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Psicologia Integrada - 2020-1 exercicios (1)

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ANEXO: EXERCÍCIO E CASOS PARA TRABALHO EM SALA DE AULA
EXERCÍCIO 1[footnoteRef:1]: Avaliação Psicológica [1: Questão 31 – Enade 2015 (adaptada).] 
A avaliação psicológica é um processo técnico e científico realizado com pessoas ou grupos de pessoas que, de acordo com cada área do conhecimento, requer metodologias específicas. Ela é dinâmica e constitui-se fonte de informações de caráter explicativo sobre os fenômenos psicológicos, com a finalidade de subsidiar os trabalhos nos diferentes campos de atuação do psicólogo, tais como, saúde, educação, trabalho e outros setores em que ela se fizer necessária. Trata-se de um estudo que requer um planejamento prévio e cuidadoso, de acordo com a demanda e os fins aos quais a avaliação se destina. (CFP. Conselho Federal de Psicologia. Cartilha sobre Avaliação Psicológica. 2017. Disponível em http://satepsi.cfp.org.br/docs/cartilha.pdf. Acesso em 10 jan. 2019)
Com base na definição de avaliação psicológica proposta pelo Conselho Federal de Psicologia, avalie as afirmações a seguir.
I. A avaliação psicológica permite entender e considerar nuances do comportamento humano, além de subsidiar a elaboração de parecer cientificamente fundamentado.
II. A recomendação para o uso específico dos testes deve ser buscada nos estudos que foram feitos com esse instrumento, principalmente nos estudos de validade e nos de precisão e de padronização.
III. A avaliação psicológica deve considerar na sua condução e realização técnico-científica conhecimentos que venham exclusivamente dos saberes provenientes do campo da psicologia.
IV. O processo de avaliação psicológica é capaz de prover, aos psicólogos, informações importantes para o desenvolvimento de hipóteses que levem à compreensão das características psicológicas da pessoa ou de um grupo.
É correto o que se afirma em
A. I e III, apenas.
B. II e IV, apenas.
C. I, II e III apenas.
D. I, II e IV apenas. (CORRETA)
E. II, III e IV, apenas
Reformulando o enunciado para melhor compreendê-lo
De acordo com a Resolução Nº 009, de 25 de abril de 2018, do CFP, Avaliação Psicológica é um “processo de investigação de fenômenos psicológicos, composto de métodos, técnicas e instrumentos, com o objetivo de prover informações à tomada de decisão, no âmbito individual, grupal ou institucional, com base em demandas, condições e finalidades específicas” (CFP, 2018).
Na Cartilha sobre Avaliação Psicológica (CFP, 2013) o Conselho Federal de Psicologia (CFP) afirma que o processo de avaliação psicológica realizado junto a pessoas ou grupos é simultaneamente técnico e científico, permitindo reunir informações sobre fenômenos psicológicos para explicá-los. Os resultados dessa avaliação podem dar suporte à ação do psicólogo, esteja ele atuando na área da saúde, da educação, do trabalho, ou outras. Seja qual for a demanda e a finalidade de determinada avaliação é preciso que o psicólogo a planeje cuidadosamente.
No exercício aqui proposto o aluno deve, tomando por base essa formulação do CFP, avaliar três afirmações para, posteriormente, escolher a alternativa que reúne as afirmações corretas. Na afirmação I é feita referência à utilidade da avaliação psicológica para o conhecimento de nuances do comportamento humano, bem como para o subsídio na elaboração de pareceres com fundamento científico. Na afirmação II é feita referência à necessidade de se buscar respaldo em estudos realizados com cada instrumento antes da escolha dos testes a serem utilizados em uma avaliação, considerando, principalmente, se os instrumentos atendem aos critérios de validade, precisão e padronização.
Introdução Teórica: avaliação psicológica - possibilidades e limitações
A Cartilha sobre Avaliação Psicológica, lançada pelo Conselho Federal de Psicologia em junho de 2007 e atualizada em novembro de 2013 tem por objetivo oferecer informações de natureza ética, teórica e metodológica, para aprimorar a qualidade dos serviços psicológicos oferecidos à sociedade brasileira.
Nessa Cartilha encontramos respostas a questões que possibilitam ao psicólogo compreender a avaliação psicológica em seus múltiplos aspectos: seus limites, passos mínimos a serem executados, instrumentos que podem ser utilizados e elaboração de laudos, entre outros. Destaca que reconhece a pessoa como um ser que se modifica no tempo, com condicionantes históricos e sociais atuando sobre o seu psiquismo. Além disso, privilegia o indivíduo e não a sua patologia.
A avaliação psicológica é um processo amplo que envolve a integração de informações provenientes de diversas fontes, entre as quais, os testes psicológicos. A testagem psicológica, que deve ser considerada uma etapa da avaliação psicológica e que implica na utilização de diferentes tipos de instrumentos, deve atender aos critérios de validade, precisão e padronização. 
A Resolução CFP n° 009/2018 informa que “na realização da Avaliação Psicológica, a psicóloga e o psicólogo devem basear sua decisão, obrigatoriamente, em métodos e/ou técnicas e/ou instrumentos psicológicos reconhecidos cientificamente para uso na prática profissional da psicóloga e do psicólogo”. Isso significa que a escolha adequada de um instrumento ou estratégia deve levar em conta critérios científicos aprovados, inclusive pelas instituições que definem a especificidade das práticas psicológicas.
O uso de instrumentos corretos e adequados à demanda da pessoa ou de um grupo, maximiza a qualidade de uma avaliação e possibilita levantar hipóteses. O comportamento humano resulta de uma complexa teia de dimensões inter-relacionais que interagem para produzi-lo e se torna praticamente impossível entender e considerar todas as nuances e detalhes a ponto de prevê-lo por completo. Mas, quanto mais fidedignos forem os resultados obtidos, maior será a possibilidade de diagnosticar corretamente.
Realizado o processo de avaliação, o psicólogo emitirá um laudo/relatório, levando em consideração a sua finalidade. Esse documento reunirá dados sobre os procedimentos adotados e as conclusões resultantes. Deverá estar fundamentado cientificamente e mostrar-se útil à realização do devido encaminhamento, apresentando recomendações relativas a possíveis intervenções ou possível necessidade de acompanhamento psicológico.
Análise das afirmações
I. Afirmação correta
A avaliação psicológica permite entender e considerar nuances do comportamento humano, além de subsidiar a elaboração de parecer cientificamente fundamentado.
JUSTIFICATIVA. A avaliação psicológica é um processo dinâmico que se constitui em fonte de informações sobre os fenômenos psicológicos, quer se trate de demandas individuais ou coletivas. Ao final de sua realização torna-se possível emitir um laudo/relatório, cientificamente fundamentado, que responde às questões propostas, com direcionamento adequado.
II. Afirmação correta	
A recomendação para o uso específico dos testes deve ser buscada nos estudos que foram feitos com esse instrumento, principalmente nos estudos de validade e nos de precisão e de padronização.
JUSTIFICATIVA. Conforme enunciado na Introdução Teórica, todo instrumento deve ser apropriado ao contexto e aos propósitos de sua utilização. É preciso verificar sempre se os testes eleitos para a realização de determinado estudo medem realmente aquilo que se propõem a medir e dentro do período autorizado (validade), se seus resultados são confiáveis (precisão) e se há padrões pré-estabelecidos para a comparação dos resultados obtidos (padronização).
III. Afirmação incorreta:
A avaliação psicológica deve considerar na sua condução e realização técnico-científica conhecimentos que venham exclusivamente dos saberes provenientes do campo da psicologia.
JUSTIFICATIVA: A avaliação psicológica durante sua condução e realização inclui conhecimentos provenientes próprios da Psicologia, mas também utiliza conhecimentos originalmente elaborados no âmbito de outras ciências, como a Antropologia, a Sociologia, a Estatística, a Biologia, a Medicina, etc.
