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Afecções do sistema reprodutivo em grandes animais Casos clínicos Grupo 1: Cistos foliculares e luteinicos Grupo 2: Cistos endometriais Grupo 3: Retenção de placenta Grupo 4: Free Martin Grupo 5: Cervicopatias Grupo 6: Endometrite Persistente pós cobertura Grupo7: Cio silencioso e Prolapso uterino Caso 1 Em uma propriedade de vacas leiteiras, um inseminador experiente tentou pela primeira vez inseminar uma vaca jovem que já tinha sido coberta por um touro e ficado gestante. Ele ficou por mais de 15 minutos manipulando a cérvix da vaca, e não conseguiu passar o aplicador pelos anéis cervicais. Quais as possibilidades de etiologia para este caso? Qual o tratamento? Cervicopatias em vacas Congênitas: aplasia segmentar, dupla, curta, retorcida e outras. Adquiridas: cervicite. - Causas: prolapso dos anéis cervicais externos, vaginite, endometrite, uso incorreto de pipetas de IA. - Agente: actinomyces pyogenes. 4 Cervicopatias em vacas Adquiridas: cervicite. -Sinais: descarga mucopurulenta, repetição de cio, infertilidade, dificuldade de passagem da pipeta de IA. -Exame ginecológico: cérvix externa edematosa, vermelha escura, inchada, descarga purulenta. Abcessos. - Tratamento: Antibioticoterapia, swab com antisséptico nos anéis afetados. 5 Constrição do anel cervical Cervix tortuosa 6 Divertículos cervicais 7 CÉRVIX DUPLA VERDADEIRA CÉRVIX DUPLA DUCTO MESONÉFRICO REMANESCENTE EM VAGINA Caso 2 O tratador do rebanho de uma propriedade de gado de corte reuniu os animais num piquete para vaciná-los, e observou uma vaca no cio sendo montada por um touro. Porém quando chegou perto do touro notou que ele não tinha prepúcio , pênis , testículo e nem saco escrotal, mas sim uma vagina com clitoris desenvolvido. Explique este caso! INTERSEXO DEFINIÇÃO: Alteração no desenvolvimento orgânico, que se contrapõe às características determinadas pelo SEXO GENÉTICO (cromossômico) CARACTERÍSTICAS MARCANTES DE AMBOS OS SEXOS Fonte: SIAE FREEMARTINISMO forma característica de intersexualidade gestação GEMELAR, com fetos de AMBOS OS SEXOS TROCAS RECÍPROCAS DE SANGUE E ESTRUTURAS ORGÂNICAS ENTRE OS FETOS Fonte: SIAE FREEMARTINISMO CONDIÇÕES DE OCORRÊNCIA: 1) anastomose dos vasos CÓRIOALANTOIDEANOS e fusão da circulação das membranas fetais - passagem de células (hemácias e leucócitos) - passagem de andrógenos - passagem do FDT (fator de diferenciação do testículo) - passagem do MIF 2) modificação na organogênese do aparelho genital da fêmea - desenvolvimento mais precoce dos testículos - testosterona e 5 dihidro-testosterona Fonte: SIAE FREEMARTINISMO intersexualidade mais frequente nos BOVINOS grandes prejuízos econômicos: 0,3 a 0.9% por ano ocorrência rara em outras espécies: não há anastomose de vasos saguíneos fetais Fonte: SIAE FREEMARTINISMO SINAIS CLÍNICOS: masculinização da fêmea alterações de temperamento maior massa muscular e acúmulo de gordura alterações de vulva: pequena, pêlos longos, pseudoprepúcio, hipertrofia de clitóris a pênis hipoplásico - vagina mais curta (4 a 6 cm), fundo cego em porção cranial Fonte: SIAE FREEMARTINISMO SINAIS CLÍNICOS: PALPAÇÃO RETAL: gônada indiferenciada e hipoplásica agenesia ou hipoplasia de corpo e cornos uterinos persepção de segmentos tubulares e glândulas rudimentares AVALIAÇÃO CITOGENÉTICA: quimerismo XX/XY em 93% DIAGNÓSTICO: ambivalência gonadal e quimerismo Caso 3 Um dia o tratador observou uma vaca de longe, com algo pendurado pela vagina. Quais as possibilidades para este caso? Qual o tratamento? Definição deslocamento do útero (inversão e