regiões 
32 
 
gustativas e regiões do sistema somatossensorial envolvidas no 
processamento de toque. No entanto, nem todas as formas de sinestesia 
são facilmente explicadas pela adjacência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Córtex somatossensorial 
 
33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Região proposta de ser ativada na sinestesia grafema14-cor 
 
Há pessoas, por exemplo, que toda vez que sentem um odor (real), 
escutam certo som (imaginário). Outros enxergam em cor uma letra do alfabeto 
escrita com tinta preta. Não se trata de um transtorno temporário na maioria 
dos casos, ainda que haja algumas raríssimas exceções; por isso um dos 
principais critérios para o diagnóstico da sinestesia é sua estabilidade ao longo 
do tempo. Geralmente a associação entre estímulo e percepção ocorre apenas 
em um sentido: quem vê a cor vermelha (imaginária) toda vez que ouve nota 
dó (real) não escuta a mesma nota (imaginária) quando vê qualquer coisa 
vermelha (real). Totalmente involuntária, a sinestesia não pode ser controlada, 
nem induzida na ausência do estímulo específico. E é justamente a 
incapacidade de controlá-la que a distingue das chamadas sinestesias 
cognitivas, que se caracterizam por associações de ideias (objetos, conceitos, 
cores, sons) e dependem, na maioria das vezes, de experiências artísticas 
individuais e de condicionamentos culturais. Alguns exemplos de sinestesia 
cognitiva são pensar num campo florido enquanto se ouve as quatro estações 
de Vivaldi, ou desfrutar antecipadamente o sabor de uma maravilhosa torta que 
se vê na vitrine; em ambos os casos a pessoa sabe que não está no campo 
florido e que é preciso comprar a torta. Já a experiência sensorial induzida pela 
verdadeira sinestesia é percebida concretamente,como se fosse real. Segundo 
o psicólogo Jamie Ward, da Universidade de Londres, a sinestesia não é 
doença. "O que a distingue da maioria dos transtornos psiquiátricos ou 
neurológicos é o fato de os sinestésicos serem dotados de um sintoma positivo, 
isto é, de uma característica ausente na população geral. Os distúrbios 
geralmente se caracterizam pela ausência ou pelo comprometimento de uma 
função, como a afasia e a amnésia", diz. Portanto, os sinestésicos são pessoas 
 
14 Grafema é o nome dado à unidade fundamental ou mínima de um sistema de escrita, 
podendo representar um fonema nas escritas alfabéticas, uma sílaba nas escritas silábicas ou 
ou ainda uma ideia numa escrita. O grafema é a unidade formal mínima da escrita. Mínimo, 
porque não pode ser desmembrado em dois ou mais sinais, que também possam ser tratados 
como grafema. Formal, porque é abstrato, não pode ser visto. O que vemos são as 
atualizações, indeterminadas em número, do grafema logográfico. 
 
34 
 
absolutamente normais, que não manifestam problemas cognitivos ou outras 
disfunções. 
 
Diagnóstico 
 
Ainda não há um teste inequívoco para diagnosticar a sinestesia, em 
parte, porque as pesquisas sistemáticas na área tiveram início há poucas 
décadas. Um dos testes mais usados atualmente, conhecido como teste da 
genuinidade (TG), foi desenvolvido pelo professor de psicopatologia do 
desenvolvimento Simon Baron-Cohen, da Universidade de Cambridge. O TG 
mede a estabilidade da relação entre estímulos e respostas ao longo do tempo: 
uma sequência de centena de estímulos (palavras, cores, sons, odores) é 
apresentada ao possível sinestésico; em seguida suas respostas sensoriais 
(cores, formas etc.) são registradas. O teste é repetido em intervalos regulares, 
durante meses e até mesmo anos. A consistência das respostas entre os 
sinestésicos geralmente é de 70%; nos indivíduos comuns fica por volta dos 
40%. Outro teste se baseia na pesquisa visual: no interior de uma matriz de 
letras em branco e preto estão "escondidas" outras letras que o sinestésico diz 
ver coloridas (Barberi, 2017). 
Bragança (2014), em sua Tese de Doutorado, apresentada ao Programa 
de Pós-Graduação em Neurociências do Instituto de Ciências Biológicas da 
Universidade Federal de Minas Gerais, intitulada Relações entre Sensações 
Sinestésicas, Estados Emocionais e Estruturas Musicais, escreveu que em 
artigo de revisão, Spector e Maurer (2009) salientam haver evidências indiretas 
dessa superabundância de conexões entre áreas corticais sensoriais no início 
da infância e de que as podas são dependentes de experiência. Para 
exemplificar essa superabundância de conexões, os autores citam diversas 
pesquisas. Em uma delas, a estimulação tátil do pulso de adultos e crianças 
evoca uma atividade normal no córtex somatossensorial, mas somente em 
recém-nascidos essa ativação é aumentada quando o toque é acompanhado 
por um estímulo sonoro de um “ruído branco”, que é um som indeterminado, 
formado pela combinação de todas as frequências audíveis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
Em outro exemplo, a linguagem falada gera em bebês não só a ativação 
do córtex auditivo, mas também do córtex visual, ativação esta que não cessa 
antes dos três anos de idade. Como exemplo de podas dependentes da 
experiência, Spector e Maurer (200915) citam o fato de que em adultos cegos 
desde a infância, a leitura em Braille, de letras romanas em relevo ou a 
execução de tarefas táteis recrutam o córtex visual, incluindo tanto o córtex 
extraestriado, quanto à área visual primária. A explicação alternativa da 
sinestesia baseia-se no processo de desinibição do feedback de áreas 
superiores do córtex para as áreas corticais sensoriais: segundo 
Grossenbacher e Lovelace (200116), o córtex dos primatas é organizado em 
estrutura paralelas hierarquiazadas, ou seja, estruturas de processamento mais 
simples enviam sinais para estruturas mais complexas. Assim, em vias 
sensoriais, estruturas de processamento primário enviam sinais para estruturas 
de processamento mais complexos até áreas que integram sinais de várias 
vias sensoriais. Há ainda conexões em sentido contrário, que enviam sinais de 
feedback para as áreas mais primárias, reforçando a percepção da sensação 
(Bragança, 2014). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Músicas, emoções e cérebro. 
 
