Buscar

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - QUESTÕES DISCURSIVAS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 1 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 2 
 
 
 
 
 
www.questoesdiscursivas.com.br 
 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 3 
AUTORES: 
FELIPE BORBA 
Delegado de Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul desde 2010. Especialista em 
Direito Público pela FMP. Mestre em Direito pela UniRitter. Professor universitário e 
de cursos preparatórios para concursos. Já coordenou as disciplina de Direito Penal e 
de Direito Constitucional da Academia de Polícia Civil do Rio Grande do Sul. Integrou a 
banca do concurso para Agentes da Polícia Civil do RS (2013). Aprovado em diversos 
concursos públicos, tendo exercido os cargos de Analista do Ministério Público de 
Minas Gerais, Advogado do CREA/RS (aprovado em 1º lugar), Assessor do Ministério 
Público do Rio Grande do Sul (aprovado em 1º lugar) e advogado do CREMERS 
(aprovado em 2º lugar). 
RODRIGO DUARTE 
Advogado da União. Ex-Oficial de Justiça e Avaliador Federal no TRF da 2ª Região; Ex-
Técnico Administrativo do Ministério Público da União (MPU) e Ex-Técnico de 
Atividade Judiciária no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Aprovado e 
nomeado no concurso de Analista Processual do Ministério Público do Rio de Janeiro 
(MPE/RJ). 
MIGUEL BLAJCHMAN (Organizador) 
Advogado. Fundador do site Questões Discursivas. Ex-Analista de Planejamento e 
Orçamento da Secretaria Municipal da Fazenda do Rio de Janeiro (SMF/RJ). Aprovado 
nos seguintes concursos: Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado 
do Rio de Janeiro (TCE/RJ). Analista e Técnico do Ministério Público do Estado do Rio 
de Janeiro (MPE/RJ) e Advogado da Dataprev. 
 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 4 
ÍNDICE 
 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
1. PROCURADOR DO ESTADO – PGE/SE – 2017 – CESPE 
2. AUDITOR - TCE/SP - FCC - 2012 
3. ANALISTA DO MP – MPE/PI - 2018 - CESPE 
4. ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA - TRT8 - CESPE - 2013 
5. AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL - CESPE - 2012 
6. ADVOGADO DA UNIÃO – AGU - 2016 - CESPE 
7. POLICIAL CIVIL - PCAC - FUNCAB - 2015 
8. MAGISTRATURA FEDERAL - TRF2 - CESPE - 2011 
9. PROMOTOR DE JUSTIÇA - MPE/SP – 2010 – BANCA PRÓPRIA 
10. PROCURADOR DO MP - TCE/RO - FCC - 2008 
11. ADVOGADO DA UNIÃO – AGU - CESPE - 2006 
12. DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2017 - CESPE 
13. ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – TCE/SP – 2011 – FCC 
14. AUDITOR FISCAL - RECEITA FEDERAL - ESAF - 2012 
15. PROCURADOR MUNICIPAL – PGM-BOA VISTA/RR – 2010 - CESPE 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 5 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
PROCURADOR DO ESTADO – PGE/SE – 2017 – CESPE 
No que concerne aos crimes contra a administração pública, redija um texto 
dissertativo, respondendo, de modo fundamentado, aos seguintes questionamentos. 1 
Qual é o entendimento dos tribunais superiores a respeito da obrigatoriedade, nas 
ações instruídas por inquérito policial, da apresentação da defesa prévia, prevista no 
art. 514 do Código de Processo Penal, e a respeito do resultado da não apresentação 
da defesa prévia, no que se refere à nulidade? [valor: 8,25 pontos] 2 Qual é o 
tratamento dado a coautor particular no referido procedimento? [valor: 3,00 pontos] 3 
O funcionário público que tiver deixado de exercer o cargo tem direito à defesa prévia? 
[valor: 3,00 pontos] 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
O Superior Tribunal de Justiça sumulou o entendimento de “que é desnecessária 
a resposta preliminar de que trata o art. 514 do Código de Processo Penal (CPP), na 
ação instruída por inquérito policial” (Súmula n.º 330 – STJ). 
O Supremo Tribunal Federal, por sua vez, entendia ser imprescindível a defesa 
prévia, mesmo quando a denúncia fosse lastreada em inquérito policial (Informativo 
457/STF – HC 85.779/RJ). A fim de coadunar tais entendimentos, o Supremo Tribunal 
Federal firmou entendimento de que a não apresentação da defesa prévia resulta em 
nulidade relativa, devendo o prejudicado comprovar o prejuízo a ser causado pela não 
apresentação da referida defesa, uma vez que o objetivo do art. 514 do CPP é o de 
evitar a propositura de ações penais temerárias contra funcionários públicos (RHC 
120569, Rel. Ministro Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, julgado em 11/3/2014, 
Processo Eletrônico DJe-059 DIVULG 25/3/2014 PUBLIC 26/3/2014). 
 Por sua vez, o coautor particular não tem direito à resposta, conforme 
entendimento doutrinário (Nucci. Código de Processo Penal. 2013, p. 944) e 
jurisprudencial. Nesse sentido: “*...+ 1. A notificação do acusado para apresentar defesa 
antes do recebimento da denúncia, prevista no art. 514 do Código de Processo Penal, 
somente se aplica ao funcionário público, não se estendendo ao particular que seja 
coautor ou partícipe. Precedentes. *...+” (HC 78.984/SP, Rel. Ministro Jorge Mussi, 
Quinta Turma, julgado em 26/10/2010, DJe 13/12/2010). Do mesmo modo, o 
funcionário público que houver deixado de exercer o cargo também não tem direito à 
defesa preliminar, conforme entendimento do STF: “*...+ 
O procedimento especial previsto no art. 514 do Código de Processo Penal não é 
de ser aplicado ao funcionário público que deixou de exercer a função na qual estava 
investido. Precedentes. [...]AP 465, Rel. Ministra Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgado 
em 24/4/2014, Acórdão Eletrônico DJe-213 DIVULG 29/10/2014 PUBLIC 30/10/2014 
 