IV. Afirmação correta
O processo de avaliação psicológica é capaz deprover, aos psicólogos, informações importantes para o desenvolvimento de hipóteses que levem à compreensão das características psicológicas da pessoa ou de um grupo.
JUSTIFICATIVA. Conforme enunciado na Introdução Teórica, o processo de avaliação psicológica, recurso para a obtenção de informações sobre indivíduos e coletivos, permite a formulação de hipóteses com base nas quais torna-se possível a compreensão de características psicológicas dos indivíduos e dos coletivos avaliados. 
CASO 1: Psicologia do Cotidiano
A sala de aula, o que acontece ali, entre alunas, entre alunas e professoras, na apresentação de comportamentos, falas e disposições, é um espaço especial para um exercício de observação. Alunas e alunos são convidados a realizar a observação do que se passa na própria sala de aula (preferencialmente, elas e eles devem estar sentados em roda ou se movendo na sala) e, então, construir um relatório desta observação, durante 15 minutos. Ao final deste tempo, 5 alunos são sorteados para compartilharem e discutirem seus relatórios com os outros colegas.
Expectativa de resultados e tarefa: alunas e alunos poderão apresentar diferentes olhares sobre o que se passa na sala, onde os olhares são concentrados – pessoas, comportamentos, falas – e o peso dado a cada uma destas dimensões, assim como a forma dos relatos. A tarefa é oportunidade para discutir a experiência de observação e marcar as idiossincrasias em meio a uma prática que implica concentração e acuidade.
CASO 2: Entrevista
A entrevista é bastante utilizada na prática profissional da Psicologia, nas mais diferentes situações (trabalho, saúde, assistência social, pesquisa, etc.), individualmente e/ou em grupo. Alunas e alunos são convidados a participar da dramatização de diferentes entrevistas: a anamnese de uma criança de 10 anos, realizada com a presença de sua mãe; uma adolescente com dificuldades de aprendizagem, encaminhada pela escola, para acompanhamento; um grupo de candidatos a uma vaga de emprego em um equipamento de assistência social. A professora deverá convidar ou escolher grupos de alunos para produzirem as dramatizações. Cada dramatização deve durar 15 minutos.
Expectativa de resultados e tarefa: discutir sobre as condições necessárias para a condução de uma entrevista, tendo em vista diferentes objetivos, se individual ou em grupo, as questões éticas e os fundamentos de uma prática voltada a conhecer efetivamente o(s) outro(s).
CASO 3[footnoteRef:2]: Avaliação da Inteligência [2: Questão 16 – Enade 2009.			] 
A análise de prontuários de crianças e de adolescentes que apresentam dificuldades no processo de escolarização encaminhadas aos serviços indica que a psicanálise é o referencial hegemônico dos psicodiagnósticos e as questões escolares estão pouco presentes nos roteiros de entrevistas psicológicas.
PORQUE
Os testes são os instrumentos principais de avaliação psicológica, e os encaminhamentos desconsideram ações no campo educacional. Tais dados indicam a necessidade de se repensarem as práticas psicológicas frente aos encaminhamentos por problemas escolares. (SOUZA, 2005) (adaptado).
Com base na leitura dessas frases, é CORRETO afirmar que 
A. A primeira afirmativa é falsa e a segunda é verdadeira. 
B. A primeira afirmativa é verdadeira e a segunda é falsa. 
C. As duas afirmativas são falsas. 
D. As duas afirmativas são verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira. 
E. As duas afirmativas são verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. [CORRETA]
Introdução teórica: queixa escolar
A queixa escolar – predominantemente caracterizada por descrições de comportamento agressivo, dificuldades de aprendizagem e apatia – inclui-se entre os principais motivos de encaminhamento de crianças e adolescentes para as clínicas-escola, os consultórios particulares e a rede pública de atendimento à saúde mental. 
Os roteiros de entrevista psicológica e de anamnese utilizados para a realização do diagnóstico psicológico reúnem tópicos relativos à história de vida da criança, enfatizando aspectos referentes ao parto, às doenças, aos processos de desenvolvimento e aos acontecimentos traumáticos. A estrutura desses roteiros evidencia que os dados considerados relevantes para compreensão da queixa privilegiam características pessoais da criança e sua história individual, menosprezando fatores dos contextos sociais por ela integrados. As possíveis causas sociais e ambientais dos “distúrbios” são menosprezadas, ou mesmo ignoradas.
As medidas de inteligência e de desenvolvimento psicomotor têm sido instrumentos privilegiados de avaliação psicodiagnóstica de crianças e adolescentes com queixa escolar. Esses instrumentos, nem sempre validados para os segmentos populacionais brasileiros, desconsideram fatores ambientais, sociais e culturais ao avaliarem a performance do avaliado, conduzindo, pois, a resultados pouco confiáveis. Nesse contexto de avaliação, as causas das dificuldades escolares são atribuídas à própria criança e, quando muito, a seus pais e/ou professores, dado não serem consideradas as variáveis do sistema educacional e mesmo do sistema sócio-político-econômico aos quais essa criança pertence.
Análise das alternativas 
A. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Tanto a primeira quanto a segunda afirmativa são verdadeiras: (1) a prevalência do enfoque psicanalítico nos psicodiagnósticos, observada por Proença (2010) ao analisar prontuários de crianças encaminhadas com queixa escolar, hipervaloriza aspectos intrapsíquicos das crianças em detrimento das condições de seu contexto socioambiental; e (2) os principais instrumentos de avaliação psicodiagnóstica– testes de inteligência, de desenvolvimento psicomotor e de personalidade – priorizam Aa identificação de possíveis dificuldades na intrassubjetividade da criança, minimizando ou mesmo desconsiderando o contexto escolar.
B. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Essa alternativa, como a anterior, é incorreta, dado serem verdadeiras as duas afirmativas.
C. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Essa alternativa, como as anteriores, é incorreta, dado serem verdadeiras as duas afirmativas.
D. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Nessa alternativa, como nas anteriores, temos duas afirmativas verdadeiras, mas resta perguntar se a segunda afirmativa é uma justificativa correta da primeira. Sendo inadequados os recursos de avaliação, podemos considerar que a segunda afirmativa justifica a primeira somente parcialmente. Não a justifica inteiramente porque os testes são apenas uma pequena parte do sistema de avaliação de um fenômeno muito complexo.
E. Alternativa correta.
JUSTIFICATIVA. Conforme já enunciado nos comentários feitos às alternativas anteriores, as duas afirmativas são verdadeiras. No entanto, a segunda assertiva, que pode ser considerada uma consequência da primeira, não a justifica. 
CASO 4: Investigação da Personalidade
Leia o caso clínico descrito a seguir:
RBS, masculino, 39 anos, solteiro, católico praticante. Paciente com história de sintomas de irritabilidade e heteroagressividade desde o início do quadro aos 20 anos com perda progressiva de contatos afetivos e sociais, ideias de perseguição, alucinações auditivas de conteúdo religioso (dizia ouvir a “voz de Deus”) e comportamento bizarro (trazia lixo e objetos velhos que encontrava na rua para casa). Apresentava uma evolução da doença bastante ruim, tendo mais de dez internações psiquiátricas devido à intensificação desses sintomas, principalmente do comportamento heteroagressivo. Foi trazido ao nosso serviço após automutilação ocular grave (tentou arrancar o olho direito com as mãos). No momento da avaliação psiquiátrica inicial apresentava-se francamente psicótico, dizia estar obedecendo “às ordens de Deus”, repetia palavras isoladas como “salvação” e “paraíso”, além de manifestar alterações sensoperceptivas compatíveis com alucinações auditivas. (Caso clínico extraído da Revista Brasileira de Psiquiatria. 2000; 22(2): 80-6. Automutilação ocular: relatode seis casos de enucleação ocular. Marcelo G Nucci e Paulo Dalgalarrondo)
Se você estivesse fazendo essa entrevista de triagem, qual seria a hipótese diagnóstica e o encaminhamento mais coerente, de acordo com os critérios propostos pela CID 10?
