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Peça 06 - Memoriais

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE …….
Processo-crime nº:
Barnabé, brasileiro, estado civil, profissão, portador do RG nº. XXX SSP/SP e
do CPF Nº. XXX, titular do e-mail, residente e domiciliada na Rua XXX, nº. XX,
Bairro, CEP, na Cidade de ..., por seu Advogado que esta subscreve (mandado incluso),
nos autos da ação penal que lhe move o Ministério Público do estado de _____, vem
perante Vossa Excelência apresentar, no prazo legal e com lastro no Código de Processo
Penal, arts. 403, § 3º , ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS, nos seguintes
termos:
1. SÍNTESE DOS FATOS JULGADOS
Barnabé foi denunciado pelo crime de lesão corporal gravíssima (art. 129, § 1º
do CP), pois certa noite foi até o jardim de sua residência quando percebeu que lá estava
um cachorro da raça pit bull, considerado um dos mais ferozes do mundo. Barnabé tinha
um revólver calibre 22 e percebeu que o animal era bravo. O animal começou a andar
em direção a Barnabé. Este já havia visto na televisão o que estes animais podem fazer,
tremendo, atirou no cachorro, porém a bala atingiu uma pedra e ricocheteou atingindo a
perna de Beiçola, dono do cachorro, que estava na rua. Beiçola sofreu lesão corporal de
natureza grave, tendo ficado internado por 35 dias. Após o encerramento da instrução
processual, o Ministério Público pleiteou, por escrito, a condenação de Barnabé nos
termos da denúncia.
2. DO DIREITO
2.1. Do estado de necessidade
Diante da síntese dos fatos narrados, é possível perceber que o réu estava em
estado de necessidade e não havia alternativa senão reagir para salvar-se de perigo atual,
que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, uma vez que um
animal bravo vinha em sua direção para atacá-lo e por isso precisou reagir. Agindo
desse modo está amparado por uma excludente de ilicitude prevista no Inciso I, do
artigo 23 do Código Penal.
Sobre a temática, o grande Doutrinador, Guilherme de Souza Nucci assim se
manifesta:
Estado de Necessidade é o sacrifício de um interesse
juridicamente protegido, para salvar de perigo atual e
inevitável o direito do próprio agente ou de terceiro,
desde que outra conduta, nas circunstâncias concretas,
não fosse razoavelmente exigível. E quanto à origem
do perigo poderá ser estado de necessidade defensivo:
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
ocorre quando o agente pratica o ato necessário contra
a coisa ou animal do qual promana o perigo para o bem
jurídico. (NUCCI, 2020, p. 334-335)”. Nucci,
Guilherme de Souza. Manual de direito penal: parte
geral. Vol. 1. 16ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Forense,
2020.p. 334-335.
Por isso, requer-se seja julgado procedente o presente pedido para decretar a
absolvição sumária do réu, por exclusão de ilicitude do fato que lhe foi imputado, haja
vista que agiu em estado de necessidade (CP, arts. 23 e 24 c/c art. 386, inciso VI, do
CPP).
2.2 – Isenção de responsabilização do agente com base no art. 188 do Código Civil
Não sendo o entendimento de Vossa Excelência aplicar a excludente de ilicitude
do Estado de Necessidade, diante dessa situação ímpar, rara de acontecer, na qual o tiro
disparado pela arma de Barnabé ricocheteou e atingiu a perna do dono do animal, sua
conduta também está amparada no Código Civil, em seu artigo 188, Inciso II, e por isso
não cometeu ato ilícito e assim deverá também ser isento de ter que reparar o dano
causado a Beiçola que foi lesionado em sua perna. Tal previsão está contida também no
parágrafo único do mesmo artigo.
Portanto, não sendo acolhido o pedido da excludente de ilicitude do estado
de necessidade, requer-se seja julgado procedente o presente pedido para decretar a
isenção de responsabilidade do réu de ter que indenizar a vítima, por exclusão de
ilicitude do fato que lhe foi imputado, haja vista que não cometeu ato ilícito conforme
previsão no Código Civil (CC, art. 188, Inciso II, § único)
2.3. Desclassificação da imputação penal para lesão corporal culposa, com a
substituição da pena de detenção pela de multa (CP, art. 129, §§ 6º, e 5º).
Conforme se pode verificar pela síntese dos fatos narrados no dia do
ocorrido, o réu agiu movido por situação alheia a sua vontade e sua reação aconteceu
em vista de preservar sua própria vida. Além disso, sua ação foi direcionada para expelir
o ataque de um animal bravo. Não tinha como ele prevê que o tiro que sairia de sua
arma ricochetearia e atingiria terceiro a quem não direcionou sua ação. Poderíamos até
pensar em caso fortuito para uma hipótese dessa natureza.
