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Direito penal I - Parte Geral

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DIREITO PENAL I – 
PARTE GERAL
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Rodrigo Koenig França
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
 Prof.ª Tathyane Lucas Simão
 Prof. Ivan Tesck
Revisão de Conteúdo: Prof. Ivan Tesck
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2017
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
 345
 F814d França Rodrigo Koenig
Direito penal I - parte geral/ Rodrigo Koenig França. Indaial : 
UNIASSELVI, 2017.
122 p. : il.
 
 ISBN 978-85-69910-68-8
1. Direito Penal.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Impresso por:
Rodrigo Koenig França
Possui graduação em Direito pelo Centro 
Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI 
(2006) – e Especialização em Ciências Penais pela 
Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL 
(2009). Advogado, atualmente exercendo a função de 
Procurador-Geral do Município de Indaial (2017). Ex-
assistente de Promotoria de Justiça do Ministério Público 
do Estado de Santa Catarina (2007 a 2016). Professor 
Universitário pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci 
– Uniasselvi (2009 – atual) – e Fundação Universidade 
Regional de Blumenau – FURB (2013 – atual) –, tendo 
lecionado as disciplinas de Direito Penal – Parte Geral 
e Especial –, Legislação Penal Especial, Criminologia, 
Prática Jurídica Penal, Direito Ambiental e Direito 
da Infância e Juventude. Autor de obras jurídicas 
nas áreas de direito penal e ambiental. Tem 
experiência na área de direito público, com 
ênfase em direito penal, ambiental, infância e 
juventude e administrativo.
Sumário
APRESENTAÇÃO ......................................................................7
CAPÍTULO 1
Introdução ao Estudo do Direito Penal..............................9
CAPÍTULO 2
Da Aplicação da Lei Penal .....................................................23
CAPÍTULO 3
Teoria Geral do Crime ..........................................................43
APRESENTAÇÃO
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à disciplina de Direito Penal I – Parte 
Geral.
Neste Livro de Estudos abordaremos temas relevantes no âmbito da aplicação 
do direito penal, notadamente em relação a parte geral do Código Penal Brasileiro.
Em um primeiro momento (Capítulo 1), analisaremos aspectos voltados ao 
conceito, funções e características do crime, bem como vamos verificar como surge 
um comportamento penal incriminador e como o mesmo passa a surtir efeitos na 
sociedade.
A segunda etapa (Capítulo 2) consiste em aprofundar a matéria quanto a 
aplicação da Lei Penal, analisando as características da Lei Penal, diferença de lei e 
norma penal, espécies de lei penal, e, também, será analisado o princípio considerado 
por muitos autores como o mais importante no âmbito do direito penal, qual seja, o 
princípio da legalidade.
Finalizando o capítulo serão estudados temas relacionados ao lugar e tempo do 
crime, além de aspectos relacionados a aplicação da lei penal brasileira no exterior.
No terceiro e último capítulo (Capítulo 3), estudaremos a Teoria Geral do Crime, 
pormenorizando os elementos do crime com o objetivo de compreender toda sua 
estrutura, identificando os aspectos objetivos e subjetivos de uma infração penal.
O estudo do direito penal é empolgante, e desejo que durante a leitura do 
presente livro você consiga identificar os diversos liames jurídicos na aplicação do 
direito penal.
Bons Estudos!
Professor Rodrigo Koenig França.
CAPÍTULO 1
Introdução ao Estudo do 
Direito Penal
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Compreender a concepção do direito penal e sua fi nalidade, identifi cando suas 
funções e características.
 Conhecer as fontes do direito penal e a aplicação da lei penal no tempo e no 
espaço.
 Identifi car as espécies de infrações penais e seus elementos.
 Analisar as relações interpessoais e reconhecer as hipóteses de aplicação do 
direito penal.
10
 Direito Penal I – Parte Geral
11
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PENAL Capítulo 1 
ConteXtualiZação
O direito penal, como instrumento de pacifi cação social, é de extrema im-
portância no ordenamento jurídico brasileiro, sendo um dos ramos do direito que 
recebe maior destaque em razão de sua função primordial no Estado Democrático 
de Direito.
Neste capítulo inaugural, abordaremos os aspectos introdutórios ao estudo 
do direito penal, que nos permitirão compreender a sua concepção e fi nalidade, 
identifi cando suas funções e características. Também vamos conhecer as fontes 
do direito penal, identifi cando a forma de criação da lei penal e sua aplicação, 
abordando, por fi m, as espécies de infrações penais e seus elementos.
Com esta abordagem inicial, pretende-se capacitar o pós-graduando para 
fazer uma análise das relações interpessoais e reconhecer as hipóteses de apli-
cação do direito penal.
Conceito de Direito Penal
O estudo do direito penal parte de aspectos que, em um primeiro momen-
to, podem parecer simples, mas que no decorrer da análise da dogmática penal, 
tomam contornos envolventes que explicam a razão de ser desta ciência extrema-
mente complexa e de suma importância para a vida em sociedade.
O ponto de partida é saber o conceito de direito penal. Para Capez (2016), 
o direito penal é o segmento do ordenamento jurídico responsável por selecionar 
os comportamentos humanos mais graves e atentatórios à sociedade, capazes de 
colocar em risco valores fundamentais para a convivência social, sancionando-os 
com uma pena criminal ou medida de segurança, além de estabelecer as regras 
necessárias a sua correta e justa aplicação.
O direito penal, assim, “[...] é visto como uma ordem de paz pública e de tutela 
das relações sociais, cuja missão é proteger a convivência humana, assegurando, 
por meio da coação estatal, a inquebrantalidade da ordem jurídica” (JESCHECK, 
1981 apud PRADO, 2008, p. 56).
Para atingir seu objetivo de proteger a sociedade, o direito penal como ciên-
cia se ocupa da interpretação, sistematização e desenvolvimento dos dispositivos 
legais, estabelecendo critérios objetivos para sua imposição, adequando as nor-
mas penais aos princípios constitucionais, “[...] não permitindo a descrição como 
infrações penais de condutas inofensivas ou de manifestações livres que todo o 
cidadão tem direito” (CAPEZ, 2016, p. 1).
12
 Direito Penal I – Parte Geral
Para aprofundar o estudo acerca do conceito de direito penal, 
sugere-se a leitura do artigo intitulado “Introdução aos fundamentos 
do direito penal”, disponível no seguinte endereço eletrônico: 
<https://goo.gl/QtEWFa>.
Desta forma, podemos notar que o conceito de direito penal é bastante 
aberto, considerando função do Estado a proteção das pessoas, bem como dos 
bens jurídicos mais importantes para a vida em sociedade, como veremos no 
próximo tópico.
FunçÕes do Direito Penal
O direito penal tem a função primordial de proteger os valores fundamentais 
para a convivência social, como por exemplo, a vida, a dignidade sexual, 
o patrimônio etc., não tutelando questões fúteis ou de inexpressiva lesão à 
coletividade. Desta forma, tem-se que a proteção do direito penal se destina à 
manutenção de um convívio social harmonioso, permitindo que os indivíduos 
desfrutem de todas as suas garantias constitucionais.
É evidente que estamos tratando da função desejada ou almejada pelo direito 
penal, sendo que nosdias atuais, diariamente temos exemplos de limitações ao 
pleno exercício dos direitos e garantias fundamentais do cidadão. Exemplo disso 
é a insegurança que acomete toda a sociedade, obrigada a investir em segurança 
residencial para garantir que seu patrimônio não seja alvo de criminosos ou se vê 
impedida de sair à rua em determinados horários em razão do risco de assaltos, 
estupros ou outro tipo de violência.
Por isso dizemos que o direito penal é uma ciência do dever ser, em que as 
regras penais são direcionadas em sentido genérico, abstrato, fundado no ideal 
de que os homens respeitem o ordenamento jurídico.
A ciência do dever ser é aquela em que se espera que as pessoas 
cumpram as normas jurídicas.
Para concretizar o respeito às normas penais, o direito penal se 
utiliza do jus puniendi, que consistente no poder do Estado de aplicar 
uma sanção penal (punição) àquele que desrespeita uma norma 
A ciência do dever 
ser é aquela em que 
se espera que as 
pessoas cumpram 
as normas jurídicas.
13
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PENAL Capítulo 1 
penal proibitiva, ou seja, exerce-se uma intimidação coletiva, mediante a difusão 
do temor aos possíveis infratores do risco da sanção penal (CAPEZ, 2016). 
Esta intimidação coletiva é conhecida como prevenção geral, sendo uma das 
fi nalidades do direito penal (prevenir/evitar a ocorrência de crimes). Explicando o 
direito penal e o instituto do jus puniendi, Prado (2008, p. 56) assevera:
Do ponto de vista objetivo, o direito penal (jus poenale) signifi ca 
não mais do que um conjunto de normas que defi nem os delitos 
às sanções que lhes correspondem, orientando, também, 
sua aplicação. Já em sentido subjetivo (jus puniendi), diz 
respeito ao direito de punir do Estado (princípio da soberania), 
correspondente a sua exclusiva faculdade de impor sanção 
criminal diante da prática de um delito.
O direito penal também se apresenta como a celebração de um compromisso 
ético entre o Estado e o indivíduo, pelos quais se consiga o respeito às normas, 
menos pela coação e mais pela convicção da sua necessidade e justiça (CAPEZ, 
2016).
