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Material de apoio para avaliação de agentes químicos ***Tubo e amostrador são termos equivalentes nesse roteiro. ***Não está inclusa a discussão do número de avaliações ao longo do tempo para garantir uma confiabilidade mínima sobre os dados. Passo 1: Reconhecimento Uma análise no local de trabalho evidenciou que os trabalhadores ficam expostos a vapores da cola utilizada no processo, durante uma jornada de 8h/dia. A FISPQ do produto indica a presença de tolueno como um dos solventes da cola. Como exemplo, será realizada a avaliação de vapores de tolueno. Passo 2: Consulta ao tipo de limite A tabela abaixo é um trecho do Anexo 11 da NR15. O tipo de limite do tolueno é um limite de média ponderada no tempo, ou seja, um limite para uma jornada de oito horas. Embora não seja o foco dessa análise, é possível notar que o trabalhador deve ser protegido nos casos em que é possível o contato da cola com a pele, pois o agente é absorvido por ela. Agente químico Valor teto Absorção pela pele Limite de tolerância Tolueno NÃO SIM 78ppm Passo 3: Método de coleta do agente químico Para definir o mecanismo de coleta dos vapores de tolueno é necessário contatar o laboratório de análise química. O laboratório, nesse caso, indica o uso do método NIOSH 1501. Veja o que o método indica para esse agente: Resumo do método NIOSH 1501 Amostrador Tubo de carvão ativado (100mg/50mg) Vazão 0,01 a 0,2 litro/minuto Volume de coleta 1 até 8 litros Estabilidade da amostra 30 dias a 5°C Número de brancos de campo 2 para grupo de 10 tubos Mas o que representam essas informações? a) Amostrador: Esse é o elemento responsável por coletar os vapores de tolueno durante a amostragem com a bomba. A bomba forçará a passagem de ar contaminado através dele e o agente químico será adsorvido pelo carvão ativado. b) Vazão: Essa é a faixa de vazão para a bomba, definida para coleta desse agente, podemos escolher vazões entre 0,01 e 0,2 litro/minuto. Por exemplo, se escolhêssemos 0,1 litro/minuto, isso significa que a bomba forçaria a passagem de ar do ambiente a uma taxa de 0,1 litro (ou 100ml) a cada minuto pelo amostrador. c) Volume de coleta: Essa é a faixa de volume de ar que a bomba poderá forçar através do amostrador. Podemos escolher valores entre 1 e 8 litros. Por exemplo, usando a vazão de 0,1 litro/minuto, em 10 minutos a bomba terá forçado a passagem de 1 litro de ar pelo amostrador, já em 80 minutos, a bomba terá forçado a passagem de 8 litros. Para calcular a duração de cada amostra que compõe a avaliação utiliza-se a expressão: Tempo de coleta(minutos) = Volume de coleta (litros) Vazão (litros/minuto) Escolhendo, por exemplo, um volume de coleta de 7 litros e uma vazão de 0,1 litro/minuto, o tempo de coleta é: Tempo de coleta = 7 0,1 = 70 minutos Assim, a bomba de amostragem deverá ficar ligada por 70 minutos para cada amostra. d) Estabilidade da amostra: Após o final da amostragem, o amostrador deve ser armazenado refrigerado para garantir que o tolueno continue absorvido no carvão. O método indica 30 dias de estabilidade a 5°C. e) Número de brancos de campo: Amostradores extras que serão utilizados durante o preparo dos amostradores que irão coletar o tolueno para verificar se houve contaminação durante o manuseio ou no próprio lote de amostradores. Passo 4: Número de amostras para cobrir um intervalo de 8 horas. Para o exemplo, sabe-se que cada amostra cobrirá no máximo 70 minutos, ou seja, uma única amostra é inviável para cobrir 8 horas de avaliação. As normas de higiene ocupacional indicam que a cobertura deverá ser de pelo menos 75% da jornada de trabalho. a) Seis amostras de 70 minutos cobrem 420 minutos (7 horas) de uma jornada, o que cobre quase 90% da jornada. b) Caso seja necessário, avaliar os 60 minutos restantes para concluir às 8 horas de exposição, utiliza-se a mesma fórmula já apresentada, mas na forma: Volume de coleta (litros) = Vazão (litros/minuto) ∗ Tempo de coleta(minutos) Substituindo-se os valores: Volume de coleta (litros) = 0,1 ∗ 60 = 6 litros O resultado apresenta um volume de coleta de 6 litros, ele é valido, pois está entre os limites de 1 e 8 litros, definidos pelo método NIOSH 1501 para a coleta de tolueno, uma amostra de 60 minutos com a vazão de 0,1 litro/minuto, respeita as limitações do método. Passo 5: Plano de amostragem Para organizar a etapa de coleta em campo é útil elaborar um plano de amostragem, evidenciando os parâmetros utilizados e indicando materiais necessários. A seguir um exemplo básico, tratando exclusivamente da avaliação de