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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA 
APRENDIZAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO ......................................................................... 3 
2 HISTÓRICO DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM ......... 13 
3 ESTATUTO DA PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL: ALGUNS 
PRESSUPOSTOS ..................................................................................................... 15 
4 RELAÇÕES ENTRE PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO NO BRASIL: UMA BREVE 
HISTÓRIA ................................................................................................................. 18 
5 COMPROMISSOS E PERSPECTIVAS PARA A PSICOLOGIA ESCOLAR E 
EDUCACIONAL ........................................................................................................ 28 
6 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO HUMANO ................. 33 
7 PSICOLOGIA E O DESENVOLVIMENTO HUMANO ......................................... 41 
8 A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO ....................................................................... 46 
9 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM .................................................................. 50 
10 ENSINO X INSTRUÇÃO ................................................................................. 54 
11 DOMÍNIOS DA APRENDIZAGEM ................................................................... 55 
12 PRINCÍPIOS DA APRENDIZAGEM ................................................................ 58 
13 FATORES DA APRENDIZAGEM .................................................................... 59 
14 FATORES QUE INFLUENCIAM NA APRENDIZAGEM .................................. 60 
15 FATORES NEUROENDÓCRINOS ................................................................. 61 
16 FATORES AMBIENTAIS ................................................................................. 62 
17 NUTRIÇÃO ...................................................................................................... 63 
18 VARIÁVEIS SÓCIO-ECONÔMICO-CULTURAIS ............................................ 64 
19 FAMÍLIA E OS FATORES PSICOSSOCIAIS .................................................. 64 
20 A PSICOLOGIA DO ENSINO E APRENDIZAGEM NA PRÁTICA DO 
PROFESSOR ............................................................................................................ 65 
21 RELAÇÃO ENTRE O PROFESSOR E ALUNO .............................................. 75 
 
 
 
22 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM E DE COMPORTAMENTO EM SALA DE 
AULA 77 
23 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM E 
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM ....................................................................... 80 
24 PRINCIPAIS DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM .......................................... 84 
25 ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO JUNTO AO PROFESSOR FRENTE ÀS 
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM .................................................................... 93 
26 MÉTODOS DE INCLUSÃO ............................................................................. 96 
27 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ................................................................................. 99 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO 
 
Fonte: omeubebe.com 
De acordo com Antunes (2007 apud BARBOSA 2012 p. 163 – 173) a Psicologia 
Educacional pode ser descrita como uma subárea da psicologia que é considerada 
uma área de conhecimento a qual entendemos como corpus sistemático e organizado 
de saberes científicos, produzidos de acordo com procedimentos definidos, referentes 
à determinados fenômenos ou conjunto de fenômenos constituintes da realidade, 
fundamentado em questões ontológicas, epistemológicas, metodológicas e éticas 
determinadas. É importante considerarmos as diversas concepções, abordagens e 
teorias que constituem esta área de conhecimento. 
Assim podemos afirmar que a Psicologia da Educação ou Psicologia 
Educacional é uma subárea de conhecimento, que tem como vocação a produção de 
saberes relativos aos fenômenos psicológicos constituinte do processo educativo. 
Esse conhecimento é muito importante, entretanto nesta unidade serão 
apresentadas algumas questões da psicologia estudada pelos psicólogos: seus 
desafios e suas contribuições principalmente para nós educadores. 
Diferentemente da Psicologia da Educação/Educacional, a Psicologia Escolar 
é definida pelo âmbito profissional com um campo de ação determinado, ou seja, é a 
escola e as relações que aí se estabelecem; baseia sua atuação nos fundamentos 
teóricos adquiridos através da Psicologia da Educação e por outras subáreas da 
 
4 
 
psicologia necessárias para o desenvolvimento das atividades (ANTUNES 2007, apud 
BARBOSA, 2012 p. 163 – 173). 
O autor nos diz ainda que a Psicologia Educacional e a Psicologia da Escolar 
estão intimamente relacionadas, mas não são iguais, não podendo reduzir-se uma à 
outra, pois cada uma possui sua autonomia. A primeira é a área do conhecimento que 
tem como objetivo compreender os fenômenos psicológicos envolvidos no processo 
educativo. A outra é considerada um campo de atuação profissional, sendo possível 
realização de intervenções no espaço escolar ou a ele relacionado. 
Segundo Santrock (2010, p. 2) “ a psicologia é o estudo científico do 
comportamento e dos processos mentais. A Psicologia Educacional é o ramo da 
psicologia dedicado à compreensão do ensino e da aprendizagem no ambiente 
educacional”. Temos então uma área muito abrangente que quando descrita em seus 
mínimos detalhes pode nos render um livro com milhares de páginas. 
 
 
Fonte: anec.org.br 
Mesmo com esta íntima relação entre psicologia e educação Bock (2003, p. 78) 
afirma que nem sempre foi assim: 
Enquanto a concepção dominante, na educação ocidental, foi a chamada 
Escola Tradicional, não houve necessidade de uma Psicologia para acompanhar a 
prática educativa. A Psicologia só se tornou necessária quando o Movimento da 
Escola Nova revolucionou a educação e construiu demandas específicas para a 
psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem. 
 
5 
 
A autora explica que a Educação Tradicional compreende experiências e 
concepções pedagógicas que a caracterizam e de certa forma orientaram a educação 
desde o século XVIII até o século XX. Processos educativos que tiveram espaço 
principalmente nas escolas religiosas. 
Esta concepção tradicional pensou na educação como um trabalho de 
desenraizamento do mal natural do ser humano. Acreditava-se que o homem nascia 
dotado de uma natureza humana dupla: uma parte era corrompida pelo pecado 
original e a outra era considerada essencial, consideravelmente boa e construtiva. 
À educação cabia somente desenvolver a parte boa do ser humano, impedindo 
que a parte corrompida se manifestasse nas pessoas, e para isso utilizou-se o 
instrumento básico do saber. O conhecimento era visto como único instrumento capaz 
de dar ao homem o autocontrole necessário para aquilo que é ruim no homem fosse 
controlado. 
A Pedagogia da Escola tradicional já recebia o aluno como um ser humano 
corrompido. Suas ações no ambiente escolar de certa forma demonstravam isto: 
alunos inquietos, ora curiosos, ora destrutivos, indisciplinados, se deixados sozinhos, 
sem regras e sem vigilância. Perversos, com hábitos inaceitáveis como pegar as 
coisas dos outros indevidamente, masturbar-se, não respeitarem os mais velhos e 
autoridades, não cumprir com as tarefas e responsabilidades. 
Estes alunos deveriam ser expostos a um modelo de aperfeiçoamento humano 
para poderem desenvolver sua parte da natureza humana essencial. Este modelo era 
desenvolvido pelos professores e alguém escolhido para dar nome à escola e que 
deveria ser cultuado e seus feitos deveriam ser divulgados aos alunos para que eles 
conhecessem e soubessem sempre que modelo a seguir. Por isso, as escolaspúblicas sempre levam o nome de alguém (geralmente de um homem) considerado 
aprimorado pela cultura (BOCK, 2003). 
Esta escola era regida ainda por outros princípios, conforme nos cita Bock 
(2003): disciplinas e regras rígidas para que os alunos pudessem ir corrigindo seus 
desvios. Princípios e códigos morais eram estabelecidos, impostos, divulgados e 
repetidos exaustivamente. Deveriam a ser aprendidos a qualquer custo, e para 
garantir que os resultados fossem alcançados, eram contratados vigilantes 
disciplinares como agentes educacionais da escola. 
 
 
6 
 
 
Fonte: br.depositphotos.com 
Para que a Psicologia? Na verdade, não havia necessidade alguma de 
qualquer conhecimento sobre o ser humano e seu desenvolvimento, de modo que já 
se sabia tudo sobre a natureza corrompida e também já se sabia de seu potencial 
para criar, cooperar, ser honesto, desenvolver relações estáveis e saudáveis, 
respeitar a autoridade, ser intelectualmente aprimorado e ser dotado de coerência. 
O campo da Psicologia Educacional foi criado por grandes estudiosos e 
pioneiros da Psicologia no final do século IX. Os três principais pioneiros de destaque 
no início da história da Psicologia Educacional são Willian James, John 
Dewey e Edward Lee Thorndike. James lançou um livro intitulado Principles of 
Psychology e ministrou diversas palestras através de uma série intitulada Talks to 
Teacher, em que discutia as aplicações da psicologia na educação de crianças, 
argumentando que os experimentos laboratoriais em psicologia muitas vezes não 
conseguem nos dizer, de maneira eficiente, como ensinar as crianças. Enfatizou ainda 
a importância de se observar o processo de ensino/aprendizagem em sala de aula 
para aprimorar a educação, trazendo como recomendação que os professores iniciem 
as aulas em um ponto além do nível de conhecimento e compreensão da criança a 
fim de desenvolver a mente delas (SANTROCK, 2010). 
De acordo com Santrock (2010), John Dewey por sua vez tornou-se a força 
motriz da aplicação na prática da psicologia. Estabeleceu o primeiro e mais importante 
laboratório de Psicologia Educacional nos EUA, mais precisamente na Universidade 
 
7 
 
de Chicago no ano de 1894, continuando seu trabalho inovador na Universidade de 
Colúmbia. Muitas ideias importantes partiram deste teórico, nos mostrando que a 
criança é um ser em constante e ativa aprendizagem. É importante destacar que antes 
de Dewey, as pessoas acreditavam que as crianças deviam permanecer sentadas e 
em silêncio de modo que aprendiam passivamente e de uma maneira mecânica, em 
contraste a esta crença ele trouxe que as crianças aprendem realizando. 
O teórico nos traz ainda mais uma contribuição, afirmando que a educação 
deve focar a criança em sua totalidade enfatizando também a adaptação da criança 
ao ambiente, elas devem ser educadas de modo que possam ser estimuladas a 
pensar e também a se adaptar ao seu ambiente fora da escola, as crianças devem 
aprender a serem mais autônomas e solucionadoras de problemas de maneira 
reflexiva. Para Dewey toda criança merece ter uma educação de qualidade sem 
diferenciação de classe, raça ou sexo, ele lutou para que todas as crianças de uma 
maneira geral tivessem uma educação competente. 
 
