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Autoras: Profa. Corina Aparecida Fernandes Profa. Sandra Zeitoun Profa. Claudia Minazaki Colaboradores: Profa. Vanessa Santhiago Prof. Marcel da Rocha Chehuen Avaliação Diagnóstica Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Professor conteudista: Corina Aparecida Fernandes Graduada em Fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais em 2008, mestre em Ciências pelo Departamento de Biodinâmica do Movimento Humano da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (2014). Possui aperfeiçoamento de Fisioterapia Pediátrica em Unidade de Cuidados Intensivos e Semi- intensivos pela Universidade Federal de São Paulo (2009) e em Neuromodulação Não Invasiva pela Escola de Educação Permanente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2017). Atualmente, cursa doutorado em Ciências da Reabilitação pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2015-2018), possui o cargo de professora adjunta nos cursos de Educação Física e Fisioterapia da Universidade Paulista, é supervisora de estágio de Fisioterapia aplicada à Saúde Pública e professora dos cursos de Fisioterapia e de Cosmética e Estética da Universidade Santo Amaro. É professora colaboradora do curso de especialização em Fisioterapia Neurofuncional do Instituto Imparare - Universidade Paulista. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) F363a Fernandes, Corina Aparecida. Avaliação Diagnóstica / Corina Aparecida Fernandes, Sandra Zeitoun, Claudia Minazaki. - São Paulo: Editora Sol, 2018. 100 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIV, n. 2-060/18, ISSN 1517-9230. 1. Radiologia. 2. Exames laboratóriais.3. Exames microbiológicos I. Zeitoun, Sandra. II. Minazaki, Claudia. III. Título. CDU 616-071 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Fabrícia Carpinelli Vitor Andrade Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Sumário Avaliação Diagnóstica APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9 Unidade I 1 RADIOLOGIA ...................................................................................................................................................... 11 1.1 Histórico ................................................................................................................................................... 11 1.2 Conceito ................................................................................................................................................... 12 1.3 Terminologia ........................................................................................................................................... 12 1.4 Anatomia radiográfica ....................................................................................................................... 13 1.5 Posicionamentos ................................................................................................................................... 14 1.6 Incidências radiográficas ................................................................................................................... 16 1.6.1 Radiografia de frente ............................................................................................................................ 16 1.6.2 Radiografia lateral ou perfil ............................................................................................................... 17 1.6.3 Radiografia oblíqua ................................................................................................................................ 18 1.7 Raios X ...................................................................................................................................................... 19 1.7.1 Produção dos raios X ............................................................................................................................. 19 1.7.2 O aparelho de raios X ............................................................................................................................ 20 1.7.3 Formação da imagem ........................................................................................................................... 21 1.8 Solicitação de exames radiológicos .............................................................................................. 22 1.9 Indicações do uso de raios X para diagnóstico ........................................................................ 23 2 SISTEMA ÓSSEO ............................................................................................................................................... 24 2.1 Estrutura e propriedades do tecido ósseo .................................................................................. 25 2.1.1 Cargas mecânicas sobre os ossos ..................................................................................................... 27 2.1.2 Lesões no sistema ósseo ...................................................................................................................... 27 2.1.3 Fraturas ....................................................................................................................................................... 27 2.1.4 Doenças e anormalidades do esqueleto axial ............................................................................. 29 2.1.5 Doenças e anormalidades do esqueleto apendicular .............................................................. 30 2.2 Sistema respiratório ............................................................................................................................ 31 2.2.1 Mediastino ................................................................................................................................................. 31 2.2.2 Anatomia radiológica de tórax .......................................................................................................... 32 2.2.3 Indicações clínicas ................................................................................................................................. 33 2.3 Sistemacirculatório ............................................................................................................................ 34 3 ULTRASSONOGRAFIA, TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA ...................................................................................................................................... 35 3.1 Ultrassonografia .................................................................................................................................... 35 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 3.2 Tomografia computadorizada ......................................................................................................... 40 3.2.1 Terminologia ............................................................................................................................................. 41 3.2.2 Princípios básicos .................................................................................................................................... 42 3.2.3 Tomógrafo .................................................................................................................................................. 43 3.2.4 Tomografia de crânio e pescoço, tomografia axial computadorizada de encéfalo, olhos e seios da face ......................................................................................................................................... 44 3.2.5 Tomografia computadorizada do corpo, tomografia axial computadorizada do corpo e tomografia computadorizada do tórax, coluna vertebral, membros, abdome e pelve ................................................................................................................................................... 45 3.2.6 Aplicações da tomografia computadorizada............................................................................... 46 3.2.7 Vantagens e desvantagens do uso de tomografia computadorizada ............................... 47 3.3 Ressonância nuclear magnética .................................................................................................... 48 3.3.1 Procedimentos para realização do exame .................................................................................... 48 3.3.2 Cuidados no pré-teste .......................................................................................................................... 49 3.3.3 Cuidados no pós-teste .......................................................................................................................... 49 3.3.4 Vantagens e desvantagens do uso de tomografia computadorizada ............................... 50 4 ELETROCARDIOGRAMA ................................................................................................................................. 50 4.1 Eletrofisiologia cardíaca .................................................................................................................... 