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Associação Brasileira para a Qualidade Acústica Associação Brasileira para a Qualidade Acústica MANUAL PROACÚSTICA PARA QUALIDADE ACÚSTICA DE AUDITÓRIOS QUALIDADE ACÚSTICA DE AUDITÓRIOS PREFÁCIO No Brasil, como é de conhecimento, aproximadamente 70% das construções são executadas sem apoio técnico por meio da au- toconstrução. Este dado revela muito a dificuldade em mostrar à sociedade nosso papel, como profissionais de projeto, e como podemos auxiliar e gerar valor. Mesmo dentro destes 30% pro- jetados com apoio técnico, algumas adaptações, alterações de layout e pequenas reformas seguem o mesmo caminho da infor- malidade e da falta de planejamento. Muitas vezes, com resul- tados catastróficos como aconteceu no centro do Rio de Janeiro alguns anos atrás. Os auditórios, como outros ambientes de uso similar, são classi- ficados como “espaços de escuta sensível” ou “salas especiais”, nos quais a qualidade da escuta é um aspecto fundamental para o seu uso e operação. A acústica de auditórios é fundamental para a qualidade da comunicação e em promover o envolvimen- to da plateia. Interferências sonoras indesejadas, independente de sua origem, causam distração e prejuízos ao entendimento da mensagem. Uma quantidade significativa destes espaços segue a sina da desin- formação sobre o projeto e é construída sem planejamento e sem observar os requisitos mínimos de conforto e isolamento acústico. Os resultados são retornos que não alcançam as expectativas dos investimentos colocados em sua construção. Não é incomum audi- tórios que tenham de ser totalmente reformados após construídos por falhas de arquitetura e acústica, que poderiam ser facilmente evitadas dentro de um processo coerente de projeto. A acústica destes locais é guiada por sua geometria, volumetria, pla- nejamento das instalações e a aplicação dos revestimentos internos. Por consequência, toda a equipe de projeto deve trabalhar em con- junto visando a melhor resposta acústica possível para o ambiente, conforme as demandas específicas. O Manual ProAcústica para Qualidade Acústica de Auditórios visa, de forma muito breve, disponibilizar quais são os critérios acústicos básicos a serem observados em um auditório, como é o processo de projeto acústico e suas implicações em obra. Esta é a contribuição da ProAcústica para que sejam aplicadas as me- lhores práticas de projeto e que os futuros auditórios tenham mais qualidade e conforto. EDISON BORGES LOPES Arquiteto e Urbanista formado pela FAUUSP em 1987, participou de projetos nas áreas industriais e comerciais tendo trabalhado na Enger, Promon, ALG e Pão de Açúcar, entre outras empresas. Desde 2003 é sócio-fundador da ArGis Arquitetura e Gestão Integrada, com projetos desenvolvidos para lojas e shoppings de clientes como Wal-Mart, Carrefour, SmartFit, Sodimac, REP, Pão de Açúcar, Cobasi, Best Center, Terral, HSI e Iguatemi. Associado à AsBEA - Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura desde 2006, participou de grupos de trabalho, foi presidente na gestão 2017-2019 e atualmente é vice-presidente da entidade (2019-2021). SUMÁRIO 1. Apresentação .................................................................................................. 5 2. Conceitos básicos de acústica ....................................................................... 6 2.1. Qualidade acústica de auditórios ......................................................... 7 2.2. Isolamento acústico .............................................................................. 7 2.3. Ruído residual em auditórios .............................................................. 11 2.4. Tempo de reverberação ........................................................................ 12 2.5. Inteligibilidade da fala .......................................................................... 13 2.6. Eco ........................................................................................................ 14 2.7. Privacidade acústica ............................................................................ 15 2.8. Critérios de conforto acústico ............................................................. 15 3. Características acústicas de materiais de acabamento ............................. 18 4. Boas práticas para projetos de auditórios ................................................... 20 4.1. Projeto ................................................................................................... 