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Gabarito questionário - Extinção do contrato 2020

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Gabarito - Questionário
1 - Gabarito: ERRADO. 
 
Julgue o item que se segue, a respeito da disciplina jurídica dos contratos no direito civil.
 
De acordo com o Código Civil, a extinção de um contrato em razão da ocorrência de situação prevista em cláusula resolutiva expressa depende de pronunciamento judicial para que possa produzir seus regulares efeitos jurídicos.
 
A cláusula resolutiva expressa opera automaticamente, ou seja, o contrato se resolve de pleno direito em razão de obrigação inadimplida, não se exigindo pronunciamento judicial, conforme prevê o art. 474 do CC: 
 
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial.
 
Atente que no caso de não haver cláusula resolutiva expressa (ela for tácita), há necessidade de interpelação judicial, devendo o prejudicado notificar o inadimplente. 
2 - Gabarito: Letra "A"
 
I – Em se tratando de um contrato em que houve investimentos consideráveis por uma das partes, a denúncia unilateral só produzirá efeitos após o transcurso de prazo compatível com a natureza e valor dos investimentos. 
CERTO! A assertiva encontra-se em harmonia com o seguinte dispositivo do Código civil. Veja:
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
II – Para os casos de distrato, não há que se falar em atendimento ao princípio do paralelismo entre as formas. 
ERRADO! O distrato consiste em um acordo entre as partes com a finalidade de extinguir o contrato. Por expressa previsão do Código Civil, o distrato deve ser feito pela mesma forma exigida para o contrato, trata-se do princípio do paralelismo das formas. Veja:
 
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
III – Tanto a cláusula resolutiva tácita quanto a expressa dependem de interpretação judicial.
ERRADO! Somente a cláusula resolutiva tácita depende de interpretação judicial, uma vez que a cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito. Veja:
 
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial.
3 - Gabarito: Letra B
Sobre a extinção dos contratos, assinale a alternativa correta.
 
a) Para os casos de distrato, não há que se falar em atendimento ao princípio do paralelismo entre as formas.
 
ERRADA. Constitui o distrato a resilição bilateral do contrato por  meio da qual as partes celebram, de comum acordo, um novo negócio jurídico com o fito de extinguir o anterior. Tal forma de extinção encontra previsão no art. 472, CC/2002, verbis:
 
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
 
Logo, percebe-se, com clareza, que o paralelismo das formas vem expressamente exigido no dispositivo em comento, cuja inobservância acarretará, em consequência, a nulidade absoluta, por força do art. 166, IV e V, do CC/2002.
 
b) No caso de um contrato em que houve investimentos consideráveis por uma das partes, a denúncia unilateral só produzirá efeitos após o transcurso de prazo compatível com a natureza e valor dos investimentos.
 
CORRETA. É a previsão do p. único do art. 473, CC/2002:
 
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte.
 
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
 
Como anota Flávio Tartuce (Manual de direito civil: volume único. 8. ed. São Paulo: Método, 2018, p. 750), cuida-se de disposição alinhada com o princípio da função social do contrato que, por se tratar de princípio de ordem pública (art. 2.035, p.u. CC/2002), não pode ser afastado pela vontade das partes, sob pena de nulidade absoluta (art. 166, VI, CC/2002).
 
c) Tanto a cláusula resolutiva tácita quanto a expressa dependem de interpelação judicial.
 
ERRADA. Nos termos do art. 474. CC/2002, apena a cláusula resolutiva tácita, por decorrer da lei, demanda a interpelação judicial:
 
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial.
 
d) Nos contratos bilaterais, não é permitida a alegação de exceptio non adimpleti contractus  caso um dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, exija o implemento da obrigação do outro.
 
ERRADA. A exceção do contrato não cumprido é expressamente admitida em tal hipótese - constituindo, inclusive, uma cláusula resolutiva tácita - consoante art. 476, CC/2002:
 
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
 
e) Nos contratos por execução continuada, a resolução por onerosidade excessiva só poderá ser alegada em casos de extrema vantagem para uma das partes, decorrentes de eventos previsíveis.
 
ERRADA. A resolução por onerosidade excessiva demanda a ocorrência de evento extraordinário e imprevisível, conforme disposto no art. 478, CC/2002:
 
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
 
Importante destacar, nesse ponto, quatro enunciados do CJF/STJ acerca do instituto:
 
III Jornada de Direito Civil - Enunciado 175
 
A menção à imprevisibilidade e à extraordinariedade, insertas no art. 478 do Código Civil, deve ser interpretada não somente em relação ao fato que gere o desequilíbrio, mas também em relação às conseqüências que ele produz.
 
