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CENARIO ECONOMICO MUNDIAL

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CENÁRIO ECONÔMICO 
MUNDIAL 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Leonardo Mèrcher 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá! A partir de agora iniciaremos nossa segunda etapa do módulo de 
Cenário Econômico Mundial. Veremos aqui que cada nação se encontra em um 
nível distinto de desenvolvimento econômico, bem como mantém modelos 
econômicos e de mercado próprios. Entre economias desenvolvidas e em 
desenvolvimento estão nações de mercado aberto, em abertura e fechado. Além 
disso, as empresas privadas também lidam com empresas estatais – as maiores 
empresas do mundo são estatais chinesas – assim como muitos governos 
interferem no comércio por meio da diplomacia econômica, empresarial e 
presidencial. 
O cenário de integração regional também será tratado mais uma vez em 
nosso módulo, especialmente no que tange as etapas de integração que 
distinguem os blocos econômicos e interferem na ação empresarial e no 
comércio exterior regional. O livre mercado e a integração econômica, duas 
etapas distintas nesse processo de criação dos blocos, orientam estratégias 
diferentes para o comércio intrabloco, interblocos e transbloco. Vale a pena 
ressaltar ainda que as empresas também participam de debates e 
posicionamentos dentro de muitos desses processos de integração, como 
acontece no Mercosul – o qual mantém representantes sempre que possível 
acompanhando os processos decisórios e opinando em consultas públicas. 
De modo geral, o objetivo do presente conteúdo é mostrar que não existe 
uma economia mundial simplificada, ou seja, igual para todos e com os mesmos 
efeitos comerciais. Cada local no mundo está sob influência das dinâmicas 
econômicas de suas nações, empresas e mercados, bem como do nível de 
desenvolvimento e de abertura dos mercados. Uma única política econômica dos 
Estados Unidos, da China ou da União Europeia pode impactar diferentemente 
diversos setores econômicos e também as políticas econômicas nacionais ao 
redor do mundo. 
Por isso, é importante também entender que a ação internacional das 
empresas pode ocorrer de forma autônoma, ou seja, estudando o cenário 
econômico mundial e decidindo seu caminho, mas também pode ocorrer em 
apoio dos governos. A diplomacia presidencial brasileira, nos últimos anos, 
mostrou-se fortemente vinculada à diplomacia comercial e empresarial. 
Encontros diplomáticos entre chefes de Estados e empresários, bem como 
 
 
3 
cúpulas internacionais, associaram ainda mais o mercado e o comércio 
internacional ao cenário econômico e às relações internacionais. 
Além desse avanço, no entanto, é preciso compreender que algumas 
empresas também criam possibilidades de responsabilidade e mudam, pouco a 
pouco, o futuro econômico global. Iniciativas como o Pacto Global entre 
empresas e a ONU estipularam medidas para o desenvolvimento sustentável. 
Hoje a economia mundial e as demandas comerciais exigem responsabilidades 
de produção e gestão dos Estados e de suas empresas. Se antes a produção 
buscava apenas a eficiência ao diminuir custos para aumentar o lucro e a 
produtividade, hoje a eficiência é associada à capacidade de produção de forma 
sustentável – ou seja, que dê maneiras para a natureza se recompor às futuras 
gerações, sem perdas significativas a médio e longo prazo. 
Essas mudanças de produção impactaram o cenário econômico do século 
XXI, que não pensa mais a economia e o mercado como apenas dinâmicas de 
interesses comerciais, mas também de interesses sociais e de desenvolvimento 
sustentável. O quadrado do desenvolvimento sustentável, defendido pela ONU 
e por outros organismos internacionais, entende que mercado e economia, 
sociedade, cultura e meio ambiente devam andar juntos em qualquer plano 
estratégico de desenvolvimento ou de investimentos de capital. Cabe ao Estado 
e às empresas a responsabilidade pelo desenvolvimento de todos e a 
manutenção dos recursos da humanidade. Com essas reflexões iniciamos agora 
nosso conteúdo sobre como a relação entre empresas e governos faz parte do 
atual cenário econômico mundial. Bons estudos! 
CONTEXTUALIZANDO 
Se os governos regulam os mercados internos com suas leis e instituições 
de fiscalização, o mercado internacional ocorre em um ambiente sem um 
governo, já que não existe um governo mundial. No entanto, nem por isso deixa 
de existir uma governança: diversos regimes e instituições regulam o mercado 
mundial. Mas e a economia? Como um campo resultante da ação de diversos 
governos e empresas, a economia mundial também se utiliza de alguns 
parâmetros que denominamos sistema financeiro internacional. 
Enquanto o mercado recebe as práticas de compra e venda, de 
negociações e outras dinâmicas empresariais e governamentais, o sistema 
financeiro internacional é dado por regras estabelecidas por comunhão dos 
 