 
Fonte: goodstart.org.au.com.br 
Thorndike, outro percursor da Psicologia Educacional enfocou a avaliação e a 
mediação e promoveu os princípios básicos e científicos da aprendizagem. 
Argumentou que uma das tarefas mais importantes da escola é a de desenvolver as 
habilidades de raciocínio das crianças, se diferenciando ao fazer estudos científicos 
aprofundados e precisos sobre o ensino e aprendizagem (BEATTY, 1998 apud 
 
8 
 
SANTROCK 2010, p. 3). Promoveu também a ideia de que a Psicologia Educacional 
deve ter uma base científica e deve enfocar principalmente a mediação. (O’DONNEL 
e LEVIN 2001 apud SANTROCK 2010, p.3). 
Discutindo sobre o início da Psicologia da Educação, nos deparamos com as 
diversas transformações que ocorreram no mundo através dos anos. Segundo Bock 
(2003, p. 81) “as grandes guerras trouxeram uma valorização da infância, tomada 
como o futuro. A escola também respondeu a estas novas ideias com a proposta da 
Pedagogia da Escola Nova, que se pôs no avesso às ideias da Escola Tradicional”. A 
criança passou a ser vista como naturalmente boa. Sua natureza humana era dividida 
em duas: a parte boa, que vinha desde o nascimento e a outra corruptível. A escola 
passou a ter a responsabilidade de manter a criança na bondade e na espontaneidade 
que a caracterizavam. 
 
 
Fonte: farpost.ru.com.br 
A escola passou a ser espaço de liberdade e comunicação, lugar onde a criança 
poderia manifestar sua afetividade expressa como carinho ou agressividade; sua 
criatividade expressa como construção ou destruição; sua liberdade expressa como 
obediência ou rebeldia. Todas as atitudes infantis foram tomadas de maneira naturais, 
como boas e desejáveis. Mas é importante destacar que a escola se manteve atenta 
e vigilante no que diz respeito ao desenvolvimento psíquico da criança. Os chamados 
vigilantes disciplinados foram substituídos por vigilantes do desenvolvimento 
 
9 
 
pedagogos e psicólogos. As regras foram extintas, permaneciam somente aquelas 
construídas pela equipe da escola. Nenhuma preocupação com a disciplina, pois na 
bagunça se visualizava o interesse pelo saber, pela construção coletiva, pela troca 
(BOCK 2003). 
No que se refere à comunicação na Escola Nova esta era prioridade. O 
professor foi colocado em uma posição modesta sem grande influência, afinal era um 
representante dos adultos, visto sempre como um mundo corrompido. O professor 
passou então a ter a função de organizador das condições de aprendizagem, devendo 
prover materiais e situações que propiciem o aprendizado. As técnicas pedagógicas 
se tornaram ativas. Alunos em atividades constantes, vivendo a satisfação do 
aprendizado e da descoberta (BOCK 2003). 
 
 
Fonte: educandoteka.com.br 
 
Bock (2003) considera que as escolas já não faziam culto à grandes homens 
e, portanto, mudaram seus nomes aproveitando ideias ou símbolos de grupalização, 
troca, descobertas, jogos ou termos que fizessem referência à infância. A cultura, 
como saber, continuou a ser instrumento básico de trabalho, mas agora o mais 
importante era estimular perguntas e não mais formular respostas que na verdade não 
respondiam nenhuma delas, como na Escola Tradicional. Curiosidade, interesse, 
http://www.educandoteka.com.br/
 
10 
 
motivação, experiência, eram palavras muito importantes no vocabulário da Escola 
Nova. 
A psicologia é solicitada a intervir na solução de problemas bastante variados. 
Mesmo que esteja sempre encontrando resistências e oposições, ela tem contribuído 
em diferentes domínios, sendo o da educação um deles. 
Voltamos a destacar a importância da escola. É preciso entendê-la como um 
meio transformador e questionador da sociedade e reconhecer sua dimensão 
progressista. E também é fundamental vê-la como sendo um meio constituidor para o 
aluno onde todo o seu cotidiano gira em função dela. 
Sendo assim, devemos destacar a responsabilidade da escola para com o 
aluno, ressaltando a necessidade do interesse que o educador deve ter pela vida do 
aluno como um todo, fazendo com que a escola passe a ter sentido na vida dele. 
Desenvolvimento e educação são complementares e a atividade exercida por 
todos educadores é de extrema importância. A escola tem de se dirigir ao aluno de 
maneira que possa atingir toda sua personalidade, respeitando e estimulando sua 
espontaneidade total de ação e de assimilação. 
Assim, o que se verifica na Escola em termos de problematização do 
comportamento da criança ou do adolescente, com um enfoque eminentemente 
psicológico, nada mais é do que uma extensão do que vem acontecendo em todas as 
demais áreas do social, com um destaque especial paraa família - das camadas 
médias da população- que, em função dessa evolução das últimas décadas, chega à 
feição que assume hoje e evidencia: 
1- Uma preocupação exacerbada com os possíveis efeitos psicológicos 
danosos de práticas de educação inadequadas; essa preocupação que vigora por 
todo o século XX, mas mais acentuadamente nessa segunda metade, e tem levado a 
que grande parte do tempo dos educadores seja consumido em torno da mudança, 
discutindo o "certo e o errado" das formas de se lidar com a criança, visando educar 
para garantir um indivíduo diverso do que as gerações precedentes produziram; 
2- Que os projetos de educação, entretanto, ainda que discutidos e elaborados, 
não têm trazido a esses mesmos educadores a satisfação plena do "dever cumprido", 
pois aparece na atualidade, com muita frequência, um desconforto que nasce da 
observação de que o "produto final" não se encaixa com as formas delineadas de 
 
11 
 
"adulto idealizado", e também porque as gerações mais novas fazem críticas 
constantes e severas contra a forma como foram conduzidas; 
3- Dificuldades adicionais e novas de uma sociedade em rápida transformação 
de valores, e que exige o desapego, a relativização e a manutenção, a qualquer custo, 
do individualismo, colaborando para que dentro da sua estratificação por idades o 
contato e a transmissão de ideias entre as gerações fiquem prejudicados; 
4- E, como corolário desse quadro, que é fundamental buscar o especialista e 
as terapias para equilibrar o processo. Portanto, que recorrer ao psicólogo, tendo 
identificado problemas que 'SÓ ELE É CAPAZ DE RESOLVER' deve constituir-se em 
uma tarefa do seu dia-a-dia na Escola. 
Para tal, é necessário ter uma formação também psicológica, a fim de melhor 
compreender a natureza e o desenvolvimento dos alunos de suas escolas e poder 
agir verdadeiramente como educador. 
Não quero dizer que sabendo psicologia vamos entender e resolver tudo em 
nossa volta. Mas, pode ajudar a compreender melhor algumas atitudes dos alunos ou 
mesmo de um colega de trabalho. As relações entre a psicologia e a educação, apesar 
de parecerem óbvias, são complexas e envolvem vários aspectos, tanto concordantes 
como de oposição. Tendo como alvo comum a criança, a psicologia e a educação têm 
discutido desde há muito tempo os processos de desenvolvimento e os de 
aprendizagem. 
As relações entre a psicologia e a educação, apesar de parecerem óbvias, são 
complexas e envolvem vários aspectos, tanto concordantes como de oposição. Tendo 
como alvo comum a criança, a psicologia e a educação têm discutido desde há muito 
tempo os processos de desenvolvimento e os de aprendizagem. 
 
12 
 
 
Fonte: psicologiasdobrasil.com.br 
Assim, a influência da psicologia sobre a educação é reconhecida. No entanto, 
a posição da psicologia na relação com a pedagogia tem sido muitas vezes de 
autoridade, ultrapassando os limites da competência. 
A história demonstra pactos entre psicologia, educação e sociedade que 
penderam para interesses contraditórios e opostos, na maioria das vezes em 
contraposição aos direitos das classes populares. Da compreensão desse processo, 
podemos nos lançar de maneira mais efetiva à construção de uma Psicologia Escolar 
e Educacional comprometida de fato com uma educação democrática, submetida aos 
interesses dessas classes. Este é, por sua vez, o compromisso que define e determina 
as perspectivas que estão postas para essa área de conhecimento e campo de 
atuação do psicólogo. 
Por outro lado, percebe-se a grande procura de respostas, por parte da 
educação, em diversas áreas, para dar conta da complexidade do fenômeno 
educativo. Por exemplo, em relação ao comportamento dos alunos em sala de aula, 
os sérios problemas relacionados à violência e à falta de motivação. 
Não é função da psicologia ditar normas para a educação, como também não 
é a educação uma aplicação da psicologia. O que se faz necessário, no entanto, é um 
maior conhecimento do desenvolvimento da pessoa do aluno na instituição escolar. 
 O importante é considerar a relação entre a psicologia e a educação como 
 
13 
 
sendo de complementaridade, de construção, para avançar no entendimento desses 
dois campos do conhecimento. 
Com isso, podemos buscar soluções mais produtivas para essas questões e 
tantas outras, que você conhece tão bem no seu contato diário com os alunos no 
ambiente escolar. 
O objetivo é proporcionar a você uma visão do desenvolvimento da pessoa a 
partir de algumas concepções teóricas, e que você possa levar em conta tudo isso 
quando estiver no seu trabalho. 
Procure ler muitas outras fontes além do que se propõe neste curso. Uma 
revista em quadrinhos, um romance, um livro infantil, uma poesia ou apreciar um livro 
de pinturas ou contemplar a natureza. Tudo isso enriquece nosso conhecimento e 
desenvolve a nossa sensibilidade. Você pode verificar na biblioteca da sua escola 
quais os livros do seu interesse. Um educador com diferentes conhecimentos sente-
se mais preparado e seguro na sua tarefa de educar os alunos. 
 
