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Pesquisa em Educação Matemática Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Edda Curi Revisão Textual: Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco O Professor de Matemática Pesquisador de sua Própria Prática • Introdução • Pesquisas que Discutem a Formação de Professores • Professor Pesquisador da Própria Prática · Discutir a pesquisa da própria prática a partir de estudos que discorrem sobre os tipos de investigação no âmbito da formação docente. · Discutir as diferenças e semelhanças entre a pesquisa acadêmica e a pesquisa do professor. · Estudar as principais características da pesquisa da própria prática. OBJETIVO DE APRENDIZADO Esta Unidade abordará os vários tipos de pesquisa no âmbito da formação docente e aprofundará seus conhecimentos acerca da pesquisa da própria prática. Para seu melhor aproveitamento, elabore pequenas sínteses dos itens textuais e as relacione com as ideias iniciais que você tinha sobre o assunto. Faça também anotações, guardando-as como apoio às atividades de sistematização e aprofundamento, assim como à própria avaliação. Você pode ampliar seus conhecimentos pesquisando e lendo os textos dos autores citados, facilmente encontrados na Internet. ORIENTAÇÕES O Professor de Matemática Pesquisador de sua Própria Prática UNIDADE O Professor de Matemática Pesquisador de sua Própria Prática Contextualização Caro(a) aluno(a), Certamente você não está atuando em escolas do Ensino Básico, então ainda não reflete sobre sua própria prática. Mas imagine que você já lecionasse. Nesse exercício imaginativo você admitiria que precisa pensar sobre como ocorreu sua aula, como é sua prática, como seus alunos aprendem determinado conteúdo, quais dificuldades têm. Nesta Unidade estudaremos algumas características da pesquisa sobre a própria prática, recorrendo a autores que discutem esse tema. Saiba que a pesquisa da própria prática é diferente da pesquisa acadêmica, embora ambas necessitem de rigor e publicação. Contudo, a pesquisa da própria prática possui características especificas e essenciais. Para elaborar o conteúdo teórico desta Unidade buscamos inspiração em textos de um pesquisador português chamado João Pedro da Ponte. Que tal saber mais sobre ele? Importante! Que um dos grandes pesquisadores portugueses que discutem a pesquisa sobre a própria prática é João Pedro da Ponte? É doutor em Educação Matemática pela Universidade da Georgia, nos Estados Unidos, sendo, presencialmente, professor catedrático e diretor do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. Foi professor visitante em diversas universidades no Brasil, Espanha e Estados Unidos. Coordenou diversos projetos de investigação de didática da Matemática, formação de professores, Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e orientou numerosas teses de Mestrado e Doutorado. Sua atual investigação é nas áreas do ensino da Álgebra e do conhecimento e desenvolvimento profissional, além da formação docente. Elaborou o relatório sobre a adequação da formação de professores ao processo de Bolonha, o qual deu origem à atual legislação, e coordenou a equipe que elaborou o novo programa de Matemática do Ensino Básico. Saiba mais sobre o autor e sua produção acessando sua página da Internet: http://goo.gl/azMr0k Você Sabia? 6 7 Introdução Este material teórico aborda, primeiramente, as várias correntes de pesquisa que discutem a formação de professores com base no texto A pesquisa sobre formação de professores: metodologias alternativas, de Maria das Graças Mizukami (p. 201- 232), que consta do livro organizado por Raquel Lazari Leite Barbosa, denominado Formação de educadores – desafios e perspectivas, publicado pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) em 2003. O texto completo você pode encontrar em: https://goo.gl/E789nK Ex pl or Já a segunda parte deste material tem por base as pesquisas de Zeichner (1998, 1993) sobre o professor pesquisador da própria prática. Pesquisas que Discutem a Formação de Professores Para Ponte, Brocardo e Oliveira (2003) o verbo “investigar” pode ser usado em vários sentidos. Para alguns, uma investigação só pode ser realizada por investigadores profissionais. Para outros, a investigação é uma ação do cotidiano, necessária na instância social e presente nas escolas, na formação dos alunos e nas práticas dos professores. Esses autores portugueses destacam as investigações matemáticas realizadas por alunos do Ensino Básico em seu país. Você já leu alguma pesquisa que discute a formação de professores? Já