Assinale a alternativa correta:
A. Esquizofrenia. Acompanhamento psiquiátrico e psicológico com um projeto terapêutico singular que atenda às necessidades do paciente e da família. 
- CORRETA
B. Transtorno de Personalidade Borderline. Acompanhamento psiquiátrico. Psicoterapia focada nos sintomas psicóticos.
C. Transtorno de Humor. Episódio atual depressivo. Acompanhamento psiquiátrico e psicológico.
D. Transtorno Obsessivo Compulsivo. Acompanhamento psicológico. Construção de um projeto terapêutico singular que leve em conta as necessidades do paciente e dos familiares.
E. Transtorno de personalidade paranoide. Acompanhamento psiquiátrico e psicoterapia em grupo.
O processo de investigação da personalidade exige o uso de diferentes técnicas e estratégias, como, por exemplo, o Método de Rorschach, uma técnica de investigação da personalidade, especificamente um instrumental que permite um diagnóstico tanto estrutural quanto psicodinâmico da personalidade. O uso destes instrumentos deve considerar as condições técnicas e éticas desta utilização, o que exige a especialização da técnica para aplicação profissional. Os resultados da avaliação, no caso da questão, incluem também conhecimentos de psicopatologia e da classificação utilizada no CID 10.
CASO 5: Técnicas Projetivas
O teste HTP é uma técnica projetiva de fácil aplicação, uma vez que só exige o uso de um material simples, como folhas de papel e lápis. Dessa forma, pode ser utilizado como um instrumento muito útil, em vários contextos da avaliação psicológica. De acordo com a técnica de aplicação do HTP, é possível afirmar que:
I – Costumeiramente, a fase gráfica é seguida por uma fase verbal.
 
II – É recomendado ao avaliado que realize os desenhos da melhor maneira possível, independentemente de qualquer habilidade artística.
 
III – Deve-se anotar a sequência em que cada desenho foi realizado.
 
IV – O avaliador não deve considerar comentários e expressões não-verbais durante a aplicação, concentrando a avaliação nos desenhos 
  
Assinale a alternativa CORRETA:
 
A. Apenas I e II
B. Apenas II e IV
C. Apenas I, II e III [CORRETO]
D. Apenas I, III e IV
E. Apenas II, III e IV
Afirmação IV: incorreta
JUSTIFICATIVA: os comentários e expressões não verbais da pessoa avaliado compõem os resultados e são informações muito importante na interpretação produzida pelo profissional de psicologia. 
Os testes projetivos são utilizados como instrumentos auxiliares na investigação diagnóstica da personalidade no contexto da Avaliação Psicológica e como subsídio importante para o Psicodiagnóstico Infantil. No trabalho profissional em psicologia, é preciso identificar, selecionar e adequar o uso dos instrumentos de avaliação da personalidade a problemas e contextos específicos, baseados em evidências científicas, de acordo com os princípios da ética profissional.
CASO 6: Psicodiagnóstico Interventivo
Uma escola da rede pública encaminha para uma clínica-escola 30 crianças, todas elas cursando a primeira série do Ensino Fundamental. A queixa principal dos professores é que essas crianças não aprendem. A partir disto, considere as afirmações abaixo:
I. Um psicólogo escolar crítico poderia levantar como hipótese um problema de ordem sociocultural. A escola poderia não estar adequada na tarefa de alfabetizar estas crianças que seriam provenientes de realidades socioculturais diferentes daquela esperada pelo sistema.
II. Um psicólogo escolar crítico poderia encaminhar todas as crianças para um psicodiagnóstico interventivo, para que fossem submetidas a testes de inteligência, porque descartariam possíveis deficiências. 
III. Um psicólogo escolar crítico poderia encaminhar todas as crianças para um diagnóstico psicopedagógico, uma vez que a queixa é de distúrbio de aprendizagem.
IV. Um psicólogo clínico levantaria como hipótese problema de ordem institucional. O fracasso escolar poderia ser decorrente de fatores intraescolares.
V. Um psicólogo clínico poderia visitar a escola para entender melhor o encaminhamento das crianças.
Assinale a alternativa correta:
A. Apenas as afirmações I, II e V estão corretas. 
B. Apenas as afirmações I, IV e V estão corretas.
C. Apenas a afirmação I está correta.
D. Apenas as afirmações I e V estão corretas. (CORRETA)
E. Apenas as afirmações I, III e IV estão corretas.
JUSTIFICATIVA:
De acordo com Milani, Tomael e Greinert (2014), o psicodiagnóstico interventivo é um processo de investigação que inclui intervenções que podem trazer mudanças para o paciente desde as consultas iniciais. A aplicação do psicodiagnóstico interventivo vem sendo utilizada desde a década de 1990. Marília Ancona-Lopez e Mary Santiago são precursoras do psicodiagnóstico interventivo no Brasil na abordagem fenomenológico-existencial, ao perceberem melhoras dos pacientes já durante o processo psicodiagnóstico. Para Evangelista (2016) o psicodiagnóstico interventivo é muito adequado para atender à clientela dos serviços-escola de Psicologia, dado seu caráter investigativo voltado para responder às demandas e necessidades da clientela. Numa perspectiva fenomenológica-existencial, o psicodiagnóstico interventivo vai ser compreendido como mais do que uma coleta de dados para que o psicólogo formule uma compreensão sobre o cliente, já que permite que os clientes formulem uma compreensão sobre si mesmos, contribuindo para a superação do sofrimento que motivou a busca por ajuda.
Neste sentido, outra dimensão muito importante presente no psicodiagnóstico interventivo é a presença da família em todo o processo, assim como o acesso a outros cenários que contribuam para a construção de hipóteses sobre o que se passa com os clientes, com, por exemplo, visitas à casa e à escola.
EVANGELISTA, P. O psicodiagnóstico interventivo fenomenológico-existencial grupal como possibilidade de ação clínica do psicólogo. Rev. abordagem gestalt., Goiânia, v. 22, n. 2, p. 219-224, dez. 2016. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-68672016000200014&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 10 jan. 2020.
MILANI, R.G.; TOMAEL, M.M.; GREINERT, R.B.M. Psicodiagnóstico interventivo psicanalítico. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, Londrina, v. 5, n. 1, p. 80-95, jun. 2014. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/pdf/eip/v5n1/a06.pdf. Acesso em 10 jan. 2020.
CASO 7[footnoteRef:3]: Pesquisa em Psicologia [3: Questão 16 – Enade 2015.] 
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), muitos países ainda discriminam ou simplesmente não reconhecem a existência ou o efeito prejudicial das doenças mentais em sua população. A OMS afirmou, em 2001, que, até 2020, as condições clínicas associadas a alterações mentais e neurológicas incapacitarão quase 15% da população em algum momento. A depressão responderá pela maior parte deste percentual, acometendo quase o dobro de mulheres em relação ao número de homens. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Ministerial Round Tables 2001. 54th World Health Assembly. World Health Organization, Genebra, 2001) (adaptado). 
