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politicas publicas para o controle da anemia ferropriva

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2
Revisão / Review
Políticas públicas para o controle da anemia ferropriva
Public policies to control iron deficiency in Brazil
REVISTA BRASILEIRA
DE HEMATOLOGIA
E H E M O T E R A P I A
REVISTA BRASILEIRA
DE HEMATOLOGIA
E H E M O T E R A P I A
Sophia C. Szarfarc A anemia por deficiência de ferro configura um problema epidemiológico da maior
relevância atuando nos gastos públicos de saúde, nas consequências sociais do au-
mento de riscos no período gestacional, na redução da produtividade e, ainda, nas
consequências, em longo prazo, do desenvolvimento mental. Algumas datas marcam o
envolvimento do governo brasileiro em busca de alternativas de controle da deficiência
marcial: 1977 – 1ª Reunião do Ministério da Saúde (INAN), com especialistas nacio-
nais e internacionais, para discutir perspectivas e intervenções para o controle da
anemia; 1982/83 – distribuição de suplemento de ferro para a clientela do Programa
de Atenção à Gestante e dosagem de hemoglobina na 1ª consulta; 1992 – assinatura de
compromisso brasileiro de reduzir em 1/3 a prevalência de anemia em gestantes; 1994
– implantação do Programa de Leite Vivaleite, no estado de São Paulo, fornecendo leite
fortificado com ferro a famílias com crianças até 6 anos e renda inferior a dois salários
mínimos; 2002/junho 2004 – fortificação das farinhas de trigo e de milho com ferro;
2005 – programa de suplementação de ferro a lactentes; 2009/março – divulgação do
resultado do levantamento de prevalência de anemia em mulheres (15-49 anos) e
crianças (6 - 59 meses) no Brasil; 2009/agosto – foi reeditada a Portaria no 1793/GM/
agosto/2009 do Ministério da Saúde, instituindo a Comissão Interinstitucional para
implementação, acompanhamento e monitorização das ações de fortificação das fari-
nhas de trigo e milho e seus subprodutos. Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2010; 32
(Supl.2):2-7.
Palavras-chave: Políticas públicas; deficiência de ferro; nutrição em Saúde Pública.
Introdução
Em 1992, o Brasil assumiu um compromisso junto às
Nações Unidas de, até o ano 2000 (prorrogado para 2003),
reduzir a prevalência de anemia por deficiência de ferro entre
gestantes (posteriormente expandido para crianças em idade
pré-escolar) em 1/3 dos níveis encontrados em 1990.1 Embora
pouco ambicioso na proposta de controle da anemia, o com-
promisso brasileiro teve o mérito de intensificar os estudos
de intervenção para controlar a deficiência do ferro e erradicar
a sua forma mais grave: a anemia. Sem exceção, todos os
projetos desenvolvidos desde então, tinham uma meta co-
mum: a busca de propostas de intervenção factíveis de im-
Deficiências Nutricionais – Professor aposentado.
Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo (USP) – São Paulo-SP.
Correspondência: Sophia Cornbluth Szarfarc
Av. Dr. Arnaldo, 715
01246-904 – São Paulo-SP – Brasil
Tel./Fax.: (55 11) 3061-7705; (55 11) 3061-7771
E-mail: scfarc@usp.br
Doi: 10.1590/S1516-84842010005000065
plantação visando o controle da desnutrição em populações
de risco.
As perdas econômicas decorrentes da anemia não po-
dem ser desprezadas. Relatório do Banco Mundial, de 1994,2
destacava que, apesar da dificuldade em se quantificar o custo
para o Brasil, cerca de 5% do PIB de países em desenvolvi-
mento são desperdiçados com os gastos em saúde decorren-
tes da anemia por deficiência de ferro. Transpondo esses
cálculos para o ano de 2008, pode-se dizer que, o Brasil, com
um PIB estimado em R$ 2,3 trilhões, gastou, neste ano, R$
116 bilhões para tratar problemas de saúde decorrentes da
deficiência de ferro. Horton e Ross3 ressaltam o elevado cus-
to indireto da deficiência de ferro na redução da produtivida-
3
de, na mortalidade materna, na prematuridade, no baixo peso
das crianças ao nascimento e, principalmente, nas conseqü-
ências irreversíveis sobre o desenvolvimento cognitivo que
ocorrem na infância e se traduzem no decorrer da vida em
reprovação e abandono escolar, acompanhados de baixa ca-
pacidade física para trabalhos braçais. Eles afirmam que tan-
to a fortificação de alimentos habituais na alimentação da
população alvo, como a suplementação medicamentosa, se
efetivamente implantadas, constituem um investimento pe-
queno, inferior a 0,3% do PIB de países em desenvolvimento.