exteriorização) logo após o parto ou no período puerperal imediato Ocorrência: frequente em ruminantes (principalmente no gado de leite) Prolapso Uterino Etiologia Idade Tração forçada em distocias Fetos enfisematosos Lesões canal do parto Retenção de placenta Hiperestrogenismo atonia uterina por hipocalcemia com contração abdominal Prolapso Uterino Sintomas exteriorização em graus variados do útero através da rima vulvar Total Parcial Alterações do estado geral Diferencial: prolapso de vagina e bexiga e neoplasias vaginais Prolapso Uterino Tratamento Limpeza do local Anestesia epidural Reintrodução manual (decúbito e posicionamento adequados) Reintrodução manual com auxílio na laparatomia (prolapsos de evolução longa) Sutura de Bühner para retenção Histerectomia ou ovário-histerectomia histeropexia Prolapso Uterino Caso 4 Uma vaca teve uma distocia, que foi auxiliada pelo funcionário. Após 2 dias, você notou que ela apresentava inapetência, relutância em se levantar, febre e havia corrimento fétido na vagina. Qual a provável etiologia, diagnóstico, e tratamento neste caso? Definição: falha na expulsão da placenta no período aceitável para cada espécie Fatores predisponentes: Parição: animais pluríparas e idosas Infecções aparelho reprodutivo Deficiência vitamínica (A e E) e selênio e hiperproteinemia Indução do parto Parto prematuro e gemelaridade Inércia Uterina: hipocalcemia, cetose e distocias Retenção placentária Duração da fase de expulsão das membranas fetais Bovinos: até 12 horas Equinos: 30 minutos a 3 horas Suínos: até 4 horas Pequenos ruminantes: 30 minutos a 8 horas Cadela e gata: imediata 27 Sintomas restos placentários na rima vulvar Odor Corrimento sero-sanguinolento Hipertermia Inapetência Diminuição produção leiteira Retenção placentária Tratamento Delicada tração manual Agentes ecbólicos (ocitocina) Lavagem uterina (solução fisiológica aquecida) Antibioticoterapia Colagenase (infusão pela artéria umbilical) Retenção placentária Medidas profiláticas: Suplementação de selênio e vitamina E durante o período seco Administração de ocitocina no pós-parto imediato ou pós-operatório Administração de prostaglandina no pós-parto imediato (questionável) Retenção placentária Complicações Metrite ou endometrite Septicemia Laminite Cetose Deslocamento de Abomaso Descarte Retenção placentária 33 Caso 5 Um tratador pergunta ao veterinário como é que pode ter uma vaca que apresenta um cio a cada semana, sendo que as outras demoram 3 semanas para apresentar um cio! E apesar dessa vaca entrar muito no cio e sempre ser coberta pelo touro, ela não emprenha! Explique o caso! Ocorrem com mais freqüência na vaca e porca e são causas importantes da infertilidade nessas espécies. Vacas: Um folículo maior que 2,5cm de diâmetro em 3 examinações sucessivas em um período de 10 dias é considerado cístico. 50% das vacas se recuperam expontâneamente. Aspectos clínicos: ciclos estrais irregulares ou curtos,anestro, ninfomania ( edema de vulva, hipertrofia do clitóris, hiperplasia das glândulas endometriais associada ou não ‘a mucometra, elevação da cauda, desenvolvimento da glândula mamária, secreção de leite), virilismo (engrossamento do pescoço, mugido de touro, monta em outras fêmeas). Fatores predisponentes: infecções uterinas pós-parto- endotoxina da E.coli estimula liberação de cortisol, inibindo liberação de LH pré- ovulatório. Estresse- glicocorticóides inibem secreção de GnRH. Produção de leite: Vacas no pico de produção aos 60 dias pós-parto estão sob estresse metabólico e balanço energético negativo. Nutrição: deficiência de β