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Educação Física na Terceira Idade

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Autora: Profa. Telma Fátima da Cunha Moraes
Colaboradores: Profa. Vanessa Santhiago
 Prof. Marcel da Rocha Chehuen
Educação Física 
na Terceira Idade
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Professor conteudista: Telma Fátima da Cunha Moraes
Natural de Jundiaí‑SP, fez graduação em Esporte (2005), mestrado (2010), doutorado (2015) e pós‑doutorado (em 
andamento) na área de Ciências (mestrado e doutorado em Fisiologia do Exercício e pós‑doutorado em Treinamento 
de Força) pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE‑USP). Durante a graduação, 
realizou um intercâmbio estudantil (2005) na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, em Portugal.
Iniciou sua carreira acadêmica através de sua iniciação científica (2004), dando continuidade com os trabalhos 
de mestrado e doutorado com populações especiais. Durante esse período, ganhou prêmios como primeira autora 
no Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e Exercício: Gerar‑Med Destaque Científico, em Londrina, e no 
Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo: Prêmio Interdisciplinar, em São Paulo, ambos em 2012.
Trabalhou em colaboração em diversos estudos nas áreas de envelhecimento, doenças crônico‑degenerativas, tais 
como insuficiência cardíca e Parkinson, treinamento físico e regulação de massa muscular.
Atualmente, é professora da Universidade Paulista (UNIP) no curso de Educação Física, ministrando aulas também 
para os cursos de Biomedicina e Fisioterapia. Em 2017, foi professora substituta da disciplina Genética da Atividade 
Motora na EEFE‑USP.
Na pós‑graduação, é professora colaboradora desde 2013 da disciplina Sistema Nervoso Autônomo, no Programa 
de Aprimoramento Profissional em Condicionamento Físico Aplicado à Prevenção Cardiológica Primária e Secundária 
da Escola de Educação Permanente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Foi professora convidada 
também de cursos de pós‑graduação stricto sensu (Unifesp e Unicamp) e lato sensu (Estácio, Unicid e USP). Em 2017, 
foi professora colaboradora da disciplina Metodologia da Pesquisa Quantitativa na EEFE‑USP.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
P827e Moraes, Telma Fátima da Cunha.
Educação Física na Terceira Idade. / Telma Fátima da Cunha 
Moraes. – São Paulo: Editora Sol, 2018.
120 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIV, n. 2‑078/18, ISSN 1517‑9230.
1. Desenvolvimento. 2. Comportamento motor. 3. Envelhecimento. 
I. Título.
CDU 796.4‑053.89
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Lucas Ricardi
 Kleber Souza
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Sumário
Educação Física na Terceira Idade
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 DESENVOLVIMENTO E ENVELHECIMENTO ................................................................................................9
1.1 Transição demográfica ....................................................................................................................... 10
1.2 Classificações e conceitos ................................................................................................................. 12
1.2.1 O processo de envelhecimento ......................................................................................................... 13
1.2.2 Teorias do envelhecimento ................................................................................................................. 15
1.3 Desenvolvimento de atitudes positivas frente à velhice...................................................... 18
1.3.1 Redescobrindo o envelhecimento .................................................................................................... 21
2 DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO, SOCIAL, COGNITIVO E MOTOR: IMPLICAÇÕES 
PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA .............................................................................................................................. 24
2.1 Desenvolvimento psicológico e implicações para a Educação Física .............................. 24
2.2 Desenvolvimento social e implicações para a Educação Física ......................................... 28
2.3 Desenvolvimento cognitivo e as implicações para a Educação Física ............................ 31
2.3.1 Declínio cognitivo anormal: doenças neurodegenerativas ................................................... 34
2.4 Desenvolvimento motor e as implicações para a Educação Física .................................. 36
3 ENVELHECIMENTO: SAÚDE E DOENÇA ................................................................................................... 38
3.1 Aumento da população idosa e as doenças crônicas não transmissíveis ..................... 39
3.2 Conceito e promoção de saúde ...................................................................................................... 41
3.2.1 Alimentação saudável ........................................................................................................................... 43
3.2.2 Prática de atividades físicas ............................................................................................................... 44
3.3 Modelos e o processo saúde‑doença ........................................................................................... 46
4 CAPACIDADES MOTORAS, TREINAMENTO E ENVELHECIMENTO .................................................. 48
4.1 A influência do envelhecimento no desempenho das capacidades motoras .............. 52
4.2 Treinamento físico e as capacidades motoras .......................................................................... 53
Unidade II
5 COMPORTAMENTO MOTOR DURANTE O ENVELHECIMENTO ........................................................ 59
5.1 Comportamento motor e os sistemas sensorial e perceptivo............................................ 60
5.1.1 Desenvolvimento motor: modelo das restrições ....................................................................... 62
5.2 Comportamento motor e as fases do desenvolvimento motor ........................................ 63
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6 PROCESSO ENSINO‑APRENDIZAGEM DE HABILIDADES MOTORAS DE INDIVÍDUOS 
IDOSOS .................................................................................................................................................................... 66
6.1 Processo ensino‑aprendizagem e o idoso .................................................................................. 69
6.2 Modelos de intervenção em Educação Física para populações idosas ........................... 72
6.2.1 Treinamento aeróbio ............................................................................................................................. 72
6.2.2 Treinamento resistido ............................................................................................................................ 74
6.2.3 Treinamento de flexibilidade .............................................................................................................. 76
6.2.4 Treinamento com exercícios coordenativos (elevada complexidade motora) ............... 76
6.2.5 Treinamento de força com instabilidade ...................................................................................... 77
6.2.6 Treinamento com restrição de fluxo sanguíneo ......................................................................... 78
6.2.7 Exergames .................................................................................................................................................. 78
7 EDUCAÇÃO FÍSICA PARA IDOSOS EM RELAÇÃO À RESISTÊNCIA AERÓBIA, FORÇA, 
FLEXIBILIDADE, AGILIDADE E EQUILÍBRIO ................................................................................................. 79
7.1 Controle de variáveis .......................................................................................................................... 80
7.2 Estabelecendo critérios ...................................................................................................................... 81
7.3 Prescrição de exercícios físicos ....................................................................................................... 84
7.3.1 Resistência aeróbia ou aptidão cardiorrespiratória .................................................................. 84
7.3.2 Força ............................................................................................................................................................. 85
7.3.3 Flexibilidade ............................................................................................................................................... 86
7.3.4 Agilidade ..................................................................................................................................................... 86
7.3.5 Equilíbrio .................................................................................................................................................... 87
8 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL ........................................................................................... 87
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APRESENTAÇÃO
O envelhecimento da população, com projeções de um número cada vez maior de idosos no futuro, 
tem chamado a atenção de governos, instituições como a Organização Mundial da Saúde e profissionais 
de diversas áreas. A preocupação dos governos e das instituições é criar políticas públicas que assegurem 
os direitos desses indivíduos; já os profissionais dos diferentes segmentos buscam estratégias para 
melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. Isso porque o processo de envelhecimento é uma fase 
diferente do desenvolvimento, na qual não se observa melhora ou aprimoramento de funções; pelo 
contrário, se observam reduções e perdas, que acarretam a necessidade de adaptação do indivíduo às 
mudanças inerentes dessa fase da vida. Além das transformações fisiológicas, bioquímicas e cognitivas, 
verificam‑se alterações psicológicas e sociais decorrentes de um novo posicionamento na sociedade, 
geralmente relacionado à aposentadoria e ao surgimento do “tempo livre”.
Dessa forma, ao considerarmos o processo de envelhecimento e as mudanças na vida das pessoas 
idosas, verificamos que o profissional de Educação Física tem um vasto campo de atuação, podendo 
trabalhar em diversos aspectos relacionados a esse processo, principalmente porque a atividade física 
pode auxiliar na melhora da qualidade de vida do idoso. Nesse sentido, o estudo e a compreensão do 
processo de envelhecimento poderão contribuir com a formação sólida do educador físico, capacitando‑o 
para atuar de maneira adequada, considerando as características e necessidades dessa população.
Portanto, ao final dessa disciplina e com o auxílio deste livro‑texto, você será capaz de:
• conhecer as principais características do desenvolvimento do idoso, discutindo os aspectos 
socioafetivo, cognitivo e motor e as respectivas implicações para a educação física;
• compreender as necessidades, objetivos e significados de se trabalhar as tarefas adequadas ao 
idoso e sua relação com a atividade cognitivo‑motora;
• dominar os conhecimentos que dão suporte à escolha de tarefas motoras adequadas à 
população idosa;
• refletir criticamente sobre os fundamentos da educação física na terceira idade, bem como o 
papel do profissional que atua com essa população.
INTRODUÇÃO
Uma enfermeira recém‑formada tinha sido contratada para trabalhar em uma clínica que atende 
muitos idosos. Antes de iniciar a atividade, ela teria que fazer um curso para entender a forma de 
trabalho do local.