III Jornada de Direito Civil - Enunciado 176
 
Em atenção ao princípio da conservação dos negócios jurídicos, o art. 478 do Código Civil de 2002 deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial dos contratos e não à resolução contratual.
 
IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 366
 
O fato extraordinário e imprevisível causador de onerosidade excessiva é aquele que não está coberto objetivamente pelos riscos próprios da contratação.
 
IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 367
 
Em observância ao princípio da conservação do contrato, nas ações que tenham por objeto a resolução do pacto por excessiva onerosidade, pode o juiz modificá-lo equitativamente, desde que ouvida a parte autora, respeitada sua vontade e observado o contraditório.
4 - Gabarito: Letra E. 
Sobre contratos, é INCORRETO afirmar:
 
a) Os benéficos devem ser interpretados de forma restrita. CORRETO. 
 
É o que prevê o artigo 114 do CC: 
 
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
 
b) É proibido o que tem por objeto herança de pessoa viva. CORRETO. 
 
A assertiva tem fundamento no artigo 426 do CC:
 
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
 
c) É possível a manifestação tácita de vontade em matéria contratual, quando não for necessária que seja expressa. CORRETO. 
 
A manifestação tácita de vontade é possível, pois o silêncio, em regra, importa anuência, se não for necessária a declaração de vontade expressa, conforme prevê o artigo 11 do CC: 
 
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. 
 
d) Nos de execução continuada, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. CORRETO. 
 
A assertiva trata da resolução do contrato por onerosidade excessiva,de que trata o artigo 478 do CC: 
 
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
 
e) A exceção de contrato não cumprido aplica-se a todos os contratos. INCORRETO. 
 
A exceção do contrato não cumprido ("exceptio non adimpleti contractus") tem previsão no artigo 476 do CC e trata de exceção a ser exercida pelo contratante cobrado, quando o outro está inadimplente, a fim de que não seja obrigado ao cumprimento de sua obrigação sem que receba a contraprestação ajustada: 
 
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
 
A exceção do contrato não cumprido é aplicada aos contratos bilaterais, por expressa previsão legal (e não em todos os contratos, portanto), pois se refere ao mútuo inadimplemento em contrato sinalagmático, em que as partes têm deveres recíprocos entre si. 
 
5 - GABARITO: LETRA A.
 
Embora a questão traga o contrato de empreitada como base do caso, temos que o tema para sua resolução cinge-se ao conhecimento da exceção do contrato não cumprido, disciplinada nos arts. 476-477, CC/2002, verbis:
 
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
 
Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.
 
Sobre o comando do art. 477, que trata da chamada exceptio non rite adimpleti contractus, quebra antecipada do contrato ou inadimplemento antecipado ou, ainda, a exceção de inseguridade, temos os Enunciados 437 e 438 da V Jornada de Direito Civil:
 
Enunciado 437
 
A resolução da relação jurídica contratual também pode decorrer do inadimplemento antecipado.
 
Enunciado 438
 
A exceção de inseguridade, prevista no art. 477, também pode ser oposta à parte cuja conduta põe, manifestamente em risco, a execução do programa contratual.
 
Estabelecido o tema, vamos às assertivas...
 
Jorge, engenheiro e construtor, firma, em seu escritório, contrato de empreitada com Maria, dona da obra. Na avença, foi acordado que Jorge forneceria os materiais da construção e concluiria a obra, nos termos do projeto, no prazo de seis meses. Acordou-se, também, que o pagamento da remuneração seria efetivado em duas parcelas: a primeira, correspondente à metade do preço, a ser depositada no prazo de 30 (trinta) dias da assinatura do contrato; e a segunda, correspondente à outra metade do preço, no ato de entrega da obra concluída.
 
Maria, cinco dias após a assinatura da avença, toma conhecimento de que sobreveio decisão em processo judicial que determinou a penhora sobre todo o patrimônio de Jorge, reconhecendo que este possui dívida substancial com um credor que acaba de realizar ato de constrição sobre todos os seus bens (em virtude do valor elevado da dívida).
 
Diante de tal situação, Maria pode
 
a) recusar o pagamento do preço até que a obra seja concluída ou, pelo menos, até o momento em que o empreiteiro prestar garantia suficiente de que irá realizá-la.
 