2 HISTÓRICO DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM 
 
Fonte: orfeu.org 
Abordar a história, os compromissos e as perspectivas da Psicologia Escolar e 
Educacional significa tratar de três dimensões fundamentais de seu estatuto como 
área de conhecimento articulada a um campo de prática social. A natureza dessa 
relação se expressa, pelo menos, em duas dimensões: a psicologia educacional como 
http://www.orfeu.org/
 
14 
 
um dos fundamentos científicos da educação e da prática pedagógica e a psicologia 
escolar como modalidade de atuação profissional que tem no processo de 
escolarização seu campo de ação, com foco na escola e nas relações que aí se 
estabelecem. Dada a complexidade e a multiplicidade dessas questões, seu estudo 
comporta um amplo espectro de focos possíveis, tornando necessária uma 
delimitação que implica a opção por alguns caminhos em detrimento de outros, que 
podem ser abordados em outras oportunidades. 
Numa perspectiva mais ampla, poder-se-ia tratar a Psicologia Escolar e 
Educacional por algumas de suas articulações mais antigas. A Grécia Antiga, entre 
outras civilizações, constitui-se numa rica fonte de estudos, por sintetizar, em sua 
produção filosófica, a teoria do conhecimento, as ideias psicológicas e as propostas 
sistemáticas de educação da juventude e sua correspondente ação pedagógica. É 
possível, nessa perspectiva, estudar Protágoras e os sofistas, Pitágoras e a escola 
pitagórica, Sócrates e a maiêutica, Platão e a Academia, Aristóteles e o Liceu, entre 
muitos outros. Por esse mesmo foco é possível estudar o pensamento medieval, em 
que filosofia/teologia, educação/pedagogia e ideias psicológicas permaneceram 
intimamente articuladas. 
Para Cosmo (2006), compreender a influência da Psicologia na Educação 
passa necessariamente pelo conhecimento histórico da relação que envolveu essas 
duas áreas do conhecimento. A busca por esse conhecimento demanda, portanto, a 
elaboração de um breve resgate histórico identificando como essa relação foi sendo 
constituída. 
 
 
Fonte: psicoativo.com 
http://www.psicoativo.com/
 
15 
 
É preciso situar na trajetória dessa relação, as características que marcaram a 
relação da Psicologia com a Educação, as ideias psicológicas presentes na Educação 
Nacional, e ainda as contribuições da Psicologia para a área da Educação. Cosmo 
(2006), afirma que os estudos de pesquisadores da área da história da Psicologia, e, 
especialmente os dedicados à relação Psicologia e Educação revelam significativas 
contribuições da participação da Psicologia nos contextos educativos. Sendo assim, 
considerando os pesquisadores do campo da história da psicologia, faremos este 
resgate com vistas a compreender melhor a presença da Psicologia na Educação, 
especialmente por meio das chamadas teorias do desenvolvimento e da 
aprendizagem.A modernidade trará uma complexidade que amplia muito o espectro de análise 
dessas relações, proporcionando um campo quase incomensurável de estudos, que 
estende para a contemporaneidade suas determinações e nela se faz presente. Em 
última análise, pode-se afirmar que a relação entre psicologia e educação, sobretudo 
em suas mediações com as teorias de conhecimento, é algo que acompanha a própria 
história do pensamento humano e constitui-se como complexo e extenso campo de 
estudo. Esta não é a perspectiva que será aqui tratada, mas reiterá-la é necessário 
para indicar a complexidade e a totalidade da qual faz parte o foco sob o qual a 
Psicologia Escolar e Educacional será abordada neste texto, qual seja, a Psicologia 
Escolar e Educacional no Brasil. 
O presente texto compõe-se de uma discussão inicial sobre alguns 
pressupostos do estatuto da Psicologia Escolar e Educacional, uma breve história das 
relações entre psicologia e educação no Brasil e um ensaio sobre os compromissos e 
as perspectivas colocadas para a construção de uma Psicologia Escolar e 
Educacional comprometida socialmente com os interesses da maioria da população. 
 
3 ESTATUTO DA PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL: ALGUNS 
PRESSUPOSTOS 
Essa discussão exige, antes de mais nada, a explicitação de alguns conceitos 
presentes nos termos da expressão Psicologia Escolar e Educacional. 
 
16 
 
Entendemos educação como prática social humanizadora, intencional, cuja 
finalidade é transmitir a cultura construída historicamente pela humanidade. O homem 
não nasce humanizado, mas torna-se humano por seu pertencimento ao mundo 
histórico-social e pela incorporação desse mundo em si mesmo, processo este para o 
qual concorre a educação. A historicidade e a sociabilidade são constitutivas do ser 
humano; a educação é, nesse processo, determinada e determinante. 
A escola pode ser considerada como uma instituição gerada pelas 
necessidades produzidas por sociedades que, por sua complexidade crescente, 
demandavam formação específica de seus membros. A escola adotou ao longo da 
história diversas formas, em função das necessidades a que teria que responder, 
tendo sido, em geral, destinada a uma parcela privilegiada da população, a quem 
caberia desempenhar funções específicas, articuladas aos interesses dominantes de 
uma dada sociedade. Essa realidade deve ser, no entanto, compreendida também a 
partir de suas contradições, sobretudo a concepção de escola como instância que se 
coloca hoje como uma das condições fundamentais para a democratização e o 
estabelecimento da plena cidadania a todos, e que, embora não seja o único, é 
certamente um dos fatores necessários e contingentes para a construção de uma 
sociedade igualitária e justa. Sob essa perspectiva, a escola, tal como nós a 
concebemos, tem como finalidade promover a universalização do acesso aos bens 
culturais produzidos pela humanidade, criando condições para a aprendizagem e para 
o desenvolvimento de todos os membros da sociedade. 
A pedagogia pode ser entendida como fundamentação, sistematização e 
organização da prática educativa. A preocupação pedagógica atravessa a história, 
sustentando-se em diferentes concepções filosóficas, constituindo-se sob diversas 
bases teóricas e estabelecendo várias proposições para a ação educativa. Com o 
desenvolvimento das ciências a partir da modernidade, o conhecimento científico 
tornou-se sua principal base de sustentação. 
 
17 
 
 
Fonte: creciendoenespanol.blogspot.com.br 
A Psicologia Educacional pode ser considerada como uma subárea da 
psicologia, o que pressupõe esta última como área de conhecimento. Entende-se área 
de conhecimento como corpus sistemático e organizado de saberes produzidos de 
acordo com procedimentos definidos, referentes a determinados fenômenos ou 
conjunto de fenômenos constituintes da realidade, fundamentado em concepções 
ontológicas, epistemológicas, metodológicas e éticas determinadas. Faz-se 
necessário, porém, considerar a diversidade de concepções, abordagens e sistemas 
teóricos que compõem o conhecimento, particularmente no âmbito das ciências 
humanas, das quais a psicologia faz parte. Assim, a psicologia da educação pode ser 
entendida como subárea de conhecimento, que tem como vocação a produção de 
saberes relativos ao fenômeno psicológico constituinte do processo educativo. 
A Psicologia Escolar, diferentemente, define-se pelo âmbito profissional e 
refere-se a um campo de ação determinado, isto é, o processo de escolarização, tendo 
por objeto a escola e as relações que aí se estabelecem; fundamenta sua atuação 
nos conhecimentos produzidos pela psicologia da educação, por outras subáreas da 
psicologia e por outras áreas de conhecimento. 
Deve-se, pois, sublinhar que psicologia educacional e psicologia escolar são 
intrinsecamente relacionadas, mas não são idênticas, nem podem reduzir-se uma à 
outra, guardando cada qual sua autonomia relativa. A primeira é uma área de 
conhecimento (ou subárea) e, grosso modo, tem por finalidade produzir saberes sobre 
http://www.creciendoenespanol.blogspot.com.br/
 
18 
 
o fenômeno psicológico no processo educativo. A outra constitui-se como campo de 
atuação profissional, realizando intervenções no espaço escolar ou a ele relacionado, 
tendo como foco o fenômeno psicológico, fundamentada em saberes produzidos, não 
só, mas principalmente, pela subárea da psicologia, a psicologia da educação. 
 
4 RELAÇÕES ENTRE PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO NO BRASIL: UMA BREVE 
HISTÓRIA 
A história da Psicologia Escolar e Educacional no Brasil pode ser identificada 
desde os tempos coloniais, quando preocupações com a educação e a pedagogia 
traziam em seu bojo elaborações sobre o fenômeno psicológico. Massimi (1986; 
1990), ao estudar obras produzidas no período colonial, no âmbito da filosofia, moral, 
educação e medicina, entre outras, identifica temas como: aprendizagem, 
desenvolvimento, função da família, motivação, papel dos jogos, controle e 
manipulação do comportamento, formação da personalidade, educação dos 
indígenas e da mulher, entre outros temas que, mais tarde, tornaram-se objetos de 
estudo ou campos de ação da psicologia. É importante destacar que a maioria desses 
escritos estava comprometida com os interesses metropolitanos e expressava as 
mazelas de sua dominação na colônia. Entretanto, há contradições, sendo que 
algumas dessas obras assumiram posições que se opunham aos ideais da metrópole, 
como a defesa da educação feminina, entre outras. Além disso, várias obras não 
apenas trataram de temas que viriam a ser próprios da psicologia, mas os trataram de 
maneira bastante original, antecipando formulações que viriam a ser incorporadas 
pela psicologia do século XX. 
 
