Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Dias-Lima, Artur. "Ecologia médica: uma visão holística no contexto das enfermidades humanas." Revista Brasileira de Educação 38.2 (2014): 165-172. BONITA, R., BEAGLEHOLE, R., KJELLSTRÖM, T. Epidemiologia Básica. 2 ed. São Paulo: Livraria Santos. 2010. Muñoz Segura, Susana. Morais Fernandes, Ana Paula. As doenças infecciosas e parasitárias e seus condicionantes socioambientais. CEPA USP/UNIVESP. DICIONÁRIO MÉDICO (INGLES) Tríade ecológica https://www.isaude.com.br/noticias/detalhe/noticia/ecologia-medica-saiba-como-o-meio-ambiente-pode-interferir-na-sua-saude-e-qualidade-de-vida/#targetText=%22A%20tr%C3%ADade%20epidemiol%C3%B3gica%20%E2%80%93%20para%20alguns,aumento%20de%20casos%20de%20doen%C3%A7as.%22 "A tríade epidemiológica – para alguns tríade ecológica das doenças – é composta por hospedeiro, agente e meio ambiente. O “desequilíbrio” desses “sistemas” leva ao surgimento e/ou aumento de casos de doenças." Apesar de pouco difundida quanto aos seus conceitos, saberes e aplicações, foi com Hipócrates, no seu tratado sobre Ares, Águas e Lugares, que surgiram as primeiras ideias sobre ecologia médica. Porém a ecologia médica só teve condições de se desenvolver após a comprovação das teorias de Darwin e Pasteur, e seu progresso deveu-se, em grande parte, às investigações epidemiológicas sobre os ciclos complexos das zoonoses, no século XX. Na essência das palavras e nas definições mais simplórias, ecologia seria o estudo das interações dos seres vivos entre si e com o meio ambiente. Já médica, do latim medicinal, significa medicar, remediar, sanar, sarar, tratar. Poderíamos, então, definir a ecologia médica como a ciência que estuda as doenças e seus fatores relacionados ao homem, ao meio ambiente e aos seus desequilíbrios. No começo, a ecologia era apenas um subcapítulo da biologia. Porém, após 1960, começou a ser tema de ambientalistas e preservacionistas e culmina hoje com o futuro da vida, do ser humano e do planeta Terra. O termo ecologia médica foi “expressado” em 1939, pelo microbiologista francês René Dubos. Durante suas pesquisas sobre infecções tropicais, que resultaram na descoberta de um potente antibiótico, Dubos descobriu o quanto o meio ambiente interage no tratamento das doenças. Desde então, a expressão vem sendo empregada sempre que questões ecológicas se relacionam com a medicina. No entanto, foi Hipócrates (460-377 a.C.), em seu mais famoso livro, “Ares, Águas e Lugares”, quem abordou e registrou, pela primeira vez, a relação entre meio ambiente e o fenômeno saúde-doença. Após o controle de muitas doenças endêmicas com medidas sanitárias e com a urbanização, os setores conservadores da medicina consideraram que as questões da saúde ligadas ao meio ambiente estavam resolvidas. Porém, questões como a poluição, a contaminação de alimentos por resíduos químicos e o próprio estresse gerado pela vida em grandes cidades tornaram-se sérios problemas de saúde pública. Além disso, alguns vetores e micro-organismos estão se adaptando aos ambientes urbanos trazendo de volta as ameaças de epidemia, como o caso da infestação por Aedes aegypti que observamos nas cidades brasileiras. Ecologia e geografia médicas constituem a base essencial para a compreensão dos mecanismos íntimos de ação de doenças infecciosas e parasitárias e para o equacionamento das medidas gerais de controle racional dessas enfermidades. Em tempos de geoprocessamento e georreferenciamento, estas seriam, então, importantes ferramentas para a geografia e ecologia médicas. A ecologia médica seria ainda importante por fornecer subsídios à epidemiologia, para que esta possa estabelecer programas de vigilância ambiental tanto no aspecto preventivo como no controle das enfermidades. https://arquivos.cruzeirodosulvirtual.com.br/materiais/disc_2011/1sem_2011/epidemiosanea/un_II/teorico.pdf Em epidemiologia, estudos são geralmente realizados para identificar causas das doenças para que se possam desenvolver e implementar medidas