No dia do curso, essa enfermeira e outras pessoas contratadas se sentaram em uma sala à espera 
da professora que daria o curso. A professora, ao chegar, pediu ajuda aos enfermeiros, pois carregava 
muitos materiais. Ao separar esses objetos, a professora pediu que cada pessoa pegasse um par de 
óculos, duas caneleiras (musculação), bexigas, uma calça, fones de ouvido e um protetor bucal. Solicitou 
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que colocassem os óculos, vestissem a calça (que era bem grande), colocassem as caneleiras por cima da 
calça e as bexigas por dentro, até que a região da cintura ficasse completamente preenchida. Em seguida, 
pediu para que utilizassem o protetor bucal. Por último, solicitou que os alunos do curso passassem um 
determinado creme nas mãos, mas que antes disso, colocassem os fones de ouvido.
Com os alunos preparados, a professora pediu para eles fizessem alguns movimentos. O problema é 
que os alunos apresentavam muita dificuldade em entender o que ela dizia e, também, em se movimentar 
com aqueles materiais. Um dos alunos tentou reclamar dos óculos que deixavam a visão embaçada, mas 
era muito difícil falar com aquele protetor bucal. Outra aluna tentou amarrar os cadarços do tênis, mas 
as bexigas não permitiam, pois elas estavam muito cheias. Alguns perceberam que as mãos perderam 
um pouco de sensibilidade após o creme, o que dificultava a percepção.
Após essa vivência, a professora pediu para que eles tirassem os materiais e respondessem o que 
achavam que ela pretendia com aquela experiência. Os alunos se entreolharam e mantiveram o silêncio. 
Sem respostas, a professora explicou: “Essa vivência teve o objetivo de fazer vocês se sentirem como os 
idosos se sentem. Com o envelhecimento, a visão fica embaçada; os ouvidos já não interpretam bem os 
sons; as pernas ficam pesadas e a cintura fica maior com o ganho de peso, o que dificulta o movimento; 
as mãos perdem sensibilidade e força; e a fala também é modificada”.
Os alunos, a partir da explicação da professora, perceberam que o trabalho deles teria que ser 
diferenciado, especial, pois o indivíduo ao envelhecervivencia diversas mudanças em seu corpo, o que 
não permite que ele desempenhe suas funções da mesma forma. Nesse sentido, o trabalho daquelas 
pessoas teria que ser adaptado para atender às necessidades dos idosos.
Você pode estar se perguntando nesse momento: “Mas eu não sou enfermeiro! Serei professor de 
Educação Física! O que o conhecimento dessas mudanças causadas pelo envelhecimento pode agregar 
em minha formação?”
O conhecimento das mudanças decorrentes do envelhecimento é muito importante para os 
profissionais de Educação Física, pois a prática de atividades físicas contribui para minimizar os efeitos 
da velhice e melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. Dessa forma, assim como os enfermeiros, os 
educadores físicos devem estar preparados para trabalhar com essa população, desenvolvendo atividades 
apropriadas que estimulem os aspectos psicológicos, sociais, cognitivos e motores. Além disso, a prática 
de atividades físicas pode proporcionar uma vida mais independente e autônoma, fazendo da velhice 
um período de novas experiências e expectativas.
Nessa disciplina, então, abordaremos diversos aspectos do envelhecimento, desde os fatores 
relacionados ao aumento da população idosa; as atitudes frente à velhice; o desenvolvimento psicológico, 
social, cognitivo e motor e as implicações para a Educação Física; até a elaboração de programas de 
Educação Física para idosos.
Começamos agora essa viagem do conhecimento pelo universo do envelhecimento!
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EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
Unidade I
1 DESENVOLVIMENTO E ENVELHECIMENTO
As pessoas, do nascimento até a morte, passam por inúmeras transformações, as quais determinam, 
ao longo do tempo, suas características.
Essas transformações podem se referir ao aumento progressivo das dimensões do corpo, como o 
aumento da estatura, ou definir o aprimoramento/declínio de alguma função do organismo, como 
ocorre com a marcha (andar/caminhar). Nesse sentido, o aumento progressivo das dimensões corporais, 
tais como o tamanho dos braços e das pernas, tem sido associado ao processo de crescimento, que é 
caracterizado pela crescente multiplicação e diferenciação celular, sendo definido como um processo 
quantitativo que ocorre do nascimento até se alcançar a maturação biológica, geralmente no início da 
idade adulta (por volta dos 20 anos de idade). Já as transformações que alteram as funções do organismo 
se relacionam ao processo de desenvolvimento, o qual resulta de uma sequência de modificações 
que aprimoram ou limitam tais funções. Esse processo ocorre de maneira simultânea ao crescimento, 
determinando características quantitativas e qualitativas ao desenvolvimento. Contudo, o processo de 
desenvolvimento, diferente do crescimento, ocorre por toda a vida de um indivíduo, cessando apenas 
com a morte (GUEDES, 2011).
Considerando a marcha e o desenvolvimento, podemos observar que para que uma criança consiga 
andar, é preciso aprender o movimento, mas também é preciso desenvolver certas características do 
corpo, como o fortalecimento da musculatura esquelética. Com o crescimento e o desenvolvimento, 
essa criança conseguirá aprimorar sua marcha, alcançando, na idade adulta, um padrão mais complexo 
desse movimento. Já com o envelhecimento, caminhar fica mais difícil, pois ocorrem diversas perdas 
no organismo, como a perda de massa óssea, de massa muscular e de força, prejudicando a realização 
da prática. Dessa forma, o desenvolvimento não se relaciona apenas ao aumento da qualidade 
das funções do organismo, tais como motora, cognitiva ou comportamental, observado durante o 
crescimento do indivíduo, mas reflete ainda a perda ou declínio dessas funções, como ocorre no 
envelhecimento (veja a figura a seguir), o qual tem ganhado destaque em decorrência do aumento 
da expectativa de vida da população mundial no final do século XX e da importância de se manter a 
qualidade de vida dessas pessoas.
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Unidade I
Figura 1 – Fases do desenvolvimento: da infância à velhice
1.1 Transição demográfica
As melhorias nas condições de vida e a redução da mortalidade associada aos avanços tecnológicos e 
ao desenvolvimento de medicamentos mais eficientes no combate a muitas enfermidades, tais como as 
doenças cardiovasculares, têm sido determinantes para esse aumento da população mundial de idosos, 
o que começou a ser observado por volta dos anos 1970. A expectativa, segundo a Organização Mundial 
de Saúde, é que em 2020 o número de pessoas com mais de 60 anos seja maior que o de crianças 
de até cinco anos de idade. Um aspecto interessante é que 80% desses idosos viverão em países em 
desenvolvimento como o Brasil (MATHERS et al., 2015).
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) têm mostrado o aumento tanto da 
expectativa de vida como do número de idosos no Brasil nas últimas décadas. A expectativa de vida era 
de 62,7 anos em 1980, de 72,8 anos em 2008, chegando a 74,6 anos em 2012 (IBGE, 2008, 2010, 2013). 
Entre 2012 e 2016, a população idosa cresceu 16%, totalizando 29,6 milhões de pessoas, e a projeção da 
expectativa de vida em 2020 é de 76,7 anos em média. Contudo, o número de crianças com até 9 anos 
de idade caiu de 14,1% para 12,9% da população nesse período (IBGE, 2013). Esses dados confirmam a 
transição demográfica observada no Brasil nos últimos anos.
A transição demográfica se refere às modificações observadas na fecundidade e na mortalidade 
de uma determinada população. Segundo Nasri (2008), uma população se torna mais idosa à 
medida que aumenta a proporção de indivíduos idosos e diminui a parcela de pessoas mais jovens, 
ou seja, para que uma determinada população envelheça, é necessário haver também uma menor 
taxa de fecundidade.
No Brasil, os parâmetros que favoreceram o aumento do número de idosos ocorreram entre os 
anos de 1940 e 1960. Nesse período, com a incorporação dos avanços da medicina às políticas públicas 
de saúde, houve uma redução na taxa de mortalidade e um aumento da fecundidade, aumentando 
o número de jovens. No entanto, a partir de 1960, a redução da fecundidade, que começou nos 
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EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
grupos populacionais mais favorecidos e nas regiões mais desenvolvidas, tais como o Sul e o Sudeste, 
generalizou‑se rapidamente e desencadeou o processo de transição da estrutura etária (NASRI, 2008). 
Associados à redução da fecundidade, estratégias como a criação de campanhas de vacinação em 
massa e de programas de nutrição infantil, de incentivo ao pré‑natal e à amamentação, assim como a 
contratação de agentes de saúde, refletiram no aumento da expectativa de vida anos mais tarde.
Para ilustrar essa transição demográfica, podemos observar na figura a seguir as taxas brutas 
de natalidade e mortalidade desde 1872 até 2010. Esse gráfico ilustra em laranja a evolução da 
natalidade e os fatores que contribuíram para sua redução e, em azul, a taxa de mortalidade e a 
influência dos antibióticos.