 
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Fonte: blogdonikel.wordpress.com 
Para Cosmo (2006), na construção histórica elaborada por Coll (1996, 1999), 
até aproximadamente o final do século XIX, a relação entre a Psicologia e a Educação 
esteve totalmente mediada pela filosofia, sendo correta, portanto, a afirmação de que 
nesse período, o pensamento educativo sofreu significativas influências de 
explicações psicológicas de natureza filosófica. 
Cosmo (2006) considera que as primeiras décadas do século XX, praticamente 
todas as teorias da Psicologia foram consideradas úteis para a Educação. O foco da 
Psicologia da Educação centrou-se na aplicabilidade do conhecimento psicológico no 
campo educativo, especialmente, no ambiente escolar. Para Gatti (1997), o domínio 
da Psicologia sobre a Educação remonta ao início do século XX e deixou evidências 
de que a Psicologia, desde seu surgimento, foi configurando-se como principal 
sustentáculo teórico para as práticas educativas. 
Durante os anos 20, o Brasil vive o movimento escolanovista e a Psicologia 
desponta como principal domínio científico fornecedor dos recursos teóricos 
metodológicos para educação escolarizada. (CUNHA, 1995). Para Urt(1989 apud 
Cosmo, 2006), os ideais da Escola Nova se contrapunham ao discurso da Pedagogia 
tradicional, enfatizado pela dimensão lógica dos conteúdos, em nome do processo 
ensino-aprendizagem, portanto, valorizando os aspectos psicológicos. 
Ainda nessa década, destaca-se a participação de Helena Antipoff, discípula 
de Claparède, na direção, em Belo Horizonte, Minas Gerais, de uma organização para 
http://www.blogdonikel.wordpress.com/
 
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formação de professores para o ensino de crianças com deficiência mental. O mesmo 
trabalho foi desenvolvido anos depois no Rio de Janeiro, especificamente pela 
Sociedade Pestalozzi. Nesses espaços, Helena Antipoff difundiu as ideias da 
Psicologia funcional e se dedicou a diversas pesquisas na área da Psicologia infantil. 
No século XIX, ideias psicológicas articuladas à educação foram também 
produzidas no interior de outras áreas de conhecimento, embora de maneira mais 
institucionalizada. No campo da pedagogia, escolas normais (criadas a partir da 
década de 1830) foram espaços de discussão, ainda que incipientes e pouco 
sistemáticos, sobre a criança e seu processo educativo, incluindo temas como 
aprendizagem, desenvolvimento, ensino e outros. Em meados do século, essa 
preocupação torna-se mais sistemática e frequente e, nos anos finais desse mesmo 
século, é possível perceber a incorporação de conteúdos que mais tarde viriam a ser 
considerados como objetos próprios da psicologia educacional, com particular 
interesse por temas anteriormente estudados, como aprendizagem e 
desenvolvimento, mas também por outros que já seriam considerados expressões da 
psicologia do século XX, como a inteligência, por exemplo. Deve-se destacar, no 
âmbito oficial, a Reforma Benjamin Constant, de 1890, que transformou a disciplina 
filosofia em psicologia e lógica, que, por desdobramento, gerou mais tarde a disciplina 
pedagogia e psicologia para o ensino normal. Data dessa época a introdução, ainda 
que assistemática e pontual, do ideário escolanovista, que só mais tarde viria a se 
tornar hegemônico no pensamento pedagógico e teria na psicologia seu principal 
fundamento cientifico. 
 
 
Fonte: edmarciuscarvalho.blogspot.com.br 
 
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Os anos finais do século XIX e os primeiros anos do século seguinte trazem 
mudanças profundas na sociedade brasileira: fortalecimento do pensamento liberal; 
busca da "modernidade"; luta contra a hegemonia do modelo agrário-exportador, em 
direção ao processo de industrialização. Essas novas ideias traziam em seu bojo um 
novo projeto de sociedade, que exigia uma transformação radical da estrutura e da 
superestrutura social, para o qual seria necessário um novo homem, cabendo à 
educação responsabilizar-se por sua formação. 
Nesse contexto, o debate sobre a educação tomou vulto, com a defesa da 
difusão da escolaridade para a massa da população e uma maior sistematização das 
ideias pedagógicas, com crescente influência dos princípios da Escola Nova. Assim, 
as escolas normais passaram a ser o principal centro de propagação das novas ideias, 
baseadas nos princípios escolanovistas, com vistas à formação dos novos 
professores, encarregando-se do ensino, da produção de obras e do início da 
preocupação com a produção de conhecimentos por meio dos então inaugurados 
laboratórios de psicologia, fatores estes que deram as bases para as reformas 
estaduais de ensino promovidas nos anos 1920 e foram por estas potencializados. 
Foi nesse quadro que ocorreu, paulatinamente, a conquista de autonomia da 
psicologia como área especifica de conhecimento no Brasil, deixando de ser 
produzida no interior de outras áreas do saber, sendo reconhecida como ciência 
autônoma e dando as condições para que, por essa via, penetrassem os 
conhecimentos da psicologia que vinham sendo produzidos na Europa e nos Estados 
Unidos. 
Assim, percebe-se uma interdependência entre psicologia e educação, 
sobretudo pela via da pedagogia, a partir da articulação entre saberes teóricos e 
prática pedagógica. Pode-se afirmar que o processo pelo qual a psicologia conquistou 
sua autonomia como área de saber e o incremento do debate educacional e 
pedagógico nas primeiras décadas do século XX estão intimamente relacionados, de 
tal maneira que é possível afirmar que psicologia e educação são, historicamente, no 
Brasil, mutuamente constituintes uma da outra. Esse momento foi responsável pela 
consolidação da articulação entre psicologia e educação, dando as bases para a 
penetração e a consolidação daquilo que nos Estados Unidos e Europa já se 
desenvolvia sob a denominação de psicologia educacional. 
 
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O período seguinte, a partir da década de 1930, caracteriza-se pela 
consolidação da psicologia no Brasil e tem como base a estreita relação estabelecida 
entre essa área e a educação. Os campos de atuação da psicologia que se 
desenvolveram a partir dessa época, tornando-se campos tradicionais da profissão, 
como a atuação clínica e a intervenção sobre a organização do trabalho, tiveram suas 
raízes na educação, respectivamente pela criação dos Serviços de Orientação Infantil 
nas Diretorias de Educação do Rio de Janeiro e de São Paulo e da Clínica do Instituto 
Sedes Sapientiae, com a finalidade de atender crianças com dificuldades escolares, 
e pela Orientação Profissional, dentre outras ações educacionais, no campo do 
trabalho. 
Ao mesmo tempo, o ensino formal de psicologia em cursos superiores tinha 
estreita articulação com a educação, pois as cátedras de psicologia estavam 
vinculadas primordialmente aos cursos de filosofia e de pedagogia, nestes últimos sob 
a denominação de psicologia educacional. 
Muitos foram os trabalhos realizados pela psicologia no âmbito da educação, 
dentre os quais: Serviço de Psicologia Aplicada do Instituto Pedagógico da Diretoria 
de Ensino de São Paulo; Sociedade Pestalozzi de Minas Gerais e, posteriormente, 
Sociedade Pestalozzi do Brasil; "Escola para Anormais" em Recife; atividades 
realizadas no INEP, particularmente com a utilização de testes psicológicos; a criação 
das Clínicas de Orientação Infantil; o trabalho desenvolvido por Helena Antipoff na 
Escola de Aperfeiçoamento de Professores e na Fazenda do Rosário; Instituto de 
Seleção e Orientação Profissional - ISOP-FGV; além dos trabalhos desenvolvidos por 
Ana Maria Poppovic com "crianças abandonadas" no Abrigo Social de Menores da 
Secretaria de Bem-Estar Social do Município de São Paulo; a fundação do Instituto de 
Psicologia da PUCSP, oferecendo serviços de medidas escolares, pedagogia 
terapêutica e orientação psicopedagógica; além das muitas instituições estritamente 
educacionais que desenvolviam trabalhos relacionados à Psicologia. 
 
 
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Fonte: petpedufba.wordpress.com 
Pode-se dizer que a Educação continuou sendo a base para o desenvolvimento 
da psicologia, assim como esta permaneceu como principal fundamento para a 
educação, particularmente no âmbito pedagógico, como sustentação teórica da 
Didática e da Metodologia de Ensino, bases para a formação de professores. Essa 
tendência se expressa em experiências realizadas pela Escola Experimental da Lapa 
e pelos Ginásios Vocacionais em São Paulo, dentre outras inúmeras experiências, 
realizadas em todo o país. 
Concomitantemente, o ensino nas Escolas Normais e nos Cursos de 
Pedagogia continuavam dando à Psicologia espaço privilegiado em seus currículos. 
O desenvolvimento da pesquisa também ganha impulso, tendo como referência 
algumas instituições, como o Instituto de Educação do Rio de Janeiro; Escola de 
Aperfeiçoamento de Professores de Belo Horizonte; Instituto de Seleção e Orientação 
Profissional de Recife; Laboratório de Psicologia Educacional do Instituto de 
Educação (evolução do Instituto Pedagógico de São Paulo); Núcleo de Pesquisas 
Educacionais da Municipalidade do Rio de Janeiro; Instituto Nacional de Surdos-
mudos e o Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais- CBPE - e seus correlatos, 
os Centros Regionais de Pesquisas Educacionais - CRPE; além da produção de 
escolas normais e universidades. 
Nesse contexto, começam a se diferenciar, ainda que de forma não sistemática 
e formal, a psicologia educacional, como conjunto de saberes que pretende explicar e 
subsidiar a prática pedagógica, sendo, portanto, de domínio necessário para todos os 
educadores, e a psicologia escolar, como campo de atuação de profissionais da 
http://www.petpedufba.wordpress.com/
 