A partir dos dados descritos pela OMS, um pesquisador conduziu um estudo para compreender o motivo pelo qual a incidência de quadros depressivos tem aumentado significativamente no Brasil nos últimos anos. Para a coleta de dados, ele usou escalas de autorrelato (inventários de depressão e de ansiedade) e entrevistas semiestruturadas, com o intuito de avaliar dois grupos de trabalhadores com diferentes perfis profissionais. O primeiro grupo foi avaliado em 2013, e o segundo em 2015. Cada grupo foi composto por uma amostra de 200 sujeitos. O investigador relacionou os escores brutos das escalas de autorrelato com categorias de respostas definidas a partir dos dados obtidos com as entrevistas. Ao interpretar os resultados, constatou que haviauma relação entre os escores de depressão e a quantidade de tempo que os profissionais ficavam distantes de seus familiares, o que ocorria em virtude do aumento da carga de trabalho. Tal relação foi observada em ambas as amostras.
Considerando-se a metodologia e as variáveis presentes nesse estudo hipotético, conclui-se que se trata de uma pesquisa
A. experimental e quantitativa, sequencial, com diferentes coortes, cuja variável independente é a depressão.
B. descritiva e correlacional, transversal, com diferentes coortes, cuja variável independente é a distância dos familiares. [CORRETA]
C. explicativa e quantitativa, longitudinal prospectiva, com mesmo coorte, cuja variável dependente é a distância dos familiares
D. descritiva e qualitativa, longitudinal, retrospectiva, com diferentes coortes, na qual a distância dos familiares é uma variável independente.
E. descritiva e explicativa, transversal, com duas coortes, na qual tanto a depressão quanto a distância dos familiares são variáveis dependentes.
Reformulando o enunciado para melhor compreendê-lo
Esta questão apresenta um problema relativo à metodologia de pesquisa em psicologia. Discorre sobre um estudo realizado para compreender porque os quadros depressivos têm aumentado significativamente no Brasil nos últimos anos. O pesquisador tomou por base dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que apontam para a possibilidade de quase 15% da população mundial apresentar alterações mentais e neurológicas incapacitantes, entre os anos 2001 e 2002. Nesse conjunto de alterações foi possível prever que o maior percentual será o da depressão e o número de mulheres comprometidas será quase o dobro do número de homens. Baseado nesses dados o pesquisador adotou o seguinte procedimento: (1) Sua amostra foi composta por dois grupos de trabalhadores de diferentes perfis, cada grupo com 200 profissionais. (2) Avaliou o primeiro grupo em 2013 e o segundo em 2015 utilizando escalas de autorrelato (inventários de depressão e de ansiedade) e entrevistas semiestruturadas. (3) Com base nos dados coletados nas entrevistas o investigador estabeleceu categorias de resposta para, em seguida, relacioná-las com os escores brutos das escalas de autorrelato. (4) Ao interpretar resultados obtidos nas duas amostras o pesquisador constatou uma relação entre escores de depressão e período durante o qual os profissionais permaneciam distantes de seus familiares devido à excessiva carga de trabalho.
Considerando o método utilizado e as variáveis presentes no estudo apresentado, o aluno é convidado a assinalar a alternativa correta entre cinco afirmações, devendo identificar: (1) o tipo de pesquisa (descritiva ou explicativa; quantitativa, qualitativa ou correlacional; sequencial, transversal, longitudinal prospectiva ou retrospectiva); (2) o tipo de coorte utilizado (mesma coorte, duas coortes ou diferentes coortes); (3) o tipo de variável (dependente ou independente) e (4) o fenômeno considerado (depressão e distância dos familiares). No quadro abaixo é possível visualizar melhor a combinação de elementos em cada uma das cinco afirmações, cabendo assinalar que a escolha da alternativa correta demanda conhecimento da definição precisa de cada um desses elementos.
	
	Tipo de pesquisa
	Desenvolvimento da pesquisa
	Tipo de coorte
	Tipo de variável
	Fenômeno considerado
	A
	Experimental
	Quantitativa
	Sequencial
	Diferentes coortes
	Independente
	Depressão
	B
	Descritiva
	Correlacional
	Transversal
	Diferentes coortes
	Independente
	Distância dos familiares
	C
	Explicativa
	Quantitativa
	Longitudinal prospectiva
	Mesmo coorte
	Dependente
	Distância dos familiares
	D
	Descritiva
	Qualitativa
	Retrospectiva
	Diferentes coortes
	Independente
	Distância dos familiares
	E
	Descritiva
	Explicativa
	Transversal
	Duas coortes
	Dependentes
	Depressão e distância dos familiares
Metodologia de Pesquisa em Psicologia
As pesquisas em Psicologia podem ser classificadas em distintas categorias, algumas das quais acham-se enunciadas a seguir.
Nas pesquisas experimentais as variáveis são manipuladas em condições pré-estabelecidas para identificar possíveis relações de causalidade entre elas. As pesquisas descritivas têm por objetivo identificar as variáveis e suas relações ou descrever as características do fenômeno estudado. As pesquisas explicativas têm por objetivo identificar as causas de determinados fenômenos.
As pesquisas quantitativas têm por objetivo enumerar ou medir eventos e testar hipóteses, submetendo os dados à análise estatística. Seus principais instrumentos de coleta são os questionários, escalas e testes. Utilizam linguagem matemática para descrever, representar e interpretar seus objetos de estudo: o método busca regularidades com vistas a estabelecer relações causais que possibilitem realizar previsões. 
As pesquisas qualitativas têm por objetivo descrever, analisar e compreender distintos fenômenos. Nessa modalidade de pesquisa as informações são coletadas por meio de entrevista, observação e investigação participativa, entre outros. Busca-se compreender os fenômenos a partir da ótica dos participantes. 
Enquanto as ciências naturais utilizam prioritariamente recursos próprios das pesquisas quantitativas, nas ciências humanas e sociais tais recursos associam-se a outros, próprios das pesquisas qualitativas. As pesquisas correlacionais são utilizadas para estudar fenômenos por meio do reconhecimento de relações estabelecidas entre eles.
As pesquisas são desenvolvidas de modo transversal (seccional) ou longitudinal (horizontal). Nas pesquisas transversais causas e efeitos são observados num mesmo momento histórico e nas longitudinais a sequência de eventos pode ser considerada de modo retrospectivo ou prospectivo: em pesquisas retrospectivas são estudados fenômenos ou fatos passados que possam ser considerados causais e nas prospectivas, também conhecidas como “estudos de coortes”, acompanha-se a evolução de dado fenômeno ou fato ao longo do tempo. Denomina-se coorte determinado grupo de pessoas que compartilham os mesmos eventos durante determinado período, acompanhado prospectivamente. Uma coorte pode ser formada, por exemplo, de todas as pessoas nascidas em determinada cidade na década de 2000. Nas pesquisas pode ser utilizada uma única coorte ou mais de uma. Resumidamente, em estudos longitudinais retrospectivos parte-se do conhecimento de efeitos em busca de causas, e no prospectivo parte-se do conhecimento de fatos ou fenômenos, hipoteticamente causas de efeitos observados no presente. 
As variáveis podem ser classificadas de muitos modos. Uma das classificações possíveis, realizada em função da relação estabelecida entre variáveis de determinado estudo, considera variável independente a que é fator determinante para a ocorrência de um resultado, ou seja, aquela que é condição (ou causa) para a ocorrência de um efeito (consequência) e variável dependente a que é fator (ou propriedade) resultante, efeito, consequência de determinada(s) variável(eis) independentes.
Análise das alternativas
A. Alternativa incorreta
Considerando-se a metodologia e as variáveis presentes nesse estudo hipotético, conclui-se que se trata de uma pesquisa) experimental e quantitativa, sequencial, com diferentes coortes, cuja variável independente é a depressão.
JUSTIFICATIVA. Trata de uma pesquisa experimental por não haver sido desenvolvida em condições pré-estabelecidas e por não haver manipulado as variáveis estudadas, assim como não se caracteriza como pesquisa quantitativa. Trata-se, sim, de uma pesquisa descritiva, cuja variável independente é a distância dos familiares e não a depressão.