51 4.2 Registro eletrocardiográfico ............................................................................................................ 52 4.3 Cuidados na fase pré-analítica ....................................................................................................... 53 4.4 Fase pós-analítica................................................................................................................................. 53 4.5 Indicações do eletrocardiograma................................................................................................... 54 Unidade II 5 EXAMES LABORATORIAIS ............................................................................................................................. 59 5.1 Introdução ............................................................................................................................................... 59 5.2 Exame de urina .................................................................................................................................... 62 5.2.1 Considerações gerais sobre o exame de urina ............................................................................ 62 5.2.2 Cuidados na fase pré-analítica ......................................................................................................... 62 5.2.3 Tipos de coleta ......................................................................................................................................... 62 5.2.4 Manuseio e transporte da amostra ................................................................................................. 64 5.2.5 Fase pós-analítica .................................................................................................................................. 64 5.2.6 Interpretação do resultado ................................................................................................................. 66 5.2.7 Indicações clínicas .................................................................................................................................. 66 6 HEMOGRAMA COMPLETO............................................................................................................................ 67 6.1 Considerações gerais sobre o processo de hematopoiese ................................................... 67 6.2 Eritropoiese ............................................................................................................................................. 67 6.3 Leucopoiese ............................................................................................................................................ 68 6.4 Trombocitopoiese ................................................................................................................................. 68 6.5 Exame de hemograma ........................................................................................................................ 68 6.5.1 Cuidados na fase pré-analítica ......................................................................................................... 75 6.5.2 Cuidados durante a coleta .................................................................................................................. 75 6.5.3 Fase pós-analítica .................................................................................................................................. 76 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a 7 EXAMES BIOQUÍMICOS ................................................................................................................................. 77 7.1 Considerações gerais ........................................................................................................................... 77 7.2 Sódio (Na) ................................................................................................................................................ 78 7.2.1 Cuidados na fase pré-analítica ......................................................................................................... 79 7.2.2 Fase pós-analítica (interpretação dos resultados) ..................................................................... 80 7.3 Potássio (K+) ........................................................................................................................................... 80 7.3.1 Cuidados na fase pré-analítica ......................................................................................................... 80 7.3.2 Fase pós-analítica (interpretação dos resultados) ..................................................................... 81 7.4 Cálcio (Ca+) ............................................................................................................................................81 7.4.1 Cuidados na fase pré-analítica ......................................................................................................... 81 7.4.2 Fase pós-analítica (interpretação dos resultados) ..................................................................... 82 7.5 Magnésio (Mg++) ................................................................................................................................ 82 7.5.1 Cuidados na fase pré-analítica ......................................................................................................... 83 7.5.2 Fase pós-analítica (interpretação dos resultados) ..................................................................... 83 8 EXAMES MICROBIOLÓGICOS ...................................................................................................................... 83 8.1 Considerações gerais sobre os exames microbiológicos ....................................................... 83 8.2 Hemocultura........................................................................................................................................... 84 8.2.1 Cuidados na fase pré-analítica ......................................................................................................... 85 8.2.2 Fase pós-analítica (interpretação da hemocultura) ................................................................. 86 8.3 Urocultura ............................................................................................................................................... 86 8.3.1 Cuidados na fase pré-analítica ......................................................................................................... 87 8.3.2 Fase pós-analítica (interpretação da urocultura) ...................................................................... 87 8.4 Líquor ........................................................................................................................................................ 88 8.4.1 Cuidados na fase pré-analítica ......................................................................................................... 88 8.4.2 Fase pós-analítica (interpretação clínica) ..................................................................................... 89 8.5 Escarro ...................................................................................................................................................... 89 8.5.1 Cuidados na fase pré-analítica ......................................................................................................... 90 8.5.2 Fase pós-analítica (interpretação do resultado) ........................................................................ 90 8.6 Cultura tópica (swab) ......................................................................................................................... 91 8.6.1 Cuidados na fase pré-analítica ......................................................................................................... 91 8.6.2 Fase pós-analítica (interpretação do resultado) ........................................................................ 