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psicologia que atuariam no âmbito da escola, desempenhando uma função especifica, 
alicerçada na psicologia e que se caracterizou inicialmente por adotar o modelo clínico 
de intervenção. 
Embora contradições possam ser apontadas, revelando produções teóricas e 
práticas afinadas com a construção de uma escola comprometida com a 
aprendizagem e o desenvolvimento de seus alunos, particularmente aqueles oriundos 
das camadas populares, o papel que a psicologia desempenhou na educação tornou-
se objeto de crítica. A utilização e a interpretação indiscriminadas e aligeiradas de 
teorias e técnicas psicológicas, como os testes (principalmente os de nível mental e 
de prontidão); a responsabilização da criança e de sua família, em nome de problemas 
ditos de "ordem emocional", para justificar o desempenho do aluno na escola e a 
redução dos processos pedagógicos aos fatores de natureza psicológica colaboraram 
para interpretações e práticas no mínimo equivocadas, desprezando o processo 
educativo como totalidade multideterminada, relegando a segundo plano, ou omitindo, 
fatores de natureza histórica, social, cultural, política, econômica e, sobretudo, 
pedagógica na determinação do processo educativo. 
Esse processo culmina, em 1962, com a regulamentação da profissão de 
psicólogo e o estabelecimento de cursos específicos para sua formação. As ações 
desenvolvidas no período anterior deram as bases para os campos tradicionais de 
atuação da psicologia: educação, clínica e trabalho. 
Um fato interessante a ser mencionado é que, justamente com a 
regulamentação da profissão, o campo da educação, antes base principal para o 
desenvolvimento da psicologia no Brasil, torna-se secundário para os profissionais da 
área. Isso se revela não apenas no âmbito curricular, mas, sobretudo, na preferência 
de alunos e profissionais pelos campos da clínica e da organização do trabalho. Esse 
é também um dos fatores explicativos para a adoção de uma modalidade clínico-
terapêutica na ação da psicologia escolar, tendo como base o modelo médico, 
questão que será discutida adiante. 
 
 
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Fonte: ieschavesnogales.es.com.br 
Entretanto, as relações entre educação e psicologia vão se diferenciando. De 
um lado, a área da psicologia educacional, foco de interesse tanto de pedagogos como 
de psicólogos, e, de outro, o campo da psicologia escolar, como atributo específico do 
profissional da psicologia que atua no espaço escolar. O conhecimento psicológico 
estava incorporado à Pedagogia e à prática dos educadores e a atuação do psicólogo 
escolar adotava um modelo cada vez mais clínico-terapêutico, agindo fora da sala de 
aula, focando sua atenção na dimensão individual do educando e em seus 
"problemas", atendendo, sobretudo, demandas específicas da escola, que 
encaminhava as crianças que tinham, a seu ver, "problemas de aprendizagem" ou 
outras manifestações consideradas como "distúrbios" inerentes ao próprio educando. 
Pode-se falar que esse período herdou do período anterior o que pode ser 
interpretado como hipertrofia da psicologia na educação, numa tendência 
reducionista, que passou, na década de 1970, a ser criticada tanto por pedagogos 
como por psicólogos. Criticava-se a utilização dos testes e a interpretação de seus 
resultados, que atribuía ao aluno a determinação de seus "problemas", 
desconsiderando as condições pedagógicas; o encaminhamento de alunos com 
deficiência que, sob a justificativa de lhes proporcionar uma "educação especial", 
relegava-os a condições aligeiradas de ensino e sem solução de continuidade, 
reforçando estigmas e preconceitos e produzindo social e pedagogicamente a 
deficiência intelectual; as interpretações e ações supostamente fundamentadas na 
 
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psicologia, por educadores e psicólogos, calcadas em fatores como: atraso no 
desenvolvimento, distúrbios de atenção, motores ou emocionais (estes em geral 
relacionados estritamente às condições intrínsecas da criança ou da família). Uma das 
consequências apontadas por essas críticas era a desconsideração dos 
determinantes de natureza social, cultural, econômica e, sobretudo, pedagógica; daí 
falar-se em reducionismo. 
Alguns psicólogos escolares e pesquisadores da área começaram, nessa 
época, a elaborar uma crítica radical à Psicologia Escolar e Educacional, com base 
em argumentos semelhantes aos apontados por pedagogos e educadores em geral. 
De um lado, criticava-se a já apontada hipertrofia da psicologia na educação e o 
reducionismo dos fatores educacionais e pedagógicos às interpretações 
psicologizantes. Por outro lado, enfocando mais especificamente a prática da 
psicologia escolar e aprofundando a crítica a seu modo de ação, avançavam para a 
demonstração de que o enquadramento clínico-terapêutico baseava-se num modelo 
médico, estranho às determinações pedagógicas, que tendia a patologizar e 
individualizar o processo educativo, distanciando-se da compreensão efetiva dos 
determinantes desse processo e desconsiderando ações então denominadas 
preventivas, que deveriam voltar-se para as condições mais propriamente 
pedagógicas, de forma a atuar mais coletivamente, com base naquilo que hoje seria 
denominado de interdisciplinaridade, com os demais profissionais da educação e da 
escola. Alguns dos focos possíveis de atuação eram apontados, naquela época, em 
direção à formação de professores, à intervenção no âmbito das relações escola-
família-comunidade, ao processo grupal estabelecido na instituição escolar, dentre 
outros. Particular preocupação entre psicólogos escolares incidia sobre os índices de 
reprovação na então 1ª. série do 1º. Grau, que mostravam que mais da metade dos 
alunos ficava retida nessa série, muitas vezes na condição de alunos multirrepetentes, 
culminando com o abandono da escola, processo este que atingia fundamentalmente 
alunos oriundos das classes populares. 
Esse fato levou muitos profissionais da psicologia a se interessar pela 
alfabetização em especial e, de maneira mais ampla, pela articulação mais estreita 
entre os conhecimentos produzidos pela psicologia e aqueles produzidos por outras 
áreas de saber, principalmente a sociologia da educação, uma vez que a questão 
 
27 
 
relativa à relação entre desempenho escolar e condições socioeconômicas ganhava 
espaço nos debates educacionais. 
Entretanto, poucos trabalhos conseguiram efetivar esse modelo de atuação, 
comprometido com o processo pedagógico, em decorrência principalmente da 
expectativa da escola, cristalizada na modalidade clínica de psicologia, pautada no 
encaminhamento do aluno para que ele fosse "curado" fora do espaço da sala de aula 
e depois devolvido "sem problemas", tirando da escola a responsabilidade da ação 
sobre a escolarização da criança. Foram, porém, esses poucos trabalhos, muitas 
vezes pautados na desconstrução dessas expectativas da escola, que deram as 
bases para a superação daquela psicologia escolar clínico-terapêutica, na direção de 
uma psicologia que pode ser denominada efetivamente como escolar, delimitando seu 
campo de atuação e criando uma modalidade de trabalho efetivamente comprometida 
com o cotidiano da escola em sua função essencialmente pedagógica. 
Nesse sentido, a superação dessa situação exigia não somente a crítica à 
hipertrofia da psicologia na educação, ao reducionismo, às interpretações aligeiradas 
e banalizadas, às ações fundadas num modelo estranho àeducação, como o modelo 
médico, e à culpabilização da criança e de sua família, mas também a restituição de 
seu núcleo de bom senso. Fazia-se necessário devolver à psicologia seu lugar no 
processo pedagógico. 
É necessário, pois, que se considere que o processo educativo ocorre no 
âmbito do sujeito; assim, a dimensão psicológica não pode ser negada, mas 
incorporada na apreensão do fenômeno em sua totalidade, condição fundamental 
para a produção de conhecimento nesse campo, responsabilidade da psicologia 
educacional. Esta, por sua vez, deve fundamentar, naquilo que lhe cabe, a 
compreensão do fenômeno educativo e dar base para o estabelecimento de 
processos efetivos de intervenção, que poderiam constituir-se na matriz de atuação 
do psicólogo escolar. 
Dessas considerações parte-se agora para um ensaio que visa discutir 
possibilidades e limites para a construção de uma Psicologia Escolar e Educacional, 
sob o foco de seus compromissos e perspectivas. 
 
 
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5 COMPROMISSOS E PERSPECTIVAS PARA A PSICOLOGIA ESCOLAR E 
EDUCACIONAL 
 
 
Fonte: novaescola.org.br 
É condição para a discussão de compromissos, assim como das perspectivas 
que se colocam a partir deles, a explicitação do lugar a partir do qual se fala. 
Compromisso implica três instâncias: aquele que se compromete (neste caso, 
referimo-nos à Psicologia Escolar e Educacional), aquele com quem se compromete 
(as classes populares) e aquilo com que se compromete (a construção de uma 
educação democrática). Trata-se, portanto, de discutir o compromisso da Psicologia 
Escolar e Educacional com a educação das classes populares, o que torna necessário 
expor a concepção de educação que dá base à posição aqui defendida. 
A educação que aqui se afirma é uma educação rigorosa e amplamente 
democrática, que deve ser acessível a todos e que não transige na defesa desse 
princípio. É concebida como instância social responsável pela tarefa de socialização 
dos conhecimentos produzidos pela humanidade ao longo de sua história, criando 
condições para que todos possam ascender do senso-comum aos saberes 
fundamentados, articulados e sintéticos sobre o mundo. Educação democrática 
significa, portanto, democratização de saberes; saberes estes que foram 
historicamente privilégios - na produção e no acesso - das classes dominantes. Para 
que ela se realize em cada sujeito, é necessário garantir o domínio de recursos 
 
