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ARTIGO - A IMPORTANCIA DO BRINCAR E DAS BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL -Werlandia

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A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR E DAS BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL¹
Alice Camila dos Anjos OLIVEIRA 2
Werlândia Souza MOTA 2
Resumo: O ato de brincar proporciona à criança experimentar, descobrir, inventar, aprender, lhes conferir habilidades. Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração e atenção. Brincar é indispensável à saúde física, emocional e Intelectual da criança. A partir dessas informações o trabalho proposto tem como objetivo geral descrever a importância do brincar e das brincadeiras na Educação Infantil, e através dos objetivos específicos abordar o contexto histórico da infância; discutir o brincar na Educação Infantil; identificar as contribuições das brincadeiras no desenvolvimento da criança e compreender o papel do pedagogo na Educação Infantil. O brincar e as brincadeiras são imprescindíveis para a apreensão do desenvolvimento da percepção, imaginação, fantasia e dos sentimentos. Com relação ao ato de brincar, acreditamos que a criança brinca desde a menor idade, porém de acordo com a especificidade de cada fase do desenvolvimento infantil. A metodologia utilizada se deu através de uma abordagem bibliográfica, método investigativo que permite a avaliação de vários autores no contexto, aquela feita a partir de vários embasamentos teóricos que apresentam contribuições textuais sobre o tema abordado. Espera-se que esse estudo venha atender as necessidades da Educação Infantil e do profissional em pedagogia, possibilitando a aprendizagem das crianças através das brincadeiras e brinquedos. Os resultados encontrados permitiram compreender a relevância das brincadeiras e brinquedos no espaço educacional infantil, visando facilitar o aprendizado da criança.
Palavra-Chave: Brincar. Brinquedos. Educação Infantil.
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1 Artigo apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, sob orientação da docente Agda Luz
2 Alunas de Graduação em Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Universidade Aberta do Brasil - UAB.
ABSTRACT: The act of playing provides the child to experience, discover, invent, learn, confer skills. In addition to stimulating curiosity, self-confidence and autonomy, it provides the development of language, thought and concentration and attention. Playing is indispensable to the physical, emotional and intellectual health of the child. From this information the proposed work has as general objective to describe the importance of playing and pranks in early childhood education, and through the specific objectives to address the historical context of infancy; Discuss playing in early childhood education; Identify the contributions of games in the child's development and understand the role of the pedagogue in early childhood education. Play and games are indispensable for the apprehension of the development of perception, imagination, fantasy and feelings. With regard to the act of playing, we believe that the child plays since the age, but according to the specificity of each stage of child development. The methodology used was based on a bibliographic approach, an investigative method that allows the evaluation of several authors in the context, which is made from several theoretical bases that present textual contributions on the topic approached. It is hoped that this study will meet the needs of childhood education and the professional in pedagogy, enabling the learning of children through games and toys. The results found allowed to understand the relevance of games and toys in the children's educational space, aiming to facilitate the child's learning.
Keywords: Play. Toys. Child education.
1 INTRODUÇÃO
 
O aprendizado de uma criança depende da sua realidade pessoal, uma vez que seu desenvolvimento e suas características de personalidade se expressa nas formas peculiares de interpretar o que acontece ao seu redor. Com isso, a construção infantil depende de várias características formais, ao analisar o contexto de pensamentos pedagógicos podendo evidenciar que são permeados de ideologias, valores, concepções diferenciadas em relação ao processo educacional.
Diante disso, entende-se a importância do brincar e das brincadeiras na Educação Infantil, uma vez que por meio desses métodos a criança reconhece o mundo ao seu redor, uma maneira especial de compreender e explicar as coisas. 
Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades. Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração e atenção. Brincar é indispensável à saúde física, emocional e Intelectual da criança. Irá contribuir, no futuro, para a eficiência e o equilíbrio do adulto. 
O brincar e as brincadeiras são imprescindíveis para a apreensão do desenvolvimento da percepção, imaginação, fantasia e dos sentimentos. Com relação ao ato de brincar, acredita-se que a criança brinca desde a menor idade, porém de acordo com a especificidade de cada fase do desenvolvimento infantil.