Assim, o direito penal não se apresenta apenas como ferramenta de punição, 
mas também como instrumento para delimitar o certo e o errado, defi nindo de 
forma objetiva os valores protegidos pelo Estado para garantir a paz e a justiça 
social, conscientizando a sociedade da importância do respeito às leis.
CaracterÍsticas do Direito Penal
O direito penal, como estudado anteriormente, tem como objetivo principal a 
garantia da ordem pública, protegendo os bens jurídicos mais importantes para a 
vida em sociedade, impondo ao transgressor da lei penal uma sanção criminal.
Uma das principais características do direito penal, segundo Bitencourt 
(2014), repousa em sua fi nalidade preventiva, consistente em motivar o cidadão 
a não praticar um crime, estabelecendo normas proibitivas e cominando as 
sanções respectivas.
O direito penal possui caráter preventivo (prevenir a prática do 
crime) e retributivo (punir o desrespeito à lei penal).
O direito penal também é valorativo, pois estabelece uma escala 
de valores que varia de acordo com o comportamento do agente, 
atuando, também, com caráter fi nalista, pois objetiva a proteção dos 
bens jurídicos mais importantes para a manutenção da paz social.
O direito penal 
possui caráter 
preventivo (prevenir 
a prática do crime) 
e retributivo (punir 
o desrespeito à lei 
penal).
14
 Direito Penal I – Parte Geral
Por fi m, o direito penal é sancionador, uma vez que protege a ordem jurídica 
cominando sanções/penas (BITENCOURT, 2014). Logo, podemos notar que as 
características do direito penal são voltadas à proteção da sociedade, objetivando 
salvaguardar a sociedade e seus bens jurídicos mais importantes.
Fontes do Direito Penal
“O termo fonte pode ser interpretado como fundamento de validade jurídico 
positiva das normas de direito, equiparando-se à noção de validade das leis” 
(KELSEN, 1974, p. 258), ou seja, quando nos deparamos com as fontes do direito, 
devemos analisar a legitimidade do criador da norma (produção) e suas formas de 
exteriorização (aplicação).
Fontes Materiais ou de Produção
No ordenamento jurídico brasileiro, compete exclusivamente à União 
legislar para criar normas penais, nos termos do artigo 22, inciso I, da 
Constituição Federal de 1988. Contudo, o artigo 22, parágrafo único, da 
Constituição Federal de 1988, prevê que Lei Complementar poderá autorizar 
os Estados-Membros a legislar sobre questões específi cas acerca de matérias 
penais. Cernicchiaro (1991 apud CAPEZ, 2016, p. 45), esclarece que: 
[...] os Estados não podem legislar sobre matéria fundamental de 
direito penal, criando crimes ou ampliando as causas extintivas 
de punibilidade já existentes, só tendo competência para legislar 
nas lacunas da lei federal e, mesmo assim, em questões de 
interesse específi co e local.
Vejamos o que diz o artigo 22, inciso I, parágrafo único, da 
Constituição Federal de 1988:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
 I- Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, 
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
[...]
 Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados 
a legislar sobre questões específi cas das matérias relacionadas 
neste artigo.
Um exemplo de legislação penal estadual é a proteção da 
vitória-régia na Amazônia.
15
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PENAL Capítulo 1 
Assim, somente o Estado, por meio do Poder Legislativo, possui competência 
para legislar em matéria penal, sendo vedada a criação de normas penais 
pelo Poder Executivo e Judiciário. Também é impossível a criação de normas 
penais por particulares, não possuindo qualquer validade jurídica, como por 
exemplo, a criação de um contrato cominando sanções de natureza criminal por 
descumprimento.
Fontes Formais ou de Aplicação
As fontes formais de exteriorização do direito penal se dividem em imediatas 
e mediatas. Como fonte imediata de direito penal temos a lei, única possível de 
defi nir uma norma penal incriminadora. Costumes, princípios gerais, jurisprudência 
são fontes mediatas, podendo ser utilizadas em benefício do cidadão.
As fontes formais são divididas em duas correntes: doutrina clássica e 
doutrina moderna. Para a doutrina clássica, fonte formal imediata seria a lei; 
costumes e princípios gerais do direito seriam fontes formais mediatas. Para a 
doutrina moderna, as fontes formais imediatas são: 1) Lei; 2) Constituição Federal 
de 1988; 3) Tratados Internacionais de Direitos Humanos; 4) Jurisprudência 
(caráter vinculante); 5) Princípios (tribunais absolvendo com base em princípios 
– como por exemplo, o princípio insignifi cância – atipicidade material – art. 
386, inciso III, do Código de Processo Penal); 6) Atos Administrativos (quando 
complementam uma norma penal em branco – como por exemplo, Portaria nº 
344/98/ANVISA).
Para a corrente moderna, a doutrina seria fonte mediata do direito penal. 
Ainda, para a referida teoria, os costumes seriam fontes informais do direito.
Destarte, em direito penal, quando se trata de norma penal incriminadora, 
somente a lei pode servir como fonte primária e imediata, porquanto “não há crime 
sem lei anterior que o defi na, nem pena sem prévia cominação legal”, sendo 
que as fontes secundárias ou mediatas, como os costumes e princípios gerais 
de direito, não são admitidas para a imputação de comportamento criminoso 
(BRASIL, 1988).
Costume consiste no complexo de regras não escritas, consideradas 
juridicamente obrigatórias e seguidas de modo reiterado e uniforme pela 
coletividade. São obedecidas com tamanha frequência que acabam se 
tornando praticamente regras imperativas, ante a sincera convicção social 
na necessidade de sua observância (CAPEZ, 2016).
16
 Direito Penal I – Parte Geral
Portanto, as fontes são importantes para podermos analisar o surgimento da 
Lei Penale sua aplicação, a fi m de evitar que normas que não tenham respeitado 
as formas legais sejam impostas ao cidadão.
Direito Penal OBJetiVo e SuBJetiVo
O direito penal pode ser classifi cado como objetivo e subjetivo.
Direito penal objetivo “[...] é o conjunto de normas editadas pelo Estado, 
defi nindo crimes e contravenções, isto é, impondo ou proibindo determinadas 
condutas sob a ameaça de sanção ou medida de segurança” (GRECO, 2016, 
p. 7), ou seja, são as normas jurídicas positivadas, as leis, criando os crimes, 
isentando de pena e explicando a aplicação de determinados tipos penais.
Direito penal subjetivo, de outro lado, é a possibilidade do Estado fazer 
cumprir suas normas, exercendo o jus puniendi, impondo ao transgressor da 
norma a pena correspondente ou medida de segurança.
Mesmo que em determinadas situações o Estado conceda à 
vítima a faculdade de ingressar em Juízo com uma queixa-crime 
(ação penal privada), permitindo a persecução penal por iniciativa da 
vítima, caso o agressor (querelado) venha a ser condenado, o Estado 
não transfere seu jus puniendi (direito de punir), não permitindo que a 
pena venha a ser aplicada pelo particular (vítima).
Desta forma, vemos que direito penal objetivo é o poder do Estado em defi nir 
leis penais, enquanto o direito penal subjetivo consiste em fazer cumprir estas 
leis, exercendo o jus puniendi (direito de punir).
AnaloGia em Direito Penal
Analogia é uma forma de suprimento (preenchimento) de lacunas (brechas) 
legislativas. Consiste em “[...] aplicar-se a uma hipótese não regulada por lei, 
disposição relativa a um caso semelhante” (CAPEZ, 2016, p. 51). A analogia é 
encontrada na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, em seu artigo 4º, 
17
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PENAL Capítulo 1 
asseverando que “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a 
analogia, os costumes e os princípios gerais do direito” (BRASIL, 1942).
Todavia, é importante ressaltar que em direito penal somente se admite a 
analogia in bonam partem, utilizada em benefício do sujeito ativo da infração 
criminal. Greco (2016, p. 95), analisando o instituto da analogia, esclarece:
Quando se inicia o estudo da analogia em Direito Penal, 
devemos partir da seguinte premissa: é terminantemente 
proibido, em virtude do princípio da legalidade, o recurso 
à analogia quando esta for utilizada de modo a prejudicar o 
agente, seja ampliando o rol de circunstâncias agravantes, 
seja ampliando o conteúdo dos tipos penais incriminadores, a 
fi m de abranger hipóteses não previstas expressamente pelo 
legislador [...].
Questão importante é saber diferenciar analogia, interpretação extensiva e 
interpretação analógica.
Enquanto na analogia não há norma regulamentadora para o caso concreto, 
na interpretação extensiva existe um regulamento, devendo o intérprete ampliar o 
signifi cado da lei, possibilitando a correta aplicação do direito.
Na interpretação analógica “[...] existe uma norma regulamentando a hipótese 
(o que não ocorre com a analogia) expressamente (não é o caso de interpretação 
extensiva), mas de forma genérica, o que torna necessário o recurso da via 
interpretativa” (CAPEZ, 2016, p. 52). Como o legislador não consegue prever 
todas as condutas humanas para poder tipifi cá-las como infração, em alguns 
casos, após apontar uma fórmula casuística, faz seguir uma formulação genérica, 
determinando que para toda situação compreendida nessa formulação genérica, 
seja adotada a fórmula casuística. A própria norma pretende incidir em casos 
semelhantes a por ela indicados.
