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A hemostasia é composta por uma sequência de eventos integrados que englobam vasos sanguíneos, plaquetas, fatores de coagulação, anticoagulantes naturais, proteínas da fibrinólise e seus inibidores. O objetivo da hemostasia é interromper sangramentos provenientes de lesão vascular. A resposta primária da hemostasia, a qual envolve o endotélio vascular e plaquetas, resulta na formação de um trombo plaquetário cujo efeito hemostático é transitório. A ativação dos fatores de coagulação culminará na geração de trombina e, subsequentemente, de uma rede de fibrina que reforçará e estabilizará o trombo. Os anticoagulantes naturais controlarão a ação dos fatores de coagulação, impedindo que a geração de trombina e de fibrina seja excessiva. Finalmente, a fibrinólise dissolverá gradualmente a rede de fibrina, garantindo um fluxo sanguíneo normal ao longo do leito vascular. 1. Hemostasia Primária 2. Vasos Plaquetas 3. Fator de von Willebrand 4. Fatores da Coagulação 5. Sistema fibrinolítico 6. Anticoagulantes Naturais ✓ PLAQUETAS Fragmentos citoplasmáticos megacariocíticos discóides, anucleados. Seqüestradas pelo baço após 24 - 48 h da sua liberação pela MO 30% das plaquetas circulantes no baço Vida média: 10 dias (8-14 dias) Valor de referência: 140.000 – 450.000/ul Em circunstâncias normais, as plaquetas circulantes não interagem com a parede do vaso, porém após lesão vascular são capazes de responder rapidamente às propriedades trombogênicas das células endoteliais. As plaquetas irão aderir ao subendotélio e serão ativadas e agregadas umas às outras, culminado com a formação de um trombo na parede do vaso. O fluxo sanguíneo tem papel fundamental na hemostasia, sendo capaz de influenciar a dinâmica da formação do trombo. ✓ Coagulação: processo que leva à formação de fibrina. ✓ Hemostasia: coagulação fisiológica que ocorre em resposta ao dano vascular. ✓ Trombose é o processo de coagulação patológica com formação de um coágulo localizado, que pode chegar a ocluir o vaso. ✓ Fibrinólise processo de dissolução do coágulo e atua sobre a fibrina formada. Avaliação Laboratorial: Identificar causas de defeito hemostático (hemorragia ou trombose), definir a intensidade e extensão do defeito hemostático e Monitorização de anticoagulação oral. As técnicas que podem ser divididas de acordo com o processo que avaliam: a hemostasia primária, a coagulação propriamente dita, os sistemas reguladores da coagulação e a fibrinólise. Os testes usados na avaliação da hemostasia podem ser classificados em funcionais (atividade da proteína a ser testada, - coagulométricos e os métodos amidolíticos que usam substratos cromogênicos) ou imunológicos (detectam sua presença com base em anticorpos específicos, independentemente de sua função - imunoeletroforese e o Imuno-Enzima-Ensaio: ELISA). a) HEMOSTASIA PRIMÁRIA: envolve a interação das plaquetas com componentes do endotélio vascular e com proteínas plasmáticas (como o fator de von Willebrand). Os testes relacionados à hemostasia primária são: • Tempo de sangramento: é a medida da função plaquetária in vivo. (perfuração com cerca de 1 mm de profundidade, de modo a lesar apenas pequenos vasos, onde atuam os processos envolvidos na hemostasia primária). Duke é realizado preferencialmente no lóbulo da orelha, a sensibilidade da técnica é baixa. Técnica de Ivy, é feita no antebraço, realizando um corte padronizado com lâmina especial. Estará prolongado em casos de trombocitopenia • Contagem de plaquetas: geralmente feita em sangue total anticoagulado com EDTA, usando- se contadores automáticos de células, são capazes ainda de avaliar a distribuição do volume plaquetário, observando a presença de plaquetas grandes, regenerativas. Pode ser feita também em lâmina, pelo