caroteno, minerais. Hereditariedade. Caso 6 Um veterinário é chamado em uma propriedade de vacas leiteiras de alta produção, já que 2 vacas importantes não estão apresentando cio, e precisam ser cobertas para que o intervalo entre partos não seja estendido. Ele resolve fazer o exame ginecológico das duas vacas e descobre que os 2 ovários de uma delas não apresentam folículo nem corpo lúteo palpáveis, porém no ovário da outra vaca há um grande folículo de aproximadamente 2 cm de diâmetro. Caracterize a etiologia das afecções das 2 vacas, assim como o tratamento. Alterações da intensidade do cio Cio silencioso ou anafrodisia ovário cicla normalmenteporém não há manifestações externas de cio. pós-parto, puberdade, animais estacionais (ovinos). predisposição genética e é mais frequente em vacas leiteiras de alta produção. Tratamento: IATF 42 Anestro- aciclia: É fisiológico no pós parto. Patológico: liberação ou produção insuficiente de gonadotrofinas ou falha na resposta do ovário às gonadotrofinas, aplasia e hipoplasia dos ovários, hermafroditismo, freemartinismo, alta produção de leite, carência alimentar, dificuldade de aclimatação, influência genética (anestro pós parto em vacas de corte-36-70d, vacas de leite- 10 a 45 d). Tratamento: melhora da alimentação, GNRH, descarte reprodutivo Alterações da intensidade do cio Intervalo curto entre os cios: cisto folicular Prolongamento do intervalo entre os cios: estados carenciais graves. Intervalos irregulares entre os cios: mortalidade embrionária, infecções venéreas que causam absorção embrionária, mudanças frequentes na alimentação, puberdade, começo da estação reprodutiva em animais estacionais. Alterações da intensidade do cio 44 Caso 7 Uma égua jovem de primeira inseminação foi inseminada com sêmen congelado e não se tornou gestante, 24h após a inseminação notou a presença de uma imagem anecoica no útero, qual a sua suspeita e tratamento? Endometrite pós parto: Vacas podem ou não apresentar sinais clínicos endometrite oculta. Animais com pouca descarga uterina alterada e cio normal se autocuram. Sinais clínicos: redução de apetite, depressão, febre suave, Útero hipotônico com involução deficiente e excesso de fluido. Massagem retal: descarga de material com pus. Geralmente é devido ao Actinomyces pyogenes. Endometrite Caso 8 Você foi chamado para o diagnóstico de gestação de uma égua inseminada a 20 dias e percebe a presença de duas estruturas redondas e anecoicas no útero, quais a suas suspeitas e conduta para o caso? CISTOS ENDOMETRIAIS TIPOS GLANDULAR OU LINFÁTICO Problemas na migração embrionária e fixação Tratamento: Cirúrgico, aspiração? Cisto ou gestação? PERSISTÊNCIA DO DUCTO MESONÉFRICO NORMAL FREEMARTIN NORMAL FREEMARTIN FREEMARTINISMO PROGNÓSTICO: QUANTO À VIDA: bom QUANTO À FUNÇÃO: mau, são ESTÉREIS! NÃO HÁ FORMAS DE TRATAMENTO!! SÍNDROME DA FEMINILIZAÇÃO TESTICULAR forma HEREDITÁRIA de intersexualidade masculina gene autossômico recessivo ligado ao cromossomo X CARIÓTIPO: bovino, 60 XY orgãos genitais e gl mamária bem desenvolvidos testículos ocupam a posição dos ovários vagina em fundo cego SINAIS CLÍNICOS: anestro permanente Definição deslocamento do útero (inversão e exteriorização) logo após o parto ou no período puerperal imediato Ocorrência: frequente em ruminantes (principalmente no gado de leite) Prolapso Uterino Etiologia Idade Tração forçada em distocias Fetos enfisematosos Lesões canal do parto Retenção de placenta Hiperestrogenismo atonia uterina por hipocalcemia com contração abdominal Prolapso Uterino Sintomas exteriorização em graus variados do útero através da