92 9 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a APRESENTAÇÃO Caro(a) aluno(a), Este livro-texto foi desenvolvido para abordar conteúdos referentes à disciplina Avaliação Diagnóstica, com base no conhecimento teórico-prático e na discussão sobre os principais métodos de avaliação usando exames de imagem e laboratoriais. O estudo e análise dos exames de imagem e laboratoriais são essenciais na prática profissional para saber reconhecer e diferenciar o funcionamento normal e alterado do sistema musculoesquelético, respiratório, cardíaco, sanguíneo e urinário para a prescrição adequada do exercício físico. Procurou-se levar o aluno(a) a compreender as principais doenças que acometem os sistemas corporais, capacitando-o a analisar essas doenças em um exame de imagem e/ou laboratorial, e correlacioná-las com a fase de indicação do exercício físico, tipo, intensidade, bem como a evolução clínica da doença e recuperação do indivíduo. INTRODUÇÃO Este livro-texto busca fornecer informações relevantes e de fácil leitura sobre os diversos exames solicitados na prática clínica, com o objetivo de auxiliar no raciocínio clínico do profissional de educação física junto à equipe multidisciplinar. Serão abordados exames de imagem, como raios X, ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética nuclear, bem como o uso dos meios de contraste, quando necessário, para esses exames, sempre buscando destacar técnicas de posicionamento do indivíduo para realização do exame, preparo, cuidados durante a realização do exame, possíveis indicações e contraindicações. Também serão vistos os exames laboratoriais de urinálise, hemograma completo, exames bioquímicos e microbiológicos, com ênfase em demonstrar para o aluno(a) valores de referência normais e alterados com possíveis relações com a incidência de disfunções orgânicas e doenças. Essa fundamentação teórica permitirá compreender a real condição clínica do indivíduo, baseando-se na interpretação e entendimento do resultado do exame analisado. O objetivo geral deste livro-texto da disciplina Avaliação Diagnóstica é a obtenção de conhecimentos sobre os fundamentos teórico-práticos do diagnóstico por imagem e dos exames laboratoriais. Os objetivos específicos do estudo de exames de imagem são fornecer bases para o conhecimento da anatomia radiológica; identificar a anatomia radiológica normal e possíveis alterações; conhecer as principais indicações da radiografia, ressonância magnética, ultrassonografia e tomografia computadorizada. Os objetivos específicos do estudo de exames laboratoriais são conhecer principais exames de urinálise, hemograma completo, exames bioquímicos e microbiológicos solicitados em saúde para diagnóstico, reconhecer padrões de normalidade e alteração. 11 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA Unidade I 1 RADIOLOGIA 1.1 Histórico Ao fim do século XIX, mais precisamente em 8 de novembro de 1895, o prof. Wilhelm Conrad Röntgen, no laboratório na Baviera, sul da Alemanha, descobriu os raios X. Em 1895, foram realizados experimentos relacionados com a condução da eletricidade pelos gases pelo pesquisador Wilhelm Conrad Röentgen na Alemanha (MOURÃO; OLIVEIRA, 2009). Esse pesquisador observou que existia uma fluorescência na chapa recoberta por platinocianeto de bário ao recobrir o dispositivo com papel preto. Notou também que a energia que era emitida podia ultrapassar substâncias opacas à luz comum, como também chapas fotográficas. Durante os estudos, Röntgen verificou que havia a possibilidade de se registrar as sombras de estruturas ósseas utilizando estes raios que não eram como a luz visível (MOURÃO; OLIVEIRA, 2009). A primeira radiografia foi feita em 22 de dezembro de 1895. Neste dia, Röntgen pôs a mão esquerda de sua esposa Anna Bertha Röntgen no chassi, com filme fotográfico, fazendo incidir a radiação oriunda do tubo por cerca de 15 minutos. O resultado obtido foi a figura da mão de sua esposa e seus ossos dentro das partes moles menos densas. No Brasil, a história da radiologia tem início com a chegada do primeiro aparelho de raios X em 1897. Com a ausência da precisão de datas em relação ao estudo dos raios X no país, o início de seu uso com bases científicas é impreciso. No princípio do uso dos raios X, uma radiografia de tórax levava cerca de 30 minutos e uma de crânio em torno de 45 minutos. A exposição prolongada a esse tipo de radiação era um fator de preocupação e a qualidade da imagem era prejudicada devido à respiração do paciente,que pelo tempo de duração do exame impossibilitava-o de realizar uma pausa respiratória para aquisição da imagem. Dessa forma, a definição da imagem ficava comprometida. Desde o início da utilização dos raios X, várias mudanças foram necessárias, e realizadas, nos equipamentos de radiografia até os dias atuais. Os principais objetivos dessas alterações eram a redução da radiação ionizante usada nos indivíduos durante o exame, bem como diminuir a radiação secundária que, além de prejudicar aquele que aplicava o exame, piorava a resolução e a qualidade da imagem formada. A radiação é considerada uma energia capaz de se propagar, a partir de uma fonte emissora, por qualquer meio. Ela pode ser classificada de acordo com a energia em trânsito. É uma forma de partícula atômica ou subatômica energética, como partículas alfa, elétrons, pósitrons, prótons, nêutrons. As partículas alfas, isto é, os elétrons e os pósitrons, são emitidas espontaneamente de núcleos dos átomos radioativos e podem ser produzidas em aceleradores de partículas ou em reatores. A forma de onda eletromagnética consiste em um campo elétrico e um campo magnético oscilantes, perpendiculares entre si e que se propagam no vácuo 12 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I com a velocidade da luz. A onda eletromagnética é o comprimento ou a frequência da onda e as várias faixas que constituem o espectro eletromagnético, podendo seguir de ondas de frequência extremamente baixas, passando por ondas de rádio, TV, micro-ondas, radiação infravermelha, luz visível, radiação ultravioleta até os raios X e raios gama. A natureza originária da luz por muito tempo esteve relacionada à sua constituição em onda ou em partículas. A teoria mais moderna relacionada à dualidade onda-partícula foi desenvolvida a partir de 1901 por Max Planck e Albert Einstein. Louis Broglie estabeleceu que a onda eletromagnética é emitida e propaga-se na forma de fótons (MOURÃO; OLIVEIRA, 2009). Observação O profissional de saúde deve ser capaz de identificar lesões e/ou doenças nos diferentes tipos de exames de imagem, fazer a leitura dos resultados e ter domínio das características da doença, manifestações clínicas e princípios de cada método de exame de imagem. Além dos métodos de imagem usados em diagnósticos clínicos, tais como, radiografias, ultrassonografias, tomografias computadorizadas e ressonância nuclear magnética, existe a cintilografia (técnica de medicina nuclear). A cintilografia consiste na administração de um radionuclídeo (radioativo), que emite raios gama, detectado por um escâner. 1.2 Conceito A radiologia pode ser definida como o ramo da medicina que se dedica ao estudo e emprego dos raios X e de outras energias radiantes, com fins diagnósticos e terapêuticos. Ela é a parte da ciência que estuda a visualização de ossos, órgãos ou estruturas através do uso de radiações (sonoras, eletromagnéticas ou corpusculares), gerando uma imagem. Este livro-texto terá como objetivo apresentar os principais exames de imagem usados na área da saúde para análise e compreensão do padrão fisiológico típico e alterado. Os exames que serão estudados serão: raios X, ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética. 1.3 Terminologia A terminologia utilizada na descrição de um raio-X convencional obedece às características da densidade dos tecidos corporais. O quadro a seguir caracteriza o emprego da terminologia em relação aos tipos de tecidos corporais e à densidade da matéria. 13 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA Quadro 1 – Terminologia em radiografia convencional Densidade radiográfica Terminologia Imagem formada Metal Radiopaco Branco brilhante Tecido ósseo Radiopaco Branco Água (tecidos moles) Hipotransparente Cinza-claro Tecido adiposo Radiotransparente Hipertransparente Hiperlucente Cinza-escuro Ar Radiotransparente Hipertransparente Hiperlucente Preto 1.4 Anatomia radiográfica A regra geral para se estudar uma radiografia é exibi-la de forma que o indivíduo avaliado fique de frente para o observador, em posição anatômica. A referência do posicionamento radiológico é a posição anatômica fundamental (PAF) (figura à esquerda). A partir dessa posição, estabelecem-se as radiografias segundo as diferentes formas de projeção da imagem (frente, perfil, oblíqua, horizontal ou clássica) (figura à direita). Plano sagital (médio sagital ou plano mediano) Plano coronal (frontal ou médio coronal) Plano oblíquo A B Plano horizontal (axial) Figura 1 – a) Posição anatômica fundamental (PAF); b) Posicionamento radiográfico em posição ortostática anatômica 14 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I Os planos que podem ser usados na anatomia radiográfica são: sagital ou mediano; transversal; horizontal ou axial; coronal ou frontal; oblíquo; e transversal oblíquo. Os cortes em anatomia radiográfica podem ser divididos em: • longitudinais: sagital, coronal ou oblíquo; • transversais ou axiais. 1.5 Posicionamentos As principais posições usadas para exame radiográfico são: a ortostática (ereta); a supina ou decúbito dorsal; a prona ou decúbito ventral; de Fowler; de Sims; de litotomia e de Trendelenburg. Elas podem ser vistas a seguir: • Ortostática (ereta): indivíduo posicionado em bipedestação. • Supina ou decúbito dorsal: indivíduo encontra-se deitado de costas, com as pernas e braços estendidos e apoiados na maca (figura a seguir). Figura 2 – Posição supina ou decúbito dorsal • Prona ou decúbito ventral: indivíduo fica deitado de abdome para baixo, com os braços erguidos sobre a cabeça. Figura 3 – Posição supina ou decúbito ventral • Fowler: é uma variação da posição de decúbito dorsal, em que a parte superior do corpo encontra- se mais elevada em relação à inferior (figura a seguir). Outra alternativa para esta posição é em semissedestação. 