Por exemplo, o artigo 121, § 2º, inciso I, do Código Penal, tipifi ca o crime de 
homicídio qualifi cado a conduta do agente realizada mediante paga ou promessa 
de recompensa ou por outro motivo torpe. A própria norma determina que seja 
aplicada a qualifi cadora para qualquer situação semelhante com a “paga ou 
promessa de recompensa”.
A interpretação extensiva e a interpretação análoga são 
amplamente aplicáveis no direito penal. Já a analogia, só será 
admissível em benefício do agente (in bonam partem).
18
 Direito Penal I – Parte Geral
InFração Penal
A palavra infração signifi ca ato ou efeito de infringir; violação de uma lei, 
ordem, tratado etc., consistindo na quebra ou violação de uma lei penal.
É importante ressaltar que no Brasil, crime não se confunde com 
infração penal. Infração penal é gênero, do qual são espécies o crime/delito e a 
contravenção penal. A distinção de crime e contravenção é feita pelo legislador 
avaliando o grau de violação expiada e a sanção necessária.
O Brasil adota o sistema dicotômico, em que crime e 
contravenção penal são modalidades de infração penal. A 
França, por exemplo, adotou o sistema tricotômico, em que crime, 
delito e contravenção penal são modalidades de infração penal que 
se distinguem entre si em razão do respectivo grau de nocividade da 
conduta ao bem jurídico tutelado. No ordenamento jurídico francês 
é possível fazer a seguinte “escala de gravidade” do mal causado 
ao bem jurídico, para distinguir as espécies de infração penal: em 
primeiro lugar, o crime (mais grave); em seguida, o delito (gravidade 
mediana); por último, a contravenção penal (menos grave). “Na 
França, os crimes são julgados pela Cour d´Assises; os delitos pelo 
Tribunal Correcional e as contravenções pelo Tribunal de Polícia” 
(PRADO, 2008, p. 249).
No ordenamento jurídico-penal brasileiro, crime e delito são 
sinônimos, ou seja, possuem o mesmo signifi cado, enquanto a 
expressão contravenção penal é utilizada para delimitar as infrações 
penais menos graves, de baixo impacto social. O artigo 1º da Lei nº 
3.914/1941 (Lei de Introdução ao Código Penal), dispõe: 
Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de 
reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa 
ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, 
a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de 
prisão simples ou multa de multa, ou ambas, alternativa ou 
cumulativamente (BRASIL, 1941).
Assim, diante da leitura do texto legal, conclui-se que crime é a conduta 
punida com pena de reclusão e detenção, enquanto contravenção penal é a 
conduta punida com prisão simples.
No ordenamento 
jurídico-penal 
brasileiro, crime e 
delito são sinônimos, 
ou seja, possuem o 
mesmo signifi cado, 
enquanto a expressão 
contravenção penal é 
utilizada para delimitar 
as infrações penais 
menos graves, de 
baixo impacto social.
19
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PENAL Capítulo 1 
Reclusão contra Detenção: a pena de reclusão deve ser 
cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de detenção, 
em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência 
a regime fechado (BRASIL, 1940).
Atividade de Estudos:
 
 1) De acordo com o conteúdo estudado até o presente momento, 
discorra sobre qual é a importância do direito penal para a vida 
em sociedade.
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
Logo, infração penal é todo o comportamento humano defi nido em lei como 
crime ou contravenção penal.
AlGumas ConsideraçÕes
Do conteúdo estudado no presente capítulo, podemos notar a importância do 
direito penal para a vida em sociedade, constatando que o conceito de direito penal 
remete à necessidade do Estado em selecionar determinados comportamentos 
e classifi cá-los como criminoso, a fi m de manter a ordem pública, sendo esta a 
principal função do direito penal.
Também concluímos que o direito penal surge da iniciativa do Poder 
Legislativo (fonte material), e somente pode ser aplicado no sentido de imposição 
de sanção penal na forma de Lei (fonte formal), respeitando o princípio dalegalidade, o qual será estudado no próximo capítulo.
20
 Direito Penal I – Parte Geral
Por fi m, estudamos as formas de classifi cação do direito penal, objetivo e 
subjetivo, em que constatamos que o Estado tem o poder de criar leis penais e 
fazer cumpri-las, reconhecendo a impossibilidade de aplicação de analogia em 
malam partem (em prejuízo do réu), conhecendo, no último tópico, o conceito de 
infração penal, que consiste numa violação a Lei Penal.
ReFerÊncias
ANDREATO, Danilo. Infração penal e suas espécies. Disponível em: <https://
daniloandreato.com.br/2013/06/04/infracao-penal-e-suas-especies/>. Acesso em: 
6 out. 2016.
BITENCOURT. Tratado de direito penal: parte geral. V. 1, 20. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2014. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.
htm>. Acesso em: 22 abr. 2017.
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código 
Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
Del2848compilado.htm>. Acesso em: 22 abr. 2017.
BRASIL. Decreto-Lei nº 3.914, de 9 de dezembro de 1941. Lei de Introdução 
do Código Penal (Decreto-lei nº 2.848, de 7-12-940) e da Lei das Contravenções 
Penais (Decreto-lei nº 3.688, de 3 outubro de 1941). Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3914.htm>. Acesso em: 22 abr. 2017.
BRASIL. Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. Lei de Introdução 
às Normas do Direito Brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.376, de 
2010). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
Del4657compilado.htm>. Acesso em: 22 abr. 2017.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. V. 1, 20. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2016.
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral. V. único, 4. ed. 
Salvador: Editora Jus PODIVM, 2016.
GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte geral. V. 1, 18. ed. Rio de 
Janeiro: Editora Impetus, 2016.
21
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PENAL Capítulo 1 
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Traduzido por Baptista Machado. 
Coimbra: Arméio Amado, 1974.
MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado: parte geral. V. 1, 10. ed. São 
Paulo: Editora Método, 2016.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal: parte geral. V. 1, 32. ed. 
São Paulo: Editora Atlas, 2016.
PRADO, Luiz Regis. Curso de direito penal brasileiro: parte geral. Arts. 1º a 
120. V. 1, 8. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008.
22
 Direito Penal I – Parte Geral
CAPÍTULO 2
Da Aplicação da Lei Penal
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Compreender as características e espécies de lei penal.
 Conhecer as áreas de aplicação do princípio da legalidade no direito penal.
 Identifi car o momento da ocorrência do crime e sua localização geográfi ca.
 Aplicar a lei penal, reconhecendo os princípios penais.
 Analisar o comportamento criminoso e identifi car o tempo e o lugar do crime.
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 Direito Penal I – Parte Geral
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DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Capítulo 2 
ConteXtualiZação
Neste segundo capítulo vamos estudar como ocorre a aplicação da lei penal, 
observando suas características e analisando suas espécies, a fi m de entender 
como são formadas as leis penais incriminadoras e não incriminadoras.
Também analisaremos o princípio da legalidade, um dos mais importantes 
princípios do direito penal, verifi cando suas principais funções.
Por fi m, abordaremos os aspectos no tempo e o local do crime, possibilitando 
identifi car o momento da ocorrência do fato criminoso e seu território.
CaracterÍsticas da Lei Penal
Conforme abordado no capítulo anterior, o que defi ne um comportamento 
humano como crime é a lei penal. Apenas estaremos diante de uma infração 
penal (crime ou contravenção penal) quando houver o desrespeito à lei.
Para que uma lei penal possa ser aplicada sem sofrer qualquer arguição de 
inconstitucionalidade, ela deve possuir certas características, possibilitando sua 
correta aplicação. Entre as características da lei penal temos: a) imperatividade; 
b) exclusividade; c) generalidade; d) impessoalidade.
A imperatividade diz respeito à força da lei, a qual é imposta a todos 
independentemente da sua vontade ou concordância.
A exclusividade se refere à questão de que apenas a lei penal pode defi nir 
infrações penais e penas (artigo 5º, inciso XXXIX, da Constituição Federal e artigo 
1º, do Código Penal).
A generalidade indica que a lei penal se aplica a todos, não podendo uma lei 
penal ser criada para incidir sobre pessoas determinadas.
A impessoalidade signifi ca que a lei penal se projeta para os fatos futuros, 
não podendo ser criada uma lei penal para punir determinado crime ocorrido no 
passado.
26
 Direito Penal I – Parte Geral
Essas quatro características impedem que ocorram abusividades 
tanto na criação da lei penal, quanto na sua aplicação.
Assim, contendo a Lei Penal estas características, ela se apresenta como 
instrumento hábil no combate da criminalidade, trazendo segurança jurídica aos 
cidadãos, evitando que leis sejam criadas para benefi ciar ou prejudicar pessoas 
determinadas.
Lei Penal e Norma Penal
Um equívoco muito comum que ocorre no meio acadêmico, é acreditar que 
lei penal e norma penal são sinônimos. Em diversas oportunidades observamos 
operadores do direito se referindo à lei penal como se fosse norma penal.
Todavia, devemos nos ater a esta diferença, para não incorrer em erro. A lei 
penal é aquilo que está escrito; é o veículo da norma penal, como por exemplo, 
matar alguém. A norma penal é o comando dado pela lei penal; ela fi ca oculta no 
próprio texto da lei, como por exemplo, é vedado matar.