método de Fonio, cuja precisão é menor, mas permite a análise da morfologia plaquetária. • Avaliação da função plaquetária: útil na avaliação da função das plaquetas, através da exploração de diferentes vias de ativação plaquetária in vitro. É baseado na medida da formação de agregados de plaquetas após sua exposição a um agente agregante. Identificar o local do defeito da hemostasia primária, já detectado através de história clínica e prolongamento do tempo de sangramento. • Citometria de fluxo: permitiu aprofundar o estudo das plaquetas, usando-se anticorpos contra glicoproteínas que são expostas apenas na plaqueta ativada, além de permitir o diagnóstico das trombopatias por deficiência de determinadas glicoproteínas da membrana plaquetária, permite ainda a numeração de plaquetas recém-lançadas na circulação, as plaquetas reticuladas, o que possibilita estimar o ritmo de produção das plaquetas. b) COAGULAÇÃO SANGUÍNEA: os testes coagulométricos são baseados no tempo que o plasma leva para coagular (formação do coágulo de fibrina), que pode ser visualizado no tubo, nas técnicas manuais, ou detectado fotometricamente, através dos aparelhos denominados coagulômetros. • Tempo de Protrombina (TP): consiste na determinação do tempo de formação do coágulo de fibrina após a adição de tromboplastina tecidual e de cálcio, o que promove a ativação dos fatores que iniciam a via comum da coagulação. Usado no controle de pacientes em uso de anticoagulantes orais. • Tempo de Tromboplastina Parcial Ativado (TTPA): consiste na determinação do tempo de coagulação do plasma após adição de um ativador da fase de contato da coagulação e de cefalina, que substitui o fosfolipídeo da membrana plaquetária. • Tempo de Trombina (TT): obtido após adição de trombina em baixa concentração ao plasma puro, de maneira que o tempo de coagulação é influenciado pela concentração de fibrinogênio e pela presença de inibidores da formação de fibrina, tais como a heparina. • Pesquisa de anticoagulante circulante: anticoagulante lúpico é um anticorpo dirigido contra proteínas que se ligam a fosfolipídeos e interfere com o reagente utilizado nos testes in vitro • Dosagem de fibrinogênio: medido por teste baseado no tempo de coagulação do plasma por alta concentração de trombina, ou método de Clauss, e por avaliação da densidade óptica do coágulo. • Dosagem de fatores: pode ser feita individualmente, utilizando-se um plasma deficiente apenas no fator que se quer determinar. c) SISTEMAS REGULADORES DA COAGULAÇÃO: dosagem das proteínas envolvidas nos sistemas de inibidores que regulam a ativação da coagulação, a saber, antitrombina, proteína C e proteína S, é útil na avaliação de pacientes com quadro de trombose venosa para identificação de trombofilia. d) ATIVIDADE FIBRINOLÍTICA: técnicas globais da atividade basal e do potencial fibrinolítico após estímulo adequado, dosagem funcional e imunológica das moléculas livres e em complexo. A medida da concentração de produtos de degradação de fibrina é um ótimo marcador de atividade fibrinolítica, sendo útil em situações clínicas como a coagulação intravascular disseminada e trombose venosa. Os métodos são imunológicos e usam anticorpos com diferentes especificidades, de modo que podem detectar diferentes fragmentos de fibrina ou de fibrinogênio degradados pela plasmina. TROMBOCITOPOESE O termo megacariocitopoese refere-se à proliferação, diferenciação e maturação dos megacariócitos, levando à produção de plaquetas. Megacariócitos maduros na medula óssea emitem protusões citoplasmáticas (pró plaquetas) no interior dos vasos. A força do fluxo sanguíneo fragmenta essas protusões e gera as plaquetas no interior dos vasos. • Trombopoetina (TPO) é o principal hormônio glicoprotéico, produzido no fíogado e nos rins, envolvido na