18901881
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1900
Crescimento vegetativo
Taxa bruta de natalidade
%
Taxa bruta de mortalidade
Esterelização feminina
Antibióticos
Pílula
1910 1920 1930 1945 1955 1965 1975 1985 1995 2000 2010
Figura 2 – Evolução das taxas de natalidade e mortalidade no Brasil entre os anos de 1872 e 2010
Ao considerarmos esses dados da transição demográfica no Brasil, podemos observar que ela 
aconteceu de forma rápida, assim como em outros países em desenvolvimento, tais como os que 
compõem a AméricaLatina. Enquanto os países em desenvolvimento demoraram cerca de 30 a 40 anos 
para aumentar a população de idosos, os países desenvolvidos, como o Japão e a Suíça, demoraram 100 
anos (LITVOC; BRITO, 2004). Além disso, as causas do envelhecimento também foram diferentes. Enquanto 
no Brasil intervenções na infância, em um certo período, culminaram no aumento da longevidade, nos 
países desenvolvidos o aumento da expectativa de vida foi desencadeado pela redução das mortes por 
doenças cardiovasculares, como o infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral (MATHERS et al., 
2015). Essa redução na mortalidade estaria associada à criação de campanhas e intervenções de baixo 
custo para reduzir o consumo de sal (cloreto de sódio) e o uso do tabaco.
Diante desse cenário, estima‑se que nas próximas décadas a taxa de crescimento será muito baixa 
ou até negativa, acarretando um aumento ainda maior do número de idosos (NASRI, 2008). Nesse 
sentido, as projeções da Organização Mundial da Saúde em 2017 apontam que em 2050 a população 
mundial de idosos será de 2 bilhões de pessoas. No Brasil, estima‑se que 28% dos idosos terão 80 anos 
ou mais, sendo a maioria dessa população do gênero feminino. No ano de 2000, para cada cem mulheres 
idosas, havia 81 homens idosos; em 2050, haverá provavelmente cerca de 76 idosos para cem idosas 
(NASRI, 2008), conforme a figura a seguir:
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9.000.000 9.000.0007.000.0007.000.000 5.000.000 5.000.0003.000.0003.000.000 1.000.000 1.000.000
Homens
2050
2040
2030
2020
2010
2005
2000
1990
1980
Mulheres
População
Figura 3 – Aumento da população idosa com mais de 80 anos (homens e mulheres) e as projeções para 2050
Dessa forma, iniciativas que favoreçam um envelhecimento mais saudável e autônomo tornam‑se 
cada vez mais importantes (MARANHÃO‑NETO; LEON; FARINATTI, 2011). Mas quem é o idoso? Como 
ocorre esse processo de envelhecimento?
 Saiba mais
Um artigo do Professor Berlindes Küchemann: Envelhecimento 
populacional, cuidado e cidadania: velhos dilemas e novos desafios, apresenta 
os diversos aspectos envolvidos com o crescimento da população idosa.
KÜCHEMANN, B. A. Envelhecimento populacional, cuidado e cidadania: 
velhos dilemas e novos desafios. Revista Sociedade e Estado, v. 27, n. 1, 
p. 165‑180, jan./abr., 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/se/
v27n1/09.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2018.
1.2 Classificações e conceitos
A definição de idoso a partir da idade cronológica de um indivíduo ainda não apresenta um consenso 
na literatura devido à variabilidade biológica observada no processo de envelhecimento. Cada pessoa 
envelhece em um ritmo diferente, que depende de diversos fatores, tais como os sociais, os econômicos, 
os ambientais, a presença de doenças, entre outros. A Organização Mundial da Saúde, por exemplo, 
considera as condições socioeconômicas de cada nação para estabelecer a idade cronológica de um 
idoso. Em países em desenvolvimento, é considerado idoso aquele indivíduo que tem 60 anos de idade 
ou mais. Já nos países desenvolvidos, a idade se estende para 65 anos (WHO, 2002).
De acordo com Schneider e Irigaray (2008), uma das classificações mais utilizadas estabelece como 
idoso o indivíduo a partir de 65 anos de idade, definindo três grupos: os idosos jovens, os idosos velhos 
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e os idosos mais velhos. Os idosos jovens são indivíduos com idade entre 65 a 74 anos, que geralmente 
se apresentam ativos. Os idosos velhos, de 75 a 84 anos, e os idosos mais velhos, de 85 anos ou mais, 
são aqueles que têm maior tendência para a fraqueza e para a enfermidade, e podem ter dificuldade 
para desempenhar algumas atividades da vida diária. No entanto, como o processo de envelhecimento 
apresenta grande variabilidade entre os indivíduos, alguns podem se manter ativos e independentes, 
mesmo em idades mais avançadas. Em contrapartida, indivíduos com menos de 65 anos podem precisar 
de ajuda para realizar atividades simples da vida diária. Nesse sentido, pode‑se utilizar a classificação 
por idade funcional (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
Outra denominação bastante utilizada para determinar essa fase da vida consiste no termo terceira 
idade. Ele foi criado pelo gerontólogo francês Huet (especialista em envelhecimento) no início do século 
XX para designar pessoas com mais de 60 anos de idade (FARINATTI, 2008a). Mais recentemente, a 
expressão quarta idade foi criada também na França para designar pessoas com mais de 80 anos. Esses 
indivíduos podem ser chamados também de senescentes, já que a fase mais tardia do envelhecimento 
é denominada senescência.
Outros termos comuns são: melhor idade, adulto maduro, adulto mais velho, meia‑idade, maturidade, 
idade maior e idade madura (NERI; FREIRE, 2000).
Com a definição de quem é o idoso, é preciso entender como ocorre esse processo que determina 
ou torna um indivíduo idoso.
 Lembrete
Não há uma idade biológica que determine o início do envelhecimento. 
Essa fase é estabelecida, geralmente, através de fatores socioeconômicos, 
que variam entre os países.
1.2.1 O processo de envelhecimento
O envelhecimento é um fenômeno natural e contínuo dos seres vivos, incluindo o ser humano, e 
pode ser evidenciado de maneira diferente para cada indivíduo, pois não ocorre necessariamente de 
forma simultânea à idade cronológica, sendo influenciado pelo modo como o indivíduo vive (o que pode 
desencadear doenças, por exemplo) e pelas relações que ele estabelece (MOTA, 2002).
Uma característica importante do envelhecimento é o declínio progressivo de todos os processos 
bioquímicos e fisiológicos do organismo (NÓBREGA et al., 1999). Podemos apresentar como exemplos 
a perda de massa muscular, da densidade mineral óssea, da elasticidade da pele e da quantidade de 
colágeno e o aumento de tecido adiposo na região abdominal, que alteram o equilíbrio, a capacidade de 
absorção de choques e o controle da perda de calor corporal (HAYFLICK, 1996). Além disso, esse aumento 
do tecido adiposo está relacionado ao aumento no risco de desenvolvimento de doenças crônicas 
(HUAYLLAS et al., 2001; MATSUDO; MATSUDO; BARROS NETO, 2000). Outra mudança importante se 
refere à redução no percentual de água no organismo, passando de 60% para 52%, o que acarreta maior 
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rigidez nos tendões, ligamentos e cartilagens articulares (MARTEL et al., 2006; BASSET; SCHNEIDER; 
HUNTINGTON, 2004).
A função cognitiva também é prejudicada. Nessa fase da vida, muitos idosos apresentam quadros 
de demência ou perda de memória, desencadeando problemas na execução das tarefas da vida diária 
(BLONDELL; HAMMERSLEY‑MATHER; VEERMAN, 2014).
O metabolismo é alterado e a concentração de hormônios é reduzida com o envelhecimento. Por 
volta dos 60 anos, verifica‑se uma menor produção de ACTH (hormônio adrenocorticotrófico), que 
estimula a produção e a liberação de cortisol e de testosterona nos homens. Já as mulheres apresentam 
uma redução nas concentrações de estrógeno desencadeada pelo processo de menopausa, o qual se 
inicia antes da terceira idade, entre os 45 e 50 anos de idade (POLI; SCHWANKE; CRUZ, 2010). A redução 
das concentrações hormonais prejudica a produção de tecido ósseo, principalmente nas mulheres, 
diminuindo a densidade mineral óssea em cerca de 1% a 3% a cada ano, o que desencadeia uma redução 
da estatura, fragilidade óssea, osteopenia e até osteoporose (HIRSCHFELD; KINSELLA; DUQUE, 2017). 