A norma penal se divide em preceito primário e secundário. O preceito 
primário é a descrição da conduta, previsão fática ou tipo penal. O preceito 
secundário é a consequência jurídica, sanção ou punição (MASSON, 2016). 
Vejamos o exemplo:
Artigo 121, caput, do Código Penal – matar alguém (preceito primário).
Pena – reclusão, de seis a vinte anos (preceito secundário).
Logo, das defi nições apresentadas, podemos concluir que lei penal é aquilo 
que está positivado (escrito), enquanto norma penal é o comando, ou seja, o 
objetivo da lei penal, proibindo determinados comportamentos com a fi nalidade de 
proteger os bens jurídicos tutelados pelo direito penal.
27
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Capítulo 2 
EspÉcies de Lei Penal
Para os leigos, a lei penal possui utilidade apenas para defi nir as infrações 
(crimes e contravenções penais) e as respectivas sanções (penas). Todavia, 
no ordenamento jurídico-penal existem diversas espécies de leis penais, tanto 
incriminadoras como não incriminadoras.
A lei penal incriminadora descreve o crime e a sanção. Por meio dessas 
normas o direito penal descreve aquelas condutas que considera ilícitas e confere 
as sanções respectivas. O legislador não diz expressamente “é proibido matar”, 
ao contrário, prevê que a morte de alguém é punida com determinada sanção.
A lei penal não incriminadora regula outros aspectos que não sejam o crime 
ou a sanção, como por exemplo, causas excludentes da ilicitude (artigo 23, do 
Código Penal), causas que afastam a culpabilidade (artigo 26, do Código Penal), 
conceituações (artigo 327, do Código Penal) e etc.
A lei penal não incriminadora pode ser: a) permissiva: torna lícitas 
determinadas condutas tipifi cadas na lei penal incriminadora (artigo 128, do 
Código Penal); b) complementar ou explicativa: esclarece o conteúdo de outras 
leis e delimita o âmbito da sua aplicação (artigo 150, § 4º, do Código Penal).
Também é possível classifi car a lei penal como completa ou incompleta. É 
completa quando não depende de nenhum complemento normativo e valorativo, 
como por exemplo, o artigo 121, do Código Penal. É incompletaquando depende 
de um complemento normativo (lei penal em branco) ou valorativo (ato obsceno – 
artigo 233 do Código Penal).
A lei penal em branco compreende a lei em que a descrição da conduta 
punível se mostra incompleta ou lacunosa, necessitando de um complemento de 
outro dispositivo legal para sua integração ou complementação. É imprescindível, 
por se tratar de lei penal, que esse complemento seja taxativo.
Em regra, o direito penal deve defi nir de modo autônomo os pressupostos de 
suas leis, evitando a remissão a outras regras do ordenamento jurídico. A lei penal 
em branco é uma exceção à regra.
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 Direito Penal I – Parte Geral
O artigo 33 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas), é um exemplo 
de lei penal em branco. Veja:
Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, 
fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter 
em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, 
prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer 
drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou 
em desacordo com determinação legal ou regulamentar 
(BRASIL, 2006, grifo nosso).
O complemento para a referida norma é dado pela portaria 
nº 344/1998, da ANVISA, que defi ne quais são as substâncias 
consideradas drogas.
A lei penal em branco exige complemento normativo. O tipo 
penal aberto exige complemento valorativo do juiz, como por 
exemplo, o artigo 233 do Código Penal (ato obsceno).
Em relação à norma penal em branco, a doutrina apresenta a seguinte 
questão: A lei penal em branco é constitucional ou inconstitucional quando delega 
poderes aos órgãos do Poder Executivo? Resposta: A doutrina majoritária entende 
que compete ao legislador na norma principal defi nir o crime. Não pode deixar 
para que as autoridades administrativas defi nam o conteúdo do crime, pois estas 
apenas podem dar o complemento.
As leis penais em branco se dividem em duas espécies, chamadas de 
homogênea e heterogênea.
a) Homogênea: a complementação provém da mesma espécie normativa, ou 
seja, tanto a norma incriminadora quanto o complemento são provenientes 
do Poder Legislativo. A lei penal em branco homogênea, por sua vez, pode 
ser subdividida em:
• Homóloga ou homovitelina: o complemento se encontra dentro do mesmo 
Estatuto, como por exemplo, o artigo 312, do Código Penal, que diz: 
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DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Capítulo 2 
“Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro 
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, 
ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio” (BRASIL, 1940, grifo nosso). O 
complemento, ou seja, o conceito de funcionário público, está contido no 
artigo 327, do Código Penal.
• Heteróloga ou heterovitelina: o complemento está em outro Estatuto, como 
por exemplo, o artigo 236, Código Penal, que diz: “Contrair casamento, 
induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe 
impedimento que não seja casamento anterior” (BRASIL, 1940, grifo nosso). 
O complemento, ou seja, as hipóteses de erro essencial ou impedimento, 
está previsto nos artigos 1.521 (impedimento) e 1.557 (erro essencial), do 
Código Civil.
b) Heterogênea: a complementação provém de espécie normativa diversa, 
como por exemplo, o artigo 33, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas), cujo 
complemento está na Portaria nº 344/1998, da ANVISA.
Atividades de Estudos:
 1) A norma penal em branco fere o princípio da legalidade?
 ____________________________________________________
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 2) A norma penal em branco retroage?
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Por fi m, destaca-se a existência da norma penal em branco ao revés 
(às avessas), sendo aquela que necessita de complementação do preceito 
secundário, ou seja, a aplicação da pena depende de dispositivo legal previsto em 
30
 Direito Penal I – Parte Geral
outro ordenamento jurídico, como por exemplo, o artigo 1º, da lei nº 2.889/1956 
(Lei do Genocídio).
PrincÍpio da LeGalidade
Segundo Greco (2016, p. 143), “[...] o Estado de Direito e princípio da 
legalidade são dois conceitos intimamente relacionados, pois num verdadeiro 
Estado de Direito, criado com a função de retirar o poder absoluto das mãos do 
soberano, exige-se a subordinação de todos perante a lei”. Para Bonavides (1994 
apud GRECO, 2016, p. 143):
O princípio da legalidade nasceu do anseio de estabelecer na 
socialidade humana regras permanentes e válidas, que fossem 
obras da razão, e pudessem abrigar os indivíduos de uma 
conduta arbitrária e imprevisível por parte dos governantes. 
Tinha-se em vista alcançar um estado geral de confi ança e 
certeza na ação dos titulares do poder, evitando-se assim a 
dúvida, a intranquilidade, a desconfi ança e a suspeição, tão 
usuais onde o poder é absoluto, onde o governo se acha 
dotado de uma vontade pessoal soberana […].
O princípio da legalidade surge no iluminismo, com a expressão “Nullum 
crimen nulla poena sine lege” (Nulo crime, nula pena, sem lei) e originariamente 
surgiu pela primeira vez na Magna Carta do Rei João sem Terra, no ano de 
1215, artigo 39 (CAPEZ, 2016). O princípio da legalidade encontra respaldo na 
Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso XXXIX, sendo também 
recepcionado pelo Código Penal Brasileiro, no artigo 1º. Veja em seguida, 
respectivamente:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes:
[...]
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defi na, nem pena 
sem prévia cominação legal;
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defi na. Não há pena 
sem prévia cominação legal.
A expressão crime também abrange contravenção. A expressão 
pena também abrange medida de segurança.
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DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Capítulo 2 
A expressão crime também abrange contravenção. A expressão 
pena também abrange medida de segurança.
Trata-se do princípio mais importante no direito penal, pois 
garante ao cidadão que apenas haverá a imposição de sanção penal 
em decorrência do comportamento proibido, desde que previamente 
estabelecido em lei. O princípio da legalidade possui três fundamentos:
a) Fundamento político: impede que o poder político estatal esteja 
baseado no livre arbítrio.
b) Fundamento jurídico: uma lei prévia e clara tem efeito intimidativo.
c) Fundamento democrático: somente o Poder Legislativo pode 
regular os crimes e as penas.
Trata-se do princípio 
mais importante no 
direito penal, pois 
garante ao cidadão 
que apenas haverá a 
imposição de sanção 
penal em decorrência 
do comportamento 
proibido, desde 
que previamente 
estabelecido em lei.
O princípio da legalidade possui quatro funções principais: a) proibir a 
retroatividade da lei penal (nullun crimen nulla poena sine legis praevia); b) 
proibir a criação de crimes e penas pelos costumes (nullun crimen nulla poena 
sine lege scripta); c) proibir o emprego da analogia para criar crimes, fundamentar 
ou agravar penas (nullun crimen nulla poena sine lege scricta); d) proibir a 
incriminação vaga e indeterminada (nullun crimen nulla poena sine lege certa) 
(GRECO, 2016).
Também cumpre destacar como funções primordiais do princípio da 
legalidade criminal, as seguintes diretrizes:
• Lex populi: somente o Poder Legislativo pode criar crimes e penas.
• Lex certa (princípioda taxatividade): o tipo penal deve ser rigorosamente 
determinado pelo legislador.
• Lex clara: as leis penais devem ser escritas de forma simples.
• Lex determinada: as normas criminais devem descrever fatos possíveis de 
compreensão em juízo.
• Lex racionabilis: a lei penal deve atender ao princípio da proporcionalidade, 
orientando o juiz na busca da solução mais justa em cada caso concreto.