megacariocitopoese, responsável pela maturação dos megacariócitos e produção de plaquetas. Produção de plaquetas é normal 1x1011/dia, aumenta com sangramento e diminui apóssangramento. Vida média das plaquetas circulantes é de 8 a 12 dias são destruídas por fagocitose. DEFEITOS DA HEMOSTASIA PRIMÁRIA E DE ORIGEM VASCULAR As doenças causadas pelos distúrbios da hemostasia primária são: • Púrpuras: sangramento em pele (petéquias e equimoses) e em mucosa (gengivorragia, epistaxe, sangramento de trato gastrintestinal, hematúria ou menorragia). Podem ser trombocitopênicas, causadas por redução do número de plaquetas, determinadas por falta de produção ou por consumo aumentado, de etiologia imunológica ou não imunológica; ou ainda de alterações relacionadas à integridade dos vasos, isto é, as púrpuras vasculares. Trombocitopenia é definida como a contagem de plaquetas abaixo de 150.000/µL (válida desde o recém-nascido até o indivíduo idoso). Pode ser decorrente da falta de produção de plaquetas pela medula óssea substituída por leucemia, linfoma ou infiltração por neoplasia de outra linhagem, ou ainda por células de depósito como na doença de Gaucher. A medula óssea pode ainda ter sido agredida por agentes tóxicos, quimioterápicos, por radioterapia ou por aplasia medular de origem imunológica. Trombocitose reativa (secundárias): • Ferropenia • Infecção ou inflamação • Neoplasia disseminada • Drogas (vincristina, adrenalina, ácido transretinoico) • Esplenectomia ou ausência congênita do baço • Anemia hemolítica Trombocitose: avaliação se deve por repetição da contagem de plaquetas após alguns dias, uma vez que grande parte dessas alterações é transitória. Caso não haja a normalização da contagem de plaquetas, deve-se, então, iniciar a investigação. Essa investigação deve ser iniciada com a história clínica, a qual pode evidenciar alguma doença: • Púrpuras trombocitopênicas • Mieloaplasias • Leucemias agudas • Grandes hemorragias • Viroses • Esplenomegalia • Septicemias Trombocitose (maior que 500.000/uL) • Síndromes mieloproliferativas • Pós-hemorragia • Doençasinflamatórias crônicas • Pós-esplenectomia • Anemia ferropriva As doenças mieloproliferativas crônicas, como a leucemia mieloide crônica e a policitemia vera, estão associadas a defeitos da função plaquetária, mas que se relacionam à ocorrência de trombose, não de hemorragia. VON WILLEBRAND: doença de von Willebrand é uma doença hemorrágica, causada por defeitos hereditários na concentração, estrutura ou função do fator von Willebrand. É considerada a mais comum das doenças hemorrágicas. O Fator von Willebrand (FVW) é uma grande glicoproteína multimérica, com várias e importantes atividades biológicas dependentes dos seus distintos domínios funcionais. defeitos no fator von Willebrand podem causar manifestações hemorrágicas com características típicas de anormalidades plaquetárias ou de hemofilia leve a moderadamente grave. Embora a presença de história familiar positiva para doença hemorrágica seja útil para a identificação de pessoas que provavelmente tenham doença de von Willebrand, isto nem sempre ocorre, principalmente nos pacientes com DVW leve e com familiares assintomáticos. A adquirida pode ocorrer espontaneamente ou em associação com outras doenças Plaquetograma (contagem plaquetas no sangue) Valores de referência Analito Limites Plaquetas 150.000 – 500.000/uL Plaquetócrito 0,100 – 0,500% VPM (volume plaquetário médio) 6,00 – 10,00fL PDW (coeficiente deanisocitose) 10,0 – 18,0% Mielograma (Liquido medula óssea) Condição Medula óssea Diagnóstico Trombocitopenia Megacariócitos ausentes Hipofunção medular Megacariócitos aumentados Destruição periférica Trombocitose Normal Trombocitose reativa Anormal Síndrome mielo proliferativa
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