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PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA IV

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Pesquisa em 
Educação Matemática
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Edda Curi
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
O Professor de Matemática Pesquisador de sua Própria Prática
• Introdução
• Pesquisas que Discutem a Formação de Professores
• Professor Pesquisador da Própria Prática
 · Discutir a pesquisa da própria prática a partir de estudos que discorrem 
sobre os tipos de investigação no âmbito da formação docente. 
 · Discutir as diferenças e semelhanças entre a pesquisa acadêmica e a 
pesquisa do professor.
 · Estudar as principais características da pesquisa da própria prática.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Esta Unidade abordará os vários tipos de pesquisa no âmbito da formação 
docente e aprofundará seus conhecimentos acerca da pesquisa da 
própria prática.
Para seu melhor aproveitamento, elabore pequenas sínteses dos itens textuais 
e as relacione com as ideias iniciais que você tinha sobre o assunto. Faça 
também anotações, guardando-as como apoio às atividades de sistematização 
e aprofundamento, assim como à própria avaliação.
Você pode ampliar seus conhecimentos pesquisando e lendo os textos dos 
autores citados, facilmente encontrados na Internet.
ORIENTAÇÕES
O Professor de Matemática Pesquisador 
de sua Própria Prática
UNIDADE O Professor de Matemática Pesquisador de sua Própria Prática
Contextualização
Caro(a) aluno(a),
Certamente você não está atuando em escolas do Ensino Básico, então ainda 
não reflete sobre sua própria prática. Mas imagine que você já lecionasse.
Nesse exercício imaginativo você admitiria que precisa pensar sobre como 
ocorreu sua aula, como é sua prática, como seus alunos aprendem determinado 
conteúdo, quais dificuldades têm.
Nesta Unidade estudaremos algumas características da pesquisa sobre a própria 
prática, recorrendo a autores que discutem esse tema.
Saiba que a pesquisa da própria prática é diferente da pesquisa acadêmica, 
embora ambas necessitem de rigor e publicação. Contudo, a pesquisa da própria 
prática possui características especificas e essenciais. 
Para elaborar o conteúdo teórico desta Unidade buscamos inspiração em textos 
de um pesquisador português chamado João Pedro da Ponte. Que tal saber mais 
sobre ele?
Importante!
Que um dos grandes pesquisadores portugueses que discutem a pesquisa sobre a 
própria prática é João Pedro da Ponte?
É doutor em Educação Matemática pela Universidade da Georgia, nos Estados Unidos, 
sendo, presencialmente, professor catedrático e diretor do Instituto de Educação da 
Universidade de Lisboa. Foi professor visitante em diversas universidades no Brasil, 
Espanha e Estados Unidos. Coordenou diversos projetos de investigação de didática da 
Matemática, formação de professores, Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) 
e orientou numerosas teses de Mestrado e Doutorado. Sua atual investigação é nas 
áreas do ensino da Álgebra e do conhecimento e desenvolvimento profissional, além da 
formação docente. Elaborou o relatório sobre a adequação da formação de professores 
ao processo de Bolonha, o qual deu origem à atual legislação, e coordenou a equipe que 
elaborou o novo programa de Matemática do Ensino Básico.
Saiba mais sobre o autor e sua produção acessando sua página da Internet: 
http://goo.gl/azMr0k
Você Sabia?
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Introdução
Este material teórico aborda, primeiramente, as várias correntes de pesquisa que 
discutem a formação de professores com base no texto A pesquisa sobre formação 
de professores: metodologias alternativas, de Maria das Graças Mizukami (p. 201-
232), que consta do livro organizado por Raquel Lazari Leite Barbosa, denominado 
Formação de educadores – desafios e perspectivas, publicado pela Universidade 
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) em 2003. 
O texto completo você pode encontrar em: https://goo.gl/E789nK
Ex
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Já a segunda parte deste material tem por base as pesquisas de Zeichner (1998, 
1993) sobre o professor pesquisador da própria prática.
Pesquisas que Discutem a Formação 
de Professores
Para Ponte, Brocardo e Oliveira (2003) o verbo “investigar” pode ser usado 
em vários sentidos. Para alguns, uma investigação só pode ser realizada por 
investigadores profissionais. Para outros, a investigação é uma ação do cotidiano, 
necessária na instância social e presente nas escolas, na formação dos alunos e 
nas práticas dos professores. Esses autores portugueses destacam as investigações 
matemáticas realizadas por alunos do Ensino Básico em seu país. 