 
4 
governos estatais sobre lastro, protecionismo, integração regional e combate a 
especulação e crimes financeiros nacionais e internacionais. Por isso, 
indiretamente, o cenário econômico mundial possui dois pilares de ordenamento 
e governança: as regras nacionais e internacionais do mercado; e as regras 
nacionais e internacionais do sistema financeiro. 
Em ambos os casos as políticas fiscais e cambiais dos governos, bem 
como a fiscalização de práticas empresariais – como crimes de responsabilidade 
e ambientais – ajudam a criar uma rede de boas práticas que se interligam e 
sustentam os fluxos e as regras implícitas da economia mundial. Nesse contexto, 
vale ressaltar que governos e empresas buscam os próprios interesses, mas 
ainda assim passam, em muitos casos, a atuar em conjunto para estabilizar os 
processos e as dinâmicas comerciais, financeiras, políticas e econômicas 
internacionais. 
A relação entre empresas e Estados, portanto, é um ponto importante para 
o futuro profissional de comércio exterior por trazer informações sobre como a 
economia mundial se organiza em sua diversidade de formas e resultados. Se 
não existe uma única economia mundial, é possível dizer que em todas as suas 
formas as fontes de origem são praticamente as mesmas: a relação entre 
mercados, finanças e governos. 
Pesquise 
Se o mundo não possui um governo mundial, então o que é a Organização 
das Nações Unidas? Não seria o secretário-geral da ONU o presidente da 
organização e o presidente do mundo? Não seria ele a maior autoridade política 
acima dos presidentes dos países? Como a ONU se impõe aos interesses 
econômicos dos diversos Estados que a compõem e faz cumprir suas 
recomendações? Essas e tantas outras perguntas são frequentes quando se 
estuda a economia mundial e as bases de sua estabilidade e ordem. Ao saber 
que o cenário internacional é anárquico, o primeiro pensamento é que o mundo 
é um caos sem regras. Mas o fato de não existir um governo mundial não 
significa que não exista ordem dentro dessa anarquia em que os Estados se 
relacionam. 
Para saber um pouco mais sobre como as regras funcionam 
internacionalmente, mesmo sem um governo para impor direitos e deveres, é 
importante estudar e pesquisar um pouco mais sobre governança, regimes e 
 
 
5 
organizações internacionais que se preocupam com a economia mundial. 
Autores como Stephen Krasner, Joseph Nye e John Ruggie escreveram muitos 
artigos sobre esse tema, cada qual com sua visão peculiar. Mas o que todos 
concordam é que, de fato, não existe um governo mundial e a ONU é apenas 
uma organização feita por Estados (e abaixo dos Estados) com poder de 
decisão. As suas recomendações são cumpridas mais pelo medo da coerção do 
coletivo (ou seja, dos demais Estados) do que pelo uso da força da ONU, que 
não possuiesse recurso. Logo, cumprem as recomendações da ONU aqueles 
que querem cumprir, inclusive em seus modelos econômicos. 
Já o secretário-geral da ONU é apenas chefe de um dos seis órgãos da 
instituição, que é o órgão administrativo denominado Secretaria Geral das 
Nações Unidas. Portanto, ele não é o presidente da ONU, mas apenas o 
responsável por facilitar a administração dos demais órgãos que gozam de 
autonomia decisória em relação a ele. O mundo não possui um presidente, 
apenas regimes e boa vontade dos Estados em fazê-los cumprir, cabendo à ação 
coletiva dos Estados pressionar pelo seu cumprimento, mas sempre garantindo 
o direito à soberania — ou seja, que cada Estado respeite o território e as 
políticas econômicas nacionais de cada um. 
Para saber mais sobre governança global e economia acesse o site da 
ONU Brasil, disponível em <http://www.onu.org.br/>. Lá você encontrará muitas 
informações sobre governança, regimes, empresas e suas relações com as 
organizações internacionais, bem como outros temas tratados pelos Estados, 
como o regime do comércio e do sistema financeiro internacional. 
TEMA 1 – CENÁRIO POLÍTICO E ECONÔMICO INTERNACIONAL 
Dentro de um Estado é fácil saber quais são as regras a serem seguidas 
em um processo de negociação, comercialização ou gestão empresarial. O 
Contrato Social que cada sociedade firma, que no caso do Brasil é a nossa 
Constituição Federal de 1988, estabelece as regras e normas mínimas para que 
a ordem seja mantida. O que pode e o que não pode ser feito estará sempre 
respaldado na Constituição Federal (no Estado) ou terá abertura para novos 
debates sobre novos desafios. Mas o que acontece internacionalmente? Como 
ficam as dinâmicas internacionais? É importante destacar que, dada a natureza 
anárquica do cenário internacional (ou seja, o fato de não existir um governo 
mundial para impor regras a todos), os Estados criam conjuntos de tratados 
 
 
6 
bilaterais e multilaterais para favorecer o comércio e as relações econômicas 
entre as nações. 
Esses conjuntos de tratados entre Estados criam também regulações 
(acompanhamento das dinâmicas) e regulamentações (direitos e obrigações das 
partes). Esses conjuntos de tratados em temas específicos são denominados 
regimes internacionais. Com o intuito de trazer mais segurança e tranquilidade 
entre as partes em comércio internacional, os Estados estabelecem regimes 
internacionais de comércio, sistema financeiro, ajuda financeira e 
desenvolvimento econômico e social. Esses regimes possuem formas 
diversificadas, mas os que os une em uma única classificação é que são feitos 
pelos Estados e para os Estados de livre participação. Nenhum regime é imposto 
a um Estado. Contudo, permanecer fora de um regime pode levar a perdas ao 
Estado, como pouca proteção internacional, violação de direitos comerciais e 
não ter a quem pedir ajuda ou denunciar outros Estados que se mostrem 
corruptíveis. 
Por isso participar de regimes internacionais é sempre um bom caminho 
aos Estados que, por sua vez, regulam e regulamentam as práticas das 
empresas. Por mais que muitos Estados possuam economias políticas distintas, 
desde economias socialistas até as neoliberais1, todos regulam a ação do 
mercado por meio de políticas públicas, como as de câmbio, de juros e fiscais. 
Mas a diferença de economias e mercados em cada Estado cria um cenário 
complexo de se analisar. Como um futuro profissional de comércio exterior, é 
importante entender essas peculiaridades. 
De modo geral, existem três tipos de estágios de desenvolvimento 
econômico hoje: nações desenvolvidas, em desenvolvimento, e não 
desenvolvidas ou subdesenvolvidas. O cenário econômico mundial é recortado 
por algumas poucas nações desenvolvidas, uma grande parcela em 
desenvolvimento e um grupo menor não desenvolvido. E de onde e como surge 
essa classificação do que é e do que não é desenvolvido? Resumidamente, 
existe uma convenção (consenso) no Sistema ONU (ou seja, a ONU e suas 
organizações internacionais, como o Banco Mundial) que estabelecem critérios 
de desenvolvimento econômico, como saneamento básico, formação intelectual 
 
1 Para saber mais sobre esses termos, acesse o artigo do professor Maximiliano Martim Vicente, 
denominado “A crise do Estado de bem-estar social e a globalização”, disponível em 
<http://books.scielo.org/id/b3rzk/pdf/vicente-9788598605968-08.pdf>. Acesso em: 29 ago. 
2017. 
 