Esse quadro de fragilidade óssea é agravadodevido às alterações que também ocorrem na musculatura 
esquelética, que protege e move os ossos durante o movimento. Observa‑se atrofia muscular (redução 
da massa muscular), acompanhada de diminuição da força e da potência dos músculos (DOHERTY, 
2003), conforme a figura a seguir:
Hipotrofia Homeostase
Hipertrofia
AST muscular
Atrofia
Doenças
Ganho de massa
Sobrecarga
Resultante de jejum, desnervação, 
caqueixa, envelhecimento
Figura 4 – Processo de regulação do ganho e da perda de massa muscular. Entre os fatores que reduzem a massa muscular está o 
envelhecimento. AST = Área de secção transversa (tamanho do músculo)
Ao considerarmos o sistema imune, verificamos uma redução tanto nas respostas do sistema imune 
inato como do sistema imune adquirido, resultantes das alterações nas células de defesa do organismo 
como os leucócitos e os linfócitos. Essas alterações prejudicam a resposta contra organismos invasores, 
tais como vírus e bactérias, piorando o combate às inflamações e às infecções (ESQUENAZI, 2008) e 
aumentando a susceptibilidade a doenças.
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Dentre os diversos processos fisiológicos que são alterados com o avanço da idade, destaca‑se a 
diminuição na capacidade de execução das atividades de vida diárias (AVDs), aumentando o grau de 
dependência dos idosos (INOUYE et al., 2007). Uma das consequências é o crescimento no número de 
quedas, que comumente resultam em fraturas e são consideradas causa frequente de dependência 
e morbidade na terceira idade (MORELAND et al., 2004). De fato, Cabrera e colaboradores (2007), em 
um estudo de coorte prospectivo com tempo médio de seguimento de 9 anos, observaram que de 840 
idosos estudados, 36% vieram a óbito, sendo 8,6% devido, exclusivamente, a quedas.
Esse processo, o qual envolve as mudanças observadas no envelhecimento, pode ser categorizado 
considerando a presença de doenças e de fatores intervenientes (veja o quadro a seguir). O envelhecimento 
pode ser classificado como envelhecimento primário, secundário e terciário (BIRREN; SCHROOTS, 
1996). O envelhecimento primário corresponde ao processo de envelhecimento natural, inevitável e 
determinado geneticamente, o qual não está associado à presença de doenças. Já o envelhecimento 
secundário resulta da interação entre o estilo de vida e as influências do ambiente, como a poluição, 
desencadeando doenças. O envelhecimento terciário, por sua vez, caracteriza‑se por profundas perdas 
físicas e cognitivas, ocasionadas pelo acúmulo dos efeitos do envelhecimento, assim como pela presença 
de doenças relacionadas à idade.
Quadro 1 – Classificação dos tipos de envelhecimento
Tipos Características
Primário
• Processo natural.
• Sem a presença de doenças.
Secundário
• Interação entre estilo de vida e meio ambiente.
• Presença de doenças.
Terciário
• Grandes perdas físicas e cognitivas associadas ao acúmulo de efeitos do envelhecimento.
• Presença de doenças.
Fonte: Birren e Schroots (1996).
Portanto, o envelhecimento é um processo inerente dos seres vivos e, devido às melhores condições 
de vida, mais pessoas têm vivenciado essa fase. Nesse sentido, diversas teorias têm sido desenvolvidas 
na tentativa de explicar e entender os fatores que desencadeiam o envelhecimento. Essas teorias se 
relacionam a duas correntes de pensamento: a biológica e a social, que serão discutidas a seguir.
1.2.2 Teorias do envelhecimento
O aumento do número de idosos é um fenômeno mundial que tem despertado o interesse de diversos 
pesquisadores. Esses cientistas buscam respostas para compreender os mecanismos envolvidos com o 
processo de envelhecimento a partir da visão biológica, que está atrelada ao declínio e degeneração 
de estruturas e funções do organismo (FRIES; PEREIRA, 2011; CUNHA; JECKEL‑NETO, 2002) e da visão 
social, que enfatiza o papel do comportamento e das relações sociais nesse processo (FARINATTI, 2008b; 
HAVIGHURST, 1961).
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As teorias biológicas correspondem à Teoria genética, à Imunológica, à do Acúmulo de danos, à 
das Mutações, à do Uso e desgaste e à dos Radicais livres. Já as teorias sociais consistem na Teoria do 
Desengajamento social, na Teoria da atividade e na Teoria da subcultura do envelhecimento.
1.2.2.1 Teorias biológicas
São teorias biológicas:
• Teoria genética: essa teoria relaciona o envelhecimento a uma programação preestabelecida pelo 
próprio genoma, que definiria as alterações que ocorreriam no organismo ao longo do tempo, 
regulando a expectativa de vida através da ação dos genes.
Outro mecanismo que poderia influenciar as alterações e o ritmo do envelhecimento estaria 
relacionado ao encurtamento dos telômeros, estruturas localizadas no final dos cromossomos 
das células eucarióticas, que protegem as pontas dos cromossomos após a replicação do DNA. 
Com o encurtamento progressivo dos telômeros poderia ocorrer perdas de informações genéticas, 
estimulando o processo de envelhecimento.
• Teoria imunológica: essa teoria defende que a diminuição da resposta imune estaria relacionada 
ao envelhecimento do timo, glândula responsável pelo desenvolvimento e pela diferenciação dos 
linfócitos T, células importantes que comandam a ação do sistema imune. Com a imunidade mais 
baixa, o corpo ficaria mais vulnerável a alterações do organismo e a doenças.
• Teoria do acúmulo de danos: segundo essa teoria, o envelhecimento seria causado pelo acúmulo 
de moléculas defeituosas provenientes de falhas nos processos de produção e reparo dessas 
moléculas e associadas a erros nos mecanismos moleculares de replicação do DNA, transcrição do 
RNA e tradução de proteínas, desencadeando uma perda progressiva de função.
• Teoria das mutações: essa teoria defende que, a partir das divisões celulares e da exposição 
às influências do meio (externo), ocorreriam alterações celulares que poderiam desencadear 
mutações, prejudicando as funções do organismo.
• Teoria do uso e desgaste: essa teoria pressupõe que o envelhecimento seria causado pelo 
excesso de exposição ao meio (externo), causando doenças e lesões. Com o tempo, o corpo 
perderia a capacidade de recuperação dessas agressões (doenças e lesões), provocando alterações 
nas estruturas e funções do organismo.
• Teoria dos radicais livres: essa teoria é a mais aceita atualmente. Ela propõe que o envelhecimento 
normal seria resultado de danos intracelulares causados pela ação dos radicais livres. Esses 
radicais são moléculas instáveis e reativas, derivadas do oxigênio e do nitrogênio, que atacam 
diferentes moléculas do organismo em busca de estabilidade. Eles podem causar danos reversíveis 
e irreversíveis às moléculas. Nessa teoria, as moléculas modificadas perderiam sua função e 
favoreceriam alterações maiores no organismo.
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Para facilitar o entendimento dessas teorias, segue um resumo com as características de cada uma:
Quadro 2 – Teorias biológicas sobre o envelhecimento
Teoria Conceitos
Genética Programação preestabelecida pelo genoma
Imunológica Envelhecimento do timo, imunidade baixa e vulnerabilidade a doenças
Acúmulo de danos Acúmulo de falhas no processo de produção e reparo das moléculas
Mutações Interferências do meio que causam mutações, prejudicando as funções do organismo
Uso e desgaste Perda de capacidade de recuperação total do organismo ao longo do tempo
Radicais livres Danos celulares causados pela ação dos radicais livres
 Observação
Grande parte dos radicaislivres de oxigênio é produzida na respiração 
celular que ocorre dentro da mitocôndria. O oxigênio pode receber um 
elétron a mais nesse processo, tornando‑se reativo.
1.2.2.2 Teorias sociais
São teorias sociais:
• Teoria do desengajamento social: essa teoria considera o distanciamento gradual do indivíduo 
das pessoas e de suas relações sociais como um processo inevitável ao longo do tempo, e uma 
forma de preparação para a morte.
• Teoria da atividade: nessa teoria, o foco é o envelhecimento bem‑sucedido e a satisfação do 
idoso. Para isso, seria necessário manter, pelo maior tempo possível, as atividades iniciadas na 
meia‑idade, e estas, quando essencial, seriam substituídas por outras práticas.
• Teoria da subcultura do envelhecimento: essa teoria defende um padrão de comportamento 
comum aos idosos de forma geral. Essa repetição formaria uma subcultura.
Após conhecermos as diversas teorias sobre o envelhecimento, podemos verificar que 
trata‑se de um processo complexo. A compreensão das alterações desencadeadas nessa fase 
pode auxiliar no desenvolvimento e aprimoramento de estratégias para manter ou melhorar 
a qualidade de vida dos idosos. A primeira estratégia pode ser encarar o passar dos anos de 
forma positiva.