Você já leu alguma pesquisa que discute a formação de professores? Já percebeu que 
existem diferenças de foco entre as pesquisas que abordam tal assunto?Ex
pl
or
Grande parte das pesquisas na área de Educação Matemática – as quais focalizam 
o ensino e a aprendizagem; o desenvolvimento curricular; o uso de recursos 
didáticos e tecnológicos; os procedimentos de avaliação; o processo de construção 
de conhecimentos pelos alunos; a transposição didática, entre outros temas – tem 
como finalidade contribuir para a atuação dos professores em sua tarefa educativa. 
Paradoxalmente, muito pouco do resultado dessas investigações tem chegado 
efetivamente aos professores. Zeichner (1992) é um dos autores que consideram 
que a maior parte dos professores não procura a pesquisa acadêmica para 
subsidiar ou melhorar suas práticas. Destaca que, comumente, o conhecimento 
gerado por meio da pesquisa acadêmica é apresentado de forma que não leva os 
professores ao engajamento. Seus resultados são apresentados como definitivos, 
inquestionáveis, ou usados para impor alguma nova ideia a ser seguida pelos 
professores. Zeichner acredita que, talvez por essas razões, os docentes acabam 
se afastando das pesquisas acadêmicas. 
7
UNIDADE O Professor de Matemática Pesquisador de sua Própria Prática
Esse tipo de estudo é considerado, por vários autores, como pesquisa 
para professores. Contudo, há outras tipologias de pesquisa relacionadas à 
formação docente.
Durante muito tempo, educadores em todo o mundo pouco se preocuparam 
com a investigação e a teorização sobre a formação de professores que atuam 
nos diferentes níveis de escolaridade. Teorias sobre conhecimento, aprendizagem, 
motivação, currículo, avaliação, focadas nos alunos ou nos recursos didáticos, 
multiplicaram-se ao longo do século passado. No entanto, a especificidade e a 
complexidade da formação docente permaneceram ausentes do cenário das 
pesquisas educacionais.
Em termos mundiais, a partir da década de 1980, porém, pôde-se perceber a 
preocupação com essa temática. Teorias e conceitos foram formulados, princípios 
definidos. Uma possível justificativa para a explosão de pesquisas centradas no 
professor pode estar relacionada ao fato de que esse profissional passou a ser 
considerado aquele que reflete, que pensa, que é capaz de construir sua própria 
prática e não apenas atuar como simples reprodutor de conhecimentos.
Existem trabalhos de diferentes partes do mundo, principalmente os assinados 
por autores como Tardif, Perrenoud, Schön, Nóvoa, Shulman e outros ligados 
à Educação Matemática, como Ponte, Serrazina, Llinares, todos com resultados 
de investigações e questionamentos do tipo: “o que os professores conhecem?” 
“Qual conhecimento é essencial para o ensino?” “Quem produz conhecimento 
sobre o ensino?”
No Brasil há também um crescimento nas pesquisas sobre formação de 
professores, incluindo as de natureza mais geral e as desenvolvidas por áreas 
específicas, evidenciando uma descoberta importante: que a formação deve 
constituir um objeto fundamental de investigação no terreno educativo. Grupos de 
pesquisas se organizam e nos congressos já têm lugar assegurado.
Apesar de todo o avanço nessa direção, é possível avaliar que no âmbito das 
instituições formadoras ainda não se dá a importância devida ao estudo dos 
processos de formação e de desenvolvimento profissional dos professores. No que 
se refere a esses profissionais, pode-se conjecturar que nem sempre aspesquisas 
sobre esses são devolvidas aos quais, até pelo fato de que em muitas há inúmeras 
críticas à atuação docente. Esse tipo de estudo é conhecido como pesquisa sobre 
formação de professores.
Por último, uma tendência mais atual discute a pesquisa com professores. 
