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ADOÇÃO - DIREITO DE FAMÍLIA

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INTRODUÇÃO
O presente artigo acadêmico tem como objeto a análise do instituto adoção no atual ordenamento jurídico brasileiro, com enfoque em suas modalidades. O objetivo institucional, por sua vez, consiste na produção de uma prévia para o Trabalho de Conclusão de Curso, além da obtenção de nota na disciplina de Direito de Família, da universidade CESMAC do Agreste – Arapiraca.
A investigação tem como objetivos: geral, analisar o instituto da adoção no atual ordenamento jurídico brasileiro; e, específicos:
a) identificar os tipos de filiação e relações de parentesco reconhecidas no atual ordenamento jurídico brasileiro;
b) conceituar adoção no atual sistema jurídico brasileiro; 
c) identificar e conceituar as modalidades de adoção admitidas e reconhecidas no atual ordenamento jurídico brasileiro. 
Os problemas de pesquisa estabelecidos, em razão do objetivo investigatório inicialmente traçado, são os seguintes: 
a) Quais os tipos de relações de parentesco e de filiação reconhecidas no atual ordenamento jurídico brasileiro?
b) Qual o conceito atual de adoção no sistema jurídico 
brasileiro? 
c) Quais as modalidades de adoção admitidas e reconhecidas no atual ordenamento jurídico brasileiro? 
Diante dos problemas formulados, foram aventadas as seguintes hipóteses, podendo estas se confirmar ou não no decorrer da pesquisa a ser realizada: 
a) Entende-se que, as relações de parentesco podem ser divididas em por afinidade, consanguinidade e civil (adoção). Ademais, a filiação se divide em biológica (procriação) ou não biológica, podendo esta ser subdividida em por substituição, socioafetiva e adotiva. 
b) Entende-se que, adoção é um instituto que cria uma ligação jurídica de parentesco civil, de filiação, entre o adotante e o adotado. 
c) Entende-se que, as modalidades de adoção admitidas e reconhecidas no ordenamento jurídico brasileiro são: adoção de maiores, adoção unilateral, adoção bilateral, adoção à brasileira, adoção internacional, adoção do nascituro, adoção intuitu personae, adoção homoafetiva, adoção póstuma e adoção de “filho de criação”. 
Nas considerações finais apresentam-se uma breve síntese do conteúdo tratado e nos anexos apresentaremos relatórios estatístico do Cadastro Nacional de Adoção.
CAPÍTULO I
DA ADOÇÃO
A adoção é o ato pelo qual se cria um vínculo de filiação, até então inexistente, em que não há laço natural. A adoção é uma alternativa de proteção as crianças e adolescentes nos casos em que os pais são destituídos do poder familiar. Ela gera um vínculo de filiação entre o adotante e o adotado, ela é uma medida excepcional de inserção da criança ou do adolescente em uma família substituta, quando esgotado todos os meios de mantê-lo no âmbito familiar natural. 
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o disposto nesta Lei.
§ 1º A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei.
§ 2º É vedada a adoção por procuração.
1.1 DO PROCEDIMENTO / CADASTRO
O processo de adoção é gratuito e deve ser iniciado na Vara de Infância e Juventude de sua residência. A idade mínima para se habilitar à adoção é 18 anos, independentemente do estado civil, desde que seja respeitada a diferença de 16 anos entre o adotante e a criança a ser acolhida.
Nas comarcas em que o novo Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento tenha sido implementado é possível realizar um pré-cadastro com a qualificação completa, dados familiares e perfil da criança ou adolescente desejado.
Existe três tipos possíveis de perfis:
Municipal: aceita adotar apenas em seu município. Mesmo que apareça uma criança dentro do seu perfil em outro município qualquer, este pretendente não entrará na fila para aquela criança.
Estadual: aceita adotar em seu município e também em todos os outros municípios de seu estado. Neste caso, se aparecer uma criança disponível à adoção em outro estado, mesmo com perfil compatível, este pretendente não entrará na fila para aquela criança; e
Nacional: aceita adotar em seu município e também em todos os outros municípios de seu estado e também em outros estados, podendo serem todos os estados do país ou somente alguns, à escolha. Neste caso, se o pretendente reside, em exemplo, na cidade de São Paulo e escolheu o perfil Nacional, selecionando também os estados do Paraná e Alagoas, e uma criança compatível com seu perfil fica disponível para adoção no estado do Amazonas, este pretendente não estrará na fila para aquela criança.
Evidencia-se, que no processo adotivo é necessário a aproximação com a criança/adolescente, podendo exigir, de acordo com as características da acriança/adolescente, algumas visitas bem como idas a audiências na cidade da mesma. Assim, pode ser necessário alguns deslocamentos à outras cidades, caso se trate de adoção fora de seu município.
 1.1.1 DAS EXIGÊNCIAS LEGAIS
Dirigir-se ao Fórum ou Vara da Infância e da Juventude da cidade que reside ou região, munido dos seguintes documentos:
1. Cópias autenticadas: da Certidão de nascimento ou casamento, ou declaração relativa ao período de união estável;
2. Cópias da Cédula de identidade e da Inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF;
3. Comprovante de renda e de residência;
4. Atestado de sanidade física e mental;
5. Certidão negativa de distribuição cível;
6. Certidão de antecedentes criminais.
Estes documentos estão previstos no ECA, mas é possível que dependendo de cada estado, seja necessário a apresentação de outros documentos. Por isso, deve-se entrar em contato com a unidade Judiciária e conferir a documentação.
1.1.2 DA ANÁLISE DE DOCUMENTOS
Os documentos apresentados serão autuados pelo cartório e serão remetidos ao Ministério Público para análise e prosseguimento do processo. O promotor de justiça poderá requerer documentações complementares.
1.1.3 DA AVALIAÇÃO DA EQUIPE INTER PROFISSIONAL 
É uma das fases mais importantes e esperadas pelos postulantes à adoção, que serão avaliados por uma equipe técnica multidisciplinar do Poder Judiciário. Nesta fase, objetiva-se conhecer as motivações e expectativas dos candidatos à adoção; analisar a realidade sociofamiliar; avaliar, por meio de uma criteriosa análise, se o postulante à adoção pode vir a receber criança/adolescente na condição de filho; identificar qual lugar ela ocupará na dinâmica familiar, bem como orientar os postulantes sobre o processo adotivo.