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O quadro a seguir resume os principais conceitos dessas teorias:
Quadro 3 – Teorias do envelhecimento: visão social
Teoria Conceitos
Desengajamento social Distanciamento gradual das pessoas como preparar para a morte
Atividade Manutenção das atividades da meia‑idade
Subcultura do envelhecimento Padrão comum de comportamento entre os idosos
1.3 Desenvolvimento de atitudes positivas frente à velhice
Como já abordado anteriormente, o envelhecimento é um processo natural da vida, caracterizado 
por diversas alterações e declínios de funções do organismo, sendo considerado a última fase do 
desenvolvimento humano. Para compensar tais alterações e perdas, ele sempre foi associado a valores 
como a maturidade, a experiência e a sabedoria. No entanto, o idoso foi considerado, por muito 
tempo, uma pessoa a ser cuidada, que não poderia contribuir mais com a sociedade, que não teria 
mais participação social, vivendo isolado dentro da família. Tais conceitos estabeleceram estereótipos 
aos idosos, como o de doentes e dependentes de outros para realizarem qualquer tarefa ou viverem 
plenamente, impedindo a participação ativa dessas pessoas na sociedade. Porém, o crescimento no 
número de idosos no mundo despertou um olhar diferenciado para essa população, desencadeando 
o desenvolvimento de pesquisas científicas, mudanças sociais e culturais e políticas públicas, as quais 
estão permitindo dissociar a imagem do idoso do declínio, da doença e da incapacidade.
Para tentar garantir uma melhor qualidade de vida aos idosos, os governos têm criado políticas 
públicas direcionadas a essa população. A Organização das Nações Unidas, por exemplo, desenvolveu 
alguns princípios para tentar assegurar os direitos dos idosos em todos os países, e a Organização 
Mundial da Saúde elaborou estratégias para a promoção de um envelhecimento ativo. No Brasil, foram 
criadas a Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso. Mas o que essas políticas determinam? Para 
que se possa compreender melhor essas políticas públicas, segue descrição breve de cada uma:
Princípios da ONU para as pessoas idosas
“Acrescentar vida aos anos que foram acrescentados à vida”.
Os princípios da ONU buscam estabelecer regras ou recomendações para que os idosos sejam tratados 
com respeito e tenham seus direitos garantidos em todos os países do mundo, independentemente das 
características sociais e culturais de cada nação. Esses princípios se apoiam no Plano Internacional de 
Ação para o Envelhecimento (2003) e em pesquisas científicas que mostraram que muitos estereótipos 
do envelhecimento eram falsos ou reversíveis.
Os princípios se referem a cinco temas:
• Independência: as pessoas idosas devem ter sua acessibilidade garantida (a lugares, a 
oportunidades), possibilidade de trabalhar, participação em decisões etc.
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• Participação: os idosos devem ser integrados à sociedade, e ter a oportunidade de serem úteis e 
construírem movimentos ou associações de idosos.
• Cuidados: os idosos devem ter a possibilidade de serem cuidados e protegidos, ter acesso a 
serviços de saúde, sociais e jurídicos, e usufruir de seus direitos e liberdade.
• Realização pessoal: as pessoas idosas devem ter oportunidades para desenvolver seu potencial 
e ter acesso aos recursos educativos, culturais, espirituais e recreativos da sociedade.
• Dignidade: os idosos devem poder viver com dignidade e segurança, sem serem explorados 
ou submetidos a maus‑tratos físicos ou mentais, independentemente de raça, etnia, gênero, 
incapacidade ou contribuição econômica.
Active ageing (envelhecimento ativo) – Organização Mundial da Saúde
Em 2002, a Organização Mundial da Saúde elaborou planos de ação para criar oportunidades para a 
saúde e favorecer a participação e a segurança de idosos, contribuindo para a melhora de sua qualidade 
de vida. Essas ações buscam auxiliar o idoso a perceber seu potencial físico, social e mental e a participar 
da sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidades enquanto recebem proteção, 
segurança e cuidados.
 Saiba mais
Para mais informações sobre esses documentos, é só acessar:
ONU Brasil:
A ONU e as pessoas idosas. ONUBR, 2017. Disponível em: <https://
nacoesunidas.org/acao/pessoas‑idosas/>. Acesso em: 13 mar. 2018.
Active Ageing–Organização Mundial da Saúde:
WHO. Active ageing: a police framework. A contribution of the World 
Health Organization to the second United Nations World Assembly on 
Aging. Madri: World Health Organization, 2002. Disponível em: <http://
apps.who.int/iris/bitstream/10665/67215/1/WHO_NMH_NPH_02.8.pdf>. 
Acesso em: 13 mar. 2018.
Vale a pena conferir!
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Política Nacional do Idoso – Lei nº 8.842/94
A Lei Federal nº 8.842 (BRASIL, 1994), estabeleceu a Política Nacional do Idoso com o intuito de 
“assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover autonomia, integração e 
participação efetiva na sociedade” das pessoas com mais de 60 anos. Além disso, ela determina que: 
“a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, 
garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem‑estar e o direito à vida”.
Estatuto do Idoso – Lei nº 10.741/2003
A Lei nº 10.741 (BRASIL, 2003), estabeleceu o Estatuto do Idoso para regulamentar os direitos das 
pessoas com mais de 60 anos.
Essa lei trata de muitos aspectos, tais como o direito à liberdade, ao respeito, à dignidade, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer e ao trabalho. Determina também a forma de realização 
de serviços aos idosos, como previdência social, assistência social, transporte, medidas de proteção e 
atendimento, e estipula ainda quais são os crimes contra os idosos e a pena para cada um.
O Estatuto do Idoso foi criado para fortalecer e complementar a Política Nacional do Idoso, 
determinando de forma mais clara e específica todos os aspectos relacionados ao bem‑estar e à 
qualidade de vida do idoso.
 Saiba mais
Para saber mais sobre a Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso, 
acesse o link e leia o livro a seguir:
BRASIL. Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Brasília, 1994. Disponívelem: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8842.htm>. Acesso em: 13 
mar. 2018.
BRASIL. Estatuto do idoso. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
Porém, nem sempre essas políticas são respeitadas ou exercidas de forma a realmente garantir 
uma vida digna ao idoso. Além de programas específicos, falta fiscalização para que essas leis 
possam ser cumpridas.
A sociedade tem que se conscientizar da importância de cada pessoa, respeitando a igualdade entre 
os indivíduos. Além disso, as crianças, os jovens e os adultos devem se lembrar que um dia serão idosos 
também e terão certas dificuldades, e que, se respeitados, poderão desenvolver suas potencialidades. Há 
muito a ser feito, mas os primeiros passos foram dados.
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1.3.1 Redescobrindo o envelhecimento
Viver mais e com qualidade de vida têm sido o novo enfoque da sociedade contemporânea. Isso envolve 
principalmente os idosos, os profissionais que trabalham com essa população e as instituições públicas. Isso 
porque indivíduos doentes acarretam mais gastos com consultas, medicamentos, internações e cuidados 
pós‑hospitalares, sobrecarregando o próprio indivíduo, a família e o sistema público de saúde. Já pessoas 
saudáveis, além de auxiliarem na minimização dos custos com tratamentos de doenças, contribuem com 
diversos setores da sociedade, incluindo a economia do país (veja a figura a seguir).
A B 
+ Consultas ‑ Consultas
+ Medicamentos ‑ Medicamentos
+ Internações ‑ Internações
+ Cuidados ‑ Cuidados
+ Custos + Participação na sociedade
Figura 5 – Custos do envelhecimento: idoso doente (A) X idoso saudável (B)
O envelhecimento pode ser atualmente considerado um período de possibilidades e de 
desenvolvimento como as outras fases da vida. Dados do Ministério da Saúde (1994) mostram que em 
1980 o Brasil tinha 10 idosos para cada 100 jovens. A estimativa para 2050 é de 172 idosos para cada 100 
jovens. Dessa forma, para envelhecer bem é preciso investir na saúde, na autonomia física e cognitiva 
e na participação constante em atividades sociais e produtivas (FERRARI, 1999). Em outras palavras, 
seria a busca do equilíbrio entre as limitações e as potencialidades do indivíduo, o que permitiria o 
desenvolvimento de mecanismos para transformar perdas e desvantagens em novas possibilidades 
(RESENDE, 2006).
Nesse sentido, atitudes positivas contribuem para a adaptação às incapacidades e às perdas presentes 
na velhice, funcionando como um recurso de enfrentamento que possibilita um senso de ajustamento 
pessoal ou bem‑estar psicológico positivo (NERI; CACHIONI; RESENDE, 2002). Esse bem‑estar psicológico 
seria a percepção do idoso frente à velhice.
De acordo com o modelo de Ryff (1989), o bem‑estar psicológico é composto de seis dimensões: 1) 
autoaceitação; 2) relação positiva com outros; 3) autonomia; 4) domínio sobre o ambiente (habilidade 
de escolher ambientes apropriados à condição física); 5) propósito na vida (significado da vida, meta, 
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sonho); e 6) crescimento pessoal (desenvolvimento do próprio potencial) (RABELO; NERI, 2006). Manter 
essas dimensões ativas, mesmo com mudanças inerentes ao envelhecimento, faz com que o idoso não 
apenas se enxergue, mas se perceba e acredite que ele é uma pessoa capaz de realizações. Essas atitudes 
de enfrentamento das limitações também contribuem para que os outros vejam o idoso com mais 
respeito e admiração.