percebeu que existem diferenças de foco entre as pesquisas que abordam tal assunto?Ex pl or Grande parte das pesquisas na área de Educação Matemática – as quais focalizam o ensino e a aprendizagem; o desenvolvimento curricular; o uso de recursos didáticos e tecnológicos; os procedimentos de avaliação; o processo de construção de conhecimentos pelos alunos; a transposição didática, entre outros temas – tem como finalidade contribuir para a atuação dos professores em sua tarefa educativa. Paradoxalmente, muito pouco do resultado dessas investigações tem chegado efetivamente aos professores. Zeichner (1992) é um dos autores que consideram que a maior parte dos professores não procura a pesquisa acadêmica para subsidiar ou melhorar suas práticas. Destaca que, comumente, o conhecimento gerado por meio da pesquisa acadêmica é apresentado de forma que não leva os professores ao engajamento. Seus resultados são apresentados como definitivos, inquestionáveis, ou usados para impor alguma nova ideia a ser seguida pelos professores. Zeichner acredita que, talvez por essas razões, os docentes acabam se afastando das pesquisas acadêmicas. 7 UNIDADE O Professor de Matemática Pesquisador de sua Própria Prática Esse tipo de estudo é considerado, por vários autores, como pesquisa para professores. Contudo, há outras tipologias de pesquisa relacionadas à formação docente. Durante muito tempo, educadores em todo o mundo pouco se preocuparam com a investigação e a teorização sobre a formação de professores que atuam nos diferentes níveis de escolaridade. Teorias sobre conhecimento, aprendizagem, motivação, currículo, avaliação, focadas nos alunos ou nos recursos didáticos, multiplicaram-se ao longo do século passado. No entanto, a especificidade e a complexidade da formação docente permaneceram ausentes do cenário das pesquisas educacionais. Em termos mundiais, a partir da década de 1980, porém, pôde-se perceber a preocupação com essa temática. Teorias e conceitos foram formulados, princípios definidos. Uma possível justificativa para a explosão de pesquisas centradas no professor pode estar relacionada ao fato de que esse profissional passou a ser considerado aquele que reflete, que pensa, que é capaz de construir sua própria prática e não apenas atuar como simples reprodutor de conhecimentos. Existem trabalhos de diferentes partes do mundo, principalmente os assinados por autores como Tardif, Perrenoud, Schön, Nóvoa, Shulman e outros ligados à Educação Matemática, como Ponte, Serrazina, Llinares, todos com resultados de investigações e questionamentos do tipo: “o que os professores conhecem?” “Qual conhecimento é essencial para o ensino?” “Quem produz conhecimento sobre o ensino?” No Brasil há também um crescimento nas pesquisas sobre formação de professores, incluindo as de natureza mais geral e as desenvolvidas por áreas específicas, evidenciando uma descoberta importante: que a formação deve constituir um objeto fundamental de investigação no terreno educativo. Grupos de pesquisas se organizam e nos congressos já têm lugar assegurado. Apesar de todo o avanço nessa direção, é possível avaliar que no âmbito das instituições formadoras ainda não se dá a importância devida ao estudo dos processos de formação e de desenvolvimento profissional dos professores. No que se refere a esses profissionais, pode-se conjecturar que nem sempre aspesquisas sobre esses são devolvidas aos quais, até pelo fato de que em muitas há inúmeras críticas à atuação docente. Esse tipo de estudo é conhecido como pesquisa sobre formação de professores. Por último, uma tendência mais atual discute a pesquisa com professores. Nos últimos anos temos visto o surgimento de pesquisas cooperativas e colaborativas. Para Boavida e Ponte (2002) a colaboração constitui uma estratégia fundamental para lidar com problemas que se afiguram demasiado pesados para serem enfrentados individualmente. Ressaltam também que para a investigação sobre a prática, a colaboração oferece importantes vantagens, tornando-a um valioso recurso. 