B. Alternativa correta
Considerando-se a metodologia e as variáveis presentes nesse estudo hipotético, conclui-se que se trata de uma pesquisa) descritiva e correlacional, transversal, com diferentes coortes, cuja variável independente é a distância dos familiares.
JUSTIFICATIVA. Trata de uma pesquisa descritiva (tem por objetivo identificar variáveis e suas relações); correlacional (investigapossíveis relações entre a alta incidência de quadros depressivos em trabalhadores - variável dependente - e fatores da vida familiar dessas pessoas - variável independente); transversal (as causas e efeitos da incidência de quadros depressivos, que têm aumentado significativamente no Brasil nos últimos anos, são observados num mesmo momento histórico); foi realizada com diferentes coortes (dois grupos de trabalhadores com diferentes perfis profissionais) e definiu como variável independente a distância entre os trabalhadores e seus familiares. Essa pesquisa conduziu à conclusão de que a escassez de contato familiar favoreceu a ocorrência de quadros depressivos.
C. Alternativa incorreta
Considerando-se a metodologia e as variáveis presentes nesse estudo hipotético, conclui-se que se trata de uma pesquisa) explicativa e quantitativa, longitudinal prospectiva, com mesmo coorte, cuja variável dependente é a distância dos familiares.
JUSTIFICATIVA. Trata-se de uma pesquisa descritiva e não explicativa; pesquisa transversal e não longitudinal; sua variável dependente é a depressão e não a distância dos familiares.
D. Alternativa incorreta
Considerando-se a metodologia e as variáveis presentes nesse estudo hipotético, conclui-se que se trata de uma pesquisa) descritiva e qualitativa, longitudinal, retrospectiva, com diferentes coortes, na qual a distância dos familiares é uma variável independente.
JUSTIFICATIVA. Trata-se, de fato, de uma pesquisa descritiva com diferentes coortes sendo a distância entre os trabalhadores e seus familiares a sua variável independente. No entanto, trata-se de uma pesquisa transversal e não longitudinal.
E. Alternativa incorreta
Considerando-se a metodologia e as variáveis presentes nesse estudo hipotético, conclui-se que se trata de uma pesquisa) explicativa, transversal, com duas coortes, na qual tanto a depressão quanto a distância dos familiares são variáveis dependentes.
JUSTIFICATIVA. Trata-se, de fato, de uma pesquisa descritiva, transversal, com duas coortes. No entanto, embora a depressão seja de fato sua variável dependente, sua variável independente é a distância entre os trabalhadores e seus familiares.
CASO 8[footnoteRef:4]: Avaliação de Inteligência [4: Questão 15 – Enade 2009.			] 
Estabeleceram-se correlações entre os dados referentes a acidentes de trabalho de 79 funcionários de uma empresa de energia elétrica com os escores obtidos por esses funcionários nos cinco testes da Bateria de Provas de Raciocínio BPR-5, padronizada com amostra de sujeitos de 11 a 18 anos. Os funcionários foram agrupados conforme o tempo de experiência: o Grupo I, com 1 a 5 anos de trabalho em linha elétrica viva; o Grupo II, com 6 a 24 anos de experiência na mesma área. O resultado das correlações é apresentado na tabela: 
As análises correlacionais indicam evidências de validade do instrumento em relação à maior e à menor probabilidade de ocorrerem acidentes de trabalho. O teste mais válido na correlação com os acidentes de trabalho é o de
A. Raciocínio Abstrato 
B. Raciocínio Verbal [CORRETA]
C. Raciocínio Mecânico 
D. Raciocínio Espacial 
E. Raciocínio Numérico
Introdução teórica: validade de testes
A validade de um teste evidencia se o instrumento de fato atende à sua finalidade, ou seja, se ele realmente avalia o que se espera que avalie. Os estudos correlacionais são importantes para a validação de um teste e sua validade é tanto maior quanto mais significativos forem os índices de correlação. Nesta questão, trata-se da validade do teste Bateria de Provas de Raciocínio BPR-5, um instrumento de avaliação de habilidades cognitivas – inteligência geral e aptidões. O estudo aqui relatado teve por objetivo avaliar a capacidade preditiva do teste quanto à provável ocorrência de acidentes de trabalho em função de capacidades cognitivas dos trabalhadores. Esse instrumento é utilizado para medir habilidades relativas ao raciocínio verbal, abstrato, mecânico, espacial e numérico. 
A construção de instrumentos de avaliação deve atender aos seguintes critérios básicos: ser fundamentado teoricamente e obedecer aos parâmetros de validade, precisão ou fidedignidade e padronização. Desses critérios, o de “validade” garante que o instrumento meça efetivamente o que se propõe a medir. Ao sujeitarmos o próprio critério de “validade” à necessária avaliação é preciso considerar a “validade de construto”, que indica se o instrumento produz resultados compatíveis com os obtidos por meio de outros instrumentos criados para o mesmo fim; a “validade de conteúdo”, que indica se o instrumento mede efetivamente todos os aspectos do fenômeno em questão – e somente eles; e a “validade de predição”, que indica se o instrumento pode predizer com acuidade.
O coeficiente de correlação varia entre menos 1 e mais 1 (-1 e +1). Uma correlação próxima a zero indica que duas variáveis não estão relacionadas. Uma correlação positiva indica que duas variáveis movem-se no mesmo sentido e a relação é tanto mais forte quanto mais a correlação aproxima-se de mais 1 (+1). Uma correlação negativa indica que duas variáveis movem-se em sentidos opostos e que a relação também fica tanto mais forte quanto mais próxima de menos 1 (-1) estiver a correlação. Duas variáveis perfeitamente correlacionadas positivamente (r=1) movem-se em perfeita proporção no mesmo sentido, enquanto duas variáveis perfeitamente correlacionadas negativamente (r=-1) movem-se em perfeita proporção em sentidos opostos. O coeficiente de correlação varia entre menos 1 e mais 1 (-1 e +1), conforme o esquema:
-1_______-0,75_______-0,5_______-0,25_______0_______+0,25_______+0.5_______+0,75_______+1
 perfeita alta média baixa ausente baixa média alta perfeita
 Negativa 	 Positiva
Observa-se na tabela apresentada no enunciado da questão que o Grupo 1, constituído por trabalhadores com menos experiência (de 1 a 5 anos de trabalho), apresentou resultados de correlação negativa, o que indica que quanto maiores as habilidades cognitivas, menor o risco de ocorrência de acidentes de trabalho. Dentre esses resultados, mostraram-se mais significativos os obtidos nos testes de Raciocínio Verbal e Raciocínio Espacial, ambos abaixo de 0,3. Esses dados confirmam a validade preditiva do teste quando relaciona melhores níveis de habilidades cognitivas dos trabalhadores iniciantes às menores probabilidades de ocorrência de acidentes.
Análise das alternativas
A. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. No caso descrito, em que foi utilizada a Bateria de Provas de Raciocínio BPR-5,O para verificar possíveis correlações entre habilidade para raciocinar e acidentes de trabalho, o teste de Raciocínio Abstrato teve por resultados -0,065 (total geral); -0,0398 (acidentes no Grupo 1); e 0,144 (acidentes no Grupo 2). Assim, esse teste apresentou correlação negativa baixa entre os trabalhadores do Grupo 1, o que indica fraca relação entre essa aptidão e a ocorrência de acidentes de trabalho entre os funcionários cujo tempo de experiência varia entre 1 e 5 anos de trabalho em linha elétrica viva. A correlação positiva baixa observada entre os trabalhadores do Grupo 2, embora também indique fraca relação entre essa aptidão e a ocorrência de acidentes de trabalho, mostra simultaneamente que, quanto maior a capacidade de raciocínio abstrato, maior a chance de ocorrência de acidentes de trabalho entre os funcionários cujo tempo de experiência varia entre 6 e 24 anos.