15 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA Figura 4 – Posição de Fowler • Trendelenburg: é uma variação da posição de decúbito dorsal, em que a parte inferior do corpo encontra-se mais elevada em relação à superior. Figura 5 – Posição de Trendelenburg • Sims: o indivíduo permanece em decúbito lateral, esquerdo ou direito, com a perna que está por cima flexionada, afastada e apoiada na superfície de repouso. Figura 6 – Posição de Sims • Litotomia: o indivíduo permanece em decúbito dorsal, com as pernas flexionadas afastadas e apoiadas, e os braços estendidos ou apoiados. Posição frequentemente utilizada em exames ginecológicos (figura na sequência). 16 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I Figura 7 – Posição de litotomia 1.6 Incidências radiográficas Incidência radiográfica é um termo de posicionamento que descreve a direção ou trajetória do raio da fonte de raios X quando estes atravessam o corpo do indivíduo, projetando uma imagem no filme. A escolha da incidência radiológica adequada dependerá do objetivo diagnóstico. Seguindo os princípios da exposição radiográfica, quanto mais próximo o objeto se encontrar do filme, menor será sua ampliação e distorção, e a imagem produzida nessas condições apresentará a melhor resolução. 1.6.1 Radiografia de frente A radiografia de frente de uma região ouestrutura do corpo humano é obtida com o raio central incidindo de forma perpendicular ao plano anatômico coronal, estando o indivíduo na posição anatômica fundamental. A radiografia de frente admite duas incidências: • Anteroposterior (AP): o paciente fica com a face posterior próxima ao filme e a face anterior voltada para o tubo de raios X. A trajetória do feixe é de anterior para posterior (figura a seguir). Figura 8 – Incidência anteroposterior (AP) 17 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA • Posteroanterior (PA): o paciente fica com a face anterior próxima do filme e a face posterior voltada para o tubo de raios X. A trajetória do feixe é de posterior para anterior. Figura 9 – Incidência posteroanterior (PA) 1.6.2 Radiografia lateral ou perfil A radiografia em lateral ou perfil é obtida quando o raio central incide perpendicularmente ao plano sagital, estando o indivíduo na posição anatômica fundamental. A radiografia em lateral ou perfil admite duas incidências: • Incidência lateral esquerda (perfil esquerdo): o lado esquerdo do indivíduo fica próximo ao filme (lado direito voltado para o tubo). Os membros superiores do indivíduo devem ficar sobre a cabeça para evitar a superposição. • Incidência lateral direita (perfil direito): o lado direito do indivíduo fica próximo ao filme (lado esquerdo voltado para o tubo). A figura a seguir mostra um posicionamento do tórax em perfil direito. Nesta posição em perfil ou lateral, o indivíduo coloca os membros superiores sobre a cabeça para evitar a sua superposição sobre a imagem. Figura 10 – Perfil ou lateral direito 18 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I 1.6.3 Radiografia oblíqua A radiografia oblíqua é obtida através da incidência não perpendicular do raio central em relação aos planos coronal ou sagital. A posição oblíqua deve estar acompanhada do ângulo de inclinação correspondente e, quando este não for definido, a posição oblíqua será realizada com 45º para o lado de interesse ou bilateralmente. A radiografia oblíqua permite quatro tipos de incidências: • Oblíqua anterior direita: o indivíduo fica com sua face anterior e lado direito mais próximos do filme (figura à esquerda). • Oblíqua anterior esquerda: o indivíduo fica com a face anterior e o lado esquerdo mais próximos do filme. • Oblíqua posterior direita: o indivíduo fica com a face posterior e o lado direito mais próximos do filme (figura à direita). • Oblíqua posterior esquerda: o indivíduo fica com a face posterior e o lado esquerdo mais próximos do filme. Figura 11 – a) Incidência oblíqua AP; b) Incidência oblíqua PA 19 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA 1.7 Raios X O raio-X é utilizado como um exame diagnóstico, tendo sido a primeira técnica a ser usada na medicina. A sua aplicabilidade está nas imagens do sistema esquelético, útil para a ortopedia e traumatologia, ou para exames de contraste, contando com uma melhor visualização do sistema vascular, digestório e urinário (MOURÃO; OLIVEIRA, 2009). Raios X são ondas eletromagnéticas, como a luz visível, as ondas de rádio e os raios infravermelhos e ultravioletas. Como ondas eletromagnéticas, quanto maior a sua frequência, menor o comprimento de onda. O comprimento de onda do raio X está próximo do raio Y, que é radioativo. Devido ao comprimento de onda muito curto, esses raios têm a capacidade de penetrar na matéria, o que possibilita sua utilização no estudo dos tecidos do corpo humano. O elétron e o próton se juntam, formando o nêutron; através desse processo, acontece a liberação de raios gama e raios X. Por sua vez, os raios X de frenagem são os elétrons que modificam o percurso ao serem atraídos pelo núcleo, assim liberando fótons. Eles são produzidos a partir da colisão de elétrons, em rápido movimento, com estruturas ou substâncias que estiverem no caminho, e correspondem às vibrações eletromagnéticas em comprimento de onda curto. Um feixe de raios X atravessa a matéria e há absorção de parte de sua intensidade, permitindo a representação de diferentes graus da densidade tecidual com tonalidades variadas do preto ao branco. Essa representação pode ser capturada em um filme fotográfico. Na visualização da imagem, as estruturas densas apresentam-se brancas e as áreas repletas de ar ficam negras (FISCHBACH, 2005; MOURÃO; OLIVEIRA, 2009). As propriedades dos raios X são: • sofrem reflexão, refração, interferência, difração, polarização; • propagam-se em linha reta, com velocidade igual à da luz; • tornam fluorescentes corpos sobre os quais incidem; • provocam ação química em certas substâncias; • atravessam grandes espessuras de materiais; • ionizam as moléculas dos gases por onde passam, isto é, arrancam elétrons dessas moléculas; • são usados em medicina para radiografias e para cura de certos tumores e doenças de pele. 1.7.1 Produção dos raios X Raios X são produzidos ao se liberar energia no choque de elétrons de alta energia cinética contra uma placa de metal. Para tais efeitos, utiliza-se um tubo de raios X, que consiste num tubo de vidro à vácuo com dois eletrodos de tungstênio (diodo), um ânodo (polo positivo) e um cátodo (polo negativo). 20 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I O cátodo consiste num filamento de tungstênio muito fino que esquenta com a passagem de corrente elétrica de alta voltagem. Com isso, os elétrons do tungstênio adquirem suficiente energia térmica para abandonar o cátodo (emissão termoiônica). Devido à alta voltagem, cria-se também uma diferença de potencial entre os elétrodos, o que faz que os elétrons emitidos pelo filamento de tungstênio sejam acelerados em direção ao ânodo (polo positivo). A energia cinética dos elétrons depende da voltagem entre os eletrodos: quanto mais alta a voltagem, maior a energia cinética. O ânodo está revestido por tungstênio e funciona como alvo para os elétrons. No choque dos elétrons com o alvo de tungstênio, a maioria da energia cinética destes é transformada infelizmente em calor, mas uma pequena parte produz raios X. 1.7.2 O aparelho de raios X O aparelho de raios X (figura a seguir) é dividido em quatro partes: tubos de raios X, bucky mural, chassi e écran. Além das quatro partes que constituem o aparelho de raios X, é usado um filme. O filme radiológico é composto de uma película plástica (base) revestida por uma substância chamada emulsão, formada por haletos de prata (brometo e iodeto) e por uma camada protetora. Esse tipo de revestimento pode ser aplicado em apenas um dos lados do filme ou nos dois. Quando a luz incide sobre os haletos, ocorre uma transferência de energia do fóton para o haleto, o que provoca uma mudança nas suas propriedades químicas. Nesse momento, o filme possui uma imagem latente, devido às impressões no filme não serem possíveis de visualização a olho nu. A imagem formada será visualizada após o processo de revelação. Figura 12 – Aparelho de raios X O tubo de raios X tem a função de blindar os raios X emitidos nas direções fora da janela. Para cumprir essa função, essa carcaça deve ser de material bem denso, normalmente de chumbo. Dentro do tubo fica a ampola de raios X ligada aos circuitos eletrônicos de retificação de corrente e de alta tensão, além do sistema de arrefecimento (perda de calor). 21 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr amaç ão : L uc as M an sin i - d at a AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA O bucky mural é uma estrutura destinada à obtenção de imagens compostas de uma gaveta para o chassi, a grade antidifusora e uma placa-alvo. Também possui sistema de movimentação vertical para auxiliar no melhor posicionamento do paciente. O chassi é o compartimento onde o filme e o écran são acoplados. Os tamanhos são definidos conforme o filme. Os encontrados no mercado são: 13/18 cm; 18/24 cm; 24/30 cm; 30/40 cm; 35/35 cm; 35/43 cm. Écran é a tela que absorve os raios X e os transformam em luz. Esse fenômeno é chamado de fluorescência. Basicamente, existem dois tipos de tela: as que emitem luz azul e as que emitem luz verde. No acoplamento com o filme, essa informação será importante, pois cada filme absorve melhor determinado tipo de comprimento de onda de luz, ou seja, é mais sensível a uma das duas cores. 