 
7 
da mão de obra (tempo de estudo por indivíduo), acesso aos bens de consumo 
e qualidade de vida. Existem outros critérios, mas, de modo geral, eles giram em 
torno de índices econômico-sociais. 
É importante esclarecer que desenvolvimento econômico não 
necessariamente é igual a desenvolvimento social. Um Estado pode ter alto 
índice de desenvolvimento econômico, como nações do Oriente Médio que 
vivem do petróleo, mas com baixa distribuição de renda entre seus habitantes. 
Em uma análise teórica, o produto interno bruto (PIB), ou seja, tudo aquilo que 
uma nação produz de riquezas, pode ser contabilizado como se todos os 
indivíduos daquele país recebessem parcelas iguais de uma divisão igualitária 
dos lucros. Mas isso não acontece. Alguns detêm quase todo o lucro de 
produção, enquanto a maioria continua em índices baixos de desenvolvimento 
social. Por isso, nem sempre desenvolvimento econômico e índices econômicos 
revelam a realidade de uma sociedade desigual. 
Economias em desenvolvimento são aquelas que se esforçam para 
melhorar seus índices de desenvolvimento econômico e social, superando 
desigualdades e financiando obras e investimentos públicos e privados 
(nacionais e internacionais) para o crescimento e a eficiência de sua produção e 
gestão. E de onde vem essa ajuda? Geralmente, agências internacionais de 
desenvolvimento (FMI, Banco Mundial etc.) emprestam capital para financiar 
projetos nacionais de desenvolvimento e aproveitam para inserir sua cartilha de 
boas práticas (orientando a maneira como o dinheiro deverá ser gasto e até 
mesmo interferindo nos processos de decisão política da nação). 
Em alguns casos, nações de economias em desenvolvimento criam 
práticas inovadoras que, sozinhas, conseguem melhorar os índices de 
desenvolvimento. Mas, de modo geral, muitas nações buscam no investimento 
de capital estrangeiro (empresários e investidores) o financiamento de suas 
políticas de desenvolvimento. Essa dinâmica é vista em quase todos os Estados, 
incluindo os já desenvolvidos, onde o governo vende títulos de investimento a 
médio e longo prazo (também chamados de títulos de dívida nacional ou títulos 
do tesouro nacional). A China, por exemplo, conta com diversos empresários e 
investidores que compram esses títulos da dívida do tesouro dos EUA, Brasil e 
outras nações ao redor do mundo. 
Mas por que investidores compram esses títulos? Porque são 
investimentos, como já mencionado, que duplicam ou triplicam o dinheiro 
 
 
8 
investido de acordo com as taxas de juros dos bancos centrais nacionais. Se um 
brasileiro compra um título do tesouro dos EUA e a taxa de juros dos EUA 
aumenta (por decisão do banco central do próprio EUA), logo o investimento irá 
aumentar. Na data estipulada do título (todo título tem uma data de saque para 
o comprador), o brasileiro poderá devolver o título para os EUA em troca do valor 
inicial corrigido pelos juros. 
Esse tipo de investimento faz girar políticas econômicas locais que, 
consequentemente, interferem na macroeconomia e no cenário econômico 
mundial. Mas como as economias não desenvolvidas ou subdesenvolvidas 
geralmente têm instabilidades e incertezas de crescimento econômico,poucos 
se atrevem a investir nelas ou a lhes dar empréstimos, o que agrava ainda mais 
a situação. Quanto mais desenvolvida for uma economia, mais ela atrairá 
investidores, e quanto menos desenvolvida, menos investidores atrairá — o que 
perpetua desigualdades econômicas entre as nações. 
Também já mencionamos as economias abertas (EUA, Brasil, União 
Europeia), fechadas (Coreia do Norte) e em processo de abertura (Rússia e 
Cuba). Economias de mercado aberto são mais desejadas e passam maior 
confiança aos investidores, enquanto as fechadas podem omitir problemas e 
crises iminentes por determinação dos governos, o que afasta investidores. Mas 
todas as nações, abertas ou fechadas, fazem parte de um único mundo, onde 
os recursos são limitados a todos e exigem políticas de cooperação e 
planejamento de gastos. 
Figura 1: Mapa das Coreias: Coreia do Norte com mercado fechado e Coreia do 
Sul com livre mercado 
 
Fonte: Revista Nova Escola, 2017. 
 
