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1 SUMÁRIO 1 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR .............................................................................. 2 2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ............................................ 4 3 PRESSUPOSTOS ................................................................................................... 5 4 OBJETIVOS GERAIS DA DISCIPLINA ................................................................... 6 5 CONTEÚDOS .......................................................................................................... 7 5.1 Jogos e Brincadeiras ........................................................................................... 8 5.2 Ginástica ............................................................................................................ 10 5.3 Dança e Movimentos Expressivos ..................................................................... 11 6 COORDENAÇÃO MOTORA GERAL E COORDENAÇÃO MOTORA FINA .......... 13 6.1 Esquema Corporal ............................................................................................. 14 7 LATERALIDADE .................................................................................................... 15 7.1 Estruturação Temporal (NOÇÃO TEMPORAL) ................................................. 16 7.2 Estruturação Espacial ........................................................................................ 17 7.3 Coordenação Viso-Motora ................................................................................. 17 7.4 Habilidades Manipulativas ................................................................................. 17 7.5 Equilíbrio ............................................................................................................ 18 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 20 LEITURA COMPLEMENTAR ....................................................................................... 21 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 22 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR .................................................................................. 35 2 1 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Fonte: www.educacaofisicaa.com.br A Educação Física nada mais é do que uma atividade (área de conhecimento), que por meios, processos e técnicas desperta, desenvolve e aprimora forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando, constituindo um dos fatores básicos da educação nacional (BRASIL, 1971). A Educação Física deve, portanto, receber o mesmo tratamento dos demais componentes curriculares como, por exemplo, ter horário garantido na grade curricular do turno e não ser utilizada como “moeda de troca” na negociação para que os alunos se comportem durante as outras aulas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e os Conteúdos Básicos Comuns (CBC) também concebem a Educação Física como componente curricular responsável por introduzir os indivíduos no universo da cultura corporal que 3 contempla múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento “com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções, e com possibilidades de promoção, recuperação e manutenção da saúde” (BRASIL, 1996). Por isso a Educação Física Escolar utiliza como meios principais os exercícios físicos (movimentos ginásticos, atividades naturais como danças, jogos, lutas e desportos), favorecendo a formação integral do indivíduo, assegurando seu normal crescimento nos campos físicos, sociais, emocional e intelectual, para obter: Fonte: www.unicruz.edu.br Saúde psicofísica; Bom equilíbrio emocional; Boa adaptação e ajuste social; Domínio de si mesmo; Educação do movimento. 4 Desde os primeiros momentos da vida, a criança tem necessidade de brincar. E essas brincadeiras são as atividades recreativas, ou seja, são as atividades físicas ou mental a que o indivíduo é naturalmente levado a praticar, de forma espontânea, prazerosa e criadora, que o indivíduo busca para melhor ocupar seu tempo livre, como afirma GUERRA (1996). Para GUEDES (1998), essas atividades recreativas são de suma importância para o desenvolvimento social dessas crianças, pois através destas a criança passa a perceber o meio em que vive e a si mesmo. Por isso, o Profissional de Educação Física que trabalha com crianças no ensino fundamental, principalmente de 1ª a 4ª série, deve utilizar em suas aulas atividades que venham auxiliar no seu desenvolvimento psicomotor. E uma forte aliada do Profissional de Educação Física é a Psicomotricidade, esta é uma ação educativa baseada e fundamentada no movimento consciente e espontâneo, que tem por finalidade complementar e aperfeiçoar a conduta global da criança (SNT). Para CARDOSO (1994) pela psicomotricidade o indivíduo vai reencontrar-se com o seu corpo, liberar seu potencial expressivo, conceber-se numa totalidade corpórea, definir- se, explorar-se, analisar e avaliar suas inter-relações com o espaço-tempo, conferir aos símbolos seu significado, significando e compreendendo enfim a linguagem do corpo. No caso da criança, esta vai estar descobrindo o seu corpo com o auxílio da psicomotricidade. 2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA Favorecer uma boa postura; Obter economia de esforços; Favorecer a criação, por meio de jogos e elementos que estimulem a imaginação; Estimular harmoniosamente o corpo, satisfazendo a necessidade de movimento; Facilitar o domínio de espaço; Obter capacidade para resolver problemas de movimento; 5 Obter soltura, agilidade, destreza, forças, resistência, segurança, coordenação, etc; Colocar o indivíduo em contato com a natureza; Obter adaptação da conduta às normas que regem para todo o grupo (esperar sua vez, ceder lugar, acatar regras, etc.); Conhecer as técnicas e destrezas básicas contidas nas modalidades esportivas, tanto individuais quanto coletivas (principalmente alunos da 3ª e 4ª série); Ter consciência de grupo e reconhecer o valor do trabalho em equipe implícitos na competição esportiva; Utilizar adequadamente os espaços onde se desenvolvem as atividades físicas, enfatizando as regras que definem o jogo. 3 PRESSUPOSTOS As atividades deverão ser desenvolvidas de maneira global ou fragmentada de acordo com o grau de complexidade e organização das mesmas; As atividades deverão ser desenvolvidas com motivação por todos os alunos, independentemente do grau de rendimento técnico, procurando sempre identificar e diferenciar a aula de educação física e o esporte de competição; As atividades propostas deverão respeitar o estágio em que o aluno se encontra nos aspectos físico, mental, psíquico, motor, afetivo e social; A participação nas atividades pré-desportivas e desportivas irá proporcionar aos alunos uma maior opção de lazer e socialização; O esporte deve ser utilizado como meio, e não finalidade de trabalho; Os desportos apresentam situações de conflito e cooperação, que trabalhados de maneira pedagógica, podem se tornar excelentes instrumentos de educação. O respeito às regras e aos adversários, ao professor e ao meio que o cerca é fundamental para o desenvolvimento de todos. 6 4 OBJETIVOS GERAIS DA DISCIPLINA Informar, orientar e sensibilizar o aluno para formar um ser contextualizado, consciente das contradições sociais e livre para raciocinar, criar e comandar suas próprias ações e também reações; Oferecer condições para o desenvolvimento das qualidades físicas e promover a sociabilização e afetividade do educando; Trabalhar a interdisciplinariedade na escola; Executar os fundamentos básicos dos diversos tipos de esportes (individuais e coletivos) segundo a técnica específica de cada um, sem, entretanto cobrar performance dos alunos (principalmente alunos de 3ª e 4ª série); Promover a consolidação de hábitos higiênicos; Fazer com que o aluno descubra a variabilidade de movimentos que seu corpo é capaz através da dança e da ginástica; Estimular a discussão sobre a importância do movimento; Preparar o aluno para exercer com consciência a autonomia que lhe é atribuída nas aulas de Educação Física; Participar das atividades recreativas; Adotar atitudes de respeito uns com os outros; Adotar atitudes de respeito às normas e regras do jogo; Adotar atitudes de respeito com os professores; Favorecer as atividades em grupo e a descentralização da criança; Trabalhar a criança de forma completa, explorando as particularidades dos diversos esportes em prol do seu desenvolvimento geral; Auxiliar no desenvolvimento de uma atitude não competitiva em relação ao sexo oposto; Desenvolver uma postura positiva em relação a novas aprendizagens e às limitações dos colegas; 7 Buscar um aumento da tensão e concentração das atividades, possibilitando o exercício de auto- avaliação e a avaliação coletiva das próprias atividades; Promover jogos cujo conteúdo implique em relações sociais: criança- família, criança-professor, criança-adulto; Promover jogos cujo conteúdo implique na vida de trabalho do homem, da própria comunidade, das diversas regiões do país e de outros países. 