B. Alternativa correta.
JUSTIFICATIVA. O resultado total nas diversas provas evidencia que somente a prova de Raciocínio Verbal apresentou correlação negativa significativa (-0,241), revelando que quanto maior a capacidade de raciocínio verbal dos funcionários, independentemente do tempo de experiência na função, menor a chance de ocorrerem acidentes de trabalho. Considerando os resultados gerais (apresentados na coluna “Total Geral”), o teste de Raciocínio Verbal apresentoucorrelação significativamente mais alta do que os outros com o total de acidentes. Isso indica que sua validade sobrepuja a validade dos demais testes. Assim, as análises correlacionais realizadas evidenciam a validade do instrumento em relação à maior e à menor probabilidade de ocorrência de acidentes de trabalho e apontam o teste de Raciocínio Verbal como o mais válido na correlação com os acidentes de trabalho.
C. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. No caso descrito, o teste de Raciocínio Mecânico teve por resultados -0,077 (total geral); -0,297 (acidentes no Grupo 1) e 0,109 (acidentes no Grupo 2). Assim, nesse teste não ocorreram correlações significativas.
D. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. No caso descrito, o teste de Raciocínio Espacial teve por resultados -0,161 (total geral); -0,421 (acidentes no Grupo 1); e 0,087 (acidentes no Grupo 2). Assim, esse teste apresentou um índice de correlação negativa no Grupo 1 e correlação positiva no Grupo 2, indicando que quanto maior a capacidade de raciocínio espacial, maior a chance de ocorrência de acidentes de trabalho entre os funcionários cujo tempo de experiência varia entre 6 e 24 anos.
E. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. No caso descrito, o teste de Raciocínio Numérico teve por resultados -0,068 (total geral); -0,123 (acidentes no Grupo 1); e -0,013 (acidentes no Grupo 2). Assim, não houve ocorrência de correlações significativas porque o coeficiente de relação encontra-se muito próximo ao zero.
CASO 9[footnoteRef:5]: Investigação da Personalidade [5: Questão 35 – Enade 2006.] 
Situação: casal recém-divorciado não consegue entrar em acordo com relação à guarda dos filhos, um menino de 5 anos e uma menina de 3 anos. A mãe quer permanecer com os dois filhos com visitas e fins de semana alternados com o pai, mas este quer a guarda das crianças, com o mesmo sistema de visitas e fins de semana alternados, pois julga a mãe negligente com relação às crianças. Esta acredita que isto se deva ao ressentimento dele por ela ter solicitado a separação. Várias conversas foram tentadas e não foi possível chegar a um acordo. O juiz solicita a intervenção de um psicólogo.
O psicodiagnóstico que incluísse entrevistas e métodos projetivos poderia ser mais útil, neste caso, para
A. traçar um perfil de personalidade da mãe das crianças que permitisse confirmar ou descartar sua negligência.
B. avaliar a capacidade dos pais de lidar com fatores de sobrecarga emocional. - [CORRETA]
C. traçar um perfil de personalidade do pai mostrando a possibilidade ou o impedimento para cuidar de crianças.
D. definir presença de transtornos depressivos, associados aos comportamentos descritos.
E. relacionar a influência de distúrbios do pensamento sobre a percepção da realidade.
Introdução teórica: Psicologia Jurídica
De acordo com Lago e Bandeira (2009):
Nos processos de separação ou divórcio é preciso definir qual dos ex-cônjuges deterá a guarda dos filhos. Conforme o artigo nº 1.584, do Novo Código Civil, vigente desde janeiro de 2002, nos casos de separação consensual, será observado o que os cônjuges acordarem sobre a guarda dos filhos. Em não havendo acordo, a guarda será atribuída àquele que reunir melhores condições para exercê-la, o que não implica melhores condições econômicas ou materiais (p. 1).
Altoé (2001, p.1) questiona: “E como saber quem tem melhores condições? Quais os critérios para a avaliação realizada pelos psicólogos?”. A autora afirma que o trabalho do psicólogo na área jurídica não deve se restringir à elaboração de pareceres para que o juiz possa aplicar a lei. Deve, sim, visar à resolução dos conflitos que conduziram a família ao poder judiciário. Conflitos não resolvidos produzirão a reincidência dos problemas que conduziram o caso à Justiça, e o processo tende a prolongar-se por anos, sem redução da dor dos envolvidos.
Ainda de acordo com a autora, antes da década de 1990 a função do psicólogo judiciário se restringia à realização de perícias e pareceres. Hoje seu trabalho inclui informação, apoio, acompanhamento e orientação pertinentes aos atendimentos realizados, dado haver preocupação com a saúde mental das pessoas envolvidas.
Para Suannes (2008):
Refletir sobre o modelo pericial e articulá-lo à ideia de um trabalho interventivo significa considerar também que o encontro com a(s) pessoa(s) que faz(em) parte de um processo de Vara de Família não é mera condição de aplicação de instrumentos de avaliação que é demandada por um terceiro. Supõe considerar que essas pessoas procuram o Judiciário para resolver conflitos de família porque não encontraram outra forma de lidar com o sofrimento que advém deles. (p. 29).
Segundo Suannes (2008) a perícia, entendida como uma forma de avaliação psicológica, deve assumir também um caráter interventivo: “Embora não seja uma instituição de saúde mental, é o Judiciário o lugar que essas pessoas escolheram para tratar, viver e falar da dor da separação, dos rompimentos de vínculos, da desidealização da família e de si mesmas”. (p.36)
Indicações bibliográficas
ALTOÉ, S. E. Atualidade da Psicologia Jurídica. PsiBrasil: Revista de Pesquisadores da Psicologia no Brasil, Juiz de Fora, v. 1, n. 2, 2001. Disponível em: <http://www.estig.ipbeja.pt/~ac_direito/psicologia_juridica.pdf>. Acesso em: 1 jan. 2020.
LAGO, V. de M.; BANDEIRA, D. R. A Psicologia e as demandas atuais do direito de família. Psicologia: ciência e profissão, Brasília, v. 29, n.2, jun. 2009. Disponível em: <http://pepsic.bvspsi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932009000200007&lng=pt&nrm>. Acesso em: 1 jan. 2020.
SUANNES, C. A. M. A sombra da mãe: um estudo psicanalítico sobre identificação feminina a partir de casos de Vara de Família. 2008. 125 f. Dissertação (Mestrado). Departamento de Psicologia Clínica, PUC, São Paulo, 2008.  Disponível em:<http://www.caf.org.br/paginas/biblioteca/disserta_claudia_suannes.pdf>. Acesso em: 1 jan. 2020.
Análise das alternativas
A. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. A realização de psicodiagnóstico da mãe com o objetivo de confirmar ou não uma situação de negligência significaria um retrocesso nas possibilidades de atuação do psicólogo judiciário, ou seja, ele estaria atuando apenas como parecerista. Nesse caso, sua atividade se restringiria à elaboração de um documento para que o Juiz aplicasse a lei.
B. Alternativa correta.
JUSTIFICATIVA. A avaliação do estado emocional dos pais e de sua capacidade para suportar a dor causada pelo rompimento é uma atitude adequada por parte do psicólogo. O procedimento que os inclui no processo psicodiagnóstico lhes oferece oportunidade de reflexão e de elaboração de emoções. A proposta é que se procure favorecer a tomada de decisão relativa à guarda dos filhos por meio de diálogo e consenso, descaracterizando essa decisão como vinculada a umasituação de disputa e privilegiando o bem-estar das crianças envolvidas.
C. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Vide justificativa da alternativa A.
D. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Não há, no enunciado da questão, nada que sugira a existência de transtornos depressivos associados aos comportamentos descritos.
E. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. No enunciado da questão não é feita nenhuma referência a distúrbios de pensamento que pudessem estar influenciando a percepção da realidade.
