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APOSTILA 2 ANO SOCIOLOGIA

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ESCOLA ESTADUAL JOÃO HEMETRIO DE MENEZES 
Ensino Médio – Sociologia 2º ano EJAr-2018 
Professor Saimo Brandão Batista 
 
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ESCOLA ESTADUAL JOÃO HEMETRIO DE MENEZES 
 
SOCIOLOGIA – ENSINO MÉDIO 2º ANO EJA 
 
Professor: Saimo Brandao Batista 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CONSTITUIÇÃO MULTIRRACIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA 
- PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO E IDENTIDADES SOCIAIS 
- DESIGUALDADE SOCIAL E AS CLASSES SOCIAIS: A PLURALIDADE DE 
CLASSES NO SÉCULO XX E XXI 
- GÊNERO, CLASSE E RAÇA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Oriente 
2018 
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Professor Saimo Brandão Batista 
 
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1º Bimestre 
A CONSTITUIÇÃO MULTIRRACIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Professor Saimo Brandão Batista 
 
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A CONSTITUIÇÃO MULTIRRACIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA 
 
 ANTROPOLOGIA 
 
A antropologia é uma ciência social que surgiu no século XVIII. Porém, foi somente no século 
XIX que se organizou como disciplina científica. A palavra tem o seguinte significado, cuja 
origem etimológica deriva do grego anthropos/antropo (homem, pessoa) e logos/logia (razão, 
pensamento ou estudo). Esta ciência estuda, principalmente, os costumes, as crenças, os hábitos 
e aspectos físicos dos diferentes povos e a evolução da espécie humana.A antropologia é o 
estudo do homem como ser biológico, social e cultural. Sendo cada uma destas dimensões por 
si só muito ampla, o conhecimento antropológico, geralmente a antropologia é organizada em 
áreas especializadas com o objetivo de estudar detalhadamente os aspectos culturais do ser 
humano, por isso, ela divide-se em: 
Antropologia física ou biológica – estuda os aspectos genéticos e biológicos do homem; 
Antropologia social – estuda as organizações sociais e políticas, instituições sociais, 
parentescos e etc. 
Antropologia cultural – estuda os sistemas simbólicos, religiões, comportamentos e etc. 
A antropologia utiliza como fontes de pesquisas: livros, imagens, objetos, depoimentos e as 
observações, através da vivência entre os povos ou comunidades estudadas, são comuns e 
fornecem muitas informações úteis ao antropólogo. 
Qualquer que seja a definição é possível entender a antropologia como uma forma de 
conhecimento sobre a diversidade cultural, isto é, a busca de respostas para entendermos o que 
somos a partir do espelho fornecido pelo “outro” – aquilo que representa o diferente, o estranho, 
no que nos deixa perplexo. Assim ficamos vulneráveis sem o saber da certeza, expelimos nossa 
ignorância quando julgamos e avaliamos o que não conhecemos, caindo nos erros da 
generalização e do preconceito. 
 
1ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno: 
a) – O que significa a palavra antropologia? 
b) – O que a antropologia estuda? 
c) – O que é antropologia? 
d) – Qual o objetivo do conhecimento antropológico? 
e) – Cite e explique as divisões da antropologia. 
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f) – O que a antropologia utiliza como fontes de pesquisa? 
g) – Segundo a perspectiva antropológica, como a compreensão do “outro” pode contribuir para 
nossa vida em sociedade? 
 
CULTURA: SIGNIFICADO E CONCEITO 
 
A palavra cultura vem do latim, significa colere, que definia inicialmente o cultivo das 
plantas, cuidado com os animais e a terra (por isso, agricultura). Define ainda o cuidado com 
as crianças e sua educação, cuidado com os deuses (por isso, culto). Neste sentido o termo 
cultura seria colere = cultivar ou instruir 
Com a antropologia, o termo cultura passou a ter outro sentido, definido pelo pesquisador inglês 
Edward Taylor que diz: “a cultura é todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, 
moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade o hábito adquirido pelo homem como 
membro de uma sociedade”. 
 
NATUREZA, TRABALHO e CULTURA 
 
Tudo começa com a natureza (tudo aquilo não criado pelo homem como água, vento, terra, etc) 
e, depois o ser humano, agindo sobre ela com seu trabalho (toda atividade física e mental que 
o homem realiza criando ou inventando bens e serviços) passa criar instrumentos e relações 
sociais com os outros. Desde os primórdios sempre procuramos viver melhor, facilitar nosso 
modo de vida, isso faz parte da nossa natureza humana – isso acontece graças a tudo aquilo que 
nos diferencia dos outros animais como: a linguagem comunicativa simbólica, capacidade de 
invenção e criação intencional e planejada; tudo isso favorecida pelas nossas vantagens 
fisiológicas: como um cérebro desenvolvido, posição ereta e liberação das mãos. Assim, o 
homem primitivo criou o arco, a flecha, para facilitar a caça, criou a agricultura para sempre ter 
alimentos, criou roupas, para se proteger do frio, casas para se abrigar das tempestades (foi se 
criando a cultura material que são objetos e utensílios que facilitam a vida das pessoas) etc. 
O homem primitivo percebeu que junto com outros seres humanos podia organizar uma vida 
social (sociedade) onde se protegeria dos grandes animais ferozes e de seus inimigos rivais, 
bem como conseguir mais alimentos, percebeu também que para perpetuar-se em grupos 
precisava de regras sociais que conduzisse as novas gerações (surgiu a cultura imaterial que são 
os costumes, as regras, os valores). 
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O mundo que resulta do pensar e do agir humano não pode ser chamado de natural, pois se 
encontra transformado e ampliado por nós. Portanto, as diferenças entre pessoa e animal não 
são apenas de grau, porque enquanto o animal permanece adaptado a natureza, nós somos 
capazes de transforma-la através do trabalho, tornando possível a cultura. 
Ao mesmo tempo em que transforma a natureza, adaptando-a às necessidades humanas, o 
trabalho altera o próprio individuo, desenvolvendo suas faculdades. O trabalho é, portanto, 
condição de transcendência e, como tal, expressão da liberdade. 
 
2ª – ATIVIDADE – Responda em seu caderno: 
a) – O que significa a palavra cultura? 
b) – O que é cultura para a antropologia? 
c) – Conceitue natureza e trabalho. 
d) – O que é cultural material e cultura imaterial. 
e) – Explique o que diferencia o homem de outros animais? 
 
MULTICULTURALISMO 
 
O Multiculturalismo (ou pluralismo cultural) é um termo que descreve a existência de muitas 
culturas numa localidade, cidade ou país, sem que uma delas predomine, porém separadas 
geograficamente e por convivência até que se convencionou chamar de “mosaico cultural”. 
O multiculturalismo implica reivindicações e conquistas das chamadas minorias (negros, 
índios, mulheres, homossexuais, entre outras). 
A doutrina multiculturalista dá ênfase à ideia de que as culturas minoritárias são discriminadas, 
sendo vistas como movimentos particulares, mas elas devem merecer reconhecimento público. 
Para se consolidarem, essas culturas singulares devem ser amparadas e protegidas pela lei. O 
multiculturalismo opõe-se ao que ele julga ser uma forma de etnocentrismo (visão de mundo 
da sociedade branca dominante que se toma por mais importante que as demais). 
 
RELATIVISMO CULTURAL e ETNOCENTRISMO 
 
O relativismo cultural é um movimento que considera as culturas de modo geral, diferente uma 
das outras em relação aos postulados básicos, embora tenham características comuns. 
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Todos os povos formulam juízos em relação aos modos de vida diferentes dos seus. Por isso, o 
relativismo cultural não concorda com a ideia de normas e valoresabsolutos e defende o 
pressuposto de que as avaliações devem ser sempre relativas à própria cultura onde surgem. 
Os padrões ou valores de certo ou errado, dos usos e costumes das sociedades em geral, estão 
relacionados com a cultura da qual fazem parte. Dessa maneira, um costume pode ser válido 
em relação a um ambiente cultural e não a outro. 
O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão 
em considerar o seu modo de vida como o mais correto e natural. Tal tendência, denominada 
etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos 
sociais. Estas tendências contém o germe do racismo, da intolerância, e frequentemente, são 
utilizados para justificar a violência contra outros. Entretanto o etnocentrismo apresenta um 
aspecto positivo, ao ser agente de valorização do próprio grupo. 
Cada povo tem uma cultura própria, cada sociedade elabora sua própria cultura e recebe 
influência de outras culturas; dessa forma, todas as sociedades, desde as simples até as mais 
complexas, possuem cultura. Não há sociedade sem cultura, assim como não existe ser humano 
destituído de cultura. 
 
TRAÇO CULTURAL e COMPLEXO CULTURAL 
 
Cultura, portanto, é um conjunto de elementos ligados estreitamente uns aos outros, 
decompostos em parte. As mais simples são os traços culturais, as unidades de uma cultura: 
uma ideia, uma crença, um lápis, uma pulseira e etc.; representam traços culturais. Claro que, 
os traços culturais, só têm significados quando considerado dentro de uma cultura especifica, 
por exemplo: um colar pode ser um simples adorno para determinado grupo é para outro ter um 
significado mágico ou religioso. 
A combinação dos traços culturais forma um complexo cultural, como exemplo tem o carnaval 
no Brasil onde se encontra um grupo de traços culturais – relacionados uns com os outros: carro 
alegórico, música, dança, instrumentos musicais, fantasias e etc. o futebol também é um 
complexo cultural que está decomposto em vários traços culturais: o campo, a bola, o juiz, os 
jogadores, a torcida, as regras do jogo e etc. 
 