Algumas estratégias têm contribuído para a prática de atitudes mais positivas frente à velhice, tanto 
em indivíduos mais jovens como nos próprios idosos. A educação na velhice, por exemplo, propicia o 
aprendizado de novos conteúdos e tarefas, o que favorece para um envelhecimento saudável.
Apesar de a educação para idosos ser algo relativamente novo, já existem universidades abertas 
para a terceira idade, assim como é possível se engajar em cursos variados que não estejam diretamente 
ligados à educação formal, mas que permitem a experimentação de diferentes vivências. De fato, o 
Serviço Social do Comércio (Sesc), no início dos anos 1970, começou a desenvolver cursos de preparação 
para a aposentadoria, de cuidados à saúde no envelhecimento e de atividades educacionais, de lazer e 
esportivas nas unidades de São Paulo e de Campinas. O Sesc se inspirou nas Universidades do Tempo 
Livre, da França, as quais foram criadas para propiciar novas oportunidades sociais à população idosa. Já 
o primeiro programa de educação para idosos foi fundado na Universidade Estadual de Santa Catarina, 
em Florianópolis, em 1982. Em 1990, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas criou um curso 
de educação não formaI para idosos, o qual foi bastante divulgado e favoreceu a rápida disseminação 
desse tipo de curso no Brasil (GUARIENTO et al., 2013).
Outra estratégia que tem sido muito procurada e utilizada para a melhora e manutenção da qualidade 
de vida dos idosos é a atividade física. Ela pode contribuir para estimular várias funções essenciais do 
organismo, tais como as psicológicas, as cognitivas e as motoras. Além disso, auxilia na prevenção e 
tratamento de muitas doenças, como diabetes, hipertensão, osteoporose e depressão.
A atividade física representa um novo tipo de mudança que vai além das relacionadas à qualidade de 
vida, aptidão física, saúde, capacidade funcional ou preenchimento de tempo livre (OKUMA, 1998). Ela 
desencadeia a ressignificação do próprio indivíduo como ser atuante, capaz e modificador da sociedade. 
A atividade física desperta potencialidades que superam ou ajudam a minimizar as limitações e as 
dificuldades impostas pela idade. Além disso, permite a criação de um novo ciclo social e de possibilidades 
de novas experiências com pessoas que também estão se redescobrindo.
A mudança de olhar frente à velhice através da atividade física contribui para a percepção que esse 
período da vida pode ser como os outros: um período de descobertas e desenvolvimento. Considerando 
as seis dimensões de Ryff (1989), verificamos que a atividade física trabalha: 1) o autoconceito, ajudando 
no autoconhecimento, na aceitação das limitações e no desenvolvimento das potencialidades; 2) 
a relação com os outros, permitindo com que o idoso se abra para conhecer outras pessoas, outras 
histórias, outros medos e sonhos, retirando‑o do isolamento e da solidão; 3) promove a autonomia, 
física e psicológica, permitindo que o idoso realize suas tarefas e os cuidados com si próprio; 4) auxilia a 
explorar os ambientes com mais confiança; 5) encoraja o idoso a buscar novos ideais e perspectivas; 6) 
a atividade física promove o crescimento pessoal a cada exercício trabalhado, a cada desafio superado 
(veja a figura a seguir).
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Atividade física
Autoconceito
Relação com as outras pessoas
Autonomia
Confiança
Busca de ideais e objetivos
Crescimento pessoal
Figura 6 – Contribuição da atividade física para uma mudança de olhar frente à velhice
Portanto, a prática de atividade física deixa a capacidade mais evidente que a limitação, 
encorajando o idoso para a vida, que pode ser nova e melhor. De fato, a atividade física tem grande 
relevância na manutenção ou melhora da saúde, bem‑estar e qualidade de vida, tanto que a 
Organização Mundial de Saúde criou recomendações para a promoção da sua prática entre pessoas 
idosas (WHO, 1997). Essas orientações enfatizam os benefícios fisiológicos, psicológicos e sociais da 
prática regular de atividades físicas ao idoso eà sociedade, apontando como a atividade física pode 
ser implementada (por exemplo, não há necessidade de equipamentos), as normas de segurança, os 
fatores motivacionais e as barreiras a serem superadas. Além disso, incentiva o desenvolvimento de 
novas pesquisas científicas com o objetivo de melhorar o acesso, a prescrição e a adesão dos idosos 
à prática de atividades físicas.
Ao observarmos o conteúdo discutido nesse tópico, podemos compreender que as atitudes 
positivas frente à velhice são determinantes para que a vida continue apresentando possibilidades 
e permitindo o desenvolvimento do indivíduo. Se isolar e deixar que as limitações predominem 
e que a motivação para viver se acabe apenas fortalecem os declínios naturais das funções do 
organismo. Se cuidar, acreditar e buscar uma vida ativa permitem continuar em busca de metas 
e sonhos, que podem ser velhos ou novos. Nesse sentido, a atividade física contribui fazendo com 
que a pessoa perceba suas próprias qualidades e que a vida ainda tem muitas oportunidades a 
serem aproveitadas.
 Observação
O apoio da família é fundamental para o idoso, pois esse suporte pode 
motivá‑lo a realizar novas atividades e a encarar os desafios da velhice de 
forma mais positiva.
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2 DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO, SOCIAL, COGNITIVO E MOTOR: 
IMPLICAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA
O desenvolvimento psicológico, social, cognitivo e motor ocorre ao longo da vida e engloba tanto 
o aprimoramento como o declínio dessas funções. Inicialmente, o desenvolvimento relaciona‑se com o 
aperfeiçoamento das funções do organismo, melhorando as capacidades do indivíduo em realizar tarefas 
mais complexas. Isso decorre do aumento, por exemplo, do controle neuromuscular e das habilidades 
motoras e cognitivas. Nesse sentido, o conhecimento do processo de desenvolvimento pode colaborar para a 
detecção precoce de características e/ou desvios que podem prejudicar esse processo. Já no envelhecimento, 
o desenvolvimento é caracterizado pela diminuição ou perda de funções que ocorrem progressivamente ao 
longo do tempo. Para compreender melhor os processos que desencadeiam o envelhecimento, apresentaremos 
as alterações relacionadas aos aspectos psicológico, social, cognitivo e motor.
2.1 Desenvolvimento psicológico e implicações para a Educação Física
O desenvolvimento psicológico é caracterizado não apenas por aspectos genéticos ou biológicos, mas 
é marcado pelas experiências vividas pelo indivíduo durante toda a vida. A imitação, a interação familiar 
e social e a linguagem auxiliam no estabelecimento de uma relação mais próxima com a realidade, 
contribuindo para o desenvolvimento da personalidade, da afetividade, da inteligência, da confiança e 
das emoções da pessoa.
Dessa forma, as experiências vividas auxiliam na construção de valores. No entanto, ao longo da 
vida, marcas (sentimentos e lembranças) psicológicas vão sendo construídas através das experiências 
vivenciadas, influenciando, por exemplo, a personalidade e a confiança. Contudo, essas marcas podem 
ser superadas ou substituídas por outras vivências, tanto positivas como negativas. Nesse sentido, 
experiências ruins na infância podem, por exemplo, ser superadas por acontecimentos mais positivos na 
idade adulta e vice‑versa, mostrando que o desenvolvimento é contínuo. Assim, estabelecer características 
fixas, como os estereótipos, pode não refletir o desenvolvimento geral, tampouco o psicológico, já que 
a vida proporciona com frequência diferentes e novos estímulos. Esses estímulos exigem respostas que 
poderão incentivar o indivíduo a aprender ou experimentar coisas novas, que podem ou não acrescentar 
ou transformar aspectos de sua vida. Portanto, definir os idosos como ranzinzas, implicantes, dependentes 
ou sábios pode não refletir o que eles realmente são ou querem ser.
Para compreender melhor os aspectos psicológicos do desenvolvimento, podemos caracterizá‑los, 
de forma geral, como:
• contínuo: mudanças ocorrem em qualquer período ao longo de toda a vida;
• cumulativo: construído a partir de experiências anteriores;
• direcionado: aumento gradual da complexidade psicológica;
• diferenciador: ao longo da vida as diferenças entre as pessoas tendem a se acentuar;
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EDUCAÇÃO FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
• organizado: as competências decorrentes das mudanças são integradas no funcionamento 
individual de forma coordenada entre si;
• holístico: o desenvolvimento psicológico ocorre simultaneamente ao desenvolvimento do 
restante das funções do organismo (HOFFMAN; PARIS; HALL, 1994).
Ao observarmos a primeira característica descrita sobre o desenvolvimento (nesse caso, o 
psicológico), verificamos que ele é realmente um processo contínuo, como dito anteriormente, que 
acontecerá com todas as pessoas, se elas se mantiverem vivas. Esse conceito de desenvolvimento 
contínuo foi estabelecido por meio de diversas teorias, sendo a de Erikson (1959) a primeira 
a considerar que o desenvolvimento se dá durante toda a vida, a partir de sequências de crises 
psicossociais e de tarefas evolutivas que se desdobram. Em outras palavras, o desenvolvimento ocorre 
a partir da resolução de desafios ou de problemas que ocorrem durante toda a vida de um indivíduo, 
estimulando‑o a desenvolver todos os seus aspectos (psicológicos, sociais, cognitivos e motores), ou 
seja, todo seu potencial.
