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Nise da Silveira_ a mulher que revolucionou a saúde mental no Brasil SESAU Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas

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/
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
Governo do Estado de Alagoas
Nise da Silveira: a mulher que
revolucionou a saúde mental no Brasil
10 DE OUTUBRO DE 2016
Repórter: Marcel Vital
Fotos: Olival Santos / Carla Cleto
Nascida em Maceió, no dia 15 de fevereiro de 1905,
Nise da Silveira, psiquiatra alagoana e pioneira da
Terapia Ocupacional no Brasil, deixou Alagoas com
apenas 16 anos, para cursar a Faculdade de
Medicina na Bahia, sendo a única mulher numa
turma de 157 alunos. Em 1926, ela conclui o curso,
apresentando o estudo sobre Ensaio sobre a
criminalidade da mulher no Brasil, e se casou com
um amigo de sala, o médico sanitarista Mario
Magalhães. No ano seguinte, o casal se mudou para
o Rio de Janeiro, onde ela começou a atuar como
médica, além de escrever uma coluna sobre
medicina para o Jornal A Manhã.
No entanto, foi só em 1933, quando passou em um
concurso público, que sua vida profissional se
cruzou com a psiquiatria para não mais se
dissociarem. Em 1934, após ser denunciada por
uma enfermeira que mostrou à polícia política de
Getúlio Vargas, liderada então pelo feroz Filinto
Müller, os livros marxistas “subversivos” que ela
guardava na sua estante, a psiquiatra alagoana
passou 15 meses no presídio Frei Caneca, onde
sofreu diversos tipos tortura e, quando liberada, em
1936, foi afastada pelo serviço público e viveu na
semiclandestinidade por oito anos ao lado do marido
devido ao risco de ser novamente presa.
A experiência teria, no futuro, influência
determinante na condução de suas técnicas de
tratamento, que evitavam, ao máximo, o
/
enclausuramento das pessoas com transtornos
mentais.
Uma psiquiatra rebelde 
Contrária a práticas como o eletrochoque, a
lobotomia, o choque de insulina e o de cariazol,
seguiu o caminho da Terapêutica Ocupacional e se
propôs a fortalecer esse método transformando-o
em um campo de pesquisa. Os valores, como o
respeito aos pacientes, o afeto, a liberdade, a
criatividade, contrariavam a concepção de um
hospital psiquiátrico na época.
“Nise foi um ícone para a psiquiatria brasileira e
mundial. Ela chutou muitas portas para impor sua
visão humanista nos hospícios brasileiros. Através
da Terapia Ocupacional ela encontrou uma forma de
tratamento para os portadores de transtornos
mentais, onde resgatou a autonomia, a criatividade e
a capacidade de eles se comunicarem uns com os
outros. Além de incluir a dimensão do bem-estar
num conceito maior, na qual a sociedade
entendesse a doença e passasse a tratá-los,
sobretudo, com respeito e dignidade que
prevalecem em qualquer situação”, explica
Rosimeire Rodrigues Cavalcanti, psiquiatra e
secretária executiva de Ações de Saúde da
Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).
Em 1944, Nise foi reintegrada ao serviço público,
sendo lotado no Hospital Pedro II, antigo Centro
Psiquiátrico Nacional do Rio de Janeiro, no Engenho
de Dentro, um dos maiores hospícios do Brasil,
criado no século 19. Nise sentia-se inapta para
exercer a tarefa de psiquiatria, pois, era ferozmente
contra os métodos tradicionais da época que
considerava extremamente brutais e recordavam-lhe
as torturas do Estado Novo aplicada aos dissidentes
políticos e que ela conhecia bem. Por causa de sua
discordância com as técnicas então usadas e
celebradas, foi perseguida pelos médicos do hospital
e transferida para o Setor de Terapia Ocupacional do
Pedro II, espaço de menor prestígio na instituição.
Até então, esse tipo de terapia consistia,
praticamente, em apenas usar os pacientes dos
hospitais psiquiátricos como serviçais. Os pacientes
psiquiátricos eram usados para varrer, limpar vasos
sanitários e servir outros doentes.