Já o aspecto de brincadeira que proporciona uma aula pode ser uma maneira de a criança experimentar situações, ajudando a entender e comparar mais facilmente o mundo cultural e estético. Nas brincadeiras as crianças têm a possibilidade de adquirir capacidades importantíssimas, visando imitação, imaginação, atenção, memoria, além de desenvolver a socialização, interação e convivência social.
O brinquedo é algo sério, ou seja, significa que ela brinca sem separar a situação imaginária da situação real. Neste sentido o papel da Educação Infantil é adentrar nas aprendizagens e ofertar por meio do brincar as brincadeiras, possibilitando as crianças suas potencialidades. 
Assim, a relevância do tema se encontra no papel desses instrumentos no aprendizado infantil, visando a reformulação de conteúdos significativos e permitindo a criança registrar suas capacidades de linguagens, capacidades sociais e emocionais, envolvendo habilidades cognitivas e motoras.
A forma como acontece o brincar e as brincadeiras realizadas em sala de aula, ajuda na autoestima da criança e permite o desenvolvimento de ações e criatividade. Ao brincar a criança contempla as coisas vivenciadas pelos adultos e desempenha um papel fundamental na sua construção social. 
As contribuições esperadas visam atender as necessidades da Educação Infantil e do profissional em pedagogia, possibilitando a aprendizagem das crianças através das brincadeiras, além de ajudar nas habilidades cognitivas, socialização, coordenação motora, atenção, memória e diversão. 
Para tanto, o estudo tem como objetivo geral descrever a importância do brincar e das brincadeiras na Educação Infantil, e por meio dos objetivos específicos abordar o contexto histórico da infância; discutir o brincar na Educação Infantil; identificar as contribuições das brincadeiras no desenvolvimento da criança e compreender o papel do pedagogo na Educação Infantil.
Diante disso, o problema relacionado à Educação Infantil deve utilizar de subsídios que atenda as crianças em seu desenvolvimento, mantendo suas vivências diárias associadas ao brincar e as brincadeiras. Com isso, deve se considerar as dificuldades encontradas pela a Educação Infantil, visando melhoria no ensino infantil. Assim surge o questionamento desse estudo: De que forma o brincar e as brincadeiras podem influenciar na Educação Infantil?
Neste sentido, o brincar e as brincadeiras devem contribuir para o desenvolvimento da criança, haja vista que os problemas serão solucionados a partir da compreensão que esses instrumentos facilitem o processo de aprendizagem da criança, possibilitando a construção da criatividade, da autonomia, da reflexão, estabelecendo uma relação segura entre infância e aprendizagem. Através do brincar e das brincadeiras a Educação Infantil deve caminhar em direção ao reconhecimento da importância de integrar o cuidar,ao educar e ao brincar, percebendo a educação infantil como práticas indissociáveis para o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, como todo e qualquer espaço e tempo de formação escolar. 
Para o desenvolvimento desta pesquisa, utilizou-se como aspecto metodológico a pesquisa bibliográfica, onde trata do caminho teórico e documental deste assunto já percorrido por outros pesquisadores e, consequentemente, trata-se de técnica afinada com os propósitos da atividade de pesquisa, de modo geral. Conforme esclarece Boccato (2006, p. 266), 
A pesquisa bibliográfica busca a resolução de um problema (hipótese) por meio de referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo as várias contribuições científicas. Esse tipo de pesquisa trará subsídios para o conhecimento sobre o que foi pesquisado, como e sob que enfoque e/ou perspectivas foi tratado o assunto apresentado na literatura científica. Para tanto, é de suma importância que o pesquisador realize um planejamento sistemático do processo de pesquisa, compreendendo desde a definição temática, passando pela construção lógica do trabalho até a decisão da sua forma de comunicação e divulgação.
A pesquisa bibliográfica é uma grande aliada no desenvolvimento do conhecimento científico, visto que parte-se daquilo que foi organizado, em cada campo de conhecimento por outros autores.