Nos últimos anos temos visto o surgimento de pesquisas cooperativas e 
colaborativas. Para Boavida e Ponte (2002) a colaboração constitui uma estratégia 
fundamental para lidar com problemas que se afiguram demasiado pesados para 
serem enfrentados individualmente. Ressaltam também que para a investigação 
sobre a prática, a colaboração oferece importantes vantagens, tornando-a um 
valioso recurso. 
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9
Por sua vez, Zeichner (1998, 1993) acredita na pesquisa colaborativa, na qual 
professores e pesquisadores trabalham em parceria, não com uma igualdade 
absoluta, pois cada qual tem seus conhecimentos específicos para a colaboração, 
mas com paridade no relacionamento, com respeito ao conhecimento do outro e 
à contribuição que cada um pode dar. 
Esse teórico avalia que a pesquisa colaborativa pode fazer com que a divisão 
entre professores e pesquisadores acadêmicos possa ser enfrentada. Enfatiza que 
é preciso julgar trabalhos com critérios e que há bons e maus trabalhos tanto de 
professores, como de pesquisadores acadêmicos.
Conclui que é possível ultrapassar a linha divisória entre professores e 
pesquisadores acadêmicos de três modos, os quais: 
 · Comprometendo os pesquisadores com os professores, a fim de realizarem 
ampla discussão sobre o significado e a relevância da pesquisa que é 
conduzida na Academia;
 · Empenhando-os com processos de pesquisa que permitam desenvolver 
uma colaboração genuína com os professores, ou seja, rompendo com os 
velhos padrões de dominação acadêmica;
 · Dando suporte às investigações realizadas por professores, ou aos projetos 
de pesquisa-ação e acolhendo seriamente os resultados desses trabalhos 
como conhecimentos produzidos.
Afirma ainda que é necessário que sejam alteradas estruturas das instituições 
formadoras para que professores acadêmicos possam se dedicar às escolas do 
Ensino Básico. Em muitas universidades, quanto mais próxima do professor da 
Educação Básica estiver a pesquisa, mais baixo será seu “status” e menor será sua 
chance de obter financiamento. 
Para Zeichner (1993) os professores estão sempre a teorizar, à medida que são 
confrontados com os vários problemas pedagógicos, tais como a diferença entre as 
suas expectativas e os resultados obtidos. 
A teoria pessoal de um professor sobre a razão pela qual uma lição de leitura 
correu pior ou melhor do que esperado, é tanto teoria como aquelas geradas nas 
universidades sobre o ensino de leitura: ambas precisam ser avaliadas quanto à 
qualidade, mas são teorias sobre a realização de objetivos educacionais.
Outro tipo de estudo na área de formação docente é a pesquisa de professores. 
Anderson e Herr (1999), analisando a natureza e a especificidade das pesquisas 
realizadas por “práticos”, indicam que essas fazem do prático um estranho para os 
pesquisadores que trabalham sob a égide de paradigmas acadêmicos de pesquisa.
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UNIDADE O Professor de Matemática Pesquisador de sua Própria Prática
No trabalho que realizaram em 1986, Lytle e Cochran-Smith afirmam que na 
maioria dos estudos os professores são objetos das investigações dos pesquisadores 
e espera-se que sejam consumidores e implementadores desses resultados. O que 
falta são as vozes dos próprios professores, as questões que esses colocam, os 
quadros referenciais interpretativos que usam para compreender e melhorar a 
própria prática na sala de aula. 
Zeichner e Nofke (1998), ao analisarem pesquisas publicadas por “práticos”, 
consideram que o conhecimento gerado por meio dessas investigações não dispensa 
os pesquisadores da questão da validade e da confiabilidade, de modo que os dois 
teóricos apresentam critérios de avaliação para as quais. 
Professor Pesquisador da Própria Prática
Você sabe o que caracteriza a pesquisa sobre a prática?
Ex
pl
or
Autores como Ponte (2002) delimitam dois objetivos principais da pesquisa 
sobre a prática, a saber:
 · Alterar algum aspecto da prática, uma vez estabelecida a necessidade de 
mudança;
 · Compreender a natureza dos problemas que afetam a prática com vistas 
a definir estratégias de ação.
Mas não bastam essas características amplas para delimitar a pesquisa sobre a 
própria prática. Ponte (2002), apoiado em Beillerot (2001), destaca que a pesquisa 
da própria prática deve satisfazer três condições: 
 · Produzir conhecimentos novos;
 · Ter uma metodologia rigorosa;
 · Ser pública.