5 CONTEÚDOS Como área do conhecimento, a Educação Física deve tratar das práticas corporais construídas ao longo dos tempos. Todavia, não se trata de qualquer prática ou movimento, e sim daqueles que se apresentam na forma de esporte, ginástica, jogos, brincadeiras, dança, movimentos expressivos, dentre outros. Essas vivências, seus conceitos, sentidos e significados são conteúdos legítimos a ser problematizados em todos os níveis da educação básica. É importante lembrar que o trabalho educativo do corpo não é exclusivo da Educação Física. A educação corporal envolve todas as áreas do conhecimento e está, dentro da escola, articulada com outras práticas, muitas vezes ocultas – por exemplo, na organização dos espaços e tempos escolares, nas formas de se movimentar, nos regulamentos, nos conteúdos e metodologias de ensino, nos livros didáticos e eventos comemorativos, nas filas, nas formas de se assentar, dentre outros. A Educação Física é desafiada a propiciar ao aluno as oportunidades de: Aprender a conhecer e a perceber de forma permanente e contínua seu corpo, suas limitações, na perspectiva de superá-las, e suas potencialidades, no sentido de desenvolvê-las, de maneira autônoma e responsável; Aprender a conviver consigo, com o outro e com o meio ambiente. Aprender a ser cidadãos conscientes, autônomos, responsáveis, competentes, críticos, criativos, sensíveis. 8 Aprender a viver plenamente sua corporeidade, de forma lúdica, tendo em vista a qualidade de vida, promoção e manutenção da saúde. Os conteúdos de ensino que estruturam e identificam à área de conhecimento da Educação Física como componente curricular são denominados de eixos temáticos, a saber: esporte, jogos e brincadeiras, ginástica, dança e movimentos expressivos. Cada um desses eixos temáticos é constituído por uma rede de conhecimentos denominados temas, os quais por sua vez, se desdobram em subtemas/tópicos. Cada tópico é entendido como a menor unidade de ensino a ser trabalhada em sala de aula, tendo em vista as competências e as habilidades que se deseja desenvolver. Nos anos iniciais de ensino, podem ser trabalhados todos os eixos temáticos descritos acima, porém esses não devem visar à competição e sim a aprendizagem dos movimentos e conhecimento corporal. 5.1 Jogos e Brincadeiras Brincar é uma invenção humana “um ato em que sua intencionalidade e curiosidade resultam num processo criativo para modificar, imaginariamente, a realidade e o presente” (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Os jogos e brincadeiras são ações culturais cuja intencionalidade resultam em um processo lúdico, autônomo, criativo, possibilitando a (re)construção de regras, diferentes modos de lidar com o tempo, lugar, materiais e experiências culturais, isto é, o imaginário. Alguns autores consideram os termos jogo, brinquedo e brincadeira como sinônimos, pois todos eles sintetizam a vivência do lúdico. Temas: Jogos Populares. Jogos de salão. Jogos derivados dos esportes coletivos. Os jogos e as brincadeiras como fenômeno sociocultural. 9 Exemplos de atividades de educação física: Telefone sem fio. Criação de peças teatrais. Leituras infantis e criação de coreografias dessas leituras. Atividades com a corda: brinquedos cantados, trabalhando o alfabeto. Amarelinha com as vogais ou consoantes. Atividades em roda, desenvolvendo a identificação do alfabeto. Coelhinho sai da toca. Atividades com o arco. Atividades com corda. Amarelinha. Queimada. Pique-bandeira. Andar em cima da corda. Atividades com os blocos lógicos. Desenhos de linhas retas, semi- retas, curvas abertas e fechadas no pátio e também no papel. Atividades no pátio sobre a importância da limpeza do pátio (após o recreio). Atividades para o conhecimento do corpo humano: brinquedos cantados e vídeos. Desenhar o corpo do colega no pátio. Ser o espelho do colega. Em círculo o aluno deverá ir ao centro e relatar a sua história: onde nasceu, quantos anos tem, etc. Pedir aos alunos para trazerem fotos de sua família e identificar as semelhanças e diferenças com eles de seus familiares. Atividades em roda, desenvolvendo a atenção e o raciocínio. 10 Atividades que trabalhão a coordenação motora fina: recortar, copiar, desenhar, colorir e pintar. Confecção de maquetes. Caminhada ecológica. Teatro sobre a preservação da natureza. Jogos que auxiliem no desenvolvimento do raciocínio, etc. 5.2 Ginástica O estudo e a vivência da Ginástica envolvem o conhecimento sobre as diversas formas de exercitar e conhecer o próprio corpo. Por isso, consideramos a ginástica uma prática cultural, patrimônio da humanidade, legítima de ser problematizada e vivenciada nas aulas de Educação Física. A ginástica geral é uma das possibilidades de trabalho da Educação Física, considerando-se a realidade de nossas escolas e alunos e as opções que ela oferece. Essa expressão abarca ações caminhar, correr, saltar, rolar, pular, transportar, suspender, alongar, dentre outras. Por não ter finalidade competitiva, a motivação acontece pela auto- superação do outro. Ela possibilita o desenvolvimento de trabalhos com grupos mistos ou heterogêneos em termos de performance e habilidades. Além da ginástica geral, temos também a ginástica acrobática que engloba movimentos de solo da ginástica artística ou olímpica, os movimentos isolados e os exercícios estáticos. A experimentação dessas práticas não requer necessariamente o uso de materiais. Entretanto, podemos utilizar objetos como pneus, bastões, madeiras, cordas, arcos, bancos, caixotes. As aulas poderão ser organizadas em forma de temas específicos ou, então, em circuito, quando várias habilidades básicas – flexibilidade, força, resistência,equilíbrio, coordenação, dentre outras – serão trabalhadas ao mesmo tempo. 11 Temas: Ginástica Geral. Ginástica de Solo. O corpo na ginástica. A ginástica como fenômeno sociocultural. Exemplos de atividades de educação física: Atividades em solo: andar em linha reta, rolar, saltar, etc. Atividades com arco. Atividades com corda. Atividades para desenvolver a coordenação motora grossa e fina, força, equilíbrio, etc. Rolamentos para frente, trás, etc. A importância da ginástica em seu dia a dia. 5.3 Dança e Movimentos Expressivos A dança assim como as demais práticas corporais é uma manifestação da cultura de movimento também importante e relevante em todo o mundo. Como forma de expressar a vida, sonhar e brincar com o corpo, a dança pode promover o desenvolvimento orgânico, social e cultural. Dançando, o corpo desenha formas, conta histórias, denuncia e anuncia, constrói significados, penetra no tempo e no espaço criando e expandindo-se neles e com eles. A dança é uma rica possibilidade de trabalhar os movimentos expressivos, mas não é a única forma. Podemos criar oportunidades para os alunos vivenciarem a pantomima, a produção de sons com o próprio corpo, a dramatização. - Temas: Dança criativa. 12 Dramatização. O corpo na dança e nos movimentos expressivos. A dança como fenômeno sociocultural. Exemplos de atividades de educação física: Dança para a festa junina. Dança para as festividades da Escola. Dança Folclórica. Dança de rua. Cantigas de roda. - Esportes: Além dos eixos temáticos descritos acima, nas Fases do Ciclo Complementar será introduzido também o Esporte. O Esporte nada mais é do que uma manifestação específica da cultura de movimento que, na sociedade contemporânea, vem se constituindo como principal referência, seja como prática corporal propriamente dita, seja pelos princípios e valores que expressa e ajuda a consolidar. O esporte no contexto educacional será baseando no esporte educacional, praticado nos sistemas de ensino e em formas assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade de seus participantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer. - Temas: Handebol, Futsal, Basquete, Atletismo e Voleibol (história, características, elementos técnicos básicos, estratégias e táticas de jogo, risco e benefícios da prática esportiva). O corpo no esporte. O esporte como fenômeno sociocultural. 13 Exemplos de atividades de educação física: Voleibol. Futsal. Mini basquete. Atletismo. Handebol. Peteca. Com base em tudo que foi dito acima, o professor de Educação Física não pode deixar de trabalhar com todas as crianças e adolescentes independente de sua idade e série as seguintes estruturas psicomotoras: 6 COORDENAÇÃO MOTORA GERAL E COORDENAÇÃO MOTORA FINA É entendida como a atuação conjunta do sistema nervoso e da musculatura esquelética na realização de um movimento. Implica harmonia de movimentos e a capacidade de controle dos atos motores. A coordenação Motora é mais ou menos instintiva e ligada ao desenvolvimento físico. Supõe a integridade e maturação do sistema nervoso. Pode ser subdividida em coordenação dinâmica global ou geral, viso manual ou fina e visual. A coordenação dinâmica global envolve movimentos amplos com todo o corpo (cabeça, ombros, braços, pernas, pés, tornozelos, quadris etc.) e desse modo coloca grupos musculares diferentes em ação simultânea, com vistas à execução de movimentos voluntários mais ou menos complexos. A coordenação viso manual engloba movimentos dos pequenos músculos em harmonia, na execução de atividades utilizando dedos, mãos e pulsos. A coordenação visual refere-se a movimentos específicos com os olhos nas mais variadas direções. A coordenação Motora fina exige movimentos pequenos, e pode ser desenvolvida através da pintura, do cortar, etc. 