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necessários para a apreensão do conhecimento, como o domínio da leitura e da 
escrita, da matemática e de outros recursos próprios da contemporaneidade, como 
informática e línguas estrangeiras. Isso, entretanto, constitui-se tão somente o ponto 
de partida, pois são apenas os meios necessários para a aquisição de outros 
conhecimentos, que devem ser considerados em todas as suas expressões, da 
filosofia à ciência e às artes, em permanente diálogo com a cultura própria da criança, 
que deve ser respeitada e considerada no processo de ensino-aprendizagem. Disso 
decorre uma concepção de prática pedagógica centrada nos processos de ensino e 
aprendizagem, cuja finalidade é propiciar o desenvolvimento pleno do educando, em 
todos os aspectos que o constitui como sujeito singular e, ao mesmo tempo, 
pertencente ao gênero humano. 
Essa concepção de educação remete ao compromisso com a concretização de 
políticas públicas de educação radicalmente comprometidas com os interesses das 
classes populares. Isso significa garantir pleno acesso e condições de permanência 
de todos os educandos na escola, independentemente de suas condições, cabendo à 
escola transformar-se para possibilitar-lhes condições efetivas de escolarização; essa 
questão traduz o princípio de educação inclusiva, que incorpora não só a educação 
de alunos com deficiência, mas todos aqueles que, por diversos motivos, são alijados 
da escola e de seus bens. 
Para isso, faz-se necessário que se construam currículos articulados às 
finalidades acima expostas, superando os conhecidos "currículos mínimos", 
geralmente entendidos como paliativos ou educação de segunda categoria para 
pessoas socialmente consideradas também como tal, com especial atenção aos 
processos avaliativos, que têm sido um dos meios mais efetivos para a materialização 
da exclusão de crianças das classes populares ao direito de uma educação de boa 
qualidade. Esse processo depende também da gestão democrática da escola e, 
sobretudo, no investimento maciço na formação dos educadores. 
 
 
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Fonte: encenasaudemental.net 
Cabe, portanto, discutir as possibilidades e limites da Psicologia Escolar e 
Educacional na construção de políticas públicas de educação comprometidas 
socialmente com as classes populares; eis aqui a questão relativa às perspectivas 
colocadas para essa área de conhecimento e campo de atuação. 
Disso resulta a afirmação de alguns princípios que podem ser expressos a partir 
das assertivas que seguem. 
A educação é constituída por múltiplos determinantes, dentre os quais os 
fatores de ordem psicológica; portanto, a psicologia tem contribuição para a 
Educação. 
Que seja uma psicologia capaz de compreender o processo ensino-
aprendizagem e sua articulação com o desenvolvimento, fundamentada na 
concentricidade humana (determinações sócio-históricas), compreendida a partir das 
categorias totalidade, contradição, mediação e superação. Deve fornecer categorias 
teóricas e conceitos que permitam a compreensão dos processos psicológicos que 
constituem o sujeito do processo educativo e são necessários para a efetivação da 
ação pedagógica. 
A psicologia deve assumir seu lugar como um dos fundamentos da educação 
e da prática pedagógica, contribuindo para a compreensão dos fatores presentes no 
 
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processo educativo a partir de mediações teóricas "fortes", com garantia de 
estabelecimento de relação indissolúvel entre teoria e prática pedagógica cotidiana. 
Esta psicologia deve propiciar a compreensão do educando a partir da 
perspectiva de classe e em suas condições concretas de vida, condição necessária 
para se construir uma prática pedagógica realmente inclusiva e transformadora. 
A psicologia como um dos fundamentos do processo formativo do educador 
deve propiciar o reconhecimento do educador/professor como sujeito do processo 
educativo, traduzindo-se na necessidade de mudanças profundas das políticas de 
formação inicial e continuada desse protagonista fundamental da educação. 
Por sua vez, a ação do psicólogo escolar deve pautar-se no domínio do 
referencial teórico da psicologia necessário à educação, mediatizado 
necessariamente por conhecimentos que são próprios do campo educativo e das 
áreas de conhecimento correlatas. O próprio referencial teórico que aqui defendemos 
implica o trânsito por outros saberes (totalidade). Daí a necessidade de superação 
das práticas tradicionais do psicólogo escolar, muitas vezes pautadas ainda numa 
perspectiva, nem sempre consciente ou assumida, de ação clínico-terapêutica. 
Em outras palavras, afirmamos uma psicologia escolar comprometida 
radicalmente com a educação das classes populares, que supere o modelo clínico-
terapêutico disfarçado e dissimulado ainda presente na representação que o psicólogo 
tem de sua própria ação, entendendo que a representação e, consequentemente, as 
expectativas que os demais profissionais da educação têm da psicologia só serão 
superadas pela própria prática do psicólogo escolar. 
 
 
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Fonte: maispsicologia-ro.blogspot.com.br 
Mudanças efetivas só ocorrerão a partir do envolvimento do psicólogo com as 
questões concretas da educação e da prática pedagógica; é necessário superar o 
preconceito de não querer tornar-se "pedagogo". O psicólogo não é pedagogo, mas 
se quiser trabalhar com educação terá que mergulhar nessa realidade como alguém 
que faz parte dela, reconhecendo-se como portador de um conhecimento que pode e 
deve ser socializado com os demaiseducadores, tanto no trabalho interdisciplinar, 
como na formação de educadores, sobretudo professores; que detém um saber que 
pode contribuir com os processos sócio-institucionais da escola; tem um 
conhecimento específico que pode e deve reconhecer o que é próprio de sua 
formação profissional, e, ouso afirmar, algumas vezes inclusive de caráter clínico-
terapêutico, voltado para casos individuais; possui ou pode desenvolver 
conhecimentos importantes para a gestão de sistemas e redes de ensino, sobretudo 
no âmbito de diagnósticos educacionais (avaliação institucional, docente, discente 
etc.) e na intervenção sobre tais resultados. 
 
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6 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO HUMANO 
 
 
Fonte: psicologiamsn.com 
O Campo do Desenvolvimento e da Aprendizagem é vasto quando se tenta 
compreender os aspectos que envolvem a vida do ser humano. No entanto, alguns 
autores se dispuseram a estudar esses aspectos e assim instituir maneiras 
específicas de se trabalhar com as crianças de uma forma que se possa colaborar 
com o seu desenvolvimento típico, bem como garantir uma aprendizagem satisfatória 
ao longo de sua vida nos aspectos escolares. 
O desenvolvimento humano ocorre desde os primórdios da humanidade, mas 
o aspecto científico do homem só passou a ser estudado por volta do século XIX. Em 
1877, Charles Darwin publica um artigo baseado em algumas anotações que fez de 
seu filho durante os primeiros anos de sua vida, iniciando assim os estudos científicos 
sobre o desenvolvimento humano. A partir disto, os autores se ocupam em 
compreender o homem mediante o “estudo científico de como as pessoas mudam, 
bem como das características que permanecem razoavelmente estáveis durante toda 
a vida” (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006, p. 47). 
No início dos estudos sobre o desenvolvimento humano, os responsáveis por 
esta tarefa consideravam que o desenvolvimento ocorria apenas na fase da infância. 
Atualmente, a maioria dos cientistas do desenvolvimento reconhece e estuda o 
 
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desenvolvimento ao longo da vida do sujeito, tendo seu fim apenas com o final da vida 
do mesmo. É o que se conhece pelo desenvolvimento do ciclo da vida, pois não basta 
apenas entender como se dá este desenvolvimento durante a infância, mas também 
como ele continua a ocorrer durante a fase adulta e atualmente, o estudo científico do 
envelhecimento faz parte deste campo vasto que busca a compreensão cada vez mais 
detalhada da vida do ser humano. 
Em todos os campos de estudo sobre o ser humano, há que se considerar as 
diferenças de pensamentos e abordagens que tentam cada um de sua maneira 
explicar tais fenômenos. No campo do desenvolvimento, a história se encarrega de 
mostrar como as discussões evoluíram ao longo do tempo. Mas o que intriga a todos 
é a relação entre os aspectos individuais do sujeito versus os aspectos do ambiente. 
O que influencia mais no desenvolvimento humano? Seria suas características 
individuais, sua personalidade, seus aspectos biológicos? Ou seria os aspectos do 
ambiente, o contexto em que este sujeito vive que teria maior poder de influência sobre 
sua vida? 
Mas chegar a uma conclusão não é simples, por isso as diversas abordagens 
teóricas existem atualmente para que cada uma possa contribuir à sua maneira para 
a compreensão do desenvolvimento humano. O que há de consenso entre estas 
abordagens são as etapas em que o desenvolvimento ocorre, cada uma com suas 
nomenclaturas específicas, porém indicando basicamente as mesmas fases do ciclo 
vital. 
Griggs (2009) apresenta um conjunto de estágios que considera ser bastante 
usado principalmente por psicólogos desenvolvimentistas, cada um desses estágios 
seria constituído por diferentes mudanças biológicas, cognitivas e sociais. Estas fases 
seriam: Pré-natal (da concepção ao nascimento); Primeira infância (do nascimento 
aos 2 anos); Infância (2 aos 12 anos); Adolescência (12 aos 18 anos); Idade adulta 
jovem (18 aos 40 anos); Idade adulta média (40 aos 65 anos); e Idade adulta tardia 
(acima de 65 anos). Vale ressaltar que essas idades são apenas idades médias, 
significando que cada pessoa irá passar por essas fases de desenvolvimento em 
idades específicas para a sua realidade. Ou seja, essa seria a ordem de 
desenvolvimento que ocorre com todas as pessoas, a direção é a mesma para todos, 
o que muda é o tempo de mudança de uma fase para outra. Cada indivíduo irá ter seu 
tempo de desenvolvimento, uns mais rápidos, outros nem tanto. 
 