• Lex stricta: proíbe o emprego da analogia para criar crimes, fundamentar ou 
agravar penas.
• Lex previa: a lei penal somente é aplicável para fatos ocorridos a partir da 
sua vigência.
32
 Direito Penal I – Parte Geral
O princípio da legalidade é a chave-mestra de todo o ordenamento jurídico 
penal, sendo sua observância obrigatória para correta aplicação do direito penal.
RetroatiVidade da Lei Penal
De acordo com o princípio tempus regit actum, a lei a ser aplicada é a vigente 
ao tempo do fato (MIRABETE, 2016). Assim, para que se possa aplicar uma lei 
penal a um fato, primeiro deve existir uma lei contemplando aquele fato como 
crime. A lei deve ser anterior ao fato, de acordo com a Constituição Federal, artigo 
5º, inciso XL, que estabelece “a lei penal não retroagirá, salvo para benefi ciar o 
réu” (BRASIL, 1988). Segundo Roxin (1997 apud GRECO, 2016, p. 157):
Todo legislador pode cair na tentação de introduzir ou agravar 
a posteriori as previsões de pena sob a pressão de faltos 
especialmente escandalosos, para aplicar estados de alarme 
e excitação politicamente indesejáveis. Pois bem, impedir 
que se produzam tais leis ad hoc, feitas na medida do caso 
concreto e que em sua maioria são também inadequadas em 
seu conteúdo como consequência das emoções do momento, 
é uma exigência irrenunciável do Estado de Direito.
A regra para entrada em vigor de uma lei em todo o ordenamento jurídico, 
seja civil, penal, administrativo ou outro, está prevista no artigo 1º, da Lei de 
Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB (Decreto-lei nº 4.657/1942): 
“Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e 
cinco dias depois de ofi cialmente publicada” (BRASIL, 1942).
O período compreendido entre a publicação de uma lei e sua 
entrada em vigor é chamada de vacatio legis. Em regra, a vacatio 
legis é de 45 dias, mas a lei pode estabelecer um prazo específi co 
para sua entrada em vigor.
Todavia, existem situações oriundas da promulgação de uma nova 
lei, que determinado comportamento deixa de ser considerado crime, 
ocorrendo o fenômeno da abolitio criminis. Nessas hipóteses, o artigo 
2º, do Código Penal, estabelece que “ninguém pode ser punido por fato 
que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a 
Uma lei só pode ser 
revogada por outra 
lei, expressa ou 
tacitamente.
33
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Capítulo 2 
execução e os efeitos penais da sentença condenatória” (BRASIL, 1940). Uma lei 
só pode ser revogada por outra lei, expressa ou tacitamente.
A revogação expressa ocorre quando a própria lei declara expressamente a 
revogação da lei anterior. A revogação tácita, por sua vez, embora a lei não declare 
expressamente que a lei anterior foi revogada, acontece pela incompatibilidade 
entre elas. A revogação da lei pode ser parcial (derrogação) ou total (ab-rogação).
Revogação ≠ Declaração de invalidade.
Revogação: ocorre quando a própria lei declara expressamente 
a revogação da lei anterior.
Exemplo: A Lei nº 6.368/76 foi revogada expressamente pela Lei 
nº 11.343/06.
Declaração de invalidade: ocorre quando declara a lei 
inconstitucional. 
Exemplo: proibição de progressão de regime nos crimes 
hediondos.
Vigência ≠ Validade.
Vigência: basta a publicação da lei para ela entrar em vigor.
Validade: a lei vigente só é válida quando for compatível com a 
Constituição Federal.
O parágrafo único do artigo 2º do Código Penal, estabelece que “A lei 
posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, 
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado” (BRASIL, 
1940), ou seja, sobrevindo uma lei mais favorável ao réu, ela vai ser aplicada, 
ainda que o crime tenha sido praticado antes da entrada em vigor da nova lei. 
Conclui-se que no direito penal o confl ito intertemporal não se resolve com a 
lei posterior que revoga a lei anterior, a solução sempre se dará com a aplicação 
mais benéfi ca ao réu, seja ela anterior ou posterior ao fato.
34
 Direito Penal I – Parte Geral
Lei EXcepcional e Lei Temporária
O artigo 3º, do Código Penal, estabelece que “A lei excepcional ou temporária, 
embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a 
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência” (BRASIL, 1940).
Assim, as leis excepcionais e temporárias são editadas para regularem 
situações transitórias e, por isso, vigoram por um período predeterminado.
A lei excepcional é aquela elaborada para vigorar enquanto durar a situação 
excepcional que a determinou, ou seja, em casos de anormalidade social ou de 
emergência, como por exemplo, calamidade pública, grave crise econômica etc. A 
lei temporária é aquela cujo prazo de vigência vem determinado no próprio texto 
legal, exigindo duas condições: a) situação transitória de emergência; b) termo de 
vigência. De acordo com Mirabete (2016, p. 51-52):
Essas espécies de leis têm ultratividade, ou seja, aplicam-se ao 
fato cometido sob seu império, mesmo depois de revogadas pelo 
decurso do tempo ou pela superação do estado excepcional. 
Não se trata aqui do tipo de abolitio criminis […]. A circunstância 
de ter sido o fato praticado durante o prazo fi xado pelo legislador 
(temporária) ou durante a situação de emergência (excepcional) 
é elemento temporal do próprio fato típico […].
Um exemplo recente de lei temporária foi a Lei nº 12.663/2012 (Lei Geral 
da Copa), que defi niu tipos penais (artigos 30 a 35) e teve sua vigência limitada 
ao período compreendido entre 01/01/2013 e 31/12/2014 (artigos 36 e 71) 
(MIRABETE, 2016).
Dessa forma, embora essas leis tenham prazo de duração, ao serem 
revogadas continuarão sendo aplicadas aos casos que aconteceram durante a 
sua vigência. Assim, a lei posterior não tem o condão de revogá-las. Nesse caso, 
ocorre uma autorrevogação, prevista pela própria lei excepcional ou temporária.
Tempo do Crime
Segundo Mirabete (2016), é necessário saber o momento em que se 
considera praticado o crime, para que se opere a aplicação da lei penal ao seu 
responsável. De acordo com Bitencourt (2014), existem três teorias acerca do 
momento do crime:
• Teoria da atividade: considera-se praticado o crime no momento da prática 
da conduta (ação ou omissão), não importando o resultado.
35
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Capítulo 2 
• Teoria do resultado: considera-se praticado o crime no momento da produ-
ção do resultado. 
• Teoria mista ou ubiquidade: momento do crime é tanto o da prática da 
conduta quanto o da produção do resultado.
A teoria adotada pelo direito penal brasileiro é a da atividade, nos termos 
do artigo 4º, do Código Penal: “Considera-se praticado o crime no momento da 
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado” (BRASIL, 1940). 
Vejamos alguns exemplos:
• “A” atirou em “B” para matá-lo (conduta praticada na cidade de Blumenau-
-SC) e a bala fi cou alojada na cabeça, sem que os médicos conseguissem 
removê-la. Alguns meses depois, a bala se movimenta e a vítima morre em 
consequência disso, na cidade de Florianópolis-SC. A causa da morte foi o 
disparo efetuado por “A”, havendo nexo de causalidade. “A” responderá por 
homicídio, sendo momento do crime: Blumenau, ainda que o resultado tenha 
ocorrido em Florianópolis.
• “A”, quando tinha 17 anos, atirou em “B”. Alguns meses depois, quando “A” 
já tinha 18 anos, a vítima morre em decorrência do tiro. Neste caso, “A” será 
inimputável ou imputável? Inimputável, porque no momento da ação era 
menor de idade.
Para Masson(2016, p. 162-163):
A adoção da teoria da atividade apresenta relevantes 
consequências, tais como:
a) aplica-se a lei em vigor ao tempo da conduta, exceto se ao 
tempo do resultado for mais benéfi ca;
b) a imputabilidade é apurada ao tempo da conduta;
c) no crime permanente em que a conduta tenha se iniciado 
durante a vigência de uma lei, e prossiga durante o império de 
outra, aplica-se a lei nova, ainda que mais severa. Fundamenta-
se o raciocínio na reiteração de ofensa ao bem jurídico, já que 
a conduta criminosa continua a ser praticada depois da entrada 
em vigor da lei nova, mais gravosa;
d) no crime continuado em que os fatos anteriores eram 
punidos por uma lei, operando-se o aumento da pena por lei 
nova, aplica-se esta última a toda a unidade delitiva, desde que 
sob sua vigência continue a ser aplicada. O crime continuado, 
em que pese ser constituído de vários delitos parcelares, é 
considerado crime único para fi ns de aplicação de pena (teoria 
da fi cção jurídica);
e) no crime habitual em que haja sucessão de leis, deve ser 
aplicada a nova, ainda que mais severa, se o agente insistir em 
reiterar a conduta criminosa.
36
 Direito Penal I – Parte Geral
Crime permanente e sucessão de leis penais: sempre se aplica 
a lei nova, a última lei, mesmo que esta seja desfavorável ao réu, isso 
porque o crime permanente entrou na vigência da lei nova. Crime 
permanente é aquele que se prolonga no tempo, como por exemplo, 
o sequestro (artigo 148 do Código Penal). 
A Súmula nº 711, do Supremo Tribunal Federal, determina que: 
“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime 
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade 
ou da permanência” (BRASIL, 1993).