14 Exemplo de atividades: Trabalhar os movimentos naturais: engatinhar, andar, rolar, saltar, pular, correr, etc. Trabalhar com objetos: bastões, arcos, bolas, cordas, assim favorecendo a aprendizagem Motora. Trabalhar alguns jogos, para que assim os alunos obtenham noções sobre as regras de determinados esportes. Trabalhar brincadeiras cantadas. Trabalhar com pinturas dentro de sala de aula. 6.1 Esquema Corporal É o conhecimento das partes do corpo e dele como um todo, da sua relação com o espaço e com os objetos à sua volta. Para Wallon apud MATTOS (1999) o Esquema Corporal é o elemento indispensável para a formação da personalidade da criança. A criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos. Seu corpo ocupa um espaço no ambiente em função do tempo, capta imagens, recebe sons, sente cheiros e sabores, dor e calor, movimenta-se. A entidade corpo é centro, o referencial. A noção do corpo está no centro do sentimento de mais ou menos disponibilidade e adaptação que temos de nosso corpo e está no centro da relação entre o vivido e o universo. O esquema corporal, da maneira como se constrói e se elabora no decorrer da evolução da criança, não tem nada a ver com uma tomada de consciência sucessiva de elementos distintos, os quais, como num quebra-cabeça, iriam pouco a pouco se encaixar uns aos outros para compor um corpo completo a partir de um corpo desmembrado. Exemplo de atividades: Andar em linha reta em cima de uma corda; Andar de lado; Andar para trás; Andar com mudança de direção; Saltar dentro de um arco, executando uma palma; 15 Dar um salto e executar uma palma, etc. Pular arcos, pular cordas, etc. 7 LATERALIDADE Fonte: universoespecial.wordpress.com/ É uma qualidade funcional interna que determina a diferença entre direita e esquerda, tomando como referência o próprio corpo. Para isto o profissional de Educação Física deve trabalhar com um grande número de atividades, pelas quais os dois lados possam ser comparados, proporcionando assim experiências bilaterais, unilaterais e alternadas às crianças. Neste sentido o trabalho do profissional deve objetivar: Fixar a dominância de um segmento sobre o outro mediante um máximo de vivências motoras; Tomar consciência da simetria corporal; experimentar ao máximo os movimentos que requerem o uso diferenciado de um lado e do outro do corpo; Movimentar os segmentos independentes; 16 Fixar a lateralidade e aprimorar os movimentos dos segmentos dominantes. Exemplos de atividades: Andar em linha reta em cima de uma corda; Andar de lado; Andar para trás; Andar com mudança de direção; Pular arcos, pular cordas, etc. Realizar jogos que trabalhem a lateralidade. 7.1 Estruturação Temporal (NOÇÃO TEMPORAL) Como afirma MATTOS (1999) o movimento da criança se desenvolve através de um tempo. Tem um começo, um meio e um fim. A criança que planeja a sua ação Motora deve prever a sua duração, a distribuição dos componentes ao longo de um período de tempo e o ritmo de execução para tal ação. Ou seja, ao estabelecer um plano de ação a criança vê-se diante da necessidade de ordenar as suas ações respeitando a sequência e classificação das mesmas. O desenvolvimento da Orientação Temporal deve objetivar: A aquisição de noções de antes, durante, agora, depois, primeiro, último; Aquisição de noções de simultaneidade e sucessão; Percepção de duração; Percepção de pausa e sua duração; Apreciaçãode estruturas rítmicas e; Apreciação de velocidades e aceleração. A dimensão corporal influi diretamente no resultado da ação Motora. Por isto, deve-se desenvolver a noção temporal nas aulas recreativas, pois assim a criança aprenderá mais facilmente. As atividades para o desenvolvimento da noção temporal, será trabalhado juntamente com outras estruturas psicomotoras. 17 7.2 Estruturação Espacial Para MATTOS (1999) é a tomada de decisão do seu corpo em um ambiente, isto é, do lugar e da orientação que pode ter em relação às pessoas e coisas. A estruturação espacial possibilita à criança organizar-se diante do mundo que a cerca, organizar os objetos entre si e movimentá-los e colocá-los em um determinado lugar. São objetivos da Estruturação Espacial: Tomar consciência do espaço em que vive; Perceber o solo como ponto de apoio; Perceber a medida e a forma dos espaços percorridos; Adquirir a noção de direção e localização espacial; Conseguir localizar-se dentro e fora de um espaço limitado; Observar o tempo de duração de um espaço percorrido e; Perceber a direção de um espaço percorrido. 7.3 Coordenação Viso-Motora A coordenação Viso-Motora é a capacidade de coordenar a visão com movimentos de uma ou mais partes do corpo, ou seja, é a coordenação dos movimentos orientados pela visão. Uma criança com coordenação Viso-Motora deficiente terá dificuldade de ajustar-se em várias exigências de seu ambiente como: vestir-se, executar tarefas de casa, esportes, habilidades escolares (cortar, colar, desenhar, escrever, etc.). Poderá, portanto sentir-se rejeitada e assim excluída do meio em que vive. 7.4 Habilidades Manipulativas As habilidades manipulativas são aquelas que envolvem as mãos ou os pés na execução dos movimentos, através dos quais podemos observar o desenvolvimento da coordenação Viso-Motora. As principais habilidades manipulativas utilizadas na programação para crianças são: lançar, receber, quicar, bater, rolar, chutar, amassar, 18 rasgar, cortar, puxar, etc. E todas essas habilidades podem e devem ser trabalhadas nas aulas recreativas. 7.5 Equilíbrio O equilíbrio é o resultado de uma ação harmoniosa entre o tônus muscular (capacidade que o músculo tem de se manter firme) e a motricidade. Para saber se uma criança tem problemas de psicomotricidade é preciso fazer uma avaliação psicomotora através de exercícios específicos, que verifiquem aspectos como (COELHO et al, 2000): Qualidade Tônica (rigidez ou relaxamento muscular); Qualidade Gestual (dissociação manual e dos membros superiores e inferiores); Agilidade; Equilíbrio; Coordenação; Lateralidade; Organização Temporoespacial; Grafomotricidade. Essa avaliação pode revelar na criança respeitadas as características próprias do seu desenvolvimento, se existem atrasos no desenvolvimento motor e perturbações de equilíbrio, coordenação, lateralidade, sensibilidade, esquema corporal, estrutura e orientação espacial, grafismo, afetividade, etc. O professor pode ajudar e muito, em todos os níveis, na estimulação para o desenvolvimento cognitivo e para o desenvolvimento de aptidões e habilidades, na formação de atitudes através de uma relação afetiva saudável e estável (que crie uma atmosfera de segurança e bem-estar para a criança) e, sobretudo, respeitando e aceitando a criança do jeito que ela é. Essas estruturas serão trabalhadas em atividades recreativas, ou seja, nos jogos e brincadeiras, nos esportes, na dança e movimentos expressivos e na ginástica, pois 19 estas estão associadas uma as outras, por isso quando se trabalha uma diretamente estará sendo trabalhada outra indiretamente. 20 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BORGES, Célio José. Educação Física para o pré-escolar. 2ª ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1987. BRASIL. Decreto 69.450. 1971. BRASIL. Lei n.º 9.394 de 20 de dezembro de 1996. CARDOSO, Márcio Auril Santos. Educação Física, Recreação e Jogos. 1a ed. Brasília: Fubrae, 1994. CATUNDA, Ricardo. Recriando a Recreação. Rio de Janeiro: Sprint, 2000. COELHO et al, Maria Tereza. Problemas de Aprendizagem. São Paulo: Ática, 2000. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo: Cortez, 1992. CÓRIA-SABINI, Maria Aparecida. Psicologia do Desenvolvimento. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1998. GUEDES, Maria Hermínia de Souza. Oficina da Brincadeira. Rio de Janeiro: Sprint, 1998. GUERRA, Marlene. Recreação e Lazer. 5ª ed. Porto Alegre: Sagra, 1996. LE BOUCH, Jean. Desenvolvimento Psicomotor de 0 a 6 anos. Santa Catarina: Artes Médicas, s/d. MATTOS, Mauro Gomes de; NEIRA, Marcos Garcia. Educação Física Infantil: Construindo o movimento na escola. 2ed. São Paulo: Phorte, 1999. SILVA, Elizabeth Nascimento. Atividades Recreativas na Primeira Infância 2 e 3 anos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2000. SILVA, Elizabeth Nascimento. Recreação 4 e 5 anos. Rio de Janeiro: Sprint, 1998. 