Para tanto foi utilizada uma amostra não probabilística de forma não aleatória, somando vários sites de pesquisas. Pode-se inferir que normalmente amostras não probabilísticas são utilizadas em pesquisa quando há uma restrição de cunho operacional ao uso da amostragem probabilística, como, por exemplo, o fato de a população ser infinita ou de não se ter acesso a todos os elementos da mesma (GONÇALVES, 2009). 
Utilizou-se também uma abordagem qualitativa, que segundo Minayo (2001), trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. 
2 CONTEXTO HISTÓRICO DA INFÂNCIA
As concepções históricas das crianças pequenas e sua trajetória evolutiva está voltada para uma série de processos históricos que surge deste o seu nascimento e vão até os 6 anos, onde se inicia a formação. De acordo com Vigotski (1931, p. 54), 
Ambos os planos de desenvolvimento – o natural e o cultural – coincidem e se amalgamam um ao outro. As mudanças que têm lugar nos dois planos se intercomunicam e constituem, na realidade, um processo único de formação biológico-social da personalidade da criança. Na medida em que o desenvolvimento orgânico se produz em um meio cultural, passa a ser um processo biológico historicamente condicionado. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento cultural adquire um caráter muito peculiar que não pode comparar-se com nenhum outro tipo de desenvolvimento, já que se produz simultânea e conjuntamente com o processo de maturação orgânica e que seu portador é o mutante organismo infantil em vias de crescimento e maturação. (VIGOTSKI, 1931 p. 54).
A partir dessa trajetória começa a busca pela conquista, a luta pelos desafios que envolvem os fatores psicológicos, intelectual e social, que leva a criança aprimorar suas ideias através do processo educacional. 
Por isso, tanto a concepção de criança quanto a de infância, assim como a construção de qualquer conceito subjetivo, são elaboradas a partir da visão de mundo de uma sociedade, sendo assim um produto histórico e cultural (FRANCO, 2006). 
As crianças possuem certas características essenciais, que sempre estiveram nelas presentes, que serviram de fundamento para os processos naturais (e também universais) que caracterizaram sua infância. Diante disso, não é possível elaborar um conceito, já que infância e criança estão em constantes mudanças de acordo o tempo e o espaço. 
É preciso considerar a infância como uma condição da criança. O conjunto das experiências vividas por elas em diferentes lugares históricos, geográficos e sociais é muito mais do que uma representação dos adultos sobre essa fase da vida. É preciso conhecer as representações de infância e considerar as crianças concretas, localizá-las como produtoras da história (KUHLMANN, 2010, p. 30).
A infância não pode ser considerada apenas como uma fase do ciclo natural da vida, mas também como um ser fruto do meio em que se encontra em constantes transformações. Para Fernandes e Kuhlmann Júnior (2004, p. 16),
A palavra infância evoca um período da vida humana. No limite da significação, o período da palavra inarticulada, o período que poderíamos chamar da construção/apropriação de um sistema pessoal de comunicação, de signos e sinais destinados a fazer-se ouvir. O vocábulo criança, por sua vez, indica uma realidade psicobiológica referenciada ao indivíduo.
Assim, essa concepção de infância é vivida a partir de construções realizadas pelos adultos, nas quais a criança não pode elaborar seu discurso próprio e defender-se de situações constrangedoras ou forçadas, como é o caso das crianças que são obrigadas a trabalhar. Muitas crianças não têm condições de dizerem ou que pensam o que sentem, já que seus sentimentos, seus desejos e suas sensações são discutidos e decididos por alguém adulto.
Recorrendo a Aires (1981) podemos traçar essa trajetória da história da criança. Este ser na sociedade tradicional não tinha valor, a infância era apenas um período de transição que tão logo era ultrapassado e esquecido. Nesta época, desde muito nova a criança era inserida no contexto dos adultos, não havendo assim, separação entre o mundo adulto e o infantil.
A infância é uma fase que exige cuidados e proteção dos adultos, uma vez que se trata de um período de prematuridade e dependência. No entanto, notamos ao pesquisar a história da criança, que os cuidados destinados a ela, nem sempre foram os mesmos. 