 
9 
Na imagem do mapa da Coreia do Norte e da Coreia do Sul é possível 
perceber essa ideia de que não existem nações isoladas no mundo. Entre seus 
vizinhos estão o Japão, com economia de mercado aberta, e a China, em 
processo de abertura econômica após décadas de modelo econômico fechado. 
No caso das Coreias, além de outros processos políticos, foram os modelos 
econômicos que dividiram a península e resultaram da divisão entre os dois 
países atuais retratados no mapa. 
Mesmo que você não tenha tanto interesse em política ou no 
comportamento dos Estados, é fundamental lembrar que são eles que regulam 
e regulamentam o comércio internacional e o que suas empresas podem ou não 
fazer quando estiverem trabalhando no comércio exterior. Por isso, tente ao 
menos se familiarizar com as políticas econômicas e as dinâmicas de 
investimento internacionais. Esse conteúdo contribuirá, por exemplo, para que 
perceba de antemão futuras crises financeiras, quebras em bolsas ou até mesmo 
bolhas de crescimento (ou seja, crescimento especulativo sem um crescimento 
real da economia). 
TEMA 2 – EMPRESAS E A RESPONSABILIDADE ECONÔMICA MUNDIAL: 
PACTO GLOBAL 
Toda e qualquer empresa está submetida a, ao menos, um Estado no 
mundo. Nesse sentido, quando muitos Estados participam de um regime 
internacional, mais empresas se submetem às mesmas regras, ou seja, passam 
a ter os mesmos comportamentos, direitos e deveres e, com isso, diminui-se a 
insegurança e as práticas abusivas no comércio internacional. 
Se os regimes trazem consigo uma padronização do comportamento dos 
Estados e, consequentemente, das empresas e do comércio internacional, ainda 
assim não existe um governo global para impor as regras aos que descumprem 
os regramentos acordados. Por isso, muitas vezes empresas que prejudicam o 
mercado internacional levam seus Estados a serem chamados a prestar 
explicações dentro dos regimes dos quais fazem parte. Nem sempre os Estados 
conseguem defender as práticas comerciais que ocorrem em seus mercados e 
empresas. Por isso, alguns regimes, como o regime mundial do comércio, 
representado pela Organização Mundial do Comércio (OMC), possuem em 
comum acordo as práticas de retaliações. 
 
 
10 
As retaliações do regime mundial do comércio não são para as empresas, 
mas caem sobre os Estados que permitem que as empresas atuem de má-fé. 
Isso significa que se uma empresa comete um crime internacional, como o 
dumping (baixar muito o preço de seu produto para quebrar a concorrência), não 
será ela a ir ao banco dos réus na OMC, mas sim o Estado que a regula. Nesses 
painéis de arbitragem e julgamento o Estado acusado poderá se defender, mas 
caso seja culpado terá que solucionar a questão ou então arcar com as 
consequências. Essas consequências vão desde boicotes comerciais dos 
Estados-membros da OMC aos produtos do Estado culpado até embargos 
econômicos nas transferências bancárias internacionais de todos os cidadãos 
daquele país, e até mesmo a expulsão do Estado do regime mundial do 
comércio, o que pode levar a um isolamento econômico e comercial em relação 
ao restante do mundo. 
Mas será que apenas os governos tomam iniciativas para cobrar as 
empresas a contribuir para uma economia mundial mais saudável e sustentável? 
A resposta é não. As próprias empresas participam de processos de 
colaboração. Algumas empresas buscam contribuir com o desenvolvimento 
sustentável defendido pelo Sistema ONU. Mais do que nunca, o consumidor em 
diversas partes do mundo, incluindo no Brasil, busca bens e serviços com 
práticas sustentáveis e socialmente positivas. Uma dessas iniciativas 
empresariais junto à Organização das Nações Unidas é o Pacto Global. 
Por definição, o Pacto Global é uma iniciativa desenvolvida pelo ex-
secretário-geral da ONU, Kofi Annan, com o objetivo de mobilizar a comunidade 
empresarial internacional para a adoção, em suas práticas de negócios, de 
valores fundamentais e internacionalmente aceitos nas áreas de direitos 
humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção refletidos 
em 10 princípios (Pacto..., 2017). Essa iniciativa conta com a participação de 
agências das Nações Unidas, empresas, sindicatos, organizações não 
governamentais e demais parceiros necessários para a construção de um 
mercado global mais inclusivo e igualitário. Hoje já são mais de 12 mil 
organizações signatárias articuladas por cerca de 150 redes ao redor do mundo 
(Pacto..., 2017). 
As empresas participantes do Pacto Global são diversificadas e 
representam diferentes setores da economia e regiões geográficas, buscando 
gerenciar seu crescimento de uma maneira responsável, que contemple os 
 
 
11 
interesses e as preocupações de suas partes interessadas — incluindo 
funcionários, investidores, consumidores, organizações militantes, associações 
empresariais e comunidade. O Pacto Global não é um instrumento regulatório, 
um código de conduta obrigatório ou um fórum para policiar as políticas e 
práticas gerenciais, mas sim uma iniciativa voluntária que procura fornecer 
diretrizes para a promoção do crescimento sustentável e da cidadania por meio 
de lideranças corporativas comprometidas e inovadoras. 
O Pacto Global conta com um website2 referencial sobre cidadania 
empresarial com informações sobre as iniciativas dos escritórios da ONU, 
eventos programados e informações sobre as empresas signatárias no Brasil e 
no mundo. Além de dar complementaridade às práticas de responsabilidade 
social empresarial e ser um compromisso mundial, o Pacto Global é uma 
iniciativa importante e base para a criação da ISO 26000 de Responsabilidade 
Social (RSE). Em seus dez princípios, diversos selos também encontram apoio. 
O Pacto Global promove dez princípios universais, derivados da 
Declaração Universal de Direitos Humanos, da Declaração da Organização 
Internacional do Trabalho sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, 
da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e da Convenção 
das Nações Unidas Contra a Corrupção. São eles, seguindo o texto do Pacto 
(2017): 
a. Direitos Humanos: 
1. As empresas devem apoiar e respeitar a proteção de direitos humanos 
reconhecidos internacionalmente; e 
2. Assegurar-se de sua não participação em violações destes direitos. 
Figura 1: Selos referentes aos princípios de direitos humanos (números 1 e 2) e 
trabalho (números 3 a 6) 
Fonte: Pacto..., 2017. 
 
