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CLARA DOS ANJOS

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CLARA DOS ANJOS
Vida e Obra de 
Lima Barreto
	Afonso Henriques de Lima Barreto era mestiço, filho de um tipógrafo e de uma professora , que morreu quando ele tinha apenas sete anos. Estudou no Colégio Pedro II e depois cursou engenharia na Escola Politécnica. Ainda estudante, começou a publicar seus textos em pequenos jornais e revistas estudantis.
	Com o agravamento do estado de saúde de seu pai, que sofria de problemas mentais, abandonou a faculdade e passou a trabalhar na Secretaria de Guerra, ocupando um cargo burocrático. Grande cronista de costumes do Rio de Janeiro, Lima Barreto passou a colaborar para diversas revistas literárias, como “Careta”, “Fon-Fon” e “O Malho”.
	Seu primeiro romance, “Recordações do Escrivão Isaías Caminha”, foi parcialmente publicado em 1907, na Revista Floreal, que ele mesmo havia fundado. Dois anos depois, o romance foi editado pela Livraria Clássica Editora. Em 1911, Lima Barreto publicou um de seus melhores romances, “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, e em 1915, a sátira política “Numa e a Ninfa”.
	Lima Barreto militou na imprensa, durante este período, lutando contra as injustiças sociais e os preconceitos de raça, de que ele próprio era vítima. Em 1914 passou dois meses internado no Hospício Nacional, para tratamento do alcoolismo. Neste mesmo ano foi aposentado do serviço público por um decreto presidencial.
	Em 1919 o escritor foi internado novamente num sanatório. As experiências deste período foram narradas pelo próprio Lima Barreto no livro “Cemitério dos Vivos”. Nesse mesmo ano publicou a sátira “Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá”, inspirada no Barão do Rio Branco, e ambientada no Rio de Janeiro.
	Lima Barreto candidatou-se em duas ocasiões à Academia Brasileira de Letras. Não obteve a vaga, mas chegou a receber uma menção honrosa. Em 1922 o estado de saúde de Lima Barreto deteriorou-se rapidamente, culminando com um ataque cardíaco. O escritor morreu aos 41 anos, deixando uma obra de dezessete volumes, entre contos, crônicas e ensaios, além de crítica literária, memórias e uma vasta correspondência. Grande parte de seus escritos foi publicada postumamente.
Clara dos Anjos, de Lima Barreto
Breve Introdução
	Concluído em 1922, ano da morte de Lima Barreto, o romance Clara dos Anjos é uma denúncia áspera do preconceito racial e social, vivenciado por uma jovem mulher do subúrbio carioca.
	O Realismo-naturalismo, que tanto influenciou Lima Barreto na composição de Clara dos Anjos, é cientificista e determinista, considerando que as ações humanas são produtos de leis naturais: do meio, das características hereditárias e do momento histórico. Portanto, os romances naturalistas procuravam, através da representação literária, demonstrar teses extraídas de teorias científicas. Para isso, o Naturalismo buscou compor um registro implacável da realidade, incluindo seus aspectos repugnantes e grotescos. São exatamente esses os aspectos que mais chamam à atenção na narrativa exagerada de Clara dos Anjos.
	Em Clara dos Anjos relata-se a estória de uma pobre mulata, filha de um carteiro de subúrbio, que apesar das cautelas excessivas da família, é iludida, seduzida e, como tantas outras, desprezada, enfim, por um rapaz de condição social menos humilde do que a sua. É uma estória onde se tenta pintar em cores ásperas o drama de tantas outras raparigas da mesma cor e do mesmo ambiente. O romancista procurou fazer de sua personagem uma figura apagada, de natureza “amorfa e pastosa”, como se nela quisesse resumir a fatalidade que persegue tantas criaturas de sua casta. 
Espaço
	O romance passa-se no subúrbio carioca e Lima Barreto descreve o ambiente suburbano com riqueza de detalhes, como os vários tipos de “casas, casinhas, casebres, barracões, choças” e a vida das pessoas que ali vivem.