 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 6 
AUDITOR - TCE/SP - FCC - 2012 
João, escrivão de uma delegacia de polícia, apropriou-se da quantia de R$ 253,00 que 
havia sido apreendida em poder do indiciado no inquérito policial e estava sob a sua 
guarda para ser entregue à vítima. Instaurado outro inquérito policial para apurar a 
sua responsabilidade criminal, ressarciu a vítima, antes do recebimento da denúncia. 
Nesse caso, segundo jurisprudência dos Tribunais Superiores: a - o princípio da 
insignificância pode ser aplicado para justificar a atipicidade da conduta de João?; b - o 
ressarcimento espontâneo excluiu o crime em questão? Responda 
fundamentadamente. 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 Inicialmente, faz-se necessário tipificar a conduta de João, que praticou, em 
tese, o delito de peculato-apropriação, previsto na primeira parte do art. 312, caput, do 
Código Penal, uma vez que, na condição de funcionário público, apropriou-se de 
dinheiro de que tinha a posse em razão do cargo. 
 Conforme tem decidido o STJ, o princípio da insignificância não pode ser 
aplicado para reconhecer a atipicidade da conduta de João, pois a norma penal não 
objetiva resguardar apenas o aspecto patrimonial, mas a moral administrativa, o que 
torna inviável a firmação do desinteresse estatal à sua repressão. Trata-se de 
entendimento consagrado na Súmula nº 599 do STJ (“o princípio da insignificância é 
inaplicável aos crimes contra a Administração Pública”) Porém, em sentido oposto, o 
STF já reconheceu a possibilidade de incidência do princípio ao crime de peculato. 
 O princípio da insignificância tem o sentido de excluir ou de afastar a própria 
tipicidade penal, ou seja, não considera o ato praticado como um crime. Por isso, sua 
aplicação resulta na absolvição do réu, e não apenas na diminuição e substituição da 
pena ou não sua não aplicação. Para ser utilizado, faz-se necessária a presença de 
certos requisitos, tais como: (a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a 
nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do 
comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada (exemplo: o furto 
de algo de baixo valor). 
 Sua aplicação decorre no sentido deque o Direito Penal não deve se ocupar de 
condutas que produzam resultado cujo desvalor, por não importar em lesão 
significativa a bens jurídicos relevantes, não represente, por isso mesmo, prejuízo 
importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria 
ordem social. 
 Por fim, a reparação do dano não conduz à exclusão do crime, podendo servir 
tão somente como causa de redução de pena, conforme previsão do art. 16 do Código 
Penal (arrependimento posterior), desde que ela tenha se dado até o recebimento da 
denúncia. 
JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 7 
(...)o princípio da insignificância não pode ser aplicado para reconhecer a atipicidade 
da conduta de João, uma vez que a norma penal não objetiva resguardar apenas o 
aspecto patrimonial, mas a moral administrativa, o que torna inviável a firmação do 
desinteresse estatal à sua repressão. STJ, REsp 655.946/DF, rel. Min. Laurita Vaz, 5ª 
Turma, DJ 26/03/2007. 
HABEAS CORPUS. PECULATO PRATICADO POR MILITAR. PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. CONSEQÜÊNCIAS DA AÇÃO PENAL. 
DESPROPORCIONALIDADE. 1. A circunstância de tratar-se de lesão patrimonial de 
pequena monta, que se convencionou chamar crime de bagatela, autoriza a aplicação 
do princípio da insignificância, ainda que se trate de crime militar. 2. Hipótese em que 
o paciente não devolveu à Unidade Militar um fogão avaliado em R$ 455,00 
(quatrocentos e cinqüenta e cinco) reais. Relevante, ademais, a particularidade de ter 
sido aconselhado, pelo seu Comandante, a ficar com o fogão como forma de 
ressarcimento de benfeitorias que fizera no imóvel funcional. Da mesma forma, é 
significativo o fato de o valor correspondente ao bem ter sido recolhido ao erário. 3. A 
manutenção da ação penal gerará graves conseqüências ao paciente, entre elas a 
impossibilidade de ser promovido, traduzindo, no particular, desproporcionalidade 
entre a pretensão acusatória e os gravames dela decorrentes. Ordem concedida. (HC 
87478, Min. EROS GRAU, Primeira Turma, DJ23.2.2007). 
HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL MILITAR. PACIENTE 
DENUNCIADO PELA INFRAÇÃO DO ART. 303, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL MILITAR 
(PECULATO). ALEGAÇÃO DE INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. 
PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FAVORÁVEL À TESE DA IMPETRAÇÃO: 
APLICAÇÃO À ESPÉCIE VERTENTE. HABEAS CORPUS DEFERIDO”. (HC 92634, Min. 
CÁRMEN LÚCIA, Primeira Turma, DJ 15.2.22008). 
GRADE DE CORREÇÃO DA BANCA EXAMINADORA: 
Abordagem esperada: De acordo com o capítulo X, item 5, do Edital de Abertura de 
Inscrições, constará da avaliação da prova escrita o domínio técnico do conteúdo 
aplicado, a precisão da linguagem jurídica , quando for o caso , a correção e a 
adequação vocabular considerados os mecanismos básicos de Constituição do 
vernáculo e os procedimentos de coesão e argumentação. a -a - cuida-se, na 
espécie, de delito de peculato doloso, posto que o funcionário público se apropriou de 
dinheiro de que tinha a posse em razão do cargo.A jurisprudência do Superior Tribunal 
de Justiça, se consolidou no sentido de que o princípio da insignificância é aplicável ao 
delito de peculato. a missão no direito penal moderno consiste em tutelar os bens 
jurídicos mais relevantes. Em decorrência disso, a intervenção penal deve ter o caráter 
fragmentário, protegendo apenas os bens jurídicos mais importantes em caso de lesões 
de maior gravidade. Todavia, no crime de peculato, a norma não busca resguardar 
apenas o aspecto patrimonial, mas a moral da administração e à probidade 
administrativa, razão pela qual, o referido princípio é inaplicável (Agrg no 
Ag.1133678/SC, Rel. Ministro Félix Fischer; REsp. 1.060.82, Rel. Min. Jorge Mussi, 5a 
Turma, 28/06/2010). b - a reparação do dano, mesmo se for espontânea e anterior ao 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 8 
recebimento da denúncia pelo crime de peculato, não torna atípica a prática descrita 
na pela acusatória, podendo, apenas, influir na pena a ser imposta. 
 