O ano de 1977 representou um marco no controle da
anemia nutricional no Brasil. Nesse ano, o extinto Instituto
Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN), do Ministério
da Saúde, organizou uma reunião técnica para discutir o pro-
blema da deficiência de ferro no País.4 Os estudos de diag-
nóstico até então desenvolvidos eram poucos e pontuais,
porém permitiam concluir que a anemia ocorria em proporção
endêmica. Como continua sendo aceito, a patologia foi atri-
buída à deficiência alimentar de ferro e, assim sendo, as pro-
postas de intervenção que vinham sendo adotadas em todo
o mundo, tinham como objetivo, o aumento do consumo do
mineral.
Além de destacarem que o consumo deficiente e/ou
inadequado do mineral era o seu principal determinante, os
especialistas, nacionais e internacionais, reforçaram que as
conseqüências ocasionadas por essa desnutrição específica
eram deletérias para a qualidade de vida da população, em
especial das gestantes e seus conceptos.5
Demorou, porém em 1982/83, foi implantada, no País, a
distribuição de ferro suplementar para a totalidade da clien-
tela atendida pelo Programa de Atenção à Gestante (PAG)
das Unidades Básicas de Saúde (UBS). Conjuntamente ao
suplemento, o diagnóstico de anemia, através da dosagem
da concentração de hemoglobina, deveria ser realizado por
ocasião da inscrição da mulher no Programa (MS).6 Diferente
do que ocorre atualmente, eram raras as UBSs que colhiam o
material necessário para o diagnóstico de anemia.
Um levantamento de prevalência de anemia entre ges-
tantes atendidas em serviços públicos de saúde do estado
de São Paulo, que mantinham a dosagem da concentração de
hemoglobina na rotina do PAG, foi realizado três anos após a
implantação da distribuição do suplemento marcial.7 Neste
estudo foi verificado que 35,1% das gestantes ingressantes
no PAG apresentavam concentração de hemoglobina ([Hb])
inferior a 11,0 g/dL, valor que, de acordo com a Organização
Mundial de Saúde,8 caracterizava a presença de anemia. Em-
bora elevada, a prevalência de anemia encontrada estava
bastante subestimada, como já havia sido ressaltado no es-
tudo, uma vez que durante uma gestação normal, os valores
hematológicos de hemoglobina mudam substancialmente.
Para mulheres com nutrição de ferro adequada, o que é dese-
jável, a [Hb] inicia o declínio no final do 1º trimestre de gesta-
ção e atinge o valor mínimo no final do 2º trimestre quando,
gradual e lentamente aumenta até o final do processo.9
Vale a pena, no entanto, ressaltar que, mesmo adotan-
do o valor único de referência proposta pela OMS, a preva-
lência encontrada (35,1%) já seria suficientemente elevada
para indicar que os programas de intervenção deveriam ser
oferecidos não somente para as gestantes, mas, também para
outros grupos populacionais. Mulheres anêmicas são ges-
tantes anêmicas e geram filhos também anêmicos que, inge-
rindo alimentação deficiente no mineral também se mantêm
anêmicos, com risco de sofrer todos os agravos decorrentes
da desnutrição.10
O aumento da incidência de prematuridade e/ou peso
baixo ao nascer nos conceptos, que incide com maior fre-
qüência entre gestantes anêmicas, afeta de forma decisiva o
desenvolvimento da criança e o risco dela se tornar anêmica
já ao nascimento. Por sua vez, crianças anêmicas têm sido
consideradas as mais sensíveis a agravos no desenvolvi-
mento cognitivo e neuropsicomotor em função dos compro-
metimentos de processos fisiológicos relacionados à produ-
ção de hemoglobina e consequente transporte de oxigênio
ao cérebro, alterando a neurotransmissão e mielinização.11
Devido a dificuldades decorrentes dos inúmeros fato-
res sociais, ambientais e econômicos que concorrem para o
desenvolvimento de uma criança, poucos são os estudos
que avaliam a inter-relação entre deficiênciade ferro e desen-
volvimento cognitivo. No entanto, como refere Grantham-
McGregor,12 a possibilidade que a deficiência de ferro afete o
desenvolvimento infantil é um sério problema de saúde pú-
blica e traz implicações não somente para o desenvolvimento
pessoal, mas também para as nações em desenvolvimento
onde a prevalência da anemia é sempre elevada.10
Embora tenha uma inconteste importância epide-
miológica e acarrete elevados custos públicos e privados de
saúde, é muito recente o interesse (possivelmente por não
apresentar sinais e/ou sintomas específicos) dos governos
pelo problema das anemias como tema de políticas públicas.