 
2 Disponível em: <www.unglobalcompact.org>. 
 
 
12 
b. Trabalho: 
3. As empresas devem apoiar a liberdade de associação e o 
reconhecimento efetivo do direito à negociação coletiva; 
4.A eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou compulsório; 
5. A abolição efetiva do trabalho infantil; e 
6. Eliminar a discriminação no emprego. 
c. Meio Ambiente: 
7. As empresas devem apoiar uma abordagem preventiva aos desafios 
ambientais; 
8. Desenvolver iniciativas para promover maior responsabilidade 
ambiental; e 
9. Incentivar o desenvolvimento e difusão de tecnologias ambientalmente 
amigáveis. 
d. Contra a Corrupção: 
10. As empresas devem combater a corrupção em todas as suas formas, 
inclusive extorsão e propina. 
Figura 2: Selos referentes aos princípios de meia ambiente (números 7 a 9) e 
contra a corrupção (número 10) 
Fonte: Pacto..., 2017. 
Dessa forma, as empresas participantes se comprometem por livre 
vontade a cumprir esses pontos. Caso não os cumpram, são desvinculadas do 
Pacto Global e, consequentemente, podem ter sua imagem manchada perante 
a opinião pública e os investidores, bem como diante dos consumidores. Essa 
iniciativa une empresas, Estados e suas organizações internacionais em prol de 
um comércio internacional mais consciente sobre as responsabilidades com o 
desenvolvimento sustentável. 
 
 
13 
Os direitos humanos, sociais e os recursos naturais são um bem de todos 
e fazem parte de uma economia mundial mais saudável. Os selos ambientais, 
bem como o selo do Pacto Global, melhoram a imagem da empresa, o que, 
consequentemente, tem impacto positivo em suas negociações comerciais ou 
na busca por novos mercados internacionais. Por isso a iniciativa de empresas 
em contribuir com uma economia mais limpa, responsável e em cooperação com 
outros agentes internacionais deve ser vista como uma oportunidade concreta 
de mudanças na economia mundial. 
TEMA 3 – DIPLOMACIA E EMPRESAS NA ECONOMIA MUNDIAL 
A diplomacia não é exclusividade dos governos, pois as empresas 
também praticam o que chamamos de diplomacia empresarial ou diplomacia 
paralela empresarial (também conhecida como paradiplomacia empresarial). A 
diplomacia nada mais é do que uma instituição de normas de comportamento 
para negociar interesses com entes que estão sob uma outra jurisdição ou 
realidade nacional, isto é, entre Estados estrangeiros, empresas que vão a 
outros países e até mesmo entre cidades e organizações não governamentais. 
Tradicionalmente a diplomacia é exercida pelo Estado para se relacionar 
com outros agentes internacionais (Estados, organizações internacionais, blocos 
econômicos etc.). É a diplomacia entre governos estrangeiros que cria os já 
mencionados regimes que, por sua vez, regulam o sistema financeiro 
internacional e o mercado. A economia, como também já mencionamos, resulta 
da junção desses pilares (sistema financeiro e mercado), além da própria ação 
das empresas. 
Muitas empresas pressionam os governos para adotarem determinadas 
políticas econômicas. Essa pressão chamamos de lobby. Essa palavra 
estrangeira significa exatamente isso: quando uma ou mais empresas se juntam 
para pressionar políticos e diplomatas a se posicionarem favoravelmente aos 
interesses de mercado, o que se reflete na diplomacia e nos modelos 
econômicos nacionais e internacionais. 
As empresas, nesse momento, deixam de ser apenas agentes comerciais 
e do mercado e passam a ser agentes políticos nacionais e até internacionais. 
Com recursos financeiros, empresas conseguem negociar com governos 
flexibilizações para que abram filiais ou subsidiárias. Também conseguem, em 
uma relação diplomática com governos estrangeiros, a flexibilização de impostos 
 
 
14 
e responsabilidades jurídicas e sociais. Já vimos que o Pacto Global busca 
exatamente controlar essa situação para que os direitos humanos e a 
estabilidade política e econômica se mantenham saudáveis, diminuindo a 
corrupção e as desigualdades. Mas será que todos respeitam esses ideais? 
Infelizmente não. Muitas empresas ainda agem como predadoras no mercado 
internacional, e isso pode impactar negativamente o desenvolvimento da 
economia mundial. 
Geralmente a diplomacia de uma empresa é exercida por profissionais de 
comércio exterior, relações internacionais ou direito. Em alguns casos, 
profissionais com notório saber (e experiência profissional) também ocupam 
esses cargos. Essa atividade muitas vezes não recebe o nome de diplomacia 
empresarial dentro da firma, podendo ser denominada setor internacional, de 
vendas e exportação, de negócios estratégicos e tantos outros nomes. No 
entanto, suas funções quase sempre possuem processos similares, como o 
contato direto com mercados estrangeiros e representantes para negociação 
com governos e outras empresas estrangeiras. 
O processo de negociação diplomático empresarial, contudo, não diz 
respeito à compra e à venda de bens e serviços (isso ainda é comércio), mas 
sim às situações em que a empresa se relaciona politicamente com governos e 
outras empresas. Por exemplo: quando uma empresa negocia flexibilidade fiscal 
ou facilidades de instalação com uma prefeitura estrangeira, trata-se de 
diplomacia empresarial, dado que questões culturais serão evocadas — por 
exemplo, uma situação hipotética: “no meu país temos a cultura de usar 
materiais descartáveis, mas como em seu país não existe essa possibilidade os 
produtos finais ficarão mais caros e precisaremos de uma ajuda do governo na 
diminuição dos impostos para que não percamos capacidade de concorrência”. 
Nesse exemplo uma empresa dialoga diretamente com um governo estrangeiro 
ou empresa estrangeira parceira para pressionar por ganhos além da simples 
comercialização (compra e venda). 
Outro exemplo de diplomacia empresarial é o próprio Pacto Global, sob o 
qual empresas se reúnem para definir práticas e medidas que orientem o 
desenvolvimento sustentável junto à ONU. As empresas que enviam 
representantes para acompanhar painéis de arbitragem na Organização Mundial 
do Comércio (OMC) também estão fazendo diplomacia empresarial. 
 