Segundo Ponte (2002), a investigação sobre a prática contribui para o 
esclarecimento e resolução de problemas. O autor destaca que essa permite o 
desenvolvimento profissional dos professores e ajuda a melhorar a prática desses 
profissionais. O teórico considera esse campo de investigação como essencialmente 
profissional. Tem como objetivo contribuir para clarear problemas da prática 
e procurar soluções. Considera que em um primeiro momento, o professor 
compreende os problemas que se colocam e, em um segundo momento, utiliza 
estratégias de ação mais adequadas para resolvê-los.
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Outras autoras que discutem a pesquisa da própria prática são as norte-
americanas Lytle e Cochran-Smith (1990). Afirmam que é uma pesquisa intencional 
e sistemática que professores realizam sobre sua escola, sua sala de aula e acerca 
da própria prática. Para essas autoras a pesquisa surge de questões e também 
gera questionamentos. Dito de outra forma, a pesquisa sobre a prática reflete a 
preocupação de professores na atribuição de sentido às próprias experiências, 
adotando uma atitude de aprendizagem relativa à sua prática.
As autoras destacam que a ênfase na intencionalidade visa marcar que a 
investigação requer algum planejamento e não é uma atividade espontânea; 
afirmam ainda que a ênfase no caráter sistemático se refere aos procedimentos 
de recolhimento de dados e documentação das experiências e ao modo como se 
analisam e interpretam seus conhecimentos.
Há um diferencial conceitual entre a pesquisa acadêmica e a pesquisa da 
própria prática. A investigação acadêmica visa aumentar o conhecimento 
também acadêmico nas áreas e disciplinas estabelecidas nessa comunidade. A 
investigação sobre a prática objetiva resolver problemas profissionais e aumentar o 
conhecimento relativo a tais limitações, tendo como referência não a comunidade 
acadêmica, mas a profissional.
Algumas características da pesquisa sobre a própria prática são:
 · Os resultados que sugerem um novo olhar para um problema e 
possibilidades de mudanças na prática;
 · Apresenta uma série de potencialidades e pode contribuir fortemente para 
o desenvolvimento profissional dos professores e a evolução organizacional 
de suas instituições de ensino, bem como gerar saberes sobre processo 
educativo para outros educadores e para a comunidade em geral;
 · Os professores ficam em uma situação privilegiada para fornecer 
perspectivas de dentro da escola, basicamente sobre a realidade dessa, 
assim como seus eventuais problemas. 
Críticas Sobre esse Tipo de Pesquisa
Segundo Ponte (2002), a investigação de professores tem, algumas vezes, uma 
qualidade que deixa a desejar. Diversos autores, como Anderson e Herr (1999), 
ou Zeichner e Nofke (2001) – citados por Ponte (2002) –, têm dado atenção 
à definição de critérios de qualidade. O autor destaca que a formulação de tais 
critérios envolve algumas características importantes para este tipo de investigação. 
No entanto, aponta como dificuldade o fato de que a investigação sobre a própria 
prática é realizada por vários tipos de profissionais, com diferentes objetivos e 
recursos. Isso acarreta as disparidades de critérios qualitativos apontadas pelas 
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UNIDADE O Professor de Matemática Pesquisador de sua Própria Prática
distintas comunidades que devem debater e definir os seus próprios parâmetros.Tais críticas são referentes aos:
 · Conhecimentos gerados – questão epistemológica sobre a natureza do 
conhecimento;
 · Métodos – falta de clareza e de rigor metodológico, da proximidade do 
pesquisador com o objeto;
 · Objetivos da investigação – estudos de natureza instrumental, a serviço 
de um determinado movimento.
Desenvolvimento de uma Atividade de Investigação
Segundo Ponte (2002), a investigação sobre a própria prática diz respeito ao 
professor do Ensino Primário, Secundário ou mesmo Superior. 
O autor destaca questionamentos importantes: por que olhar apenas para os 
problemas e às práticas dos outros? Por que não olhar também para a própria 
prática? Se existem dificuldades, por que não usar a sua competência como 
investigador(a) para tentar compreendê-las melhor?