 
 
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PADRÃO CULTURAL e ACULTURAÇÃO 
 
Dentro de todas as sociedades existe um padrão cultural, que é uma norma estabelecida pela 
sociedade, os indivíduos normalmente agem de acordo com os padrões estabelecidos pela 
sociedade em que vivem. No Brasil, por exemplo, o casamento monogâmico é um padrão de 
nossa cultura. Se existem sociedades diferentes, é porque existem culturas diferentes, e na 
maioria das vezes contatos entre essas culturas. Exemplo disso é a formação sociocultural 
brasileira. 
Durante a colonização no Brasil, ocorreram intensos contatos entre cultura do colonizador 
português e as culturas dos povos indígenas e dos africanos trazidos como escravos. Como 
consequências desse contato ocorreram modificações que deram origem a cultura brasileira; 
esse contato e mudanças culturais são conhecidos como aculturação. 
 
CONTRA CULTURA e MARGINALIDADE CULTURAL 
 
Nas sociedades contemporâneas encontramos pessoas que contestam certos valores vigentes, 
opondo-se radicalmente a eles. Como exemplos têm o trabalho, o patriotismo, a acumulação de 
riqueza e a ascensão social; são valores culturais importantes na nossa sociedade, infligir esses 
valores culturais significa o processo de contracultura. Exemplo: o movimento hiper da década 
de 60, ele se pôs radicalmente a esses valores. 
O contato entre cultura pode provocar além da aculturação, uma série de conflitos mentais entre 
os indivíduos pertencentes a essas culturas. Esses conflitos têm origem na insegurança que as 
pessoas sentem diante de uma cultura diferente da sua: aqueles que não conseguem se integrar 
completamente em nenhuma das culturas que os rodeiam ficam a margem da sociedade. A esse 
fenômeno dar-se o nome de marginalidade cultural. Como exemplo temos, no interior de São 
Paulo caingangue descaracterizados culturalmente, eles não conhecem mais nada do seu 
passado, não se lembram de sua língua, de seus cantos, de sua dança e de suas antigas práticas 
de trabalho. Também não estão incorporados à cultura que os cerca. Eles são mansos e tristes. 
 
DINÂMICA CULTURAL / MUDANÇA CULTURAL 
 
A cultura material e imaterial dos seres humanos se inova ou evolui ao longo dos tempos, isso 
acontece devido acumulação e a transmissão de conhecimentos, é o que denominamos 
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genericamente de educação. A educação é feita no interior da família, no convívio social. Nós 
dependemos dos outros para que eles nos ensinem coisas que ajudem a viver melhor. Assim, 
dependemos da cultura acumulada pelas gerações passadas para viver no presente e ter 
esperança de viver melhor ainda no futuro. 
O processo de aquisição cultural é acumulativo e seletivo e ocorre através da comunicação. 
Mais explicitamente, a linguagem humana é um produto da cultura, graças à linguagem e à 
comunicação ora que o homem preserva e desenvolver sua cultura. 
 A cultura não é estática, ela é dinâmica e, está sujeita a transformações; as culturas mudam 
continuamente, assimilam novos traços ou abandonam os antigos, através de diferentes formas: 
crescimento, transmissão, difusão, estagnação, declínio, fusão; são aspectos aos quais as 
culturas estão sujeitas. 
A mudança cultural, enquanto processo consciente ou inconsciente, pelas quais as coisas se 
realizam se comporta ou se organizam. Pode ocorrer com maior ou menor facilidade, 
dependendo do grau de resistência ou aceitação. O aumento ou diminuição das populações, as 
migrações os contatos com povos de culturas diferentes, as inovações científicas e tecnológicas, 
as catástrofes (perdas de safras, epidemias, guerras), as depressões econômicas, as descobertas 
(aquisição de um elemento novo, coisa já existente: lâmpada, máquinas, etc.), a mudança de 
governo. As mudanças também ocorrem de forma imaterial, como um novo costume, uma nova 
organização. 
As alterações podem surgir em consequências de fatores internos (endógenos) ou externos 
(exógenos): novos elementos são agregados ou os velhos aperfeiçoados por meio de invenções; 
novos elementos são tomados de empréstimos de outras sociedades; elementos culturais, 
inadequados ao meio ambiente, são abandonados ou substituídos; alguns elementos, por falta 
de transmissão de geração, se perdem. 
 
3ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno: 
a) – O que é multiculturalismo? 
b) – O que é relativismo cultural? 
c) – O que se entende por etnocentrismo? 
d) – Explique relacionando traço cultural e complexo cultural 
e) – O que é padrão cultural? 
f) – O que se entende por aculturação? 
g) – Diferencie contracultura de marginalidade cultural. 
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i) – Como ocorre o processo de aquisição cultural? 
j) – Explique por que a cultura é dinâmica e como ocorre a transformação cultural? 
 
CULTURA ERUDITA e CULTURA POPULAR 
 
Ao analisar o “Renascimento”, movimento cultural surgido no norte da Itália, nos séculos XIV 
e XV, percebemos que ele estava ligado a uma determinada parcela da população da Europa: a 
burguesia. 
A burguesia era formada por comerciantes que tinham como objetivo principal o lucro, através 
do comércio de especiarias vindas do oriente. Esse segmento da sociedade conquistou não 
apenas novos espaços sociais e econômicos, mas também procurou resgatar ou fazer renascer 
antigos conhecimentos da cultura greco-romana. Daí o nome Renascimento. 
A burguesia não só assimilou esses conhecimentos como, ainda, acrescentou outro, ampliando 
o seu universo cultural. Porexemplo, ao tentar reviver o teatro de Sófocles e Eurípedes (que 
viveram na Grécia antiga), os poetas italianos do século XVI substituíram a simples declaração 
pela recitação contada dos textos acompanhada por instrumentos musicais. Dessa forma, 
acabaram por criar um novo gênero a “ópera”. 
Desde a sua origem, a burguesia preocupou-se com a transmissão desse conhecimento a seus 
pares. A partir daí, então, foram surgindo instituições como as universidades, as academias e as 
ordens profissionais (advogados, médicos, engenheiros e outros). Com o passar dos séculos e 
com o processo de escolarização, a cultura dessa elite burguesa tomou corpo, desenvolveu-se 
com base em técnicas racionalistas e científicas. Surgiu assim a cultura erudita. 
Essa cultura “erudita”, ou “superior”, também designada de “elite”, foi se distanciando da 
cultura, da maioria da população, pois era feita pela e para a burguesia. Por isso, ao pensarmos 
em cultura erudita, imediatamente concluímos que seus produtores fazem, parte de uma elite 
política, econômica e cultural que pode ter acesso ao saber associado à escrita, aos livros, ao 
estudo. 
A cultura popular, por sua vez, mais próxima do senso comum e mais identificada com ele, é 
produzida e consumida pela própria população, sem necessitar de técnicas racionalizadas e 
científicas. É uma cultura em geral transmitida oralmente, registrando as tradições e os 
costumes de um determinado grupo social. Da mesma forma que a cultura erudita, a cultura 
popular alcança formas artísticas expressivas e significativas. 
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Vale ressaltar que, ao afirmar que os produtores da cultura erudita fazem parte de uma elite não 
significa dizer que essa cultura seja homogênea, é impossível definir cultura erudita, porque 
não podem ser homogeneizados os elementos culturais produzidos por intelectuais, fazendeiros, 
empresários, burocratas, etc., porém, é igualmente impossível definir cultura popular, dada as 
populações culturais diferenciadas de camponeses, operários, classe média baixa, etc. 
De qualquer forma, não podemos perder de vista que o espaço reservado na sociedade para cada 
uma das duas culturas é bastante diferenciado, este é um dos aspectos que diferencia essas duas 
culturas: enquanto a cultura erudita é transmitida pela escola e confirmada pelas instituições 
(governo, religião, economia), a cultura popular não é oficial, é a do povo comum, ela expressa 
sua forma simples de conceber a realidade. 
Não devemos esquecer que a cultura é dinâmica, por isso, tanto a cultura popular quanto a 
cultura erudita estão sempre, com maior ou menor intensidade, incorporando e reconstruindo 
novos elementos culturais sem perder a sua essência expressiva. 
 
4ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno: 
a) – Explique a relação entre Renascimento e burguesia. 
b) – Explique por que a origem da cultura erudita está relacionada à burguesia? 
c) – O que é cultura erudita? 
d) – O que é cultura popular? 
e) – Qual o principal aspecto que diferencia a cultura popular da erudita? 
 