O quadro a seguir apresenta as crises vividas nas diferentes fases da vida, as tarefas evolutivas para 
superá‑las e as qualidades construídas:
Quadro 4 – O processo contínuo do desenvolvimento: as oito idades do ser humano
Fase da vida Crise psicossocial Tarefas evolutivas
Qualidade 
do ego
Fase bebê
Confiança
X
 Desconfiança
Formação de vínculo com a figura materna, confiança 
nessa figura e em si mesmo.
Confiança na própria capacidade de fazer com que as 
coisas aconteçam. 
Esperança
Infância inicial
Autonomia
X
Vergonha e 
dúvida
Desenvolvimento da liberdade de escolha; controle 
sobre o próprio corpo.
Vontade/
domínio
Idade do 
brinquedo
Iniciativa
X
Culpa
Atividades orientadas à meta; autoafirmação. Propósito
Idade escolar
Trabalho
X
Inferioridade
Aquisição de repertórios escolares e sociais básicos 
exigidos pela cultura. Competência
Adolescência
Identidade
X
Difusão da 
identidade
Criação de um projeto de vida; senso de identidade; 
capacidade crítica.
Aquisição de novos valores.
Fidelidade
Idade adulta
Intimidade
X
Isolamento
Desenvolvimento de relações amorosas estáveis que 
implicam em conhecimento, respeito, responsabilidade 
e doação.
Capacidade de revelar‑se sem medo da perda da 
identidade.
Amor
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Maturidade
Geratividade 
X
Estagnação
Geração de filhos, ideias e valores; transmissão de 
conhecimentos e valores à geração seguinte. Cuidado
Velhice
Integridade do 
ego
X
Desespero
Integração dos temas anteriores do desenvolvimento; 
autoaceitação.
Formação de um ponto de vista sobre a morte. 
Preocupação em deixar um legado espiritual e cultural.
Sabedoria
Adaptado de: Neri (2013) e Erikson (1950).
Essa ideia de continuidade deu origem a diversas linhas de pensamento, sendo a do desenvolvimento 
e envelhecimento bem‑sucedidos uma delas. Ela é considerada uma teoria psicológica geral do 
desenvolvimento comportamental que descreve como os indivíduos podem efetivamente realizar, através 
de estratégias de seleção, otimização e compensação, as mudanças biológicas, psicológicase sociais que 
se apresentam como oportunidades e restrições para os seus níveis e trajetórias de desenvolvimento 
(NERI, 2013). Dessa forma, um desenvolvimento e um envelhecimento bem‑sucedidos estariam 
relacionados à superação de um desafio, para o qual o indivíduo deveria buscar estratégias específicas, 
usando suas habilidades e experiências para vencer as limitações e estabelecer novas possibilidades.
Apesar de as teorias e diretrizes apontarem que indivíduos fisica e mentalmente ativos, como na 
teoria do desenvolvimento e envelhecimento bem‑sucedidos, podem ter longevidade com qualidade 
de vida (superando desafios), geralmente os indivíduos, conforme envelhecem, tendem a diminuir o 
entusiasmo e a motivação pela vida, apresentando uma acomodação à sua condição e maior apego 
pela conservação de pertences e de espaço, como se assim fosse possível preservar a própria história. 
Ao mesmo tempo, surge uma grande preocupação com a saúde física e mental, principalmente porque 
esses aspectos interferem de modo direto na manutenção da autonomia e da independência. Também 
é possível observar uma busca por ambientes mais estáveis para se viver, sem surpresas ou mudanças 
súbitas. Contudo, são comuns a perda de contatos sociais e a dificuldade em criar novos relacionamentos 
e realizar novas atividades (o indivíduo se torna mais seletivo), acarretando um sentimento de isolamento 
e solidão (LAPENTA, 1996; RAUCHBACH, 1990). Outro aspecto se refere à valorização do passado, 
principalmente a partir da perda de familiares e amigos (SILVEIRA, 2000). Por outro lado, muitos idosos 
se tornam mais espiritualizados, mais religiosos e mais solidários, o que fortalece os valores morais e os 
faz priorizar a família. No entanto, a maioria das pessoas tem dificuldade em aceitar que envelheceu ou 
que está envelhecendo, considerando apenas os aspectos negativos desse processo.
 Saiba mais
Os aspectos da aceitação, perdas e mudanças do envelhecimento 
são tratados no filme a seguir, o qual conta a história de dois idosos que 
redescobrem a vida:
ELSA e Fred: um amor de paixão. Dir. Marcos Carnevale. Argentina/
Espanha: Columbia TriStar, 2005. 108 minutos.
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Uma pesquisa da Fundação Perseu Abramo em parceria com o Sesc Nacional e o Sesc São Paulo 
(NERI, 2007) ouviu 3.759 brasileiros (homens e mulheres) e avaliou a percepção de idosos sobre sua idade 
e sua inserção na sociedade e de não idosos sobre suas expectativas em relação ao envelhecimento e 
ao seu comportamento frente aos idosos de hoje. Foi verificado que 88% dos idosos e 90% dos não 
idosos encaram o envelhecimento de forma negativa, sendo que 58% dos idosos relataram presença 
de doenças ou dificuldades físicas. Quanto a se sentir velho, a maioria (53%) acredita que isso ocorra 
apenas após os 70 anos de idade. Porém, muitos idosos relataram haver discriminação social, terem 
dependência física e apresentarem desânimo com o envelhecimento. Já os não idosos admitiram que 
há preconceito ou discriminação social (85%) com os indivíduos mais velhos. Apesar disso, os idosos 
disseram acreditar que ser idoso atualmente é mais fácil que em décadas anteriores.
Essa percepção negativa do envelhecimento, muitas vezes por falta de informações, fortalece os 
estereótipos e desencadeia dificuldades de adaptação às alterações naturais dessa fase da vida, as quais 
podem se relacionar a problemas acarretados por situações mal resolvidas anteriormente.
O envelhecimento associado a essa percepção negativa reduz a autoestima do indivíduo, criando 
limites à sua capacidade pessoal. A autoimagem também fica prejudicada, o que aproxima ainda mais a 
velhice de uma fase de perdas. Nesse sentido, um aspecto interessante se refere à percepção do indivíduo 
a respeito de sua idade, do seu processo de envelhecimento. Isso se reflete na idade psicológica, definida 
como a forma que cada pessoa avalia a presença de marcadores biológicos, sociais e psicológicos do 
envelhecimento, comparando‑se com outros indivíduos de mesma idade. Para preservar a autoestima e 
a imagem social, muitos idosos tentam demonstrar que são mais jovens do que realmente são, indicando 
uma percepção diferente entre idade cronológica e psicológica. No entanto, se utilizarmos a autoimagem 
como exemplo, verificamos que essa característica está sempre em mudança, conforme o indivíduo 
adquire experiências na vida (MOSQUERA, 1976). Dessa forma, desenvolver atitudes positivas frente à 
velhice poderá proporcionar boas experiências, melhorando assim a autoimagem e a autoestima.
 Lembrete
Como observado no tópico anterior, atitudes positivas frente à velhice 
podem trazer diversos benefícios para o idoso, contribuindo para um 
envelhecimento com mais qualidade de vida.
Outro importante aspecto psíquico e que pode ser alterado com o envelhecimento é o bem‑estar, 
físico e mental. O bem‑estar também está diretamente relacionado com a manutenção da autonomia 
e da independência do indivíduo, pois representa o nível de satisfação e qualidade de vida, parâmetros 
fundamentais para determinar a saúde do idoso. A pessoa que mantém o vigor físico e suas capacidades 
mentais e intelectuais consegue realizar suas atividades diárias e tomar suas próprias decisões. Uma 
redução do bem‑estar pode tornar o indivíduo dependente de outras pessoas, como membros da família 
ou amigos próximos, para a realização de muitas tarefas ou atividades do dia a dia, o que prejudica a 
liberdade, a autonomia e a capacidade de escolha (BALTES; SILVERBERG, 1994).
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Vale ressaltar que as alterações psicológicas também estão associadas às mudanças cognitivas 
observadas na velhice. Transformações na estrutura e função de partes do cérebro podem comprometer 
também o desenvolvimento psicológico, desencadeando atitudes que desfavoreçam o processo de 
envelhecimento. Esse aspecto será melhor discutido neste material adiante.
Portanto, compreender as alterações psicológicas relacionadas à velhice pode ajudar na busca de 
novas possibilidades e experiências de vida, superando as limitações impostas pelo tempo. Nesse sentido, a 
Educação Física é capaz de auxiliar no redescobrimento do indivíduo, melhorando seu aspecto psicológico.