rima vulvar Total Parcial Alterações do estado geral Diferencial: prolapso de vagina e bexiga e neoplasias vaginais Prolapso Uterino Tratamento Limpeza do local Anestesia epidural Reintrodução manual (decúbito e posicionamento adequados) Reintrodução manual com auxílio na laparatomia (prolapsos de evolução longa) Sutura de Bühner para retenção Histerectomia ou ovário-histerectomia histeropexia Prolapso Uterino Ruptura da região ventral da vaginal Esforços expulsivos violentos Distocias fetais ou maternas Sintomas: órgão exteriorizado Bexiga (dilatação vesical) Tecido adiposo perivaginal Vísceras abdominais Diagnóstico Histórico clínico Sintomatologia Toque vaginal Prolapso de bexiga / tecido adiposo perivaginal ou reto Diagnóstico diferencial: formações vaginais Tratamento: esvaziamento vesical limpeza e desinfecção da região retirada do excesso de tecido adiposo redução manual (bolsa de fumo para prolapso de reto) amputação ? sutura da vagina antibioticoterapia Prolapso de bexiga / tecido adiposo perivaginal ou reto Uteropatias em vacas Metrite: Perimetrite- mais severa, rara e fatal Metrite séptica endometrite pós parto precoce (<10dias) Piometra 61 Definição: inflamação do endométrio e miométrio durante período pós-parto com comprometimento sistêmico da mãe metrite aguda (até 14 dias pós-parto) metrite subaguda ou crônica (acima de 14 dias pós-parto) Etiologia: mecanismos de defesa uterina ineficientes após o parto Metrite puerperal Predisposição Retenção de placenta Distocias fetais e maternas Natimortalidade Gemelaridade Gestação prolongada Manejo sanitário inadequado Alteração da involução uterina Afecções metabólicas Idade avançada e primíparas Metrite puerperal Sintomas Corrimento vaginal fétido Abertura cervical superior à 7,5 cm Diminuição produção de leite Hipertermia ou normotermia Inapetência e depressão Anorexia Metrite puerperal Diagnóstico Sinais clínicos Palpação retal: volume uterino, diâmetro cervical e assimetria de cornos Vaginoscopia: secreção de vermelho-amarronzada ou amarelada Ultrassonografia Exames laboratoriais hemograma Microbiológico Bovinos: Arcanobacterium pyogenes, bactérias anaeróbias Gram negativas (Bacteroides sp e Fusobacterium necrophorum) Metrite puerperal Tratamento Antibioticoterapia parenteral Antibioticoterapia intrauterina Lavagens uterinas Agentes ecbólicos: PGF2α Metrite puerperal Tratamento: Terapia intrauterina: Não funciona quando há grande quantidade de fluido.É mais útil no início do pós parto. Fazer cultura do material. Alguns antibióticos irritam o endométrio. Deve-se usar oxitetraciclina 5,5mg/kg ou gentamicina 250mg. Associar a antibióticos sistêmicos. Resíduos no leite. Terapia hormonal: PGF2α 11 a 12 dias pós parto e 14 dias mais tarde. Complicações Redução da performance reprodutiva Diminuição produção leite Aumento intervalo entre partos Diminuição taxa de concepção Aumento da taxa de serviço PERIMETRITE IMPORTANTES PERDAS ECONÔMICAS Metrite puerperal Perimetrite: Metrite severa que progride através da parede uterina para provocar uma inflamação da serosa. Resulta em peritonite e aderência em outras vísceras. Sinais de 1 a 5 dias pós parto: febre, taquicardia, depressão, anorexia, desidratação, postura arqueada, relutância em se mover. Exame retal: aderências fibrinosas e inflamação das vísceras pélvicas. Prognóstico ruim, morte dentro de 1 a 7 dias. Animais valiosos: antibióticos sistêmicos de largo espectro por 3 a 4 semanas, fluidoterapia intravenosa. Evitar palpação retal. Vacas sobreviventes: aderências extensas.
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