 
15 
Um último exemplo importante de diplomacia empresarial é visto hoje nas 
câmaras de comércio. Observando a economia mundial e suas dinâmicas, as 
câmaras de comércio (associações de empresas de um determinado país) 
passam a representar interesses de seus membros (empresas associadas) em 
uma nação estrangeira. A Câmara de Comércio dos EUA no Brasil, por exemplo, 
possui diversas sedes espalhadas em cidades brasileiras e representa os 
interesses empresariais estadunidenses em nosso mercado e com nossos 
governantes brasileiros. 
As Câmaras de Comércio, portanto, exigem um corpo de profissionais 
capazes de entender as dinâmicas econômicas internacionais que podem 
dificultar ou favorecer negócios e exportações e exigir posicionamentos do 
empresariado junto às decisões dos governantes. A diplomacia empresarial 
exercida pela câmara de comércio pode ser no singular (ou seja, a câmara em 
si mandando seus funcionários representarem setores ou todos os seus 
associados), ou plural (quando diversos empresários das suas diferentes 
empresas associadas se fazem presentes em um evento diplomático, como 
jantares, comemorações e negociações com governantes estrangeiros). 
Além das câmaras de comércio, que são instituições empresariais, 
existem os consulados criados pelos governos. Quase sempre consulados 
gerais e consulados honorários também dão suporte às empresas e se tornam 
canais de escuta dos governos em relação ao interesse de mercado. Não é 
incomum câmaras de comércio enviarem representantes para apresentarem 
projetos e propostas de negociação diplomática aos consulados 
governamentais. Em muitos consulados, por exemplo, existem setores do 
governo especializados no comércio e na diplomacia empresarial,como é o caso 
do U.S. Commercial Service do governo dos EUA, que auxilia empresas 
estadunidenses na negociação com governos e empresas ao redor do mundo. 
Enquanto a Câmara de Comércio dos EUA no Brasil é composta por empresas 
estadunidenses, o Commercial Service é composto por funcionários 
diplomáticos do próprio governo dos EUA, sendo que ambos podem atuar juntos 
em uma diplomacia governamental e empresarial para novos mercados. 
Com isso, seja em relação a um governo ou uma organização 
internacional, seja com outras empresas, a diplomacia empresarial surge como 
um canal fundamental que cresce cada vez mais, dadas as exigências do atual 
cenário econômico mundial. A diplomacia empresarial ou governamental passa 
 
 
16 
a definir, junto às empresas e especialmente aos Estados e as suas 
organizações internacionais, as normas e práticas econômicas que se 
desenvolvem ao longo dos anos. Para que esse conteúdo possa ajudar em sua 
formação, é só lembrar que políticas econômicas são resultantes tanto dos 
interesses dos governos como também das empresas e do mercado. 
TEMA 4 – INTEGRAÇÃO REGIONAL E EMPRESAS 
Agora que já vimos a relevância de se compreender a economia mundial 
e a relação entre empresas, Estados e governos na criação de regimes, chegou 
o momento de ver como as economias regionais se organizam nesse mundo 
globalizado. Os processos de economias regionais hoje experimentam as 
dinâmicas da integração regional e a criação de blocos econômicos. Regiões do 
mundo com dinâmicas e interesses econômicos semelhantes optam por integrar 
ou criar novos tratados de cooperação comercial e econômica para se 
fortalecerem diante da intensa abertura de mercados causada pela globalização. 
Segundo o teórico da integração regional Bela Balassa, conforme exposto 
no livro de Paulo Vagner Ferreira (2015, p. 161), a integração regional 
proporciona um favorecimento às economias locais que se abrem para seus 
vizinhos em determinadas etapas, desde a mais simples (zona de livre comércio) 
até a mais complexa (integração econômica). As etapas de Balassa sobre a 
integração regional decorrem de sua observação do processo de criação da 
União Europeia no século XX. 
Inicialmente, França e Alemanha decidiram criar meios de cooperação 
econômica após a Segunda Guerra Mundial para evitar uma terceira guerra. A 
cooperação econômica iria atrelar as duas economias — o que dificultaria ações 
de violência mútua. Ambas as nações, anteriormente em posições opostas na 
guerra, precisariam se desenvolver em conjunto para se recuperarem dos 
estragos do conflito. Em 1952, além da França e da Alemanha, uniram-se 
Bélgica, Luxemburgo, Holanda e Itália em uma cooperação econômica que ficou 
conhecida como a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Ceca). Esse 
nome veio dos dois insumos que sustentavam a recuperação econômica da 
França e da Alemanha e que também foram alvos de disputas durante as duas 
guerras mundiais. 
Com a Ceca se iniciava um processo longo que resultaria, ao longo do 
século XX, na adesão de mais Estados europeus a essa comunidade e a uma 
 