1.7.3 Formação da imagem A formação da imagem radiológica depende de três componentes: o aparelho de raios X, o indivíduo e o conjunto formado pela grade, a tela e o filme. Quando a radiação é emitida do aparelho e direcionada em determinada estrutura do corpo do indivíduo, ela irá ter maior ou menor dificuldade de atravessar os tecidos, dependendo de sua densidade e tamanho. A imagem é produzida pelos raios X, passando através de um objeto e interagindo com a emulsão do filme, o que resulta em um escurecimento deste. A extensão do escurecimento depende do número de raios X que atinge o filme, que, entre outros fatores, depende da densidade do objeto. A imagem final pode ser descrita como uma imagem bidimensional composta de preto, branco e uma variedade de tons de cinza sobrepostos, sendo, algumas vezes, conhecida como gráficos de imagens (figura a seguir). Figura 13 – Gráfico de imagens 1.7.3.1 Princípios da formação da imagem Os tecidos mais densos, como o ósseo, atenuam mais os raios X e, por isso, menos radiação chegará até a tela, produzindo menos luz, que, por sua vez, impressionará menos o filme. O resultado após a revelação será uma região mais clara na imagem. Já em um tecido menos denso, como a gordura ou o músculo, acontece o contrário (atenua menos), e a imagem ficará mais escura (quadro a seguir). 22 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I Quadro 2 – Formação da imagem radiográfica Densidade radiográfica Absorção Imagem formada Metal Total Branco brilhante Tecido ósseo Grande Branco Água (tecidos moles) Moderada Cinza-claro Tecido adiposo Baixa Cinza-escuro Ar Ausente Preto A densidade radiográfica final de qualquer objeto pode ser afetada pelo(a): • tipo específico de material de que o objeto é feito; • espessura ou densidade do material; • forma do objeto; • intensidade do feixe de raios X utilizado; • posição do objeto em relação ao feixe de raios X e filme; • sensibilidade do filme. 1.8 Solicitação de exames radiológicos As informações relacionadas aos exames radiológicos devem ser completas e corretas. Para tanto, deve-se constar o nome do exame, o nome do médico que o solicitou e a indicação clínica do exame. Os procedimentos e objetivos dos exames radiológicos devem ser repassados para o paciente, se possível por escrito (FISCHBACH, 2005). A regra geral para realização de exames de raios X é: • sem contraste; • com contraste iodado; • com contraste de bário. Quando for utilizado o bário, é necessário que ele seja realizado depois da seguinte sequência de exames: • ultrassonografia abdominal pélvica ou abdominal; • radiografia da coluna, regiões lombar e sacral; 23 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA • radiografia pélvica; • histerossalpingografia; • pielografia intravenosa. Os exames de medicina nuclear que necessitam de iodo devem ser realizados depois do raio-X contrastado com iodo. Já os exames sem a necessidade de preparo podem ser executados em qualquer momento, como as radiografias da cabeça, coluna vertebral, membros, radiografias não contrastadas de abdome e mamografias (FISCHBACH, 2005). 1.9 Indicações do uso de raios X para diagnóstico O uso de raios X como método de diagnóstico serve para a identificação de alterações patológicas, disfunções orgânicas, confirmação de possíveis doenças e evolução clínica, comparações entre pré e pós-intervenção, benefícios do treinamento físico ou ausência de melhora clínica. As principais indicações são: • fraturas ósseas; • tumores ósseos; • distúrbios de crescimento e postura; • possibilita o estudo das articulações; • alterações pulmonares; • alterações cardíacas; • alterações osteoarticulares; • sinusites; • acompanhamento da idade óssea. Além das indicações, algumas precauções devem ser levadas em consideração no uso de exames radiográficos usando raios X. Os cuidados para proteção dos indivíduos, da equipe e de outros usuários são (FISCHBACH, 2005): • Histórico do paciente (como a radioterapia, pode-se evitar a repetição de exames desnecessários). • A radiografia computadorizada sem filme pode diminuir a exposição à radiação e a repetições. 24 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I • Ajuste da área a ser irradiada para diminuir o local da exposição aos raios X. O tamanho da área de exposição aos raios X pode ser assegurada pelo colimador (obturadores), cones ou diafragmas de chumbo. • Pode-se diminuir a dose com a fluoroscopia digital pulsátil. As radiografias estáticas emitem menor dose do que a fluoroscopia. • Proteger as gônadas de ambos os sexos. • Para filtrar o excesso de raios X, o feixe primário dos raios deve atravessar camadas de alumínio. • Devem ser utilizados aventais de chumbo (luvas quando necessário), caso quem aplique o exame não esteja no abrigo protegido dos raios X. Os pacientes devem ser protegidos de acordo com o procedimento. • Examinar periodicamente o compartimento dos tubos de raios X, para detecção de vazamento de radiação, e verificar a necessidade de reparos e ajustes. • Verificar limite de exposição de técnicos e demais usuários. lembrete Sempre atente para as precauções que devem ser levadas em consideração com relação à equipe e ao paciente no uso de exames radiográficos a raios X. Saiba mais Para se aprofundar sobre o assunto, acesse o link: OLIVEIRA, M. l.; KHOURY, H. Influência do procedimento radiográfico na dose de entrada na pele de pacientes em raios-x pediátricos. Radiol Bras 2003, 36(2), 105-109. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rb/v36n2/ v36n2a09 >. Acesso em: 5 jul. 2018. 2 SISTEMA ÓSSEO O sistema ósseo, ou sistema esquelético, tem como principais funções permitir a realização do movimento e a deambulação, proteção dos órgãos vitais, armazenamento de íons, hematopoiese, além de ser considerado um arcabouço de sustentação. O esqueleto adulto médio possui 206 ossos e representa um quinto do peso corporal. O conjunto desses ossos determina a forma do corpo e constitui sua estrutura de 25 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA sustentação. É um organismo vivos e dinâmico, composto de água, sais minerais (cálcio e fosfato) e fibras colágenas. Possui irrigação sanguínea ativa, com propriedades de reconstrução e fortalecimento. O esqueleto humano pode ser dividido em axial ou mediano e apendicular. O esqueleto axial ou mediano é formado pelos ossos do crânio (frontal, parietais, occipital, temporais,nasais, zigomáticos, esfenoide), do pescoço (vértebras cervicais) e do tronco (esterno, costelas, vértebras torácicas e lombares). O esqueleto apendicular é subdivido em duas partes: membros superiores e inferiores. O esqueleto apendicular é formado pelo complexo articular do membro superior e do membro inferior, suas e partes livres (figura a seguir). Cabeça Esqueleto axial Esqueleto apendicular Esqueleto apendicular Membros inferiores Membros superiores Tronco Pescoço Figura 14 – Representação esquemática da divisão e subdivisão do esqueleto apendicular e axial 2.1 Estrutura e propriedades do tecido ósseo Macroscopicamente, o tecido ósseo é formado por osso cortical (80% da massa esquelética), com característica compacta, predominantemente nos ossos longos, e por osso trabecular ou esponjoso, prevalentemente no esqueleto axial e no interior dos ossos longos. Histologicamente, o tecido ósseo é constituído por matriz óssea orgânica, inorgânica e água. A matriz orgânica é formada por colágeno (aproximadamente 90%), proteoglicanas (aproximadamente 5%) e células ósseas (aproximadamente 3 a 5 %). As células ósseas são compostas de três tipos diferenciados de células: osteoblastos, responsáveis pela formação do osso; osteócitos, células maduras derivadas dos osteoblastos e secretoras de substâncias necessárias à manutenção do osso; osteoclastos, responsáveis pela reabsorção óssea. A matriz inorgânica é formada por carbonato de cálcio e fosfato de cálcio, que confere a característica de rigidez ao osso (resistência compressiva = capacidade de resistir a uma força de pressão ou esmagamento). 