CULTURA DE MASSA e INDÚSTRIA CULTURAL 
 
A partir do final do século XX, a industrialização em larga escala atingiu, também, os elementos 
da cultura erudita (pertence a uma elite que pode ter acesso ao saber associado à escrita, aos 
livros, ao estudo) e da cultura popular (aquela de senso comum produzida e consumida pela 
própria população, sem necessita de técnicas racionalizadas e científicas, transmitida oralmente, 
registrando as tradições e os costumes de um determinado grupo social), dando início à 
“indústria cultural”. 
O incessante desenvolvimento da tecnologia, tornando-a cada vez mais sofisticada, 
principalmente nos meios de comunicação (fotografia, disco, cinema, rádio, televisão, etc.), 
passou a atingir um grande número de pessoas, dando origem à “cultura de massa”. 
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Ao contrário das culturas erudita e popular, a cultura de massa não está ligada a nenhum grupo 
social especifico, pois é transmitida de maneira industrializada, para um público generalizado, 
de diferentes camadas socioeconômicas. O que temos, então, é a formação de um enorme 
mercado de consumidores em potencial, atraídos pelos produtos oferecidos pela indústria 
cultural. Esse mercado constitui, no que chamamos de “sociedade de consumo”. 
Com a industrialização dos elementos da cultura erudita e da popular, o produto cultural irá se 
apresentar de uma forma esteticamente nova e diferente. Podemos tomar como exemplo a 
gravação de uma sinfonia de Beethoven executada com o auxílio de sintetizadores e outros 
aparelhos de alta tecnologia, cujo ritmo e som diferentes quase original uma nova obra. 
A indústria cultural, utilizando-se dos meios de comunicação, primeiramente lança seu produto 
em grande quantidade (milhares, milhões de discos, por exemplo) e depois induz as pessoas a 
consumirem esse produto, apelando para outras razões além de seu valor artístico. 
A cultura de massa, ao divulgar através dos MDCM produtos culturais de diferentes origens 
(erudita ou popular), possibilita o seu conhecimento por diferentes camadas sociais, criando 
também um campo estético próprio e atraente voltado para o consumo generalizado da 
sociedade. 
 
5ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno: 
a) – O que é indústria cultural? 
b) – O que é cultura de massa? 
c) – Por que a cultura de massa não está ligada a cultura erudita e nem à cultura popular? 
d) – Explique como os MDCM contribuem para a indústria cultural e a cultura de massa? 
e) – O que significa a sigla MDCM? Cite exemplos. 
 
FORMAÇÃO DA CULTURA BRASILEIRA 
 
A cultura brasileira reflete os vários povos que constituem a demografia desse país sul-
americano: indígenas, europeus, africanos, asiáticos, árabes, etc. como resultado da intensa 
miscigenação e convivência dos povos que participaram da formação do Brasil surgiu uma 
realidade cultural peculiar, que inclui aspectos das várias culturas. 
O substrato básico da cultura brasileira formou-se durante os séculos de colonização, quando 
ocorre a fusão primordial entre as culturas fundamentais da formação cultural brasileira como 
a dos indígenas, dos europeus, especialmente portugueses, e dos escravos trazidos da África 
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subsahariana. A partir do século XIX, a imigração de europeus não-portugueses e povos de 
outras culturas, como árabes e asiáticos, adicionou novos traços ao panorama cultural brasileiro. 
Também foi grande a influência dos grandes centros culturais do planeta, como a França, a 
Inglaterra e, mais recentemente, dos Estados Unidos, países que exportam habitantes e produtos 
culturais para o resto do globo. 
 
6ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno: 
a) – Explique como ocorreu a formação da cultura brasileira? 
b) – Cite alguns povos que contribuíram na formação cultural brasileira. 
c) – Em que período da história do Brasil se iniciou o substrato básico de nossa cultura? 
d) – Quais são as culturas fundamentais que influenciaram e alicerçam basicamente a cultura 
brasileira? 
e) – O que aconteceu a partir do século XIX na formação cultural brasileira? 
f) – Que países mais influenciam atualmente na cultura brasileira? 
 
OS PORTUGUESES 
 
Dentre os diversos povos que formaram o Brasil, foram os europeus aqueles que exerceram 
maior influência na formação da cultura brasileira, principalmente os de origem portuguesa. 
Durante século XV o território foi colonizado por Portugal, o que implicou a transplantação 
tanto de pessoas quanto da cultura da metrópole para as terras sul-americanas. O número de 
colonos portuguesesaumentou muito no século XVIII, na época do ciclo do ouro. Em 1808, a 
própria corte de D. João VI mudou-se para o Brasil, um evento com grandes implicações 
políticas, econômicas e culturais. 
A mais evidente herança portuguesa para a cultura brasileira é a língua portuguesa, atualmente 
falado por virtualmente todos os habitantes do País. A religião católica, credo da maioria da 
população, é também decorrência da colonização. O catolicismo, profundamente arraigando em 
Portugal, legou ao Brasil as tradições do calendário religioso, com suas festas e procissões. As 
duas festas mais importantes do Brasil, o carnaval e as festas juninas, foram introduzidas pelos 
portugueses. Além destas, vários folguedos regionalistas como as cavalhadas, o bumba-meu-
boi, o fandango e a farra do boi denotam grande influência portuguesa. No folclore brasileiro, 
são de origem portuguesa a crença em seres fantásticos como a cuca, o bicho-papão e o 
lobisomem, além de muitas lendas e jogos infantis como as cantigas de roda. 
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Na culinária, muitos dos pratos típicos brasileiros são o resultado da adaptação de pratos 
portugueses às condições da colônia. Um exemplo é a feijoada brasileira, resultado da 
adaptação dos cozidos portugueses. Também a cachaça foi criada nos engenhos como substituto 
para a bagaceira portuguesa, aguardente e derivada do bagaço da uva. Alguns pratos 
portugueses também se incorporaram aos hábitos brasileiros, como as bacalhoadas e outros 
pratos baseados no bacalhau. Os portugueses introduziram muitas espécies novas de plantas na 
colônia, atualmente muito identificadas com o Brasil, como a jaca e a manga. 
De maneira geral, a cultura portuguesa foi responsável pela introdução no Brasil colônia dos 
grandes movimentos artísticos europeus: renascimento, maneirismo, barroco, rococó e 
neoclassicismo. Assim, a literatura, pintura, escultura, música, arquitetura e artes decorativas 
no Brasil colônia denotam forte influência da arte portuguesa, por exemplo nos escritos dos 
jesuítas luso-brasileiro padre Antônio Vieira ou na decoração exuberante de tália dourada e 
pinturas de muitas igrejas coloniais. Essa influência seguiu após a independência, tanto, na arte 
popular como na arte erudita. 
 
7ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno: 
a) – Que país europeu mais influenciou na formação cultural brasileira? 
b) – Cite e explique as principais influências portuguesas na formação cultural brasileira na 
religião, no folclore, lendas, jogos infantis e culinária. 
c) – Explique como ocorreu a colonização do território brasileiro por Portugal? 
d) – Qual a mais evidente herança portuguesa para a cultura brasileira? 
e) – Qual origem da cachaça na cultura brasileira? 
f) – Cite e explique a influência literária e artística na formação cultural do Brasil? 
 
OS INDIGENAS 
 
A colonização do território brasileiro pelos europeus representou em grande parte a destruição 
física dos indígenas através de guerras e escravidão, tendo sobrevivido apenas uma pequena 
parte das nações indígenas originais. A cultura indígena foi também parcialmente eliminada 
pela ação da catequese e intensa miscigenação com outras etnias. Atualmente, apenas algumas 
poucas nações indígenas ainda existem e conseguem manter parte da sua cultura original. 
A cultura e os conhecimentos dos indígenas sobre a terra foram determinantes durante a 
colonização, influenciando a língua, a culinária, o folclore e o uso de objetos caseiros diversos 
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como a rede de descanso. Um dos aspectos mais notáveis da influência indígena foi a chamada 
língua geral (língua geral paulista, Nheengatu), uma língua derivada do Tupi-Guarani com 
termos da língua portuguesa que servil de língua franca no interior do Brasil até meados do 
século XVIII, principalmente nas regiões de influência paulista e na região amazônica. O 
português brasileiro guarda, de fato, inúmeros termos de origem indígena, especialmente 
derivados do Tupi-Guarani. De maneira geral, nomes de origem indígena são frequentes na 
designação de animais e plantas nativos (jaguar, capivara, ipê, jacarandá, etc.), além de serem 
muito frequentes na toponímia por todo o território. 
A influência indígena é também forte no folclore do interior brasileiro, povoado de seres 
fantásticos como o curupira, o saci-pererê, boitatá e a iara. Na culinária brasileira, a mandioca, 
a erva-mate, o açaí, a jabuticaba, inúmeros pescados e outros frutos da terra, além de pratos 
como os pirões, entraram na alimentação brasileira por influência indígena. Essa influência se 
faz mais forte em certas regiões do país, em que esses grupos conseguiram se manter mais 
distantes da ação colonizadora, principalmente em porções da região norte do Brasil. 
 
8ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno: 
a) – Explique as consequências da colonização europeia sobre os povos indígenas. 
b) – Explique a influência da língua indígena na formação cultural do Brasil. 
c) – Explique a influência indígena no folclore brasileiro. 
d) – Cite a influência da culinária indígena na cultura brasileira. 
e) – Em que regiões do Brasil se têm a maior influência cultural do povo indígena? 
 
