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Modelo multicausal Há um avanço relativo em relação ao modelo anterior, pois ele incorpora os fatores sócio econômicos, culturais, físicos, químicos, estabelecendo nexos entre os modos de adoecer (tipos de doença, frequência, gravidade, etc) e as condições de trabalho e as condições materiais de vida (moradia, salário, alimentação, educação, saneamento, etc.), embora procure traçar, entre os mesmos, relações de natureza apenas quantitativa. O modelo multicausal coloca grande ênfase na avaliação estatística e quantitativa das variáveis do processo saúde doença, fazendo com que os indivíduos e fatores de doença sejam agrupados e organizados, ignorando-se, contudo, o peso e a hierarquia dos fatores de origem social e de origem biológica. Não obstante, definiu um propósito prático para a descoberta das relações que oferecem possibilidades para prevenção de doenças. O complexo processo de estruturação de saúde é, na verdade, resultado de interações multicausais, não se admitindo mais o conceito de singularidade, de uni causalidade, que ficou estrito às possíveis ações bacteriológicas dos postulados de Pasteur e Koch, mas resultantes de interações de ordem socioeconômicas, culturais, nutricionais, psicológicas, imunológicas, etc. Assim, o homem foi construindo os modelos de explicação causal para o processo saúde doença. Avançando cronologicamente, surge, no início do século XX, o modelo multicausal de Leavel & Clarck, que se caracteriza por ser uma variante mais dinâmica e desenvolvida desse modelo multicausal, e se torna o pensamento hegemônico, apoiado na teoria ecológica de causação de doenças. Modelo da História Natural da Doença, desenvolvido por Leavel & Clarck, em 1965, diferencia-se dos seus antecessores pelo dinamismo dos processos de saúde doença, expressos na relação dos seus três elementos: o homem X hospedeiro, o agente patogênico e o meio. O meio ambiente diz respeito a uma combinação homogênea dos fatores físico-químicos, biológicos e sociais, sendo caracterizado como “o que está em redor” ou “environment” . Baseando-se na dinâmica do equilíbrio ou desequilíbrio dos três fatores considerados (hospedeiro, agente e meio), propõe três níveis de intervenção: prevenção primária, através da promoção à saúde e da proteção específica em relação a um agravo determinado – a ser desencadeada ainda na fase prépatogênica da doença (na qual surge a doença); prevenção secundária, constante de diagnóstico e tratamento; e prevenção terciária, que supõe ações destinadas à recuperação do dano e à reabilitação. Essas duas últimas intervenções aplicam-se à fase patogênica (depois do aparecimento da doença). Surge aí a ideia de risco, definido como possibilidade de perda ou responsável pelo dano. A ideia de risco envolve uma relação de probabilidade entre eventos e interações causais (fonte/exposição). Esse modelo tornou-se hegemônico e permeia todo o conhecimento das doenças nas populações até os dias atuais, não estando, no entanto, livre de críticas por ignorar a categoria social do homem, satisfazendo-se com correlações biológico ecológicas, independentemente da necessidade de transformações estruturais que alterem o equilíbrio do sistema, o que afasta a questão da determinação social da doença. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA História Natural da Doença é o nome dado ao conjunto de processos interativos compreendendo as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o desenvolvimento global do seu desenvolvimento. (Leavel e Clark, 1976) - A HND nada mais é do que um quadro esquemático que dá suporte à descrição das múltiplas enfermidades. Sua utilidade maior é apontar os diferentes métodos de prevenção e controle de doenças. - Embora o tempo de evolução e as manifestações específicas possam variar de pessoa para pessoa, as características gerais da história natural de muitas doenças são bem conhecidas, permitindo a aplicação de medidas de intervenção (prevenção ou terapêuticas) que podem alterar o seu curso pela cura, diminuição da incapacidade ou pelo prolongamento da vida. - A HND é dividida em dois períodos: PRÉ-PATOGÊNESE: que é a interação preliminar dos fatores relacionados com o agente potencial, o hospedeiro e o meio ambiente na produção da doença. PATOGÊNESE: que é a evolução de um distúrbio no homem, desde a primeira interação com estímulos que provocam a doença até as mudanças de forma e função que daí resultam, antes que o equilíbrio seja alcançado ou restabelecido, ou até que se siga um defeito, invalidez ou morte. 1- FASE SUSCETÍVEL - Corresponde a exposição efetiva de um hospedeiro suscetível a um agente (microorganismo ou parasita, no caso de doenças transmissíveis). Durante esse período, os serviços de saúde podem desenvolver diversas atividades conhecidas como prevenção primária, divididas em ações de promoção à saúde e proteção específica do indivíduo. 