 
17 
outra criada em paralelo em 1967: a Comunidade Econômica Europeia (Cee). A 
partir da Cee os pilares da futura União Europeia foram erguidos. Em 1992, com 
o Tratado de Maastricht, a União Europeia, tal qual a conhecemos hoje, surgiu, 
não como uma criação nova, mas como resultado de todo o processo de 
integração dos Estados nas décadas anteriores. 
Observando a trajetória da União Europeia, Balassa, assim como os 
demais blocos de integração regional que foram surgindo após 1952, foram 
tendo como exemplo as etapas de integração experimentadas pela Europa. 
Primeiramente, os blocos surgem de um tratado que, no geral, defende a 
cooperação regional entre Estados vizinhos ou da mesma região geopolítica. Em 
um segundo momento, inicia-se o primeiro estágio da integração: a zona de livre 
comércio. Nela os Estados-membros decidem diminuir ou eliminar barreiras de 
importação e exportação aos produtos regionais. Um exemplo hoje seria o Nafta 
(Tratado Norte-Americano de Livre Comércio, envolvendo Canadá, EUA e 
México) e a Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático). O comércio 
intrabloco (dentro do bloco) possui facilidades de que vendedores fora do bloco 
não gozam. 
Depois da zona de livre comércio vem a união aduaneira. É na união 
aduaneira que a região deixa de ser apenas um espaço comercial específico e 
se torna, de fato, um bloco com políticas comuns às demais nações e empresas 
de fora da região. Um exemplo é o Mercosul. Na união aduaneira, os Estados-
membros do bloco decidem seguir as mesmas taxações aos produtos 
estrangeiros, ou seja, a importação de algodão, por exemplo, por qualquer 
membro terá o mesmo imposto alfandegário. Essa medida exige uma 
coordenação dos governos, eliminando antigas preferências bilaterais. 
Um exemplo de união aduaneira: se antes do Mercosul (1991) o Brasil 
tinha tratados de importação de eletrônicos com a China, cobrando 2% de 
imposto sobre o produto chinês que chegava aos portos brasileiros, agora, com 
a integração, essa porcentagem será decidida por todos os membros. Se 
Argentina, Uruguai e Paraguai decidirem que para qualquer produto eletrônico 
chinês se cobre 5% de imposto, o Brasil terá que aderir e romper os tratados 
anteriores, passando a cobrar 5% dos produtos chineses ao chegarem a seus 
portos. 
Essa medida pode proteger a região de produtos da China e favorecer o 
consumo de eletrônicos produzidos dentro da região (intrabloco). Como medida 
 
 
18 
defensiva, a união aduaneira possibilita a industrialização e a 
complementariedade de produção e consumo no bloco. Mas, longe de buscar o 
isolamento, a união aduaneira visa muito mais facilitar o comércio do bloco com 
o mundo (por meio da diminuição da diversidade de taxas de importação) do que 
apenas proteger indústrias locais. Assim, um produto que chegar pelos portos 
brasileiros ou argentinos irá pagar apenas uma taxação, em um único valor. 
Vale ressaltar que o Mercosul é uma união aduaneira imperfeita, ou seja, 
ainda está em processo de simetria das taxas de aduana. Mas, como seu nome 
diz, o seu objetivo é chegar à terceira etapa: se tornar um Mercado Comum do 
Sul. O Mercado Comum é a terceira etapa, na qual além da zona de livre 
comercio dentro do bloco e de taxas de aduanas iguais, é possível que 
trabalhadores, estudantes, bens, serviços e investimentos (transferência de 
lucros e abertura de empresas) ocorram sem passar pela burocracia das 
alfândegas ou de controles, taxas e impostos nacionais. Isso significa que, hoje, 
no Mercosul, um brasileiro que busca abrir uma empresa na Argentina ainda tem 
que se adequar às normas locais e pagar taxas toda vez que fizer remessas do 
lucro para sua conta no Brasil. Com o mercado comum isso se resolve pela livre 
circulação. 
Após o mercado comum existe a quarta etapa da integração: a integração 
econômica. Apenas a União Europeia alcançou essa etapa, na qual se cria um 
banco central do bloco que elimina ou suprime os bancos centrais nacionais. 
Com um único banco central (como o Banco Central Europeu), os Estados-
membros deixam de controlar as políticas macroeconômicas e muitas outras, 
como as políticas cambiais. Na integração ou união econômica é o bloco que 
determina as políticas econômicas sobre seus membros (salvo políticas 
econômicas menores, como a decisão sobre se vão investir mais ou menos no 
funcionalismo público ou como gastar a poupança em obras públicas). 
Nunca se realizou uma quinta etapa que desse um passo adiante em 
relação à integração econômica, mas os teóricos apontam que essa nova etapa 
seria a criaçãode uma integração política total, ou seja, o surgimento de uma 
organização internacional com ares de novo Estado. É como se a União 
Europeia deixasse de ser uma organização internacional e passasse a ser um 
novo Estado federativo, como os EUA ou o Brasil. Mas, como isso não 
aconteceu, para os estudos sobre o cenário econômico mundial fica a relevância 
 
 
19 
de se conhecer a origem das empresas consumidoras e vendedoras e como 
negociar com esses blocos, sabendo suas características e peculiaridades. 
TEMA 5 – LIVRE MERCADO OU INTEGRAÇÃO ECONÔMICA? 
Neste último momento do conteúdo, fica a grande dúvida sobre os rumos 
econômicos regionais: escolher entre o livre mercado na integração ou ir além e 
alcançar a integração ou união econômica? Essa questão é feita a todo 
momento, desde os EUA, que não querem uma integração maior com México e 
Canadá (permanecendo confortavelmente na zona de livre mercado), até os 
movimentos de saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) em 2016. 
Tanto o Nafta (na América do Norte) como a Asean (no sudeste asiático) 
estão confortáveis com a criação de uma zona de livre comércio mais 
cooperativa. Os interesses comerciais são facilitados e as empresas dessas 
regiões possuem vantagens em produção, venda e investimento intrabloco. Os 
governos dos Estados envolvidos alegam que avançar mais na integração seria 
abrir mão da autonomia de gestão nacional. Isso significa que criar aduanas 
iguais ou buscar uma integração ou união econômica traria mais problemas do 
que vantagens a partir do momento em que o governo dos EUA, por exemplo, 
teria que tomar medidas econômicas exclusivamente em consenso com os 
governos mexicanos e canadense. 
Mais ou menos na mesma linha de pensamento, parte do Reino Unido 
decidiu, em plebiscito, retirar-se da União Europeia em 2016, num movimento 
conhecido como Brexit (Great Britain Exit). Indivíduos e políticos britânicos 
alegavam que a união econômica da União Europeia trazia mais malefícios do 
que benefícios, como a baixa autonomia de se criar políticas econômicas 
nacionais em momentos de crise internacional. Além de outras questões de 
âmbito mais social, a mobilização pela saída do Reino Unido da União Europeia 
aponta para o questionamento já mencionado: até que ponto a integração é 
vantajosa e até onde ir? Para França e Alemanha, as duas maiores economias 
da União Europeia hoje, a integração é o único caminho em um mundo 
globalizado. 
De fato, muitos políticos britânicos também se posicionam ainda hoje 
contra a saída do Reino Unido da organização. Mas, na condição de decisão 
nacional, a integração regional pode avançar, retroagir e até mesmo permanecer 
 