21 4.2. Elementos de projeto e sua função acústica ...................................... 26 4.2.1. Sistema de sonorização ................................................................. 26 4.2.2. Forro ................................................................................................ 26 4.2.3. Piso ................................................................................................ 27 4.2.4. Conformação do piso da plateia ................................................... 27 4.2.5. Paredes ........................................................................................... 28 4.2.6. Controle de ruído ........................................................................... 29 4.2.7. Isolamento acústico ...................................................................... 30 4.2.8. Interface com outras especialidades ............................................ 30 4.3. Obra ...................................................................................................... 31 5. Quiz - Mitos e verdades ................................................................................ 32 6. Referências normativas nacionais e internacionais ................................... 37 Manual ProAcústica | Qualidade Acústica de Auditórios 5 1 APRESENTAÇÃO Ainda que a acústica seja considerada uma disciplina essencial para o correto funcionamento de um auditório, uma quantidade expressi- va destes espaços é projetada e construída sem observar os requisi- tos mínimos de conforto e isolamento acústico. O Manual ProAcústica para Qualidade Acústica de Auditórios é um guia prático de orientação para que os principais envolvidos no pro- cesso (empreendedores, arquitetos, construtores, órgãos públicos, fornecedores, projetistas ou consumidores) tenham informações consistentes e organizadas a respeito das boas práticas de acústica a serem consideradas no projeto e construção de auditórios. São apresentadas diretrizes básicas para auditórios com até aproxi- madamente 300 lugares e destinados às atividades com palavra fa- lada, tais como palestras, debates e formaturas. São espaços usual- mente denominados “auditórios corporativos” ou “institucionais”. Eles constituem um importante universo em permanente expansão, sem mencionar as unidades já construídas ou que são atualizadas ou renovadas. Neste manual foram considerados os auditórios sem caixa cênica e que podem utilizar, ou não, sistema de sonorização. Manual ProAcústica | Qualidade Acústica de Auditórios 7 2.1 Qualidade acústica de auditórios A qualidade acústica de auditórios pode ser alcançada por meio da combinação de uma série de fatores como: ❚ Isolamento acústico adequado; ❚ Níveis de pressão sonora internos de acordo com a ABNT NBR 10152; ❚ Tempo de reverberação adequado à palavra falada; ❚ Elevado padrão de inteligibilidade, para que a palavra falada seja entendida com clareza; ❚ Ausência de ecos; ❚ Privacidade, para que eventos no auditório não sejam entendidos do lado externo. 2.2 Isolamento acústico O isolamento acústico é a capacidade que elementos construtivos têm de reduzir a transmissão sonora entre ambientes. CONCEITOS BÁSICOS DE ACÚSTICA Definindo qualidade acústica e principais critérios de projeto 2 8 Manual ProAcústica | Qualidade Acústica de Auditórios 9 É um fator importante para evitar interferências sonoras externas que prejudiquem o desempenhodas apresentações e incomodem os usuários. PARÂMETROS QUE CARACTERIZAM O ISOLAMENTO ACÚSTICO Os parâmetros que caracterizam o isolamento acústico entre am- bientes podem ser dados por: ❚ Índice de Redução Sonora - Rw É um valor único que caracteriza o isolamento sonoro aéreo de um determinado material ou elemento construtivo, obtido através do ensaio de laboratório. ❚ Diferença padronizada de nível ponderada – DnT,w Índice que caracteriza, em campo, o isolamento sonoro a ruído aéreo entre divisórias verticais internas ou entre sistemas de pisos. ❚ Nível de pressão sonora de impacto padrão ponderado - L'nT,w Índice que caracteriza, em campo, o isolamento a ruído de impacto de sistemas de pisos. A TENÇÃO Estes índices constituem uma forma acessível de comparação de desempenhos para elementos construtivos. Durante a especificação do material é recomendada uma avaliação profissional dos desempenhos acústicos por frequência. CRITÉRIOS DE ISOLAMENTO ACÚSTICO A Tabela 1 exemplifica critérios acústicos de isolamento a ruído aé- reo tomando como base uma situação