1.1.4 PARTICIPAÇÃO EM PROGRAMA DE PREPARAÇÃO PARA ADOÇÃO
A participação no programa é requisito legal, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, para quem buscar habilitação no cadastro à adoção. O programa oferece aos postulantes o efetivo conhecimento sobre a adoção, tanto do ponto de vista jurídico quanto psicossocial; fornece informações que ajuda aos postulantes a decidirem com mais segurança sobre a adoção; prepara os pretendentes a superar possíveis dificuldades que possam haver durante a convivência inicial com a criança/adolescente; orientar e estimular à adoção interracial, de crianças ou adolescentes com deficiência, com doenças crônicas ou com necessidade especificas de saúde, e de grupos de irmãos.
1.1.5 ANÁLISE DO REQUERIMENTO PELA AUTORIDADE JUDICIÁRIA
Após o estudo psicossocial, da certificação de participação em programa de preparação e do parecer do Ministério Público, o Juiz proferirá sua decisão, deferindo ou não o pedido de habilitação à adoção.
A habilitação do postulante à adoção é válida por três anos, podendo ser renovada pelo mesmo período. O prazo máximo para a conclusão da habilitação será de 120 dias, prorrogável por igual período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.
1.1.6 INGRESSO NO SISTEMA NACIONAL DE ADOÇÃO
Com o deferimento do pedido de habilitação à adoção, os dados do postulante são inseridos sistema nacional de adoção e acolhimento, conforme ordem cronológica da decisão judicial.
1.1.7 BUSCA DE UMA FAMÍLIA PARA A CRIANÇA/ADOLESCENTENa busca de uma família para uma criança/adolescente cujo perfil corresponda ao definido pelo postulante, este será contatado pelo Poder Judiciário, respeitando-se a ordem de classificação no cadastro. Será apresentado o histórico de vida da criança/adolescente ao postulante e, se houver interesse, será permitida aproximação com ele/ela.
1.1.8 DO ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA
O postulante iniciará o estágio de convivência, caso a aproximação tenha sido bem-sucedida. Assim, a criança ou adolescente passará a morar com a família, sendo acompanhados e orientados pela equipe técnica do Poder Judiciário. Por período com prazo de no máximo 90 dias, prorrogáveis por igual período.
1.2 DA AÇÃO DE ADOÇÃO
O dia seguinte do término do estágio de convivência, os pretendentes terão 15 dias para propor a ação de adoção. Cabe o juiz verificar as condições de adaptação e vinculação socioafetiva da criança/adolescente e de toda a família. Sendo as condições favoráveis, o magistrado profere a sentença de adoção e determina a confecção do novo registro de nascimento, já com o sobrenome da nova família. Nesse momento, a criança ou adolescente passa a ser detentora de todos os direitos de um filho.
CAPÍTULO II
MODALIDADES DE ADOÇÃO
2.1 ADOÇÃO À BRASILEIRA
A Adoção a Brasileira é uma expressão popular que já está incorporada no ordenamento jurídico. Para designar a adoção feita sem o devido processo legal e judicial. A doção à brasileira, insere-se no contexto da filiação socioafetiva. É o reconhecimento voluntário da maternidade paternidade, por meio do qual não foram cumpridas as exigências legais pertinentes ao procedimento de adoção. Os adotantes simplesmente registram perante o cartório de Registro Civil a criança ou o adolescente, como se fosse seu filho biológico. Tal ato constitui um ilícito civil e penal.
A forma mais comum da adoção legal é aquela em que a mãe ou a família biológica entrega o filho para outra pessoa escolhida, por ela as margens do processo ilegal de adoção de forma gratuita ou mediante recebimento de dinheiro ou quaisquer outras vantagens. Em seguida, aquela pessoa que recebe ilegalmente essa criança registra como sendo sua própria filha biológica, desde 2009 vigora a lei da adoção que determina que qualquer pessoa que queira adotar uma criança , deve obrigatoriamente se inscrever no cadastro nacional de adoção, submetendo-se as regras e a fila para adoção regular, de sorte que, qualquer meio que contorna a lei de adoção além de ser ato ilegal é uma verdadeira injustiça com aqueles que cumprem a lei. 
As consequências disso é crime contra o estado de filiação tipificada no Art. 242 do código penal, cuja pena vai de 2 a 6 anos. Além de possível anulação do registro caso em que o juiz poderá determinar a busca e a apreensão da criança e mandá-la para um abrigo onde aguardará o regular processo de adoção por outra família. Contudo, o afeto é o melhor interesse da criança, prevalecem sobre tudo, inclusive, sobre a lei de adoção de forma para aquelas famílias que adotaram irregularmente uma criança e já tem essa criança como se fosse filha a muito tempo suficiente para que aquela criança entenda que aquela é a sua família, que aquele é o seu lar , a justiça já tem entendido de que é necessário regular adoção para essa situação de forma a preservar o bem-estar daquela criança. 
Por fim, a adoção a brasileira é uma fraude em que hoje em dia dificilmente acontece, mas se aconteceu pode até ser um crime, mas é uma forma em que as pessoas encontravam em ter um filho e que hoje está cada vez mais condenado pelo sistema jurídico.
2.2 ADOÇÃO CONSENTIDA
 Na adoção consentida os pais biológicos abdicam do papel de pais e a criança vai diretamente para os adotantes, por uma relação de confiança que há entre as partes.
2.3 ADOÇÃO EM ABERTO/FECHADO
Em uma adoção fechada, registros de nascimento originais e informações aos pais de nascimento são mantidos fechados. Estes permanecem reservadas para a criança adotada e os pais até que a criança atinge a idade de 18 a 21 anos. A idade específica depende do Estado onde a criança vive. Uma adoção aberta divulga todas as informações de nascimento para todas as partes envolvidas, permitindo que as crianças e os pais permanecer em contacto uns com os outros. Ambos adotivos e pais podem escolher um processo de adoção aberta ou fechada.
O motivo da adoção em aberto é para o benefício da criança, que terá melhores chances de crescer sem traumas psicológicos por ser adotada. Ao crescer conhecendo sua mãe biológica, ela provavelmente não vai sentir-se abandonada ou rejeitada pela família de nascença, não vai passar noites em claro imaginando o paradeiro de sua mãe biológica, além de outros benefícios, tais como conhecer seus irmãos e primos biológicos (se estes vierem a existir) ou até mesmo receber ou doar um transplante de órgão (caso houver necessidade).
2.4 ADOÇÃO EXPOSTA
A exposição de uma criança acontece quando ela é deixada na porta de uma casa ou encontrada em abandono. Esta criança deverá ser imediatamente encaminhada a 1ª Vara da Infância e recolhida numa instituição de acolhimento. Caso a família biológica não seja localizada a criança será encaminhada para adoção e figurará na lista de crianças disponíveis.