A prática de atividades físicas restabelece a autoestima e contribui para a melhora da autoimagem 
do idoso por meio da percepção das possibilidades e potencialidades que ele já não enxergava mais. 
A interação com outras pessoas renova as expectativas sobre a vida e sobre si mesmo, promovendo 
novas experiências e estabelecendo novos laços. Abre‑se espaço para uma velhice bem‑sucedida com 
aceitação, adaptação, renovação, superação de desafios, mas sem acomodação ou medo.
2.2 Desenvolvimento social e implicações para a Educação Física
O desenvolvimento social se refere à interação entre as pessoas e o meio ambiente onde se vive. 
Ele se mistura ao desenvolvimento psicológico, pois os dois aspectos interagem, criando uma relação 
muito próxima entre o estado mental e a interação com o mundo, o que influencia na definição dos 
comportamentos, das emoções e das sensações que se percebe sozinho ou em grupo. Dessa forma, 
aspectos abordados no desenvolvimento psicológico interferirão na forma com que o idoso se relaciona 
com as outras pessoas e nas escolhas para vivenciar essa fase.
A socialização é um comportamento inerente ao ser humano e consiste em um processo no 
qual as pessoas se agrupam para satisfazer seus próprios desejos, incorporando seus impulsos e 
interesses e transformando o isolamento individual em modos de ser e estar com o outro (SIMMEL, 
1983). Nesse sentido, o aumento da expectativade vida pode ser considerado um ganho social, 
permitindo uma maior interação ao longo do tempo. No entanto, a velhice é marcada por uma 
série de eventos negativos influenciados por vários fatores, tais como a restrição em papéis sociais 
e o afastamento social.
O envelhecimento, ao desencadear mudanças psicológicas, também altera padrões comportamentais 
e de relações sociais do indivíduo. A aposentadoria, nesse sentido, pode ser um marco na vida do idoso, 
dependendo da forma como ela é vista e sentida, já que o trabalho é geralmente o elo entre o indivíduo 
e a sociedade. A aposentadoria é um direito e não um benefício, o qual deveria garantir a manutenção 
do padrão de vida da pessoa, bem como o atendimento de suas necessidades. Quando isso não ocorre, 
a aposentadoria pode se transformar em um castigo (VIEIRA, 1996).
A aposentadoria, sem a substituição das tarefas do trabalho por outras também estimulantes, pode 
causar angústia e um sentimento de inutilidade e de exclusão pela falta de ocupação. Além disso, 
consegue alterar de forma negativa a maneira como a sociedade, a família e o próprio indivíduo se 
vê, causando marginalização e isolamento. Essa marginalização e isolamento podem começar dentro 
da própria família, ao considerar o aposentado inútil ou culpado por alterações na rotina doméstica, 
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da qual ele não costumava participar. Em outras situações, passa a ser ajudante dos filhos ou babá dos 
netos, o que nem sempre atende às suas necessidades e interesses (VIEIRA, 1996).
Um aspecto a ser considerado é o preparo psicológico, social e financeiro para a aposentadoria. Um 
planejamento prévio a esse período pode auxiliar na tomada de decisões e na organização de atividades 
e tarefas que possam lhe dar satisfação. Muitas empresas têm aderido a esse tipo de serviço, chamado 
de Programa de Preparação para a Aposentadoria (PPA), oferecendo a seus funcionários de mais idade a 
oportunidade de realizarem uma transição mais tranquila entre o trabalho, a menor atividade profissional 
e a inatividade, o que melhora a adaptação à condição de aposentado.
 Saiba mais
Assista ao filme:
UM SENHOR estagiário. Dir. Nancy Meyers. EUA: RatPac‑Dune 
Entertainment, 2015. 121 minutos.
Com Robert De Niro e Anne Hathaway no elenco, o filme conta a estória 
de um aposentado que participa de um programa de incentivo ao trabalho 
para idosos, se tornando estagiário.
Outro fator importante se refere à participação da família nesse processo, ajudando na adaptação 
e no ajustamento do idoso, não apenas à aposentadoria, mas também às limitações desencadeadas 
pelo tempo. Dessa forma, ela tem um papel fundamental no amparo social e no cuidado com o idoso, 
pois pode propiciar segurança e incentivo. De fato, muitos idosos se sentem mais seguros e confiantes 
perto de um familiar, que os auxilia no ajustamento à nova realidade da vida. Contudo, as mudanças 
na configuração das famílias, principalmente considerando o novo papel da mulher na sociedade como 
provedora de muitos lares (aquela que sustenta os gastos da casa), têm alterado as formas de cuidado 
com o idoso. Historicamente, a mulher sempre teve a responsabilidade de cuidar dos mais velhos, das 
crianças e dos doentes, proporcionando segurança e bem‑estar a eles. No entanto, atualmente, o papel 
da mulher não se restringe apenas às atribuições familiares, mas se estende ao crescente trabalho fora 
de casa, o que dificulta e às vezes até inviabiliza a sua ação de cuidar (DOMINGUES; QUEIROZ, 2000).
Não podemos ignorar ainda que, em muitas famílias, o idoso é extorquido e tratado com desrespeito, 
negligência e, até, violência. Isso mostra que a responsabilidade pelo cuidado do idoso deve ser 
compartilhada entre a família, o Estado (governo) e a sociedade, os quais devem dar suporte para uma 
velhice saudável e feliz. Dessa forma, o Estado deve implementar mais políticas públicas e estimular o 
cumprimento das já existentes, atuando de forma diferente da observada em diversos asilos públicos, 
onde, muitas vezes, os idosos não são tratados de forma digna. Já a sociedade precisa tratar as pessoas 
de mais idade com mais respeito e carinho, proporcionando oportunidades de participação nas diversas 
áreas, como as relacionadas ao trabalho, lazer e saúde. Nesse contexto, respeitar, acolher e cuidar do 
idoso é um dever de todos: da família, do Estado e da sociedade.
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A família, portanto, apesar das mudanças de sua estrutura e dos problemas já discutidos, deve manter 
seus valores, sendo o lugar de cuidados, proteção, afetividade, socialização e formação da personalidade 
(MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2009). O amor, o respeito e o acolhimento devem sempre ser incentivados 
na família e na sociedade, as quais devem ser ajudadas pelo Estado no cuidado com o idoso, através de 
inciativas adequadas às suas necessidades.
É preciso lembrar que alguns indivíduos, além de se aposentarem, perdem pessoas muito próximas, 
como o marido ou a esposa, e ficam ainda mais distantes das relações sociais, já que, em muitos casos, 
os filhos não vivem mais na mesma casa. Além disso, muitos idosos simplesmente não se casaram ou 
não tiveram filhos, e isso reforça a necessidade de alternativas de apoio e cuidado fora da família.
Para melhorar a interação social, diversas atividades têm sido estimuladas ou utilizadas para mudar 
esse panorama social do envelhecimento. Dentre elas, destaca‑se a atividade física.
A prática de atividades físicas pode ajudar na aceitação e na adaptação às mudanças e na ocupação 
do tempo livre. Ela pode contribuir com o estabelecimento de novos vínculos, reiniciando o processo de 
socialização do indivíduo.
Ao participar de uma equipe de atividades físicas, o idoso terá um espaço para falar, expor ideias, 
interagir, fazer novas amizades, estabelecer planos e, claro, se exercitar, contribuindo para seu ajustamento 
e a sensação de pertencimento a um grupo. O interessante é que o idoso encontrará outros idosos com 
histórias parecidas, o que despertará também a sensação de identidade e de ter um lugar na sociedade, 
já que ele não é o único a viver tais mudanças.
Ter um espaço como o da atividade física pode auxiliá‑lo a se fortalecer social e psicologicamente 
para buscar um reconhecimento familiar e o reestabelecimento dos valores (veja a figura).
Figura 7 – Atividade física e a descoberta de novas possibilidades
Dessa forma, a prática de atividades físicas pode dar o suporte para que o idoso se reinsira socialmente 
e reestabeleça seu papel social.
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É interessante também o incentivo a atividades educacionais, culturais ou religiosas, ajudando o 
idoso a ser mais ativo e independente.
2.3 Desenvolvimento cognitivo e as implicações para a Educação Física
O cérebro é um órgão complexo formado por bilhões de neurônios que se comunicam entre si 
para assegurar a realização de muitas funções, tais como a memória, a linguagem, o pensamento e a 
coordenação dos movimentos. Veja as figuras a seguir:
A B 
Figura 8 – O cérebro (A) e sua rede de neurônios (B)
O corpo percebe sinais, como o calor, o frio, os sons, os cheiros, os sabores, que são transmitidos ao 
cérebro através das conexões entre os prolongamentos de neurônios que estão fora do sistema nervoso 
central e os neurônios que estão no cérebro. Esses estímulos são decodificados em regiões específicas 
do sistema nervoso central, as quais estabelecem as respostas apropriadas aos estímulos recebidos.

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