Pelo que se pode extrair do acontecido, é que o denunciado não buscou
atingir o dono do animal por maldade e gratuitamente. Tudo está indicando que foi uma
ação sem ânimo predeterminado, e por isso mesmo poderíamos enquadrá-la ausente de
qualquer responsabilização. Mas se não for esse o entendimento, sua ação poderá ser
enquadrada apenas como culposa, pois ausente qualquer dolo e assim ter a imputação
para o crime de lesão corporal culposa, prevista no § 6º do artigo 129. E a pena de
detenção ser substituída pela de multa com base no § 5º do mesmo artigo.
Na hipótese de ser condenado, requer julgar procedente o presente pedido para
desclassificação do fato incriminador para o tipo penal previsto no dispositivo
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641786/inciso-i-do-artigo-397-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641837/artigo-397-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637476/artigo-23-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
supramencionado com substituição da pena de detenção pela multa ou restrição de
direitos, ou a cumulação das duas últimas.
2.4. Circunstâncias judiciais e legais atenuantes
Se for negado o pedido de desclassificação do crime (tópico anterior), cabe
também que sejam consideradas na aplicação da pena cominada as circunstâncias
judiciais elencadas no art. 59 do CP, fixando-a no mínimo legal.
Isso porque a culpabilidade do réu deve ser amenizada, porquanto de menor
intensidade sua culpa. Além disso, não tem antecedentes criminais, possui emprego e
domicílio fixo, bem como não é pessoa de má índole.
Adicionalmente, merece a incidência da circunstância legal atenuante
especificada no CP, artigo 65, Inciso I, uma vez que já conta com mais de 70 anos,
tendo a exata idade de 84 anos e assim sua pena deverá ser reduzida ou mesmo
substituída pelas elencadas no rol do artigo 319 do CPP.
Sobre a circunstância legal atenuante prevista, serve para ilustrar a transcrição
do julgado abaixo:
“Lesão corporal. Legítima defesa. Extinção da
punibilidade. Quem aceita provocação, ainda que
injusta, não age em legítima defesa, pois aquela não
exige reação mediante desforço físico. No entanto, isso
não afasta o reconhecimento do privilégio da violenta
emoção, se injusta a provocação da vítima” (TJRS, AC
69000731331, Rel. Danubio Edon Franco, j. 17-6-
1997).
2.5. Do sursis
Por fim, mas não menos importante, não sendo acatada nenhuma das teses até
agora apresentadas, o denunciante, diante das circunstâncias judiciais que lhe são
favoráveis e da idade superior a 70 anos, uma vez que possui 84 anos de idade, tendo a
desclassificação do crime que lhe é imputado para a modalidade culposa, será
merecedor do instituto do sursis etário, com previsão § 2º do artigo 77 do Código Penal.
Esse é o entendimento da jurisprudência pátria, como segue:
 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CRIMES CONTRA A
DIGNIDADE SEXUAL. OMISSÃO. SUSPENSÃO CONDICIONALDO PROCESSO. SURSIS ETÁRIO OU HUMANITÁRIO.
CONCESSÃO DA BENESSE. Diante da pena fixada, bem como da
idade do condenado, cabível a concessão da suspensão condicional da
pena, nos termos do artigo 77, parágrafo 2º, do Código Penal.
Hediondez do delito que não impede o alcance da benesse. Omissão
sanada. ACOLHERAM PARCIALMENTE OS EMBARGOS
DECLARATÓRIOS. UNÂNIME. (Embargos de Declaração Nº
70060329463, Sétima Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Laura Louzada Jaccottet, Julgado em 17/07/2014) (TJ-RS
- ED: 70060329463 RS, Relator: Laura Louzada Jaccottet, Data de
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/124459/estatuto-do-desarmamento-lei-10826-03
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10630881/par%C3%A1grafo-2-artigo-77-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10631078/artigo-77-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
Julgamento: 17/07/2014, Sétima Câmara Criminal, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 30/07/2014) 
3. PEDIDOS
Ante o exposto, requer a Vossa Excelência:
a) A absolvição do réu, com fundamento no art. 386, VI, do Código de Processo Penal
c/c os arts. 23 e 24 do Código Penal.
b) Isentar o réu de pena a ter que indenizar a vítima com base no artigo 188, II do
Código Civil.
b) Subsidiariamente julgar procedente o pedido formulado com a consequente
desqualificação do crime de lesão corporal art. 129, § 1º para lesão corporal culposa do
§ 6º, e artigo 5º, substituindo a pena de detenção, pela de multa.
c) E se houver a condenação pela autoria do delito, requer a aplicação das
circunstâncias atenuantes judiciais e legais, conforme razões apontadas no tópico “2.4”,
bem como a substituição por penas alternativas e o direito de recorrer em liberdade.
d) Consequentemente, requer-se, que seja aplicada ao réu o benefício do sursis etário
conforme previsão do § 2º do Art. 77 do CP, como medida de justiça.
Nesses termos, 
pede deferimento. 
Local, _________.
ADVOGADO
OAB/SP Nº. 000.000
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637476/artigo-23-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940

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