CORRETA. É o que dispõe o art. 477 supracitado.
 
b) resolver o contrato por onerosidade excessiva, haja vista que o fato superveniente e imprevisível tornou o acordo desequilibrado, afetando o sinalagma contratual.
 
ERRADA. Não estamos a tratar de resolução por onerosidade excessiva (arts. 478-480), seja porque a penhora do patrimônio de Jorge não configura evento extraordinário e imprevisível, seja porque tal fato não se verifica o desequilíbrio contratual exigido pelo instituto. Destaca-se que a extraordinariedade e imprevisibilidade do fato vem bem explicada no bojo do Enunciado nº 366, da IV Jornada de Direito Civil, verbis:
 
O fato extraordinário e imprevisível causador de onerosidade excessiva é aquele que não está coberto objetivamente pelos riscos próprios da contratação.
 
c) exigir o cumprimento imediato da prestação (atividade de construção), em virtude do vencimento antecipado da obrigação de fazer, a cargo do empreiteiro.
 
ERRADA. Dispõe o art. 333, CC/2002:
 
Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código:
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.
 
Logo, percebe-se que não estamos diante de nenhuma das hipóteses do art. 333, mas sim de inadimplemento antecipado, e não há qualquer menção, no enunciado, acerca da existência de previsão contratual quanto ao vencimento antecipado, o qual pode ser convencionado pelos contratantes.
 
d) desistir do contrato, sem qualquer ônus, pelo exercício do direito de arrependimento, garantido em razão da natureza de contrato de consumo.
 
ERRADA. No caso em tela, não há se falar em direito de arrependimento, pois o contrato fora firmado no escritório do empreiteiro, que pode ser entendido como estabelecimento comercial, afastando assim a incidência do art. 49, CDC, verbis:
 
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
 
Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.
6 - Gabarito: Letra C
Leopoldo trabalha na empresa Calçados de Navegantes Ltda. e, no mês de maio de 2017, não trabalhou dia algum e não apresentou qualquer justificativa. Chegando o dia 5 de junho de 2017, quando os colegas começaram a receber o salário do mês de maio e nada foi entregue a Leopoldo, ele questionou o pagamento do salário do mês em questão.
 
a) está errado o empregado, pois a teoria rebus sic stantibus  determina que somente trabalhando mais de metade do mês há direito a salário;
 
ERRADA. Embora o empregado esteja errado por não ter ido trabalhar o mês de maio inteiro (relembremos que tanto a desídia quanto o abandono de emprego constituem faltas graves que podem dar ensejo à dispensa por justa causa do empregado, como disposto no art. 482, caput, "e" e "i", da CLT), a teoria rebus sic stantibus consiste numa exceção ao princípio da força obrigatória do contrato (pacta sunt servanda), sendo que este último estabelece que  "tem força de lei o estipulado pelas partes na avença, constrangendo os contratantes ao cumprimento do conteúdo completo do negócio jurídico" (TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. 8 ed. São Paulo: Método. 2018. p. 666).
 
Sendo assim, o princípio posto na alternativa representa a teoria da imprevisão, tendo em vista que aponta a possibilidade de um contrato ser alterado sempre que as circunstâncias, no momento de sua execução, forem diferentes daquelas no momento de sua formação, em decorrência de um fato imprevisível que torna o adimplemento excessivamente oneroso para uma das partes contratantes, conforme dispõe o art. 478, CC:
 
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamenteonerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
 
Como observam Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (Novo curso de direito civil, volume IV: contratos, tomo I: teoria geral. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, pp. 75-76):
 
[...] a teoria da imprevisão, construída a partir da revivescência da vetusta cláusula rebus sic standibus do direito canônico, é invocada quando um acontecimento superveniente e imprevisível torna excessivamente onerosa a prestação imposta a uma das partes, em face da outra que, em geral, se enriquece à sua custa ilicitamente.
[...]
Em outras palavras, por meio da teoria da imprevisão – que, sob nova roupagem, pode também ser denominada teoria da onerosidade excessiva – quer-se evitar o empobrecimento injustificado da parte contratante.
Nessa linha, uma vez configurados os pressupostos da teoria, a parte lesada poderá ingressar em juízo pleiteando a revisão ou a resolução do contrato.
Nota-se, assim, dessa simples análise, que a teoria em questão mitiga ou relativiza o princípio da força obrigatória, na medida em que este só deverá incidir plenamente quando, por razão de justiça, as condições econômicas da execução do contrato forem similares às do tempo de sua celebração.
 