21 LEITURA COMPLEMENTAR Nome do autor: Daniele Maria Kuzminski Disponível em: http://www.pucpr.br/eventos/educere/ educere2005/ anaisEvento/ documentos/ com/TCCI109.pdf Data do acesso: 10/06/2016 O PAPEL DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL – SÉRIES INICIAIS NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo elencar a importância do professor de Educação Física nas escolas de ensino fundamental – séries iniciais no município de São José dos Pinhais, tendo em vista a importância da Educação Física Escolar para as crianças nesta etapa de escolaridade. Sendo a Educação Física uma disciplina de fundamental importância na formação das crianças, se faz necessário um profissional capacitado para o desenvolver deste trabalho que é de grande relevância no futuro das mesmas, e que muitas vezes não se é dado muito valor dentro do âmbito escolar. Este trabalho foi realizado com 17 professoras do município que ministram as aulas de Educação Física. Elas responderam, a um questionário, do qual foi possível verificar a sua formação, o tempo de trabalho na área e descobrir o que elas pensam sobre a Educação Física e o desenvolvimento motor. Nos resultados, pode-se indicar que as professoras que ministram as aulas de Educação Física não estão preparadas para atuar nesta área, pois no grupo pesquisado nenhuma delas tem conhecimento específico para trabalhar, todas são formadas na área do magistério e deveriam atuar dentro das salas de aula. 22 REVISÃO DE LITERATURA Educação Física Escolar A Educação Física contempla múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento. Consideram-se fundamental para a Educação Física as atividades culturais de movimento com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções e com possibilidades de promoção, recuperação e manutenção da saúde. Na Educação Física Escolar é necessário que a aprendizagem garanta ao aluno o acesso ao conhecimento prático e conceitual. Para isso, deve-se mudar a ênfase na aptidão física e do rendimento que caracteriza a Educação Física. É necessário torná-la uma concepção mais abrangente, que complete todas as dimensões envolvidas na prática corporal. É importante que fique claro que, os objetivos da educação física escolar não são os mesmos do esporte, da dança, etc., o objetivo da educação física escolar é dar oportunidade a todos os alunos para que desenvolvam suas potencialidades,tornando-o um ser humano autônomo, crítico, organizado, sabendo respeitar aos outros e ser respeitado (PCN’s 1997). GALLARD citado por GRESPAN (2002, p.27) afirma que na educação física escolar “a criança é vista como um ser historicamente situado, dona de um saber que é importante para sua vida em sociedade. Ao mesmo tempo, tem capacidade crítica para situar-se no mundo, para ser por ele modificado e para transformá-lo”. Porém, encontramos ainda hoje escolas que julgam a educação física escolar como uma disciplina sem importância, deixando-a para ser aplicada em horários de contra turno, ou para ser praticada quando o tempo está muito quente, deixando o material didático como se fosse um monte de bagulho, jogado em um canto 662 qualquer, assim dificultando ou, muitas vezes, impedindo o trabalho do professor (GRESPAN, 2002). Quando os alunos chegam até aos professores, eles já possuem esquemas característicos de desenvolvimento cognitivo e motor, adquiridos pelas experiências no cotidiano, que determinam sua maneira de pensar, de agir e de ser. 23 É por este motivo que, os professores devem respeitar a individualidade de cada aluno, pois alguns têm mais experiências que outros. Esse respeito ao aluno só é possível quando o professor possui uma bagagem de conhecimentos, estudos e pesquisas, que lhe facilite a relação e compreensão professor-aluno. É papel da escola e do professor trabalhar com o repertório das experiências já vividas, e também garantir a ela novas experiências, agora em grupo. É importante que toda criança se sinta valorizada e acolhida em todos os momentos de sua escolaridade, principalmente no ciclo inicial onde ela ainda está se adaptando e criando vínculos com a instituição, professores e colegas. Para o professor de educação física o desafio de fazer com que a criança se sinta à vontade é um pouco maior, pois no que diz respeito às habilidades motoras, algumas crianças são mais vividas que outras. Além disto nas aulas de educação física as crianças ficam mais expostas: nos jogos, brincadeiras, desafios corporais, entre outros (PCN, 1997). OS CONTEÚDOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA Das finalidades apontadas nos objetivos gerais e específicos da Educação Física Escolar para o ensino fundamental de 1a a 4a série, emergem os critérios para a seleção e organização curricular dos conteúdos. Portanto, os critérios devem levar em consideração a relação entre a relevância social dos conteúdos e as características dos alunos. Todo o conteúdo significativo não é apenas o que faz parte da realidade social do aluno, mas sim, aquele em que é produzido historicamente. O professor de Educação Física deve permitir ao aluno a exploração da motricidade cultural, as descobertas, realização, vivências através das diversas atividades propostas, momentos que lhe permitam criar novos caminhos partindo de suas próprias experiências, podendo dessa forma, melhorar suas habilidades motoras bem como o seu conhecimento de uma forma global. DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS DE 5 A 10 ANOS 24 À medida que a criança cresce, sua habilidade motora vai se aprimorando, e a capacidade de controlar seus músculos e mover-se com desenvoltura aumenta consideravelmente. Não se pode forçar esse processo de maturação. É necessário que músculos, ossos e sistema nervoso tenham atingido determinado estágio de desenvolvimento para que, naturalmente, as crianças possam desenvolver atividades específicas. Segundo GALLAHUE (2003, p. 6) “o desenvolvimento é um processo contínuo que se inicia na concepção e cessa com a morte. O desenvolvimento inclui todos os aspectos do comportamento humano e, como resultado, somente artificialmente pode ser separado em “áreas”, “fases” ou “faixas etárias”. Quando a criança chega ao ambiente escolar é necessário que o professor de Educação Física trabalhe com o seu acervo motor. A brincadeira, ou o brincar das crianças ocupa a maior parte do seu tempo, quando acordada. As brincadeiras 663 ajudam as crianças a assimilarem o aprendizado de forma lúdica, além de mostrar regras e os valores dos familiares mais velhos do indivíduo. (GALLAHUE, 2003). O PROFESSOR É papel do professor a transmissão de conhecimentos que possibilitem ao aluno entender a dinâmica da sociedade, bem como se apropriar de informações cientificas das diferentes áreas de conhecimento, com intuito de avaliar e validar a necessidade dos mesmos. “É importante que o professor num processo de avaliação continua consiga expressar com clareza e objetivação as ideias e conceitos relacionados aos conteúdos trabalhados” (CERPM – EF, 2004. p.17). É necessário que o professor domine o conteúdo de ensino, reconhecendo os conceitos básicos do assunto em pauta e das relações que se estabelecem entre elas, para desta forma ter tranquilidade para passar o conhecimento necessário ao seu aluno. Cabe ao professor, relacionar os conteúdos e trabalhá-los de forma articulada, coerente com objetivos propostos e com as necessidades dos alunos. O professor desempenha um papel fundamental na aquisição da reflexão filosófica por parte dos alunos, isto é, da 25 consciência crítica que supera o senso comum, e torna os assim homens e mulheres pensantes, necessários à intervenção e transformação da sociedade. O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA Ser professor de Educação Física é, antes de tudo, ser educador. Ser professor é preocupar-se com o “ser” do aluno. O profissional de Educação Física é um especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações, seja na ginástica, exercícios físicos, jogos, lutas, danças, atividades rítmicas, expressivas, lazer, recreação e relaxamento corporal, a Educação Física contribui para a capacitação de níveis adequados de desempenho, visando à consecução do bem estar e da qualidade de vida, contribuindo também para a autonomia e autoestima. Compete ao professor de Educação Física coordenar, planejar, programar, dinamizar, dirigir, ensinar em todas as suas aulas (CONFEF,2005). A prática pedagógica do professor de Educação Física na escola deve, além das vivencias físico-motoras, promover uma ação dialógica-crítica que ajude na ampliação da visão de mundo das crianças, dando a elas ferramentas necessárias para que, enquanto cidadãs, possam ser agentes de resistência e transformações na sociedade. O professor de Educação Física é entendido como elemento mediador para a operacionalizar a ação criadora e inovadora, e ao desenvolver o seu trabalho, pautado numa concepção de cultura corporal, ajuda a construir uma Educação Física Escolar para o exercício da cidadania (CERPM – EF, 2004). MATERIAIS E MÉTODOS O tipo de pesquisa a ser adotada foi a descritiva exploratória, que segundo LAKATOS (2003.p188) é “uma investigação de pesquisa em périca cujo objetivo é a formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses, aumenta a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para a realização de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar conceitos”. A população para a pesquisa foram professores de Educação Física. 