Com base em Lytle e Cochran-Smith (2003), Ponte destaca que muitos docentes 
que atuam no Ensino Superior têm se debruçado sobre a própria prática profissional, 
seja como professores, formadores de professores, ou líderes organizacionais, 
estudando questões como:
 · A aprendizagem dos alunos em diversos contextos;
 · O desenvolvimento de comunidades de aprendizagem de formadores e 
as circunstâncias organizacionais, sociais e intelectuais que as apoiam 
ou as constrangem;
 · O desenvolvimento e a implementação de currículos para manter ou 
desafiar diversas agendas e standards; e
 · As relações entre a aprendizagem de professores e formadores, as práticas 
profissionais e a aprendizagem dos alunos. 
O autor ainda destaca que o professor do Ensino Básico tem se interessado 
cada vez mais por investigar os problemas com que se depara. Alguns 
procuram por cursos de Mestrado, Doutorado, ou buscam algum tipo de apoio 
institucional ou financeiro. 
O professor precisa desenvolver uma atitude de investigação. Para pesquisar, 
pode tomar como ponto de partida problemas de sua própria prática, como os 
relacionados ao aluno, à aprendizagem, às aulas, à escola ou ao currículo.
A prática da investigação tem como suporte a disposição para questionar e o 
domínio de procedimentos metodológicos.
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Um ponto importante é não tornar a pesquisa um procedimento burocrático. A 
investigação não é algo que se possa realizar de forma rotineira, sem paixão, sem 
investimento intelectual e afetivo. Não se pesquisa com espírito de funcionário, 
ou seja, requer condição de protagonista. Envolve uma atitude permanente de 
questionamento, tempo, discussão e teorização.
Momentos de Investigação
A investigação é composta por vários momentos, assim destacados:
 · Formulação do problema ou questão de investigação;
 · Recolhimento de elementos que permitam responder ao problema;
 · Interpretação da informação recolhida com vistas a tirar conclusões;
 · Divulgação dos resultados e das conclusões.
Com relação à formulação do problema de pesquisa, essa deve referir-se a 
problemas que preocupam o professor. Tal formulação deve ser clara e suscetível 
de resposta com os recursos existentes e, principalmente, deve ser de interesse do 
professor. Além disso, a investigação não pode ser ambiciosa demais e as questões 
devem ser bem formuladas.
O recolhimento de dados necessita de um plano de investigação. Deve estar de 
acordo com a natureza da questão formulada.
Segundo Ponte (2002), é preciso ter uma metodologia para a realização da pesquisa. 
Os dados podem ser quantitativos ou qualitativos, dependendo do problema. No 
geral, na pesquisa em Educação, a natureza é qualitativa. As técnicas mais usuais 
para os dados de natureza qualitativa são a observação, a entrevista, o diário de 
bordo e a análise de documentos. Para examinar esses dados, usa-se a análise de 
conteúdo e a análise de discurso.
Os dados são recolhidos e depois analisados. A interpretação dos dados deve 
levar em conta os objetivos visados, o controle do processo, o desenvolvimento das 
atividades, o plano de trabalho. Depende essencialmente da natureza de cada assunto.
Após a análise dos dados, a pesquisa deve se tornar pública, ou seja, os resultados 
devem ser divulgados na comunidade, por meio de textos, comunicações, revistas, 
ou encontros científicos.
Importante!
A investigação sobre a prática deve:
• Referir-se a um problema da prática vivida pelo(s) ator(es);
• Conter algum elemento novo;
• Possuir qualidade metodológica;
• Ser pública.
Em Síntese
13
UNIDADE O Professor de Matemática Pesquisador de sua Própria Prática
As três condições indicadas por Beillerot (2001) e citadas por Ponte (2002) 
se aplicam à investigação que os professores realizam sobre a sua prática. Ponte 
considera que tais condições são muito gerais e que é necessário instituir o 
desenvolvimento de uma cultura de investigação e de discussão da pesquisa sobre 
a prática. O autor considera que apenas a partir da análise de casos concretos é 
possível perceber o que é realmente novo ou o que já era conhecido, o que é ou 
não decorrente de uma metodologia rigorosa de investigação, o que constitui e 
como deve ser realizada a divulgação adequada para que um trabalho possa ser 
discutido e avaliado pelos pares.