2.5 ADOÇÃO DO NASCITURO
A adoção é um instituto regido pelo Código Civil Brasileiro e pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que tem como maior interesse garantir para a criança a convivência em um lar que proporcione seu desenvolvimento físico e mental de forma saudável e integra, onde existem direitos e deveres ligados a filiação.
Atualmente existem várias formas de adoção, porém existe uma grande discussão acerca da possibilidade da adoção do nascituro. 
O nascituro é um feto, então quando se fala de adoção do nascituro trata-se da adoção daquele que ainda não nasceu, de dar a este qualidade de filho e todos os direitos decorrentes da filiação, o que gera grande conflito entre aqueles que veem essa possibilidade como uma forma de garantir a proteção do nascituro e de seus interesses e daqueles que veem a impossibilidade, visto que, dessa forma não há o estágio de convivência entre o adotante e o adotado. 
Para a corrente que defende a possibilidade adoção do nascituro é utilizado como argumento a possível solução de alguns problemas de ordem social. O nascituro é titular de direitos e consequentemente deve tê-los resguardados, tendo como base o princípio da dignidade humana, como por exemplo alimentos gravídicos, estes são valores destinado a cobrir despesas durante o período de gestação, ou seja, da concepção ao parto, como no caso de “barriga de aluguel”, “partos anônimos” e até mesmo o que favorece as crianças que venham a nascer em lares onde não se tem condições básicas de subsistência. 
Já para corrente que defende a não possível adoção do nascituro é utilizado como argumento o consentimento dos titulares do poder familiar, que deve ser exteriorizado após o nascimento da criança, expressando o pedido de família substituta. É concedido também um prazo de arrependimento para a família natural, com o objetivo de garantir ao infante o seu desenvolvimento em seu seio primário, sua família de origem.
Vale ressaltar que mesmo diante de toda essa discussão acerca da possibilidade da adoção do nascituro, não se pode negar o fato de muitas crianças serem abandonadas após o seu nascimento, viverem nas ruas ou até mesmo crescerem em meios onde há uso de álcool ou drogas e os pais já foram destituídos do poder familiar de outros filhos, mediante da força judicial. É necessário pontuar e pensar se realmente há a necessidade de que a criança venha a ser levada a um abrigo e passar por um processo tão longo até ser adotada. 
Sendo assim, não há como afastar a discussão sobre possibilidade da adoção do nascituro da sua importância social e vê-la somente como uma previsão legislativa. 
2.6 ADOÇÃO HOMOPARENTAL
O tema a ser abordado pode ser ainda melhor compreendido se nos reportarmos aos diferentes critérios de filiação que têm sido adotados no Brasilnas últimas décadas. Até a segunda metade da década de oitenta, filhos havidos fora do casamento não podiam ser reconhecidos. Não se ignorava que os mesmos fossem “sangue do sangue” de seus pais.
 Convencionou-se porém, legalmente, que os mesmos não poderiam ser reconhecidos como filhos, em defesa da honra da família. Tratava-se, então, de afastar o critério biológico de filiação. Mais recentemente, com o advento da Constituição de 1988, extinguiram-se as diferenças entre os filhos adotados (entre si) e os filhos biológicos. Atualmente, está-se questionando a filiação biológica frente à consolidação da filiação socioafetiva, não raro com a preponderância desta sobre aquela. Trata- -se, novamente, de uma inequívoca preponderância do critério social sobre o biológico.
O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, principal instrumento jurídico no que respeita ao procedimento da adoção, no caput do art. 42, dispõe que “Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil’. Primeiramente, deve-se referir que a adoção não pressupõe que a pessoa adotante seja casada, o que assegura a possibilidade de que pessoas vivendo em união estável possam exercer o direito de adotar. Essa possibilidade está expressamente prevista no art. 42, § 2º, do ECA, que estabelece: § 2 o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família. 
Eventualmente, uma pessoa que convive em união estável pode ingressar em juízo com o pedido de adoção apenas em seu nome. Todavia, em que pese as chances de sucesso de um pedido de adoção possam de fato ser maiores nos casos de união estável entre pessoas do mesmo sexo – em face de práticas preconceituosas ainda existentes no meio jurídico –, existem fortes razões para acreditar que a exclusão de um dos conviventes do processo formal de adoção vem em prejuízo da criança.
A multiplicação de exemplos é desnecessária, pois é evidente a vantagem de que a adoção se faça em nome de ambos os conviventes, para que se vejam integralmente protegidos os interesses da criança adotada. Interesses que transcendem a esfera patrimonial e alcançam a esfera afetiva. Nesse aspecto, também o cotidiano aponta para a necessidade de que na certidão de nascimento constem os nomes de ambos os adotantes, assegurando- -se, para todos os efeitos, direitos e deveres dos integrantes da família.
 Em sendo assim, faz-se certo que aos conviventes em união estável é de ser assegurado o direito de adoção, não apenas por ser um direito dos mesmos, mas por ser também um direito da criança adotada receber a máxima proteção que o Estado lhe possa assegurar. Partindo-se dessa premissa, que é o direito de que pessoas que convivem em união estável têm assegurado o direito a exercer livremente o planejamento familiar, aí incluída a possibilidade de ter filhos através da adoção, passo ao exame da questão relativa à adoção por entidades familiares constituídas por duas pessoas do mesmo sexo que convivem em união estável. A partir do que foi visto até aqui, faz-se necessário refletir sobre a existência de alguma justificativa que autorizasse negar a gays e lésbicas o direito de adotarem.
Visto que não há no Direito brasileiro qualquer obstáculo legal à homoparentalidade por adoção. Assim, eventual resistência, necessariamente, precisaria ser encontrada em outras fontes de saber. Entretanto, justamente em outras áreas do conhecimento humano é que se encontram sólidas razões para que se defiram, sem qualquer ressalva, os pedidos de adoção nos quais figuram como autores casais formados por pessoas do mesmo sexo. O que se vê, de fato, em matéria de resistência à possibilidade de homoparentalidade por adoção, em geral, são manifestações preconceituosas e desprovidas de embasamento científico.
No mesmo sentido, tanto a Organização Mundial da Saúde – OMS quanto o Conselho Federal de Medicina não classificam a homossexualidade como uma patologia. Diante dessa realidade, parece-me insustentável que se negue a adoção a casais formados por pessoas do mesmo sexo, a pretexto de se estar protegendo as crianças, pois seria necessário questionar do que estariam sendo protegidas.