8 9 Por sua vez, Zeichner (1998, 1993) acredita na pesquisa colaborativa, na qual professores e pesquisadores trabalham em parceria, não com uma igualdade absoluta, pois cada qual tem seus conhecimentos específicos para a colaboração, mas com paridade no relacionamento, com respeito ao conhecimento do outro e à contribuição que cada um pode dar. Esse teórico avalia que a pesquisa colaborativa pode fazer com que a divisão entre professores e pesquisadores acadêmicos possa ser enfrentada. Enfatiza que é preciso julgar trabalhos com critérios e que há bons e maus trabalhos tanto de professores, como de pesquisadores acadêmicos. Conclui que é possível ultrapassar a linha divisória entre professores e pesquisadores acadêmicos de três modos, os quais: · Comprometendo os pesquisadores com os professores, a fim de realizarem ampla discussão sobre o significado e a relevância da pesquisa que é conduzida na Academia; · Empenhando-os com processos de pesquisa que permitam desenvolver uma colaboração genuína com os professores, ou seja, rompendo com os velhos padrões de dominação acadêmica; · Dando suporte às investigações realizadas por professores, ou aos projetos de pesquisa-ação e acolhendo seriamente os resultados desses trabalhos como conhecimentos produzidos. Afirma ainda que é necessário que sejam alteradas estruturas das instituições formadoras para que professores acadêmicos possam se dedicar às escolas do Ensino Básico. Em muitas universidades, quanto mais próxima do professor da Educação Básica estiver a pesquisa, mais baixo será seu “status” e menor será sua chance de obter financiamento. Para Zeichner (1993) os professores estão sempre a teorizar, à medida que são confrontados com os vários problemas pedagógicos, tais como a diferença entre as suas expectativas e os resultados obtidos. A teoria pessoal de um professor sobre a razão pela qual uma lição de leitura correu pior ou melhor do que esperado, é tanto teoria como aquelas geradas nas universidades sobre o ensino de leitura: ambas precisam ser avaliadas quanto à qualidade, mas são teorias sobre a realização de objetivos educacionais. Outro tipo de estudo na área de formação docente é a pesquisa de professores. Anderson e Herr (1999), analisando a natureza e a especificidade das pesquisas realizadas por “práticos”, indicam que essas fazem do prático um estranho para os pesquisadores que trabalham sob a égide de paradigmas acadêmicos de pesquisa. 9 UNIDADE O Professor de Matemática Pesquisador de sua Própria Prática No trabalho que realizaram em 1986, Lytle e Cochran-Smith afirmam que na maioria dos estudos os professores são objetos das investigações dos pesquisadores e espera-se que sejam consumidores e implementadores desses resultados. O que falta são as vozes dos próprios professores, as questões que esses colocam, os quadros referenciais interpretativos que usam para compreender e melhorar a própria prática na sala de aula. Zeichner e Nofke (1998), ao analisarem pesquisas publicadas por “práticos”, consideram que o conhecimento gerado por meio dessas investigações não dispensa os pesquisadores da questão da validade e da confiabilidade, de modo que os dois teóricos apresentam critérios de avaliação para as quais. Professor Pesquisador da Própria Prática Você sabe o que caracteriza a pesquisa sobre a prática? Ex pl or Autores como Ponte (2002) delimitam dois objetivos principais da pesquisa sobre a prática, a saber: · Alterar algum aspecto da prática, uma vez estabelecida a necessidade de mudança; · Compreender a natureza dos problemas que afetam a prática com vistas a definir estratégias de ação. Mas não bastam essas características amplas para delimitar a pesquisa sobre a própria prática. Ponte (2002), apoiado em Beillerot (2001), destaca que a pesquisa da própria prática deve satisfazer três condições: · Produzir conhecimentos novos; · Ter uma metodologia rigorosa; · Ser pública. Segundo Ponte (2002), a investigação sobre a prática contribui para o esclarecimento e resolução de problemas. O autor destaca que essa permite o desenvolvimento profissional dos professores e ajuda a melhorar a prática desses profissionais. O teórico considera esse campo de investigação como essencialmente profissional. Tem como objetivo contribuir para clarear problemas da prática e procurar soluções. Considera que em um primeiro momento, o professor compreende os problemas que se colocam e, em um segundo momento, utiliza estratégias de ação mais adequadas para resolvê-los. 10 11 Outras autoras que discutem a pesquisa da própria prática são as norte- americanas Lytle e Cochran-Smith (1990). Afirmam que é uma pesquisa intencional e sistemática que professores realizam sobre sua escola, sua sala de aula e acerca da própria prática. Para essas autoras a pesquisa surge de questões e também gera questionamentos. Dito de outra forma, a pesquisa sobre a prática reflete a preocupação de professores na atribuição de sentido às próprias experiências, adotando uma atitude de aprendizagem relativa à sua prática. As autoras destacam que a ênfase na intencionalidade visa marcar que a investigação requer algum