Foi a partir da Reunião de Cúpula de New York, promovida
pelas Nações Unidas, que a anemia passou a figurar no elen-
co das prioridades mundiais de saúde e nutrição.13 O com-
promisso assinado pelo Brasil, em 1992, de reduzir em 1/3 a
prevalência de anemia entre gestantes até o ano 2000, pos-
tergado para 2003 e ampliado para crianças em idade pré-
escolar, embora pouco ambicioso nas suas metas, teve o
mérito de intensificar os estudos de diagnóstico e interven-
ção para controlar a deficiência do ferro e erradicar a sua
forma mais grave: a anemia.
A identificação da anemia como um dos fatores causais
de inadequado desenvolvimento cognitivo, social, motor, e
de redução da capacidade de aprendizagem entre crianças,
colocou-as, ao lado das gestantes, como grupo prioritário
dentro dos programas de intervenção nutricional de controle
da deficiência de ferro.14
As prevalências de anemia entre os indivíduos desse
grupo populacional são extremamente elevadas, como mos-
traram Fisberg et al.,15 que registraram 75% de anemia em
 Szarfarc SC Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2010; 32(Supl.2):2-7
4
crianças de creches brasileiras, Torres et al.,16 que encontra-
ram 59% de anêmicos entre crianças paulistas de 6 a 23 me-
ses de idade, atendidas nas Unidades Básicas de Saúde e
Szarfarc et al.,17 que encontraram 56% de crianças que fre-
quentam serviços públicos de saúde do Brasil, no primeiro
ano de vida, com anemia.
Conscientes da importância do ferro na alimentação
infantil e do leite na prática alimentar da criança, Torres e
Queiroz18 lideraram uma série de experimentos com leite flui-
do fortificado com ferro proveniente de diferentes fontes.
Concluíram desses estudos que a eficácia do suplemento no
controle da deficiência do ferro era maior quando o compos-
to utilizado para a fortificação era o ferro bisglicina quelato
(Ferrochel®). Ao iniciar o estudo de intervenção, 74,4% das
270 crianças do município de Angatuba, frequentadoras da
UBS (Unidade Básica de Saúde) que participaram do projeto
estavam anêmicas. Ao final de cinco meses, o porcentual de
anemia baixou para 45,6%, e, ao final de 13 meses, apenas
4,1% das crianças apresentavam um diagnóstico positivo
para anemia.
Aliando esses conhecimentos à vontade política, já em
1997 a Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo im-
plantou o programa do leite Vivaleite, que veio a ser norma-
tizado em 1999.19 Por este programa, famílias com renda infe-
rior a dois salários mínimos e filhos com idade entre 6 e 72
meses recebiam o Vivaleite em quantidade equivalente a meio
litro diário. A efetividade do Vivaleite, cuja eficácia era tão
elevada, não foi a esperada. A diluição intrafamiliar do ali-
mento, a embalagem plástica, sem as características de "lon-
ga vida", e a ausência de um programa de educação alimentar
permanente acompanhando a distribuição do produto fortifi-
cado foram as principais causas detectadas para justificar a
baixa efetividade encontrada.20,21
A grande demonstração da sintonia do governo brasi-
leiro com as recomendações internacionais e da vontade
política de minimizar a anemia dentre os problemas de saúde
pública da população brasileira foi o Programa de Fortifica-
ção de Farinhas de Trigo e de Milho, para todos os fins, com
ferro e ácido fólico, cuja efetiva implantação ocorreu em ju-
nho de 2004 (http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2002/
344_02rdc.htm.)
Ainda visando cumprir o compromisso firmado e cons-
cientes do baixo consumo de alimentos sólidos por lactentes,
em maio de 2005 foi editado, pelo Ministério de Saúde, o
Programa Nacional de Suplemento de Ferro (PNSFe), a ser
distribuído através das UBSs a crianças de 6 a 18 meses de
idade (http://www.saude.gov.br/nutricao).
São poucos e contraditórios os resultados de estudos
de avaliação da efetividade desses dois programas de inter-
venção.