hipotética, considerando que as paredes de vedação do perímetro do auditório não fazem interfa- ce com o exterior e que no local não estejam presentes fontes sono- ras ruidosas. TABELA 1 – VALORES DE REFERÊNCIA PARA ÍNDICES DE ISOLAMENTO A RUÍDO AÉREO ELEMENTOS DO INVÓLUCRO DO AUDITÓRIO ÍNDICES DE ISOLAMENTO A RUÍDO AÉREO Rw dB DnT,w dB Paredes internas 45-55 40-50 Portas principais de acesso 38-42 -- Nota: os valores de referência podem diferir para cada situação, por isso é neces- sária uma análise específica para cada caso. 70 dB 20 dB Rw = 50 dB FIGURA 1 ISOLAMENTO ACÚSTICO DE UMA PAREDE (Rw) TRANSMISSÃO POR FLANCOS FIGURA 2 ISOLAMENTO ACÚSTICO AÉREO – DESEMPENHO DE CAMPO (DnT,w) 10 Manual ProAcústica | Qualidade Acústica de Auditórios 11 Na definição dos critérios de isolamento acústico de um auditório é importante avaliar: ❚ A localização do auditório em relação à fachada da edificação e às zonas ruidosas internas (ex.: casa de máquina), conforme Figura 3; ❚ A proximidade em relação às áreas que demandam privacidade acústica; ❚ Medições de níveis de pressão sonora para propor o isolamento acústico adequado. 2.3 Ruído residual em auditórios Os requisitos acústicos relacionados ao ruído residual em auditórios podem ser dados nos seguintes parâmetros: ❚ Noise Criteria – NC As curvas NC classificam o ruído residual por meio de um valor único. Referem-se às curvas obtidas a partir de níveis de pressão sonora equivalente em bandas de oitava, determinadas pela norma NBR 10152:2017 (Figura 4). ❚ Nível de pressão sonora contínuo equivalente, ponderado em A - LAeq É uma representação da média dos níveis de pressão sonora em um intervalo tempo, com ponderação na curva A, sendo calculado por meio de uma média logarítmica e expresso em decibel (dB). ❚ Nível máximo de pressão sonora ponderado em A - LASmax É o maior valor de LAeq,1s registrado durante a medição, expresso em decibel (dB). TRÂNSITO FACHADA R U A R U A EM PLANTA EM CORTE AERONAVES COBERTURA VENTO E CHUVA ELEVADOR ENTRE PAVIMENTOS FIGURA 3 - POSICIONAMENTO DO AUDITÓRIO NO INTERIOR DE UMA EDIFICAÇÃO 12 Manual ProAcústica | Qualidade Acústica de Auditórios 13 2.4 Tempo de reverberação O tempo de reverberação de um auditório interfere na nitidez do som e na inteligibilidade da fala, sendo uma relação entre o volume do auditório e a quantidade de material absorvente no ambiente. 80 90 100 NC-70 NC-65 NC-60 NC-55 NC-50 NC-45 NC-40 NC-35 NC-30 NC-25 NC-20 NC-15 50 60 40 30 20 10 31,5 63 125 250 500 1000 2000 4000 8000 0 70 N ÍV EL D E PR ES SÃ O S O N O R A (d B ) R ef .: 20 μP a FREQUÊNCIA (Hz)Auditórios ≤ 600m3:NBR 10152 Auditórios > 600m3:NBR 10152 FIGURA 4 - CURVAS DE AVALIAÇÃO DO RUÍDO * * Critérios estabelecidos pela ABNT NBR 10152: 2017 O tempo de reverberação (TR) pode ser compreendido como o tempo que o som demora para ficar inaudível, em um ambiente, após sua interrupção. Formalmente, é definido como o tempo necessário para que o nível de pressão sonora diminua 60 dB após cessar a fonte sonora. 2.5 Inteligibilidade da fala A inteligibilidade é a propriedade pela qual, dentro de um auditório, os ouvintes compreendem com mais ou menos dificuldade o que está sendo falado por um orador. Alguns fatores que influenciam a inteligibilidade da fala: ❚ Nível de pressão sonora do ruído residual na sala x nível de pressão sonora da voz ou do sistema de reforço eletroacústico; ❚ Distância entre fonte sonora e ouvintes; ❚ Quantidade de absorção sonora presente no local. O índice de transmissão da fala (STI) é um indicador de inteligibilidade da fala, sendo caracterizado por uma escala que varia entre 0 (totalmente não compreensível) e 1 (perfeitamente compreensível). 14 Manual ProAcústica | Qualidade Acústica de Auditórios 15 2.6 Eco O eco é resultado de uma ou mais reflexões sonoras que chegam ao ouvinte com um determinado tempo de atraso, após o som direto, e que são percebidas como sons distintos. A existência de eco em um auditório é considerado um grave proble- ma acústico. Ele é uma fonte potencial de incômodo e distração, estando associado às relações entre o som direto e refletido e as características acústicas dos acabamentos. SOM DIRETO / SOM INDIRETO OU REFLETIDO ❚ O som direto é aquele que chega ao ouvinte sem sofrer a influência de reflexões em superfícies; ❚ O som indireto ou refletido é o conjunto de ondas sonoras que chegam ao ouvinte após atingirem as superfícies do auditório (reflexões sonoras); ❚ No percurso entre o som direto e o refletido pode ocorrer a geração de eco. Este fenômeno deve ser analisado criteriosamente durante o projeto (Figura 5). 