2- FASE DE DOENÇA SUBCLÍNICA OU INAPARENTE - Para doenças transmissíveis, essa fase é denominada período de incubação e para doenças crônicas, período de latência, que pode ser entendido como o intervalo entre a exposição efetiva do hospedeiro suscetível a um agente biológico e o início dos sinais e sintomas clínicos da doença nesse hospedeiro. Esse intervalo varia dependendo da doença. * Apesar de ser inaparente, algumas alterações podem ser detectadas durante essa fase por meio de métodos laboratoriais. Assim, muitos programas têm por objetivo tentar identificar a doença nessa fase da história natural, pois na maioria dos casos a intervenção nesse momento é mais efetiva. * Os serviços de saúde podem intervir nessa fase com diagnóstico precoce, que está dentro da responsabilidade da prevenção secundária. 3- FASE CLÍNICA - Essa fase, considerada responsabilidade da prevenção secundária, que inicia com o início dos sintomas (também denominado horizonte clínico), marca a transição entre as fases subclínica e clínica da doença, e a maioria dos diagnósticos ocorre nesse momento. Quanto maior a proporção de casos inaparentes, maiores serão as dificuldades de conhecermos a cadeia do processo infeccioso e de identificarmos os principais responsáveis pela manutenção da transmissão da doença na comunidade. 4- FASE DE RECUPERAÇÃO, INCAPACIDADE OU MORTE - Essa fase compreende a posterior ao diagnóstico, que é conhecida como prevenção terciária, que tem por objetivo a reintegração do indivíduo à comunidade, assim ela necessita de uma rede de serviços hospitalares e comunitários para a utilização máxima das capacidades do indivíduo afetado. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA E NÍVEIS DE PREVENÇÃO Comparando o esquema anterior com o abaixo, é possível compreender como os profissionais de saúde podem atuar, com diferentes estratégias, nos níveis de prevenção, com o conhecimento das fases da História Natural da Doença. • Na fase de Pré-Patogênese é realizada a prevenção primária: PREVENÇÃO PRIMÁRIA: que se constitui no período anterior ao adoecimento dos indivíduos, quando as ações a serem tomadas podem ser divididas em dois níveis de prevenção: 1º - PROMOÇÃO À SAÚDE: • Educação sanitária; • Bom padrão de nutrição; • Atenção ao desenvolvimento da personalidade; • Moradia adequada, recreação; • Educação sexual, aconselhamento; • Saneamento; • Emprego; Enfim, são ações de melhoria de qualidade de vida, que não significam proteção específica a um determinado agravo. 2º - PROTEÇÃO ESPECÍFICA: • Imunizações; • Higiene pessoal; • Proteção contra riscos ocupacionais; • Proteção contra acidentes; • Uso de alimentos específicos; • Proteção contra substâncias carcinogênicas e alérgenas; • Campanhas contra doenças específicas. Estas ações são mais específicas, visando a proteção contra um determinado agravo. • Já na fase da patogênese, quando o agravo já está instalado, são realizadas a prevençãosecundária e a prevenção terciária. PREVENÇÃO SECUNDÁRIA Este nível de prevenção abrange o período de incubação para doenças infecciosas ou latência para as doenças transmissíveis e o período de doenças com manifestações clínicas. Assim sendo foram dividas as ações em dois níveis: 3º - DIAGNÓSTICO PRECOCE E PRONTO ATENDIMENTO • Descoberta de casos; • Pesquisa de triagem; • Exames seletivos; • Tratamento precoce. Cujos objetivos são os de curar e evitar o processo da doença; evitar propagação de doenças contagiosas; evitar complicações e seqüelas; encurtar o período da invalidez. 4º - LIMITAÇÃO DA INVALIDEZ • Diagnóstico tardio, já com quadro clínico do agravo; • Tratamento e intervenções necessárias para limitação da invalidez, como procedimentos cirúrgicos. Esta é a fase mais freqüente para a realização de diagnósticos, quando já se tem o quadro clínico instalado. PREVENÇÃO TERCIÁRIA 5º - RECUPERAÇÃO, INCAPACIDADE OU MORTE • Serviços hospitalares e comunitários para a utilização máxima das capacidades; • Garantia de empregabilidade; • Terapia ocupacional; • Utilização de asilos. A prevenção terciária tem o objetivo principal de adaptar o indivíduo à sociedade, utilizando o máximo de sua capacidade produtiva e bem estar. Está ligado totalmente aos serviços de reabilitação. SUBDIVISÃO DE HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA EM 4 FASES: 1 - FASE SUSCETÍVEL – não há doença, mas sim fatores de risco. Estratégias de prevenção: Eliminação do fator de risco, Proteção das pessoas em risco. 2 - FASE SUBCLÍNICA OU INAPARENTE - doença em estágio inicial. Estratégias: Fazer “screening” na população. 3 - FASE CLÍNICA – doença instalada, procura por diagnóstico. A atuação é curativa. 4 - FASE DE RECUPERAÇÃO, INCAPACIDADE OU MORTE – se a doença não progredir para a morte ou cura completa, deixa seqüelas que requerem cuidados e acompanhamento. “Natural” tem a conotação de progresso sem a intervenção do homem, que pode modificar o curso da doença por medidas preventivas e curativas. Observando o comportamento natural da doença é possível separá-lo em dois períodos: (Modelo de Leavell e Clark, 1976) • Período Pré-Patogênese • Período Patogênese Estes períodos são divididos em fases e níveis de prevenção: • PREVENÇÃO PRIMÁRIA: período anterior ao adoecimento ou de pré- patogênese: o Promoção à Saúde o Proteção Específica • PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: período de patogênese: o Diagnóstico Precoce e Pronto Atendimento. o Limitação da Invalidez • PREVENÇÃO TERCIÁRIA: período de patogênese: o Recuperação ou reabilitação
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