 
 
15 SPECTOR, F.; MAURER, D. Synesthesia: a New Approach to Understanding the 
Development of Perception. Developmental Psychology, v. 45, n. 1, p. 175-189, 2009. 
16 GROSSENBACHER, P.G.; LOVELACE, C.T. Mechanisms of synesthesia: cognitive and 
physiological constraints. Trends in cognitive sciences, v. 5, n. 1, p. 36-41, 2001. 
 
36 
 
A ressonância magnética e a tomografia na 
Sinestesia 
 
As tecnologias de imageamento cerebral, principalmente a ressonância 
magnética e a tomografia por emissão de pósitrons, deram uma guinada 
significativa nas pesquisas da área. "Esses exames permitem registrar as 
variações no fluxo sanguíneo nas diferentes regiões do cérebro e apontar quais 
delas são ativadas em consequência de estímulos diferentes", explica Pietro 
Pietrini, professor de bioquímica clínica e molecular da Universidade de Pisa. 
Estudo publicado em 2006, na revista Cortex revelou que as áreas do córtex 
visual encarregadas da percepção das cores (chamadas V4 e V8) ativam-se de 
modo específico quando um sinestésico lê uma sequência de letras. Para 
Pietrini, esse resultado confirma a hipótese segundo a qual a experiência 
sinestésica é real porque o sinestésico de fato percebe estímulos que não 
existem no universo perceptivo das pessoas comuns. Outro caso descrito na 
mesma publicação não deixa dúvidas. J. F., 52 anos, era sinestésico desde 
pequeno e visualizava cores quando ouvia os nomes dos dias da semana 
(Barberi, 2017). 
 
Portanto, é possível que a relação entre as cores e a música faça parte 
do cotidiano infantil, não de maneira tão complexa como a sinestesia, mas até 
mesmo como mais uma forma de expressão. Outras análises estão sendo 
realizadas com a finalidade de aperfeiçoar o presente estudo, mas muitas 
pesquisas relacionadas ao assunto ainda deverão ser realizadas, englobando 
diversas faixas etárias, para fins de futuras discussões e comparações com 
outros estudos realizados no Brasil e no exterior (Levek, 2008). 
 
Para saber mais 
 
BRAGANÇA, G. F. F. Relações entre Sensações Sinestésicas, Estados 
Emocionais e Estruturas Musicais. Tese de doutorado, apresentada ao 
Programa de Pós-Graduação em Neurociências do Instituto de Ciências 
Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014, 287 
p. 
BARBERI, M. Ouvindo cores. 
http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/ouvindo_cores.html 
Acesso em: 13 nov. 2017. 
LEVEK, K. Música e cores: a resposta por crianças de 5 e 6 anos à música 
e sua relação com as cores. XVIII Congresso da Associação Nacional de 
Pesquisa e Pós-Graduação (ANPPOM) Salvador – 2008, p. 458 – 461. 
SACKS, O. (2007). Alucinações Musicais: relatos sobre a música e o 
cérebro. São Paulo: Companhia das Letras, 360 p. 2007. 
WIKIPÉDIA. Sinestesia. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sinestesia 
Acesso em: 13 nov. 2017. 
 