preventivas que serão avaliadas subsequentemente quanto à eficácia. O modelo unicausal de compreensão da doença, baseado na existência de apenas uma causa para uma doença foi alterado e, atualmente, é aceito o modelo ecológico, também conhecido como da história natural das doenças, baseado na multicausalidade. Proposto por Leavell e Clark (1976), esse modelo considera a interação, o relacionamento e o condicionamento de três elementos fundamentais da chamada Tríade de Leavell Clark ou Tríade Epidemiológica ou Tríade ecológica: o ambiente, o agente e o hospedeiro. A doença seria resultante de um desequilíbrio nas autoregulações existentes no sistema (Figura 1). · HOSPEDEIRO: os organismos potencialmente capazes de hospedar um agente ou sofrer influências deste, que, por sua vez, provoca danos à sua saúde. · AGENTE: é definido como todas as substâncias, elementos ou forças, animadas ou inanimadas, cuja presença pode, mediante contato com um novo hospedeiro, constituir estímulo para perpetuar ou iniciar um processo patológico. · Condições sanitárias, temperatura, poluição aérea e qualidade da água, além de fatores como densidade populacional, aglomeração e características dos sistemas de produção são características do AMBIENTE que podem influenciar o processo de saúde-doença. Segundo Leavell & Clark (1976), HND (história natural da doença) é o conjunto de processos interativos compreendendo as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte. A HND tem início antes mesmo do envolvimento do hospedeiro, ou seja, antes que ele receba o estímulo doença. O primeiro período, o pré-patogênico, engloba os primeiros passos das inter-relações entre os agentes etiológicos da doença, o hospedeiro e fatores ambientais que estimulam o desenvolvimento da enfermidade. A fase intrínseca ou período patogênico caracteriza-se pelo processo resultante da reação desencadeada no organismo do hospedeiro em consequência do estabelecimento do estímulo doença. Pode ocorrer de duas formas: Relacionamento harmônico: quando as reações do hospedeiro manifestam-se de maneira amena, com evolução inaparente ou subclínica. Neste caso, somente recursos especiais como a realização de análises clínicas, podem detectar o processo. Relacionamento desarmônico: quando há incompatibilidade entre hospedeiro e agente, sendo que o hospedeiro reage de forma mais intensa do que no primeiro caso, resultando nas formas aparentes da doença. O momento entre a infecção e o aparecimento dos sinais clínicos é denominado período de incubação no caso de doenças transmissíveis, ou período de exposição, no de doenças não transmissíveis. Características dos elementos do ecossistema Conforme discutido anteriormente, para que uma doença ocorra numa determinada população, é necessária a interação de três fatores: AGENTE – HOSPEDEIRO – AMBIENTE. Estudaremos agora cada um desses fatores e a forma com que cada um deles pode influenciar no desequilíbrio da Tríade Epidemiológica e, portanto, provocar uma doença. · Agente etiológico: No caso das doenças transmissíveis, o agente etiológico é o microrganismo causador da infecção. Pode ser um parasita, um vírus, uma bactéria, um fungo ou um príon. Mas, no caso de doenças não transmissíveis, o agente pode ser de natureza física, química, nutricional ou psicossocial. As doenças transmissíveis possuem, para o epidemiologista, maior importância, portanto, como dito na unidade anterior, vamos nos dedicar totalmente a elas. São várias as características inerentes ao agente etiológico capazes de influenciar a resposta do hospedeiro quando em contato com ele. As principais características do agente etiológico de importância epidemiológica são: · Infectividade (capacidade de gerar infecção) · Patogenicidade (capacidade de provocar sintomas) · Virulência (capacidade do agentede produzir uma doença mais grave ou não, com alta ou baixa letalidade · Imunogenicidade (capacidade de provocar um estimulo imunitário específico), · Resistência (capacidade do agente sobreviver