2.7 Privacidade acústica A privacidade acústica entre ambientes pode ser obtida reduzindo a inteligibilidade da fala nas salas adjacentes. Os eventos desenvolvidos no auditório não devem ser entendidos nos espaços adjacentes e vice-versa. Manter privacidade depende em grande parte do isolamento acústico do auditório. 2.8 Critérios de conforto acústico O projeto de um auditório deve considerar critérios de conforto acús- tico que norteiam a seleção dos materiais a serem especificados. O volume interno do auditório é de grande relevância na definição dos critérios sonoros, como pode ser visto na Tabela 2. A B C D A + B + C Trajeto de som refletido D Som direto FIGURA 5 TRAJETÓRIA DO SOM NO AUDITÓRIO 16 Manual ProAcústica | Qualidade Acústica de Auditórios 17 TABELA 2 – CRITÉRIOS DE CONFORTO ACÚSTICO VOLUME RLAeq dB RLASmax dB RLNC dB TR STI Auditórios pequenos (≤ 600 m³) 35-40 40-45 30-35 Fig. 4 > 0.62 Auditórios grandes (> 600 m³) 30- 35 35-40 25-30 Fig. 4 > 0.62 Notas: • Critérios retirados da ABNT NBR 10152: 2017 e da norma australiana / neozelandesa AS/NZS 2107: 2016. • STI – para casos especiais deve ser consultado um especialista em acústica. O valor de referência é usualmente adotado em auditórios com base na norma IEC 60268. • Curvas NC foram originalmente desenvolvidas para classificar ruídos de ar condicionado. A Figura 6 mostra o tempo de reverberação para auditórios de acor- do com seu volume. 30 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 100 500 1000 VOLUME [m3] TR (5 00 H z - 1 kH z) , s 5000 FIGURA 6 – TEMPO DE REVERBERAÇÃO (SEGUNDOS) POR VOLUME INTERNO (m³) RECOMENDADO PELA AS/NZS 2107 EM ESPAÇOS DESTINADOS À FALA Manual ProAcústica | Qualidade Acústica de Auditórios 19 REFLEXÃO SUPERFÍCIE REFLEXIVA ABSORÇÃO SUPERFÍCIE ABSORVENTE DIFUSÃO SUPERFÍCIE DIFUSORA Ao atingir as superfícies de um auditório, o som pode ser absorvido, re- fletido ou difundido por elas. Estes fenômenos ocorrem de acordo com as características dos materiais utilizados nas superfícies e com sua geo- metria.Os fenômenos citados seguem descritos abaixo: ❚ Absorção sonora Representa a capacidade de um material absorver a energia sonora incidente sobre ele. O coeficiente de absorção (α) descreve a parte do som incidente em uma superfície que é absorvida por determinado material podendo variar entre 0 e 1: onde 0 corresponde ao limite inferior no qual o material não absorve energia e o valor 1, ao limite superior em que toda a energia é absorvida. Materiais que absorvem o som são, normalmente, fibrosos ou porosos como, por exemplo, as lãs minerais. ❚ Reflexão sonora Representa a parte da energia sonora que, ao incidir sobre um material, retorna praticamente inalterada para o ambiente. Materiais com superfícies rígidas como blocos de concreto, vidros, e outros, são tipicamente reflexivos. ❚ Difusão sonora A difusão é um tipo especial de reflexão, em que a energia refletida é espalhada em diversas direções. Difusores acústicos usualmente assumem formato de topografia ou irregularidades em paredes e teto. Definindo propriedades dos materiais CARACTERÍSTICAS ACÚSTICAS DE MATERIAIS DE ACABAMENTO CARACTERÍSTICAS ACÚSTICAS DE MATERIAIS DE ACABAMENTO 3 FIGURA 7 CARACTERÍSTICAS ACÚSTICAS DOS MATERIAIS Manual ProAcústica | Qualidade Acústica de Auditórios 21 4.1 Projeto A interface entre arquitetura e acústica é fundamental para a quali- dade do auditório e é muito importante que o especialista em acús- tica seja envolvido já nos estágios iniciais do projeto. Desta forma, ele poderá recomendar elementos críticos no momento em que as decisões de projeto ainda não estão consolidadas. As características acústicas de um auditório dependem de diversos fatores, tais como: ❚ Volumetria e geometria do ambiente; ❚ Relação entre o volume e quantidade de assentos; ❚ Orientação de paredes e forros; ❚ Características de absorção ou difusão sonora das superfícies decorrentes dos materiais utilizados nos revestimentos; ❚ Proximidade da plateia com o palco (importante para promover melhor audibilidade, inteligibilidade e visibilidade); ❚ Boa visibilidade para o palco; ❚ Isolamento acústico adequado; ❚ Controle de ruído dos equipamentos de ar condicionado e instalações prediais. 