CASO 10: Técnicas Projetivas
Existe uma variedade expressiva de instrumentos de avaliação psicológica gerados para a exploração de diversas variáveis e processos psicológicos. Cada tipo de instrumento oferece atributos positivos e limitações que o psicólogo deve considerar quando o inclui ou exclui de um processo avaliativo. Portanto:
 
I – As técnicas projetivas, como instrumentos que geram hipóteses interpretativas, são importantes ferramentas para a identificação de características e traços de inteligência.
 
II – As técnicas projetivas identificam sinais e sintomas relacionados a quadros psicopatológicos.
 
III – Qualquer avaliação psicológica tem como objetivo fornecer informações, para que, a partirdestas, sejam tomadas decisões sobre o indivíduo avaliado.
 
IV - Qualquer técnica projetiva pode ser utilizada para investigação da personalidade e da inteligência do sujeito.
 
Portanto, é CORRETO apenas o que se afirma em: 
A. I, II, IV
B. II, III e IV
C. I, II e III
D. III e IV
E. II, III [CORRETA]
Afirmativa I: incorreta
JUSTIFICATIVA: embora através da aplicação de uma técnica projetiva seja possível inferir características e traços de inteligência, estas técnicas não são, via de regra, suficientes para classificações de inteligência.
Afirmativa IV: incorreta
JUSTIFICATIVA: As técnicas projetivas para investigação da personalidade não são necessariamente apropriadas para avaliação da inteligência. 
Os testes projetivos são utilizados como instrumentos auxiliares na investigação diagnóstica da personalidade no contexto da Avaliação Psicológica e como subsídio importante para o Psicodiagnóstico Infantil. No trabalho profissional em psicologia, é preciso identificar, selecionar e adequar o uso dos instrumentos de avaliação da personalidade a problemas e contextos específicos, baseados em evidências científicas, de acordo com os princípios da ética profissional.
CASO 11: Psicodiagnóstico Interventivo
Carolina tem 11 anos e mora com a avó paterna, desde que seus pais se separaram, há 6 anos. O pai e a mãe, depois da separação tumultuada, mudaram-se para outros estados e pouco contato tiveram com a menina. O pai telefona 4/5 vezes no ano e sempre aparece no Natal com muitos presentes para Carolina. Quando está com ela mantém um relacionamento amigável, como se fosse um parente muito distante. A mãe nunca mais viu a menina; apenas conversa por telefone. Passa muito tempo sem ligar, mas às vezes telefona várias semanas seguidas. Manda, pelo correio, presentes para Carolina na data de seus aniversários e no Natal. D. Vanda, a avó, cuida de toda a educação da criança. Recentemente, a mãe voltou e quer ficar com a criança. O pai quando soube se contrapôs e quer levar Carolina para morar com ele. A avó não admite que retirem Carolina de sua casa, afinal foi ela quem praticamente a criou. Neste cenário de brigas, discussões e ameaças, Carolina não quer mais ir à escola, pois tem medo de ser raptada pelos pais e está apresentando enurese noturna. A disputa pela guarda da criança vai ser resolvida na justiça. D. Vanda procura uma psicóloga, sem o conhecimento dos pais da menina, requisitando um laudo psicológico que a favoreça na disputa, uma vez que Carolina não quer morar nem com a mãe nem com o pai. Pretende apresentar o laudo ao juiz, quando for aberto o processo.
Baseados no relato podemos afirmar que:
A. Para que o laudo psicológico seja completo, a psicóloga deve convocar pessoas que tivessem convivido com o casal e a criança e pudessem emitir opiniões mais neutras sobre essas relações. 
B. A psicóloga deveria realizar um psicodiagnóstico da criança, garantindo a presença dos pais. (CORRETA)
C. A psicóloga deve elaborar um laudo com todas as informações colhidas, não só das entrevistas, mas também dos testes aplicados, porque só assim o juiz pode tomar uma decisão adequada ao caso.
D. Não convocar o pai e a mãe, neste caso, não se constitui em falta ética, porque o que importa são as imagens parentais internalizadas e não reais.
E. A psicóloga deve ouvir a menina e seu laudo deve estar baseado nos desejos desta.
JUSTIFICATIVA:
De acordo com Milani, Tomael e Greinert (2014), o psicodiagnóstico interventivo é um processo de investigação que inclui intervenções que podem trazer mudanças para o paciente desde as consultas iniciais. A aplicação do psicodiagnóstico interventivo vem sendo utilizada desde a década de 1990. Marília Ancona-Lopez e Mary Santiago são precursoras do psicodiagnóstico interventivo no Brasil na abordagem fenomenológico-existencial, ao perceberem melhoras dos pacientes já durante o processo psicodiagnóstico. Para Evangelista (2016) o psicodiagnóstico interventivo é muito adequado para atender à clientela dos serviços-escola de Psicologia, dado seu caráter investigativo voltado para responder às demandas e necessidades da clientela. Numa perspectiva fenomenológica-existencial, o psicodiagnóstico interventivo vai ser compreendido como mais do que uma coleta de dados para que o psicólogo formule uma compreensão sobre o cliente, já que permite que os clientes formulem uma compreensão sobre si mesmos, contribuindo para a superação do sofrimento que motivou a busca por ajuda.
Neste sentido, outra dimensão muito importante presente no psicodiagnóstico interventivo é a presença da família em todo o processo, assim como o acesso a outros cenários que contribuam para a construção de hipóteses sobre o que se passa com os clientes, com, por exemplo, visitas à casa e à escola.
EVANGELISTA, P. O psicodiagnóstico interventivo fenomenológico-existencial grupal como possibilidade de ação clínica do psicólogo. Rev. abordagem gestalt., Goiânia, v. 22, n. 2, p. 219-224, dez. 2016. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-68672016000200014&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 10 jan. 2020.
MILANI, R.G.; TOMAEL, M.M.; GREINERT, R.B.M. Psicodiagnóstico interventivo psicanalítico. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, Londrina, v. 5, n. 1, p. 80-95, jun. 2014. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/pdf/eip/v5n1/a06.pdf. Acesso em 10 jan. 2020.
CASO 12[footnoteRef:6]: Pesquisa em Psicologia [6: Questão 14 – Enade 2015.] 
Pesquisa 1: A pesquisa objetivou investigar representações sociais do espaço prisional entre detentas de uma penitenciária estadual feminina. Optou-se pela entrevista semiestruturada como instrumento de coleta de dados. Foram entrevistadas dez detentas, utilizando um roteiro focalizando: dados sociodemográficos; momento do crime; funções da pena; relação familiar antes e depois do encarceramento; vida antes do encarceramento; dia a dia na penitenciária; visão do tratamento recebido; maiores dificuldades da prisão e projetos futuros. (FRINHANI, F.M.D.; SOUZA, L. Mulheres encarceradas e espaço prisional: uma análise de representações sociais. Psicol. teor. prat. [online], v. 7, n.1, 2005) (adaptado)
Pesquisa 2: Os relacionamentos íntimos, dentre eles o namoro, pressupõem a existência de identidades e representações sociais, que são compartilhadas através de comportamentos, normas e valores sociais. Objetivou-se identificar a representação social e a particularização em função da identidade sexual e experiência com o namoro. Para tal, a amostra foi composta por 183 estudantes universitários, com média de idade de 22 anos. Foi utilizado um questionário auto aplicado em situação coletiva. (BERTOLDO, R. B.; BARBARA, A. Representação social do namoro: a intimidade na visão dos jovens. PsicoUSF [online], v. 11, n.2, 2006 (adaptado). 
Estão resumidas, acima, duas pesquisas no campo das representações sociais. A respeito dos instrumentos usados para a coleta de dados nessas pesquisas, avalie as afirmações as seguir.