	Ao descrever o subúrbio, Lima Barreto aborda o advento dos “bíblias”, os protestantes que alugam uma antiga chácara e passam a conquistar novos fiéis para seu culto:
	“Joaquim dos Anjos ainda conhecera a “chácara” habitada pelos proprietários respectivos; mas, ultimamente, eles se tinham retirado para fora e alugado aos “bíblias”… O povo não os via com hostilidade, mesmo alguns humildes homens e pobres raparigas dos arredores frequentavam-nos, já por encontrar nisso um sinal de superioridade intelectual sobre os seus iguais, já por procurarem, em outra casa religiosa que não a tradicional, lenitivo para suas pobres almas alanceadas, além das dores que seguem toda e qualquer existência humana.” E reflete sobre a nova seita:
“Era Shays Quick ou Quick Shays daquela raça curiosa de yankees fundadores de novas seitas cristãs. De quando em quando, um cidadão protestante dessa raça que deseja a felicidade de nós outros, na terra e no céu, à luz de uma sua interpretação de um ou mais versículos da Bíblia, funda uma novíssima seita, põe-se a propagá-la e logo encontra dedicados adeptos, os quais não sabem muito bem por que foram para tal novíssima religiãozinha e qual a diferença que há entre esta e a de que vieram.”
	A crítica às “novas seitas cristãs” revela também a ojeriza de Lima Barreto à influência americana no Brasil. Como o colocou Antônio Arnoni Prado, o autor de Clara dos Anjos “interessou-se pelos Estados Unidos, em virtude do tratamento desumano que este país dispensava aos seus cidadãos de cor. (…) Censurou duramente a discriminação racial americana, assim como o expansionismo imperialista dos ‘yankees’, que, através da diplomacia do dólar, ia, a seu ver, convertendo o Brasil num autêntico protetorado.” Nada mais profético.
Personagens
Marramaque: Poeta modesto, semiparalisado, Marramaque frequentara uma pequena roda de boêmios e literatos e dizia ter conhecido Paula Nei e ser amigo pessoal de Luís Murat.
Clara: a “natureza elementar” – Clara era a segunda filha do casal, “o único filho sobrevivente… os demais… haviam morrido.” Tinha dezessete anos, era ingênua e fora criada “com muito desvelo, recato e carinho; e, a não ser com a mãe ou pai, só saía com Dona Margarida, uma viúva muito séria, que morava nas vizinhanças e ensinava a Clara bordados e costuras.”
	O autor reitera sempre a personalidade frágil da moça – sua “alma amolecida, capaz de render-se às lábias de um qualquer perverso, mais ou menos ousado, farsante e ignorante, que tivesse a animá-lo o conceito que os bordelengos fazem das raparigas de sua cor” – como resultado de sua educação reclusa e “temperada” pelas modinhas:
	“Clara era uma natureza amorfa, pastosa, que precisava mãos fortes que a modelassem e fixassem. Seus pais não seriam capazes disso. A mãe não tinha caráter, no bom sentido, para o fazer; limitava-se a vigiá-la caninamente; e o pai, devido aos seus afazeres, passava a maioria do tempo longe dela. E ela vivia toda entregue a um sonho lânguido de modinhas e descantes, entoadas por sestrosos cantores, como o tal Cassi e outros exploradores da morbidez do violão. O mundo se lhe representava como povoado de suas dúvidas, de queixumes de viola, a suspirar amor.”
	Essa “natureza elementar” de Clara se traduzia na ausência de ambição em melhorar seu modo de vida ou condição social por meio do trabalho ou do estudo:
“Nem a relativa independência que o ensino da música e piano lhe poderia fornecer, animava-a a aperfeiçoar os seus estudos. O seu ideal na vida não era adquirir uma personalidade, não era ser ela, mesmo ao lado do pai ou do futuro marido. Era constituir função do pai, enquanto solteira, e do marido, quando casada. (…) Não que ela fosse vadia, ao contrário; mas tinha um tolo escrúpulo de ganhar dinheiro por suas próprias mãos. Parecia feio a uma moça ou a uma mulher.”