OS AFRICANOS 
 
A cultura africana chegou ao Brasil com os povos escravizados trazidos da África durante o 
longo período em que durou o tráfico negreiro transatlântico. A diversidade cultural da África 
refletiu-se na diversidade dos escravos, pertencentes a diversas etnias que falavam idiomas 
diferentes e trouxeram tradições distintas. Os africanos trazidos ao Brasil incluíram bantos, 
nagôs e jejes, cujas crenças religiosas deram origem às religiões afro-brasileiras, e os hauçás e 
malês, de religião islâmica e alfabetizados em árabe. Assim como a indígena, a cultura africana 
foi geralmente suprimida pelos colonizadores. Na colônia, os escravos aprendiam o português, 
eram batizados com nomes portugueses e obrigados a se converter ao catolicismo. 
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Os africanos contribuíram para a cultura brasileira em uma enormidade de aspectos: dança, 
música, religião, culinária e idioma. Essa influência se faz notar em grande parte do país; em 
certos Estados como Bahia, Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, 
São Paulo e Rio Grande do Sul a cultura afro-brasileira é particularmente destacada em virtude 
da migração dos escravos. 
Os bantos, nagôs jejes no Brasil colonial criaram o candomblé, religião afro-brasileira baseada 
no culto aos orixás praticada atualmente em todo o território. Largamente distribuída também 
é a umbanda, uma religião sincrética que mistura elementos africanos com o catolicismo e o 
espiritismo, incluindo a associação de santos católicos com os orixás. 
A influência da cultura africana é também evidente na culinária regional, especialmente na 
Bahia, onde foi introduzido o dendezeiro, uma palmeira africana da qual se extrai o azeite de 
dendê. Este azeite é utilizado em vários produtos de influências africanas como o vatapá, o 
caruru e o acarajé. 
Na música a cultura africana contribui com os ritmos que são a base de boa parte da música 
popular brasileira. Gêneros musicais coloniais de influência africana, como o lundu, 
terminaram dando origem à base rítmica do maxixe, samba, choro, bossa-nova e outros gêneros 
musicais atuais. Também a alguns instrumentos musicais brasileiros, como o berimbau, o afoxé 
e o agogô, que são de origem africana. O berimbau é o instrumento utilizado para criar o ritmo 
que acompanha os passos da capoeira, mistura de dança e arte marcial criada pelos escravos no 
Brasil colonial.9ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno: 
a) – Explique como a cultura africana chegou ao Brasil? 
b) – Explique como a cultura indígena e africana foram suprimidas pelos colonizadores? 
c) – Quais os principais Estados brasileiros onde se tem a maior influência da cultura africana? 
d) – Explique a influência religiosa da cultura africana na sociedade brasileira. 
e) – Explique a influência da culinária africana na cultura brasileira. 
f) – Explique a influência da música e de instrumentos musicais africanos na cultura brasileira. 
 
OS IMIGRANTES 
 
A maior parte da população brasileira no século XIX era composta por negros e mestiços. Para 
povoar o território, suprir o fim da mão-de- obra escrava, mas também para “branquear” a 
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população e cultura brasileiras, foi incentivada a imigração da Europa para o Brasil durante os 
séculos XIX e XX. Dentre os diversos grupos de imigrantes que aportaram no Brasil, foram os 
italianos que chegaram em maior número, quando considerada a faixa de tempo entre 1870 e 
1950. Eles se espalharam desde o Sul de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul, sendo a maior 
parte na região de São Paulo. A estes se seguiram os portugueses, com quase o mesmo número 
que os italianos. Destacaram-se também os alemães, que chegaram em um fluxo continuo desde 
1824. Esses se fixaram primariamente na região sul do Brasil, onde diversas regiões herdaram 
influências germânicas desses colonos. 
Os imigrantes que se fixaram na zona rural do Brasil meridional, vivendo em pequenas 
propriedades familiares (sobretudo alemães e italianos), conseguiram manter seus costumes do 
país de origem, criando no Brasil uma cópia das terras que deixaram na Europa. Alguns 
povoados fundados por colonos europeus mantiveram a língua dos seus antepassados durante 
muito tempo. Em contrapartida, os imigrantes que se fixaram nas grandes fazendas e nos centros 
urbanos do Sudeste (portugueses, italianos, espanhóis e árabes), rapidamente se integraram na 
sociedade brasileira, perdendo muitos aspectos da herança cultural do país de origem. A 
contribuição asiática veio com a imigração japonesa, porém de forma mais limitada. 
De maneira geral, as vagas de imigração europeia e de outras regiões do mundo influenciaram 
todos os aspectos da cultura brasileira. Na culinária, por exemplo, foi notável a influência 
italiana, que transformou os pratos de massa e a pizza em comida popular em quase todo o 
Brasil. Também houve influência na língua portuguesa em certas regiões, especialmente no Sul 
do Território. Nas artes eruditas a influência europeia imigrante foi fundamental, através da 
chegada de imigrantes capacitados em seus países de origem na pintura, arquitetura e outras 
artes. 
 
10ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno: 
a) – Explique como ocorreu o processo de migração europeia para o território brasileiro? 
b) – Quais foram os principais grupos de imigrantes europeus e onde basicamente eles se 
instalaram colônias no território brasileiro? 
c) – O que aconteceu com os imigrantes que se fixaram na zona rural do Brasil meridional? 
d) – O que aconteceu com os imigrantes que se fixaram nas grandes fazendas e nos centros 
urbanos do Sudeste brasileiro? 
e) – Cite e explique a influencias das culturas dos povos imigrantes na cultura brasileira como 
na culinária e artes. 
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2º Bimestre 
PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO E IDENTIDADES SOCIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO E IDENTIDADES SOCIAIS 
PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO 
Socialização é o ato ou efeito de socializar, ou seja, de tornar social, de reunir em sociedade. 
É a extensão de vantagens particulares, por meio de leis e decretos, à sociedade inteira. É o 
processo de integração dos indivíduos em um grupo. 
Em Sociologia, socialização é o processo pelo qual o indivíduo, no sentido biológico, é 
integrado numa sociedade. Através da socialização o indivíduo desenvolve o sentimento 
coletivo da solidariedade social e do espírito de cooperação, adquirindo os hábitos que o 
capacitam para viver numa sociedade. 
Socialização significa aprendizagem ou educação, no sentido mais amplo da palavra, 
aprendizagem essa que começa na primeira infância e só termina com a morte doa pessoa. 
A socialização implica na adaptação a certos padrões culturais existentes na sociedade, ou seja, 
é a tendência para viver em sociedade, é a civilidade (conjunto de formalidades, observadas 
entre si pelos cidadãos, quando bem educados). 
Por socialização, escreve o sociólogo pernambucano Gilberto Freire (1900-1987): 
“É a condição do indivíduo (biológico) desenvolvido, dentro da organização social e da cultura, 
em pessoa ou homem social, pela aquisição de status ou situação, desenvolvidos como membro 
de um grupo ou de vários grupos.” 
Socialização é a assimilação de hábitos característicos do seu grupo social, todo o processo 
através do qual um indivíduo se torna membro funcional de uma comunidade, assimilando a 
cultura que lhe é própria. É um processo contínuo que nunca se dá por terminado, realizando-
se através da comunicação, sendo inicialmente pela "imitação" para se tornar mais sociável. O 
processo de socialização inicia-se após o nascimento, e através, primeiramente, da família ou 
outros agentes próximos da escola, dos meios de comunicação de massas e dos grupos de 
referência que são compostos pelas nossas bandas favoritas, atores, atletas, super-heróis, etc. A 
socialização é o processo através do qual o indivíduo se integra no grupo em que nasceu 
adquirindo os seus hábitos e valores característicos. É através da socialização que o indivíduo 
pode desenvolver a sua personalidade e ser admitido na sociedade. 
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O processo pelo qual os indivíduos formam a sociedade e são formados por ela é chamado de 
socialização. A imagem que melhor descreve esse processo é a de uma rede tecida por relações 
sociais que vão se entrelaçando e compondo diversas outras relações até formar toda a 
sociedade. 
Cada indivíduo, ao fazer parte de uma sociedade, insere-se em múltiplos grupos e instituições 
que se entrecruzam, como a família, a escola e a Igreja. E, assim, o fio da meada parece 
interminável porque forma uma complexa rede de relações que permeia o cotidiano. Ainda que 
cada sujeito tenha sua individualidade, esta se constrói no contexto das relações sociais com os 
diferentes grupos e instituições dos quais ele participa, tendo por isso experiências semelhantes 
ou diferentes das de outras pessoas. 
Ao nascer, chega-se a um mundo que já está pronto, e essa relação com o "novo" é de total 
estranheza. A criança vai sentir frio e calor, conforto e desconforto, vai sorrir e chorar; enfim, 
vai se relacionar e conviver com o mundo externo. Para viver nesse mundo, ela vai aprender a 
conhecer seu corpo, seja observando e tocando partes dele, seja se olhando no espelho. Nesse 
momento ainda não se reconhece como pessoa, pois não domina os códigos sociais; é o "nenê", 
um ser genérico. 
Com o tempo, a criança percebe que existem outras coisas a seu redor: o berço (quando o tem), 
o chão (que pode ser de terra batida, de cimento, de tábuas ou de mármore com tapetes) e os 
objetos que compõem o ambiente em que vive. Percebe que existem também pessoas - pai, 
mãe, irmãos, tios, avós - com as quais vai ter de se relacionar. Vê que há outras com nomes 
como José, Maurício, Solange, Marina, quesão chamadas de amigos ou colegas. Passa, então, 
a diferenciar as pessoas da família das demais. À medida que cresce, vai descobrindo que há 
coisas que pode fazer e coisas que não pode fazer. Posteriormente saberá que isso é determinado 
pelas normas e costumes da sociedade à qual pertence. 
No processo de conhecimento do mundo, a criança observa que alguns dias são diferentes dos 
outros. Há dias em que os pais não saem para trabalhar e ficam em casa mais tempo. São 
ocasiões em que assiste mais à televisão, vai passear em algum parque ou outro lugar qualquer. 
Em alguns desses dias nota que vai a um lugar diferente, que mais tarde identificará como igreja 
(no caso de os pais praticarem uma religião). Nos outros dias da semana vai à escola, onde 
encontra crianças da mesma idade e também outros adultos. A criança vai entendendo que, 
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além da casa e do bairro onde reside, existem outros lugares, uns parecidos com o local em que 
vive e outros bem diferentes; alguns próximos e outros distantes; alguns grandes e outros 
pequenos; alguns suntuosos e outros humildes ou miseráveis. 
Ao viajar ou assistir à televisão, a criança perceberá que existem cidades enormes e outras bem 
pequenas, novas e antigas, bem como áreas rurais, com poucas casas, onde se cultivam os 
alimentos que ela consome. Aos poucos, saberá que cidades, zonas rurais, matas e rios fazem 
parte do território de um país, que normalmente é dividido em unidades menores (no caso 
brasileiro elas são chamadas de estados). Nessa "viagem" do crescimento, a criança aprenderá 
que há os continentes, os oceanos e os mares, e que tudo isso, com a atmosfera, constitui o 
planeta Terra, que, por sua vez, está vinculado a um sistema maior, o sistema solar, o qual se 
integra numa galáxia. 
Esse processo de conviver com a família e com os vizinhos, de frequentar a escola, de ver 
televisão, de passear e de conhecer novos lugares, coisas e pessoas compõe um universo cheio 
de faces no qual a criança vai se socializando, isto é, vai aprendendo e interiorizando palavras, 
significados e ideias, enfim, os valores e o modo de vida da sociedade da qual faz parte. 
ESPÉCIES DE SOCIALIZAÇÃO 
 Socialização primária: onde a criança aprende e interioriza a linguagem, as regras 
básicas da sociedade, a moral e os modelos comportamentais do grupo a que se pertence. 
A socialização primária tem um valor primordial para o indivíduo e deixa marcas muito 
profundas em toda a sua vida, já que é aí que se constrói o primeiro, mundo do indivíduo. 
É essencial na construção do caráter do indivíduo. 
 Socialização secundária: todo e qualquer processo subsequente que introduz um 
indivíduo já socializado em novos setores, do mundo objetivo da sua sociedade (na 
escola, nos grupos de amigos e amigas, no trabalho, nas atividades dos países para os 
quais visita ou emigra, etc.), existindo uma aprendizagem das expectativas que a 
sociedade ou o grupo depositam no indivíduo. 
1ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno: 
a) – O que se entende por processo de socialização? 
b) – Defina processo de socialização primária e secundaria. 
c) – Pode-se afirmar que o processo de socialização se inicia com a imitação? Justifique 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Socializa%C3%A7%C3%A3o_prim%C3%A1ria
http://pt.wikipedia.org/wiki/Socializa%C3%A7%C3%A3o_secund%C3%A1ria
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d) – Defina como acontece a socialização através do conhecimento. 
e) – Porque se considera o processo de socialização como semiaberto? 
f) – Existe possibilidade de ocorrer mais de uma socialização? Justifique 
EXCLUSÃO SOCIAL 
A Exclusão Social designa um processo de afastamento e privação de determinados indivíduos 
ou de grupos sociais em diversos âmbitos da estrutura da sociedade. 
Trata-se de uma condição inerente ao capitalismo contemporâneo, ou seja, esse problema social 
foi impulsionado pela estrutura desse sistema econômico e político. 
Assim, as pessoas que sofrem de exclusão social sofrem diversos preconceitos, são 
marginalizadas pela sociedade e impedidas de exercer livremente seus direitos de cidadãos, seja 
por suas condições financeiras, religião, cultura, sexualidade, escolhas de vida, dentre outros. 
Sendo assim, os excluídos socialmente geralmente são minorias étnicas, culturais, religiosas, 
por exemplo, os negros, índios, idosos, pobres, homossexuais, toxicodependentes, 
desempregados, pessoas portadoras de deficiência, dentre outros. 
Observe que essas pessoas ou grupos sociais sofrem muito preconceitos o que afetam 
diretamente aspectos da vida, e, em muitos casos, gera outro problema chamado de “isolamento 
social”. 
Inclusão Social 
A Inclusão Social designa um conceito contrário à exclusão social, ou seja, ele trata das diversas 
maneiras de incluir os seres humanos que, por algum motivo, estão excluídos da sociedade. 
Em resumo, a inclusão social é um conjunto de ações e medidas que prioriza a igualdade de 
direitos, buscando oportunidades de acesso para todos e acabando assim, com o problema da 
exclusão social. Projetos e Programas de inclusão de diversas instituições pelo mundo tem 
diminuído 
Espécies de Exclusão Social 
Há diversos tipos de exclusão social, das quais se destacam: 
https://www.todamateria.com.br/capitalismo/
https://www.todamateria.com.br/grupos-sociais/
https://www.todamateria.com.br/inclusao-social/
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 Exclusão Cultural e Étnica: conceito atribuído as minorias étnicas e culturais, por 
exemplo, a exclusão dos índios. 
 Exclusão Econômica: determina a exclusão de pessoas que possuam rendas inferiores, 
por exemplo, dos pobres. 
 Exclusão Etária: designa a exclusão por idades, por exemplo, das crianças e idosos. 
 Exclusão Sexual: tipo de exclusão que é determinada pelas diferentes preferências 
sexuais, por exemplo, a exclusão dos transexuais. 
 Exclusão de Gênero: relativo ao gênero masculino e feminino, por exemplo, a exclusão 
das mulheres. 
 Exclusão Patológica: exclusão relativa às doenças, por exemplo, os portadores de HIV. 
 Exclusão Comportamental: aborda sobre os comportamentos destrutivos, por 
exemplo, dos indivíduos toxicodependentes. 
2ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno: 
a) – O que é exclusão social? 
b) – É correto afirmar que os excluídos socialmente, são minorias? Justifique. 
c) – Explique qual a importância da inclusão social. 
d) – Explique a diferença entres as formas de exclusão social. 
h) – Como Gianfranco Pasquino define movimento social? 
i) – Segundo Alain Touraine, qual o significado de movimento social? 
 
MOVIMENTOS SOCIAIS 
 
Movimento social é uma "expressão técnica" que designa a ação coletiva de setores da 
sociedade ou organizações sociais para defesa ou promoção, no âmbito das relações de classes, 
de certos objetivos ou interesses - tanto de transformação como de preservação da ordem 
estabelecida na sociedade. 
 
