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7 Concurso de Crimes

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CONCURSO DE CRIMES
7
Conceito: ocorrem dois ou mais delitos, praticados por meio de uma ou mais ações.
Concurso de pessoas: pluralidade de agentes e unidade de fato.
Concurso aparente de normas: pluralidade aparente de normas e unidade de fato.
Concurso de crimes: pluralidade de fatos.
Classificação de Concurso de Crimes:
1) Homogêneo: resultados idênticos. Abriga crimes da mesma espécie. Sujeito pratica vários crimes de roubos, ou homicídio, Homogêneo. Ocorrem resultados idênticos. Os sujeitos passivos de cada um dos crimes são diversos, porém idêntica é a figura típica. Assim, a norma em que se enquadra a conduta típica é a mesma. Ex.: lesões corporais causadas em várias vítimas em decorrência de acidente de veículo automotor. Nesta situação há concurso formal homogêneo de crimes (lesões corporais culposas).
 
2) Heterogêneo: resultados diversos. Crimes de espécies diferentes. Furto, estelionato, estupro. Heterogêneo. Ocorrem resultados diversos. A ação única dá causa a diversos crimes. Ex.: acidente de automóvel, o motorista fere dois indivíduos e mata um terceiro (lesões corporais e homicídio).
Sistemas do Concurso de Crimes = dois:
1) cúmulo material: somam-se as penas cominadas a cada um dos crimes. Este sistema é adotado no concurso material (pluralidade de fatos) (CP, art. 69), no concurso formal imperfeito e no concurso das penas de multas (CP, art. 72);
2) exasperação da pena: aplica-se a pena do crime mais grave, aumentada de certo percentual. Este sistema é adotado no concurso formal perfeito e no crime continuado. Derroga a regra do cúmulo material das penas (quot delicta tot poena).
ESPÉCIES DE CONCURSO DE CRIMES
1) Concurso material ou real;
2) Concurso formal ou ideal;
3) Crime continuado.
1) CONCURSO MATERIAL (OU REAL)
Conceito: prática de duas ou mais condutas, dolosas ou culposas, omissivas ou comissivas, produzindo dois ou mais resultados, idênticos ou não, mas todas vinculadas pela identidade do agente, não importando se os fatos ocorreram na mesma ocasião ou em dias diferentes. Hipótese residual: somente incide o concurso material, se não for caso de concurso formal ou crime continuado. 
Concurso material: aquele que com mais de uma ação ou omissão pratica mais de um crime, idênticos ou não, deverá responder pela soma das penas (cumulação das penas). Em caso de penas de reclusão e detenção, executa-se primeiro aquela (art. 69, CP). 
Aplicação das penas: as penas devem ser somadas. O juiz deve fixar, separadamente, a pena de cada um dos delitos e, depois, na própria sentença, somá-las. A aplicação conjunta viola o princípio da individualização da pena, anulando a sentença. Quanto às causas especiais de aumento de pena, incidem sobre cada um dos crimes, sem que isso caracterize dupla incidência dessa majoração. 
Pena privativa de liberdade somada com restritiva de direitos: possível quando tenha sido concedida a suspensão condicional da pena privativa de liberdade[footnoteRef:1]. [1: Sursis é a suspensão condicional da pena, aplicada à execução da pena privativa de liberdade, não superior a dois anos, podendo ser suspensa, por dois a quatro anos, desde que: 1) o condenado não seja reincidente em crime doloso; 2) a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; 3) não seja indicada ou cabível a substituição por penas restritivas de direitos. É medida de política criminal no CP que tem o fim de estimular o condenado a viver, doravante, de acordo com os imperativos sociais. Para ser concedido é necessária ausência de perigo para a sociedade.
] 
Pena restritiva de direitos com outra restritiva: se compatíveis, devem ser executadas simultaneamente; caso contrário, uma depois da outra.
Juiz competente para a aplicação da regra do concurso material: se existir conexão entre os delitos com a respectiva unidade processual, a regra do concurso material é aplicada pelo próprio juiz sentenciante. Se não houver conexão entre os diversos delitos, que são objeto de diversas ações penais, a regra do concurso material é aplicada pelo juízo da execução, vez que, com o trânsito em julgado, todas as condenações são reunidas na mesma execução, momento em que as penas são somadas (LEP, art. 66, III, a).
Concurso material e prescrição: o prazo prescricional deve ser contado separadamente para cada uma das infrações penais (art. 119, CP: em concurso material de crimes, a extinção da punibilidade incide sobre a pena de cada um isoladamente).