Logo, além de a justificativa da questão quanto ao princípio estar equivocada, não há aplicação deste, pois não houve, de acordo com as informações do enunciado, nenhum acontecimento imprevisível/extraordinário que fizesse com que Leopoldo não fosse trabalhar.
 
b) ambas as partes estão erradas, pois não agiram de boa-fé, a despeito de a conduta reta e honesta ser um princípio basilar dos contratos no Direito Civil;
 
ERRADA. O princípio da boa-fé é conexo ao comportamento honesto dos contratantes, suscitando deveres numa relação obrigacional, tais como: dever de cuidado, dever de respeito, dever de agir conforme confiança depositada, dever de lealdade e proibidade, dever de colaboração e cooperação, dever de agir com honestidade, dever de informar a outra parte etc.
 
Nesse sentido, percebe-se a ausência desse comportamento por parte de Leopoldo, uma vez que ele não informou, bem como não apresentou qualquer justificativa, acerca do motivo de suas ausências à empresa, deixando de cumprir sua prestação na relação contratual e ferindo o princípio da boa-fé objetiva.
 
A empresa, por sua vez, não efetuou o pagamento a Leopoldo porque ele não agiu conforme o pactuado, não havendo, desse modo, má-fé por parte dela. Registre-se, aliás, que o não pagamento por parte da empresa encontra amparo legal na exceptio non adimpleti contractus, prevista no art. 476, CC, verbis:
 
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
 
c) está correta a empresa, pois, em razão da exceptio non adimpleti contractus,  o empregador não precisa cumprir a sua obrigação se o outro contratante não cumpriu a sua parte;
 
CORRETA. Referido princípio está elencado no art. 476 do CC, acima citado. Em outras palavras, ninguém pode exigir que a outra parte cumpra com sua obrigação se primeiro não cumprir com a própria.
 
A exceptio non adimpleti contractus deriva da exceptio doli, sendo esta conceituada como "a defesa do réu contra ações dolosas, contrárias à boa-fé". (TARTUCE, Flávio. Op. Cit. p. 680).
 
Em sentido análogo, temos o magistério de Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (Op. Cit, p. 297):
 
[A exceção do contrato não cumprido consiste] “em um meio de defesa, pelo qual a parte demandada pela execução de um contrato pode argüir que deixou de cumpri-lo pelo fato da outra ainda também não ter satisfeito a prestação correspondente”.
 
Ainda de acordo com a lição dos citados autores (Op. Cit., p. 300), são elementos que caracterizam a exceptio: (a) existência de um contrato bilateral; (b) demanda de uma das partes pelo cumprimento do pactuado; e (c) prévio descumprimento da prestação pela parte demandante.
 
Percebam, portanto, que os três elementos apontados encontram-se presentes, conforme disposto no enunciado, já que estamos diante de um contrato bilateral (contrato de trabalho), houve a demanda de uma das partes contratantes (Leopoldo), bem como se mostra evidente o descumprimento da prestação pela parte demandante (ausência injustificada ao serviço), sendo de todo cabível, por corolário, a invocação da exceção do contrato não cumprido.
 
d) está errada a empresa, pois vigora o princípio da pacta sunt servanda,  pelo que ela é obrigada a cumprir a sua parte no contrato;
 
ERRADA. Como já exposto, o pacta sunt servanda obriga as partes a cumprirem o pactuado. Todavia, o art. 476 do CC estabelece que uma parte não deve exigir que outra cumpra com sua obrigação se ela não cumpriu com própria. Portanto, se Leopoldo não trabalhou e também não justificou a ausência, não pode ser exigido da empresa o cumprimento de sua prestação.
 
Além disso, Flávio Tartuce (Op. Cit., p. 667) aponta que:
 
o princípio da força obrigatória [...] continua previsto em nosso ordenamento jurídico, mas não como regra geral, como antes era concebido. A força obrigatória constitui exceção à regra geral da socialidade, secundária à função social do contrato,  princípio que impera dentro da nova realidade do direito privado contemporâneo. Certo é, portanto, que o princípio da força obrigatória não tem mais encontrado a predominância e a prevalência que exercia no passado. O princípio em questão está, portanto, mitigado ou relativizado, sobretudo pelos princípios sociais da função social do contrato e da boa-fé objetiva.
 
e) está correto o empregador, em virtude da cláusula resolutória implícita existente em qualquer contrato formulado nos moldes do Código Civil.
 