Uma infância que requer “especialistas” não é, certamente, uma infância qualquer, mas sim, uma que supostamente necessita de um séquito de “conhecedores para lhe revelar sua verdade”. Assim, a noção de infância na modernidade se articula dentro de uma política de verdades, amparada pela autoridade do saber de sua porta-vozes. (CIRINO apud CASTRO, 1999, p. 24). 
Neste sentido, é importante levar em conta as mudanças que acontece com as crianças é considerar o lugar que vive e a cultura a qual estão inseridas. Percebe-se, no entanto, que a idade cronológica não é suficiente para caracterizar a infância. 
Diante disso, a concepção da infância e da criança deve ser entendida não de forma homogênea, mas a partir das relações geracionais produzidas historicamente na sociedade. Tais relações são pautadas pela “dependência e interdependência” entre adultos e crianças. De acordo Veiga (2006, p. 47), 
A infância pode ser o “Tempo de vida este caracterizado pela dependência dos adultos e cuja duração está vinculada a diferentes condições de existência dos indivíduos, mas fundamentalmente a natureza das relações entre adultos e crianças”.
Essa dependência está associada às relações familiares existentes entre pais/filho, tendo em vista que durante a infância constrói-se o desenvolvimento social, psicológico dos filhos. Estas relações contribuem para o autoconceito e afetam o comportamento, o desempenho e o ajustamento do indivíduo dentro da sociedade.
Para Gélis (2009), é a partir das modificações nas relações familiares e no contexto social, que o trato destinado às crianças muda. As crianças passam a ser moldadas conforme os padrões sociais, até mesmo suas fisionomias são modificadas para atender a modelos estéticos ideais, no qual podem ser modeladas. Ao estar ainda no período de infância, a criança tem o direito a crescer, a desenvolver as suas capacidades primárias, que posteriormente serão de extrema importância para a assimilação de novos conhecimentos e saberes.
Desse entendimento de criança como co-construtora, cidadã, agente, membro de um grupo, advém uma outra série de imagens.A criança como forte, competente, inteligente, um pedagogo poderoso, capaz de produzir teorias interessantes e desafiadoras, compreensões, perguntas – e desde o nascimento, não em uma idade avançada quando já ficaram prontos. Uma criança com uma voz para ser ouvida, mas compreendendo que ouvir é um processo interpretativo e que as crianças podem se fazer ouvir de muitas formas (conhecimentos expressos em As cem linguagens da infância, de Magaluzzi). Em resumo, essa construção da criança produz uma criança “rica”. (MOSS, 2001, p. 242).
Assim, a partir desses saberes, o olhar sobre a infância veio se transformando e modificando com o passar dos tempos, considerando novas formas de pensar agir e refletir sobre esta fase da vida. Com isso, processos de relacionamento, interação e raciocínio das crianças/adolescentes estão cada vez mais se transformando, sendo a fase mais importante para o desenvolvimento infantil e novas formas de perceber, pensar, sentir e agir. 
3 O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A escola se torna responsável por desenvolver práticas pedagógicas infantis, que possibilite aos alunos um conhecimento amplo com seu contexto histórico. Através das atividades lúdicas a escola desperta nas crianças interação social e familiar, visando seu crescimento educacional. Reiterando as ideias de Brougère 2005 (apud Wajskop, 2001, p.31):
[...] é o lugar da socialização, da administração da relação com outro, da apropriação da cultura, do exercício da decisão e da invenção. Mas tudo isso se faz segundo o ritmo da criança e possui um aspecto aleatório e incerto. Não se pode organizar, a partir da brincadeira, um programa pedagógico preciso. Aquele que brinca pode sempre evitar aquilo que não gosta. Se a liberdade caracteriza as aprendizagens efetuadas na brincadeira, ela produz também a incertitude quanto aos resultados. De onde a impossibilidade de assentar de forma precisa às aprendizagens na brincadeira. Este paradoxo da brincadeira, espaço de aprendizagem fabuloso e incerto (BROUGÈRE 2005, APUD WAJSKOP, 2001, p.31).