26 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I A estrutura e as propriedades do tecido ósseo variam de acordo com a porcentagem relativa de mineralização e sofre influência da idade, nível de atividade física e com a localização do osso no corpo. O tecido ósseo pode ser dividido em duas regiões de acordo com a imposição de carga: • Região elástica: - Pouca deformação: carga elevada. - Remoção da carga: retorno ao estado original. • Região plástica: - Muita deformação: pouca carga. - Remoção da carga: tecido não retorna ao estado original. - Comprometimento do tecido por deformação óssea. A falência do tecido ósseo ocorre quando há ruptura do tecido, podendo ser parcial ou completa. Essa incapacidade do tecido de retornar ao estado original é chamada de ponto de fratura. A análise da deformação óssea de acordo com a carga imposta pode ser feita através da curva estresse-deformação (figura a seguir) Estresse pode ser definido como a carga ou força por unidade de área que se desenvolve numa superfície plana, dentro de uma estrutura em resposta às cargas aplicadas externamente (N/cm2, N/m2 e MN/m2). A deformação (mudança em dimensão) desenvolve-se dentro de uma estrutura em resposta às cargas aplicadas externamente. Ela pode ser do tipo linear ou tangencial. A deformação linear pode ser compreendida como uma mudança no comprimento da espécie. A deformação tangencial é caracterizada pela mudança nas relações angulares dentro da estrutura. Região plástica Re gi ão el ás tic a Es tr es se CC B B BA C Figura 15 – Curva estresse-deformação 27 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA 2.1.1 Cargas mecânicas sobre os ossos Forças e momentos de força são frequentemente aplicados à estrutura óssea em diferentes direções. As cargas variam de acordo com o sentido de aplicação da força e momento de força. Dentre as cargas mecânicas estão: • Compressão: cargas iguais e opostas são aplicadas na direção interna à superfície da estrutura, resultando em estresse e deformação. • Tensão (tração): cargas iguais e opostas são aplicadas na direção externa à superfície da estrutura. • Deslizamento: a carga aplicada é paralela à superfície da estrutura, e o estresse e a deformação tangenciais resultam dentro da estrutura. • Envergamento: combinação de tensão e compressão. Estresse e deformação de tensão agem em um lado de um eixo neutro, e estresse e deformação compressivo agem no outro lado. • Torção: a carga é aplicada na estrutura de um modo que causa à estrutura um giro em torno de um eixo, e um torque é produzido dentro da estrutura. • Cargas combinadas: combinação de uma ou mais cargas. 2.1.2 Lesões no sistema ósseo As principais lesões que acometem o sistema ósseo podem ser de quatro tipos diferentes: traumática, adquirida, congênita e repetitiva. • Traumática: causada por uma única força de alta magnitude, grande o suficiente para gerar ponto de fratura. Exemplo: fratura aguda. • Adquirida: causada principalmente por doenças ou má postura. Exemplo: escoliose. • Congênita: doença no sistema ósseo adquirida antes ou após o nascimento. Exemplo: luxação congênita de quadril. • Repetitivas: repetição sustentada de forças de baixa magnitude; são comumente relacionadas às fraturas por fadiga ou estresse. Exemplo: fratura por overuse. 2.1.3 Fraturas O uso dos raios X como método de avaliação diagnóstica aplicado à análise de fraturas tem como objetivo: • Determinar o tipo de fratura, extensão, lesão aos tecidos moles e articulações. 28 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I • Demonstrar a posição e a relação entre os fragmentos. • Permitir a escolha do método de intervenção mais apropriado. • Realizar o acompanhamento da consolidação do tecido ósseo. • Verificar a evolução clínica comparando os estágios agudo e subagudo, e o tratamento clínico. A determinação do tipo de fratura obedece à seguinte classificação: • Aberta (ou exposta) ou fechada (ou interna). • Completa ou incompleta. A fratura fechada ou interna é aquela caraterizada pelos ossos quebrados que permanecerem no interior do membro sem perfurar a pele. A fratura aberta ou exposta são as fraturas em que os ossos que estão quebrados saem do lugar, rompendo a pele e deixando exposta uma de suas partes. A fratura completa é a fratura na qual o osso sofre descontinuidade total e a incompleta atinge apenas uma parte do osso. Os principais tipos de fraturas do sistema ósseo são descritos a seguir. • Por avulsão: fratura induzida por uma carga de tração na qual uma parte do osso é puxada para fora por um tendão ou ligamento inserido nele. • Cominutiva: é a fratura que ocorre com a quebra do osso em três ou mais fragmentos. • Impactada: quando as partes quebradas do osso permanecem comprimidas entre si, interpenetrando-se. • Em galho verde: uma fratura resultante de uma inclinação ou torção na qual um lado do osso é quebrado e o outro lado permanece intacto. • Em espiral: é quando o traço de fratura encontra-se ao redor e através do osso. Essas fraturas são decorrentes de lesões que ocorrem com uma torção. • Estresse: uma fratura resultante de uma carga repetida de magnitude relativamente pequena. • Em fissura: são aquelas em que as bordas ósseas ainda estão muito próximas, como se fosse uma rachadura ou fenda. • Oblíqua: é quando o traço de fratura lesa o osso diagonalmente. 29 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA • Transversa: é quando o traço de fratura atravessa o osso numa linha mais ou menos reta. • Em torus: é uma fratura incompleta, com compressão em zona de transição de densidade óssea, comumente encontrada em idade de desenvolvimento infantil. 2.1.4 Doenças eanormalidades do esqueleto axial A coluna vertebral é uma das regiões do corpo que apresenta grande incidência de ser acometida por traumas em acidentes automobilísticos, domésticos e ocupacionais, doenças adquiridas por má postura e por processo degenerativo em decorrência do envelhecimento. A seguir serão descritos alguns exemplos de possíveis doenças que podem acometer a coluna vertebral. A coluna cervical é um dos seguimentos da coluna vertebral bastante acometido por lesões agudas devido à aplicação de uma carga única de magnitude elevada, levando a uma lesão traumática e ocorrência de fratura. • Fratura de Jefferson: um golpe aplicado no topo da cabeça, como ocorre quando um objeto cai diretamente sobre o ápice do crânio, pode fazer com que as massas laterais de C1 se afastem, rompendo o anel ósseo de C1. • Fratura do escavador de argila: é a fratura do processo espinhoso de C6 ou de C7. Supostamente, os indivíduos que escavam argila jogam as pás com argila pegajosa por cima dos ombros e, de vez em quando, a argila “gruda” nas pás, fazendo com que os ligamentos inseridos nos processos espinhosos (ligamento supraespinhoso) sejam submetidos a uma força imensa, “puxando” os processos espinhosos e provocando uma avulsão dos mesmos. • Fratura do enforcado: fratura grave e instável da porção superior da coluna cervical que é provocada pela hiperextensão e afastamento (como a colisão da cabeça de alguém contra o painel de um automóvel). Trata-se de uma fratura dos elementos posteriores do corpo da vértebra C2 associada, geralmente, ao deslocamento anterior do corpo de C2 por sobre C3. • Fratura em flexão do tipo “em lágrima”: a flexão significativa da coluna cervical pode provocar ruptura dos ligamentos posteriores associada à compressão anterior de um corpo vertebral. Além das lesões traumáticas frequentes à coluna cervical, outras lesões e anormalidades podem acometer qualquer região da coluna vertebral. Dentre elas, destacam-se: • Lesão cinto de segurança: secundária à hiperflexão na altura da cintura (como ocorre no indivíduo vítima de um acidente automobilístico e preso por um cinto de segurança no quadril ou horizontal). Isso provoca afastamento dos ligamentos dos elementos posteriores e compressão anterior de corpos vertebrais. São lesionados os níveis das vértebras T12, L1 ou L2. Podem ocorrer variações dessa lesão: a fratura da porção posterior do corpo vertebral é denominada fratura de Smith, enquanto a fratura através dos processos espinhosos é denominada fratura de Chance. 30 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I • Espondilólise: é uma anormalidade vertebral controversa que pode ou não ser provocada por traumatismos. É um defeito ou falha na porção de pars interarticulares à lâmina. • Espondilolistese: escorregamento de uma vértebra sobre a outra. • Espondilite anquilosante: doença reumática inflamatória que se apresenta com artrite da coluna vertebral, inclusive das articulações sacroilíacas. • Artrose: diminuição do espaço articular causado por processo degenerativo associado a desgaste da cápsula articular. • Hérnia discal: deslocamento do núcleo pulposo para fora do anúlo fibroso do disco intervertebral com achatamento do disco e compressão de raízes nervosas. • Artrodese: fusão vertebral decorrente de procedimento cirúrgico. As principais anormalidades da coluna vertebral podem ser consideradas em relação às mudanças nas curvaturas fisiológicas da coluna vertebral. Dentre elas, destacam-se a escoliose, a hiperlordose cervical e lombar, a hipercifose torácica e a retificação cervical ou lombar. 2.1.5 Doenças e anormalidades do esqueleto apendicular As principais lesões agudas que acometem o esqueleto apendicular geralmente estão associadas a traumas como quedas ou acidentes automobilísticos com queda sobre o membro ou mecanismos de cargas combinadas. Além das lesões traumáticas, o esqueleto apendicular tem grande incidência de ser acometido por doenças adquiridas, repetitivas e congênitas. 