 Os movimentos sociais, na pratica, são a representação da sociedade como organização, 
que os utiliza como instrumentos de ação num contexto histórico especifico. O conflito 
de classe e os acordos políticos são, consequentemente, canais dos movimentos para 
atingir seus fins. O movimento deixa de ser apenas a expressão de uma contradição 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Classes_sociais
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade
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socioeconômica, e acaba sendo responsável pela detonação e pelo desenvolvimento dos 
embates de grandes proporções. 
Em linhas gerais, o conceito de movimentosocial se refere à ação coletiva de um grupo 
organizado que objetiva alcançar mudanças sociais por meio do embate político, conforme seus 
valores e ideologias dentro de uma determinada sociedade e de um contexto específicos, 
permeados por tensões sociais. Podem objetivar a mudança, a transição ou mesmo a revolução 
de uma realidade hostil a certo grupo ou classe social. Seja a luta por um algum ideal, seja pelo 
questionamento de uma determinada realidade que se caracterize como algo impeditivo da 
realização dos anseios deste movimento, este último constrói uma identidade para a luta e 
defesa de seus interesses. Torna-se porta-voz de um grupo de pessoas que se encontra numa 
mesma situação, seja social, econômica, política, religiosa, entre outras. 
 Gianfranco Pasquino em sua contribuição ao Dicionário de Política organizado por ele 
e por Norberto Bobbio e Nicolau Mateucci, afirma que os movimentos sociais 
constituem tentativas – pautadas em valores comuns àqueles que compõem o grupo – 
de definir formas de ação social para se alcançar determinados resultados. 
 Por outro lado, conforme aponta Alain Touraine, Em defesa da Sociologia, para se 
compreender os movimentos sociais, mais do que pensar em valores e crenças comuns 
para a ação social coletiva, seria necessário considerar as estruturas sociais nas quais os 
movimentos se manifestam. 
Cada sociedade ou estrutura social teria como cenário um contexto histórico (ou historicidades) 
no qual, assim como também apontava Karl Marx, estaria posto um conflito entre classes, 
terreno das relações sociais, a depender dos modelos culturais, políticos e sociais. Assim, 
os movimentos sociais fariam explodir os conflitos já postos pela estrutura social geradora por 
si só da contradição entre as classes, sendo uma ferramenta fundamental para a ação com fins 
de intervenção e mudança daquela mesma estrutura. 
Dessa forma, para além das instituições democráticas como os partidos, as eleições e o 
parlamento, a existência dos movimentos sociais é de fundamental importância para a 
sociedade civil enquanto meio de manifestação e reivindicação. Podemos citar como alguns 
exemplos de movimentos o da causa operária, o movimento negro (contra racismo e segregação 
racial), o movimento estudantil, o movimento de trabalhadores do campo, movimento 
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feminista, movimentos ambientalistas, da luta contra a homofobia, separatistas, movimentos 
marxistas, socialista, comunista, entre outros. Alguns destes movimentos possuem atuação 
centralizada em algumas regiões (como no caso de movimentos separatistas na Europa). Outros, 
porém, com a expansão do processo de globalização (tanto do ponto de vista econômico como 
cultural) e disseminação de meios de comunicação e veiculação da informação, rompem 
fronteiras geográficas em razão da natureza de suas causas, ganhando adeptos por todo o 
mundo, a exemplo do Greenpeace, movimento ambientalista de forte atuação internacional. 
A existência de um movimento social requer uma organização muito bem desenvolvida, o 
que demanda a mobilização de recursos e pessoas muito engajadas. Os movimentos sociais não 
se limitam a manifestações públicas esporádicas, mas trata-se de organizações que 
sistematicamente atuam para alcançar seus objetivos políticos, o que significa haver uma luta 
constante e em longo prazo dependendo da natureza da causa. Em outras palavras, os 
movimentos sociais possuem uma ação organizada de caráter permanente por uma determinada 
bandeira. Qualquer que seja a forma de opressão, explicitada em qualquer dimensão da vida 
social, política, religiosa, cultural, etc., ou qualquer que seja sua natureza se estrutural – 
decorrente da maneira como a sociedade é estruturada para se reproduzir – ou conjuntural – 
decorrente de fatores momentâneos ou circunstanciais -, o fato é que para superar as condições 
desiguais e opressoras da sociedade, é necessária a ação conjunta de homens e mulheres de 
forma a potencializar sua força – através de um movimento – em direção à mudança social ou 
a conservação das relações de opressão. A vida política não acontece apenas dentro do esquema 
ortodoxo dos partidos políticos e dos organismos governamentais. As mudanças às vezes não 
são possíveis por meio do Estado ou governo. Às vezes a mudança política e social só pode ser 
realizada recorrendo-se a formas não ortodoxas de ação política: 
É importante distinguir que Revolução consiste na derrubada de uma ordem política existente 
com uso da violência. Por outro lado Movimentos sociais é a tentativa coletiva de promover 
um objetivo comum e uma ação fora das instituições estabelecidas. 
 
 Os movimentos sociais estão entre as mais poderosas formas de ação coletiva. Eles 
podem ser locais, regionais, nacionais e internacionais. Expressam-se em manifestações 
como as greves trabalhistas (melhores salários e condições de trabalho); movimentos 
por melhores condições de vida na cidade (Transporte, educação, habitação e saúde); 
no campo pelo acesso à terra; ou movimentos étnicos, feminista, ambiental, estudantil, 
entre outros. 
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As pessoas estão se apoiando em movimentos sociais como forma de pleitearem reivindicações 
que os governos não têm atendido. Consequentemente, muitas pessoas têm participado 
ativamente da vida política do país sem, contudo, entrarem na política formal/partidária. Devido 
a isso, os novos movimentos sociais estão ajudando a revitalizar a democracia em muitos países. 
Os governos (instituições políticas tradicionais) têm cada vez menos capacidade de lidar com 
os desafios do mundo contemporâneo. Meio ambiente, guerra nuclear, transgênicos (produto 
geneticamente modificado), tecnologia da informação, etc. são problemas evitados pelos 
governos. Nenhuma nação consegue ter o controle sobre esses fenômenos, pois ultrapassam as 
fronteiras nacionais. Então surgem Movimentos Sociais de ordem global que acabam por 
conseguir enfrentar melhor essas questões. 
 
3ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno: 
d) – O que é movimento social? 
e) – Porque os movimentos sociais são considerados as formas mais poderosas de ação coletiva? 
f) – Explique qual a importância dos movimentos sociais para a sociedade civil. 
g) – Explique a diferença entre revolução e movimento social. 
h) – Como Gianfranco Pasquino define movimento social? 
i) – Segundo Alain Touraine, qual o significado de movimento social? 
 
CARACTERÍSTICAS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS 
 
O projeto significa a proposta de um movimento, que pode ser, como vimos, de mudança ou de 
conservação das relações sociais, assim, todo movimento social contém um projeto, e quando 
nos perguntamos qual o projeto de um movimento, estamos pensando em seus objetivos, em 
suas metas, enfim, no que o movimento pretende. 
Para um movimento social atingir os objetivos a que se propõe, é necessária uma certa 
estratégia, procedimentos adequados que possibilitem o sucesso da ação coletiva. Ao mesmo 
tempo em que o projeto revela o desejo, a intenção de um movimento, ele nos mostra como os 
seus participantes se veem – o que demonstra a consciência de sua força, bem como a força de 
seu adversário, contra quem o movimento se dirige. A complementação dessas ideias sobre o 
projeto, ou da apreensão de seu conteúdo, deve ser feita levando-se em consideração a análise 
dos outros elementos. 
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O movimento social é o conjunto organizado e unificado de grupo de pessoas que se mobilizam 
em pró de ideais que são consideradas justas para todos, por isso, todo movimento social é 
compostode três elementos essenciais: 
 
* Projeto – é a proposta do movimento que pode ser de mudança ou de conservação das 
relações sociais, está relacionado com os objetivos, metas, enfim, no que o movimento 
pretende; 
 
* Ideologia – é o conjunto de ideias que fundamenta os projetos e as práticas dos 
movimentos, revelando sua “visão de mundo” e definindo o sentido de suas lutas. A própria 
forma de organização e direção de um movimento revela seu caráter ideológico. A ideologia 
corresponde às ideias que os homens fazem da sociedade em que vivem. Quando elas 
expressam “corretamente” as relações existentes, mostrando os interesses que animam as 
relações, podemos dizer que a ideologia se constitui num instrumento de luta dos grupos sociais. 
Se, ao contrário disso, as ideias não correspondem à realidade das relações de opressão 
existentes, poderemos dizer que se trata de uma “falsa consciência”. Nesse sentido, a ideologia 
atuaria como uma forma de massacramento das reais condições de opressão, atendendo, por 
conseguinte, aos interesses dos grupos dominantes. É a ideologia que fundamenta os projetos e 
as práticas dos movimentos e define o sentido de suas lutas. A própria forma de organização e 
direção de um movimento revela seu caráter ideológico. 
 
* Organização – é a forma ou a estrutura como está organizado o movimento, isto é, 
sua hierarquia administrativa e condições materiais. Os movimentos sociais possuem uma 
organização hierárquica que pode ser descentralizada ou comum a estrutura definida com 
líderes e demais participantes do movimento. A forma de organização de um movimento social 
tem consequências importantes com relação a sua dinâmica interna e externa. Internamente, 
observa-se que uma organização sem a devida hierarquia entre liderança e base pode favorecer 
um certo espontaneismo das ações, o que levaria a falta de controle do movimento, resultando 
em seu próprio prejuízo. Por outro lado, uma organização fundada num corpo de líderes 
afastados da base pode ser conduzida a praticas autoritárias e elitistas, com os demais 
participantes desempenhado o papel de “massa de manobra”. 
 
 
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CLASSIFICAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS 
1) movimentos reivindicatórios: são movimentos presos a reivindicações imediatas, 
esforçam-se em pressionar instituições para alterar dispositivos que teoricamente lhes 
favoreciam. Têm um horizonte sem dúvida limitado, considerando que seus fins são 
relativamente simples e não vão além de demandas pontuais especificas. 
-Ex. “Estou no vermelho” movimento de greve dos professores da Uel por melhorias salariais. 
2) Movimentos políticos: tentam influenciar nos meios utilizados para se atingir os caminhos 
condutores a participação política direta. Também se esforçam, no decorrer do processo para 
mudar a correlação de forças, influindo nos grandes debates travados com outros grupos 
adversários. 
Ex. Movimento das Diretas Já! 1984. 
3) Movimentos de classe; seu intuito seria o de subverter a ordem social de um período 
determinado e, consequentemente, transformar as relações entre os diferentes atores do 
contexto nacional, assim como os meios de produção, fazendo avançar as exigências da classe 
em ascensão, em superação histórica e na sua pressão para se posicionar como elemento 
hegemônico no processo econômico e político do país. 
Ex. MST (movimento dos trabalhadores rurais sem-terra) 
TIPOS DE MOVIMENTOS SOCIAIS 
 
Movimento operário – é o mais antigo de todos no interior do capitalismo e nasceu e 
se desenvolveu com o capitalismo industrial. O movimento operário desenvolveu-se 
imensamente, organizando-se por categoria em todos os níveis, desde a unidade empresarial, 
local, regional, nacional e internacionalmente. Este é um movimento que se manifesta através 
de sindicatos fortes e organizados, bem como através de suas centrais sindicais, que os 
trabalhadores conseguiram muitos dos direitos que existem nesta esfera da vida hoje em dia. 
 