A escola é o local mais adequado para criar a socialização e disseminar conhecimentos que promovam autonomia e identidade. Ao referir para a construção da autonomia infantil vale a pena esclarecer que esse processo não pode ser considerado sinônimo de abandono, mas sim, de orientação e parceria. Nesse sentido, o educador pode organizar espaços montados, tais como; canto da casinha, canto da literatura canto das bonecas etc., lembrando sempre da altura das prateleiras a fim dedarem acesso e liberdade à escolha das crianças. Portanto o ambiente deve ser agradável atendendo a necessidade das crianças aí presentes.
De acordo com Zabalza (1998, p. 236), 
O ambiente da aula, enquanto contexto de aprendizagem constitui uma rede de estruturas espaciais, de linguagens, de instrumentos e, finalmente, de possibilidades ou limitações para o desenvolvimento das atividades formadoras.
Os ambientes de educação infantil foram idealizados para promoverem a segurança da criança, além da preocupação com a limpeza, o desafio da escola tem sido o de organizar os espaços para que possa contribuir grandemente com o trabalho do educador no processo de ensino e aprendizagem. Assim podemos destacar que é de grande importância um espaço bem organizado porque ele contribui para uma infinidade de aprendizagens infantis devem promover o desenvolvimento intelectual da criança.
Neste viés, Kramer (2007, p.15), diz que:
Crianças são sujeitos sociais e históricos, marcadas, portanto, pelas contradições das sociedades em que estão inseridas. A criança não se resume a ser alguém que não é, mas que se tornará (adulto, no dia em que deixar de ser criança). Reconhecemos o que é específico da infância: seu poder de imaginação, a fantasia, a criação, a brincadeira entendida como experiência de cultura. Crianças são cidadãs, pessoas detentoras de direitos, que produzem cultura e são nela produzidas. Esse modo de ver as crianças favorece entendê-las e também ver o mundo a partir do seu ponto de vista. A infância, mais que estágio, é categoria da história: existe uma história humana porque o homem tem infância.
Em relação ao ato de brincar, acredita-se que a criança brinca desde a menor idade, porém de acordo com a especificidade de cada fase do desenvolvimento infantil. Portanto é na brincadeira que a criança se desenvolve totalmente além de ampliar seus laços sociais.
Como afirma Borba (2006), a imaginação, constitutiva do brincar e do processo de humanização dos homens, é um importante processo psicológico, iniciado na infância, que permite aos sujeitos se desprenderem das restrições impostas pelo contexto imediato. Combinada com uma ação performativa construída por gestos, movimentos, vozes, formas de dizer, roupas, cenários etc., a imaginação estabelece o plano do brincar, do fazer de conta, da criação de uma realidade “fingida”.
Assim, a prática do brincar torna-se uma maneira de comunicação, que leva a criança a desvendar o seu cotidiano, descobrindo o mundo fantástico da imaginação. 
Para Cunha (1994), o brincar é uma característica primordial na vida das crianças, porque é bom e prazeroso. Brincar é a principal atividade da infância. Responde à necessidade de meninos e meninas de olhar, tocar, satisfazer a curiosidade, experimentar, descobrir, expressar, comunicar, sonhar. Brincar é uma necessidade, um impulso primário e gratuito que nos impele desde pequenos a descobrir, conhecer, dominar o mundo e a vida.
“É, portanto, na situação de brincar que as crianças se podem colocar desafios e questões além de seu comportamento diário, levantando hipóteses na tentativa de compreender os problemas que lhes são propostos pelas pessoas e pela realidade com a qual interagem” (WAJSKOP, 1995, p.9).
Brincar é por si só, uma maneira de comunicação, que leva a criança a desvendar o seu cotidiano, descobrindo o mundo fantástico da imaginação. A prática do brincar facilita o processo de aprendizagem da criança, possibilitando a construção da criatividade, da autonomia, da reflexão, estabelecendo uma relação segura entre infância e aprendizagem. Como ressalta Machado (2003, p.37): 
Brincar é também um grande canal para o aprendizado, senão o único canal para verdadeiros processos cognitivos. Para aprender precisamos adquirir certo distanciamento de nós mesmos, e é isso o que a criança pratica desde as primeiras brincadeiras transicionais, distanciando-se da mãe. Através do filtro do distanciamento podem surgir novas maneiras de pensar e de aprender sobre o mundo. Ao brincar, a criança pensa, reflete e organiza-se internamente para aprender aquilo que ela quer, precisa, necessita, está no seu momento de aprender; isso pode não ter a ver com o que o pai, o professor ou o fabricante de brinquedos propõem que ela aprenda.