/
O afeto catalisador
Além dos ateliês de artes da STOR, Nise da Silveira
também introduziu cães e gatos na vida de seus
pacientes, para que se apegassem a eles, criando
um elo com o mundo real. Para ela, os resultados
terapêuticos das relações afetivas entre o animal e o
doente eram excelentes. Ela dizia que os gatos são
“excelentes companheiros de estudos, amam o
silêncio e cultivam a concentração” e admirava a
independência dos felinos.
O encontro com Jung
De acordo com Rosimeire Rodrigues, na Psicologia
Analítica Junguiana, a psiquiatra alagoana
encontrou não somente a explicação que buscava
para a iconografia dos seus pacientes
esquizofrênicos, como também a base teórica que
dava corpo à sua experiência pioneira com a terapia
ocupacional.
“Nise começou a observá-lo, pois enxergava em
Jung muitos instrumentos para trabalhar fatores que,
direta ou indiretamente, resultavam numa ampliação
do mundo esquizofrênico, permitindo, pela primeira
vez, através do contato com os animais, da
espontaneidade, do fazer e da metalinguagem a
possibilidade de acessar o ser recolhido em seu
mundo inconsciente e infundir nele forças curativas
mediadas por símbolos e afetos”, explica a
secretária executiva.
Mais que estabelecer uma relação entre arte e
loucura, os ateliês de Nise foram capazes de revelar
artistas plásticos talentosos dentre seus pacientes,
que chamaram a atenção não somente de
pesquisadores de saúde mental e médicos, mas
também de críticos de arte.
O legado intelectual 
/
O Museu de Imagens do Inconsciente possui,
atualmente, mais de 360 mil obras, e já participou de
mais de 10 exposições nacionais e internacionais.
Suas principais coleções foram tombadas pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
e o acervo pessoal de Nise da Silveira é tombado
como Memória do Mundo da Unesco.
Outro grande feito de Nise foi a fundação do
primeiro serviço de egressos psicóticos, a Casa das
Palmeiras, aberta em 1956. “De certo, Nise foi uma
das pioneiras de ideias e ações que compuseram a
Reforma Psiquiátrica brasileira”, afirma Claudete
Lins, responsável Técnica pela Reabilitação
Psicossocial da Sesau.
Segundo ela, Nise afirmava que o hospital
psiquiátrico colaborava com a doença e acreditava
que caberia à terapia ocupacional parte importante
na mudança desse ambiente. “O que cura não é o
remédio, mas o afeto. O que possibilita essa
transferência de caráter prático entre mim e o outro
é a ponte afetiva com o mundo, fazendo com que o
paciente psiquiátrico saia de uma condição
patológica e renasça para inúmeras possibilidades e
oportunidades”, diz. Nise foi, ainda, membro
fundadora da Sociedade Internacional de
Psicopatologia da Expressão, com sede em Paris.
Para Claudete Lins, “o maior legado de Nise foi
introduzir o afeto e a expressividade como
elementos transformadores no tratamento do
paciente psiquiátrico. “Em outras palavras, na visão
dela, o esquizofrênico não era um ser diferente, mas
um frágil gérmen de vida que procura em vão
romper a densa casca que o impede de ver a luz do
mundo”, destaca.
“Seria tão bom se a saúde mental fosse valorizada,
porque sabemos que ainda existe muito preconceito
e pouca valorização na reconstrução da vida desses
seres humanos que estão em sofrimento. Acredito
que a obra de Nise da Silveira, de valor
incontestável, deve, conforme o próprio desejo
manifestado por ela, ser lida, relida e aperfeiçoada,
dentro do possível. Ela foi uma figura singular”,
pontuou.
Nise da Silveira, uma das primeiras a falar em
desinstitucionalização dos manicômios no Brasil,
publicou dez livros e escreveu uma série de artigos
científicos que muito contribuíram para os estudos
/
(http://servicos.al.gov.br)
(http://bipartite.saude.al.gov.br/)
da psiquiatria. Morreu, aos 94 anos de idade, no dia
30 de outubro de 1999, vítima de insuficiência
respiratória aguda.
http://servicos.al.gov.br/
http://bipartite.saude.al.gov.br/

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