 
37 
 
 
Neurobiologia do 
Reconhecimento de Expressões Faciais 
de Emoções 
 
 
 
As emoções são fenômenos complexos e multidimensionais que 
compreendem desde fenômenos biológicos até fenômenos subjetivos e sociais. 
Elas estão presentes em diferentes espécies animais e possuem um 
importante papel de comunicação, favorecendo a adaptação do organismo. 
Expressões faciais, assim como outras formas de expressão de estados 
emocionais, orientam comportamentos e podem aumentar a possibilidade de 
reprodução e as chances de sobrevivência (Andrade e cols., 2013). 
Conforme os mesmos autores, nas relações humanas, as emoções 
possuem um papel preponderante durante todas as etapas dociclo vital. Seja 
nos relacionamentos íntimos, nas interações familiares, no trabalho ou na 
escola, elas auxiliam a adaptação às diversas situações da vida. Pessoas 
capazes de compreender suas emoções bem como as dos outros ao seu redor 
tendem a conseguir uma melhor qualidade de vida e melhores interações 
sociais 
 
As bases neurais das emoções, prazer e 
recompensa 
 
Evidências experimentais permitiram a revisão das estruturas 
pertencentes ao circuito proposto por Papez, surgindo, assim, o conceito de 
sistema límbico (SL) – retomando o termo criado por Broca ao descrever o lobo 
límbico –, o qual envolveria as estruturas relacionadas às emoções. O SL 
passou a ser caracterizado como o circuito neuronal relacionado às respostas 
emocionais e aos impulsos motivacionais, já tendo sido incluídas em seu bojo 
estruturas como hipotálamo, amígdala, núcleos da base, área pré-frontal, 
cerebelo e septo (o hipocampo, inicialmente inserido, não parece ter 
participação decisiva nos mecanismos neurais das emoções, tendo papel, 
outrossim, na consolidação da memória, incluída aquela de conteúdo 
emocional, daí estar relacionado – ainda que não seja pertencente – ao SL). 
De modo similar, o grupo de núcleos anteriores do tálamo não está confirmado 
como elemento substantivo na neurobiologia das emoções. Com efeito, ainda 
não existe um perfeito acordo sobre os componentes do SL. 
 
James Papez e a Teoria dp Circuito 
James Papez (1883-1958) foi um neurologista americano. Graduado da 
Universidade de Minnesota, seu principal contributo para a ciência e 
38 
 
especialmente para neurologia e psicobiologia é a descrição do chamado 
circuito de Papez, que é a via neuronal em que ocorre o controle do 
córtex cerebral sobre as emoções; Papez foi o primeiro a propor o 
sistema límbico como um sistema de controle de emoções, que foi um 
grande avanço na biopsicologia da emoção. Como Cannon e Bard, 
Papez acreditava que a informação sensorial atingindo o tálamo era 
direcionada ao córtex cerebral e ao hipotálamo. A informação que surgiu 
do hipotálamo deu origem às respostas emocionais de controle do corpo 
e, finalmente, a informação que saiu do córtex deu origem aos 
sentimentos emocionais. Os caminhos seguidos para o córtex foram 
chamados de "canal de pensamento". Papez era muito mais específico 
do que Cannon e Bard sobre como o hipotálamo se comunica com o 
córtex e sobre as zonas corticais intervenientes. Ele propôs uma série de 
conexões do hipotálamo ao tálamo anterior e ao córtex cingulado (parte 
do córtex médio evolutivamente antigo). As experiências emocionais 
ocorrem quando o córtex cingular integra os sinais recebidos do córtex 
sensorial (parte do córtex lateral evolutivamente novo) e do hipotálamo. 
A informação que sai do córtex cingulado no hipocampo e, a partir daí, 
no hipotálamo permite que os pensamentos que ocorrem no córtex 
cerebral para controlar as respostas emocionais. A teoria de Papez foi 
posteriormente expandida por Paul MacLean. 
 
Embora a denominação “sistema límbico” ainda seja usada para 
designar componentes envolvidos nos circuitos cerebrais das emoções, tal 
categorização vem sofrendo críticas em diversos graus. Como exemplo, cita-se 
a inclusão de várias estruturas anatômicas no seu bojo, sem que haja clara 
concordância entre os autores; de fato, a maioria dos investigadores inclui, no 
SL, o giro do cíngulo, o giro para-hipocampal, a amígdala, o hipotálamo e a 
área de septo. Outras estruturas como cerebelo, tálamo, área pré-frontal e 
hipocampo nem sempre são tidas como pertencentes ao SL, ainda que esses 
elementos possuam relações diretas com os processos emocionais e as 
respostas autonômicas (Andrade e cols., 2013). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estruturas funcionais do Circuito de Papez. 
Fonte: https://www.psiquiatriageral.com.br/cerebro/ 
emocoes.htm 
 
 
 
39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Funcionamento do Circuito de Papez. Fonte: 
http://slideplayer.com.br/slide/11620359/. 
 