Movimento ambientalista – é um movimento social mundial, também chamado de 
movimento ecológico ou movimento verde consiste em diferentes correntes de pensamento de 
um movimento social, que tem na defesa do meio ambiente sua principal preocupação, 
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demandando medidas de proteção ambiental, tais como medidas de antipoluição. O 
ambientalismo não visa somente os problemas ligados ao meio ambiente, mas também as 
atitudes a serem tomadas para uma possível diminuição ou até mesmo solução desses 
problemas. 
 
Movimento feminista – é um movimento mundial de caráter social e político de defesa 
de direitos iguais para mulheres e homens, tanto no âmbito da legislação (plano normativo e 
jurídico) quanto no plano da formulação de políticas públicas que ofereçam serviços e 
programas sociais de apoio a mulheres. 
 
Movimento social urbano – são movimentos mais específicos e localizados, contra 
situações que envolvem o Estado. O Estado, antes eficiente no atendimento das necessidades 
básicas da população, mostra-se incapaz de fazer face às crescentes demandas dos diversos 
grupos sociais. Os problemas urbanos se avolumam, também, nos diversos países do mundo 
desenvolvidos, revelando um decréscimo gradativo da qualidade de vida. Surgem os 
movimentos sociais urbanos, reivindicando melhorias nos setores de transporte, de saúde, de 
habitação, de segurança, etc., que demandam não apenas a manutenção e a ampliação dos 
serviços sociais, mas a própria mudança da gestão pública. 
 
4ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno: 
a) – Cite e explique os três elementos essenciais de um movimento social. 
b) – O que é um movimento operário? 
c) – O que é um movimento ambientalista? 
d) – Por que o ambientalismo não visa somente os problemas ligados ao meio ambiente? 
e) – O que é um movimento feminista? 
f) – O que é um movimento social urbano? 
g) – Explique em que consiste os movimentos: reivindicatórios, políticos e de classe. 
MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL 
Os movimentos sociais no Brasil têm sua história marcada pelos grandes embates realizados 
contra os governos autoritários, sobretudo ainda nas lutas pela liberdade e democracia, na 
década de 70 e parte da década de 80 é considerado como inspiração no que diz respeito à 
ideologia que movia mentes e corações desses movimentos sociais. Nos anos 90 o Brasil se 
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encontrava no auge do Neoliberalismo, que tinha como influencia diretamente por Ronald 
Reagan e Margareth Thatcher que foi tido como berço das lutas contra os governos FHC, do 
sucateamento de todos os aparelhos estatais, das “privatarias”, do desrespeito aos trabalhadores 
e as trabalhadoras do Brasil e de todos os traços básicos de um governo que não dialogava com 
os movimentos sociais, pois estava ao lado das elites brasileiras e internacionais em nome do 
capital privado, sem levar em consideração o povo que vivia a margem da “democracia” então 
vivida. 
 Diante disto, pode ser afirmado que um movimento social normalmente vem de 
condições adversas, pois dos piores períodos é que nasce as grandes mobilizações, fruto 
da angústia e da falta de condições básicas para o povo sobreviver. Para entender o 
verdadeiro significado dos movimentos sociais na história do Brasil, é preceito principal 
se focar na consolidação da democracia e na garantia de várias das liberdades que 
gozamos hoje, e também para compreender as ações e efeitos que vivem o movimento 
social nos dias de hoje. 
Segundo uma pesquisa realizada por Nelson, sobre as Associações de Moradores na 
América Latina, especialmente Venezuela,Peru, México e Chile, constatou que este tipo de 
movimento apresenta profundas cisões provocadas principalmente pelas rivalidades partidárias. 
Apesar de tratar-se de outra realidade, é importante mencionar estas conclusões para mostrar 
que este é um fenômeno que atinge não só a realidade do movimento associativo brasileiro, mas 
de uma boa parte da América Latina. 
 Atualmente estamos num período de transição positiva, em que o Brasil consegue aliar 
crescimento, democracia, participação popular e conseguir destaque mundial na política 
e na economia, e deste modo o movimento social passa a agir de outra forma, 
começando a pautar o Governo a partir de mobilizações pontuais e da apresentação de 
propostas que agora são bem recebidas, pois os grandes embates antigos viam dos 
momentos em que o diálogo é esvaziado, e atualmente onde há diálogo, o embate não é 
considerado a principal ferramenta de solução. 
A manifestação ou o protesto, da forma como todos nós temos acompanhado nas últimas 
semanas em nosso país, expressa uma reação de caráter público onde os manifestantes se 
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organizam com o objetivo de terem suas opiniões ouvidas em uma tentativa de influenciar a 
política de governo. 
As análises dos movimentos sociais no Brasil revelam fortes enfoque teórico oriundo do 
marxismo, sejam eles vinculados ao espaço urbano e/ou rural. Tais movimentos, quando se 
referiam ao espaço urbano possuíam um leque amplo de temáticas como por exemplo, as lutas 
por creches, por escola pública, por moradia, transporte, saúde, saneamento básico etc. Quanto 
ao espaço rural, a diversidade de temáticas expressou-se nos movimentos de boias-frias (das 
regiões cafeeiras, citricultoras e canavieiras, principalmente), de posseiros, sem-terra, 
arrendatários e pequenos proprietários. Cada um dos movimentos possuía uma reivindicação 
específica, no entanto, todos expressavam as contradições econômicas e sociais presentes na 
sociedade brasileira. 
No início do século XX, era muito mais comum a existência de movimentos ligados ao rural, 
assim como movimentos que lutavam pela conquista do poder político. Em meados de 1950, 
os movimentos nos espaços rural e urbano adquiriram visibilidade através da realização de 
manifestações em espaços públicos (rodovias, praças, etc.). Os movimentos populares urbanos 
foram impulsionados pelas Sociedades Amigos de Bairro - SABs - e pelas Comunidades 
Eclesiais de Base - CEBs. Nos anos 1960 e 1970, mesmo diante de forte repressão policial, os 
movimentos não se calaram. Havia reivindicações por educação, moradia e pelo voto direto. 
Em 1980 destacaram-se as manifestações sociais conhecidas como "Diretas Já". 
Em 1990, o MST e as ONGs tiveram destaque, ao lado de outros sujeitos coletivos, tais 
como os movimentos sindicais de professores. 
Concomitante às ações coletivas que tocam nos problemas existentes no planeta (violência, por 
exemplo), há a presença de ações coletivas que denunciam a concentração de terra, ao mesmo 
tempo que apontam propostas para a geração de empregos no campo, a exemplo do Movimento 
dos Trabalhadores Sem Terra (MST); ações coletivas que denunciam o arrocho salarial (greve 
de professores e de operários de indústrias automobilísticas); ações coletivas que denunciam a 
depredação ambiental e a poluição dos rios e oceanos (lixo doméstico, acidentes com navios 
petroleiros, lixo industrial); ações coletivas que têm espaço urbano como locus para a 
visibilidade da denúncia, reivindicação ou proposição de alternativas. 
As passeatas, manifestações em praça pública, difusão de mensagens via internet, ocupação de 
prédios públicos, greves, marchas entre outros, são características da ação de um movimento 
social. A ação em praça pública é o que dá visibilidade ao movimento social, principalmente 
quando este é focalizado pela mídia em geral. Os movimentos sociais são sinais de maturidade 
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social que podem provocar impactos conjunturais e estruturais, em maior ou menor grau, 
dependendo de sua organização e das relações de forças estabelecidas com o Estado e com os 
demais atores coletivos de uma sociedade. 
A recente onda de protestos no Brasil foi desencadeada quando os governos de São Paulo e do 
Rio de Janeiro decidiram aumentar a passagem de ônibus em R$ 0,20. A população logo se 
uniu e tomou as ruas para protestar contra o aumento que, segundo os manifestantes, não está 
ligado ao valor da passagem, que passaria para R$ 3,20, mas sim com o transporte e os serviços 
públicos caóticos do país. 
Vídeos e fotos mostraram que a maior parte do movimento era pacífico, com isso outros 
brasileiros foram para as ruas e apoiaram os protestantes. A população passou a questionar: 
como assim o país gasta tanto com uma Copa do Mundo e não tem boas escolas, ou hospitais 
de qualidade? As manifestações tomaram as ruas das principais capitais e repercutiram também 
no exterior. 
E não é de hoje que o brasileiro vai à luta por seus direitos, por um país mais democrático e 
cidadão. Em alguns momentos da história do nosso país, atos como estes já se repetiram. 
 
5ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno: 
a) – Existe alguma relação entre os governos autoritários e os movimentos sociais brasileiros? 
Justifique. 
b) – Quais eram os movimentos sociais comuns do século XX? 
c) – Qual a relação do marxismo com os movimentos sociais brasileiros? 
d) – O que Nelson descobriu em sua pesquisa sobre os movimentos sociais? 
e) – É correto afirmar que os movimentos sociais brasileiros surgiram nos anos 70 e 80? 
Justifique. 
 