26 A amostra desta pesquisa foi definida de modo voluntário aleatório probabilístico, a partir dos seguintes critérios: a) ministrar aulas de educação física; b) atuar na rede municipal de São José dos Pinhais; c) atuar nas séries iniciais do ensino fundamental. Nesse sentido foram identificados, 17 professoras que ministram aulas de Educação Física nas Escolas Municipais centrais de São José dos Pinhais. Foi aplicado para cada professor um questionáriosemiestruturado. Este questionário foi composto por perguntas sobre: a formação dos professores; fatores que influenciam as aulas de educação física tanto na parte física (quadras, materiais, etc.), como na pessoal com os alunos (comportamento, relação professor/aluno, etc.). Foi analisado também a proposta de educação física de cada escola. Primeiramente o projeto foi encaminhado para a aprovação do Comitê de Ética. Depois do projeto ser aprovado foi entregue para cada professor e para cada escola municipal escolhida aleatoriamente um termo de consentimento para a execução do questionário de pesquisa e para a liberação da proposta pedagógica. Após os termos entregues e aceitos pela escola e professores, foram entregues aos professores um questionário velado para não gerar constrangimento entre os professores de educação física formados e não formados. E após a liberação da proposta pedagógica da escola foi feita a análise dos documentos. Os dados das perguntas fechadas, estão apresentadas em forma de gráficos e analisado através da porcentagem das respostas obtidas. As informações das perguntas abertas, estão analisadas através de categorias de análise, identificadas após a aplicação do questionário. RESULTADOS E DISCUSSÕES Depois de realizada a pesquisa nas escolas e recolhido os 17 questionários respondidos chegamos as seguintes respostas. Nos questionários foi pedido para que as professoras marcassem somente uma alternativa, porém, muitas delas marcaram mais de uma, portanto, muitas vezes, os gráficos não fecharam 100% corretamente. 27 Dos respondentes, nenhuma é formada em Educação Física, 47% tem Magistério Superior, 29% Magistério Normal, 12% Pedagogia e 12% Letras Português/Inglês. Pode-se perceber que grande número da amostra iniciou o trabalho a menos de seis meses ou tem menos de um ano de experiência. Esse dado aliado à informação da pergunta anterior demonstra que as crianças têm aulas com profissionais sem formação especifica e com pouca experiência. Nas escolas de ensino fundamental de 1a a 4a série as professoras com mais tempo de magistério tem a preferência de escolher em que turma gostaria de trabalhar, diante disto fizemos uma pergunta às professoras que ministram as aulas de Educação Física, perguntando a elas o motivo pelo qual escolheu trabalhar nesta área. 45% das professoras responderam que é por que gostam, nenhuma delas respondeu que é por compensação salarial, 15% responderam que foi porque não havia outra pessoa para desempenhar o trabalho e 40% diz ser por indicação da própria escola. Foi perguntado as professoras que material elas utilizam para se orientar para ministrar as aulas. 48% delas se orientam segundo o PCN de Educação Física, 14% segue o Projeto Político Pedagógico da escola, 5% fazem sua própria escolha das aulas e 33% dizem usar outro material. Este outro material refere-se ao currículo base de São José dos Pinhais, material fornecido pela própria Prefeitura do Município, porém o que muitas das professoras não sabem é que, o mesmo PCN de Educação Física é o conteúdo deste currículo base. Quando foi perguntado sobre especialização e em que área, pode-se perceber que menos da metade do grupo tem algum tipo de especialização, mas nenhuma na área de Educação Física. Esse dado torna-se importante, pois indica que além de não terem a formação inicial, elas não buscam conhecimentos específicos em algum curso de pós- graduação. Foram feitas duas perguntas abertas no questionário respondido pelas professoras, as perguntas eram especificas da área de Educação Física. A primeira pergunta era sobre o Papel do Professor de Educação Física na formação dos alunos. As respostas para essa pergunta foram as mais variadas possíveis. 28 Para as professoras que ministram as aulas de Educação Física o seu papel nas aulas está relacionada a: 5 aspectos pessoal-social, 4 desenvolvimento motor, 3 desenvolvimento psicológico, 2 desenvolvimento intelectual, 2 contribui para a participação, 4 favorece o lado critico, 1 acha que auxilia para o esporte saudável, 2 integração e inserção, 4 para a qualidade de vida. As professoras que tem especialização na área de Educação Infantil se mostram confiantes diante do seu papel na formação do aluno, pois possuem maior acervo no conhecimento das necessidades das crianças nesta faixa etária. O exemplo é a resposta de uma das professoras que possui esta especialização que responde o seguinte: • “promover a inserção e integração dos alunos nas aulas de Educação Física visando o desenvolvimento e aprimoramento de habilidades, tornando-os críticos através do diálogo e resolução de conflitos” (Respondente nº4)”. A segunda pergunta era sobre o que elas compreendem sobre o desenvolvimento motor das crianças. Assim como na pergunta anterior as respostas continuaram as mais variadas possíveis. Para elas o desenvolvimento motor está relacionado a: 2 desenvolvimento Global do Corpo, 3 Desenvolvimento dos movimentos do corpo, 2 coordenação, 2 habilidades, 1 movimentos e 1 articulação dos movimentos. Nesta resposta fica claro que além das professoras não terem experiência e nem formação para trabalhar com a Educação Física, elas não tem ideia do que seja o desenvolvimento motor para as crianças. As professoras que responderam que o desenvolvimento motor é o desenvolvimento global do corpo se mostram mais capacitadas e são aquelas que possuem a especialização na área de Educação Infantil. CONCLUSÃO Partindo dos resultados, pode-se indicar que as professoras que ministram as aulas de Educação Física não estão preparadas para atuar nesta área, pois no grupo pesquisado nenhuma delas tem conhecimento específico para trabalhar, todas são formadas na área do magistério e deveriam atuar dentro das salas de aula. A maior parte delas começou a trabalhar com a Educação Física a menos de um ano, sem nenhuma 29 experiência anterior; outras só trabalham com a Educação Física por terem sido indicadas pela escola ou por não haver lugar para ministrar aulas dentro da sala. Através desta pesquisa, foi possível atingir os objetivos propostos, pois é realmente importante que, para ministrar as aulas de Educação Física na escola o professor seja formado na área e conheça as necessidades do aluno, saiba trabalhar com o “corpo” das crianças e tenha um conhecimento específico para a área. Porém, na amostra atingida, as professoras não possuem esta formação e estes conhecimentos, desta forma não podem ajudar seus alunos de maneira efetiva. Na faixa etária em que as crianças se encontram de 1a a 4a série elas tem a cada ano necessidades diferentes, o corpo de cada uma delas está se desenvolvendo para que se tornem adultas. Sendo assim, é necessário que as professoras trabalhem segundo as necessidades de cada uma, para que nenhuma das fases de crescimento e desenvolvimento seja comprometida. “A Educação Física Escolar tem como objetivo dar oportunidade a todos os alunos, para que eles desenvolvam suas potencialidades” (PCN, 1997). As 668 professoras que ministram estas aulas tem por objetivo desenvolver os aspectos físico, motor, cultural, intelectual de cada criança, porém muitas delas não conhecem seu papel dentro das próprias aulas, e não sabem da importância da Educação Física para a criança, portanto se elas não trabalham de maneira correta com seus alunos, os mesmos não terão acréscimo em seu acervo motor. A Educação Física Escolar deve ser bem trabalhada com objetivos claros e metodologia adequada, fazendo-se necessário, que o professor passe para o aluno segurança nas atividades propostas, para que destamaneira os mesmos tornem-se autônomos e cientes das capacidades que eles tem sobre o próprio corpo e seus movimentos. Esta pesquisa mostrou que a Educação Física é deixada de lado nas escolas do município de São José dos Pinhais, sendo conhecida como a “hora de brincar” das crianças. As escolas ainda não se deram conta da importância que a Educação Física Escolar tem na vida de uma criança. É claro que são necessárias mais pesquisas, com um grupo maior e talvez comparando com outro município, pois o grupo pesquisado foi muito reduzido e somente da área central, entretanto, por este grupo podemos ter ideia 30 que o profissional de Educação Física não tem grande valor diante dos outros professores. REFERÊNCIAS BORGES, Cecília Maria Ferreira. O Professor de Educação Física e a construção do saber. Campinas, SP: Papirus, 1998. CERPM-EF. Currículo para as Escolas da Rede Pública Municipal Ensino Fundamental – 1ª a 4ª séries. Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais – Secretaria Municipal de Educação, 2004. CONFEF. www.confef.com.br acesso dia: 17/06/2005. COSTA, Allan José Silva da. Finalidades e objetivos da educação física escolar. Revista Virtual EFArtigos, Natal. v. 2. n. 1. mai. 2003. Disponível em: <www.efartigos.com.br>. Acesso: 09/09/2004. DAOLIO, Josimar. Educação Física escolar: em busca da pluralidade. Revista Virtual EFArtigos, Natal. v. 2. n. 1. mai. 2004. Disponível em: <www.efartigos.com.br>. Acesso: 09/09/2004. FERREIRA, Ricardo Lucena. Futsal e a iniciação. Rio de Janeiro, RJ: Sprint, 2001. GALLAHUE, David L. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo, SP: Phorte, 2003. GESELL, Arnold. A Criança dos 5 aos 10 anos. São Paulo, SP: Martins Fontes,1998. GRESPAN, Márcia Regina. Educação Física no Ensino Fundamental: primeiro ciclo. Campinas, SP: Papirus, 2002. 31 GUIRALDELLI, Paulo Junior. Educação Física Progressista: a pedagogia crítico social. São Paulo, SP: Loyola, 1992. LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo, SP: Atlas, 1991. PCN. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Educação Física. Brasília: 1997. PICCOLO, Vilma L. Nista. Educação Física Escolar: Ser ou não ter? Campinas, SP: Unicamp, 1993. LEITURA COMPLEMENTAR A EDUCAÇÃO FÍSICA E SEUS BENEFÍCIOS PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL Eric Carvalho Miquelin1 Mara Cléia Fernandes2 Mario Mecenas Pagani3 Robson Lima da Silva4 RESUMO: Este trabalho objetivou discorrer sobre a importância da Educação Física no Ensino Fundamental I devido a sua relevância e efetividade no âmbito educacional, uma vez que esta preza pela formação de indivíduos críticos, seletivos e reflexivos, com alta capacidade de desenvolver e aprimorar suas habilidades motoras e psicomotoras, interagindo com o mundo ao seu redor. Com base em pesquisa de cunho bibliográfica qualitativa buscou-se ressaltar a importância da Educação Física para o processo de ensino-aprendizagem, descrevendo os benefícios desta disciplina para o Ensino Fundamental I. Nessa perspectiva ressaltamos a protuberância da Educação Física e a inserção dos temas transversais para a construção de uma sociedade embasada em respeito mútuo e sem qualquer tipo de distinção ou discriminação, empenhada em minimizar e sanar a crise civilizatória da que acomete a sociedade na contemporaneidade. 32 Palavras-chave: Educação Física; Ensino Fundamental l; Parâmetros Curriculares Nacionais. ABSTRACT: This study aimed to discuss the importance of Physical Education in Elementary Education l because of their relevance and effectiveness in the educational context, since it values the formation of critical, selective and reflexive individuals with high ability to develop and enhance their motor skills and psychomotor, interacting with the world around you. Based on qualitative research literature we attempted to stamp out the importance of physical education for the teaching-learning process, outlining the benefits of this course for Elementary Education I. From this perspective emphasize the bulge of Physical Education and integration of cross-cutting themes the construction of a society grounded in mutual respect and without any distinction or discrimination, seek to minimize and remedy the civilizational crisis that affects society nowadays. Keywords: Physical Education; Elementary Education l; National Curriculum Standards. INTRODUÇÃO A temática deste estudo tem por finalidade discorrer sobre a importância da Educação Física no Ensino Fundamental I, que segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (2003) compreende do 1º ano até o 5º ano, com faixa etária que varia entre os 06 anos aos 10 anos de idade, não sendo relevante a distorção série/idade, destacando a contribuição da Educação Física como instrumento facilitador no processo de ensino-aprendizagem. Piaget discorre que através destas atividades a criança estará construindo um padrão intelectual que fixará durante a vida adulta. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs de 1997, a Educação Física é de suma relevância nesta primeira etapa educacional, uma vez que tal prática ende a propiciar aos educandos envolvidos no processo a possibilidade de desenvolver e aprimorar habilidades corporais, bem como auxiliá-lo na interação social e como o meio que os cercam, uma vez que o desenvolvimento humano é mais ágil quando há interação social. Zunino (2008) relata que a Educação Física é uma das formas mais eficientes pela qual o indivíduo pode interagir e, também é uma ferramenta relevante para a aquisição e aprimoramento de novas habilidades motoras e psicomotoras, pois é uma prática 33 pedagógica capaz não somente de promover a habilidade física como a aquisição de consciência e compreensão da realidade de forma democrática, humanizada e diversificada, pois nesta etapa educacional a Educação Física deve ser vista como meio de informação e formação para as gerações. Para a realização deste estudo nos embasamos em pesquisa bibliográfica qualitativa em literatura condizente com o tema e, pretendeu-se com este ensaio auxiliar o educador e a comunidade interessada a se tornar conhecedora acerca da importância da Educação Física desde os primeiros anos do Ensino Fundamental. METODOLOGIA O presente estudo foi realizado a partir de pesquisa de cunho bibliográfico, onde seguimos três etapas distintas, onde se considerou a proeminência do tema para a sociedade acadêmica e civil, visando discorrer sob a apreciação de diversos autores acerca da importância das aulas de Educação Física no Ensino Fundamental I. As referências bibliográficas utilizadas para o desenvolvimento deste estudo são extremamente atuais, compreendendo aos anos de 1996 a 2013 e pertinentes ao tema. Por ser uma pesquisa de revisão sistemática bibliográfica nos foi possível oportunizar uma fundamentação científica que permitiu através de material já publicado discorrer sobre a importância da Educação Física para o processo de ensino- aprendizagem, tal tipo de pesquisa ainda nos propiciou uma compreensão mais ampla do tema, conduzindo-nos a um resultado extremamente satisfatório. REVISÃO DA LITERATURA CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL A história da Educação Física no Brasil se iguala ao seu descobrimento em 1.500, onde houve certamente a primeira aula de ginástica e recreação, sendo relatada pelo escrivão Pero Vaz de Caminha que em uma carta enviada para a coroa portuguesa descreve que osindígenas ao som de uma gaita dançavam, saltavam e giravam 34 alegremente, enfim praticavam atividades físicas de forma natural e ao mesmo tempo utilitária (SOARES, 2012). Estas atividades desenvolvidas pelos indígenas eram essencialmente naturais e tinham o intuito não só de divertimento como também o de garantir a sua sobrevivência, uma vez que suas habilidades corporais os auxiliavam a superar grandes obstáculos e ao mesmo tempo, buscava-se garantir a disseminação de “costumes, cantos, danças, rituais de adoração e, sobretudo, o uso da linguagem, que se constitui o principal instrumento educativo, de comunicação e” de transmissão da cultura. Aguiar e Frota (2002, p. 2) “Nos povos primitivos a educação era essencialmente natural e predominavam as atividades vitais à sobrevivência, englobando tanto o aspecto imitativo e coparticipativo quanto o aspecto lúdico. O seu cotidiano caracterizava-se por uma exercitação intensa que marcavam de forma decisiva a vivência de movimentos corporais diversificados e necessários à superação dos obstáculos presentes na vida diária”. A Educação Física desde o descobrimento do Brasil sempre foi de suma relevância e, ao longo de nossa história sempre ocupou um lugar de destaque, no entanto, foi somente a partir da reforma de Couto Ferraz e após Rui Barbosa ditar seu parecer acerca do ensino no Brasil é que a Educação Física ainda intitulada de ginástica passou a ser encarada não somente como uma atividade de cunho lúdico, mas como disciplina fundamental no desenvolvimento dos brasileiros, surgindo a partir deste ponto a Educação Física Escolar, Soares (2012, p. 3) “No Período que compreende o pós 2ª Guerra Mundial, até meados da década de 1960 (mais precisamente em 1964, início do período da Ditadura brasileira), a Educação Física nas escolas mantinham o caráter gímnico e calistênico do Brasil república [...] Com a tomada do Poder Executivo brasileiro pelos militares, ocorreu um crescimento abrupto do sistema educacional, onde o governo planejou usar as escolas públicas e privadas como fonte de programa do regime militar”. O governo era um grande investidor para a prática de Educação Física nas escolas públicas e privadas do país, pois este acreditava que está prática era um sustentáculo ideológico, uma vez, que a partir do Darido e Rangel (2005) “êxito em competições esportivas de alto nível” suprimiam-se as críticas internas e deixava-se transparecer um clima de prosperidade e desenvolvimento. “Fortalece-se então a ideia do esportivismo, 35 no qual o rendimento, a vitória e a busca pelo mais hábil e forte estavam cada vez mais presente na Educação Física escolar”. A relevância da Educação Física Escolar é de fato irrefragável em decorrência de sua concepção pedagógica focada em realizar a interação e a inclusão no âmbito social dos envolvidos e, com a formulação e reformulação dos PCNs sua relevância foi exasperada, uma vez que se deu uma ênfase maior a sua disparidade dimensional de conteúdos. É importante que a partir da Educação Física a criança conheça os valores que englobam o esporte, estabeleça hábitos de vida saudável e adquira outros conhecimentos relacionados com as distintas áreas de educação. (SÁNCHES, 2011). Em 1996, com a reformulação dos PCNs, é ressaltada a importância da articulação da Educação Física entre o aprender a fazer, o saber por que se está fazendo e como relacionar-se nesse saber (Brasil, 1997). De forma geral, os PCNs trazem as diferentes dimensões dos conteúdos e propõe um relacionamento com grandes problemas da sociedade brasileira, sem, no entanto, perder de vista o seu papel de integrar o cidadão na esfera da cultura corporal. Os PCNs buscam a contextualização dos conteúdos da Educação Física com a sociedade a qual estamos inseridos, devendo a Educação Física ser trabalhada de forma interdisciplinar, transdisciplinar e através de temas transversais, favorecendo o desenvolvimento da