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1 
 
 
Módulo 3 – Professora Aída Monteiro1 
 
Vídeo Aula 12 
Crianças e Adolescentes com Direitos Ameaçados e Violados e a 
Escola 
Este texto vai tratar da questão da criança e do adolescente com direitos 
ameaçados e violados e do papel da escola neste contexto. 
Os professores convivem e se relacionam permanentemente com 
crianças e adolescentes no interior da escola, e devem pensar em formas de 
colaborar no enfrentamento destas violações, tanto no âmbito da questão do 
trabalho infantil, da evasão escolar ou da exploração sexual da criança e do 
adolescente, por exemplo, quanto das violações relacionadas às próprias 
praticas pedagógicas desenvolvidas no interior da escola, muitas vezes, sem a 
percepção, por parte dos professores, de que estas práticas representem 
violações de direitos. 
O primeiro ponto a considerarmos é o que é realmente um direito. No 
Brasil nós temos um Estado democrático de direitos, que assegura que a 
criança e o adolescente são sujeitos de direitos, ou seja, são indivíduos que 
têm assegurado pelo Estado Brasileiro, nas suas legislações, ou normas, os 
bens sociais que todo ser humano deve ter para desenvolver uma condição de 
vida digna: a educação, a saúde, a habitação, o saneamento, o lazer. Este 
conjunto de direitos assegura que se tenha uma vida com dignidade, ou seja, 
que se possa ser um sujeito de direitos. Nós sabemos, porém, que muitos 
 
1 Aída Monteiro é pedagoga e doutora em Educação, e secretária-executiva de 
Desenvolvimento da Educação de Pernambuco com experiência na Secretaria Especial de 
Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH – PR). 
2 Foram feitas apenas as adaptações necessárias à transposição do texto falado para o texto 
escrito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
desses direitos, no conjunto da sociedade não são assegurados, às vezes são 
assegurados parcialmente e às vezes são violados totalmente. 
O primeiro passo para que se possa começar a desenvolver uma ação 
de intervenção neste processo de negação dos direitos, quando há violações, é 
o conhecimento. Nós, professores, precisamos conhecer todos os mecanismos 
de enfrentamento, as legislações e o ECA, o Estatuto da Criança e do 
Adolescente, que é um instrumento fundamental para trabalhar no 
enfrentamento das violações desses direitos básicos. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente, apesar de ter completado 18 
anos (tempo simbolicamente chamado de “sua maioridade”), ainda é muito 
desconhecido. Este desconhecimento, muitas vezes, gera um pré-conceito que 
advém da falta de clareza sobre quais são os direitos da criança e do 
adolescente e quais são, também, os seus deveres, pois nós não podemos 
pensar em direito dissociado de deveres, porque senão deixa de ser direito e 
passa a ser privilégio. Nesse sentido, tanto o aluno, a criança ou o adolescente, 
como também o professor ou professora, tem direitos e deveres e devem ter 
clareza disso. Esta é uma questão muito importante, pois permite que nós 
percebamos quais são os limites dos jovens, crianças ou adolescentes e quais 
são as formas possíveis de se interagir com estes alunos. Se o professor não 
tem estas informações, estes conhecimentos, ele deixa de ajudar. É importante 
colocar que o comportamento como professor, e da própria escola como um 
todo, deve se dar sempre dentro do papel educativo. A escola não deve nunca 
tomar atitudes de criminalização. Nem do estudante, nem de sua família, deve, 
ao contrário, buscar formas de trabalhar o processo educativo, esta é a grande 
função que a escola tem 
Muitas vezes, nas práticas pedagógicas, nós cometemos violações de 
direitos do aluno. Um caso muito comum, por exemplo, no interior da escola, 
está relacionado aos processos avaliativos. Muitas vezes o aluno sequer tem 
conhecimento do que está sendo avaliado ou sobre como ele está sendo 
avaliado. A avaliação deixa de ser um instrumento pedagógico, de ampliação e 
melhoria da aprendizagem do aluno, e passa a ser um instrumento de 
repressão na prática pedagógica do professor, na relação ele tem com o aluno. 
Quando ele não consegue, por exemplo, dominar a disciplina na sala de 
aula, ele usa, muitas vezes o instrumento da avaliação como uma forma de 
cobrança e de repressão, o que distorce totalmente o sentido e a concepção da 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
avaliação. 
O estudante, que muitas vezes chega à escola com rebeldia ou 
comportamentos agressivos, não raramente, nunca teve quem o escutasse, 
quem pudesse lhe ouvir, lhe dar uma palavra de confiança. Muitas vezes, o fato 
do professor se aproximar do aluno possibilita a criação de um sentimento de 
empatia, estabelecendo um nível de confiança que vai possibilitar que o aluno 
possa ter outras atitudes. É o que nós chamamos, hoje, de empoderamento3, 
um termo já bastante comum na educação. 
É preciso que nós tenhamos clareza de que um dos principais fatores do 
trabalho de enfrentamento na escola é o diálogo. Este diálogo é 
importantíssimo, porque é através dele que o professor vai conhecer quem é o 
seu aluno e quem é a família dele. Muitas vezes, pela falta destes 
conhecimentos, o professor fica sem ter alternativas para buscar soluções. O 
próprio Paulo Freire já levantava esta bandeira da ‘dialogicidade’ no interior das 
relações e das práticas pedagógicas. A escola precisa ter esta relação de 
empatia com os alunos, conhecendo de perto quem são eles e suas famílias. 
O conselho escolar é uma ferramenta importante também, além dos 
grêmios estudantis. Hoje nós temos experiências e pesquisas estão mostrando 
que onde o conselho escolar e o grêmio estudantil funcionam bem, as escolas, 
em geral, têm bons resultados. Estas instâncias realmente nos ajudam a 
enfrentar as problemáticas que estão no interior da escola, que são, também, 
as problemáticas vivenciadas na sociedade como um todo. A escola hoje é 
quase uma vitrine dentro da comunidade. É preciso que a gente compreenda 
isso, e é por isso que o trabalho da escola não pode ser, de forma alguma, 
dissociado do que está acontecendo com a comunidade, 
Nós temos uma história que se deu num processo de violação 
permanente. Desde o início do nosso país, convivemos com a concepção de 
que o ser humano era objeto, como acontecia, por exemplo, no período da 
escravidão, em que um ser humano poderia, inclusive, ser vendido. Nós ainda 
temos outra problemática seriíssima, que se chama trabalho infantil e que 
representa uma exploração permanente de crianças que, muitas vezes, estão 
em locais que colocam a sua vida em risco. A escola, muitas vezes sequer tem 
 
3 fortalecimento das capacidades de uma pessoa ou grupo, para habilitá-los a assumir o 
controle das suas vidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
conhecimento disso, ela não sabe o que está acontecendo com esta criança ou 
adolescente, e por isso, tem dificuldade em ajudá-lo. 
Para oferecer ajuda, a escola deve buscar outros apoios como no 
Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente ou no Conselho Tutelar, 
tentando colaborar com a busca de alternativas de subsistência para estas 
famílias, para que elas possam tirar esta criança ou adolescente das condições 
de trabalho. A partir daí, quando outros direitos são garantidos, poderemos 
garantir o direito básico que à educação. Este direito a gente não pode abrir 
mão. É um papel nosso, um dever nosso e nós temos que realmente procurar 
as alternativas de tal maneira que tanto o professor como o aluno fiquem 
respaldados na garantia de seus direitos.

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