I. A entrevista semiestruturada, utilizada na Pesquisa 1, diferentemente da entrevista aberta, tem como grande vantagem a possiblidade de se obterem dados já categorizados, o que facilita o processo de análise dos resultados.
II. Dado que há uma relação entre o número de participantes da pesquisa e o tipo de instrumento usado, é correto afirmar que pequenas amostras permitem, como na Pesquisa 1, o uso de instrumentos abertos que captam o fenômeno em maior profundidade.
III. Os questionários autoaplicáveis, como o usado na Pesquisa 2, são comuns nas pesquisas online e permitem a coleta de dados qualitativos e quantitativos.
É correto o que se afirma em:
A. I, apenas.
B. III, apenas.
C. I e II, apenas.
D. II e III, apenas. [CORRETA]
E. I, II e III.
Reformulando o enunciado para melhor compreendê-lo
Esta questão tem por objetivo principal verificar conhecimentos do aluno sobre instrumentos de coleta de dados utilizados em pesquisas. A Pesquisa 1 teve por objetivo investigar representações sociais do espaço prisional entre detentasde uma penitenciária estadual feminina. Nessa pesquisa a coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com 10 detentas. O roteiro de entrevista focalizou diversos tópicos. Da Pesquisa 2, que teve por objetivo investigar representações sociais compartilhadas em relacionamentos íntimos, particularmente no namoro, participaram 183 estudantes universitários, com média de idade de 22 anos. Foi utilizado um questionário autoaplicado em situação coletiva.
Uma vez descritos esses experimentos, é solicitado ao aluno que avalie três afirmações e assinale a(s) correta(s). Em 1 é afirmado que a entrevista semiestruturada possibilita obter dados já estruturados, o que facilita a análise; em 2 é afirmado que pequenas amostras (como as utilizadas na Pesquisa 1) possibilitam utilizar instrumentos abertos, que captam em maior profundidade o fenômeno estudado e, em 3, é afirmado que os questionários autoaplicáveis (como os utilizados na Pesquisa 2) são comuns em pesquisas realizadas online e possibilitam a obtenção de dados quantitativos e qualitativos. Depois de avaliar as três afirmações, o aluno deverá assinalar a alternativa que contempla a(s) afirmação(ões) correta(s).
Introdução teórica: coleta de dados em pesquisas sobre representações sociais
Pesquisas acadêmicas são pautadas por diferentes epistemologias, ontologias, concepções de ciência e, consequentemente, por diferentes teorias. Nesta questão são apresentados exemplos do uso de instrumentos de coleta de dados utilizados para investigar representações sociais uma, desenvolvida em espaço prisional e a outra desenvolvida junto a estudantes universitários: a coleta de dados sobre as representações sociais que dez detentas de uma penitenciária estadual feminina têm do espaço prisional foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas e a coleta de dados sobre representações sociais de universitários sobre o namoro foi realizada por meio de um questionário auto aplicado em situação coletiva, da qual participaram 183 estudantes universitários.
A Teoria das Representações Sociais (TRS), elaborada por Serge Moscovici, dedica-se à produção de saberes sociais no âmbito do cotidiano. Sob essa perspectiva, a ‘Representação Social’ é necessariamente uma representação partilhada socialmente sobre algum(uns) objeto(s) e alguma(s) pessoa(s). A TRS permite a utilização de variada gama de métodos investigativos, desde os questionários fechados até os mais diferentes formatos de entrevistas que possibilitam captar as ideias de determinado grupo de pessoas acerca de seu cotidiano.
Para realizar pesquisas sobre representações sociais o primeiro passo a ser dado é formular a questão norteadora e o objetivo da investigação para, a partir disso, escolher o instrumento a ser utilizado. As particularidades de uma pesquisa são definidas, também, em função dos conceitos a serem explorados, da população-alvo, do tamanho da amostra (participantes da pesquisa) e dos recursos disponíveis. Também é preciso considerar, de um lado, o instrumento de coleta de dados e, de outro lado, o contexto social onde será utilizado. 
Entre os instrumentos de pesquisa utilizados em ciências humanas incluem-se as entrevistas - estruturadas, semiestruturadas e não estruturadas - e os questionários - auto aplicados em situação coletiva ou em pesquisas realizadas online.
Nas entrevistas estruturadas, ou fechadas, utiliza-se um roteiro a ser rigorosamente obedecido durante o processo de coleta de informações para garantir homogeneidade no processo de obtenção de dados. É preciso que as perguntas preservem a redação original, sejam formuladas sempre do mesmo modo e obedeçam sempre a mesma sequência.
As entrevistas semiestruturadas também são realizadas com base em roteiros. Embora o roteiro de entrevista ofereça maior margem de liberdade ao pesquisador para dialogar com o participante, permitindo, inclusive, que ele auxilie no processo de aprofundamento das ideias que surgem no transcorrer da entrevista. O pesquisador deverá permanecer atento ao foco de interesse da pesquisa para evitar desvios do tema proposto.
Quanto aos questionários auto aplicados em situação coletiva, comumente utilizados em pesquisas online, cabe lembrar que o questionário é o principal instrumento de levantamento de dados por amostragem porque favorece a coleta de todo tipo de informações e reduz a variabilidade das respostas, dada a padronização das perguntas. Sendo assim, os questionários favorecem a coleta de informações objetivas, mas reduzem o acesso a variabilidade e reduzem a complexidade das respostas dos participantes.
Embora o foco desta questão recaia sobre a coleta de dados, é útil fazer referência a um procedimento de análise de dados coletados. Como os dados não falam por si, para analisá-los é preciso categorizá-los, ou seja, agrupá-los em função de significados comuns. A categorização, classificação dos elementos das mensagens realizada com base em determinados critérios, possibilita sintetizar as comunicações coletadas dando destaque a seus aspectos mais importantes. Dessa forma, embora a entrevista semiestruturada focalize diversos tópicos, estes não constituem categorias de análise. As categorias são extraídas da análise do conteúdo das entrevistas. 
Assim, é somente após a realização do trabalho de campo, em que o pesquisador tem acesso ao material advindo dos participantes - por meio de questionários ou entrevistas - torna-se possível realizar a etapa de categorização do conteúdo. A categorização, classificação dos elementos das mensagens, realizada com base em determinados critérios, possibilita sintetizar as comunicações coletadas, dando destaque a seus aspectos mais importantes.
Análise das afirmações
I. Afirmação incorreta
A entrevista semiestruturada, utilizada na Pesquisa 1, diferentemente da entrevista aberta, tem como grande vantagem a possibilidade de se obterem dados já categorizados, o que facilita o processo de análise dos resultados.
JUSTIFICATIVA. A categorização resultará da análise do material advindo das entrevistas. Portanto os dados não estão previamente categorizados.
II. Afirmação correta
Dado que há uma relação entre o número de participantes da pesquisa e o tipo de instrumento usado, é correto afirmar que pequenas amostras permitem, como na Pesquisa 1, o uso de instrumentos abertos que captam o fenômeno em maior profundidade.
JUSTIFICATIVA. Por envolver um pequeno número de participantes, a amostra utilizada na Pesquisa 1 (10 detentas) possibilita tanto o uso de entrevistas semiestruturadas quanto o de entrevistas abertas, que favorecem uma compreensão mais profunda do fenômeno estudado.
III. Afirmação correta
Os questionários autoaplicáveis, como o usado na Pesquisa 2, são comuns nas pesquisas online e permitem a coleta de dados qualitativos e quantitativos.
JUSTIFICATIVA. Os questionários autoaplicáveis, que na Pesquisa 2 foram utilizados em situação coletiva, também podem ser utilizados nas pesquisas realizadas online. Nas duas situações esse instrumento permite a coleta de dados qualitativos e quantitativos.
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