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Avaliação de Toxicidade Aula 2 Toda substância, pode ser considerada agente tóxico, dependendo das condições de exposição como dose administrada ou absorvida, tempo e freqüência de exposição (dose única ou doses múltiplas), vias (respiratória, oral, dérmica, parenteral). É necessário conhecer as condições seguras de uso de substâncias químicas tóxicas para a saúde humana Uma substância altamente tóxica promoverá efeito tóxico quando empregada em pequenas quantidades, enquanto que substâncias de baixa toxicidade necessitam de altas doses para promoverem efeito tóxico. Dose – especifica a quantidade de uma substância química administrada a um organismo vivo, geralmente expressa por unidade de peso corpóreo. Concentração – indica a quantidade de agente químico a que um organismo foi exposto. Relação dose/efeito e relação dose/resposta Relação dose/efeito: aumento da dose promove aumento do efeito, indica a alteração biológica individual Relação dose/resposta: indica a proporção da população que manifesta um efeito definido. A resposta é a taxa de incidência de um efeito. Curva Dose-efeito Curva dose-resposta Para o estabelecimento da curva dose resposta/efeito devem ser assumidas as seguintes afirmativas: a) a resposta obtida num experimento seja resultante do agente químico administrado. b) a resposta esteja de fato relacionada com a dose administrada b.1) existir um sítio molecular ou receptor com o qual a substância interage produzindo uma resposta (resposta deve ser quantificável) b.2) a resposta e o grau dessa resposta estão relacionados com a concentração do agente tóxico no sítio de ação. b.3) a concentração neste sítio de ação está relacionada com a dose administrada. Cada indivíduo de uma população tem uma tolerância singular e requer uma certa dose antes de apresentar um efeito, ou seja, existe uma dose um tanto baixa para a qual nenhum indivíduo irá apresentar o efeito como uma dose alta para a qual todos responderão. Fatores que influenciam na aceitação de risco Necessidade de uso da substância Existência de alternativas ao uso da substâncias Previsão da extensão do uso e exposição pela população Considerações econômicas Efeitos no ambiente Conservação de reservas naturais Ensaios de avaliação de toxicidade No Brasil, a Resolução 1/78 (D.O. 17/10/1978) do Conselho Nacional de Saúde estabelece os tipos de ensaios de toxicidade. Os testes são realizados em substâncias a serem produzidas em larga escala Vigente: 466/12 A lista de estudos pode variar de um país para o outro, mas basicamente inclui os seguintes tópicos: Informações preliminares Toxicocinética Toxicidade aguda Toxicidade sub-crônica (curta duração) Toxicidade crônica (longo prazo) Mutagênese e carcinogênese Reprodução e teratogênese Sensibilidade cutânea Ecotoxicidade Informações Preliminares Tem por objetivo conhecer a substância que será submetida aos estudos de toxicidade •Estrutura química •Impurezas •Propriedades físico-químicas •Dados de exposição Toxicocinética • Informações sobre absorção, distribuição, armazenamento, biotransformação e eliminação. • Caracterização dos produtos de biotransformação. • Variações de acordo com a espécie animal. • Interferências nos sistemas enzimáticos P-450 Toxicidade aguda Define-se dose letal (DL50) como a concentração de uma substância química capaz de matar 50% da população de animais testados Dose Letal 50 (DL50) Substância DL50 oral em ratos machos (mg/kg) Etanol 7000 Cloreto de sódio 3000 Sulfato cúprico 1500 DDT 100 Nicotina 60 Tetrodotoxina 0,02 Dioxina 0,02 Metodologia DL50 Grupos de 50 animais por dose Apenas um gênero Vias de administração: oral, dérmica e inalatória Determina a classe toxicológica e as precauções no rótulo Caracteriza a relação dose resposta que conduz ao cálculo da DL50 Fornece informações sobre tecidos e órgãos, através de estudos macroscópicos e microscópicos; Fornece dados sobre outros efeitos: início, natureza e duração da intoxicação associada a morte Exemplo: administração de um agente tóxico em animais (grupos de 50 animais), em 4 doses diferentes, por via oral. O efeito observado é a morte. CONTROLE G1 (2 mg/kg) G2 (4 mg/kg) G3 (6 mg/kg) G4 (8 mg/kg) 0/50 1/50 13/50 27/50 48/50 CLASSIFICAÇÃO DE TOXICIDADE (DL50) Classificação de toxicidade DL 50 oral em ratos (mg/Kg) Muito tóxica < 25 Tóxica 25 a 200 Nociva 200 a 2000 Teste de dose fixa Método para a avaliação da toxicidade aguda oral, o qual evitava utilizar o critério morte dos animais como o objetivo final e propôs a observação do aparecimento de sinais claros de toxicidade decorrentes da exposição a uma série de doses fixas Método Dose Fixa Método: 5, 50 e 500 mg/kg (começa com 500mg/kg) 5 machos e 5 femeas Dose (mg/kg) Classe Toxicidade < 5 I Extremamente tóxico 5 a 50 II Altamente tóxico 50 a 500 III Medianamente tóxico > 500 IV Pouco tóxico CLASSIFICAÇÃO DE TOXICIDADE – Dose fixa (indicação no rótulos de praguicidas) Classe Toxicidade Rótulo I I Extremamente tóxico Faixa vermelha II II Altamente tóxico Faixa amarela III III Medianamente tóxico Faixa azul IV IV Pouco tóxico Faixa verde Novo Marco Regulatório Toxicidade sub-crônica dose de não observação de efeitos (NOEL) identificar os órgãos afetados e a severidade dos danos após exposições repetidas determinar se o efeito é devido ao acúmulo da substância ou não o teste deve ser realizado em pelo menos duas espécies animais, sendo uma não roedora, utilizando pelo menos 3 doses. 