Um estudo de abrangência nacional, coordenado por
Fujimori e Szarfarc,22 com o objetivo de avaliar o impacto da
fortificação das farinhas fortificadas na ocorrência da anemia
em gestantes, permitiu ver que, na maior parte dos locais
estudados, a prevalência de anemia após, pelo menos, um
ano da implantação da intervenção, era elevada e similar àque-
la encontrada antes da fortificação. A média de prevalência
de anemia em 2002, 22,4%, não diferia estatisticamente da-
quela encontrada após julho de 2005: 20,4%.22
Dos resultados encontrados em municípios de todas
as regiões brasileiras, duas hipóteses foram levantadas. A
primeira refere-se ao baixo consumo dos alimentos fortifica-
dos. Colaborando com essa hipótese verifica-se esse baixo
consumo nos dados levantados pelo IBGE (2004) na Pesqui-
sa de Orçamentos Familiares POF (2002) (http//ftp.ibge.br/
orçamentos familiares/pesquisa de orçamentos familiares 2002
2003/analise)
Como mostra o Quadro 1, especialmente entre a popu-
lação de mais baixa renda (< 2 salários mínimos/familia), a
quantidade de ferro suplementar é insuficiente para suprir ao
menos os 30% (4,2mg Fe/dia) do nutriente propostos para
identificar alimentos fortificados.
O segundo aspecto discutido com vistas a entender os
resultados encontrados na avaliação da efetividade das fari-
nhas diz respeito à possibilidade de melhorar o aproveita-
mento do mineral utilizando compostos de biodisponibilidade
elevada e cuja absorção sofra baixa influência de inibidores
de seu aproveitamento.
O Quadro 2 apresenta a absorção potencial do ferro
suplementar veiculado pela farinha de trigo utilizando o sul-
fato ferroso ou o Ferrochel® como fonte do mineral, utilizan-
do como modelo diferentes alimentos que estão disponiveis
no mercado varejista na forma de fortificados e que fazem
parte da prática alimentar nacional.
Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2010; 32(Supl.2):2-7 Szarfarc SC
5
Os dados do Quadro 2 permitem ressaltar que há uma
grande diferença na perspectiva de sucesso do programa
decorrente da escolha do composto fonte de ferro.
Dentre os poucos trabalhos divulgados no Brasil após
a fortificação das farinhas, Assunção et al.,23 em estudo de
série temporal com amostra probabilística da população de
crianças de 0 a 5 anos de idade, da cidade de Pelotas (Rio
Grande do Sul), analisaram a prevalência de anemia domicili-
ar nos anos de 2004 (antes da fortificação), 2005 e 2006 (12 e
24 meses após a fortificação) e não observaram qualquer
efeito significativo nos níveis médios de hemoglobina dos
pré-escolares.
No entanto, a efetividade das farinhas fortificadas no
controle da anemia pode ser comprovada em grupos popu-
lacionais onde o consumo dos derivados do trigo é frequente
e a quantidade com que é consumida é regular. Queiroz et
al.24 verificaram entre escolares ingressantes de um município
paulista, cuja merenda escolar compreendia o almoço e um
lanche, a diminuição na prevalência de anemia de 30% (valor
médio de prevalência encontrado na região) para 5,8%, sendo
que houve um aumento de 22,5% deferro biodisponivel.
Também Costa et al.25 encontraram resultado similar entre
crianças de 2 a 5 anos que frequentavam creches assistenciais
da regional Butantã, São Paulo. De 64% de anêmicos descritos
para a população de creches da região em 2002, este estudo
descrevea anemia em 21% dos pré-escolares.
Embora não se possa fazer uma associação de causa e
efeito sobre a efetividade e eficácia da fortificação das fari-
nhas com ferro sobre a acentuada redução observada na
proporção de anemia na região Butantã da cidade de São
Paulo, uma vez que o presente estudo apenas analisou a
adequação programada das refeições presentes nos cardápi-
os dos pré-escolares, os resultados encontrados por Queiroz
et al.24 e Costa et al.25 são estimuladores e importantes para
os gestores públicos.