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Logo ao nascerem, as crianças apresentam apenas movimentos reflexos, ou 
seja, os chamados automatismos primários, em que não há controle sobre os 
movimentos. Alguns destes movimentos têm características que garantem a 
sobrevivência da criança, tais como a sucção e a respiração, que são respostas não 
aprendidas, mas são indispensáveis. Os demais movimentos reflexos tendem a 
desaparecer em poucos meses de vida. 
Durante a infância a criança aprende a controlar os movimentos, aprende a 
sentar, a engatinhar e enfim a andar. O desenvolvimento sensorial/perceptual 
depende do desenvolvimento do cérebro. Se as trajetórias visuais não se 
desenvolvem no período de bebê, a visão fica permanentemente perdida. As redes 
neurais que são utilizadas ficam mais fortes, já as que não são utilizadas são 
eliminadas. 
 
 
Fonte: gustavofisio.blogspot.com.br 
 
As mudanças que ocorrem ao longo do tempo podem ser entendidas de duas 
formas, uma quantitativa e outra qualitativa. As mudanças quantitativas durante o 
desenvolvimento são aquelas que correspondem às mudanças numéricas ou de 
quantidade como, por exemplo, o peso e a altura da pessoa, aquilo que se pode 
mensurar ao longo do tempo. Já as mudanças qualitativas são aquelas que ocorrem 
no nível de estrutura ou organização. São marcadas pelo surgimento de novos 
mecanismos (cognitivos, por exemplo) que permitem à criança se adaptar aos novos 
desafios que lhe são impostos (BELSKY, 2010). 
 
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Concomitante ao estudo do desenvolvimento humano há que se considerar os 
aspectos da aprendizagem que ocorrem principalmente a partir das mudanças no 
sujeito. Direta ou indiretamente, as tradicionais áreas da Psicologia da Educação têm 
estudado e pesquisado situações que possam ser relacionadas à aprendizagem. 
Pode-se considerar como Teorias da Aprendizagem os diversos modelos existentes 
que procuram explicar o processo de aprendizagem nos indivíduos. 
Apesar da existência de diversas teorias que se ocupam de explicar o processo 
de aprendizagem, as que apresentam maior destaque atualmente na educação são 
as teorias desenvolvidas por Jean Piaget e Lev Vygotsky. A Epistemologia Genética 
desenvolvida por Piaget foi desenvolvida por meio da experiência com crianças desde 
o nascimento até a adolescência, tendo como premissa o fato de que o conhecimento 
é construído a partir da interação do sujeito com seu meio, a partir de estruturas 
existentes (PIAGET, 1974). Já os estudos de Vygotsky se baseiam na dialética das 
interações do sujeito com o outro e com o meio para que possa ocorrer o 
desenvolvimento sóciocognitivo (VYGOTSKY, 1999). 
A teoria cognitiva de Piaget é baseada em dois de seus interesses, a filosofia e 
a biologia, supondo assim que o desenvolvimento cognitivo se originava da adaptação 
da criança ao seu ambiente, e assim buscando promover sua sobrevivência por meio 
da tentativa de aprender sobre seu ambiente. Isso transforma acriança em alguém 
que busca o conhecimento e a compreensão do mundo, mas com uma característica 
importante para Piaget, que é o fato da criança operar sobre este mundo. 
O conhecimento da criança é organizado como esquemas, que são estruturas 
indispensáveis para o conhecimento das pessoas, objetos, eventos entre outras 
coisas. Sendo assim, estes esquemas permitem que o ser humano organize e 
interprete as informações sobre o mundo. Na memória do ser humano (memória de 
longo prazo)existem esquemas para conceitos como livros ou cachorros; esquemas 
para eventos, como ir a um restaurante; e esquemas para ações, como andar de 
bicicleta. 
Apesar de Vygotsky e seus seguidores considerarem que a estrutura dos 
estágios desenvolvida por Piaget seja correta, há que se considerar uma diferença 
básica entre estes dois autores. Para Piaget a estruturação do organismo ocorre antes 
do desenvolvimento, já para Vygotsky, o desenvolvimento das estruturas mentais 
 
37 
 
superiores é gerado a partir do processo de aprendizagem do sujeito (PALANGANA, 
2001). 
Os aspectos sociais da abordagem de Vygotsky são claros e diretos. A 
aprendizagem ocorre com as outras pessoas, sejam os pais, os professores ou as 
pessoas mais próximas da criança. Para este autor, a cultura influencia tanto quanto 
os processos do desenvolvimento cognitivo infantil, pelo fato de que o 
desenvolvimento acontece dentro deste contexto cultural. 
No geral, o que se entende por aprendizagem é a capacidade que o sujeito 
apresenta, no seu dia a dia, de dar respostas adaptadas às solicitações e desafios 
que lhes são impostos durante sua interação com o meio. Atualmente, a 
aprendizagem é compreendida como um processo global, dinâmico, contínuo, 
individual, gradativo e cumulativo. 
De acordo com as características escolares, há a necessidade de que o aluno 
seja um processador ativo da informação que lhe é transmitida, não basta apenas ser 
um receptor passivo do conhecimento, o aluno precisa decodificar o que lhe é 
ensinado e assim absorver este conhecimento. De acordo com Papalia, Olds, 
Feldman (2006) são duas as principais teorias da aprendizagem: o Behaviorismo e a 
Teoria da aprendizagem social, mas pode-se considerar o Construtivismo também 
como uma das mais importantes atualmente. 
 
 
Fonte: mundodelivros.com 
De acordo com o pensamento dos autores behavioristas, a conduta do sujeito 
é passível de observação e mensuração. O início dos trabalhos desta abordagem 
 
38 
 
ocorreu com John Watson (1878-1958) e Ivan Pavlov (1849-1936), porém o 
estabelecimento dos princípios e da Teoria são creditados à Burruhs Skinner (1904-
1990), fato que representa uma renovação do comportamentalismo watsoniano. 
Uma das pesquisas mais notáveis de Skinner é a respeito dos diferentes 
programas de reforço que foram desenvolvidos a partir da “Caixa de Skinner”, em que 
o papel necessário do reforço no comportamento operante foi demonstrado a partir 
das experiências com a pressão na barra pelo rato, que recebia comida toda vez que 
dava a resposta correta. Mas Skinner deixou claro que o reforço do mundo real nem 
sempre é consistente ou contínuo, no entanto, a aprendizagem ocorre e os 
comportamentos persistem, ainda que reforçados só intermitentemente (SCHULTZ; 
SCHULTZ, 2009). 
Para esta Teoria os comportamentos do ser humano são aprendidos, e com 
isso, o aspecto da aprendizagem passa a ter grande importância. O ambiente passa 
a ter um papel fundamental, pois o homem passa a ser produto do meio. No aspecto 
do ensino, ao se seguir as características do Behaviorismo, é preciso preparar e 
organizar as contingências de reforço que irão facilitar a aquisição dos esquemas e 
dos diferentes tipos de condutas desejadas. Esse planejamento e organização das 
contingências ficaria a cargo do professor. As pesquisas comportamentais 
concentram-se na aprendizagem associativa, em que se forma uma ligação mental 
entre dois fatos. Dois tipos de aprendizagem associativa são o condicionamento 
clássico e o condicionamento operante (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). 
Para Skinner (2006), a principal característica do condicionamento clássico é 
que uma pessoa ou um animal aprende uma resposta reflexiva a um estímulo que 
originalmente não a provocava, depois que o estímulo é repetidamente associado a 
outro que provoca a resposta. Este tipo de aprendizagem foi descrito inicialmente a 
partir dos estudos de Pavlov em seus estudos com cães, que aprendiam a salivar 
quando ouviam uma sineta que tocava na hora da alimentação. 
O autor coloca ainda que, no caso do condicionamento operante, um 
comportamento originalmente acidental (por exemplo, o sorriso), torna-se uma 
resposta condicionada, ou seja, o sujeito aprende com as consequências de “operar” 
sobre o ambiente. A partir dos estudos com ratos e pombos, Skinner afirmava que os 
mesmos princípios poderiam ser aplicados aos seres humanos. Com isso, chegou à 
 
39 
 
conclusão de que o sujeito tende a repetir uma resposta que foi reforçada, e ao 
contrário, tente a suprimir uma resposta que foi punida. 
Em contrapartida surge a Teoria da Aprendizagem Social, que tem como 
característica considerar que as crianças aprendem comportamentos sociais a partir 
da observação e imitação de modelos. Tem como seu principal representante Albert 
Bandura (1925), e pode ser considerada uma forma de comportamentalismo menos 
extrema que a de Skinner, que reflete e reforça o impacto do interesse renovado pelos 
fatores cognitivos. Outra diferença é que a Teoria da Aprendizagem Social considera 
o aprendiz como sujeito ativo, com isso, a pessoa atua sobre o ambiente, e em até 
certo ponto, cria o ambiente (BANDURA; POLYDORO; AZZI, 2008). 
A abordagem de Bandura estuda o comportamento tal como é formado e 
modificado em situações sociais, ou seja, na interação com outras pessoas. 
Reconhece a importância da cognição, consideram as respostas cognitivas às 
percepções, em vez de respostas basicamente automáticas ao reforço ou à punição, 
como centrais para o desenvolvimento. 
Essa imitação realizada pelas crianças no processo de aprendizagem depende 
do que elas percebem que é valorizado em sua cultura. Nem sempre o reforço está 
presente, e a criança pode aprender determinado tipo de comportamento na ausência 
de reforço diretamente vivenciado. Com isso, aprende-se pela observação do 
comportamento e das consequências deste comportamento de outra pessoa. 
Consequentemente, esta capacidade de aprender pelo exemplo supõe a 
aptidão de antecipar e avaliar consequências apenas observadas em outras pessoas 
e ainda não vivenciadas. 
As pesquisas de Bandura sobre a autoeficácia trouxeram discussões sobre 
uma forma de as pessoas enfrentarem as situações cotidianas. Essa autoeficácia 
seria o sentido de autoestima ou de valor próprio de um sujeito, a sensação de 
adequação e eficiência em tratar dos problemas da vida. Sujeitos com autoeficácia 
elevada apresentam a capacidade de lidar com todos os eventos de sua vida, eles 
esperam superar obstáculos e, como resultado, buscam desafios, perseveram e 
mantêm um alto nível de confiança em sua aptidão para ter êxito (SCHULTZ; 
SCHULTZ, 2009). 
A terceira das teorias aqui abordadas é o Construtivismo, que é compreendido 
como a corrente teórica da educação que explica como a inteligência humana se 
 
40 
 
desenvolve. Neste ponto, suas discussões são construídas partindo do princípio de 
que o desenvolvimento da inteligência é determinado pelas ações mútuas entre 
indivíduo e meio. 
 