21 a 90 dias em roedores; 1 ano para animais de maior porte caracteriza os efeitos de exposições repetidas Exemplo: administração de um agente tóxico em animais, em 4 doses diferentes, por via oral. O efeito observado é lesão hepática. CONTROLE G1:1,25 mg/Kg/dia G2: 2,5 mg/Kg/dia G3: 5 mg/Kg/dia G4: 10 mg/Kg/dia Não observação de efeito Não observação de efeito Não observação de efeito Lesão hepática leve Lesão hepática evidente NOEL E IDA IDA: Ingestão diária aceitável NOEL: No observed effects level IDA = NOEL______ fator de segurança Exemplo: Aspartame: IDA = 50 mg/kg NOEL = 5000 mg/kg/dia Fator de segurança = 100 Deve-se observar o consumo de ração, alteração no peso corpóreo e aspectos gerais para se determinar o início da ação tóxica. Considera-se que o homem é 10 vezes mais sensível que a espécie mais sensível de animal de laboratório. Considera-se que na espécie humana haverá variações de sensibilidade de até 10 vezes entre os indivíduos. Toxicidade crônica Segue o protocolo básico da toxicidade crônica. Período deve ser superior a 3 meses (6 meses a 2 anos em roedores e 1 ano em não roedores). 2 espécies, 10 a 50 animais por dose e sexo. Observam-se os efeitos tóxicos após exposição prolongada (ex: carcinogênese). Dificuldade: de escolha da espécie animal e das doses, são testes longos e sofrem a influência de muitas variáveis. Sensibilidade local (pele e olhos) DRAIZE Avaliação dos efeitos diretos sobre olhos e pele Animal: coelho Teste de Draize (1944) Parâmetros avaliados: Pele: eritema, escara, edema e corrosão Olhos: alterações da conjuntiva, córnea, íris e cristalino Irritação reversível ou não reversível (permanece por mais de 14 dias) Classe Olhos Pele I opacidade da córnea reversível ou não em 7 dias, irritação permanente corrosivo II sem opacidade da córnea, irritação reversível 7 dias irritação severa III sem opacidade da córnea, irritação reversível 72 horas irritação moderada IV sem opacidade da córnea, irritação reversível 24 horas irritação leve hipernsibilidade cutânea(alergia) Coelhos ou cobaias Doses repetidas da substância, com ou sem adjuvantes, por um período de uma a duas semanas Após duas ou três semanas da última exposição os animais são submetidos a uma dose não irritante e o aparecimento de eritema é monitorado. Estudos de mutagênese e carcinogênese Identifica agentes mutagênicos (capazes de provocar modificações no material genético das células,que serão transmitidas às novas células durante a divisão celular) Teste in vitro: teste de AMES (1975): Cepas de Salmonella typhimurium (dependentes de histidina) Testes in vivo: cromossomas de células de medula óssea em metáfase, avaliação de leucócitos no sangue periférico e o teste dominante letal (espermatozóides). Teste de carcinogênese: emprega-se a maior dose tolerada, durante o período médio de vida do animal Estudos de reprodução e teratogênese Avalia a fertilidade, o desempenho para reprodução, potencial teratogênico, toxicidade Peri e pós-natal Exposição só do macho; só da fêmea; ambos antes do acasalamento Exposição do macho durante a durante a espermogênese ou da fêmea após o acasalamento Exposição da fêmea prenhes. Pode-se administrar altas doses no período de organogênese ou doses menores durante toda a gestação para efeitos embriogênicos. Observar: comportamento no acasalamento, fertilidade, ocorrências durante a gravidez e após o parto Para agentes químicos que atravessam a barreira placentária: informações sobre o desenvolvimento e sobrevivência do embrião no útero. Ecotoxicidade Estuda os efeitos de substâncias liberadas no meio ambiente sobre os organismos vivos Monitoramento de substâncias químicas em amostras ambientais. Monitoramento biológico (observação da população de pássaros predadores, morte de abelhas produtoras de mel). Fatores que podem determinar a ecotoxicidade de uma substância: Características químicas possíveis estados de oxidação, impuresas, interações com outros materiais, produtos de degradação) Potencial de biodegradação Testes de toxicidade aguda Testes de toxicidade crônica Efeitos radioativos Bioacumulação (substâncias lipossolúveis podem entrar na cadeia alimentar) Bioacumulação é o termo geral que descreve um processo pelo qual substâncias (ou compostos químicos) são absorvidas pelos organismos. O processo pode ocorrer de forma direta, quando as substâncias são assimiladas a partir do meio ambiente (solo, sedimento, água) ou de forma indireta pela ingestão de alimentos quem contém essas substâncias. Esses processos frequentemente ocorrem de forma simultânea, em especial em ambientes aquáticos. Biomagnificação (ou magnificação trófica) é um fenômeno que ocorre quando há acúmulo progressivo de substâncias de um nível trófico para outro ao longo da teia alimentar. Assim, os predadores de topo têm maiores concentrações dessas substâncias do que suas presas.
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