A eficácia de uma suplementação semanal com sulfato
ferroso – que serviu de modelo para o PNSFe – foi avaliada
no município de São Paulo,26 em uma coorte de 1.015 crianças
de 4 a 59 meses de idade divididas em dois grupos: controle
(GC) e intervenção (GI). No GC após a avaliação da [Hb], a
mãe era informada do resultado e, no caso de diagnóstico
positivo de anemia, era orientada a procurar um serviço de
saúde para tratamento. As crianças do GI receberam, inde-
pendente do resultado de anemia, solução de sulfato ferroso
com orientação para ingestão de ao redor de 4 mgFe/kg de
peso, uma vez por semana. Alguns resultados merecem ser
destacados:
• após período de aproximadamente 7 meses, a [Hb]
média do GI foi significativamente maior do que do GC;
• a incidência de anemia em crianças a partir dos 14
meses de idade foi significativamente menor entre as do GI
do que nas do GC;
• a adesão plena e parcial somou 62% das crianças.
O efeito benéfico da suplementação foi relatado pelas mães
com frequência duas vezes maior do que de efeitos negati-
vos. Quanto a esses, eles não estavam relacionados à dimi-
nuição da adesão.
A comprovação que a suplementação semanal foi efi-
caz para prevenir, evitando o declínio e estabilizando os ní-
veis de hemoglobina, embora não associada à elevação des-
se indicador, permitiram propô-la como uma alternativa viá-
vel no controle da anemia.26 Dessa forma, o modelo paulistano
foi adotado como estratégia no "Projeto para controle da
anemia ferropriva em crianças menores de dois anos", nos
512 municípios nordestinos incluídos no Programa de Redu-
ção da Mortalidade Infantil27 e, como já descrito, desde maio
de 2005, foi estendido para todo o Brasil.28
A efetividade dos programas de suplementação es-
barra em uma série de fatores relevantes, políticos, adminis-
trativos, econômicos, de planejamento e gestão, de organi-
zação, fatores materiais e humanos, que envolvem, em últi-
ma análise, interesses, motivações e crenças. Há ainda que
se considerar que o sulfato ferroso, escolhido como suple-
mento pelo seu baixo custo e razoável biodisponibilidade,
provoca efeitos colaterais indesejáveis como náuseas, có-
licas abdominais, obstipação e/ou diarreia, e sabor metálico
característico (como a maioria dos sais de ferro) o que faz
com que a rejeição à sua ingestão seja frequente.
Além desses aspectos, contribuem para a baixa adesão
o fato de que, para controlar a deficiência, a suplementação
medicamentosa deva ser utilizada por tempo prolongado e
de que pessoas não associam com a anemia quaisquer si-
nais e/ou sintomas específicos, e, portanto não associam
com a suplementação a melhora do quadro clínico. Na suple-
mentação, o ferro é ingerido como medicamento para uma
"doença" sem uma sintomatologia que justifique seu uso.
Nesse sentido, a ingestão de alimentos fortificados parece
ser a solução definitiva e mais adequada para atender à
demanda da população brasileira
O controle da deficiência de ferro mostra que, se por
um lado, aparentemente a anemia é uma patologia de fácil
solução – o simples aumento da ingestão de ferro modificaria
a situação epidemiológica da deficiência, por outro lado, o
modelo adotado para programas implantados em serviços de
saúde, incluindo o Programa de Atenção à Gestante do Mi-
nistério da Saúde, ressalta a existência de problemas opera-
cionais que impedem o surgimento do efeito esperado.
Entre os problemas detectados, é nítido que o sulfa-
to ferroso, composto de opção nos vários programas na-
cionais, apresenta várias restrições que diminuem a ade-
são ao seu consumo: o sabor desagradável, a necessida-
de de ser ingerido entre as refeições para evitar diminui-
ção da absorção e, ainda, a baixa biodisponibilidade pró-
pria do composto.
A necessidade de busca de alternativas para o controle
de anemia que não exclusivamente aquelas intervenções já
implantadas no Brasil, com destaque para a fortificação das
farinhas de trigo e de milho enriquecidas com ferro, ficou
 Szarfarc SC Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2010; 32(Supl.2):2-7
6
Abstract
Iron deficiency anemia is a vast epidemiologic problem evidenced
by health public spending, the social consequences of increased
risk in pregnancy, low production, and also by long term
consequences of cognitive development. Some points in time
highlight the involvement of the Brazilian government: 1977 – 1st
Health Minister Meeting (INAN), with international and national
specialists to discuss perspectives and interventions to control
anemia; 1982/83 – distribution of iron supplement to Pregnancy
Programs and 1st consultation to measure hemoglobin
concentration; 1992 – Brazilian government commitment to reduce
the prevalence of anemia in pregnant women by 1/3; 1994 –
Implementation of the "Vivaleite" Program to provide iron fortified
milk to families with under 6-year-old children and incomes of up
to 2 minimum wages; June 2002-2004 – wheat and corn flour
fortification with iron; 2005 – Iron supplementation program to
breastfeeding women; March 2009 – Reports published on the
prevalence of anemia in women (15 to 49 years old) and children
(6 to 59 months) in Brazil. August 2009 – the 1st Inter-institutional
Commission Meeting for the Implementation, accompaniment and
monitoring of fortification policies of wheat and corn flour and
their "subproducts" was established by the Health Minister. Rev.