ANALISTA DO MP – MPE/PI - 2018 - CESPE 
Indiciado pela prática de crime de estelionato, Carlitos está prestes a ser denunciado 
por Gael, promotor de justiça de uma cidade do interior do Piauí. Xavier, compadre de 
Gael e vizinho de Carlitos, sabendo da situação, solicitou ao indiciado a quantia de R$ 
500,00 a pretexto de usar sua influência com o promotor para tentar impedi-lo de 
oferecer a denúncia. Na semana seguinte, Carlitos, com a expectativa de não ser 
acusado, pagou o valor solicitado por Xavier; entretanto, foi regularmente denunciado 
por Gael. Xavier sequer havia mencionado o caso ao compadre. Com base nas 
informações da situação hipotética apresentada, redija um texto dissertativo 
abordando os seguintes aspectos: 1 - tipicidade das condutas de Xavier, de Carlitos e 
de Gael; [valor: 15,00 pontos] 2 - bem(ns) jurídico(s) afetado(s) pelo(s) eventual(is) 
crime(s) praticado(s); [valor: 4,00 pontos] 3 - momento da consumação e do 
exaurimento de eventual(is) crime(s) praticado(s); [valor: 7,00 pontos] 4 - 
posicionamento do Superior Tribunal de Justiça acerca da aplicação do princípio da 
insignificância em crime(s) da mesma natureza do(s) praticado(s) na situação 
hipotética apresentada. [valor: 12,00 pontos] 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
No que tange ao item 1, Xavier praticou o crime de exploração de prestígio, 
previsto no art. 357 do CP, que consiste em solicitar ou receber dinheiro ou qualquer 
outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, 
funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha. 
Carlitos pagou a quantia a Xavier na expectativa de que o membro do 
Ministério Público fosse influenciado, mas isso não ocorreu. Xavier sequer mencionou o 
caso com o compadre, o que caracteriza Carlitos como vítima de golpe/fraude por 
parte de Xavier, ou seja, Carlitos também é vítima da exploração de prestígio. 
Gael sequer ficou sabendo do fato e exerceu normalmente suas atribuições, não 
tendo praticado crime. Portanto, Xavier perpetrou a conduta do art. 357 do CP; Carlitos 
foi vítima da exploração de prestígio (conduta atípica) e Gael praticou conduta atípica. 
Acerca do item 2, os bens jurídicos protegidos são a administração pública 
(gênero) e, especificamente, a administração da justiça (espécie), em particular o 
normal funcionamento da atividade judiciária e o prestígio das pessoas que nela 
atuam. 
Em relação ao item 3, no caso, a conduta criminosa de Xavier se consumou no 
momento da solicitação dos R$ 500,00, sendo o pagamento mero exaurimento do 
crime. 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 9 
Por fim, a Súmula nº 599 do STJ estabelece que o princípio da insignificância é 
inaplicável aos crimes contra a administração pública. O crime de exploração de 
prestígio é crime contra a administração da justiça e está no título que trata dos crimes 
contra a administração pública. Portanto, em regra, o princípio da insignificância não 
pode ser aplicado aos crimes dessa natureza, independentemente de o valor envolvido 
ser irrisório. 
 
ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA - TRT8 - CESPE - 2013 
Estabeleça, com base no Código Penal brasileiro e na doutrina de referência, a 
diferença entre o crime de tráfico de influência e o de exploração de prestígio. 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 A conduta prevista é basicamente a mesma nos crimes de tráfico de influência e 
o de exploração de prestígio. O ponto diferenciador envolve o sujeito passivo da 
influência. 
 O ato de influenciar funcionário público do Poder Executivo ou do Poder 
Legislativo configura crime de tráfico de influência. Quando a influência atingir 
funcionário do Judiciário ou pessoas que atuam perante esse poder (juiz, jurado, órgão 
do Ministério Público, funcionário de justiça,perito, tradutor, intérprete ou 
testemunha), estaremos diante do crime de exploração de prestígio. 
 Portanto, a diferença básica entre os crimes consiste no fato de que o tráfico de 
influência é espécie de crime praticado por particular contra a administração em geral, 
enquanto que o crime de exploração de prestígio é crime contra a administração da 
justiça. 
 
AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL - CESPE - 2012 
O Departamento de Polícia Civil do Estado de São Paulo vem investigando os crimes 
cometidos por três pessoas, maiores e capazes, que atuam no roubo de cargas 
transportadas em operações interestaduais nos estados de São Paulo, Mato Grosso e 
Mato Grosso do Sul. As empresas transportadoras afetadas pelas ações dos criminosos 
são totalmente privadas, ou seja, não possuem participação financeira de nenhum 
ente da Federação, não havendo, portanto, em decorrência desses delitos, prejuízo 
patrimonial direto à União. Em operação destinada a prender em flagrante os 
criminosos, apenas um deles foi preso. No momento da prisão, ele ofereceu, ao chefe 
da equipe policial, cem mil reais para que fosse informalmente libertado. A proposta 
não foi aceita, e a prisão do criminoso foi efetuada, de acordo com as formalidades 
legais. Com base na situação hipotética apresentada acima, redija um texto 
dissertativo que responda, necessariamente e de maneira fundamentada, aos 
seguintes questionamentos. 1- Havendo necessidade de repressão uniforme dos 
crimes acima mencionados, poderá o Departamento de Polícia Federal investigar os 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 10 
delitos contra o patrimônio (roubos)? 2- Na situação considerada, a proposta feita pelo 
criminoso ao chefe da equipe policial configurou crime contra a administração pública? 
Em caso afirmativo, especifique o delito. 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 Cumpre destacar que à época da questão (2012) não restara configurado o 
crime de quadrilha ou bando (art. 288 do CP), pois o tipo, em sua redação antiga, 
exigia a associação de mais de três pessoas para o fim específico de cometer crimes. 
Todavia, com a alteração trazida pela Lei nº 12.850/13, o art. 288 do CP – atualmente 
com o nomen juris de associação criminosa – exige a associação de três ou mais 
pessoas para o fim específico de cometer crimes. Portanto, diante do enunciado, 
poderíamos hoje afirmar a configuração do crime de associação criminosa do art. 288 
do CP. 
 Com relação à atribuição para investigar os delitos contra o patrimônio, é 
seguro afirmar que cabe à Polícia Federal tal atividade. Isso pode ser depreendido da 
Lei nº 10.446/02, que aduz que quando houver repercussão interestadual ou 
internacional que exija repressão uniforme, poderá o Departamento de Polícia Federal, 
sem prejuízo da responsabilidade dos órgãos de segurança pública arrolados no art. 
144 da CRFB, investigar furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e 
valores, transportadas em operação interestadual ou internacional, quando houver 
indícios da atuação de quadrilha ou bando em mais de um Estado da Federação. 
 Ainda que se afirme que o enunciado não traga explicitamente que há indícios 
da atuação da quadrilha ou bando em mais de um Estado da Federação, caberia à 
Polícia Federal investigar, desde que autorizada pelo Ministro da Justiça. Destaque-se, 
ainda, que essa atribuição da Polícia Federal ocorre sem qualquer prejuízo da 
investigação que vem sendo conduzida pela Polícia Civil do Estado de São Paulo, bem 
como independentemente do fato de as cargas serem privadas e não haver qualquer 
prejuízo direto à União. 
 Por fim, quanto ao oferecimento por parte do criminoso ao chefe da equipe 
policial de cem mil reais para que fosse informalmente liberado, podemos afirmar 
tratar-se do crime de corrupção ativa consumado, nos termos do art. 333 do CP. É um 
crime contra a Administração Pública cuja consumação ocorre, no caso, com o 
oferecimento da vantagem indevida, independentemente do aceite ou não por parte 
do funcionário público. 
 