ética, cidadania e autonomia. Em síntese o que se afirma é que a amplitude da Educação Física no âmbito escolar foi em decorrência de mudanças respeitáveis no plano político-social “e que atualmente é vista como um elemento essencial para a formação do cidadão Brasileiro” fato este reforçado pela Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) (BRASIL, 2003). EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR A Educação Física tem por finalidade promover o desenvolvimento psicomotor das crianças, ajudando-as a adquirirem uma consciência que as auxiliará em seu cotidiano e, sua prática deve essencialmente fazer parte no âmbito escolar, uma vez que a escola é 36 o meio educacional mais efetivo e eficiente para a realização desta prática (SILVA, ET AL, 2011). A atividade física é essencial para a manutenção e melhoria da saúde e na prevenção de enfermidades, para todo as pessoas em qualquer idade. A atividade física contribui para a longevidade e melhora sua qualidade de vida, através dos benefícios fisiológicos, psicológicos e sociais. (PIZARRO, 2011). Ressalta-se que é na escola que muitas crianças têm seu primeiro contato com atividades físicas planejadas, daí sua importância como promotora de desenvolvimento e aprimoramento “das esferas cognitivas, motoras e auditivas”, este contato planejado faz com que as crianças envolvidas possam compreender e/ou adaptar suas habilidades não somente no ambiente escolar, mas também em todos os outros a que tenha acesso. Conclui-se que a Educação Física na esfera escolar tornou-se cogente para a matriz curricular devido a sua contribuição irrefutável no “fortalecimento do organismo”, melhorando a saúde física e mental das crianças, “propiciando o desenvolvimento de habilidades úteis à vida, criando hábitos culturais de higiene” (RODRIGUES, 2013). Educação Física escolar e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação A Educação Física exasperou sua relevância no plano educacional a partir da promulgação de lei ordinária que passou a integrar a Educação Física a proposta pedagógica escolar e, a partir daí passando a ser parte do Componente Curricular da Educação Básica Nacional, ajustando-se as distintas faixas etárias e as condições socioeconômicas da comunidade escolar (OLIVEIRA, 2010). “As novas atribuições da unidade escolar presentes no texto da LDB abrem caminho para a construção de uma escola mais democrática para os alunos e para os professores. Mas há muito a ser construído nessa direção, incorporando práticas que favoreçam a permanência na escola, a solidariedade, a igualdade” (BRASIL, 2003). Os alunos da Educação Básica devem participar das aulas de Educação Física “independente de cor, raça, etnia e classe social”, pois a Educação Física é uma fonte necessária para formação de cidadãos críticos e reflexivos, sendo somente facultativa sua prática em casos presentes no rol taxativo da LDB em seu art. 26 §3º, incisos de I a VI (Darido, Rangel, 2001) e, este dispositivo legal passou a determinar e a compreender 37 o currículo como um todo, ou seja, toda matriz curricular, antes de qualquer coisa deve ter como base as características da comunidade escolar, para que desta forma nenhum educando possa ser lesado (BRASIL, 2003). Em 2001 houve uma alteração no § 3º do art. 26 da LDB que a partir deste ponto passou a atribuir o termo OBRIGATÓRIO para o ensino de Educação Física na Educação Básica e em 2003 tivemos uma nova alteração no referido artigo e parágrafo agora no que tange a facultabilidade às aulas de Educação Física. (BRASIL, 2003a). Em 2003, com a Lei nº 10.793, de 1º de dezembro de 2003, que alterou, novamente, o 3º parágrafo do artigo26º da LDB, a facultabilidade às aulas de Educação Física foi modificada, não se restringindo a todas as pessoas que estudam em período noturno, mas àquelas que, independente do período de estudo, se enquadram nas seguintes condições: mulheres com prole, trabalhadores, militares e pessoas com mais de 30 anos (BRASIL, 2003b). Tais alterações só alavancaram a relevância do ensino da Educação Física na Educação Básica, evidenciando que a mesma deve fazer parte obrigatória da matriz curricular nacional “o que atribui aos docentes desta, a mesma responsabilidade educacional dos demais professores”. O ensino de Educação Física na Educação Básica em sua concepção favorece a constituição do ser humano desde a fecundação até constituição do ser perfeito, entendendo-se que a mesma colabora para o aprimoramento e desenvolvimento do educando como cidadão crítico e reflexivo e não apenas como preparação física e, diante desta proeminência faz-se importante a ministração/aplicação destas aulas por profissionais capacitados (RODRIGUES, 2013). Educação Física escolar no Ensino Fundamental: quem deve aplicar? Diante da relevância inquestionável da disciplina de Educação Física é necessário que o profissional seja apto para ministrá-la, isto é, que seja graduado e capacitado para exercer tal tarefa, principalmente nestas primeiras fases educacionais, onde o profissional deve estar familiarizado com a comunidade escolar, a fim de beneficiar o desenvolvimento dos envolvidos (RODRIGUES, 2013). “O profissional de Educação Física é um especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações, sejam elas ginásticas, exercícios físicos (...) lazer, 38 recreação (...) e é de sua competência prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde(...)” (BRASIL, 2003c). O mesmo para ministrar as aulas de Educação Física deverá ter nível superior com no mínimo licenciatura curta e, somente desta forma estará hábil para exerce a docência na Educação Básica. Apesar dos respaldos, a própria lei abre precedentes que possibilitam a atuação de dois distintos profissionais, um seria o professor (a) regente, com formação em magistério ou com nível superior em Pedagogia, e o outro seria um “(a) professor (a) especialista, graduado em licenciatura plena em Educação Física, também em nível superior” e, em lei ordinária encontramos somente de forma explícita e taxativa a obrigatoriedade do ensino de Educação Física em toda a Educação Básica, porém esta não dita qual o profissional responsável pela ministração desta tão relevante disciplina. Este fato atualmente tem gerado grandes discussões e diante de sua proeminência está matéria vem sendo apreciada pelo Senado Federal onde tramita um projeto de lei que pretendo tornar OBRIGATÓRIA a ministração das aulas de Educação Física por um profissional licenciado na área em todas as fases da Educação Básica, isto é da Educação Infantil ao Ensino Médio. A EDUCAÇÃO FÍSICA E O DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES MOTORAS As atividades motoras são indiscutivelmente de grande importância na educação, pois elas ajudarão as crianças a interagirem com o mundo que as cercam e, essas crianças serão participativas e sociáveis nas mais diversificadas práticas corporais, seja uma simples caminhada no parque, uma prática esportiva ou simplesmente andar, estas experiências motoras devem fazer parte do cotidiano educacional da criança e essa prática deve ser mais ampla nas aulas de Educação Física e, por ser este o momento de maior encanto das crianças elas conseguirão desenvolver com maior facilidade suas habilidades motoras de modo adequado (ZUNINO, 2008). “O objetivo da Educação Física no Ensino Fundamental não é desenvolver nos alunos padrões de desenvolvimento motor, mas, a partir de atividades planejadas, favorecer o desenvolvimento de habilidades motoras, capacidades perceptivo-motoras e capacidades físicas e motoras” (ZUNINO, 2008). 39 O desenvolvimento das habilidades motoras embora para alguns doutrinadores esteja relacionado à idade, isso não se restringe, visto que as atividades a serem desenvolvidas pelo professor de educação física não se limita a um determinado grupo etário, mas as condições individuais e coletivas, visando a interação e desenvolvimento de todos os envolvidos “[...] embora o desenvolvimento motor seja relacionado com a idade, ele não é dependente da idade. Como resultado disso, as decisões do professor concernentes a o que ensinar, quando ensinar e como ensinar são baseadas primeiramente na adequação da atividade para o indivíduo, e não na adequação da atividade para um determinado grupo etário” (GALLAHUE, DONNELY, 2001). O desenvolvimento das habilidades motoras através das aulas de educação física não deve ser encarado e ministrado como um processo extasiado, pois este envolve fatores não somente biológicos, mas também engloba todas as condições físicas, biológicas e ambientais a que está inserido os discentes, sendo incontestável sua relevância para aquisição e desenvolvimento tanto de atividades motoras básicas como equilíbrio, locomoção ou coordenação como das capacidades perceptivo-motoras que envolvem a lateralidade e orientação tempo-espaço (GALLAHUE, DONNELY, 2001). As atividades planejadas e desenvolvidas dentro das aulas de Educação Física são propícias a favorecerem Ferreira (2011) as habilidades motoras como também “é possível educar, aprimorar e melhorar” por meio dos movimentos. Algumas atividades devido a sua significância devem fazer parte do planejamento das aulas de Educação Física pertinentemente, pois são essenciais para o desenvolvimento de habilidades conexas a esse primeiro ciclo do Ensino Fundamental I (ZUNINO, 2008). Esse desenvolvimento das habilidades motoras devido à amplitude de sua capacidade deve estar inserido no dia a dia dos discentes de forma irrefragável já nos primeiros anos do Ensino Fundamental, tendo em vista que é durante este período que as crianças poderão através das experiências motoras adquirir informações irrefutáveis sobre si mesma e do mundo que as cercam, daí sua importância desde o Ensino Fundamental I (RODRIGUES, 2013). 