4 BOAS PRÁTICAS PARA PROJETOS DE AUDITÓRIOS BOAS PRÁTICAS PARA PROJETOS DE AUDITÓRIOS Orientacões para o programa, análise e desenvolvimento de projetos de auditórios 22 Manual ProAcústica | Qualidade Acústica de Auditórios 23 ROTEIRO BÁSICO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PROJETO DE UM AUDITÓRIO Elencar principais usos do auditório e o público. — Definir o número de assentos e sua distribuição. — Verificar se as atividades serão destinadas a pessoas com deficiência visual, auditiva ou outro tipo de necessidade especial. — Estudar a localização do auditório com relação ao programa de uso e circulações. Avaliar as potenciais fontes sonoras internas e externas e a proximidade com áreas que demandam privacidade acústica. Esta avaliação é usualmente feita por um especialista em acústica, que indicará os cuidados com as possíveis implantações. — Medições acústicas podem ser necessárias neste processo. Os critérios acústicos são definidos e aplicados, de forma racional e otimizada, pelo especialista em acústica que usará as informações obtidas nas duas etapas anteriores. Desenvolvido pelas equipes de arquitetura e de acústica, com suporte de especialistas complementares como climatização, iluminação, elétrica, multimídia, segurança, entre outros. — O especialista em acústica dará especial atenção às formas, volume interno, distribuição de assentos, constituição de paredes e seus revestimentos, controle de ruído e vibrações de equipamentos. — Definir e dimensionar o sistema de sonorização e vídeo. AUDITÓRIO #1 #2 #3 #4PROGRAMA DE USO LOCALIZAÇÃO CRITÉRIOS PROJETO 24 Manual ProAcústica | Qualidade Acústica de Auditórios 25 NÍVEL DE PRESSÃO SONORA, dB 100 95 90 85 80 75 70 no data Durante o desenvolvimento do projeto acústico de um auditório, o especialista utiliza softwares avançados para estimar o tempo de re- verberação, o índice STI e outros parâmetros, para avaliar a eventual presença de ecos no auditório, bem como para projetar o sistema de sonorização. Com estas ferramentas, é possível verificar o impacto na qualidade acústica do auditório decorrente das modificações fei- tas ao longo do projeto. Um exemplo das atividades do projeto acústico distribuídas ao longo do processo do projeto arquitetônico pode ser visto a seguir: Nota: o escopo de projeto deve ser avaliado para cada situação individualmente. LEVANTAMENTO Medições acústicas no terreno e identificação de áreas mais ruidosas. ESTUDO PRELIMINAR Definição da geometria do auditório, volume, altura do forro, espessura das paredes e lajes. Recomendações para instalações. PROJETO EXECUTIVO Detalhamento de revestimentos, paredes, lajes flutuantes, forros, isoladores de vibração. LIBERADO PARA OBRA Aprovação do projeto executivo para obra. CONSTRUÇÃO Controle de qualidade de execução dos sistemas acústicos. ANTEPROJETO Definição de revestimentos internos para paredes, forros e pisos. Modelos acústicos. Definição de assentos. Avaliação acústica dos projetos de ar condicionado, elétrica e hidráulica. TABELA 3 – ATIVIDADES DE ACÚSTICA POR ETAPAS DO PROJETO ARQUITETÔNICO FIGURA 8 SIMULAÇÃO ACÚSTICA COMPUTACIONAL 26 Manual ProAcústica | Qualidade Acústica de Auditórios 27 4.2 Elementos de projeto e sua função acústica 4.2.1 SISTEMA DE SONORIZAÇÃO É importante considerar o uso de um sistema de sonorização no au- ditório. Normalmente, nem o palestrante nem o público tem postura vocal para manter uma boa inteligibilidade da fala por períodos pro- longados durante as apresentações. Isto sem falar nos recursos de apresentação e multimídia cada vez mais usados em palestras. O sistema de sonorização e multimídia devem ser compatibilizados com o de acústica para manter coerência com os critérios e reque- rimentos adotados. Além disso, cuidados especiais devem ser toma- dos na compatibilização com o projeto arquitetônico e elétrico. 4.2.2 FORRO As superfícies de forro podem ser usadas para direcionar a energia sono- ra para a plateia reforçando o som direto, além de criar difusão sonora. A altura do forro deve ser planejada em conjunto com as outras dimensões para garantir uma relação adequada de poltronas por volume interno. Adicionalmente, o desenho do forro deve minimizar efeitos de ecos repetitivos e que podem ocorrer entre as superfícies paralelas. Superfícies convexas, tanto nas paredes quanto nos forros, podem ser utilizadas para a melhoria do espalhamento sonoro. Por outro lado, as superfícies côncavas devem ser evitadas ou aplicadas com cautela, já que, dependendo do seu raio, podem concentrar a energia sonora em um único ponto. 