	A descrição de Clara reforça os malefícios da formação machista, superprotetora, repressiva e limitadora reservada às mulheres na nossa sociedade. Ecoa, portanto, a descrição de Luísa, do romance O Primo Basílio, de Eça de Queirós, ou a Ana Rosa de O Mulato, de Aluísio de Azevedo. Todas são, na verdade, herdeiras diretas da figura de formação débil, educada nas leituras dos romances românticos,que é Emma Bovary, criada por Gustave Flaubert no romance inaugural do Realismo, Madame Bovary (1857).
Cassi, o corruptor: Por intermédio de Lafões, o carteiro Joaquim passa a receber em casa o pretendente de Clara, Cassi Jones de Azevedo, que pertencia a uma posição social melhor. Assim o descreve Lima Barreto:
“Era Cassi um rapaz de pouco menos de trinta anos, branco, sardento, insignificante, de rosto e de corpo; e, conquanto fosse conhecido como consumado “modinhoso”, além de o ser também por outras façanhas verdadeiramente ignóbeis, não tinha as melenas do virtuose do violão, nem outro qualquer traço de capadócio. Vestia-se seriamente, segundo as modas da rua do Ouvidor; mas, pelo apuro forçado e o degagé suburbanos, as suas roupas chamavam a atenção dos outros, que teimavam em descobrir aquele aperfeiçoadíssimo “Brandão”, das margens da Central, que lhe talhava as roupas. A única pelintragem, adequada ao seu mister, que apresentava, consistia em trazer o cabelo ensopado de óleo e repartido no alto da cabeça, dividido muito exatamente ao meio — a famosa “pastinha”. Não usava topete, nem bigode. O calçado era conforme a moda, mas com os aperfeiçoamentos exigidos por um elegante dos subúrbios, que encanta e seduz as damas com o seu irresistível violão.”
	O padrinho Marramaque, que já lhe conhecia a fama, tenta afastá-lo de Clara quando percebe seu interesse. Na festa de aniversário da afilhada, provoca Cassi e deixa claro que ele não é bem-vindo ali e que seria melhor que se retirasse. Cassi vinga-se de modo violento: junta-se a um capanga e ambos assassinam Marramaque. Clara, que já suspeitava das ameaças do rapaz ao padrinho, passa a temê-lo, mas ele consegue seduzi-la, principalmente ao confessar seu crime, dizendo que matou por amor a ela.
	Malandro e perigoso, Cassi já havia se envolvido em problemas com a justiça antes, mas sempre fora acobertado pela sua família, especialmente sua mãe, que não queria que fosse preso. Assim, conseguia subornar a polícia e continuar impune, mesmo depois de ter levado a mãe de uma de suas vítimas ao suicídio e da perseguição da imprensa.
	O exagero narrativo de Lima Barreto torna-se patente ao descrever a figura do sedutor. Branco, sardento e de cabelos claros, é a antítese de Clara. Como o apontou Lúcia Miguel Pereira: “Até os animais da predileção de Cassi, os galos de briga, são apresentados com visível má vontade: ‘horripilantes galináceos’ de ‘ferocidade repugnante’.”
Joaquim dos Anjos: carteiro, acredita-se músico escreveu a polca, valsas,tangos e acompanhamentos de modinha. 
	Uma polca sua – “Siri sem unhas” – e uma valsa – “Mágoas do Coração” – tiveram algum sucesso, a ponto de vender ele a propriedade de cada uma, por cinqüenta mil-réis, a uma casa de músicas e pianos da Rua do Ouvidor. O seu saber musical era fraco.
	Aprendeu a “artinha” musical da terra do seu nascimento, nos arredores de Diamantina, em cujas festas de igrejas a sua flauta brilhara, e era tido por muitos como o primeiro flautista do lugar. Embora gozando desta fama animadora, nunca quis ampliar os seus conhecimentos musicais. Ficara na “artinha” de Francisco Manuel, que sabia de cor, mas não saíra dela, para ir além” (p. 21/22)
	Natural de Diamantina, filho único. A convite de um inglês, pesquisador, foi para o Rio de Janeiro e lá ficou. Confiava em todos que o rodeavam.