vapores de tolueno nas condições discutidas, para outros agentes químicos essa tabela pode ser expandida ou utilizada um modelo geral. Figura 1: Plano de amostragem. Passo 6: O laboratório Solicita-se ao laboratório nove amostradores, sete deles utilizados para coleta de amostras e dois para os brancos de campo. O laboratório fornece os materiais apresentados nas figuras a seguir: Figura 2: Materiais fornecidos pelo laboratório (somente um amostrador é apresentado). Figura 3: Detalhe do amostrador. Passo 7: Preparação de um tubo para utilização O laboratório fornece somente os materiais presentes na Figura 2, os demais equipamentos são responsabilidade do avaliador. A Figura 4 apresenta os itens necessários para a avaliação: Figura 4: Equipamentos utilizados. Antes de iniciar a avaliação é necessário ajustar a vazão da bomba para realizar uma sucção de 0,1 litro/minuto como definido no Passo 3 Item b. As figuras a seguir apresentam a montagem com a montagem do sistema: Figura 5: Sistema montado para aferição de vazão da bomba, ajustando-a para 0,1 litro/minuto, através do redutor de vazão. Figura 6. Detalhe da tela do calibrador de vazão, durante a aferição de vazão. É importante verificar se o certificado de calibração do calibrador de vazão apresenta alguma correção necessária para a faixa de vazão utilizada, por exemplo, ele poderia indicar que o calibrador lê uma vazão de 0,101 litro/minuto quando estão passando 0,100 litro/minuto. Esse fato não será considerado na análise. As figuras a seguir apresentam detalhes do certificado. (a) Detalhe do número do certificado no documento “certificado de calibração”. (b) Tabela presente no certificado com as vazões de testes para correção da vazão em campo. 1dm³ = 1 litro. Figura 7. Trechos do certificado de calibração. Figura 8. Detalhe do selo de calibração fixado no corpo do equipamento. Após o ajuste da vazão, enquanto o amostrador que será utilizado é preparado e conectado a bomba, o amostrador “branco de campo” terá suas extremidades quebradas e será deixado sobre a bancada até o término da montagem do sistema de coleta, quando terá suas extremidades fechadas. Esse procedimento tem por finalidade verificar se houve alguma contaminação do amostrador durante a manipulação. Essa constatação somente será possível, após a análise dos brancos de campo pelo laboratório. Passo 8: Avaliação ocupacional (uma amostra) De posse do amostrador que será utilizado, quebram-se suas pontas e o substitui no lugar do amostrador representativo, fixando-o no suporte. É importante realizar a leitura de umidade e temperatura do ambiente de coleta, pois umidades altas podem ser um impeditivo para a análise, e a temperatura é utilizada para a realização de correções no volume de ar pelo laboratório, essas e outras informações (como o código de cada amostrador) são preenchidas e enviadas ao laboratório. (a) Suporte para o amostrador que será preso ao redutor de vazão. (b) Bomba fixada na cintura do trabalhador. (c) Amostrador instalado no suporte dentro da zona respiratória do trabalhador. Figura 9. Sistema montado no trabalhador. Passo 9: Término da avaliação. Ao término da avaliação retira-se o amostrador utilizado, tampam-se suas aberturas e armazena-se com o gelo em gel (já congelado) dentroda embalagem de isopor. Ainda, é necessário montar o sistema com o amostrador representativo para verificar a vazão, entretanto nesse momento não realizamos nenhum ajuste na vazão. O procedimento com o elemento representativo é possível somente se a bomba possuir um controle de compensação de pressão (interno), já presente quase que na totalidade de bombas de amostragem de ar. (a) Sistema montado para verificação da vazão. (b) Valor da vazão após avaliação. Figura 10. Aferição da vazão final. Caso a diferença percentual entre o valor inicial (0,10086 litro/minuto) e o valor final (0,10042 litro/min) fosse maior do que 5%, as amostras deveriam ser descartadas. Nesse caso a diferença foi de apenas 0,44%. Figura 9. Tubo com as extremidades tampadas pronto para envio. Passo 11: Resultado O laboratório após realizar uma análise química no amostrador indicará qual a concentração, em ppm, de todas as amostras coletadas. A concentração para a jornada é obtida através do cálculo da média ponderada, multiplicando-se o valor da concentração de cada amostra pelo tempo de coleta respectivo, após soma-se todos os resultados e divide-se pelo tempo total de coleta. O resultado, então é comparado ao limite de exposição do agente químico e ao nível de ação.
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