Basta que se examinem os conteúdos desses estudos2 para que se afastem mitos como o de que filhos de gays terão orientação sexual voltada para o mesmo sexo, de que pais homossexuais irão abusar sexualmente dos filhos, de que filhos de casais homossexuais serão discriminados de um tal modo que se justificaria negar o direito à adoção. A importância dessas manifestações, calcadas no resultado das pesquisas, não pode ser desconhecida da Magistratura, pois justamente se dão em razão de temas que são recorrentes nos tribunais. A decisão judicial, necessariamente, deve alcançar o máximo de razoabilidade possível, e, no caso da homoparentalidade por adoção, estando disponível essa enorme quantidade de dados, não se pode simplesmente ignorá-los.
2.7 ADOÇÃO INTUITU PERSONAE
É a adoção pela qual os pais biológicos, escolhem os adotantes e manifestam expressamente, perante a autoridade judiciária, o desejo de entregar o filho em adoção a determinada pessoa ou casal. Intuitu personae é uma expressão em latim que se traduz como “em consideração à pessoa”. É o mesmo que adoção consensual, adoção consentida, adoção dirigida ou adoção pronta. A omissão do legislador em tratar expressamente da adoção intuitu personae não significa que ela seja proibida ou que não exista tal possibilidade.
Silvana Moreira afirma que “a adoção intuitu personae é a conhecida adoção consensual onde a família biológica […] entrega a criança em adoção a pessoa conhecida”. Em simplórios vocábulos, é a adoção na qual a família biológica entrega a criança ou adolescente não aos cuidados do Estado, para que este cuide dos trâmites da adoção, mas sim, a entrega à pessoa determinada, com o intuito de que a criança seja por tal indivíduo assistida durante sua vida, ou seja, efetivamente adotada. Não é vontade do parente biológico que a criança seja simplesmente adotada, mas que seja adotada por pessoa específica.
Este tipo de adoção é bastante comum quando verificamos a realidade brasileira. Mães entregam seus filhos a determinada pessoa ou permitem que a criança seja acolhida no seio de determinada família. Obviamente, tal pessoa ou família é conhecida do parente biológico e certamente de sua confiança. 
A indicação expressa daquele que vem a ser o adotante não implica em ignorar os requisitos legais a serem preenchidos, com exceção do prévio cadastro de postulantes à adoção. Muitas vezes, essa modalidade de adoção tem início na vida intrauterina do adotando, vez que é possível afirmar que a adoção não é consumada unicamente do ponto de vista jurídico, mas primordialmente do ponto de vista afetivo
2.7.1 APÓS A VIGÊNCIA DA LEI Nº 12.010/09
Antes da alteração os juízes deferiam as adoções também denominadas dirigidas, levando em consideração os laços de afeto entre a criança ou adolescente e os pais adotivos. 
Dessa forma, era considerado irrelevante o prévio cadastro e/ou a inclusão da criança na relação de possíveis adotantes. Obviamente, havia análise de compatibilidade entre a criança e a família que a acolhia, bem como dos demais requisitos legais, com exceção do cadastro prévio, como já mencionado. A lei alterou o Art. 50 ECA e acrescentou ao dispositivo mencionado o parágrafo 13, que reduz significativamente a possibilidade da adoção intuitu personae. 
Referido parágrafo prevê como hipóteses permitidas de adoção intuitu personae e, consequentemente, exceções à regra do cadastro prévio: a adoção unilateral; adoção formulada por parente do adotando cujos laços de convivência e afetividade já são verificados e, por fim, adoção postulada por indivíduo que detém tutela ou curatela de maior de três anos de idade, quando também pode ser verificada a presença de laços de convivência e afetividade entre as partes, mediante ausência de má-fé, subtração de criança ou adolescente com fins de inserção em larsubstituto ou verificada hipótese de promessa de pagamento ou recompensa.
2.8 ADOÇÃO POR TESTAMENTO
É a adoção que se faz via testamento. O ordenamento brasileiro nunca permitiu a adoção diretamente por testamento. Todavia, é possível que em testamento se estabeleça declaração de reconhecimento de paternidade socioafetiva, que não deixa de ser uma forma de manifestação de adoção. A disposição de última vontade que reconheceu o filho como seu, mesmo não biológico, é prova suficiente para que se busque em juízo a declaração da relação de adoção ou declaratória de paternidade/maternidade socioafetiva.
2.8.1 SOCIOAFETIVIDADE
A socioafetividade é um critério estabelecido em relações familiares geradas pelo afeto, atingindo a vida social. Independentemente do tempo que exista esse vínculo busca-se civilmente o grau de parentesco.
No Código Civil de 2002, não se encontra diretamente a palavra “afeto”, invoca claramente que o juiz pode em casos específicos, deferir a guarda a terceira pessoa com quem à criança tenha afetividade e afinidade, de acordo com o art. 1584 § 5°. Também se evidencia a origem da filiação não sendo a natural, sim a civil no art. 1583. 
O reconhecimento extrajudicial pode ser requerido através da ação declaratória socioafetiva, onde discorre o trajeto percorrido para provar concretamente esse sentimento, sobrepondo muitas vezes até mesmo o biológico, tendo assim que ser provada a existência dos elementos sociais e afetivos, é o que acontece, por exemplo, com os “filhos de criação”. Sendo proferida a sentença declaratória com base na ação declaratória, dá-se início ao trâmite civil, acontecendo à mudança no registro de nascimento. Tal mudança não diferencia a filiação de pais biológicos ou afetivos, podendo ser dois pais e duas mães ou duas mães e um pai.
Para que seja consolidado esse trâmite existem alguns requisitos necessários para que ocorra com a conformidade da lei, sendo eles: o requerimento pelo ascendente socioafetivo; anuência dos pais biológicos, na hipótese do filho ser menor de 18 anos de idade; anuência presencial do filho maior de 12 anos de idade e a diferença mínima de 16 anos de idade entre ambos. 
O efeito jurídico no parentesco socioafetivo produz os mesmos efeitos do parentesco natural. Sendo esses sucessivos, alimentícios, a herança e a guarda, formalizando e resguardando no art. 1596 a igualdade dos filhos. 	
2.9 ADOÇÃO PÓSTUMA
A adoção póstuma, sem regramento próprio no nosso ordenamento pátrio, é mencionada no Art. 42, § 6º, do Estatuto da Criança e do Adolescente, que estabelece que a adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença. É aquela cuja concessão se dá após a morte do adotante, produzindo efeitos retroativos à data do óbito. É imprescindível que a pessoa falecida tenha demonstrado, em vida, desejo evidente de adotar e laço de afetividade com o adotando. Embora a legislação exija a preexistência de processo de adoção à época do óbito para que se conceda post mortem, esse requisito pode ser relativizado nos casos em que restar comprovado, de maneira inequívoca, o desejo do falecido em adotar, bem como uma relação socioafetiva entre eles.