2) CONCURSO FORMAL (OU IDEAL)
Conceito. O agente, com uma só conduta, uma só ação ou omissão, causa dois ou mais resultados, pratica mais de um crime. Assim, o concurso formal implica a existência de dois ou mais crimes que, por efeito de política criminal, são apenados de modo menos rigoroso.
Dois requisitos do concurso formal:
1) A conduta tem que ser única. Como conduta entende-se a ação ou omissão humana consciente e voluntária, dirigida a uma finalidade. Compreende um único ato ou uma sequência de atos desencadeados pela vontade humana, objetivando a realização de um fato típico. No verbo ou núcleo do tipo está consubstanciada a ação, pelo que é em torno dele que se fundem os elementos da conduta humana. Assim, o indivíduo que entra no domicílio alheio pratica vários atos. Abre o portão que liga a casa à sua, transpõe esse portão, sobe as escadas da residência, abre a porta de entrada e caminha para dentro do domicílio que está sendo violado. Todos esses momentos se aglutinam, no entanto, no núcleo do tipo: entrar em casa alheia (art. 150). A conduta tem, portanto, sua base no verbo constante do tipo incriminador. 
Alguém que furta várias joias em um só momento, apanhando-as todas e levando-as consigo teve uma conduta única. Se esta mesma pessoa, entretanto, apanha primeiro algumas joias e as leva ao lugar onde deixou o carro, e assim, sucessivamente, até furtar todas as que deseja, esses vários atos formam também uma ação única, pois todos se fundem numa só conduta típica. O agente pode ter um companheiro, a quem ele entrega os objetos subtraídos em sucessivos atos, constituindo cada um, por si só, a subtração em seu sentido jurídico, já que em cada remoção realizada os objetos saíram da esfera de vigilância do dono: mesmo neste caso, pela ocorrência de um entrosamento imediato entre os diversos atos há uma só ação. Há unidade de ação sempre que os múltiplos atos realizados pelo agente possuam um fundo comum de coesão: unidade de tempo e lugar.
2) que dessa única conduta surjam dois ou mais fatos típicos: uma só conduta dá origem a mais de um fato, ou a mais de um crime, quando atingir mais de um bem penalmente tutelado. Deste modo, quem atira num indivíduo e concomitantemente acerta o projétil neste e num outro pode ter praticado uma só ação, mas dois foram os crimes cometidos, porquanto violou mais de um bem penalmente tutelado: cada vida humana é um bem, para efeito da tutela penal, de forma que a ação única de atirar dará origem a mais de um delito, se o tiro fere ou mata mais de uma pessoa. Do mesmo modo, o motorista que conduz seu veículo de modo imprudente, vindo a matar várias pessoas, desenvolveu um único comportamento, do qual resultaram vários crimes. Por outro lado, se a conduta única surgir um único fato típico, inexistirá o concurso formal. 
DUAS ESPÉCIES DE CONCURSO FORMAL (IDEAL)
a) Próprio ou Perfeito. O agente não tem mais de um desígnio (previsão de resultado lesivo). Usa-se o critério da exasperação. A pena deverá ser aumentada em fração. O agente responde pelo crime mais grave, com um acréscimo de 1/6 a metade. Quanto maior o número de crimes, maior será o aumento. O agente, com uma só vontade, dá causa a dois ou mais resultados. Ex.: o agente dirige um ônibus e por distração acaba atropelando e matando 15 pessoas (não há mais de um desígnio por parte do agente). Homicídio culposo: pena do mais grave dos crimes - todos iguais – pena de 2 anos - e aumenta de 1/6 à ½ metade (15 crimesé muito: aumenta-se a metade) = 2+1=3: pena de 3 anos de detenção[footnoteRef:2]. Art. 302 do CTb. (Esta pena que pelo concurso material alcançaria 30 anos no concurso material perfeito é de somente 3 anos). [2: Detenção é pena imposta em sentença condenatória. Tal reprimenda possui menor gravidade, já que o condenado a pena de detenção poderá iniciar o seu cumprimento apenas em regime semiaberto ou aberto, ao contrário da reclusão, que prevê também o regime fechado. Art. 33, CP.] 
b) Impróprio ou Imperfeito. O agente tem mais de um desígnio (previsão de resultado lesivo). Usa-se o critério da cumulação de penas. As penas são somadas, como no concurso material. É o resultado de ‘desígnios autônomos’. Aparentemente há uma só ação, mas o agente intimamente deseja os outros resultados ou aceita o risco de produzi-los. Assim, somente é possível em crimes dolosos. Ex.: o agente incendeia uma residência com a intenção de matar todos os moradores; ou joga uma bomba com o propósito de matar centenas de pessoas. A expressão designíos autônomos abrange tanto o dolo direto quanto o dolo eventual. 