2.1.5.1 Lesões traumáticas As fraturas são as lesões mais comuns relacionadas ao esqueleto apendicular, principalmente envolvendo a articulação de ombro do membro superior e quadril do membro inferior. As principais causas são devido às quedas, as quais são muito comuns em idosos com queixa de desequilíbrio. As fraturas podem ser abertas (expostas) ou fechadas (internas), completas ou incompletas e podem acometer qualquer articulação ou parte do segmento ósseo. Além das fraturas, as luxações e subluxações são a segunda categoria das principais incidências de lesões traumáticas que acometem o esqueleto apendicular. As luxações podem ser definidas como o deslocamento total de um ou mais componentes do complexo articular do eixo da articulação. As subluxações são consideradas o deslocamento parcial de um ou mais componentes do eixo do complexo articular. 2.1.5.2 Doenças adquiridas e repetitivas As doenças adquiridas são geralmente ocasionadas por sobrecarga articular, postura incorreta, pelo envelhecimento natural com desgaste articular e capscular, mudanças na superfície do osso, formação 31 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA anormal de osso (osteófitos) na margem do osso, doenças inflamatórias e fatores genéticos associados. As doenças causadas por uso repetitivo de um segmento e/ou articulação são devido ao uso contínuo e prolongamento sem pausas, geralmente com cargas de magnitudes baixas, porém frequentes e muitas vezes com o movimento sendo realizado de maneira incorreta. Dentre as principais doenças que podem acometer o esqueleto apendicular com comprometimento do tecido ósseo são: • Artrose: doença crônica degenerativa que leva à diminuição do espaço articular por desgaste do tecido ósseo e degeneração da cápsula articular. • Artrite: doença inflamatória crônica que leva à aproximação dos componentes articulares com diminuição do espaço articular por presença de inflamação. • Osteófito: presença de espícula óssea geralmente localizada na margem do osso e superfície articular devido à proliferação anormal de tecido ósseo. 2.1.5.3 Doenças congênitas As doenças congênitas são aquelas que surgem antes ou logo após o nascimento. As duas principais que podem acometer o esqueleto apendicular são a luxação congênita do quadril e a displasia do desenvolvimento do quadril. 2.2 Sistema respiratório O sistema respiratório é composto de dois pulmões e uma série de estruturas que compõem o trato respiratório superior (ou vias aéreas superiores) e o trato respiratório inferior (ou vias aéreas inferiores), responsáveis por fazerem a conexão dos pulmões com o ambiente externo do corpo. As estruturas que fazem parte do trato respiratório superior são as fossas nasais, faringe, laringe, traqueia – porção superior. As estruturas que fazem parte do trato respiratório inferior são a traqueia – porção inferior e os pulmões (brônquios, bronquíolos e alvéolos). As funções básicas do sistema respiratório humano são trocas gasosas, defesa, regulação da temperatura, olfação (nariz), fonação (faringe) e manutenção do equilíbrio acidobásico. 2.2.1 Mediastino O mediastino refere-se à porção medial da cavidade torácica entre pulmões e podem ser visualizadas radiograficamente quatro importantes estruturas: traqueia, esôfago, timo, coração e grandes vasos. As glândulas tireoide e paratireoides não são consideradas estruturas mediastinais devido à sua localização mais superior e não no mediastino. O timo está localizado dentro do mediastino, anteriormente à traqueia e ao esôfago e inferiormente à traqueia. 32 Re vi sã o: Nom e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I 2.2.2 Anatomia radiológica de tórax A anatomia radiográfica do tórax é dividida em três porções: caixa torácica, sistema respiratório e mediastino. A radiografia de tórax é o procedimento mais comum em exames radiográficos. O tórax é a porção superior do tronco, compreendido entre o pescoço e o abdome. Diversas informações clínicas podem ser adquiridas a partir de uma imagem radiográfica de tórax. Dentre as estruturas que podem ser analisadas na radiografia de tórax estão os pulmões, a caixa torácica, as clavículas, o esterno e as escápulas. O esterno e as vértebras torácicas encontram-se sobrepostas juntamente com as estruturas mediastinais como o coração e os grandes vasos. Os pulmões e a traqueia do sistema respiratório são bem visualizáveis, com exceção dos brônquios, que não são tão facilmente visíveis. A figura a seguir retrata uma radiografia de tórax em PA. A B D G C F E Coração Figura 16 – Radiografia de tórax em PA A radiografia de tórax em perfil (figura na sequência) demonstra o pulmão visualizado a partir da face medial. Nela é possível verificar que posteriormente parte do lobo inferior se estende acima do nível do hilo e parte do lobo superior se estende abaixo do hilo anteriormente. É também possível observar que a porção posterior do diafragma é a sua parte mais inferior. Nesta imagem radiográfica observa-se a fissura oblíqua dividindo os dois lobos do pulmão esquerdo e é possível notar a terminação do brônquio na região hilar. Os hemidiafragmas direito e esquerdo podem ser visualizados em uma radiografia de tórax em perfil. O hemidiafragma direito fica localizado mais superiormente em relação ao esquerdo, que pode ser visualizado na radiografia de tórax em PA (figura anterior). 33 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA A B D C F E pulm ão Figura 17 – Radiografia de tórax em perfil 2.2.3 Indicações clínicas Serão apresentadas as condições patológicas mais comumente diagnosticadas através do uso de imagem radiográfica. Além da radiografia, é necessária a consideração das histórias clínicas para a correlação com o resultado da imagem obtida. Dessa forma, o exame físico associado à história clínica e ao exame radiográfico constituem a base do diagnóstico de cada indivíduo avaliado. Dentre as possíveis condições clínicas que podem ser avaliadas por método de diagnóstico usando o exame radiográfico estão: • Asbestose. • Atelectasia. • Bronquiectasia. • Bronquite crônica. • Derrame pleural. • Dispneia (procedimento inicial seguido de outros exames complementares). • Doença pulmonar obstrutiva crônica. • Doença pulmonar ocupacional (pneumoconiose). 34 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I • Edema pulmonar. • Embolia pulmonar (sinal de Hampton) seguido de exames de tomografia computadorizada e cintilografia de perfusão. • Enfisema pulmonar. • Epiglotite. • Fibrose pulmonar. • Hemoptise seguida de tomografia computadorizada. • Neoplasias. • Pleurisia. • Pneumonia. • Silicose. • Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (Sara). • Tuberculose. 2.3 Sistema circulatório O sistema circulatório é formado pelo coração e os grandes vasos, localizados dentro da cavidade torácica. O coração e a origem dos grandes vasos estão contidos dentro de um saco de dupla parede denominado pericárdio. Além do pericárdio, o coração é constituído por três camadas de tecido muscular: epicárdio, miocárdio e endocárdio. A camada mais externa ou superficial é chamada de epicárdio; a intermediária é a correspondente ao miocárdio; e a mais interna, endocárdio. O coração está localizado sob o esterno, na frente da coluna vertebral e do esôfago, sobre o diafragma, e tem seu ápice ligeiramente voltado para a esquerda e anteriormente. Estruturalmente, o coração é formado por quatro câmaras cardíacas. As câmaras cardíacas são divididas em duas superiores e duas inferiores. As câmaras superiores são compostas pelos átrios direito e esquerdo. As câmaras inferiores são constituídas pelos ventrículos direito e esquerdo. A comunicação entre as câmaras superiores com as inferiores é realizada pelas válvulas cardíacas atrioventriculares e semilunares. A válvula atrioventricular tricúspide é a responsável pela comunicação entre o átrio direito com o ventrículo direito e a válvula bicúspide ou mitral é a responsável pela comunicação entre o átrio esquerdo com o ventrículo esquerdo. As válvulas semilunares pulmonar e aórtica são responsáveis pela comunicação com o sistema respiratório e os demais tecidos e sistemas, respectivamente. A principal função destas estruturas é garantir a passagem do fluxo sanguíneo em sentido unidirecional. Os grandes 35 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA vasos sanguíneos são constituídos pelas veias cavas superior e inferior, a artéria aorta e demais grandes artérias, e as veias pulmonares. Na radiografia de tórax em PA (figura a seguir), é possível verificar os grandes vasos sanguíneos e o coração. As principais alterações perceptivas em uma imagem radiográfica do sistema circulatório referem-se principalmente ao coração. É possível observar alterações clínicas ou funcionais em relação ao formato, posição e tamanho do coração. Dentre as alterações possíveis de serem visualizadas estão a hipertrofia cardíaca, que pode ser comum no indivíduo atleta ou em indivíduos com doenças cardíacas como a cardiomegalia, em que há um aumento patológico no tamanho do coração. A B D G C F E Coração Figura 18 – Radiografia de tórax em PA 3 ULTRASSONOGRAFIA, TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA 3.1 Ultrassonografia A ultrassonografia é uma técnica diagnóstica não invasiva, que permite a visualização de tecidos moles, registrando por meio de ondas que não são audíveis e que são direcionadas aos tecidos. Requer pouco preparo do paciente para sua realização. A sua utilização inclui os diagnósticos na obstetrícia, cardiologia e ginecologia, além de anormalidades em diferentes órgãos. O procedimento é rápido, não levando a desconforto do paciente, não tendo relatos de efeitos que prejudiquem o organismo. Os tipos de ultrassonografias realizadas são a obstétrica, a abdominal, a pélvica, de cabeça e pescoço, de mama, dos membros e do coração (FISCHBACH, 2005). O ultrassom é definido como uma onda mecânica com vibração de frequência superior a 20 kHz, inaudível para os humanos. Contudo, no exame ultrassonográfico utilizam-se frequências de 2 a 18 MHz (avaliar estruturas superficiais como os tendões extensores dos dedos da mão, placa plantar dos dedos do pé, tendões, bolsas sinoviais etc.). 