As vacilantes expressões “no curso do procedimento” e “antes de prolatada a sentença”, utilizadas pelo legislador ordinário, poderiam fazer o leitor apressado supor que a adoção póstuma somente poderia ocorrer desde que instalado o processo judicial de adoção.
Acontece que o legislador ordinário não pode ignorar ou anular os casos aonde presente a sólida relação de afetividade entre duas pessoas, de modo que o parentesco civil, poderá, sim, surgir da relação de socio afetividade, mesmo que o adotante não tenha dado início ao processo formal para a adoção. Neste sentido, com muito acerto e sensibilidade, o Art. 1.593 do Código Civil de 2002, dispõe que o parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem.
Destarte, a posse do estado de filho (parentalidade socioafetiva), por si só, constitui modalidade de parentesco civil. É, inclusive, o que prevê o Enunciado nº 256, da III Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal.
A verdade social, a realidade da vida, ou seja, a posse do estado de filho, caracterizada pela socio afetividade, não poderá jamais ser contida pelo legislador ordinário, a ponto de, por exemplo, exigir como requisito da adoção póstuma a prévia instalação de processo judicial. Ora, a socioafetividade latente, permeada de seu início ao fim pela relação sublime de amor, afeto e carinho entre pessoas, é o requisito maior, senão único, para o reconhecimento judicial da adoção póstuma, que dispensa formalidades legais, bastando a prova do fato.
A orientação mais moderna da jurisprudência brasileira vem imprimindo relevância e destaque à questão da socio afetividade nos diversos tipos de ações que versam sobre os direitos da personalidade, como no caso da paternidade.
Quem conhece bem o dia-a-dia forense nas Varas de Família e nos Juizados da Infância e da Juventude sabe que muitas vezes a socio afetividade é merecedora de mais prestígio do que o fato biológico. Pois a filiação socioafetiva é genuinamente marcada pelo traço do amor, da consideração e do respeito mútuos, que garantem uma família bem formada, propiciadora do desenvolvimento sadio e completo do ser humano.
O desprezo pela paternidade socioafetiva e seus efeitos daí decorrentes, pelo Art. 42, § 6º, do Estatuto da Criança e do Adolescente, violam o princípio da dignidade da pessoa humana, uma vez que nulifica uma história de vida.
A adoção póstuma só poderá ser rechaçada quando demonstrado a ausência da socioafetividade. Noutras palavras, quando ausente a vontade clara e inequívoca do suposto pai afetivo em ter como seu filho determinada pessoa, deverá ser rejeitada o reconhecimento da paternidade socioafetiva, ante a inexistência da denominada posse de estado de filho.
2.10 ADOÇÃO TARDIA
Adoção tardia é o termo utilizado para identificar adoções de crianças com mais de 24 meses. A cada dia que passa a cultura de adoção se modifica, se antes apenas crianças de até dois anos de idade eram consideradas “adotáveis” e vistas como a preferência dos adotantes, hoje podemos perceber que os perfis solicitados começam a assumir uma nova forma. 
Candidatos a pais adotivos que antes tinham receios em adotar crianças mais velhas devido ao medo de não se adaptarem e de não criarem um vínculo entre eles, começam a ver a adoção de crianças maiores com outros olhares. A adoção tardia começa a ser vista como uma nova oportunidade para que crianças e adolescentes encontrem uma nova família e esta percebe que o vínculo e o amor podem ser construídos pouco a pouco.
De acordo com o que foi pesquisado, podemos notar que geralmente os casais que estão á espera de um filho na fila de adoção, são casais que apresentam dificuldades para terem filhos biológicos, porém essa necessidade de ter um filho, não é apenas um fator biológico notando-se também uma necessidade psicológica, o fato de não ter um filho, pode gerar no casal um estado de depressão, e através da adoção o casal acaba revivendo fantasias e expectativas de vida.
De acordo com Weber (1996), o perfil de criança mais solicitada pelos pretendentes à adoção é a criança de até 24 meses, de preferência recém-nascida, saudável, de pele clara, geralmente do sexo feminino e sem irmãos. Mas na realidade a maioria das crianças aptas à adoção não se encaixam neste perfil, geralmente são meninos com mais de cinco anos, pardos e/ou negros e com irmãos. Outro dado apontado na pesquisa realizada por Weber (1996) é que o número de adoções tardias é menor do que a adoção de crianças deficientes e com problemas de saúde.
Ebrahim (2001) aponta em seu trabalho, algumas pesquisas que mostram que a população ainda apresenta alguns preconceitos em relação à adoção tardia, sendo eles:
a) o medo de adotar crianças mais velhas pela dificuldade na educação; 
b) o receio de adotar criançasinstitucionalizadas pelos maus hábitos que trariam; 
c) as crianças que não sabem que são adotivas têm menos problemas, por isso deve-se adotar bebês e esconder deles a verdade, imitando uma família biológica.
Quando pesquisamos sobre adoção de crianças maiores, os temas geralmente giram em torno de pesquisas sobre o perfil das crianças e dos adotantes, também sobre a visão dos pais adotivos sobre a adoção tardia e a visão de crianças e adolescentes que já estão inseridos em uma nova família. Quando se adota uma criança mais velha, os novos pais recebem uma criança que muitas vezes já compreende sua situação e conhece sua origem. Esta criança pode ter sofrido violência, agressão, negligência e provavelmente já passou por uma ruptura emocional muito severa quando separada da família. Oscar (2007) diz que “os pais temem que a criança não esqueça a família biológica e que venha problemática”.
2.11 ADOÇÃO UNILATERAL
É a modalidade de adoção pela qual o novo cônjuge ou companheiro adota filho do outro, formando-se, consequentemente, um novo vínculo jurídico familiar. 
A adoção unilateral ocorre:
 a) quando consta no registro de nascimento do adotando o nome de apenas um dos pais, competindo a ele autorização da adoção pelo novo companheiro; 
b) quando, não obstante o adotando tenha sido registrado por ambos os pais, um deles decai do poder familiar; 
c) no caso de falecimento de um dos pais do adotando, o companheiro/cônjuge do genitor sobrevivo pode adotar o filho.