Neste sentido, o brincar faz parte da vida da criança, por meio deste ato elas aprendem melhor a se socializarem com facilidade, desenvolvem o espírito de trabalho em grupo e aprendem a tomar decisões, ações essas que contribuirão para sua vida adulta. A criança tem a característica de entrar no mundo dos sonhos das fábulas e normalmente utiliza como ponte às brincadeiras. Quando está brincando se expressa mostrando seu íntimo, seus sentimentos e sua afetividade.
Para tanto, por meio do brincar a criança desenvolve suas capacidades motoras e importantes fases relacionadas com a atenção, a imitação, a memória, desempenho das áreas físicas, sociais, psicológicas e afetivas, capacidades importantes que estão relacionados interação e convívio social. 
4 AS CONTRIBUIÇÕES DAS BRINCADEIRAS NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E O PAPEL DO PEDAGOGO NA EDUCAÇÃO INFANTIL.
As contribuições das brincadeiras no desenvolvimento da criança estão relacionadas com a capacidade de organizar o cotidiano e o ambiente que as orienta nos caminhos que deve tomar em relação ao processo de aprendizagem. 
... A brincadeira é uma atividade espiritual mais pura do homem neste estágio e, ao mesmo tempo, típico da vida humana enquantotodo – da vida natural/interna do homem e de todas as coisas. Ela dá alegria, liberdade, contentamento, descanso externo e interno, e paz com o mundo (...) A criança que brinca sempre, com determinação auto ativa, perseverando, esquecendo sua fadiga física, pode certamente tornar-se um homem determinado, capaz de auto sacrifício para a promoção de seu bem e dos outros... O brincar, em qualquer tempo, não é trivial, é altamente sério e de profunda significação” (KISHIMOTO, 1999, apud FROEBEL, p.23).
É grande o volume de brincadeiras encontradas nas diversas culturas que envolvem complexas sequências motoras para serem reproduzidas, propiciando conquistas no plano da coordenação e precisão dos movimentos. 
A brincadeira na concepção de Velasco (1996, p. 78) “promovem a socialização, além da aprendizagem, por meio de suas ações é possível observar seu desenvolvimento”. Não importa de onde essa criança seja, ou o ambiente ou cultura que tenha vivenciado, é certo afirmar que o ato de brincar auxilia no desenvolvimento das capacidades físicas, verbais e intelectuais. 
Através das brincadeiras podemos desenvolver várias competências nas crianças, contribuindo com isso para o desenvolvimento da linguagem e diversas habilidades. Contudo, com a brincadeira, a criança aprende a seguir regras, experimentar formas de comportamento e socializar, descobrindo o mundo à sua volta. No brincar com outras crianças elas interagem socialmente, descobrindo que não são os únicos sujeitos da ação e que, para alcançarem os seus objetivos deverão considerar que os outros também possuem objetivos próprios que querem satisfazer.
Para as crianças, a brincadeira é uma forma privilegiada de interação com outros sujeitos, adulta e crianças, e com os objetos e a natureza à sua volta. Brincando, elas se apropriam criativamente de formas de ação social tipicamente humana e de práticas sociais específicas dos grupos aos quais pertencem, aprendendo sobre si mesmas e sobre o mundo em que vivem. Se entendermos que a infância é um período em que o ser humano está se constituindo culturalmente, a brincadeira assume importância fundamental como forma de participação social e como atividade que possibilita a apropriação, a ressignificação e a reelaboração da cultura pelas crianças. (BORBA, 2006, p. 12).
As brincadeiras que compõem o repertório infantil e que variam conforme a cultura regional apresenta-se como oportunidades privilegiadas para desenvolver habilidades no plano motor, como empinar pipas, pula-pula, jogar bolinhas de gude, pega-pega, brincadeira de roda, jogos de quebra-cabeça amarelinho e outros. O principal indicador da brincadeira entre as crianças é o papel que assumem enquanto brincam. Se a brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação, isto implica que aquele que brinca tem o domínio da linguagem simbólica. 