ERRADA. A cláusula resolutiva é uma disposição que prevê a extinção contratual quando uma das partes deixa de cumprir com sua obrigação. A parte prejudicada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato ou exigir seu cumprimento, havendo indenização por perdas e danos em ambos os casos.
Ainda, tal resolução pode ser expressa ou implícita, consoante art. 474, CC:
 
Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial.
 
Portanto, seria necessária interpelação judicial para que o contrato fosse extinto. Não obstante, frisa-se que há posições doutrinárias (p. e. GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Op. Cit., p. 288), bem como jurisprudência (v. REsp n° 538.217/MT, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes de Direito, Órgão Julgador: 3ª Turma, j. em 16.12.2003, p. em 22.03.2004), no sentido de que a interpelação pode ocorrer por outras vias que não a judicial.
7 - Gabarito: Letra D. 
Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
 
Tal disposição trata de
a)  resolução por onerosidade excessiva. INCORRETA. 
 
A resolução por onerosidade excessiva é tratada pelo art. 478 do CC, aplicando-se a contratos de execução continuada ou diferida, ante a superveniência de acontecimento extraordinário e imprevisível que implique alteração da base econômica objetiva do contrato e desproporção entre as prestações das partes, de forma que a prestação de uma seja excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra: 
 
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
b)  cláusula resolutiva. INCORRETA. 
 
A cláusula resolutiva refere-se à resolução do contrato pelo inadimplemento, operando-se automaticamente quando expressa ou mediante interpelação judicial se tácita, nos termos do art. 474 do CC:  
 
Art. 474.A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial.
c)  extinção do contrato por distrato. INCORRETA. 
 
Distrato é a desconstituição do contrato extinguindo os seus efeitos, devendo ser feito da mesma forma exigida para o contrato, conforme prevê o art. 472 do CC: 
 
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
d)  exceção de contrato não cumprido. CORRETA. 
 
A exceção do contrato não cumprido ("exceptio non adimpleti contractus") tem previsão no artigo 476 do CC e trata de exceção a ser exercida pelo contratante cobrado, quando o outro está inadimplente, a fim de que não seja obrigado ao cumprimento de sua obrigação sem que receba a contraprestação ajustada: 
 
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
 
e)  princípio que veda o enriquecimento ilícito. INCORRETA. 
 
O enunciado não tem relação com a vedação ao enriquecimento ilícito, tratada pelo art. 884 do CC: 
 
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.
8 - Gabarito: Letra B. 
Sobre a extinção dos contratos, assinale com V as afirmativas verdadeiras e com F as falsas.
 
(V) O Código Civil brasileiro adotou a teoria da onerosidade excessiva e prevê para a sua configuração a existência de extrema vantagem para uma das partes.
 
A assertiva se refere ao artigo 478 do CC, com o "nomen iuris" de "resolução por onerosidade excessiva", que vale para contratos de execução continuada ou diferida e autoriza a resolução (ou revisão, na forma do artigo 479) do contrato pela superveniência de acontecimento extraordinário e imprevisível, acarretando na desproporção entre as prestações das partes, de forma que a prestação de uma se torne excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra: 
 
Da Resolução por Onerosidade Excessiva
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato.
 
Apesar do nome legal de "resolução por onerosidade excessiva", a teoria abarcada pelo dispositivo, como entende a maioria da doutrina e da jurisprudência, é a chamada "teoria da imprevisão". 
 
O artigo 317 é que adota, propriamente, a "teoria da onerosidade excessiva", viabilizando a revisão do contrato em caso de imprevisibilidade que acarrete desproporção entre a prestação devida e o momento da execução, com possibilidade de correção pelo juiz a pedido da parte para assegurar o valor real: 
 
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
 
Cabe registrar, contudo, que a definição de qual teoria é adotada pelo CC a respeito da revisão contratual por fato superveniente é controvertida. Há quem sustente que o Código Civil adotou a teoria da imprevisão, de forma geral, e quem sustente que adotou a teoria da onerosidade excessiva, inclusive no artigo 478 do CC. Em casos assim, a melhor saída é analisar a questão de forma geral e optar pela alternativa que chegue mais perto de estar correta, considerando, inclusive, as diferentes posições doutrinárias. 
 
(F) Os casos de impossibilidade de cumprimento da prestação em decorrência de caso fortuito ou força maior são solucionados pela aplicação dos dispositivos referentes à resolução por onerosidade excessiva.
 