ADVOGADO DA UNIÃO – AGU - 2016 - CESPE 
Durante uma reunião em que se discutia a aplicação à empresa Alfa Ltda. de 
penalidade de impedimento de licitar — que fora sugerida em parecer elaborado por 
Marcelo, advogado da União —, o proprietário da empresa, João, com a intenção de 
atingir a honra do referido servidor público, acusou-o falsamente de estar utilizando 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 11 
seu cargo para beneficiar sua concorrente, a empresa Beta S.A., já que, com a 
aplicação da penalidade sugerida, a empresa Beta seria a única no mercado nacional 
apta a fornecer o objeto do contrato. Redija um texto dissertativo a respeito da 
conduta de João, proprietário da empresa Alfa Ltda. Em seu texto, aborde 1- o crime 
cometido por João; [valor: 2,00 pontos] 2- o objeto jurídico tutelado pelo Código Penal 
com a tipificação do crime cometido e os requisitos para a configuração desse delito; 
[valor: 3,00 pontos] 3- a legitimação para a propositura da ação penal, considerando a 
doutrina e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. [valor: 4,50 pontos] 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 Em relação ao item 1, João perpetrou o delito de calúnia, nos termos do art. 138 
do CP, pois imputou falsamente ao Advogado da União fato tido como crime. 
 Em relação ao item 2, a doutrina abalizada menciona que o bem jurídico 
tutelado com a tipificação do crime de calúnia é a honra objetiva, ou seja, a reputação 
da pessoa, abarcando o conceito que os demais membros da sociedade possuem a 
respeito do indivíduo. Esse conceito abrange os atributos morais, éticos, culturais, 
intelectuais, físicos e/ou profissionais, sendo, portanto, o sentimento do outro que 
incide acerca das próprias qualidades ou atributos. 
 Em relação ao item 3, para que a calúnia fique configurada como crime, 
demanda-se: a) a imputação de fato determinado qualificado como crime; b) a 
falsidade da imputação; e c) o elemento subjetivo (animus caluniandi). Se não houver a 
configuração de qualquer desses elementos, não se cristaliza o delito de calúnia. 
 Frise-se que o art. 145, parágrafo único, do CP aduz que em se tratando de 
crimes contra a honra de funcionário público em razão de suas funções, a ação penal 
será pública condicionada à representação. A Súmula nº 714 do STF entende que por 
violar o interesse individual do funcionário público, é concorrente a legitimidade do 
ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do 
ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do 
exercício de suas funções. Embora o STF afirme tratar-se de legitimação concorrente, a 
doutrina tem entendido que a hipótese aludida na referida súmula é de legitimação 
alternativa. 
 O próprio STF possui entendimentos no sentido de que se o funcionário público 
ofendido em sua honra apresenta representação, fica preclusa a instauração penal de 
iniciativa privada, já que, em tal hipótese, o Ministério Público estaria definitivamente 
investido na legitimação para a causa. Logo, de acordo com a doutrina mais abalizada, 
se o STF entende que, uma vez oferecida a representação pelo ofendido, autorizando o 
Ministério Público a agir, não será mais possível o oferecimento da queixa-crime, a 
legitimação não é concorrente, mas alternativa. 
 Sendo ação penal condicionada à representação, o Ministério Público não 
estaria legitimado a agir de ofício, cabendo ao ofendido fazer a opção entre a 
representação ou oferecer queixa-crime. Para que fosse efetivamente concorrente, o 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 12 
ofendido deveria poder discordar da manifestação do Ministério Público no sentido de 
arquivamento e ingressar com a ação privada. 
JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: 
"Exige-se, parao fim de balizar a legitimação concorrente do Ministério Público 
(Súmula 714, deste STF) quando o funcionário público é ofendido em razão de suas 
funções, contemporaneidade entre as ofensas e o exercício do cargo, mas não 
contemporaneidade entre a data da denúncia e o exercício do cargo. O ordenamento 
jurídico confere legitimação ao Ministério Público em razão da necessidade de se 
tutelar, nessas hipóteses, além da honra objetiva ou subjetiva do funcionário, o 
interesse público atingido quando as ofensas são irrogadas em razão da função 
exercida. Ocorre que, nesses casos - quando há nexo de causa e efeito entre a função 
exercida pelo ofendido e as ofensas por ele sofridas -, também vulnerado resta de 
forma reflexa o bem jurídico Administração Pública." (Inq 3438, Relatora Ministra Rosa 
Weber, Primeira Turma, julgamento em 11.11.2014, DJe de 10.2.2015) 
 GABARITO DA BANCA EXAMINADORA: 
Espera-se que o candidato desenvolva sua resposta com base no que se apresenta a 
seguir: 1- João cometeu o crime de calúnia (delito tipificado no art. 138 do Código 
Penal) contra o advogado da União ao imputar-lhe falsamente fato definido como 
crime. O fato imputado a Marcelo consiste no crime de advocacia administrativa, 
previsto no art. 321 do Código Penal. 2 Sobre o referido tipo penal, ensina Bitencourt 
(2012, p. 623) que o bem jurídico protegido pela tipificação do crime de calúnia, para 
aqueles que adotam essa divisão, é a honra objetiva, isto é, a reputação do indivíduo, 
o conceito que os demais membros da sociedade têm a respeito do indivíduo, 
relativamente a seus atributos morais, éticos, culturais, intelectuais, físicos ou 
profissionais; é, em outros termos, o sentimento do outro que incide sobre as nossas 
qualidades ou nossos atributos. 3 Os requisitos para a configuração do crime são: a) a 
imputação de fato determinado qualificado como crime; b) a falsidade da imputação; 
c) o elemento subjetivo — animus caluniandi. A ausência de qualquer desses 
elementos impede que se possa falar em fato definido como crime de calúnia. O 
parágrafo único do art. 145 do Código Penal dispõe que, em se tratando de crimes 
contra a honra de funcionário público em razão de suas funções, a ação penal será 
pública condicionada à representação. Contudo, o STF, na Súmula n.º 714, passou a 
entender que, por violar o interesse individual do funcionário público, “é concorrente a 
legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à 
representação do ofendido, para ação penal por crime contra a honra de servidor 
público em razão do exercício de suas funções”. Embora o STF afirme tratar-se de 
legitimação concorrente, a doutrina tem entendido que a hipótese aventada na 
súmula é de legitimação alternativa. Essa conclusão é retirada de entendimento da 
própria Corte Suprema, que entende que, “se o funcionário público ofendido em sua 
honra apresenta representação, estaria preclusa a instauração penal de iniciativa 
privada, já que, em tal hipótese, o Ministério Público estaria definitivamente investido 
na legitimação para a causa”. (STF, Pleno, Inq. 1.939/BA, rel. min. Sepúlveda Pertence, 
j. 3/3/2004.) Ensina Oliveira (2009, p. 127) que, se o próprio Supremo entende que, 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=7709011
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 13 
uma vez oferecida a representação pelo ofendido, autorizando o Ministério Público a 
agir, não será mais possível o oferecimento da queixa-crime, forçoso é concluir que a 
legitimação, nesse caso, da Súmula n.º 714, não é concorrente, mas sim alternativa. Na 
verdade, sendo condicionada à representação, o Ministério Público jamais estaria 
legitimado a agir de ofício; caberia, portanto, ao ofendido fazer a opção entre a 
representação, escolhendo a via da ação penal pública, ou oferecer queixa-crime, 
optando pela ação penal de iniciativa privada. Para que fosse efetivamente 
concorrente, o ofendido deveria poder discordar da manifestação do Ministério 
Público — no sentido de arquivamento — e ingressar com a ação privada. FONTE: 
Cezar Roberto Bitencourt. Código Penal comentado. 7.ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012. 
Eugênio Pacelli de Oliveira. Curso de processo penal. 11.ª ed. Rio de Janeiro: Editora 
Lumen Juris, 2009. 
 