Nesse processo, o professor deve agir como interventor e proporciona-lhe o maior número possível de atividades, materiais e oportunidades de situações para que suas experiências sejam enriquecedoras, contribuindo para a construção de seu conhecimento. Sua interação com o meio se faz por intermédio de brincadeiras e jogos, da manipulação de diferentes materiais, utilizando os próprios sentidos na descoberta gradual do mundo. (ARANÃO, 2004, p. 16 apud PASQUALI et al., 2011).
Sem esse componente básico, brincadeiras perde-se o sentido de utilização de um instrumento cujo intuito principal é o de resgatar a atividade lúdica e, junto com ela, sua importância no desenvolvimento integral das crianças.
Por meio das brincadeiras os professores podem observar e constituir uma visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada uma em particular, registrando suas capacidades de uso das linguagens assim como de suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e emocionais que dispõem. (MOYLES, 2002, p. 145).
Assim, é interessante a construção progressiva, na prática educacional, de estratégias metodológicas que respondam aos objetivos formulados. Essa metodologia deve ser construída, levando-se em conta a realidade de cada grupo de crianças, a partir de atividades que constituam desafios e seja ao mesmo tempo significativos e capazes de incentivar a descoberta, a criatividade e a criticidade. 
Uma das prioridades nas práticas adotadas pelos professores deve ser a interação com seus alunos, para Lopes (2009, p. 4), “[...] em todo processo de aprendizagem humana, a interação social e a mediação do outro tem fundamental importância”. Na escola, pode-se dizer que a interação professor-aluno é imprescindível para que ocorra o sucesso no processo ensino aprendizagem.
Zagury (2006, p.21) afirma que:
O professor precisa mostrar a beleza e o poder das ideias, mesmo que use apenas os recursos de que dispõe: quadro-negro e giz. Observa-se nessa afirmação que a aula pode ser bem positiva e agradável, sem os grandes recursos que permeiam todas as atividades humanas e em todos os lugares: os recursos tecnológicos.
Neste sentido, os métodos docentes vêm se modificando em decorrência de planejar e avaliar nas concepções pedagógicas e nas formas de construção do conhecimento, resultando na necessidade de compreender a organização do espaço educativo presente na educação infantil. 
Para tanto, o professor da educação infantil precisa comprometer-se com o seu grupo de crianças, acompanharem seus avanços e retrocessos. Um cuidado que exige uma formação competente e profissional no planejamento e desenvolvimento de práticas voltadas à educação infantil de qualidade. 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A partir do exposto constata-se a importância do brincar e brincadeiras na educação infantil, são imprescindíveis para o desenvolvimento humano e constitui-se fator estrutural na infância, indispensável à saúde física, emocional e intelectual da criança.
Precisa-se pensar a respeito da necessidade de se trabalhar as brincadeiras em sala de aula, não de forma mecânica e superficial, mas de forma que venha contribuir para o desenvolvimento das crianças. Com isso, o pedagogo deve buscar mudanças a cada dia, não explorando os brinquedos apenas para o lazer, mas também como elementos bastante enriquecedores que promovem a aprendizagem.
É importante estimular e incentivar as escolas no sentido de promover as brincadeiras nas crianças para que isso ocorra de formas naturais e espontâneas na vida destes. A brincadeira resgata a convivência em grupo. 
Assim, é preciso haver uma reflexão para profissionais das áreas afins interessados no tema, reitera-se que a vivência da infância se torna primordial para a formação do ser humano, nesse sentido é fundamental a criação de mais brinquedotecas no contexto contemporâneo, onde trágicos acontecimentos acometem a infância. 
Contudo, o pedagogo deve buscar mudanças a cada dia. Portanto diante do texto exposto e das pesquisas realizadas, pode concluir que as brincadeiras são ferramentas de trabalho muito valorosas para a prática pedagógica da educação infantil, pois através dessas atividades que devem ser incluídas e introduzidas aos conteúdos de forma prazerosa, diferenciada e bastante ativa e participativa entre os próprios alunos, onde eles estarão aprendendo e brincando. 
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