planejamento e não é uma atividade espontânea; afirmam ainda que a ênfase no caráter sistemático se refere aos procedimentos de recolhimento de dados e documentação das experiências e ao modo como se analisam e interpretam seus conhecimentos. Há um diferencial conceitual entre a pesquisa acadêmica e a pesquisa da própria prática. A investigação acadêmica visa aumentar o conhecimento também acadêmico nas áreas e disciplinas estabelecidas nessa comunidade. A investigação sobre a prática objetiva resolver problemas profissionais e aumentar o conhecimento relativo a tais limitações, tendo como referência não a comunidade acadêmica, mas a profissional. Algumas características da pesquisa sobre a própria prática são: · Os resultados que sugerem um novo olhar para um problema e possibilidades de mudanças na prática; · Apresenta uma série de potencialidades e pode contribuir fortemente para o desenvolvimento profissional dos professores e a evolução organizacional de suas instituições de ensino, bem como gerar saberes sobre processo educativo para outros educadores e para a comunidade em geral; · Os professores ficam em uma situação privilegiada para fornecer perspectivas de dentro da escola, basicamente sobre a realidade dessa, assim como seus eventuais problemas. Críticas Sobre esse Tipo de Pesquisa Segundo Ponte (2002), a investigação de professores tem, algumas vezes, uma qualidade que deixa a desejar. Diversos autores, como Anderson e Herr (1999), ou Zeichner e Nofke (2001) – citados por Ponte (2002) –, têm dado atenção à definição de critérios de qualidade. O autor destaca que a formulação de tais critérios envolve algumas características importantes para este tipo de investigação. No entanto, aponta como dificuldade o fato de que a investigação sobre a própria prática é realizada por vários tipos de profissionais, com diferentes objetivos e recursos. Isso acarreta as disparidades de critérios qualitativos apontadas pelas 11 UNIDADE O Professor de Matemática Pesquisador de sua Própria Prática distintas comunidades que devem debater e definir os seus próprios parâmetros.Tais críticas são referentes aos: · Conhecimentos gerados – questão epistemológica sobre a natureza do conhecimento; · Métodos – falta de clareza e de rigor metodológico, da proximidade do pesquisador com o objeto; · Objetivos da investigação – estudos de natureza instrumental, a serviço de um determinado movimento. Desenvolvimento de uma Atividade de Investigação Segundo Ponte (2002), a investigação sobre a própria prática diz respeito ao professor do Ensino Primário, Secundário ou mesmo Superior. O autor destaca questionamentos importantes: por que olhar apenas para os problemas e às práticas dos outros? Por que não olhar também para a própria prática? Se existem dificuldades, por que não usar a sua competência como investigador(a) para tentar compreendê-las melhor? Com base em Lytle e Cochran-Smith (2003), Ponte destaca que muitos docentes que atuam no Ensino Superior têm se debruçado sobre a própria prática profissional, seja como professores, formadores de professores, ou líderes organizacionais, estudando questões como: · A aprendizagem dos alunos em diversos contextos; · O desenvolvimento de comunidades de aprendizagem de formadores e as circunstâncias organizacionais, sociais e intelectuais que as apoiam ou as constrangem; · O desenvolvimento e a implementação de currículos para manter ou desafiar diversas agendas e standards; e · As relações entre a aprendizagem de professores e formadores, as práticas profissionais e a aprendizagem dos alunos. O autor ainda destaca que o professor do Ensino Básico tem se interessado cada vez mais por investigar os problemas com que se depara. Alguns procuram por cursos de Mestrado, Doutorado, ou buscam algum tipo de apoio institucional ou financeiro. O professor precisa desenvolver uma atitude de investigação. Para pesquisar, pode tomar como ponto de partida problemas de sua própria prática, como os relacionados ao aluno, à aprendizagem, às aulas, à escola ou ao currículo. A prática da investigação tem como suporte a disposição para questionar e o domínio de procedimentos metodológicos. 