	“Um dos traços mais simpáticos do caráter de Joaquim dos Anjos era a confiança que depositava nos outros, e a boa fé. Ele não tinha, como diz o povo, malícia no coração. Não era inteligente, mas também não era peco; não era sagaz, mas também não era tolo; entretanto, não podia desconfiar de ninguém, porque isso lhe fazia mal à consciência.” (p. 115)
Dona Engrácia: era católica, romana, filhos trazidos na mesma religião, era caseira, insegura, e rude.
João Pintor: era um cidadão que visitava “os bíblias” aqueles que pregavam o evangelho. “era preto retinto, grossos lábios, malares proeminentes, testa curta dentes muito bons e muitos claros, longos braços, manoplas enormes, longas pernas e uns tais pés que não havia calçado.” (p. 25).
Mr. Shays: chefe da seita bíblica, homem tenaz cheio de eloquência bíblica faz seus adeptos ouvir a palavra. Quando os adeptos se acham preparados, põem-se a propagá-la.
Eduardo Lafões: religiosamente, ia aos domingos à casa de Joaquim para jogar o solo. Eduardo Lafões gostava dos assuntos do comércio. Era um homem simplório, que só tinha agudeza de sentidos para o dinheiro. Vivendo sempre em círculos limitados, habituado a ver o valor dos homens nas roupas e no parentesco, ele não podia conceber que torvo indivíduo era o tal Cassi; que alma suja e má era dele, para se interessar generosamente por alguém.
Manuel Borges de Azevedo e Salustiana Baeta de Azevedo: pais de Cassi. O pai não gostava dos procedimentos do filho, enquanto a mãe, cobria-lhe as desfeitas com as proteções.
Dona Margarida Weber Pestana: viúva, mãe de Ezequiel, descendente de Alemão; ela, russa. Casou no Brasil com tipógrafo que falecera dois anos após o casamento. Era dona de uma pensão, mulher corajosa.
“O Senhor Ataliba do Timbó deu em certa ocasião em persegui-la com ditinho de Amor chulo. Certo dia, ela não teve dúvidas: meteu-lhe o guarda-chuva com vigor. À noite, no intuito de defender as suas galinhas da sanha dos ladrões, de quando em quando, abria um postigo, que abrira na janela da cozinha, e fazia fogo de revólver. Era respeitada pela sua coragem, pela sua bondade que era mulato, mais tinha os olhos glaucos, translúcidos, de sua mãe meio eslava, meio alemã, olhos tão estranhos – olhos tão estranhos e nós e, sobretudo, ao sangue dominante no pequeno.” 
(p. 60)
Etelvina: crioula, colega de Clara, notou a impaciência de Clara porque o rapaz Cassi ainda não chegara à festa.
Leonardo Flores: grande poeta.
Menezes: o dentista da família. Intermediário dos bilhetes e cartas de Cassi para Clara. 
Enredo
	Clara é uma mulata pobre, que vive no subúrbio carioca com seus pais, Joaquim e Engrácia, mulher “sedentária e caseira.” Joaquim era carteiro, “gostava de violão e de modinhas. Ele mesmo tocava flauta, instrumento que já foi muito estimado em outras épocas, não o sendo atualmente como outrora”. Também “compunha valsas, tangos e acompanhamentos de modinhas.” Além da música, a outra diversão do pai de Clara era passar as tardes de domingo jogando solo com seus dois amigos: o compadre Marramaque e o português Eduardo Lafões, um guarda de obras públicas.
	Clara engravida e Cassi Jones desaparece. Convencida pela vizinha, dona Margarida, que procurara na tentativa de conseguir um empréstimo e fazer um aborto, ela confessa o que está acontecendo à sua mãe. É levada a procurar a família de Cassi e pedir “reparação do dano”. A mãe do rapaz humilha Clara, mostrando-se profundamente ofendida porque uma negra quer se casar com seu filho. Clara “agora é que tinha a noção exata da sua situação na sociedade. Fora preciso ser ofendida irremediavelmente nos seus melindres de solteira, ouvir os desaforos da mãe do seu algoz, para se convencer de que ela não era uma moça como as outras; era muito menos no conceito de todos.”