Bras. Hematol. Hemoter. 2010;32(Supl.2):2-7.
Key words: Public policies; iron deficiency; anemia; nutrition,
Public Health.
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cíficas do Setor Saúde para o seu Controle. Cad. Saúde Pública.
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2003;28(1):51-75.
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Mor Mortal Wkly Rep. 1989;38:400-4.
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12. Granthan-MacGregor S. Does iron-deficiency anemia affect child
development? Pediatrics. 2003;112(4):948.
bem visível no dia 23 de março de 200929 quando foram divul-
gados os dados de um primeiro estudo nacional relativo à
prevalência de anemia do projeto PNDS, 2006 (Pesquisa Na-
cional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher). Valo-
res de prevalência de anemia entre mulheres em idade
reprodutiva (15-49 anos) e crianças de 6 a 59 meses de idadeestão apresentados no Quadro 3.
De forma diferente do que ocorre com a desnutrição
proteico-energética, com as doenças diarreicas e com as
parasitoses intestinais, a anemia alcança níveis significantes
entre famílias de melhor nível socioeconômico. Essa dissemi-
nação da deficiência de ferro entre todos os estratos socio-
econômicos aponta para a necessidade de estudos mais refi-
nados sobre sua epidemiologia. Parece, pois indispensável
conhecer a exata determinação que a condição socio-
econômica exerce sobre o aporte de ferro na dieta e os meca-
nismos que relacionam este aporte às reservas orgânicas do
mineral e, em sequência, à concentração da hemoglobina no
sangue.
Ao mesmo tempo, a elevada prevalência de anemia
entre mulheres cuja alimentação é similar à da família, descrita
no PNDS, 2006, pelo menos dois anos após a implantação
da fortificação das farinhas de trigo e de milho em todo o
Brasil e a elevada prevalência de anemia entre crianças com
acesso à suplementação de ferro enquanto lactentes ressalta
a necessidade de uma discussão mais ampla abarcando tam-
bém a respeito das intervenções com vistas à obtenção de
resultados mais próximos das metas previstas para elas e/
ou de alternativas que, em mais curto prazo, permitam o
controle dessa desnutrição. Com esse propósito, o Minis-
tério da Saúde criou a Comissão Interinstitucional para
Implementação, Acompanhamento e Monitoramento das
Ações de Fortificação de Farinhas de Trigo, Farinhas de
Milho e seus Subprodutos30 cuja primeira reunião foi
realizada em 11 de novembro de 2009.
Como destaca Batista Fo et al.,31 ainda existem di-
versas lacunas cujas respostas poderão levar ao controle
do problema da anemia nutricional que, apesar do seu im-
pacto epidemiológico e clínico, ainda conserva incertezas
no que se refere a causas, epidemiologia diagnóstico e
tratamento.
Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2010; 32(Supl.2):2-7 Szarfarc SC
7
O tema foi sugerido e avaliado pelo coeditor deste fascículo educativo,
Rodolfo Delfini Cançado, e pelo board interno da RBHH, e publicado
após a concordância do editor, Milton Artur Ruiz.
Conflito de interesse: sem conflito de interesse
Recebido: 12/01/2010
Aceito: 16/01/2010
13. Batista Filho M, Diniz AS. Combate às deficiências de micro-
nutrientes no Brasil (Relatório final do Seminário sobre combate
às carências de micronutrientes). Revista do IMIP, Recife, 1993;
7:121-5.
14. Brunken GS, Sarfarc SC. Anemia ferropriva em pré-escolares: con-
seqüências, formas de controle e histórico das políticas nacionais
de redução da deficiência. Cad. Nutr., São Paulo, 1999;17:1-19.
15. Fisberg M, Braga JAP, et al Anemia ferropriva em pré-escolares de
capitais brasileiras: resultados parciais. In: Reunión de La Sociedad
Latinoamericana de Investigación Pediátrica, 38, Reunión de La
Sociedad Latinoamericana de Endocrinología Pediátrica, 14, Tierra
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