POLICIAL CIVIL - PCAC - FUNCAB - 2015 
O policial civil Carlos Sperto, após exaustiva investigação, logra prender em flagrante 
delito, o indivíduo Pedro Custódio, conhecido pela alcunha de "motoboy", quando 
este vendia a pessoa não identifica por ter se evadido, certa quantidade da droga 
conhecida como crack, substância sabidamente nociva à saúde. No momento da 
abordagem policial, foi encontrada na mochila portada por “motoboy" a quantidade 
de 72 pedras de crack e 103 papelotes de cloridrato de cocaína. Instigado por seu 
cunhado David Silva, presente no momento da ação, o policial Carlos obriga 
"motoboy" a pagar a quantia de R$ 2.500,00, para não conduzi-lo ate a delegacia 
policial da área, sendo certo que o preso concordou com o valor estipulado, 
entretanto, alegou que somente poderia efetuar o pagamento em questão de dois dias 
depois, quando iria dispor do dinheiro, e assim ficou acertado. Neste interregno, o 
fato chegou ao conhecimento da Corregedoria de Policia, tendo a autoridade 
instaurado regular inquérito policial e representado pela prisão temporária, que foi 
decretada pelo juiz de direito competente. De posse do mandado de prisão, agentes 
da Corregedoria de Polícia se postaram de forma estratégica no local e obstaram o 
pagamento de forma estratégica no local e obstaram o pagamento a ser 
realizado. Analisando o fato descrito sob a ótica do Direito Penal, tipifique as condutas 
de Carlos Sperto e Pedro Custódio, o "motoboy", de forma justificada, em texto 
discursivo de 15 a 20 linhas. 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 O policial civil Carlos Sperto, por ser funcionário público e se encontrar no 
exercício da função, com sua conduta, praticou crime contra a Administração Pública, 
tipificado como concussão (art. 316 do CP). 
 Trata-se de delito próprio, doloso, considerando que a ação desenvolvida pelo 
agente deve ser consciente e com a vontade livre de exigir a vantagem, sabendo ser 
indevida. Além disso, foi consumado por ser formal e não exigir a ocorrência de 
resultado naturalístico, conformando-se com a simples exigência da vantagem 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 14 
indevida de caráter econômico ou patrimonial, independentemente do seu 
recebimento (da vantagem) que, neste caso, constitui-se em exaurimento. 
 Pedro Custódio, o “Motoboy”, por sua vez, comete o delito de tráfico ilícito de 
drogas (art. 33 da Lei nº 11.343/06), por ter sido encontrado e preso no momento em 
que vendia droga a pessoa não identificada, além de ter em seu poder grande 
quantidade de crack e de cocaína. 
 É certo que “Motoboy” não pratica o delito de corrupção ativa, previsto no art. 
333 do CP, uma vez que a conduta típica do referido crime consiste no oferecimento ou 
promessa de vantagem de forma espontânea. Se houve imposição do funcionário, não 
há corrupção ativa. 
 
MAGISTRATURA FEDERAL - TRF2 - CESPE - 2011 
Responda, justificadamente: como deverá ser punido o agente público, carcereiro, que 
recebe vantagem indevida em dinheiro para que na semana seguinte ao crédito do 
valor em seu benefício deixe fugir da prisão, como de fato vem a ocorrer, acusado que 
lá se encontrava legalmente preso? 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 O agente público carcereiro que, após receber vantagem indevida deixa fugir 
um preso, pratica o crime tipificado no art. 351, §3º, do CP. Malgrado sua conduta 
também se emoldure no art. 317, §1º, do CP (corrupção passiva), uma vez que recebeu 
vantagem indevida para deixar de praticar ato de seu ofício (impedir a fuga), a 
situação é dirimida pelo princípio da especialidade (princípiode solução do conflito 
aparente de normas). 
 Decerto, o art. 351, §3º, do CP possui uma circunstância especial, consistente na 
facilitação de fuga por parte da pessoa que possui o dever de evitar a evasão (“pessoa 
sob cuja custódia ou guarda está o preso ou o internado”). Esse elemento específico 
não existe no art. 317, caput, e §1º do CP. 
 Logo, quando a vantagem indevida for recebida por carcereiro ou agente 
penitenciário para auxiliar ou facilitar a fuga, prevalece o art. 351, §3º, do CP. 
OBSERVAÇÃO DO PROFESSOR: 
 Vale registrar que essa não é uma posição pacífica na doutrina. Para ilustrar, 
Júlio Fabbrini Mirabete e Renato N. Fabbrini, conquanto reconheçam a orientação 
jurisprudencial, postulam em favor da incidência do artigo 317 do Código Penal: “Já se 
decidiu que aqueles que, como guardas de presídio e sob promessa de vantagem 
indevida, facilitam a fuga de detentos e por isso foram incluídos como coautores do 
delito, não podem responder, também, por corrupção passiva. Aplica-se à hipótese o 
princípio da especialidade. O crime do artigo 351 do CP tem caráter específico, ao 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 15 
contrário do artigo 317. A corrupção passiva, porém, possui um plus (interesse na 
vantagem indevida); é crime mais grave e deve absorber o ilícito em exame.” 
 