	O autor representa, na figura de Clara e no seu drama, a condição social da mulher, pobre e negra, geração após geração. No final do romance, consciente e lúcida, Clara reflete sobre a sua situação:
“O que era preciso, tanto a ela como às suas iguais, era educar o caráter, revestir-se de vontade, como possuía essa varonil Dona Margarida, para se defender de Cassi e semelhantes, e bater-se contra todos os que se opusessem, por este ou aquele modo, contra a elevação dela, social e moralmente. Nada a fazia inferior às outras, senão o conceito geral e a covardia com que elas o admitiam...”
	E, na cena final, ao relatar o que se passara na casa da família de Cassi Jones para a sua mãe, conclui, em desespero, como se falasse em nome dela, da mãe e de todas as mulheres em iguais condições: “— Nós não somos nada nesta vida.”
http://www.passeiweb.com/estudos/livros/clara_dos_anjos
Clarados Anjos, 
Lima Barreto
Exercícios de Classe
01.	O romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto, é uma obra inacabada, publicada postumamente. Sobre esta obra é possível afirmar que
A)	Clara é uma moça rica que empobreceu e foi morar no subúrbio e é seduzida e desprezada por um rapaz burguês.
B)	a obra discute a questão da solidão, retratando-a por meio de romances conflituosos e reprimidos.
C)	no romance, os personagens são tipicamente suburbanos e o vocabulário já transpira a coloquialidade, como é característico ao autor.
D)	o romance se passa no subúrbio paulista. e a jovem Clara representa a formação das moças da época, educadas para batalhar por uma vida melhor. 
Exercícios Extraclasse
01.	(Uneb) 
Assim, sem outra preocupação, naquela tarde tempestuosa, conversaram na venda, enquanto Marramaque estivera e mesmo depois da sua saída. É óbvio que nenhuma das pessoas que lá estavam poderia adivinhar o que lhe ia acontecer pelo caminho. Chuviscava teimosamente, mas não havia o que se chama uma chuva torrencial, quando o pobre contínuo se despediu. É verdade que a noite estava pavorosa de escuridão, e ameaçadoras nuvens pairavam baixo, ainda mais carregando de treva a atmosfera e ofuscando os lampiões, cuja luz oscilava sob o açoite de um vento constante e cortante. Não se via, como é costume dizer-se, um palmo diante do nariz. 
 
BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. São Paulo Scipione, 1994. 
p. 82. (Clássicos Scipione) 
 
Considerando o fragmento contextualizado na obra, está correto o que se afirma na alternativa
A)	O relacionamento de Marramaque – na condição de poeta – com os frequentadores da venda é conflituoso, por ele não ter a aprovação pública de seus versos. 
B)	O narrador conduz a narrativa, mantendo um distanciamento crítico, evitando, assim, um ponto de vista subjetivo e parcial. 
C)	A descrição da paisagem constitui um prenúncio do trágico destino de Marramaque. 
D)	O narrador, quando se refere a Marramaque como “pobre contínuo”, deprecia-o socialmente. 
E)	O padrinho de Clara e seu núcleo familiar comprovam, na obra, a degradação social dos moradores do subúrbio. 
02.	(UFLA) O enredo da obra “Clara dos Anjos”, de Lima Barreto, retoma uma das constantes da ficção que predomina entre o período da implantação do Naturalismo e do Modernismo, que é a questão 
A)	da solidão, retratando-a por meio de romances conflituosos e reprimidos. 
B)	da desilusão amorosa, reafirmando a triste realidade daqueles que não “enxergavam” a diferença de classes. 
C)	da injustiça contra os oprimidos, revelando o jogo de mentira, poder a que as pessoas estão sujeitas. 
D)	do preconceito racial e social, vivenciado pelos negros e mestiços. 
Considere o fragmento de Clara dos Anjos, para responder a questão 03.