 
Tal fato indica que não há critérios amplamente aceitos para se decidir 
sobre a constituição do SL. Ademais, a própria ideia de um único sistema das 
emoções vem sendo colocada em xeque na medida em que têm sido 
identificados diferentes circuitos e áreas do SNC que se correlacionam aos 
díspares estados denominados emoções. Desse modo, no presente 
manuscrito, incluir-se-ão nas discussões sobre o SL as estruturas 
consensualmente reconhecidas pelos diferentes autores, bem como aquelas 
que se relacionam diretamente às emoções. Assim, em substituição – ou 
ampliação – à ideia do SL, deve-se propor a concepção dos sistemas das 
emoções, os quais albergam os díspares circuitos e as redes neuronais 
correlacionáveis aos estados tipificados como emoção. Os “sistemas das 
emoções” – ao menos como vem sendo entendidos recentemente – parecem 
estar organizados em rede; nestas não existem componentes morfo-
funcionalmente regulatórios mais pronunciados, ou seja, todos os elementos 
exercem papéis regulatórios semelhantes entre si. Pode-se, então, 
compreender que tais sistemas dependem da integração de seus componentes 
de uma forma complexa, não-hierárquica, a qual necessita ainda ser mais bem 
explicada. Os quadros 1 e 2 apresentam os componentes do SL, conforme 
apresentados por (Andrade e cols., 2013). 
 
 
As emoções, o prazer e a recompensa 
 
As emoções mais “primitivas” e bem estudadas pelos neurofisiologistas 
– com a finalidade de estabelecer suas relações com o funcionamento cerebral 
– são a sensação de recompensa (prazer, satisfação) e de punição (desgosto, 
aversão), tendo sido caracterizado, para cada uma delas, um circuito encefálico 
 
40 
 
específico. O “centro de recompensa” está relacionado, principalmente, ao 
feixe prosencefálico medial – nos núcleos lateral e ventromedial do hipotálamo 
–, havendo conexões com o septo, a amígdala, algumas áreas do tálamo e os 
gânglios da base. Já o “centro de punição” é descrito com localização na área 
cinzenta central que rodeia o aqueduto cerebral de Sylvius, no mesencéfalo, 
estendendo-se às zonas periventriculares do hipotálamo e tálamo, estando 
relacionado à amígdala e ao hipocampo e, também, às porções mediais do 
hipotálamo e às porções laterais da área tegmental do mesencéfalo2. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As bases neurais das emoções, prazer e recompensa. 
Sistema Límbico e o centro da emoções. 
Fonte: https://portal2013br.wordpress.com/2016/01/17/ 
uma-viagem-ao-cerebro-parte-14/ 
 
No presente artigo se discute o estudo do comportamento não-verbal 
focalizando o comportamento da face humana, a sua base neurobiológica e a 
implicação dos estudos para a neuropsicopedagogia. 
Charles Darwin (1872), publicou o livro: A expressão das emoções nos 
homens e nos animais. Esta obra representa um insight inédito sobre a emoção 
ou seja, é ainda mais revolucionário que o livro anterior de Duchenne de 
Boulogne, que foi publicada em 1962. Nesta obra as emoções eram tidas como 
atributo de uma alma imaterial, um espírito. Então, atribuir as emoções a algo 
biológico e, além disso, a uma herança evolutiva para a época, foi um grande 
diferencial. Inicialmente, essa obra seria um capítulo de A Descendência do 
Homem, mas começou a ficar muito grande e o autor resolveu transformá-lo 
num livro separado. A concepção de emoção que ele mostra é muito 
semelhante à que temos atualmente. Sua primeira grande “sacada” foi 
conceber as emoções como módulos. Isso quer dizer, que cada emoção seria 
caracterizada por um comportamento específico, bem como um conjunto de 
mudanças fisiológicas específicas, apesar de na época os naturalistas não 
contarem com muitos meios para se medir parâmetros fisiológicos (Novaes, 
2017). 
A pesquisa foi iniciada por Duchenne de Boulogne, que publicou O 
Mecanismo de Expressão Facial Humana em 1862. Embora, tenha sido 
trabalho pioneiro de Duchenne com um homem idoso afligido com anestesia 
 
41 
 
facial quase total e que influenciou Darwin

Continue navegando