A Lei permite a adoção unilateral de uma criança ou adolescente pelo padrasto, com o vínculo contínuo com a mãe. Caso a criança ou adolescente fosse registrado pela mãe, depois a pessoa que passa a conviver com a mãe, muitas vezes não sendo o pai biológico, este pode adotar unilateralmente o registrado. A adoção unilateral é um tipo de adoção no qual o cônjuge adota o filho de outro, sem que este seja destituído do poder familiar, pois não é a regra do instituto da adoção, porque para que a criança possa ser colocada em adoção, ocorre a destituição do poder familiar dos pais biológicos e rompe qualquer tipo de vínculo entre estes, exceto em relação aos impedimentos matrimoniais previstos no Art.1.521 parágrafo um do Código Civil. O rompimento destes vínculos familiares, não acontecem com a adoção unilateral, pois apenas um dos pais biológicos é que fica excluído do poder familiar de sua prole.
O doutrinador Sílvio de Salvo Venosa, ao falar sobre o assunto afirma o seguinte:
O cônjuge ou companheiro pode adotar o filho do consorte, ficando mantidos os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou companheiro do adotante e respectivos parentes (art. 41, §1º). A regra também está descrita no art. 1.626, parágrafo único, do novo Código. Essas situações ocorrem com frequência e, no passado, traziam divergências doutrinárias e jurisprudenciais. A lei busca situação de identidade dessa filiação adotiva com a filiação biológica, harmonizando o estado do adotado para o casal. Como notamos, a lei permite que, com a adoção, o padrasto ou madrasta assuma a condição de pai ou mãe. (VENOSA, 2003, P. 334)
As divergências doutrinarias e jurisprudências citadas por Sílvio de Salvo Venosa na citação acima, retrata de algumas questões relevantes juridicamente que são geradas pela adoção unilateral, que serão analisadas em breve.
O artigo 1.521 menciona que “não podem casar: I - os ascendentes com os descendentes seja o parentesco natural ou civil”; isso ocorre quando o nome de apenas um dos pais biológicos consta no assento de nascimento da criança, ou seja, é aquela criança registrada pela mãe.
Neste caso, o marido/esposa ou o companheiro/companheira poderá pleitear a adoção, bastando, para tanto, que haja concordância do pai ou da mãe (art. 45 da Lei 8.069/90) e que se comprove ser a medida do interesse do adotando (art. 43 da mesma Lei), através de avaliações psicossociais e outras provas úteis". (CURY, 2003. Pág. 159)
A segunda hipótese refere-se à situação em que existe o nome do pai e da mãe da criança no registro de nascimento. Portanto um deles perde o poder familiar, por descumprir alguma obrigação dada pelo poder-dever. Além do consentimento daquele genitor que permanece no poder familiar, também tem que haver a comprovação do descumprimento por perda do poder familiares. Tem muitos casos em que um dos genitores tem uma conduta omissa, não dando nenhum tipo de assistência a sua prole. Pois de acordo com art.1.695 do Código Civil 2002 este tem a obrigação de dar alimento a sua filiação. Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
A terceira hipótese é dada quando um dos genitores da criança é falecido, e assim o poder familiar é inexistente, pois a morte é uma das causas de extinção do poder familiar. Para isso basta a concordância de um dos genitores sobreviventes para seu marido ou companheiro, esposa ou companheira e a observação dos requisitos gerais exigidos pelo instituto para que ocorra a adoção unilateral.
2.11.1 DOS REQUISITOS PARA A ADOÇÃO UNILATERAL 
DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR
A visão do poder familiar, nas palavras de Maria Helena Diniz, traduz-se pelo (...) conjunto de direitos e obrigações, quanto a pessoa e bens do filho menor não emancipado, exercido pelos pais, para que possam desempenhar os encargos que a norma jurídica lhes impõe, tendo em vista o interesse e proteção do filho”.
Ressalte-se que, na realidade contemporânea, a titularidade do poder familiar será conferida, em igualdade de condições, tanto ao pai quanto à mãe do menor. Essa igualdade de tratamento, em contraposição ao Código de 1916, foi modificada pela entrada em vigor da Constituição Federal de 1988, que dispôs que “Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”. 
Em muitos casos, a pessoa que se quer adotar já possui vínculos de filiação com seus genitores, devidamente registrados em certidão de nascimento. No entanto, não muito raras são as situações em que o filho nunca viu o pai, e este, por sua vez, nunca cumpriu com seu dever de sustento e educação, caso em que deverá ser pleiteada a destituição do poder familiar referente ao genitor ausente. 
Um dos casos de destituição do poder familiar previsto no Código Civil é por ocasião da adoção. Nesta modalidade, a destituição poderá ser decretada pelo Juízo competente na própria ação de adoção, não dependendo do consentimento do genitor destituído, que terá direito ao contraditório. 
Sobre o tema, vale destacar que a análise do pedido de destituição do poder familiar nos autos do processo de adoção já foi objeto de intenso debate no meio jurídico, sobretudo no que diz respeito ao interesse processual do adotante em requerê-lo. 
Vale lembrar, até para que os termos técnicos fiquem bem definidos, que não existe no Direito brasileiro a possibilidade de delegação ou renúncia ao poder familiar sobre o menor, eis que, muito embora se trate de um direito a ser exercido por seu titular, trata-se também de um ônus dos pais, um dever irrenunciável. 
O que ocorre, sobretudo no caso de adoção, é a renúncia em favor de outrem, o que seria, como já dito, uma transferência da titularidade do poder, sendo vedada a renúncia por mera liberalidade dos pais. Observe-se o entendimento de Sílvio Venosa:
 “Quanto à adoção, qualquer que seja sua modalidade, ela extingue o pátrio poder da família original, que passa a ser exercido pelo adotante. Na verdade, a adoção transfere o pátrio poder, não o extingue.” 
Caso venha a ser necessário pleitear a destituição do poder familiar, e não haja consentimento do genitor a ser destituído, deverá ser demonstrado que este nunca cumpriu com os deveres provenientes da sua qualidade de genitor, a exemplo: dever de guarda, de sustento e educação dos filhos, ficando tudo sob a responsabilidade da mãe e do padrasto, se for o caso. No entanto, sempreque possível, a melhor saída é a adoção com o consentimento dos pais biológicos.
DO CONSENTIMENTO DO ADOTANDO
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê, em seu artigo 45, §2º, a necessidade do consentimento do adotando, caso este seja maior de 12 (doze) anos, senão vejamos:
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando. (...) §2º Em se tratando de maior de doze anos de idade, será também necessário o seu consentimento. 
Não obstante o regramento conferido pelo artigo supracitado, este deve ser interpretado de forma relativa, a depender do caso concreto. O simples fato de o menor manifestar sua discordância quanto à adoção, tem de ser levado em conta pelo julgador, contudo, este não deverá indeferir o pedido apenas por esse motivo, mas sim aplicar o princípio do melhor interesse do menor. 