	A educação que recebera, de mimos e vigilâncias, era errônea. Ela devia ter aprendido da boca dos seus pais que a sua honestidade de moça e de muher tinha todos por inimigo, mas isto ao vivo, com exemplos, claramente... O bonde vinha cheio. Olhou todos aqueles homens e mulheres... Não haveria um talvez, entre toda aquela gente de ambos os sexos, que não fosse indiferente à sua desgraça... Ora, uma mulatinha, filha de um carteiro! O que era preciso, tanto a ela como as suas iguais, era educar o caráter, revestir-se de vontade, como possuía essa varonil D. Margarida, para se defender de Cassis e semelhantes, e bater-se contra todos os que se opusessem, por este ou aquele modo, contra a elevação dela, social e moralmente. Nada a fazia inferior às outras, senão o conceito geral e a covardia com que elas o admitiam...
	Chegaram em casa; Joaquim ainda não tinha vindo. D. Margarida relatou a entrevista, por entre o choro e os soluços da filha e da mãe.
	Num dado momento, Clara ergueu-se da cadeira em que se sentara a abraçou muito fortemente a mãe, dizendo, com um grande acento de desespero:
	— Mamãe! Mamãe!
	— Que é minha filha?
	— Nós não somos nada nesta vida.
03.	Assinale a alternativa CORRETA:
A)	Clara dos Anjos é ambientado em uma cidade imaginária, na qual a estrutura agrária do Brasil colonial e de suas relações sociais tradicionais não permitia casamentos entre brancos e negros.
B)	Em Clara dos Anjos e em suas principais obras, a linguagem de Lima Barreto é o português parnasiano, no qual o trabalho retórico com a linguagem tinha prioridade sobre sua comunicabilidade.
C)	O romance Clara dos Anjos é narrado em terceira pessoa por um narrador que emite opiniões e juízos de valor sobre as personagens e as cenas que narra.
D)	Os personagens de Clara dos Anjos são pobres que, à força de viverem em uma sociedade de privilégios, sucumbem, sem exceção, à corrupção e à miséria.
E)	Clara dos Anjos é um romance de resignação, que nos ensina a nos conformar com o lugar que nos é previamente reservado em nossa sociedade, sem lutar por condições humanas mais dignas nem por cidadania plena.
04.	Considere as afirmações:
I -	Os pensamentos de Clara revelam as dificuldades da mulher em geral, negra em particular, nas últimas décadas do século XIX e primeiras décadas do século XX, em ter seus direitos assegurados num país que se transforma mas ainda mantém velhas estruturas oligárquicas de exclusão: “Ela devia ter aprendido da boca dos seus pais que a sua honestidade de moça e de mulher tinha todos por inimigos”.
II -	As trajetórias de Cassi e Clara demonstram ao longo do romance como, a despeito de serem ambos da pequena burguesia sem posses, as relações sociais não deixaram de ser ainda fortemente racializadas: “Ora, uma mulatinha, filha de um carteiro!”
III -	Em Clara dos Anjos, em meio a seus tipos humanos, aparecem na narrativa personagens nos quais sobressai uma espécie de força moral, incorruptível, humana e solidária, como D. Margarida: “O que era preciso, tanto a ela como as suas iguais, era educar o caráter, revestir-se de vontade, como possuía essa varonil D. Margarida, para se defender de Cassis e semelhantes, e bater contra todos os que se opusessem, por este ou aquele modo, contra a elevação dela, social e moralmente.”
A)	Nenhuma está correta.
B)	Apenas II e III estão corretas.
C)	Apenas I e II estão corretas.
D)	Apenas I está correta.
E)	Todas estão corretas.
Exercícios de Classe
01.	A respeito dos personagens do romance Clara dos Anjos, pode-se afirmar que
A)	o pai de Cassi Jones, Manoel Borges de Azevedo, era um homem pretensioso e arrogante. Embora fosse u m mero funcionário público, tinha ares aristocráticos e protegia o filho, envolvido em inúmeros escândalos amorosos.
B)	Eduardo Lafões, amigo do pai de Clara dos Anjos, foi totalmente contrário à vinda de Cassi Jones ao aniversário da moça, por saber da fama terrível do violeiro.
C)	Catarina e Irene, irmãs de Cassi, assim como a mãe, D. Salustiana, tinham orgulho da suposta descendência inglesa da família e admiravam o irmão Cassi.