O tempo do crime, assim, disciplina a aplicação da Lei Penal, utilizando o 
momento da ocorrência da infração penal como fundamento de delimitação e 
abrangência da norma penal. 
LuGar do Crime
Nas lições de Mirabete (2016), pode um crime violar o interesse de dois ou 
mais países, quer por ter sido a ação praticada no território de um e a consumação 
dar-se em outro, quer porque o delito atinge bem jurídico de um Estado embora 
praticado no exterior, devendo o ordenamento jurídico defi nir as hipóteses de 
aplicação da lei nacional em tais casos. Nas lições de Capez (2016), existem três 
teorias acerca do lugar do crime: 
• Teoria da atividade: o local do crime é aquele onde ocorreu a ação ou 
omissão, a conduta, os atos executórios, sendo irrelevante o local da produ-
ção do resultado.
• Teoria do resultado: o lugar do crime é o da produção do resultado. 
• Teoria mista ou ubiquidade: lugar do crime é aquele onde ocorreu qual-
quer dos momentos da prática criminosa (conduta ou resultado).
A teoria adotada pelo direito penal brasileiro é a teoria da ubiquidade ou 
mista, conforme estabelece o artigo 6º, do Código Penal: “Considera-se praticado 
o crime no lugar onde ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem 
como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado” (BRASIL, 1940).
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DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Capítulo 2 
Logo, para aplicação da lei penal, devemos levar em consideração tanto o 
lugar da ação como o do resultado, suprimindo assim eventuais lacunas no que 
tange a competência para apuração da infração penal.
Territorialidade e 
EXtraterritorialidade da Lei Penal
O artigo 5º, caput, do Código Penal, estabelece que: “Aplica-se a lei brasileira, 
sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime 
cometido no território nacional” (BRASIL, 1940). Assim, o ordenamento jurídico-
penal brasileiro adota o princípio da territorialidade, uma vez que incide sobre 
todos os fatos ocorridos dentro do território nacional.
Todavia, segundo Greco (2016), o Brasil não adotou uma teoria absoluta de 
territorialidade, mas sim uma teoria conhecida como temperada, haja vista que 
o Estado, mesmo que soberano, em determinadas situações pode abrir mão 
da aplicação de sua legislação, em virtude de convenções e tratados de direito 
internacional.
Um exemplo da não aplicação do direito penal brasileiro em fatos ocorridos 
no território nacional, acontece quando o crime ou contravenção é praticado por 
agente que possui imunidade diplomática.
IMUNIDADE DIPLOMÁTICA
A imunidade diplomática é uma restrição imposta ao princípio da 
territorialidade.
Imunidade diplomática trata-se de privilégios outorgados aos 
agentes diplomáticos, observando-se sempre a reciprocidade.
As imunidades diplomáticas são classifi cadas em:
• Imunidade material ou inviolabilidade: o diplomata é inviolável 
(inclusive sua família, residência e pertences), não podendo ser 
objeto de nenhuma forma de detenção ou prisão.
• Imunidade formal ou imunidade de jurisdição: o agente diplomático 
deverá ser processado e julgado no Estado que representa, sendo 
extensível à família e aos membros do corpo diplomático. 
38
 Direito Penal I – Parte Geral
Exemplo: O diplomata não está obrigado a comparecer a nenhum 
juízo ou tribunal do país, seja para testemunhar ou prestar informação 
de fato que tenha conhecimento.
Essa imunidade não é uma vantagem ao diplomata, mas serve 
para assegurar a realização efi caz de suas funções em nome do seu 
Estado.
Por território nacional entende-se, para fi ns penais, o espaço em que o Brasil 
exerce sua soberania, compreendido o espaço terrestre, marítimo (faixa que 
compreende 12 milhas contadas a partir faixa litorânea média – artigo 1º da Lei nº 
8.617/1993) e aéreo correspondente.
Também, para efeitos penais, consideram-se como extensão do território 
nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço 
do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as 
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, 
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar (BRASIL, 
1940). O artigo 5º, § 2º, do Código Penal, ainda estabelece que:
É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo 
de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade 
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional 
ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto 
ou mar territorial do Brasil (BRASIL, 1940).
Ao contrário do princípio da territorialidade, em que a regra é a aplicação 
da lei penal em território nacional, o princípio da extraterritorialidade se preocupa 
com a aplicação da lei penal brasileira aos crimes e contravenções penais 
praticados em território estrangeiro. A extraterritorialidade da lei penal pode ser 
incondicionada ou condicionada.
Na extraterritorialidade incondicionada, aplica-se a lei brasileira, ainda que 
o agente seja julgado no estrangeiro, sem qualquer condição. Essas hipóteses 
estão elencadas no artigo 7º, inciso I, do Código Penal:
Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no 
estrangeiro:
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito 
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa 
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação 
instituída pelo Poder Público;
39
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Capítulo 2 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado 
no Brasil (BRASIL, 1940).
Em qualquer dos casos elencados no dispositivo legal citado anteriormente, 
o agente será punido segundo a lei penal brasileira, ainda que absolvido ou 
condenado no estrangeiro.
Na extraterritorialidade condicionada, aplica-se a lei brasileira quando satisfeitos 
certos requisitos defi nidos no artigo 7º, inciso II, parágrafo 2º, do Código Penal:
Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no 
estrangeiro:
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronavesou embarcações brasileiras, 
mercantes ou de propriedade privada, quando em território 
estrangeiro e aí não sejam julgados.
[...]
§ 2º Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende 
do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei 
brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí 
cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro 
motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais 
favorável (BRASIL, 1940).
Ainda, o artigo 7º, § 3º do Código Penal, assevera que a lei brasileira aplica-
se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se 
reunidas as condições previstas no § 2º do mesmo dispositivo legal, e: a) não foi 
pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Aqui entra o princípio do ne bis in idem, pelo qual ninguém poderá ser punido 
duas vezes pelo mesmo fato, aplicando-se a regra defi nida no artigo 8º, do Código 
Penal, em que “A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil 
pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas” 
(BRASIL, 1940).
Exemplo: o agente processado e condenado no estrangeiro foge antes de 
cumprir toda a pena e vem para o Brasil. Nesse caso, poderá ser processado e 
condenado pela lei brasileira, mas terá descontada aquela parte da pena que já 
cumpriu no estrangeiro.
40
 Direito Penal I – Parte Geral
Assim, os critérios de territorialidade e extraterritorialidade são imprescindíveis 
para proteção dos bens jurídicos tutelados pelo direito penal, salvaguardando os 
interesses nacionais.
Atividades de Estudos:
 1) Apresente as características da lei penal, comentando-as.
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
 2) Qual é a diferença de lei temporária e lei excepcional?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
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___________________________________________________
 3) Quais são as hipóteses de extraterritorialidade incondicionada?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
AlGumas ConsideraçÕes
Do estudo realizado no presente capítulo, podemos compreender as características 
e espécies de lei penal, identifi cando sua aplicação no campo prático, 
compreendendo que as leis penais não se restringem em normas incriminadoras, 
mas que o ordenamento jurídico penal também regulamenta condutas permissivas.
Também analisamos o princípio da legalidade no direito penal, em que 
podemos concluir que o princípio da legalidade é a chave mestra de todo o 
41
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Capítulo 2 
direito penal, uma vez que todas as Leis Penais devem obedecer aos princípios 
derivados do princípio da legalidade.
Por fi m, podemos identifi car o momento da ocorrência do crime e identifi car 
o tempo e o lugar do crime, podendo, com isso, aplicar corretamente a lei penal, 
utilizando o conhecimento teórico no campo prático.
ReFerÊncias
BITENCOURT, C. R. Tratado de direito penal: parte geral. V. 1, 20. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2014. 
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.
htm>. Acesso em: 13 maio 2017.
BRASIL. Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. Lei de Introdução às 
Normas do Direito Brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.376, de 2010. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del4657compilado.htm>. Acesso 
em: 13 maio 2017.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. 
Acesso em: 13 maio 2017.
BRASIL. Lei nº 8.617, de 4 de janeiro de 1993. Dispõe sobre o mar territorial, a 
zona contígua, a zona econômica exclusiva e a plataforma continental brasileiros, 
e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L8617.htm>. Acesso em: 13 maio 2017.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 13 
maio 2017.
BRASIL. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Institui o Sistema Nacional de 
Políticas Públicas sobre Drogas – Sisnad; prescreve medidas para prevenção do 
uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; 
estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfi co ilícito de 
drogas; defi ne crimes e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm>. Acesso em: 13 maio 2017.
42
 Direito Penal I – Parte Geral
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula 711, de 24 de agosto de 2003. 
Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.
asp?s1=711.NUME.%20NAO %20S.FLSV.&base=baseSumulas>. Acesso em: 13 
maio 2017.
CAPEZ, F. Curso de direito penal: parte geral. V. 1, 20. ed. São Paulo: Saraiva, 
2016.
GRECO, R. Curso de direito penal: parte geral. V. 1, 18. ed. Rio de Janeiro: 
Impetus, 2016.
MASSON, C. Direito penal esquematizado: parte geral. V. 1, 10. ed. São Paulo: 
Método, 2016.
MIRABETE, J. F. Manual de direito penal: parte geral. V. 1, 32. ed. São Paulo: Atlas, 
2016.