36 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I O transdutor é a parte da unidade de ultrassom que entra em contato com o paciente e é conectado ao equipamento de ultrassom (gerador e monitor) através de um cabo flexível. As ondas de ultrassom são geradas por cristais piezoelétricos localizados no interior do transdutor, que possui a característica de contrair-se e expandir-se ao receber um estímulo elétrico, causando a formação de ondas ultrassônicas; portanto, é capaz de transformar a energia elétrica em mecânica. O oposto também é verdade, ou seja, ao receber um estímulo mecânico, sua contraçãogera uma diferença de potencial elétrico em sua superfície, formando um sinal elétrico que é lido pelo aparelho. Desse modo, o mesmo transdutor é capaz de emitir e receber os sinais. O ultrassom é emitido intermitentemente, com duração de um microssegundo a cada milissegundo, captando as ondas refletidas no período de repouso (período em que não está emitindo pulsos). Como toda onda mecânica, o ultrassom necessita de um meio físico para se propagar. Ao longo de seu caminho, ao entrar em contato com a superfície entre dois meios de impedâncias acústicas distintas, a onda é refletida e retorna ao transdutor. Impedância acústica é a resistência do tecido ao movimento das partículas causado pelo ultrassom e é igual ao produto da densidade pela velocidade de propagação do ultrassom no meio; sendo assim, cada meio possuirá sua própria impedância (água, gases, partes moles etc). A ultrassonografia, portanto, é o resultado da leitura dos ecos gerados pelas reflexões do ultrassom nos diversos meios ao longo de seu caminho. O equipamento de ultrassonografia realiza essa leitura e produz uma imagem no monitor. A intensidade do brilho no monitor é proporcional à intensidade do eco, sendo que este depende da diferença entre as impedâncias de dois meios. Quanto maior o eco, mais branca aparecerá a imagem. Assim, quando o ultrassom estiver na transição entre dois meios com impedâncias muito distintas uma da outra, o eco gerado será bem intenso e a imagem produzida será intensa também (branca, portanto). Tecidos que criam ecos mais brilhantes do que os tecidos adjacentes (osso, gordura, parede vesicular) são classificados como hiperecoicos. Tecidos que criam ecos menos brilhantes do que os tecidos adjacentes (linfonodos, líquidos, músculos) são classificados como hipoecoicos. Uma estrutura anecoica é aquela que é livre de ecos, ou seja, não possui nenhuma diferença de meio dentro de si (vasos sanguíneos, urina normal, bile). Outra característica de estruturas anecoicas é o reforço acústico posterior, que é decorrente da baixa atenuação dessas estruturas ao feixe sonoro. A localização de cada ponto corresponde à localização anatômica da estrutura que gerou o eco: a direção em que ela se encontra é a do feixe de ultrassom gerado pelo transdutor e sua profundidade é calculada por meio do tempo decorrido entre a emissão do pulso e a leitura de seu eco (consideramos a velocidade de propagação da onda de ultrassom nos tecidos como constante, com valor de 1540 m/s, apesar de esse valor mudar em estruturas ósseas e pulmões). 37 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA A ultrassonografia convencional, portanto, é bidimensional e representa a visão frontal da superfície de corte do organismo, no plano determinado pela posição e inclinação do transdutor. Aparelhos modernos permitem a formação de 10 a 60 imagens por segundo, possibilitando a visualização dos movimentos dos órgãos. A energia do ultrassom é modificada constantemente ao longo de seu trajeto. Chamam de atenuação a diminuição da intensidade do ultrassom por vários mecanismos, como absorção, dispersão, reflexão e divergência do feixe. A absorção é o mecanismo mais importante e trata-se da transferência de energia do ultrassom para o tecido (resultando na produção de calor); como veremos adiante, é maior quanto maior for a frequência da onda. O osso possui uma absorção dez vezes maior do que a dos tecidos moles, que, por sua vez, têm absorção dez vezes maior do que a do líquido. Quando uma estrutura absorve mais intensidade do que o tecido circunjacente, a porção distal da imagem aparece mais escura (porque sobrou menos intensidade para a formação de ecos), fenômeno chamado sombra acústica. Se, por outro lado, uma estrutura absorve menos do que os outros tecidos, ocorre o efeito inverso – reforço acústico, típico de cistos (estruturas líquidas). Como a impedância do ar é extremamente menor do que a dos tecidos, ao colocarmos o transdutor diretamente na pele do paciente, não observamos a formação de imagens no monitor, apenas uma tela negra; isso ocorre pois na interface pele-ar há reflexão quase total do ultrassom. Assim, aplicamos o gel de contato sobre o transdutor, que permite a passagem do ultrassom. Esse mesmo conceito se aplica ao conteúdo gasoso das vísceras intestinais, que impede a progressão do ultrassom e forma as chamadas “sombras sujas” (justificando a necessidade de repleção vesical antes do exame). A alta impedância do osso, juntamente com sua alta absorção, é responsável pelo fenômeno da sombra acústica. A resolução da imagem é diretamente proporcional à frequência; desse modo, altas frequências geram imagens com alta definição. No entanto, ao aumentarmos a frequência, também aumentamos a atenuação do ultrassom pelos tecidos, ou seja, o campo de visibilização fica limitado a alguns centímetros de profundidade. Portanto, a frequência ideal depende da estrutura avaliada: em um exame de abdome total, por exemplo, onde as estruturas se encontram mais profundas, usamos frequências baixas (2 a 5 MHz) para aumentar o campo de visão; em um exame de cabeça e pescoço (tireoide), no entanto, onde a estrutura é mais superficial, podemos ter imagens bem definidas usando frequências altas, já que o campo de visibilização não precisa ser tão grande. Amplificação são os ecos que retornam de estruturas profundas, não tendo a mesma força que aqueles que chegam de tecidos vizinhos à superfície; eles devem, portanto, ser amplificados na ultrassonografia pelo amplificador de compensação ganho-tempo (TGC). Em todos os aparelhos é possível variar o grau de amplificação para compensar a atenuação do ultrassom e melhorar a qualidade da imagem final. 38 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : L uc as M an sin i - d at a Unidade I Tipos de transdutores: • Convexo: a varredura é setorial (tem a forma de um leque), com um ângulo em torno de 60° e a frequência varia entre 3 a 6 MHz. É utilizado em exames abdominais e obstétricos por alcançar regiões mais profundas e ter mais campo de visão. • Linear: a varredura é linear (tem a forma de um retângulo) e a frequência varia de 5 a 11 MHz. É usado em exames de estruturas superficiais como mamas, tireoide e exames vasculares periféricos. O campo de visão é diretamente proporcional à largura do transdutor. • Convexo endocavitário: varredura setorial com frequência de 5 a 11 MHz e ângulo de visão de 120° a 150°. Utilizado para exames de próstata e dos genitais internos femininos. • Setorial: varredura setorial com ângulo de visibilização de 90° e frequência de 2 a 8 MHz. Possui pequena área de contato e é aplicado em exames cardiovasculares, permitindo uma varredura intercostal. • Anular: varredura setorial e frequência de 6 a 10 MHz. Indicado para exames ortopédicos e de partes moles. A escolha do transdutor deve ser feita baseada no tipo de exame, no órgão avaliado e no biótipo do paciente. O melhor transdutor para uso geral é o transdutor convexo de 3,5 MHz focado a 7-9 cm. Se esse não estiver disponível, pode-se usar transdutores lineares ou setoriais. Em crianças e adultos magros, podemos usar com 5 MHz focado a 5-7 cm. No entanto, cada exame ultrassonográfico possui seu transdutor de escolha. Quanto maior a frequência do transdutor, maior a resolução da imagem e menor a profundidade atingida e vice-versa. O princípio da ultrassonografia inclui: • reflexão de ondas sonoras de alta frequência focadas em órgãos internos; • transdutor ultrassonográfico (cristal vibratório) acionado eletricamente que oscila em 30 graus (imagem bidimensional); • aplicação de uma fina camada de gel que melhora o acoplamento do transdutor;
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