4.2.3 PISO O coeficiente de absorção sonora dos materiais utilizados no piso tem influência no desempenho acústico do auditório. Pisos de concreto, vinílico, madeira ou carpete têm comportamento acústico diferentes. A instalação de carpetes nas áreas de circulação é uma opção a ser considerada para diminuir o ruído da movimentação de pessoas. 4.2.4 CONFORMAÇÃO DO PISO DA PLATEIA A visibilidade é um fator importante em auditórios e pode ser rela- cionada com a experiência auditiva dos ouvintes. Se a plateia enxer- ga o palestrante sem obstáculos, possivelmente, o som direto pro- duzido por ele também será escutado sem obstruções. A angulação da plateia em relação ao palco é uma boa forma de favorecer a visibilidade. Porém, em algumas situações, o auditório precisa ter piso plano. Isto não é, necessariamente, um obstáculo para a acústica, pois os especialistas podem trabalhar com a eleva- ção do palco e outros elementos. FONTE SONORA RECEPTOR FIGURA 9 REFLEXÃO SONORA EM SUPERFÍCIES CONVEXAS E CÔNCAVAS 28 Manual ProAcústica| Qualidade Acústica de Auditórios 29 É importante lembrar que estas definições dependem do programa de uso e da localização do auditório na edificação. 4.2.5 PAREDES Paredes laterais próximas ao palco podem ser inclinadas para otimizar as reflexões do som para a plateia evitando ecos repetitivos. Paredes paralelas podem ser utilizadas, mas exigem atenção redobrada. As reflexões sonoras ocasionadas na parede do fundo do auditório, normalmente, chegam aos ouvintes da plateia com maior diferença de tempo em relação ao som direto, o que potencializa o risco de formação de ecos. Por isso, os especialistas devem atentar de for- ma especial para essa situação e para o condicionamento acústico dessas paredes. Paredes côncavas, dependendo do raio, podem gerar um local inde- sejado de concentração de energia na plateia. Em caso de adoção desta geometria, é importante utilizar um raio grande o suficiente para não provocar um foco sonoro. 4.2.6 CONTROLE DE RUÍDO O sistema de ar condicionado e instalações prediais constituem fonte de ruído permanente nos auditórios. É imperativo que o ruído produzido seja controlado para cumprir com os requisitos exigidos e manter a boa qualidade acústica. Para isto é importante o especia- lista em acústica participar das seguintes ações: ❚ Localização do auditório com relação à casa de máquinas, evitando adjacências imediatas entre estes espaços; ❚ Seleção de equipamentos com baixa emissão de ruído; ❚ Controle acústico no trajeto de dutos com o uso de atenuadores de ruído, entre outras providências; ❚ Instalação de equipamentos com amortecedores de vibração; ❚ Utilização de softwares especializados para a avaliação de ruído dos sistemas. SALA DE CONTROLE E DEPÓSITO ACESSO ACESSO PAREDE LATERAL DO PALCO PALCO PAREDE DE FUNDO DO AUDITÓRIO ESPAÇO PARA DUTOS E INSTALAÇÕES LAJE ESTRUTURAL EM PLANTA EM CORTE ACESSO FIGURA 10 AUDITÓRIO EM CORTE E PLANTA 30 Manual ProAcústica | Qualidade Acústica de Auditórios 31 4.2.7 ISOLAMENTO ACÚSTICO É importante observar no início do projeto os requisitos de isolamen- to acústico do auditório que dependem da sua localização no edifício. Portas de acesso ao auditório constituem a parte mais frágil no iso- lamento sonoro e atenção deve ser dada na seleção de produtos qualificados com testes de laboratório. Auditórios posicionados na fachada de edifícios podem estar sujei- tos a elevados níveis de pressão sonora produzidos por tráfego e outras fontes sonoras externas. Nesta situação, os devidos cuidados devem ser tomados para garantir o isolamento acústico necessário. 4.2.8 INTERFACE COM OUTRAS ESPECIALIDADES As interfaces da acústica com a arquitetura, climatização, instala- ções, entre outras especialidades, devem ser coordenadas para o melhor desempenho do auditório. É importante lembrar que a segurança contra incêndio é funda- mental e os materiais acústicos devem observar resistência ao fogo, de acordo com as normas vigentes para este tipo de uso e local de construção do auditório. 