CAPÍTULO 3
Teoria Geral do Crime
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Defi nir o crime e seus desdobramentos.
 Analisar as espécies de crime e suas causas, seus elementos 
constitutivos (fato típico e antijurídico) e a culpabilidade.
 Compreender as causas excludentes de ilicitude e culpabilidade.
 Conhecer as fases do crime (iter criminis) e a sua classifi cação.
 Identifi car o tipo penal, diferenciando as diversas modalidades de crimes.
 Compreender a aplicação das causas excludentes de ilicitude e culpabilidade.
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 Direito Penal I – Parte Geral
45
TEORIA GERAL DO CRIME Capítulo 3 
ConteXtualiZação
Neste terceiro e último capítulo serão abordados os temas mais complexos 
da dogmática penal, demandando do pós-graduando maior atenção e dedicação. 
Para facilitar a compreensão do tema, buscou-se apresentar diversos exemplos 
durante a explanação, alinhando o aspecto teórico com o prático.
Na primeira seção estudaremos o conceito de crime, em que perceberemos 
que ele é defi nido de acordo com os aspectos material, formal e analítico. No 
tocante ao aspecto analítico, abordaremos a teoria bipartida e tripartida. 
Posteriormente, realizaremos uma breve análise sobre as causas do crime.
Na sequência, serão apresentadas as classifi cações dos crimes. Durante os 
estudos, você vai perceber que essas classifi cações vão integrar outras seções. 
Isso é normal, pois o conteúdo foi organizado dessa maneira para apresentar um 
panorama sobre o tema e assim facilitar a compreensão do conteúdo.
Na segunda seção analisaremos os sujeitos do crime, identifi cando quem 
é o autor do delito e a vítima, dando ênfase especial nas denominações que 
devemos utilizar nos procedimentos judiciais. Ora, como operadores do direito, 
nãopodemos cometer equívocos nas denominações dos sujeitos ativo e passivo.
Na terceira seção vamos estudar o fato típico, primeiro requisito para que haja 
o crime. Dentro do fato típico vamos abordar os aspectos da conduta, resultado 
e nexo de causalidade, tratando-se de matéria importante para identifi car o 
cometimento da infração penal. 
Na quarta seção analisaremos a tipicidade. Trata-se de um tema relevante, pois 
é nessa fase que o operador do direito analisa o comportamento do agente e defi ne 
se ocorreu ou não um crime. Atenção especial no tema tipicidade conglobante!
Na quinta seção, sexta e sétima seções, estudaremos o dolo, a culpa e o 
preterdolo, identifi cando as diversas modalidades de dolo e culpa, compreendendo 
sua importância para a aplicação da norma jurídica penal/sanção adequada ao 
caso concreto. Nesse ponto, é necessária uma atenção especial para as questões 
envolvendo o dolo eventual e a culpa consciente, assuntos de grande debate no 
meio jurídico.
Na oitava seção vamos percorrer as fases do crime, ou como é normalmente 
conhecido, o iter criminis. Trata-se de matéria de fácil compreensão, mas que 
não deve ser subestimada, pois aborda questões interessantes em relação a sua 
aplicação prática e merece atenção.
46
 Direito Penal I – Parte Geral
Na nona seção estudaremos o conceito de ilicitude e as causas excludentes 
defi nidas no artigo 23 do Código Penal. Nesse tópico vamos abordar o estado de 
necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal e exercício regular 
de direito, analisando as características de cada instituto e sua aplicação na prática.
Na décima seção analisaremos a culpabilidade e seus requisitos, 
compreendendo como ocorre o juízo de reprovação da conduta. Também 
estudaremos as causas excludentes de culpabilidade.
Por fi m, na décima primeira seção abordaremos a teoria do erro, estudando 
as questões mais comuns em que o erro ocorre no cometimento de um crime, 
sabendo identifi car suas diferentes espécies.
Conceito de Crime
Não há no direito penal um conceito único de crime, uma vez que essa 
defi nição se apresenta no ordenamento jurídico de forma discreta, no artigo 1º, do 
Decreto-Lei nº 3.914/1941 (Lei de Introdução ao Código Penal). 
Assim, diante da ausência de conceituação legal, a doutrina apresenta uma 
série de conceitos, analisando o crime sob aspectos materiais, formais e analíticos.
O aspecto material, na lição de Capez (2016), é aquele que busca 
estabelecer a essência do conceito, defi nindo como crime todo comportamento 
humano que lesa ou expõe ao perigo bens jurídicos fundamentais para a vida em 
sociedade.
Com relação ao aspecto formal, “[...] o conceito de crime resulta da mera 
subsunção da conduta ao tipo penal e, portanto, considera-se infração penal 
tudo aquilo que o legislador descreve como tal, pouco importando seu conteúdo” 
(CAPEZ, 2016, s.p.).
O aspecto analítico é aquele que apresenta uma análise jurídica da estrutura 
do crime. “[...] a função do conceito analítico é a de analisar todos os elementos 
ou características que integram o conceito de infração penal sem que com isso 
se queira fragmentá-lo” (GRECO, 2016, p. 198). O conceito analítico de crime se 
divide em duas teorias:
• Teoria tripartida: considera crime o fato típico, antijurídico e culpável. Para 
essa teoria, se o agente que realiza a conduta típica e antijurídica não tiver 
culpabilidade, não praticou o crime.
47
TEORIA GERAL DO CRIME Capítulo 3 
• Teoria bipartida: considera crime o fato típico e antijurídico, enquanto a 
culpabilidade fi gura como pressuposto para a aplicação da pena. Para os 
adeptos dessa teoria, se não há culpabilidade, não há aplicação da pena, 
embora o crime tenha sido praticado.
O Código Penal brasileiro adota a teoria bipartida.
Para aprofundar seus estudos acerca das causas do crime, 
sugere-se a leitura do artigo intitulado “As causas do crime”, escrito 
por Daniel Cerqueira e Waldir Lobão, disponível no seguinte endereço 
eletrônico: <https://goo.gl/vtfzo3>.
Cada um desses elementos (fato típico, antijurídico e a culpabilidade) serão 
estudados adiante, em que veremos a ligação da estrutura do crime com sua 
conceituação.
Causas do Crime
Não há um consenso sobre as causas que levam o ser humano a praticar um 
crime, porém dentre as principais causas estudadas, temos a natureza humana 
tendente ao delito, motivada pelo sentimento de sobrepujar o próximo, fazendo 
prevalecer sua vontade, mesmo que para isso precise cometer crimes.
A pessoa sem recursos, para sair da miséria, pode praticar crimes contra 
o patrimônio. Pode também, para dominar determinado espaço, eliminar os 
concorrentes, matando-os. Esses são exemplos elementares da história humana, 
em que a prática criminosa se apresenta na mente do criminoso como justifi cada.
Com a leitura do artigo citado, podemos perceber que o crime não possui uma 
causa isolada, sendo algo muito mais complexo, possuindo uma série de aspectos 
(psicológicos e sociais) que podem infl uenciar uma pessoa a praticar um crime.
48
 Direito Penal I – Parte Geral
ClassiFicação dos Crimes
Muito embora existam várias classifi cações de crimes, vamos analisar de 
forma objetiva aquelas que apresentam maior interesse prático. Vejamos as 
classifi cações básicas:
a) Quanto à conduta do agente
• Comissivos: praticados mediante uma ação. 
Exemplo: artigo 213, do Código Penal (estupro).
• Omissivos: praticados mediante omissão, uma abstenção do agente.
Exemplo: artigo 135, do Código Penal (omissão de socorro).
b) Quanto à condição do agente
• Comuns: são considerados comuns os delitos que podem ser praticados 
por qualquer pessoa. 
Exemplo: artigo 121, do Código Penal (homicídio).
• Próprios: são próprios os crimes que exigem uma qualidade especial do sujeito 
ativo, vale dizer, somente podem ser praticados por determinadas pessoas.
Exemplo: artigo 312, do Código Penal (peculato).
• De mão própria: são os crimes que exigem sujeito ativo qualifi cado, sendo 
que este deve cometer direta e pessoalmente a conduta típica. Só pode ser 
cometido pela própria pessoa, logo, não admite coautoria.
Exemplo: artigo 342, do Código Penal (falso testemunho e falsa perícia).
Observação: para o surgimento do delito de mão própria é fundamental que 
o sujeito ativo detenha uma qualidade especial, que o tornará o único habilitado à 
realização da ação típica de forma direta e pessoal (NUCCI, 2016).
c) Quanto ao número de agentes
• Unissubjetivos: são aqueles que podem ser cometidos por um único agen-
te, embora nada impeça a coautoria ou a participação.
Exemplo: artigo 121, do Código Penal (homicídio).
• Plurissubjetivos: exigem mais de um agente para a prática da conduta 
criminosa.
Exemplo: artigo 288, do Código Penal (associação criminosa).
49
TEORIA GERAL DO CRIME Capítulo 3 
d) Quanto ao meio de execução
• De forma livre: admite-se qualquer meio de execução.
Exemplo: artigo 121, do Código Penal (homicídio).
• De ação múltipla ou de conteúdo variado: o tipo penal descreve várias 
modalidades de conduta. 
Exemplo: artigo 33, da Lei nº 11.343/2006 (lei de drogas).