 
20 
confortavelmente estagnada quando os interesses econômicos e comerciais dos 
envolvidos estão sendo atendidos. 
TROCANDO IDEIAS 
As questões econômicas são inerentes aos processos de integração 
regional e ao comportamento empresarial no cenário mundial. Existem outros 
blocos ao redor do mundo em diversos estágios de integração. Nas Américas, 
como já mencionados, existem Nafta, Caricom (Mercado Comum e Comunidade 
do Caribe), Mercosul, Can (Comunidade Andina), Parlacen (Parlamento Centro-
Americano) e Unasul (União de Nações Sul-Americanas), além das mais antigas 
Alalc (Associação Latino-Americana de Livre Comércio) e Aladi (Associação 
Latino-Americana de Integração). Na África existem Ecowas (Comunidade 
Econômica dos Estados da África Ocidental), a Sadc (Comunidade de 
Desenvolvimento da África Austral), Cemac (Comunidade Econômica e 
Monetária da África Central), Igad (Autoridade Intergovernamental para o 
Desenvolvimento) e Amu (União do Magrebe Árabe). Na Ásia existem GCC 
(Conselho de Cooperação do Golfo), Saarc (Associação Sul-Asiática para a 
Cooperação Regional), Asean e Cis (Comunidade dos Estados Independentes). 
Na Europa, além da União Europeia existe o Efta (Associação Europeia de Livre 
Comércio), e na Oceania, o Pif (Fórum das Ilhas do Pacífico) e a Anzcerta 
(Acordo Comercial sobre Relações Econômicas entre Austrália e Nova 
Zelândia). 
Essa diversidade de blocos regionais cresce a cada dia, visto que além 
dos blocos as cooperações em zonas oceânicas também ocorrem, como entre 
as nações ao redor do Oceano Pacífico. Que tal dar uma olhada em alguns 
desses blocos e ampliar seu conhecimento sobre o cenário econômico mundial? 
Um bom caminho é iniciar pelo site do Ministério das Relações Exteriores sobre 
Integração Regional3. Bons estudos! 
NA PRÁTICA 
Identifique se existe complementariedade econômica entre as nações do 
Mercosul e suas empresas. Observe, por exemplo, a produção e o consumo de 
um setor, como o de eletrodomésticos. Veja as reclamações do governo 
 
3 Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/integracao-regional>. 
 
 
21 
argentino, nos anos 1990 e início dos anos 2000, sobre exportação brasileira de 
eletrodomésticos brancos (geladeiras, fogões, máquinas de lavar etc.) e 
investigue esse setor hoje. É possível fazer essa observação e criar relatórios 
sobre como evoluiu o processo de mercado intrabloco. Se cruzar dados de 
exportações do setor entre as duas nações nos dois períodos distintos (no 
passado e atualmente) você poderá fazer uma boa análise de mercado 
econômico internacional. 
Agora faça um relatório sobre complementariedade econômica no 
Mercosul seguindo essas indicações. Não se esqueça de escrever suas 
observações críticas ao final, especialmente se o setor comercial escolhido pode 
ser favorecido pelas relações entre as economias das nações em questão. Bom 
trabalho! 
FINALIZANDO 
Nessa aula foi visto que o processo de integração econômica pode 
favorecer ou dificultar as políticas econômicas das nações. Também pudemos 
observar como as empresas criam diplomacias empresariais com outras 
empresas (Pacto Global) e com governos estrangeiros. Sendo assim, em sua 
formação profissional você pode compreender melhor o cenário econômico 
mundial para além da ideia de uma única economia internacional, entendendo 
também sua complexidade: uma teia formada por diversas peculiaridades 
econômicas locais e regionais. 
Indo além dessas dinâmicas, também é preciso lembrar que nações se 
encontram em níveis de desenvolvimento distintos: desenvolvidas, em 
desenvolvimento ou subdesenvolvidas. Esses níveis se refletem no índice de 
investimentos e financiamento de políticas públicas. Vimos também que para 
auxiliar as economias em crise e em desenvolvimento existem agências 
internacionais econômicas e financeiras, como o Banco Mundial e o Fundo 
Monetário Internacional (FMI), que emprestam dinheiro desde que o contratante 
siga e gaste o empréstimo da forma que orientam. 
Agora é hora de rever o conteúdo e buscar outras fontes sobre os temas 
aqui tratados. Sinta-se instigado a fazer novas análises econômicas sobre o 
cenário mundial. Tenha certeza de que esses pequenos exercícios farão grande 
diferença em sua experiência e atuação profissional. 
 
 
 
22 
REFERÊNCIAS 
CULPI, L. Empresas Transnacionais: uma visão internacionalista. Curitiba: 
Intersaberes, 2016. 
FERREIRA, P. V. Análise de cenários econômicos. Curitiba: InterSaberes, 
2015. 
PACTO GLOBAL. Disponível em: <http://www.pactoglobal.org.br>. Acesso em: 
12 set. 2017. 
UM PAÍS fora do nosso tempo. Nova Escola. Disponível em: 
<http://rede.novaescolaclube.org.br/planos-de-aula/um-pais-fora-do-nosso-
tempo>. Acesso em: 29 ago. 2017.

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