4.3 Obra O desempenho acústico é impactado pela qualidade de execução da construção e das instalações dos sistemas de forros, paredes, pisos, revestimentos, portas, caixilhos, equipamentos de ar condicionado, entre outros. É importante que as instalações sejam realizadas de acordo com as instruções dos fabricantes e observando as especificações do projeto. Assim, recomenda-se às equipes de obra: ❚ Observar as especificações de projeto; ❚ Adotar apenas produtos homologados com laudos técnicos que comprovem o desempenho acústico especificado no projeto; ❚ Solicitar avaliação e aprovação prévia do especialista em acústica em caso de qualquer alteração das especificações. Pequenas mudanças podem acarretar grandes prejuízos de desempenho e custos adicionais; ❚ Acompanhar as instalações para garantir conformidade com as especificações e, em caso de dúvida, consultar o responsável por elas. Manual ProAcústica | Qualidade Acústica de Auditórios 33 1. O projeto acústico deve auxiliar apenas na escolha dos revestimentos internos como forma de garantir a boa qualidade de um auditório. [ ] Mito [ ] Verdade 2. Um forro absorvente sempre é utilizado para absorver o som e diminuir a reverberação. [ ] Mito [ ] Verdade 3. O material utilizado no piso de um auditório é relevante para a qualida- de acústica. [ ] Mito [ ] Verdade 4. Os assentos têm um papel significativo no condicionamento acústico de um auditório. [ ] Mito [ ] Verdade 5. A visibilidade da plateia para o palco não é importante para a acústica. [ ] Mito [ ] Verdade 6. O projeto de ar condicionado está relacionado somente com conforto térmico e não com a qualidade acústica. [ ] Mito [ ] Verdade 6 QUIZMITOS E VERDADES Testando seu conhecimento sobre auditórios 34 Manual ProAcústica | Qualidade Acústica de Auditórios 35 GABARITO 1. O projeto acústico deve auxiliar apenas na escolha dos revestimentos internos como forma de garantir a boa qualida- de de um auditório. MITO. A acústica de auditórios vai além das definições dos revestimentos. Ela está relacionada com a geometria, volumetria do ambiente, disposição dos assentos na plateia, paredes que definem o espaço e controle de ruído do ar condicionado. O especialista em acústica atua em todas estas frentes colaborando com a equipe de projeto. 2. Um forro absorvente sempre é utili- zado para absorver o som e diminuir a reverberação. MITO. O forro pode utilizar tanto materiais absorventes quanto refletores. Para adequar a reverberação em um auditório é possível equilibrar as características de reflexão e absorção sonora do forro com os outros ele- mentos do auditório como paredes, revesti- mentos, assentos, carpetes etc. 3. O material utilizado no piso de um au- ditório é relevante para a qualidade acústica. VERDADE. O material utilizado no piso pode reduzir o ruído do caminhar do pú- blico e ser utilizado como elemento para absorção sonora. O material de piso insta- lado na área dos assentos tem influência acústica dependendo do tipo de assento e sua ocupação. A vida útil e a manutenção do piso também são importantes. 4. Os assentos têm um papel significati- vo no condicionamento acústico de um auditório. VERDADE. Os assentos representam uma importante área de absorção sonora e têm relação definitiva com a qualidade acús- tica da sala. A absorção sonora dos as- sentos depende da espessura, do tipo de estofamento e demais elementos de seu acabamento. 36 Manual ProAcústica | Qualidade Acústica de Auditórios 37 5. A visibilidade da plateia para o palco não é importante para a acústica. MITO. A visibilidade adequada auxilia o ou- vinte a entender o que está sendo falado. A altura do palco tem relação com o som direto e com a visibilidade. Por outro lado, auditórios com piso plano – dependendo do caso – podem ter bons resultados. A altura do palco define a inclinação da plateia (e vice-versa), sendo uma importante condi- cionante de projeto. 6. O projeto de ar condicionado está rela- cionado somente com conforto térmico e não com a qualidade acústica. MITO. O sistema de ar condicionado é uma importante fonte permanente de ru- ído nos auditórios. Dependendo dos equi- pamentos selecionados, trajeto da rede de dutos e a localização dos equipamen- tos como fan coils, o sistema pode gerar ruído e vibrações indesejadas no interior do auditório, prejudicando as atividades e incomodando os usuários. REFERÊNCIAS NORMATIVAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS7 ❚ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT NBR 10152: 2017 - Acústica - Níveis de pressão sonora em ambientes internos a edificações. Rio de Janeiro, 2017. ❚ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT NBR ISO 3382-1:2017 - Acústica - Medição de parâmetros de acústica de salas - Parte 1: Salas de espetáculos. Rio de Janeiro, 2017.