fora do hospedeiro), · Variabilidade ou plasticidade (É a capacidade do agente de se adaptar ao hospedeiro e ao meio ambiente, sendo que ele, para isto, pode ou não sofrer alterações nas suas características, visando iludir o mecanismo de defesa do hospedeiro ou suportar as condições adversas do meio externo.) · Hospedeiro: Em epidemiologia, as definições mais comumente usadas são hospedeiro suscetível e hospedeiro resistente. Suscetibilidade é a falta de defesa de um hospedeiro contra um agente etiológico. Hospedeiro suscetível é toda pessoa ou animal que presumivelmente não possua resistência a determinado agente patogênico e que, por essa razão, é capaz de contrair a doença se colocado em contato com tal agente. Resistência é o estado relativo de defesas específicas e inespecíficas de um hospedeiro contra a entrada, multiplicação e ação lesiva de um agente etiológico. De acordo com o tipo de resistência, podemos definir espécie refratária e imune. Espécie refratária é aquela que apresenta refratariedade, a capacidade de resistir a uma doença, independentemente da existência de anticorpos ou reação específica dos tecidos. A refratariedade ocorre, em geral, por conta de características anatômicas ou fisiológicas do próprio hospedeiro. É o grau extremo de resistência. Por exemplo: há agentes que não infectam o homem, mas outras espécies. Espécie imune é a que apresenta resistência específica ou imunidade, a resistência associada ao processo de reação específica do hospedeiro a um estímulo decorrente de seu contato prévio com um determinado agente dotado de bagagem imunogênica. Em geral se deve à presença de anticorpos específicos no organismo do hospedeiro. O hospedeiro pode apresentar várias características que atuam determinando uma maior ou menor suscetibilidade ante a presença de um determinado agente, podendo estas características serem próprias ou variáveis. As características próprias do hospedeiro que afetam sua suscetibilidade, não são influenciadas pelo agente e pelo meio ambiente. São elas: genótipo, sexo, idade, espécie. Há características variáveis do hospedeiro que afetam sua susceptibilidade e que estão sujeitas a modificações por influência do agente etiológico e do meio ambiente. São elas: Estado fisiológico: deficiência alimentar, estresse, gestação ou prenhez. Utilização do animal: égua gestante que trabalha numa olaria diariamente responde de maneira diferente de outra puro sangue que serve a seu proprietário somente para reprodução. Densidade (número de animais/área): está ligada ao manejo dos animais. Doenças respiratórias em superpopulação se propagam facilmente. · Meio ambiente: o meio ambiente participa da propagação de uma infinidade de doenças, mas não é, necessariamente, fator necessário na transmissão das enfermidades transmitidas por contato direto. · Componentes físicos e químicos: clima (temperatura, umidade, pressão atmosférica,etc) · Componentes biológicos: Os determinantes extrínsecos da doença relacionados ao componente biológico do ecossistema estão particularmente representados por condições decorrentes das interações estabelecidas entre os diversos organismos que povoam o ambiente · Fatores socioeconômicos Cadeia epidemiológica a cadeia epidemiológica demonstra o processo de propagação das doenças transmissíveis e como o agente chega até o hospedeiro Quem hospeda e transmite o agente é a fonte de infecção. O agente abandona o hospedeiro pela via de eliminação. O agente alcança o novo hospedeiro pela via de transmissão. O agente penetra no novo hospedeiro suscetível pela porta de entrada. OBJETIVO 2 Infecção é a entrada e o desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no hospedeiro. Infecção não equivale a doença, pois algumas infecções não produzem doença clínica. CONTAMINAÇÃO: É o ato de transmitir um parasita. Passage of an infectious organism, such as a virus, from an infected person to an object such as a needle, which then, when used, may pass infection to another person.
Compartilhar