 
Fonte: pedagogiaaopedaletra.com 
É uma teoria que surge a partir dos estudos da Epistemologia Genética de Jean 
Piaget e da Teoria Sócio-histórica de Lev Vygotsky. Estas influências levaram à 
crença de que o homem não nasce inteligente, mas que também não é um sujeito 
passivo no mundo. Mesmo sendo estimulado pelo meio externo, o homem é capaz de 
agir sobre estes estímulos para construir e organizar o seu próprio conhecimento. 
Quanto mais ele age sobre o meio, mais elaborada será sua organização cognitiva 
(COLL; SCHILLING, 2004). 
De acordo com a teoria piagetiana, para conhecer os objetos, o sujeito tem que 
agir sobre eles e, por conseguinte, transformá-los: tem que deslocá-los, agrupá-los, 
combiná-los, separá-los e juntá-los. Neste sentido, o conhecimento não é nem uma 
cópia interior dos objetos, ou acontecimentos do real, nem meros reflexos dessesobjetos e acontecimentos que se imporiam ao sujeito. Partindo deste princípio, a 
aprendizagem é considerada uma constante busca do significado das coisas. Esse 
significado é construído a partir da globalidade e das partes que constituem aquilo que 
se quer conhecer. Como ponto fundamental de aprendizagem, aprender é construir o 
seu próprio significado e não encontrar respostas certas dadas por outra pessoa. 
 
41 
 
7 PSICOLOGIA E O DESENVOLVIMENTO HUMANO 
 
Fonte: biohouseterapias.com.br 
A psicologia do desenvolvimento humano é uma área de conhecimento que 
tem por objetivo analisar e compreender como os processos físicos e psicológicos se 
desenvolvem em cada etapa do crescimento humano. O desenvolvimento físico, 
cognitivo, social, afetivo e psicológico tem princípio na concepção e fecundação do 
óvulo e continua durante todas as fases da vida de um sujeito tendo fim com a morte. 
Para que se considere o desenvolvimento de um indivíduo, é, portanto, imprescindível 
integrar várias áreas de conhecimento como educação, biologia, sociologia, 
antropologia, medicina, que juntas poderão dar um diagnóstico comportamental sobre 
ele. 
A psicologia do desenvolvimento se debruça sobre as transformações 
psicológicas que ocorrem no decorrer do tempo com um indivíduo e utiliza estudiosos 
da área como o grande teórico sobre o assunto, Jean Piaget, para trilhar modelos que 
como as mudanças que acontecem na vida do sujeito e de que modo podem ser 
compreendidas e descritas. No começo dos estudos sobre essa área, apenas crianças 
e adolescentes eram analisados nas pesquisas. Hoje, os estudos se ampliam para 
todas as etapas da vida, pois se compreende que os seres humanos vivem em 
constantes mudanças e que essas análises contribuem para o desenvolvimento 
também de adultos. 
http://www.biohouseterapias.com.br/
 
42 
 
O desenvolvimento é um processo contínuo que tem início desde a concepção, 
e tem continuidade após a fecundação do óvulo, percorrendo a partir da subdivisão 
celular até que milhões de células sejam formadas. À medida que as células assumem 
funções especializadas, dá-se início a formação dos sistemas que dão base para a 
parte física do desenvolvimento. Porém, o desenvolvimento físico, cognitivo, social, 
afetivo tem continuidade durante todas as fases da vida de um sujeito e termina com 
a morte. 
Assim, o fenômeno do desenvolvimento, faz articulações e interfaces com 
várias áreas do conhecimento como: a educação, biologia, sociologia, antropologia, 
medicina, entre outros, interagindo com diversos saberes a fim de fomentar suas 
explicações. 
A psicologia do desenvolvimento traz uma compreensão sobre as 
transformações psicológicas que ocorrem no decorrer do tempo, com auxílio de 
algumas teorias e teóricos, bem como Jean Piaget, esses modelos se propõem em 
explicar como as mudanças ocorrem na vida do sujeito e de que modo podem ser 
compreendidas e descritas. 
Tradicionalmente, os primeiros estudos referentes à psicologia do 
desenvolvimento faziam menção somente ao desenvolvimento da criança e do 
adolescente. Entretanto, esse foco vem mudando ao longo dos anos, e hoje, tem-se 
uma ideia que o estudo sobre o desenvolvimento humano deve abranger todo 
processo de ciclo vital. 
A Psicologia do desenvolvimento humano é o estudo científico do biólogo e 
psicólogo suíço Jean Piaget, nascido em 1896, responsável por inúmeras 
contribuições para a biologia, psicologia e pedagogia. Desde cedo ele se interessou 
por história natural, filosofia, a mente humana, religião e outros diversos assuntos, por 
conta disso, recebeu inúmeros prêmios de Universidades renomadas, além de ser 
autor de vários livros e artigos científicos sobre aprendizagem e desenvolvimento 
humano até 1980, o ano em que faleceu. 
 
 
43 
 
 
Fonte: pensador.com.br 
Observando suas filhas e outras crianças, Jean Piaget constatou que elas não 
se comportavam e raciocinavam como os adultos. Nesse sentido, ele começou a 
estudar as mudanças de comportamento de uma pessoa ao longo de sua vida e as 
diferentes fases que ela passa, além de caracterizar comportamentos a partir de uma 
faixa etária. 
Segundo Piaget, as mudanças estão relacionadas à formação da identidade de 
um indivíduo, o seu entendimento, habilidades físicas e intelectuais, percepção de 
conceitos, desenvolvimento dos aspectos emocionais e sociais, entre outros. 
De acordo com Piaget essas mudanças são adquiridas em determinadas fases 
da vida. E estas alterações são divididas em quatro estágios do desenvolvimento 
humano. São eles: 
 
Período Sensório-Motor (0 a 2 anos) 
Nessa fase, a criança adquire controle motor, percepção das coisas, cria laços 
afetivos e demonstra dos primeiros movimentos e reflexos. Esse período refere-se a 
um estágio anterior à linguagem, ou seja, a criança controla suas ações por meio de 
informações sensoriais. 
 
 
 
44 
 
Período Pré-Operatório (2 a 7 anos) 
Além de aprimorar os comportamentos anteriores, criança começa a usar a 
linguagem, os símbolos e desenvolve a fala e habilidades físicas, porém ainda não é 
capaz de realizar operações concretas. Nessa fase, ela ainda não consegue se 
colocar no lugar do outro e ter empatia e por conta disso, o egocentrismo ainda é 
predominante. 
 
Período das Operações Concretas (7 a 12) 
Nesse período ocorre o aprimoramento das habilidades anteriores e também o 
desenvolvimento da capacidade de raciocinar e de decidir algumas questões mais 
simples. Essa fase é marcada pelo aprimoramento do pensamento, ou seja, a criança 
começa a raciocinar de forma lógica, a solucionar problemas e dominar tempo e 
números. 
 
Período das Operações Formais (12 anos em diante) 
Na última fase, as capacidades e competências estão totalmente 
desenvolvidas. Nesse período, a pessoa consegue dominar o pensamento lógico, 
agregar valores morais à sua conduta, além de iniciar a transição do pensamento para 
o modo adulto e tomar decisões mais complexas. 
O desenvolvimento e/ou as mudanças, vão acontecendo devido à influência de 
basicamente quatro aspectos: 
 
Hereditariedade 
A carga genética, ou seja, o que a pessoa herda dos pais, é o que define o seu 
potencial. Entretanto, ele pode ou não ser desenvolvido, tudo depende dos estímulos 
que o indivíduo recebe do ambiente. 
 
Crescimento orgânico 
Diz respeito ao aspecto físico da pessoa. A partir do momento que o indivíduo 
adquiri estabilização corporal ela consegue desenvolver novos comportamentos e 
ações que antes não eram possíveis. 
 
 
 
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Maturação neurofisiológica 
Aqui, a pessoa desenvolve padrões de comportamentos de acordo com as 
funções cognitivas adquiridas e seu desenvolvimento neurológico. É nessa fase 
também, que o indivíduo abandona de forma gradativa o egocentrismo. 
 
Meio 
O comportamento do ser humano se modifica e é incentivado, seja de forma 
negativa ou positiva, de acordo com os estímulos que ele recebe do meio em que ele 
vive e frequenta. 
 
 
Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br 
Esse processo está ligado à nossa linha cronológica, ou seja, quando somos 
crianças, passamos pelo processo de aprendizagem, como a percepção do mundo ao 
nosso redor, cores, fala, nossas características físicas e preceitos básicos. Já quando 
adolescentes, conseguimos refletir e decidir algumas coisas por conta própria, e no 
momento em que somos jovens e adultos e estamos totalmente desenvolvidos, 
utilizamos todas aquelas crenças, valores e comportamentos, acumulados ao longo 
de nossa vida para nortear nossas atitudes. 
Para entendermos melhor este processo é preciso compreender ainda como 
nossas competências e habilidades são desenvolvidas a partir da forma como cada 
http://www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/
 
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um enfrenta os acontecimentos. Se você encara as coisas de forma positiva, terá 
maior poder de resiliência, ressignificação e desenvolverá bons conceitos sobre o 
momento em

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