❚ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT NBR IEC 60268-16:2018 - Equipamentos de sistemas de som. Parte 16: Avaliação objetiva da inteligibilidade da fala pelo índice de transmissão da fala. Rio de Janeiro, 2018. ❚ IEC 60268- 16:2011 - Sound system equipment - Part 16: Objective rating of speech intelligibility by speech transmission index. ❚ DEUTSCHES INSTITUT FÜR NORMUNG - DIN 18041:2016 - Acoustic quality in rooms - Specifications and instructions for the room acoustic design. Alemanha, 2016. ❚ AS/NZS 2107:2016 - Acoustics - Recommended Design Sound Levels and Reverberation Times for Building Interiors. ❚ NS 8178:2014 - Acoustic criteria for rooms and spaces for music rehearsal and performance. 38 ❚ GENERAL SERVICE ADMINISTRATION - GSA PBS-P100 - Facilities Standards for the Public Buildings Service. Issued Apr. 2017. ❚ BS 8233:2014 - Guidance on sound insulation and noise reduction for buildings. MANUAL PROACÚSTICA PARA QUALIDADE ACÚSTICA EM AUDITÓRIOS Guia prático e orientativo com boas práticas para os projetos de acústica de auditórios. REALIZAÇÃO Esta publicação é uma iniciativa da ProAcústica - Associação Brasileira para a Qualidade Acústica por meio do Comitê Acústica nas Edificações - Grupo de Trabalho GT Salas Especiais, formado por representantes das empresas associadas de projeto e consultoria acústica e de fabricantes de produtos acústicos. COORDENAÇÃO COMITÊ Eng. Davi Akkerman COORDENAÇÃO Arq. José Augusto Nepomuceno VICE-COORDENAÇÃO Arq. Andrea Destefani EMPRESAS ASSOCIADAS que colaboraram diretamente, através de seus representantes, com a produção do conteúdo desta publicação técnica. Projeto e Consultoria Acústica Acústica & Sônica Akkerman Alcoragi Acústica Ideal Giner Sound Vibration Harmonia Acústica Passeri Acústica e Arquitetura Scala dB Acústica Síntese Acústica Arquitetônica Fabricantes de Produtos Acústicos Armstrong Ceiling Solutions Isover Saint Gobain Knauf AMF Forros OWA Sonex Brasil DIRETORIA BIÊNIO 2018-2019 Diretor Presidente Edison Claro de Moraes Diretor Vice-Presidente Administrativo-Financeiro Alberto Safra Diretor Vice-Presidente de Recursos Associativos José Carlos Giner Diretor Vice-Presidente de Relações de Mercado Carlos Henrique Mattar Diretor Vice-Presidente de Atividades Técnicas Marcos Cesar de Barros Holtz Diretor Vice-Presidente de Comunicações e Marketing Luciano Nakad Marcolino GERENTE EXECUTIVA Arq. Maria Elisa Miranda GERENTE DE ATIVIDADES TÉCNICAS Eng. Talita Pozzer (2018) / Eng. Priscila Wunderlich (2019) REVISÃO Ateliê de Textos - Assessoria de Comunicação PROJETO GRÁFICO O Nome da Rosa Editora PRODUÇÃO Natalia Zapella e Laura Daviña ILUSTRAÇÕES Mateus Acioli Agosto de 2019 Av. Ibirapuera, nº 3.458 - Sala 1 - CEP 04.028-003 Indianópolis - São Paulo - SP contato@proacustica.org.br www.proacustica.org.br Associação Brasileira para a Qualidade Acústica MANUAL PARA QUALIDADE ACÚSTICA EM ESCOLAS MANUAL DE RECOMENDAÇÕES PARA CONTRAPISOS FLUTUANTES CONFIRA OUTRAS PUBLICAÇÕES DA PROACÚSTICA MANUAL SOBRE A NORMA DE DESEMPENHO Manual ProAcústica sobre a Norma de Desempenho Guia prático sobre cada uma das partes relacionadas à área de acústica Norma ABNT NBR 15575:2013 edição revisada MANUAL PARA CLASSE DE RUÍDO DAS EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS EMPRESAS ASSOCIADAS 01dB Acoem Acital Isolamentos Acoustic Control Acústica & Sônica Akkerman Alcoragi Acústica Ideal Aliança Ambiental Anima Acústica Armacell Armstrong Ceiling Solutions Atenua Som Aubicon Audium Áudio e Acústica Babilônia Bracústica Ca2 Consultores Carlos Freire Escritório Técnico Casalille Claris Soluções em Esquadrias CLB Engenharia Comfort Door Acessórios para Portas Consultare Laboratório Eastman Echo Acústica Ecoa Consultoria Acústica EcoFiber Conforto e Proteção Epex Esplane Espaços Planejados Ettore Home Decore Euro Centro Esquadrias Especiais Gerb Controle de Vibrações Geros Arquitetura Giner Sound Vibration Grom Acústica e Vibração Harmonia Acústica Hertz Esquadrias Hunter Douglas Implante Inovatech Isar Isolamentos Isotech Soluções Acústicas Isover Saint Gobain itt Performance Unisinos Joongbo Junseal Kastrup Knauf AMF Knauf Drywall Lab Acústica Lady Acoustics MMC Lab Modal Acústica Multinova Soluções Inteligentes Naturalmente Arquitetura Oterprem Blocos e Pisos OWA Sonex Brasil Pan Urania Passeri Acústica e Arquitetura Perfil Alumínio Placo Saint Gobain Portal da Acústica Prima Ferragens Qualität Esquadrias Scala dB Acústica Síntese Acústica Arquitetônica Sonar Engenharia Styroplast T-ABS Thermo Acustic Trisoft Trox Vescom Viapol Vibrac System Vibrasom Tecnologia Acústica Vibtech Virtual Guitar Shop Weiku Janelas e Portas de PVC SEJA UMA EMPRESA Associação Brasileira para a Qualidade Acústica Av. 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