Alguns autores, como Ponte (2002), referem-se a critérios de qualidade de 
investigação sobre a prática.
Vínculo com a prática
Refere-se a um proble-
ma ou situação prática 
vivida pelos atores
Exprime um ponto 
de vista próprio dos 
atores e sua articu-
lação com o contex-
to social, econômi-
co, político e social
Autenticidade 
Contém, de forma 
explícita, questões e 
procedimentos de 
recolhimento de 
dados e apresenta 
conclusões com base 
nas evidências 
obtidas
Qualidade
 metodológica
Qualidade dialógica
É pública e foi discuti-
da por atores próxi-
mos e afastados da 
equipe
Figura 01
Importante!
Este texto discutiu as possibilidades de pesquisa no âmbito da formação de professores 
e as características e condições da pesquisa sobre a própria prática.
Em Síntese
14
15
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
A Pesquisa Sobre a Própria Prática no Ensino Superior de Matemática 
PALIS, Gilda de La Rocque. A pesquisa sobre a própria prática no Ensino Superior 
de Matemática. In: COLÓQUIO DE HISTÓRIA E TECNOLOGIA NO ENSINO DE 
MATEMÁTICA (HTEM), 4., 5-9 maio 2008. Rio de Janeiro. 2008. 
http://limc.ufrj.br/htem4/papers/40.pdf
15
UNIDADE O Professor de Matemática Pesquisador de sua Própria Prática
Referências
ALARCÃO, I. Ser professor reflexivo. In: Formação reflexiva de professores. 
Porto: [s.n.], 1996.
ANDERSON, G. L.; HERR, K. The new paradigm wars: is there room for rigorous 
practitioner knowledge of schools and universities. Educational Researcher, v. 28, 
n. 5, p. 12-21, 40, 1999.
ANDRÉ, M. O papel da pesquisa na formação e na prática dos professores. 
Campinas, SP: Papirus, 2001.
BEILLEROT, J. A “pesquisa”: esboço de uma análise. In: ANDRÉ, M. (Ed.). O papel 
da pesquisa na formação e na prática dos professores. Campinas, SP: Papirus, 
2001. p. 71-90.
BOAVIDA, A.; PONTE, J. P. Investigação colaborativa: potencialidades e problemas. In: 
GTI (Org.). Reflectir e investigar sobre a prática profissional. Lisboa: APM, 2002.
DEMO, P. Educar pela pesquisa. Campinas, SP: Autores Associados, 2000.
LYTLE; COCHRAN-SMITH, M. Learning and unlearning: the education of teacher 
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MIZUKAMI, M. G. A pesquisa sobre formação de professores: metodologias 
alternativas: In: BARBOSA, R. L. L. Formação de educadores – desafios e 
perspectivas. [S.l.]: Unesp, 2003. p. 201-232.
PONTE, J. P. Investigar a nossa própria prática: uma estratégia de formação e 
de construção do conhecimento profissional. PNA – Revista de Investigación en 
Didáctica de la Matemática, v. 2, n. 4, p. 153-180, 2008. 
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do conhecimentoprofissional. In: CASTRO, E.; TORRE, E. (Ed.). Investigación en 
Educación Matemática. Coruña: Universidad da Coruña, 2004.
______. Investigar a nossa própria prática. In: GTI (Ed.). Reflectir e investigar sobre 
a prática profissional. Lisboa: APM, 2002.
______.; BROCARDO, J.; OLIVEIRA, H. Investigações matemáticas na sala de 
aula. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2003.
ZEICHNER, K. Para além da divisão entre professor e professor pesquisador. In: 
FIORENTINI et al. (Org.). Cartografias do trabalho docente. Campinas, SP: [s.n.], 1998.
______. Novos Caminhos para o practicum: uma perspectiva para os anos 90. In: 
Nòvoa, António. Os Professores e a sua formação. Lisboa: Instituto de Inovação 
Educacional, 1992.
______. A formação reflexiva de professores: ideias e práticas. Lisboa: ASA, 1993.
______.; NOFKE, S. Practitioner research. In: RICHARDSON, V. (Org.). Handbook 
of research on teaching. Washington, DC: [s.n.], 1998.
16

Outros materiais