• De forma vinculada: o modo de execução é descrito pela norma, somente 
podem ser praticados por meio das formas previstas pelo tipo penal.
Exemplo: artigo 284, do Código Penal (curandeirismo).
e) Quanto ao número de atos
• Unissubsistentes: se perfazem em um único ato. Não admitem tentativa.
Exemplo: artigo 133, do Código Penal (abandono de incapaz).
• Plurissubsistentes: se perfazem com vários atos.
Exemplo: artigo 124, do Código Penal (aborto praticado pela gestante ou 
com seu consentimento).
• Habitual: a conduta é praticada de forma reiterada. Somente se consuma por 
meio da prática reiterada e contínua de várias ações, que traduz um estilo de 
vida indesejado pela lei penal. O crime habitual é dividido pela doutrina em:
o Crime habitual próprio: somente se tipifi ca apurando a reiteração da 
conduta do agenteque confi gura um estilo próprio de vida.
Exemplo: artigo 229, do Código Penal (casa de prostituição). 
o Crime habitual impróprio: é a reiteração da prática de crimes instantâ-
neos ou permanentes.
Exemplo: artigo 71, do Código Penal (agente que vive do cometimento 
de furtos repetitivos).
f) Quanto ao tipo de resultado
• De dano: para consumação é necessária efetiva lesão ao bem jurídico, vale 
dizer, deve ocorrer um prejuízo perceptível aos sentidos humanos.
Exemplo: artigo 121, do Código Penal (homicídio).
• De perigo: a consumação ocorre com a simples possibilidade do dano; para 
a ocorrência desses crimes, basta a mera probabilidade de um dano.
Exemplo: artigo 134, do Código Penal (exposição ou abandono de recém-
nascido).
50
 Direito Penal I – Parte Geral
g) Quanto à dependência de resultado para consumação
• Materiais: imprescindível a ocorrência do resultado. A não ocorrência do 
resultado caracteriza mera tentativa. A lei descreve a conduta, porém é o 
resultado que consuma o crime.
Exemplo: artigo 121, do Código Penal (homicídio).
• Formais: consumam-se independentemente do resultado. Também são cha-
mados de delitos de atividade, basta que a ação humana esgote a descrição 
típica, havendo ou não resultado.
Exemplo: artigo 316, do Código Penal (concussão).
• De mera conduta: não há resultado naturalístico. A lei não exige qualquer 
resultado naturalístico, basta a ação ou omissão do agente. Vale dizer, o 
crime é classifi cado como sendo de mera conduta quando o resultado não 
só é irrelevante, mas não previsto. 
Exemplo: artigo 150, do Código Penal (invasão de domicílio).
h) Quanto ao momento da consumação
• Instantâneos: crimes instantâneos são aqueles que se consumam com uma 
única conduta, que não produzem um resultado prolongado no tempo. Se 
consumam no ato da prática do delito, em um único momento.
Exemplo: artigo 140, do Código Penal (injúria).
Observação: crime instantâneo não signifi ca que foi praticado rapidamente, 
mas que uma vez realizados os seus elementos, nada mais se poderá fazer para 
impedir sua ocorrência.
• Permanentes: são aqueles em que o momento consumativo prolonga-se no 
tempo; a situação jurídica gerada se prolonga no tempo até quando queira o 
agente. No crime permanente o bem jurídico é continuamente agredido.
Exemplo: artigo 148, do Código Penal (sequestro).
Observação: no crime de sequestro, com a ação de tirar a liberdade da 
vítima, o delito está consumado, mas enquanto durar a restrição da liberdade, o 
delito está em realização.
• Instantâneos de efeitos permanentes: são crimes que embora instantâne-
os, sua consumação se prolonga no tempo.
Exemplo: artigo 121, do Código Penal (homicídio).
51
TEORIA GERAL DO CRIME Capítulo 3 
i) Quanto ao número de tipos penais
• Simples: apresenta tipo penal único.
Exemplo: artigo 121, do Código Penal (homicídio).
• Complexos: compõem-se de dois ou mais tipos penais. 
Exemplo: artigo 157, do Código Penal (roubo) – furto + ameaça.
j) Quanto à espécie do tipo penal
• Simples: é o descrito na forma típica fundamental; é o tipo básico, que con-
tém os elementos mínimos e determina seu conteúdo subjetivo sem qual-
quer circunstância que aumente ou diminua sua pena.
Exemplo: artigo 121, do Código Penal (homicídio) – a lesão jurídica é única e 
seu conteúdo não apresenta qualquer circunstância que aumente ou diminua 
sua gravidade.
• Privilegiados: o crime é privilegiado quando o tipo penal tem agregado uma 
circunstância que diminua a gravidade do delito, atenuando a pena.
Exemplo: artigo 121, § 1º, do Código Penal (homicídio privilegiado) – homi-
cídio praticado por motivo de relevante valor social/moral ou sob domínio de 
violenta emoção.
• Qualifi cados: quando o tipo penal tem agregado circunstância que aumenta 
a pena.
Exemplo: artigo 121, § 2º, inciso I, do Código Penal (homicídio qualifi cado).
• Qualifi cados pelo resultado: aquele que tem acrescentado um resultado 
que aumenta a sanção abstratamente imposta no preceito secundário.
Exemplo: artigo 129, § 3º, do Código Penal (lesão corporal seguida de morte).
Ainda, parte da doutrina apresenta, dentre outras, as seguintes classifi cações 
dos crimes:
• Delito putativo: ocorre quando o agente pensa que cometeu um crime, mas 
na verdade, realizou um irrelevante penal.
• Crimes mono-ofensivos: aqueles em que se atinge apenas um bem jurídico. 
Exemplo: artigo 121, do Código Penal (homicídio) – em que se tutela apenas 
a vida.
• Crimes plurio-ofensivos: aqueles que ofendem mais de um bem jurídico. 
Exemplo: artigo 157, § 3º, do Código Penal (latrocínio) – em que se tutela a 
vida e o patrimônio.
52
 Direito Penal I – Parte Geral
• Crimes principais: independem da prática do delito anterior. 
• Crimes acessórios: dependem de outro crime para existir, ou seja, sempre 
pressupõem a existência de uma infração penal anterior a ele ligada pelo 
dispositivo penal que, no tipo, faz referência àquela.
Exemplo: artigo 180, do Código Penal (receptação) – depende da prática de 
algum crime contra o patrimônio.
• Crime de ímpeto: aquele cometido em um momento de impulsividade, sem 
premeditação.
Exemplo: artigo 121, § 1º, do Código Penal (homicídio privilegiado).
• Crime a distância: a execução do crime dá-se em um país e o resultado em 
outro.
Observação: pela teoria da ubiquidade, os dois países serão competentes 
para julgar o crime.
• Crime plurilocal: crime envolvendo duas comarcas dentro do mesmo país.
Exemplo: no crime de homicídio (artigo 121, do Código Penal) onde o dispa-
ro da arma de fogo ocorreu em Indaial-SC e a morte em Blumenau-SC.
• Crimes hediondos: crimes que, por sua natureza ou forma de execução, 
se mostram repugnantes, causando clamor público e intensa repulsa. Estão 
relacionados no artigo 1º, da Lei nº 8.072/1990.
SuJeitos do Crime
Agora vamos estudar os sujeitos do crime, ou seja, os personagens que 
fazem parte do ilícito. Eles podem ser classifi cados como sujeito ativo (aquele que 
pratica o crime) e sujeito passivo (vítima).
SuJeito AtiVo
Sujeito ativo é o agente que pratica o comportamento descrito no tipo penal 
(autor) ou concorre de qualquer forma para a prática do crime (partícipe). Se 
houver mais de um autor, diz-se que o crime é praticado em coautoria. Se houver 
mais de um partícipe, diz-se que o crime foi praticado em coparticipação.
53
TEORIA GERAL DO CRIME Capítulo 3 
Em algumas situações, o sujeito ativo precisa ter uma capacidade especial 
para a prática do crime; exige-se um sujeito ativo qualifi cado; esses crimes são 
denominados de crimes próprios, pois não podem ser praticados por qualquer 
pessoa.
Em outras situações, a lei exige que o agente pratique pessoalmente o crime; 
esses são chamados de crime de mão própria; nesses crimes nunca haverá 
coautoria, podendo, todavia, ter participação.
A diferença fundamental entre o crime próprio e crime de mão própria, é que 
no crime de mão própria não pode haver coautoria (somente o autor pode cometê-
lo), enquanto que no crime próprio pode haver mais de um autor.
Para aprofundar o estudo acerca da responsabilidade penal 
da pessoa jurídica, sugere-se a leitura do artigo intitulado “A 
responsabilidade penal da pessoa jurídica: uma análise crítica, 
escrito por Anny Ramos Viana e disponível no seguinte endereço 
eletrônico: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php/?n_
link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13786&revista_caderno=3>.
Pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de crime? Sim, mas 
somente no caso de crimes ambientais (Lei nº 9.605/1998).
Assim, percebemos que no tocante ao sujeito ativo, a doutrina apresenta 
diversas classifi cações (comum, próprio e de mão própria), as quais, como visto, 
para sair da regra geral (crime comum), dependem de uma característica especial 
do agente (crime próprio e de mão própria).
54
 Direito Penal I – Parte Geral
SuJeito PassiVo
O sujeito passivo pode ser: a) formal: é sempre o Estado, por ser o 
responsável

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