40 A EDUCAÇÃO FÍSICA E OS TEMAS TRANSVERSAIS Com o advento dos PCNs tivemos a inclusão e a obrigatoriedade da abordagem dos temas transversais (ética, meio ambiente, saúde, pluralidade cultural, orientação sexual, trabalho e consumo) dentro da matriz curricular de Educação Física e devido a sua comprovada efetividade essa inserção facilitaria a integração dessas novas áreas dos saberes extracurriculares, levando os educandos a atingirem não somente aptidões no campo educacional, como também no âmbito social (BRASIL, 1997). A Educação Física dentro de sua especificidade deverá abordar os temas transversais, apontados como temas de urgência para o país como um todo, além de poder tratar de outros relacionados às necessidades especificas de cada região. Sobre cada tema este documento traz algumas reflexões para serem tratadas pela área, com a intenção de ampliar o olhar sobre a prática cotidiana e, ao mesmo tempo, estimular a reflexão para a construção de novas formas de abordagem dos conteúdos (BRASIL, 1997). Os temas transversais inseridos no currículo da Educação Básica são de suma importância para o desenvolvimento dos envolvidos, pois estes conteúdos perpassam todos os outros, uma vez que estão relacionados às questões contemporâneas que são proeminentemente cruciais para a formação sociointelectual dessa nova sociedade que prezará o respeito ao ser humano sem qualquer distinção. “[...] acreditamos ser uma importante contribuiçãona formação de uma nova sociedade onde o respeito ao ser humano, à vida, à natureza, seja regra e não a exceção. Reconhecemos que a tão sonhada transformação social se dará pela escola, mas também por ela. Daí a importância da abordagem de questões sociais, que permitiria ao aluno fazer uma leitura do mundo e uma interpretação da realidade” (BRASIL, 1997). A Educação Física propicia a “integração e articulação de conhecimentos” e, devido ao seu caráter irrefutável está incumbida a inserir a transdisciplinaridade de forma didática e ao mesmo tempo dinâmica favorecendo e aprimorando a construção de indivíduos seletivos, críticos e reflexivos, sociáveis e humanizados, livres de qualquer tipo de preconceito e preocupados com as questões ambientais, éticas, políticas e sociais (BRASIL, 1997). 41 A transversalidade dentro da Educação Física é protuberante, pois cada tema apresenta a sua importância dentro deste cenário caótico ao qual fazemos parte ora como sujeitos ativos ora como sujeitos passivos e, ao se abordar a ética, por exemplo, estaremos ressaltando valores e aspectos morais que fazem parte da nossa construção cultural, de fato é inquestionável a abordagem da transversalidade, pois esta de forma expressiva enriquece o árduo processo de ensino-aprendizagem (COSTA, 1999). A relevância dos temas transversais se deve a constante “crise civilizatória” em todos os âmbitos, ou seja, estamos vivenciando inúmeras crises seja no cenário ambiental, social, econômico ou político e, para lidarmos com tais crises precisaremos de uma geração crítica, reflexiva e tolerante com as diversidades proeminentes dessa época tão contraditória e de imensa disparidade (BRASIL, 1997). A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL I No que se refere à importância da prática de Educação Física, levando-se em consideração as condições adequadas para sua efetivação como atividade que trabalha o corpo e os movimentos, os Parâmetros Curriculares Nacionais destaca que: “[...] entende-se que a Educação Física como uma área do conhecimento da cultura corporal de movimento e a Educação Física escolar como uma disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida” (RODRIGUES, 2013). No que tange ao ensino de Educação Física, esta traz como contribuição para a reflexão e discussão da pratica pedagógica, três aspectos fundamentais: “Princípio da inclusão, a sistematização de objetivos, conteúdos, procedimentos de ensino e aprendizagem e avaliação tem como meta a inclusão na cultura corporal de movimento, por meio da participação e reflexão concretas e efetivas. [...] O princípio da diversidade aplica-se na construção dos processos de ensino e aprendizagem e orienta a escolha de objetivos e conteúdos, visando a ampliar as relações entre os conhecimentos da cultura 42 corporal de movimento e os sujeitos da aprendizagem. [...]Categorias de conteúdos, os conteúdos são apresentados segundo sua categoria conceitual (normas, valores e princípios), procedimental (ligados ao fazer) e atitudinal (normas, valores e atitudes)” (BRASIL, 1997). Os princípios que norteiam a Educação Física no ensino fundamental levam o leitor a refletir e discutir sobre a sua prática pedagógica, pois apresenta algumas discussões que tem sido levantada na disciplina didática do ensino da dança e prática do ensino da dança, do curso de licenciatura em Dança da Unicamp. As questões ressaltadas são extremamente básicas se comparadas às discussões realizadas no âmbito da educação nacional. Apesar de básicos, são polêmicos os temas discutidos, como a introdução do ensino da Dança nas escolas pública a utilização de uniforme para aulas de dança na escola e as apresentações de conclusão de curso (STRAZZACAPPA, 2003). Ao analisarmos alguns aspectos concernentes ao ensino da Educação Física observou-se o horário da disciplina dentro do currículo da escola e as dificuldades enfrentadas pelos professores e os pedidos de dispensas das aulas, sendo necessário que o professor crie mecanismos que instiguem os alunos a sempre participarem deste momento tão primordial dentro do ambiente educacional. Para se entender a importância da Educação Física deveremos antes de tudo conjeturar sobre o seu papel nesta fase que não se prende somente a construção e aprimoramento das habilidades motoras, mas estará também focada na inserção de informação e formação (ZUNINO, 2008). De fato, a Educação Física no Ensino Fundamental I é mais do que favorecer o desenvolvimento de habilidades anatômicas, é aquisição de conhecimento em áreas diversas, é desenvolver a interação e a participação individual e coletiva seja em atividades práticas recreativas como forma de aquilatar a qualidade de vida dos envolvidos, visto que a Educação Física é uma disciplina integradora e provocadora que serve de mediadora entre o social, a cultura corporal e o exercício da cidadania (GONÇALVES, 2009). 43 A proeminência da Educação Física em todas as fases da Educação Básica em especial no Ensino Fundamental I é inquestionável porque instiga o aluno a desenvolver o seu próprio aprendizado tendo no professor a figura de um mediador entre ele e o conhecimento a ser adquirido ou aprimorado, é um estimulo constante fundamentada na interação coletiva, na liberdade intelectual (BRASIL, 1997). CONSIDERAÇÕES Observamos durante nossas anotações que a Educação Física é uma disciplina de suma importância para o currículo escolar, não apenas porque tem a capacidade de desenvolver e aprimorar as habilidades motoras, mas por contribuir de forma relevante para o processo de ensino-aprendizagem, dinamizando o ensino. Devido a sua relevância é papel do professor de Educação Física instigar os alunos a sempre participarem das atividades que foram planejadas para este momento, frisando sempre que esta prática os ajudará, melhorando sua qualidade e os tornando conscientes de suas habilidades e capacidades de percepção e interação do meio em que estão inseridos. Por essa ser a disciplina mais amada do currículo escolar, a inserção e aquisição de conhecimentos pelos discentes, ocorre de forma lúdica e dinâmica e gradativa, com melhora no rendimento escolar, é um meio de transformação positiva no comportamento, entre muitos outros aspectos. O aprendizado por meio das aulas de Educação Física possibilita uma melhora significativa no comportamento social dos alunos, uma vez que ao se trabalhar a transversalidade entre outros conteúdos, além de desenvolver os aspectos cognitivos e motores, há a formação de cidadãos críticos, formadores de opiniões e ideais, conscientes com a realidade caótica que nos afligem, sendo éticos, maleáveis, tolerantes e respeitosos diante de tanta disparidade. Diante de todo o exposto na elaboração deste estudo, acabamos por compreender que a Educação Física no espaço escolar é de fundamental relevância, pois promove o desenvolvimento psicomotor e é a maior promotora de interação entre os educandos, 44 fornecendo-os não somente conhecimento corporal, mas também ensinando e aprimorando seus valores éticos, morais, sociais, políticos e culturais, e devido a essas peculiaridades devemos dar a Educação Física à mesma importância dispensada a outras disciplinas do currículo por entendermos que somente a Educação Física é capaz de atingir e provocar
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