DO ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA
O artigo 46 do Estatuto da Criança e do Adolescente prevê a necessidade de estágio de convivência com o adotando, como requisito precedente à adoção. 
O referido estágio de convivência nada mais é do que o período no qual o adotando é submetido aos cuidados dos que têm interesse em adotá-lo, ocasião em que será avaliado o grau de adaptação do menor, bem como a harmonia e o grau de afetividade criado entre o menor e sua nova família. 
Caso o adotando já viva sob os cuidados do adotante, o Juiz poderá decidir pela desnecessidade de fixação de estágio de convivência, tudo a depender do caso concreto. Da boa-fé do adotante Caso o adotando já esteja sob os cuidados do adotante, como forma de comprovar sua boa-fé, bem como os bons cuidados para com o adotando, o adotante deverá apresentar na ocasião da propositura da ação, um atestado de plena capacidade física e mental, certidões negativas de órgãos do Poder Judiciário e declaração de escolaridade do adotando, onde consta sua frequência regular às aulas. 
Desta forma, ao pleitear um pedido de adoção unilateral, assim como qualquer outra modalidade de adoção, deve-se ter em mente que, ao atingir o objetivo do pleito, não é conferido a qualquer das partes o direito de arrependimento. A adoção é irrevogável e faz com que o adotando seja considerado, para todos os fins de direito, filho legítimo do adotante, sem qualquer distinção de eventuais filhos biológicos que este porventura venha a gerar.
2.12 ADOÇÃO INTER-RACIAL/ INTRA-RACIAL
A adoção inter-racial é quando a criança e/ou adolescente pertence à uma raça diferente dos pais adotivos (caso muito comum) e intra-racial quando ambos têm a mesma raça.
A adoção inter-racial é mais complexa, consiste na mistura de raças. É o exemplo de mães brancas que adota filhos negros, ou mães negras que adotam filhos brancos, não importando com a diferença de etnias neles existentes.
No entanto, pesquisas realizadas revela que criança adotada tem sido objeto de discriminação a partir dos preconceitos e estereótipos inseridos em nossa sociedade. Uma das mais fortes razões destes preconceitos tem sido a ideia da importância da consanguinidade – ou seja, dos laços de sangue. Em função desses laços, com vistas a uma preservação biológica, muitos casais que decidem adotar procuram o serviço específico, fazendo algumas exigências e restrições, estabelecendo critérios quanto à idade, à origem, ao sexo e, principalmente, à cor da criança desejada. 
Os adotantes normalmente criam obstáculos fazendo restrições em relação à criança. Com isto, esquece-se que as crianças “disponíveis” à adoção estão necessariamente precisando de uma família e não devem ficar sujeitas a preencher laços vazios de casais sem filhos. 
 O preconceito racial no processo de adoção emerge através das exigências impostas pelos casais requerentes, que, ao se cadastrarem, expõem como idealizam e como desejam a criança, tratando a questão, muitas vezes, como um ato mercantilizável. 
Essas exigências são impostas, com a justificativa de que seus futuros filhos se assemelhem o mais próximo possível às características físicas dos postulantes, a fim de evitar preconceitos futuros e constrangimentos à família. 
Uma pessoa que toma a decisão de adotar uma criança cujas características raciais, ou de cor de pele sejam diferentes das suas, tem grande probabilidade de enfrentar os preconceitos no Brasil, pois em nossa sociedade os preconceitos são, direta ou indiretamente, manifestados pelas pessoas. E por isso, muitas vezes, cometemos injustiças, delitos contra a criança, sobretudo contra crianças em estado de abandono.
De acordo com D’agostini (2000), em pesquisa realizada na cidade de Biguaçu-SC os pretendentes quando indagados sobre a opção étnica do filho(a) pretendido(a), colocaram motivos, como: o receio de não se sentir capazes de manter uma relação filial com uma criança de outra etnia ou de cor de pele diferente da sua; a preocupação quanto ao fato de a criança, durante o seu crescimento, ser discriminada pela própria família destes, podendo não vir a ser considerada como parte integrante da família; o medo de sofrimentos por parte da criança na área escolar, onde é comum receber adjetivos preconceituosos ou pejorativos dos colegas; a preferência por filhos semelhantes a eles, que pudessem ser considerados como tal e serem considerados “pais de verdade” (presença dos laços de sangue); o medo de não saberem lidar com situações cotidianas quando questionados pela criança sobre suas diferenças de cor de pele, tendo que falar muito cedo das suas origens.
Ou seja, existe vontade por partes dos adotantes em adotar criação de cor diversa da sua, o que implica em ele fazerem isso é o medo do preconceito vindo por parte de familiares, bem como, por como por parte da sociedade.
2.13 ADOÇÃO INTERNACIONAL
De acordo com Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A adoção internacional é aquela realizada por pretendente residente em país diferente daquele da criança a ser adotada.
Finda a Segunda Guerra Mundial, a adoção de crianças e adolescentes por estrangeiros passou a ser frequente, visto o grande número de menores órfãos, sem condições de permanecerem com suas famílias. Alguns países ficaram destruídos, mas outros sofreram menos e esses acabaram acolhendo essas crianças vítimas dessa grande tragédia. A partir daí diversos Estados foram realizando acordos, onde a adoção internacional passou a ser solução para grande parte dos problemas. 
O Brasil também passou a aderir a tratados, acordos e convenções internacionais para permitir a adoção por estrangeiros. O Congresso Nacional aprovou a Convenção de Haia, que começou a vigorar em Abril do ano de 1995. Esta convenção tem o intuito de que a adoção internacional venha apresentar real vantagem para crianças e adolescentes que não conseguem uma família substituta no seu próprio país, atuando de forma preventiva e repressiva ao tráfico, assegurando acima de tudo a preservação dos direitos fundamentais e respeitando o princípio do melhor interesse da criança e do adolescente. 
Pode se observar o maior rigor da adoção internacional, pois os adotantes precisam se habilitar em seu país, que deve está aderido à Convenção, para só após se habilitar no país onde irá adotar. Essa é uma forma de proteger a saída do país de crianças e de adolescentes adotados apenas de forma regular, inviabilizando a ocorrência de fim diverso do previsto na lei.
Segundo especialistas ouvidos pelo Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil (UNIC Rio), a adoção de crianças estrangeiras é um processo pouco frequente, longo e bastante complexo, diante da necessidade de garantir a segurança, o bem-estar e a adaptação cultural da criança ao novo país. Segundo advogados especializados, esse tipo de iniciativa deve ocorrer somente em casos excepcionais. E apesar de alguns brasileiros acreditarem ser mais fácil e rápido adotar no exterior, esses processos podem ser tão longos quanto em território nacional.