PROMOTOR DE JUSTIÇA - MPE/SP – 2010 – BANCA PRÓPRIA 
É possível, em um mesmo fato, a convivência do crime de concussão com o de 
corrupção ativa por particular? Justifique. 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 Concussão é um delito definido no art. 316 do CP. Trata-se de crime próprio, 
pois pode ser cometido somente por funcionário público. Na dicção do dispositivo legal, 
configura-se com a exigência de vantagem indevida por parte de um agente público. O 
núcleo do tipo é exigir, no sentido de impor ou ordenar. Assim, o funcionário público 
emprega o metus publicae potestatis para influir sobre uma pessoa, fazendo com que 
esta lhe entregue uma vantagem indevida. 
 Já a corrupção ativa, preconizada no art. 333 do CP, consiste em oferecer ou 
prometer uma vantagem indevida a funcionário público. É crime comum, podendo ser 
praticado por qualquer pessoa. 
 A questão indaga se, no mesmo contexto, é possível a configuração das duas 
infrações penais. Em outras palavras, se o funcionário público exige vantagem indevida 
a um particular e este, anuindo à intimidação, entrega tal vantagem, haveria a 
consumação dois crimes: concussão para o funcionário público (art. 316 do CP) e 
corrupção ativa para o particular (art. 333 do CP)? 
 Quase à unanimidade, doutrina e jurisprudência entendem que na hipótese 
aventada ocorre apenas o crime de concussão, pelo qual responde o funcionário 
público. O particular que entrega a vantagem exigida não será punido. Portanto, o 
funcionário público (intraneus) será responsabilizado pelo crime de concussão e o 
particular (extraneus) não será punido, já que sua conduta é reputada como atípica. 
JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: 
[...] Não configura o tipo penal de corrupção ativa sujeitar-se a pagar propina exigida 
por Autoridade Policial, sobretudo na espécie, onde não houve obtenção de vantagem 
indevida com o pagamento da quantia. ‘Caso a oferta ou promessa seja efetuada por 
imposição ou ameaça do funcionário, o fato é atípico para o extraneus, configurando-
se o delito de concussão para o funcionário’ *...+” (STJ, HC 62908/SE, 5ª T., Rel. Min. 
Laurita Vaz, DJ 3/12/2007, p. 339). 
 
PROCURADOR DO MP - TCE/RO - FCC - 2008 
A existência de um crime de corrupção passiva importa necessariamente na existência 
de outro de corrupção ativa? Responda exemplificando e justifique. 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 16 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 A bilateralidade não é requisito indispensável da corrupção, podendo esta 
apresentar-se de maneira unilateral. Por isso, de acordo com a qualidade do agente, o 
legislador criou delitos autônomos. 
 O funcionário público pode “solicitar” vantagem indevida e o particular não 
concordar com a solicitação. Nesse caso, consuma-se o delito de corrupção passiva, 
mas não o de corrupção ativa. 
 Assim, embora, conforme as circunstâncias, seja possível verificar-se ao mesmo 
tempo as duas figuras delituosas, a existência de um crime de corrupção passiva não 
importa necessariamente na existência de outro de corrupção ativa. 
 