MOVIMENTOS SOCIAIS HISTÓRICOS DO BRASIL 
 
1889 – PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA 
 
A monarquia existiu no Brasil de 1822 a 1889. Porém algumas crises como a censura, a 
interferência de D. Pedro II nas questões religiosas e o fortalecimento do movimento 
republicano, desencadearam muita insatisfação. Num movimento mais elitizado, a população 
da época uniu-se a Marechal Deodoro da Fonseca, que após um golpe militar, instaurou a 
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Proclamação da República no dia 15 de novembro de 1889, na então capital do Brasil, Rio de 
Janeiro. Naquele momento surgiu a República Federativa e Presidencialista no nosso país, 
sendo o próprio Marechal da Fonseca quem assumiu a primeira presidência. 
 
1964 – GOLPE MILITAR 
 
Naquele ano, um comício foi organizado pelo presidente do Brasil, João Goulart, no Rio de 
Janeiro e serviu como estopim para o golpe. Foi neste cenário que depois de um encontro com 
trabalhadores, João Goulart foi deposto e teve que fugir para o Rio Grande do Sul e, em seguida, 
para o Uruguai. Desta maneira, o Chefe Maior do Exército, General Humberto Castelo Branco, 
tornou-se presidente do Brasil. As principais cidades brasileiras foram tomadas por soldados 
armados, tanques, jipes, entre outros. O golpe militar de 1964 foi amplamente apoiado à época 
e um dos motivos que conduziram o manifesto foi uma campanha, organizada pelos meios de 
comunicação, para convencer as pessoas de que o presidente levaria o Brasil a um tipo de 
governo comunista, algo que a população considerava inadmissível. 
 
1984 – DIRETAS JÁ! 
 
Um movimento político democrático com grande participação popular, no qual o principal 
objetivo era estabelecer as eleições diretas para presidente da República do Brasil. 
 
Inflação alta, grande dívida externa e desemprego, expunham a crise do sistema. Os militares, 
ainda no poder, pregavam uma transição democrática lenta, ao passo que perdiam o apoio da 
sociedade, que insatisfeita, queria o fim do regime o mais rápidopossível. Durante o movimento 
ocorreram diversas manifestações nas cidades brasileiras. 
 
Depois de duas décadas intimidada pela repressão, o movimento das “Diretas Já” ressuscitou a 
esperança e a coragem da população. Além de poder eleger um representante, a eleição direta 
sinalizava mudanças também econômicas e sociais. Lideranças estudantis, da UNE (União 
Nacional dos Estudantes), sindicatos como a CUT (Central Única dos Trabalhadores), 
intelectuais, artistas e religiosos reforçaram o coro pelas “Diretas Já”. 
Em 25 de abril de 1984, a emenda constitucional das eleições diretas foi colocada em 
votação. Porém, para a desilusão do povo brasileiro, ela não foi aprovada. As eleições 
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diretas para presidente do Brasil só ocorreram em 1989, após ser estabelecida na Constituição 
de 1988. 
 
1992 – IMPEACHMENT FERNANDO COLLOR 
 
Após muitos anos de ditadura militar e eleições indiretas, uma campanha popular tomou as ruas 
para pedir o afastamento de Fernando Collor de Melo do cargo de presidente. Acusado de 
corrupção e esquemas ilegais em seu governo, a campanha “Fora Collor” mobilizou muitos 
estudantes que saíram às ruas com as caras pintadas para protestar contra o presidente corrupto. 
No dia 29 de setembro de 1992 cerca de 100 mil pessoas acompanharam a votação do 
impeachment de Collor em torno do Congresso, o qual foi aprovado tendo 441 votos favoráveis 
e apenas 38 contrários. Fernando Collor correu para renunciar e não perder seus direitos 
políticos, mas já era tarde. Mesmo renunciando, o presidente foi caçado e impedido de 
concorrer em eleições por muitos anos. Era a conquista do movimento “Fora Collor” que 
representou a grande pressão exercida pela população. 
 
MOVIMENTOS SOCIAIS ATUAIS DO BRASIL 
 
2013 – PROTESTOS 
 
Considerada a maior das últimas décadas, as atuais manifestações abrangem grande parte das 
cidades brasileiras e considera-se que resultam do fato de que os cidadãos “caíram na 
realidade”. Um ato que começou no dia 06 de junho, devido aos altos valores das passagens 
dos transportes públicos, hoje inclui novas bandeiras, como a luta por um país com melhor 
qualidade de vida, principalmente nos setores de educação e saúde, fim da violência policial e 
da corrupção, apuração nos gastos das obras da Copa do Mundo, entre outros fatores que têm 
causado insatisfação geral. Seguidos de protestos diários, até o momento 12 prefeitos das 
principais capitais do país já baixaram os preços das tarifas das passagens. Segundo estudo do 
Data Folha, 84% dos participantes dos manifestos não têm preferência por qualquer partido 
político, 71% estão pela primeira vez num protesto e 53% têm menos de 25 anos. Os dados 
mostram também um maior peso de estudantes e de pessoas com ensino superior. 
 
 
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MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA - MST 
 
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, também conhecido pela sigla MST, é 
um movimento social brasileiro de inspiração marxista cujo objetivo é a implantação da reforma 
agrária no Brasil. Teve origem na aglutinação de movimentos que faziam oposição ou estavam 
desgostosos com o modelo de reforma agrária imposto pelo regime militar, principalmente na 
década de 1970, o qual priorizava a colonização de terras devolutas em regiões remotas, com 
objetivo de exportação de excedentes populacionais e integração estratégica. Contrariamente a 
este modelo, o MST declara buscar a redistribuição das terras improdutivas. 
Apesar dos movimentos organizados de massa pela reforma agrária no Brasil remontarem 
apenas às ligas camponesas, associações de agricultores que existiam durante as décadas de 
1950 e 1960, o MST proclama-se como herdeiro ideológico de todos os movimentos de base 
social camponesa ocorridos desde que os portugueses entraram no Brasil, quando a terra foi 
dividida em sesmarias por favor real, de acordo com o direito feudal português, fato este que 
excluiu em princípio grande parte da população do acesso direto à terra. 
Uma das atividades do grupo consiste na ocupação de terras improdutivas como forma de 
pressão pela reforma agrária, mas também há reivindicação quanto a empréstimos e ajuda para 
que realmente possam produzir nessas terras. Para o MST, é muito importante que as famílias 
possam ter escolas próximas ao assentamento, de maneira que as crianças não precisem ir à 
cidade e, desta forma, fixar as famílias no campo. 
A organização não tem registro legal por ser um movimento social e, portanto, não é obrigada 
a prestar contas a nenhum órgão de governo, como qualquer movimento social ou associação 
de moradores. 
O movimento recebe apoio de organizações não governamentais e religiosas, do país e do 
exterior, interessadas em estimular a reforma agrária e a distribuição de renda em países em 
desenvolvimento. Sua principal fonte de financiamento é a própria base de camponeses já 
assentados, que contribuem para a continuidade do movimento. 
Dados coletados em diversas pesquisas demonstram que os agricultores organizados pelo 
movimento têm conseguido usufruir de melhor qualidade de vida que os agricultores não 
organizados. 
O MST reivindica representar uma continuidade na luta histórica dos camponeses brasileiros 
pela reforma agrária. O atual governante do Brasil tem origens comuns nas lutas sindicais e 
populares, e portanto compartilham em maior ou menor grau das reivindicações históricas deste 
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movimento. Segundo outros autores, o MST é um movimento legítimo que usa a única arma 
que dispõe para pressionar a sociedade para a questão da reforma agrária, a ocupação de terras 
e a mobilização de grande massa humana. 
 
MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM TETO - MTST 
 
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) surgiu em 1997 da necessidade de 
organizar a reforma urbana e garantir moradia e a todos os cidadãos. Está organizado nos 
municípios do Rio de Janeiro, Campinas e São Paulo. É um movimento de caráter social, 
político e sindical. Em 1997, o MST fez uma avaliação interna em que reconheceu que seria 
necessária uma atuação na cidade além de sua atuação no campo. Dessa constatação, duas 
opções de luta se abriram: trabalho e moradia. 
Estão em quase todas as metrópoles do País. São desdobramentos urbanos do MST, com um 
comando descentralizado. As formas de atuação variam de um movimento para outro. Em geral, 
as ocupações não têm motivação política, apenas apoio informal de filiados a partidos de 
esquerda. O objetivo das ocupações é pressionar o poder público a criar programas de moradia 
e dar à população de baixa renda acesso a financiamentos para a compra de imóveis. 
Atualmente, o MTST é autônomo em relação ao MST, mas tem uma aliança estratégica com 
esse. 
 
FÓRUM SOCIAL MUNDIAL - FSM 
 
O Fórum Social Mundial (FSM) é um evento altermundialista organizado por movimentos 
sociais de diversos continentes, com objetivo de elaborar alternativas para uma transformação 
social global. Seu slogan é Um outro mundo é possível. 
É um espaço internacional para a reflexão e organização de todos os que se contrapõem à 
globalização neoliberal e estão construindo alternativas para favorecer o desenvolvimento 
humano e buscar a superação da dominação dos mercados em cada país e nas relações 
internacionais. 
A luta por um mundo sem excluídos, uma das bandeiras do I Fórum Social Mundial, tem suas 
raízes fixadas na resistência histórica dos povos contra todo o gênero de opressão em todos os 
tempos, resistência que culmina em nossos dias com o movimento irmanando milhões de 
cidadãos

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