Quando se trata de crianças de países em situação de conflito, o procedimento é ainda mais complexo e a adoção, pouco indicada. Isso porque muitas vezes as crianças estão separadas de seuspais temporariamente por conta da guerra, o que não significa que estejam órfãs. A prioridade deve ser justamente integrá-las às suas famílias.
A Convenção (de Haia, tratado que regula as adoções internacionais) não recomenda que se faça adoção nessas situações, os casos de adoção de crianças estrangeiras por brasileiros são pouco frequentes, sendo mais comuns situações em que estrangeiros adotam crianças brasileiras, As crianças são disponibilizadas para adoção internacional por juízes da infância e da juventude e isso normalmente ocorre quando não é encontrada uma família brasileira disponível. 
A maioria dos casos envolve crianças maiores de 6 anos. Como há poucas crianças disponíveis para adoção na Europa, por exemplo, eles precisam procurar fora. No entanto, para conseguir efetivar a adoção, existem controles estritos: como por exemplo, é necessário que os futuros pais/mães permaneçam pelo menos 30 dias no país, entre outros mecanismos de avaliação. O volume de processos no sentido oposto — pedidos de brasileiros por crianças estrangeiras — é muito menor.
2.13.1 PROCEDIMENTOS
Os brasileiros interessados em adotar no exterior precisam, num primeiro momento, dirigir-se à Vara da Infância mais próxima e entrar com pedido de habilitação para a adoção de criança em um determinado país. 
A Vara da Infância, por sua vez, remete o processo para a Autoridade Central Brasileira (ACAF), ligada ao Ministério da Justiça. A ACAF entra, assim, em contato com o país referido, informa a pretensão de adoção e envia as documentações necessárias. 
O órgão aguarda o retorno das autoridades estrangeiras, e o processo não pode avançar enquanto isso não ocorrer. Quando os pretendentes têm interesse em adotar crianças que não estão na Convenção de Haia, precisam entrar em contato diretamente com as autoridades do país, e muitas vezes precisam arcar com custos de advogados locais.
Se a criança for de um país não signatário da Convenção de Haia, os pais estarão ainda assumindo todos os riscos, inclusive de envolvimento com tráfico de pessoas. Muitas pessoas que querem adotar crianças pequenas no Brasil ficam muito tempo aguardando, isso muitas vezes move essas pessoas a buscar a adoção no exterior. Mas o tempo lá fora muitas vezes pode ser maior.
No Brasil, há 43,6 mil pretendentes registrados no Cadastro Nacional de Adoção, para 8,7 mil crianças disponíveis. A demora ocorre porque enquanto 90% dos pais/mães procuram crianças de até 6 anos, somente 27% das crianças disponíveis têm essa idade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Na finalização da presente pesquisa, que teve como tese central de análise o instituto da adoção, com um enfoque maior em suas modalidades, principalmente no ordenamento jurídico brasileiro, constatou a importância do tema, bem como da sua aplicabilidade na atualidade do direito civil brasileiro, diante da constante evolução do instituto.
	O levantamento histórico e etnográfico do tema adoção foi revelado de forma prazerosa e fundamentado. A cada linha escrita era como se o papel quisesse mais e mais escritas, a vontade de querer saber mais foi tomada aumentando a cada tema desenvolvido.
A Lei 12.010/2009, que alterou o ECA, 1990, no que diz respeito à lei de adoção brasileira foi de valiosa contribuição social, validando a busca pela manutenção da criança no seio familiar, junto a seus parentes consanguíneos ou por consideração, até que se esgote qualquer possibilidade, não permitindo que famílias inaptas o a receba. 
Existem muitos casos em que não há possibilidade da criança permanecer sob a guarda de seus parentes próximos, sendo melhor que a criança passe pelo processo de adoção, que será retirado do ambiente onde sofreu dores e traumas causados anteriormente, para que a sua qualidade de vida seja garantida. 
Não há dados pesquisados que nos forneçam garantias para generalizar, cada caso é um caso, e todos deverão ser analisados na sua individualidade, tomando cuidado para não deixar a legalidade formal ultrapassar os limites do bom senso.
ANEXOS
ANEXO I - RELATÓRIO COM OS DADOS TOTAL DAS CRIANÇAS CADASTRADAS
ANEXO II - RELATÓRIO DOS PRETENDENTES CADASTRADOS NO CNA - CADASTRO NACIONAL DE ADOÇÃO
REFERÊNCIAS
ÂMBITO JURÍDICO. Disponível em link: https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-88/adocao-intuitu-personae-sob-a-egide-da-lei-n-12-010-09/ (Acessado dia 10/04/2020)
CNJ. https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/adocao/passo-a-passo-da-adocao/ acessado às 16:09 do dia 09/04/2020
CNJ. https://www.cnj.jus.br/cnanovo/pages/publico/index.jsf acessado às 9:56 do dia 09/04/2020
CNJ. https://www.cnj.jus.br/sna/precadastro.jsp?foco=undefined acessado às 23:36 do dia 09/04/2020
CONJUR. Disponível em link: https://www.conjur.com.br/2017-dez-03/carlos-souza-cnj-cria-regras-reconhecer-filiacao-socioafetiva Acessado dia 10/04/2020
CORRÊA, Mariza. Repensando a Família Patriarcal Brasileira. In Colcha de Retalhos, Estudos sobre a Família no Brasil. Campinas: 1994, Editora da UNICAMP
DINIZ, Rafael Ízau. Da possibilidade de adoção do nascituro. Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, 2012. Disponível em link: https://www.emerj.tjrj.jus.br/. Acesso em 10 de abril de 2020. 
NAÇÕES UNIDAS BRASIL , Decreto nº 3.087 de 21 de Junho de 1999. Convenção Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, concluída em Haia, em 29 de Maio de 1993. Disponível em www.planalto.gov.br∕ccivil_03∕decreto∕d 3087.htm. Acesso em 18 Fev 2013.
STJ. http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias-antigas/2017/2017-09-13_10-01_Adocao-postuma-e-possivel-mesmo-com-morte-do-adotante-antes-de-iniciado-processo-de-adocao.aspx
RIOS, Roger Raupp. Homossexualidade e a Discriminação por Orientação Sexual no Direito Brasileiro. 2004. In Cláudia Fonseca, Veriano Terto Jr. e Caleb Farias Alves (orgs.). Antropologia, Diversidade e Direitos Humanos. Porto Alegre: Editora da UFRGS
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