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Limitação e Universalidade dos Direitos Humanos

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Limitação e Universalidade dos Direitos Humanos
O Relativismo Cultural faz transparecer uma cosmovisão coletivista, uma vez que propugna pela leitura dos direitos humanos a partir das tradições culturais dos povos, que devem prevalecer quando contrários àqueles, ao contrário do Universalismo, radicado no individualismo que compreende cada ser humano como fim.
 O Universalismo Cultural é a proposta de estabelecimento de um padrão universal de direitos humanos, aplicável a todos os povos e culturas indistintamente em decorrência tão-somente da condição de pessoa humana, independentemente de considerações acerca da “raça, cor, sexo, língua, religião, opinião, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra circunstância” (SILVA e PEREIRA, 2013).
O Universalismo Cultural consiste na defesa de que todo ser humano possui um valor intrínseco, de sua condição de pessoa humana, que é inalienável e de aplicação universal. A dignidade que advém da existência humana, por si só, justifica a proteção conferida pelos direitos humanos, um conjunto de liberdades e garantias consideradas essenciais a todo indivíduo, e que, portanto, perpassa as diferentes culturas e modelos de organização e estruturação sociais. Se a dignidade humana é o aspecto comum, o vínculo entre todas os seres humanos, formando uma comunidade universal, então as diferenças geográficas, étnicas, políticas, econômicas e religiosas são dispensáveis para a delimitação de seu âmbito de incidência.
Sobre a dignidade da pessoa humana, cabe ressaltar ser inconteste sua posição na ordem jurídico-constitucional brasileira. Tendo como um dos fundamentos da República art. 1º, III, CR-88, o princípio da dignidade humana é a pedra angular de todo o sistema normativo do país, no conflito entre princípios constitucionais muitos dos quais preveem direitos fundamentais, equivalentes aos direitos humanos na ordem interna dos Estados-nações, deve prevalecer o que indique a solução que melhor promova a dignidade da pessoa humana. 
O Relativismo Cultural rejeita a universalidade dos direitos humanos. Segundo essa corrente, a identidade e a diversidade culturais e os costumes dos povos devem ser respeitados no tocante ao especial modo de distribuição de direitos e liberdades individuais e coletivas que prevalece em determinado seio social. 
O Relativismo Cultural também faz transparecer uma cosmovisão coletivista, uma vez que propugna pela leitura dos direitos humanos a partir das tradições culturais dos povos, que devem prevalecer quando contrários àqueles, ao contrário do Universalismo, radicado no individualismo que compreende cada ser humano como fim em si, dotado de valor intrínseco e que, portanto, exige tenha seus interesses preservados em face de arbitrariedades estatais ou imposições culturais. Afinal, poder-se-ia questionar a que nível a pretensão de resguardo de uma herança cultural e religiosa pode ser utilizada não para enriquecer a vida, mas para legitimar práticas discriminatórias e violatórias da dignidade humana. 
Impossível não mencionar a clitorectomia como canalizadora de tão acirrado debate. Embora a prática esteja concentrada principalmente em 30 países na África e no Oriente Médio, ela ocorre também em alguns lugares da Ásia e da América Latina. E entre populações imigrantes que vivem na Europa Ocidental, América do Norte, Austrália e Nova Zelândia, dizem as Nações Unidas Apesar disso, para os relativistas, a universalidade dos direitos humanos nada mais é do que a expressão de odioso imperialismo cultural do modelo ocidental, repudiável.
A maioria das razões apontadas para a mutilação genital feminina passa por aceitação social, religião, desinformação sobre higiene, um modo de preservar a virgindade, tornando a mulher "casável" e ampliando o prazer masculino. Em algumas culturas, a MGF é considerada um rito de passagem à vida adulta e um pré-requisito para o casamento, a pratica muitas vezes é feita contra a vontade da mulher. 
Se as práticas de uma determinada comunidade histórica são essenciais para a conservação de sua própria identidade, é visto também que é o respeito ao ser humano, independente de quaisquer circunstâncias pessoais ou do meio em que se encontre. De fato, não há justificativa bastante para práticas como a mutilação genital feminina, que inflige inenarrável dor e sofrimento às mulheres a ela submetidas. Impende oportunizar a todos o conhecimento necessário para o exercício de seu livre-arbítrio, conscientizar todos os povos de formas de vida outras que não as que permitem a violação da integridade física e moral do ser humano.
Não há dúvidas de que, com a globalização e o desenvolvimento tecnológico ocorridos nas últimas décadas, se deu um intercâmbio cultural entre os países, possibilitando, de alguma forma, a unificação de alguns direitos fundamentais do ser humano. Mas isso não pode ser visto de forma absoluta e engessada, pois, da mesma forma que o intercâmbio cultural permitiu a unificação e uma maior isonomia, ele também acentuou as diferenças, que devem ser respeitadas e analisadas individualmente, de acordo com o histórico cultural de cada nação. A almejada igualdade entre os povos somente existirá no momento em que houver respeito às suas diferenças, sejam elas culturais, consuetudinárias, valorativas etc.
Dessa forma, o diálogo intercultural, se apresenta como a melhor alternativa para a efetiva proteção dos direitos humanos, na medida em que coaduna e harmoniza ideologias distintas, adequando os direitos humanos às diferenças existentes entre os povos.
Os valores culturais de determinada nação não podem encobrir as atrocidades praticadas em detrimento do ser humano. Contudo, é preciso, antes de se fazer qualquer tipo de julgamento, proceder à contextualização cultural de qualquer ato para então, a partir daí, elencar os direitos fundamentais a serem protegidos.
Ainda que a proteção incondicional à dignidade da pessoa humana não seja absoluta para todos os povos e nações, a ideia é compatibilizar visões isoladas de mundo a ordem global.
Marta Caldeira Miranda 
Valdiane Sousa Guimarães
DIR 09 NA Direitos Humanos
Prof: Rita de Cassia

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