12 13 Um ponto importante é não tornar a pesquisa um procedimento burocrático. A investigação não é algo que se possa realizar de forma rotineira, sem paixão, sem investimento intelectual e afetivo. Não se pesquisa com espírito de funcionário, ou seja, requer condição de protagonista. Envolve uma atitude permanente de questionamento, tempo, discussão e teorização. Momentos de Investigação A investigação é composta por vários momentos, assim destacados: · Formulação do problema ou questão de investigação; · Recolhimento de elementos que permitam responder ao problema; · Interpretação da informação recolhida com vistas a tirar conclusões; · Divulgação dos resultados e das conclusões. Com relação à formulação do problema de pesquisa, essa deve referir-se a problemas que preocupam o professor. Tal formulação deve ser clara e suscetível de resposta com os recursos existentes e, principalmente, deve ser de interesse do professor. Além disso, a investigação não pode ser ambiciosa demais e as questões devem ser bem formuladas. O recolhimento de dados necessita de um plano de investigação. Deve estar de acordo com a natureza da questão formulada. Segundo Ponte (2002), é preciso ter uma metodologia para a realização da pesquisa. Os dados podem ser quantitativos ou qualitativos, dependendo do problema. No geral, na pesquisa em Educação, a natureza é qualitativa. As técnicas mais usuais para os dados de natureza qualitativa são a observação, a entrevista, o diário de bordo e a análise de documentos. Para examinar esses dados, usa-se a análise de conteúdo e a análise de discurso. Os dados são recolhidos e depois analisados. A interpretação dos dados deve levar em conta os objetivos visados, o controle do processo, o desenvolvimento das atividades, o plano de trabalho. Depende essencialmente da natureza de cada assunto. Após a análise dos dados, a pesquisa deve se tornar pública, ou seja, os resultados devem ser divulgados na comunidade, por meio de textos, comunicações, revistas, ou encontros científicos. Importante! A investigação sobre a prática deve: • Referir-se a um problema da prática vivida pelo(s) ator(es); • Conter algum elemento novo; • Possuir qualidade metodológica; • Ser pública. Em Síntese 13 UNIDADE O Professor de Matemática Pesquisador de sua Própria Prática As três condições indicadas por Beillerot (2001) e citadas por Ponte (2002) se aplicam à investigação que os professores realizam sobre a sua prática. Ponte considera que tais condições são muito gerais e que é necessário instituir o desenvolvimento de uma cultura de investigação e de discussão da pesquisa sobre a prática. O autor considera que apenas a partir da análise de casos concretos é possível perceber o que é realmente novo ou o que já era conhecido, o que é ou não decorrente de uma metodologia rigorosa de investigação, o que constitui e como deve ser realizada a divulgação adequada para que um trabalho possa ser discutido e avaliado pelos pares. Alguns autores, como Ponte (2002), referem-se a critérios de qualidade de investigação sobre a prática. Vínculo com a prática Refere-se a um proble- ma ou situação prática vivida pelos atores Exprime um ponto de vista próprio dos atores e sua articu- lação com o contex- to social, econômi- co, político e social Autenticidade Contém, de forma explícita, questões e procedimentos de recolhimento de dados e apresenta conclusões com base nas evidências obtidas Qualidade metodológica Qualidade dialógica É pública e foi discuti- da por atores próxi- mos e afastados da equipe Figura 01 Importante! Este texto discutiu as possibilidades de pesquisa no âmbito da formação de professores e as características e condições da pesquisa sobre a própria prática. Em Síntese 14 15 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura A Pesquisa Sobre a Própria Prática no Ensino Superior de Matemática PALIS, Gilda de La Rocque. A pesquisa sobre a própria prática no Ensino Superior de Matemática. In: COLÓQUIO DE HISTÓRIA E TECNOLOGIA NO ENSINO DE MATEMÁTICA (HTEM), 4., 5-9 maio 2008. Rio de Janeiro. 2008. http://limc.ufrj.br/htem4/papers/40.pdf 15 UNIDADE O Professor de Matemática Pesquisador de sua Própria Prática Referências ALARCÃO, I. Ser professor reflexivo. In: Formação reflexiva de professores. Porto: [s.n.], 1996. ANDERSON, G. L.; HERR, K. The new paradigm wars: is there room for rigorous practitioner knowledge of schools and universities. Educational Researcher, v. 28, n. 5, p. 12-21, 40, 1999. ANDRÉ, M. O papel da pesquisa na formação e na prática dos professores. Campinas, SP: Papirus, 2001. BEILLEROT, J. A “pesquisa”: esboço de uma análise. In: ANDRÉ, M. (Ed.). O papel da pesquisa na formação e na prática dos professores. Campinas, SP: Papirus, 2001. p. 71-90. BOAVIDA, A.; PONTE, J. P. Investigação colaborativa: potencialidades e problemas. In: GTI (Org.). Reflectir e investigar sobre a prática profissional. Lisboa: APM, 2002. DEMO, P. Educar pela pesquisa. 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