D)	Cassi Jones estava envolvido em inúmeros casos de defloramento e sedução de mulheres casadas e tinha predileção por se envolver com mulheres de origem humilde.
Exercícios Extraclasse
01.	A respeito do personagem Antônio da Silva Marramaques, padrinho de Clara dos Anjos, podemos afirmar que 
A)	havia sido ajudado por Cassi Jones a se livrar da prisão e, por isso, tinha especial amizade pelo moço violeiro.
B)	era funcionário público, mas tinha pretensões literárias e muita sensibilidade, Emocionou-se uma vez com a leitura do livro “Primaveras”, do romântico Casimiro de Abreu.
C)	como o pai de Clara, Joaquim dos Anjos, era um homem ingênuo e de pouca leitura, que se deixou enganar pela lábia de Cassi Jones. 
D)	teve um destino trágico, pois morreu do coração depois de um porre tomado na companhia do poeta Leonardo Flores.
02.	Sobre o romance Clara dos Anjos, pode-se afirmar que
A)	apesar da pouca idade, Clara dos Anjos mostra-se como uma moça pobre, mas de fibra, que foi criada para reivindicar seus direitos e lutar contra o preconceito.
B)	Menezes era um dentista prático, cuja verdadeira vocação era a poesia. Ele é quem faz os versos usados por Cassi Jones para seduzir Clara e outras moças.C)	Leonardo Flores é um poeta cheio de empáfia. Autor de versos medíocres, em português retorico, emerge como uma caricatura ferina do poeta acadêmico ou parnasiano.
D)	Cassi Jones morava num porão de sua própria casa, tendo sido excluído do convívio familiar por seu pai Manoel Borges, que não aprovava sua conduta.
03.	Sobre o romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto, pode-se afirmar que
A)	A esnobe D. Salustiana, mãe de Cassi, reconhece os erros do filho apenas no final do romance, quando D. Margarida e Clara vão à sua casa em busca de justiça. 
B)	O violão e a modinha são vistos pelo autor como elementos perigosos quando usados para a sedução de moças ingênuas como Clara dos Anjos.
C)	Leonardo Flores é a imagem do poeta branco, laureado pela academia, em visível contraste com o autor Lima Barreto, que teve sua literatura injustiçada por causa do preconceito racial.
D)	Cassi Jones é um rapaz branco de classe média, cujos hábitos requintados e vestimenta elegante escondem o inescrupoloso sedutor que ele é.
04.	A respeito do romance Clara dos Anjos, é CORRETO afirmar que
A)	embora envolvido em vários escândalos sexuais, Cassi Jones era um rapaz branco e elegante, que descendia da nobreza inglesa, como atesta o seu sobrenome aristocrático.
B)	Menezes, dentista prático, foi responsável por introduzir Cassi Jones no convívio da família de Joaquim dos Anjos, além de ter ajudado o violeiro sedutor , levando cartas dele à Clara.
C)	Ataliba Timbó, um dos companheiros que faziam parte da “gang” de Cassi Jones, foi expulso de vários clubes de futebol, acusado de trapaças.
D)	D. Margarida, que vivia de suas costuras e bordados, era carola e estava sempre metida com os padres. Foi a única que se dispôs a ajudar Clara depois de seu defloramento.
05.	Todas as informações abaixo, a respeito dos personagens do livro Clara dos Anjos, estão corretas, EXCETO
A)	Marramaques era contínuo de repartição, mas sua verdadeira vocação era o jornalismo e a literatura.
B)	Menezes era dentista prático, mas sua verdadeira vocação era a engenharia.
C)	Joaquim dos Anjos era carteiro, mas tinha também uma vocação musical, compondo tangos e modinhas.
D)	D. Engrácia e Joaquim dos Anjos, pais de Clara, frequentavam os “bíblias”, convertendo-se ao protestantismo que então se propagava pelos subúrbios cariocas.
Gabarito
Clara dos Anjos, Lima Barreto
Exercícios de Classe
01.		C
Exercícios Extraclasse
01.		C
02.		D
03.		C
04.		E
Exercícios de Classe
01.		D
Exercícios Extraclasse
01.		B
02.		D
03.		B
04.		C
05.		D

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