Aplicação da pena. Depende da circunstância, se no concurso formal perfeito ou imperfeito:
a) No concurso formal perfeito: se for homogêneo aplica-se a pena de qualquer dos crimes, acrescida de 1/6 até a metade; se for heterogêneo, aplica-se a pena do mais grave, aumentada de 1/6 até a metade. O aumento varia de acordo com o número de resultados produzidos. Tabela da jurisprudência, não vinculante:
	Número de crimes
	Percentual de aumento
	2
3
4
5
6 ou +
	1/6
1/5
1/4
1/3
1/2
b) No concurso formal imperfeito: as penas devem ser somadas, de acordo com a regra do concurso material. 
Teorias. Duas
1) Subjetiva. Exige unidade de designíos para que ocorra concurso formal.
2) Objetiva. Admite pluralidade de desígnios. A adotada pelo CP que admite o concurso formal imperfeito, em que há pluralidade de desígnios.
Concurso material benéfico. Se, da aplicação da regra do concurso formal perfeito ou do crime continuado, a pena tornar-se superior à que resultaria da aplicação do concurso material (soma de penas), segue-se este último critério (CP, art. 70, § único). Obsta-se a aberratio ictus (homicídio doloso mais lesões culposas), isto é, que se aplique pena mais severa, em razão do concurso formal ou do crime continuado, do que a aplicável, no mesmo exemplo, pelo concurso material. Quem comete mais de um crime, com uma única ação, não pode sofrer pena mais grave do que a imposta ao agente que reiteradamente, com mais de uma ação, comete os mesmos crimes. 
Concurso formal e crime único. Exemplos:
a) assalto à várias pessoas, com subtração patrimonial de apenas uma: ocorreu uma só subtração; assim, um só crime contra o patrimônio. Crime único, portanto;
b) ameaça a uma só pessoa, que detém consigo bens próprios e de terceiros: a jurisprudência tem entendido haver crime único, embora alguma doutrina considere mais correto fosse o concurso de crimes, pois, com uma única ação de subtrair mediante violência ou ameaça, foram lesados dois ou mais patrimônios.
c) em um só contexto o agente subtrai bens de várias pessoas, ameaçando-as ou submetendo-as a violência (em banco, ônibus, residência, etc). Concurso formal imperfeito. 
Concurso formal e prescrição. Aplica-se a regra do art. 119 do CP. A prescrição incide sobre a pena de cada crime, isoladamente, desconsiderando-se o acréscimo do concurso formal. 
3) CRIME CONTINUADO
Ficção jurídica criada para beneficiar o réu. Crime continuado. Se os crimes são a) da mesma espécie, b) praticados em semelhantes condições de tempo, c) semelhante modo de execução, d) semelhantes condições de lugar... será aplicada a pena conforme o critério da exasperação. Art. 71 CP. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, e pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos, como continuação do primeiro, aplica-se a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso de 1/6 a 2/3. Exemplo: funcionária de mercado que pratica vários furtos (crimes da mesma espécie) (mesmas condições de tempo), uma semana de um para o outro (jurisprudência aceita até 30 dias de um para o outro); mesmas condições de lugar (mesmo mercado – jurisprudência aceita até cidades vizinhas); semelhante modo de execução (abrindo a caixa de dinheiro disfarçadamente, apanhando o dinheiro). Aplica a pena do crime mais grave, no caso todos o mesmo crime. Aumentada de 1/6 até 2/3. Furto qualificado: pena mínima 2 anos (2 a 8), aumentada de 1/6 a 2/3. 
Unificação de penas. Juiz da execução. Ocorre o reconhecimento, na fase de execução, de crime continuado, assim como de concurso formal, quando não percebido na fase de conhecimento. Cabe pedido das partes e procedimento de ofício.
Diferença entre crime habitual e crime continuado. O crime habitual é um crime só: aquele em que a conduta somente ganha relevância penal quando se torna um hábito. Exemplos: manutenção de casa de prostituição, rufianismo, financiamento ao tráfico de drogas. O hábito da conduta configurará um só crime. // No crime continuado existem vários crimes (da mesma espécie, mesmas condições de tempo, lugar e modo de execução) que, por ficção jurídica, serão punidos como se fossem um só, com a pena exasperada. 
Crime continuado qualificado (art. 71, § Único, CP). Crime continuado específico. Permite-se que seja reconhecido o crime continuado ainda que os crimes praticados tenham violência ou grave ameaça dolosa à pessoa e que tenham sido perpetrados contra diferentes vítimas. Neste caso será aplicada a pena do crime mais grave podendo ser exasperada de 1/6 ao triplo.

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