A resolução por onerosidade tem aplicação em caso de superveniência de acontecimento extraordinário e imprevisível, acarretando na desproporção entre as prestações das partes, conforme artigo 478 do CC (vide comentário acima). 
 
Os casos de decumprimento por caso fortuito (evento totalmente imprevisível) ou força maior (evento previsível, mas inevitável) consubstanciam inexecução involuntária, que tem como efeito, em regra, a impossibilidade de a outra parte pleitear perdas e danos, retornando-se a obrigação ao estado anterior. Flávio Tartuce (Manual de direito civil - volume único) aponta que poderá haver responsabilização pelas perdas e danos: 
 
- Se o devedor estiver em mora, a não ser que por ausência de culpa ou que a perda da coisa objeto da obrigação ocorreria mesmo não havendo o atraso (art. 399 do CC). 
- Havendo previsão no contrato para a responsabilização por esses eventos por meio da cláusula de assunção convencional (art. 393 do CC), cuja validade é discutível nos contratos de consumo e de adesão. 
- Em casos especificados em norma jurídica, como consta, por exemplo, do art. 583 do CC, para o contrato de comodato, segundo o qual "se correndo risco o objeto do comodato, juntamente com outros do comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior". 
 
(V) Nas hipóteses de adimplemento substancial de um contrato, afasta-se a possibilidade de resolução, sem que isto prejudique eventuais pleitos indenizatórios.
 
De fato, pela teoria do adimplemento substancial prestigia-se a manutenção do contrato em detrimento de sua resolução quando tiver sido cumprido em grande parte (substancialmente) pelo devedor.
 
Registre-se que o STJ abarca tal teoria, mas não no casos de contratos firmados com base no Decreto 911/69, em razão de sua incompatibilidade com a legislação que regula a alienação fiduciária (https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documen...). 
 
(V) Se, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
 
É o que prevê o parágrafo único do artigo 473 do CC: 
 
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
 
Assinale a sequência correta V F V V (letra "b"). 
9 - GABARITO C 
a) Nos contratos bilaterais qualquer dos contratantes pode exigir que a outra parte cumpra o avençado, desde que primeiro prove que cumpriu a sua parte - CORRETA.
"Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro."
b) A parte lesada pelo inadimplemento pode optar entre a resolução do contrato ou a exigência de seu cumprimento, além da indenização por perdas e danos - CORRETA.
"Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos."
c) Nos contratos em que as obrigações caibam apenas a uma parte, esta poderá desobrigar-se se a prestação for excessivamente onerosa - INCORRETA.
"Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva."
d) A resolução do contrato de obrigações bilaterais poderá ser evitada se a parte oferecer-se para modificarequitativamente as suas condições - CORRETA.
"Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato."
e) Se for da essência do contrato o instrumento público, o distrato só pode ser feito por esta via - CORRETA.
"Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato."
10 - GABARITO E
Segundo Flávio Tartuce, "pode-se afirmar que a rescisão (que é o gênero) possui as seguintes espécies: resolução (extinção do contrato por descumprimento) e resilição (dissolução por vontade bilateral ou unilateral, quando admissível por lei, de forma expressa ou implícita, pelo reconhecimento de um direito potestativo). As duas situações básicas envolvem o plano da eficácia do contrato, ou seja, o. terceiro degrau da Escada Ponteana" (TARTUCE, Flávio, Manual de Direito Civil, Método. p.555). Revogação, por sua vez, seria o ato pelo qual se desfaz, se retira a eficácia ou efeito de ato anteriormente praticado.”
Desta forma, temos:
- Resolução: descumprimento ou inadimplemento contratual.
Observa-se que a resolução contratual pode se dar de forma voluntária (descumprimento intencional, por dolo ou culpa) da obrigação, ou involuntária (descumprimento contratual por fato alheio à vontade dos contratantes - Ex.: Força maior).
- Resilição: dissolução contratual em decorrência do exercício de um direito potestativo.
Da mesma forma, dizemos que há a resilição unilateral (existente em contratos que admitem a dissolução pela simples declaração de vontade) e a resilição bilateral (celebração de um novo negócio em que ambas as partes resolvem, de comum acordo, pôr fim ao anterior que firmaram - distrato).
Logo, o negócio jurídico formado entre João e Mário constitui um distrato, ou resilição bilateral do contrato.
Assim, está correta a alternativa de letra E.

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