ADVOGADO DA UNIÃO – AGU - CESPE - 2006 
Redija um texto dissertativo acerca do crime de desobediência, abordando, 
obrigatoriamente, os seguintes casos à luz do ensinamento do Superior Tribunal da 
Justiça: I) sujeito ativo ser funcionário público; II) necessidade que o destinatário da 
ordem esteja juridicamente obrigado a obedecer; III) norma extrapenal 
considerando sanção de natureza civil ou administrativa. 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 O delito de desobediência vem previsto no art. 330 do Código Penal, estando 
inserido topograficamente na parte dos crimes praticados por particular contra a 
administração em geral, que, por sua vez, está localizado na parte de crimes praticados 
contra a Administração Pública. O tipo penal tem por escopo resguardar a obediência 
das ordens exaradas por funcionários públicos no exercício de suas funções e, por isso, 
entende-se que o sujeito passivo é o próprio Estado. 
 Referido delito é crime comum, de forma que pode ser perpetrado por qualquer 
pessoa. Existe grande controvérsia sobre a possibilidade de que esse delito seja 
praticado por funcionário público, uma vez que se inscreve nos crimes praticados por 
particulares contra a Administração Pública. Quando um agente público pratica ou 
deixa de praticar um ato, revestido da condição funcional, não pode ser sujeito ativo do 
crime de desobediência, pois ele é “reservado” aos particulares. Com isso, o agente 
público somente pode praticar crime de desobediência se estiver fora das suas 
atividades funcionais, ou seja, na condição de particular. 
 Inexiste possibilidade de que esse delito seja perpetrado por agente público 
quando não atende uma ordem judicial emanada, em razão da função pública por ele 
exercida. Há ato abusivo quando se determina a prisão de servidor público, atuando 
em tal condição, por suposto desatendimento a uma ordem judicial. Inclusive, a 
jurisprudência é pacífica ao afirmar que crime de desobediência somente é praticado 
por agente público quando este está agindo como particular. 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 17 
 Contudo, ainda que se cogite da prática de crime de desobediência, não pode a 
autoridade judicial simplesmente expedir sua ordem de prisão, já que o crime é de 
competência dos juizados especiais criminais. O procedimento correto é comunicar à 
autoridade policial da desobediência havida, para ser lavrado o termo circunstanciado 
e agendada audiência. 
 Importante aduzir que o STJ possui alguns entendimentos no sentido de que 
funcionário público pode ser sujeito ativo do delito de desobediência, mesmo diante da 
topografia do tipo penal, se estiver obrigado a obedecer. 
 Por fim, ressalte-se que o STJ possui entendimento no sentido de que para a 
configuração do delito de desobediência, salvo se a lei ressalvar expressamente a 
possibilidade de cumulação da sanção de natureza civil ou administrativa com a de 
natureza penal, não basta apenas o não cumprimento de ordem legal, sendo 
indispensável que, além de legal a ordem, não haja sanção determinada em lei 
específica no caso de descumprimento. 
JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: 
RHC. PENAL. CRIME DE DESOBEDIÊNCIA. PREFEITO MUNICIPAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. 
1. Em princípio, diante da expressiva maioria da jurisprudência, o crime de 
desobediência definido no art. 330 do CP só ocorre quando praticado por particular 
contra a Administração Pública, nele não incidindo a conduta do Prefeito Municipal, no 
exercício de suasfunções. É que o Prefeito Municipal, nestas circunstâncias, está 
revestido da condição de funcionário público. 2. Constrangimento indevido 
representado pela cláusula "sob pena de incidir em crime de desobediência à ordem 
judicial" corporificado em intimação para pagamento em 48 horas de vencimentos em 
atraso, não pleiteado em medida cautelar inominada, cujo provimento liminar, em 
segunda instância, assegura apenas a reintegração em cargo do qual foi o servidor 
demitido. 3. Recurso provido. Decisão: Por unanimidade, dar provimento ao recurso. 
Segundo o STJ, além de funcionário público não responder por crime de 
desobediência, Juiz do trabalho não pode decretar prisão. HC 6000/DF ; HABEAS 
CORPUS (1997/0049412-8) Fonte DJ DATA:19/12/1997 PG:67533 Relator: Min. 
ANSELMO SANTIAGO (1100) Data da Decisão 17/11/1997 Órgão Julgador T6 - SEXTA 
TURMA. Publicada em 06/08/2002. Min. FERNANDO GONÇALVES (1107) Data da 
Decisão 29/10/1998 Órgão Julgador T6 - SEXTA TURMA. 
“PENAL – CRIME DE DESOBEDIÊNCIA – DETERMINAÇÃO JUDICIAL ASSEGURADA POR 
SANÇÃO DE NATUREZA CIVIL – ATIPICIDADE DA CONDUTA. As determinações cujo 
cumprimento for assegurado por sanções de natureza civil, processual civil ou 
administrativa, retiram a tipicidade do delito de desobediência, salvo se houver 
ressalva expressa da lei quanto à possibilidade de aplicação cumulativa do art. 330, do 
CP. Ordem concedida para cassar a decisão que determinou a constrição do paciente, 
sob o entendimento de configuração do crime de desobediência." (HC 16.940/DF, DJ 
de 18/11/2002, Relator Min. JORGE SCARTEZZINI). 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 18 
“CRIMINAL. RECURSO ESPECIAL. DESCUMPRIMENTO DE ORDEM JUDICIAL, POR 
SECRETÁRIO DE SAÚDE DO ESTADO DE RONDÔNIA. CRIME DE DESOBEDIÊNCIA. 
POSSIBILIDADE DE CONFIGURAÇÃO. RECURSO PROVIDO. O funcionário público pode 
cometer crime de desobediência, se destinatário da ordem judicial, e considerando a 
inexistência de hierarquia, tem o dever de cumpri-la, sob pena da determinação judicial 
perder sua eficácia. Precedentes da Turma. Rejeição da denúncia que se afigura 
imprópria, determinando-se o retorno dos autos ao Tribunal a quo para nova análise 
acerca da admissibilidade da inicial acusatória. Recurso especial provido, nos termos 
do voto do relator. REsp 1173226 / RO. Ministro GILSON DIPP. 17/03/2011. DJe 
04/04/2011 
 
DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2017 - CESPE 
Gertrudes, dona de casa, foi incluída em inquérito policial que apura suposta prática 
de peculato-desvio (art. 312, caput, 2ª parte do Código Penal) em cidade do interior do 
estado de Goiás. A dona de casa foi apontada como beneficiária de um lote de leite em 
pó desviado de entidade beneficente do município, em um esquema que envolvia, 
ainda, João e Pedro, funcionários da Secretaria de Assistência Social municipal, que 
perpetraram o ilícito valendo-se das facilidades propiciadas por seus cargos, uma vez 
que, por causa dos cargos, tinham a posse do referido produto. O lote de leite foi 
encontrado na casa de Gertrudes, que na ocasião, afirmou saber da origem ilícita do 
leite em pó e pretender usá-lo para alimentar seus filhos. O Ministério Publico 
pretende denunciá-la por peculato-desvio e a defesa pretende pedir a desclassificação 
para receptação (art. 180, caput, do CP). Código Penal – Peculato - Art. 312 - Apropriar-
se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou 
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou 
alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Receptação -Art. 180 - Adquirir, 
receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que 
sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou 
oculte: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. A respeito dessa situação 
hipotética, responda, de forma fundamentada, aos seguintes questionamentos: 1- É 
possível a imputação do crime de peculato-desvio a Gertrudes, como deseja o 
Ministério Público? 2- É possível a responsabilização de Gertrudes pelo crime de 
receptação, nos termos da tese defensiva? 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 O crime de peculato demanda a condição de funcionário público do agente para 
sua caracterização, conforme se observa da leitura do artigo 312 em questão. Por isso, 
é classificado como “crime próprio”. Entretanto, é possível que um particular, que não 
se enquadre no conceito legal de funcionário público (art. 327 do CP), seja sujeito ativo 
do crime, uma vez que a expressão “funcionário público” é circunstância elementar de 
caráter subjetivo do tipo do artigo 312, de maneira que, por força do artigo 30 do 
Código Penal, comunica-se a todos os participantes do fato. 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 19 
 Para que se conceba essa hipótese, dois requisitos devem estar presentes: i) o 
particular deve ter concorrido para a prática da infração penal; e ii) o particular deve 
ter conhecimento acerca da qualidade de funcionário público do sujeito que concorre 
para a prática delitiva. 
 Diante desse quadro, pode-se afirmar que seria possível a imputação do crime 
de peculato-desvio a Gertrudes, desde que houvesse indícios de que ela teria 
concorrido para a prática do delito, na linha do previsto no artigo 29 do Código Penal, 
bem como que ela possuísse consciência sobre a qualidade de funcionários públicos de 
João e de Pedro, ou seja, que ela tivesse conhecimento de que estaria aderindo à 
conduta dos agentes públicos. Assim sendo, ressalta-se que o mero fato de os bens 
desviados pelos funcionários públicos serem encontrados na casa de Gertrudes não se 
mostra suficiente para embasar denúncia por crime de peculato-desvio contra ela, já 
que faltante a explicitação dos requisitos supracitados. 
 Sobre a tese defensiva apresentada por Gertrudes, no sentido de que pretendia 
alimentar seus filhos com o lote de leite desviado, cabe destacar que, embora haja 
discussão doutrinária e jurisprudencial acerca da tipicidade do chamado “peculato de 
uso”, predomina o entendimento de que, em relação a bens consumíveis, não se cogita 
do caráter atípico do fato. Por outro lado, a depender das circunstâncias do caso 
concreto, poder-se-ia cogitar da exclusão da ilicitude da conduta, com fulcro no estado 
de necessidade (art. 24 do Código Penal), uma vez que ficasse evidenciada situação de 
extrema dificuldade financeira de Gertrudes, conjugada com a inexistência de 
razoáveis e lícitas alternativas de nutrição de seus filhos. 
 Quanto ao segundo questionamento, afigura-se viável a responsabilização de 
Gertrudes pelo crime de receptação. Para tanto, como já referido, basta que o 
Ministério Público não tenha angariado elementos de convicção que apontassem na 
linha de que a acusada tivesse concorrido para os atos atribuídos a João e Pedro, ou de 
que soubesse que estes seriam funcionários públicos. 
 Diferentemente do crime de peculato-desvio, a receptação está suficientemente 
narrada no enunciado da questão, uma vez que Gertrudes teria recebido produto de 
crime (no caso, produto do crime de peculato-desvio), confessando inclusive o 
elemento subjetivo específico do crime (dolo), ao declarar que tinha ciência acerca do 
caráter ilícito do lote de leite em questão. Assim, sua conduta se amolda perfeitamente 
ao tipo do artigo 180 do Código Penal. 
JURISPRUDÊNCIA APLICADA: 
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PENAL. INSTITUTO CANDANGO DE 
SOLIDARIEDADE. FUNCIONÁRIO PÚBLICO POR EQUIPARAÇÃO. PECULATO. 
CONCURSO DE PESSOAS. CABIMENTO. CIÊNCIA DA CONDIÇÃO PESSOAL DOS 
CORRÉUS. ELEMENTAR DO CRIME. ARTIGO 30 DO CÓDIGO PENAL. 1. No que toca ao 
delito de peculato admite-se o concurso de agentes entre funcionários públicos (ou 
equiparados, nos termos do art. 327, § 1º, do Código Penal) e terceiros, desde que 
esses tenham ciência da condição pessoal daqueles, pois referidacondição é 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 20 
elementar do crime em tela (artigo 30 do Código Penal).(...) 3. Agravo regimental 
improvido. (AgRg no REsp 1459394/DF, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS 
MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 17/09/2015, DJe 07/10/2015) 
 
ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – TCE/SP – 2011 – FCC 
Tício, Deputado Estadual, Presidente da Assembléia Legislativa de um determinado 
Estado Brasileiro, autorizou, por meio de ato administrativo, o aumento de despesa de 
pessoal 120 dias antes do final de seu mandato, sem que houvesse disponibilidade de 
recursos, comprometendo a regularidade das Finanças Públicas. Decorridos 30 dias da 
data da autorização, o aumento foi implantado. Quando o fato foi noticiado pela 
imprensa local, a autoridade policial efetuou a prisão em flagrante de Tício. Analise a 
situação descrita e responda, fundamentadamente: A- Qual crime cometido por Tício e 
qual a espécie de ação penal cabível ? B- Para caracterização desse delito exige-se dolo 
específico ? Admite-se a forma culposa ? C- Qual o sujeito passivo e quem pode ser 
sujeito ativo desse delito ? D- Quando ocorre a consumação desse crime ? E- Houve 
alguma ilegalidade na prisão em flagrante ? 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 Tício cometeu, em tese, o delito previsto no art. 359-G do Código Penal, com a 
redação dada pela Lei No. 1.028/2000. A ação penal cabível para essa infração penal é 
a ação penal pública incondicionada. 
Para a caracterização desse delito não é exigido o dolo específico, bastando o 
genérico, consistente na vontade de ordenar ou autorizar a assunção da mencionada 
obrigação. Não se admite a forma culposa. 
O sujeito passivo deste crime é o Estado e, secundariamente, a sociedade. O 
sujeito ativo do crime é o funcionário público competente para autorizar, ordenar ou 
executar o ato que acarrete aumento de despesa com pessoal Podem ser sujeitos 
ativos do delito em foco os chefes do Poder Executivo, os dirigentes do Poder 
Legislativo, os Presidentes dos Tribunais de Contas, os Presidentes dos Tribunais e os 
Chefes do Ministério Público, em funções administrativas, bem como todos os outros 
gestores nomeados para o exercício de um mandato, desde que gozem de autonomia 
administrativa e financeira para deliberar sobre gastos e estejam no exercício do cargo. 
Outrossim, deverá ser respeitado o conceito de funcionário público estabelecido pelo 
art. 327 do Código Penal. 
O crime consuma-se com a ordem ou autorização para que se assuma 
irregularmente a obrigação. Trata-se de crime formal, dispensando-se para a 
consumação que a obrigação venha a ser efetivamente assumida. 
A prisão em flagrante foi ilegal, pelos seguintes motivos: 1) o crime já estava 
consumado com o ato administrativo que autorizou o aumento de despesa de pessoal 
180 dias antes do término do mandato, sendo a implantação do aumento mero 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 21 
exaurimento do delito, não estando caracterizada qualquer hipótese prevista no art. 
302, do Código de Processo Penal; 
 Tício, por ser Deputado Estadual, só pode ser preso em flagrante por crime 
inafiançável, sendo de rigor a aplicação do art. 53, parágrafo 2º, da Constituição 
Federal de 1988, e artigo 14, parágrafo 2º, da Constituição do Estado de São Paulo. No 
caso em tela, o crime previsto no art. 359-G, do Código Penal tem pena mínima 
cominada de 01 ano e, portanto, é afiançável, na forma do artigo 323, do Código de 
Processo Penal. 
 
AUDITOR FISCAL - RECEITA FEDERAL - ESAF - 2012 
Elabore um texto objetivo sobre o princípio da insignificância e sua aplicação ao crime 
de descaminho, abordando necessariamente os seguintes aspectos: a) parâmetro 
legal-tributário que tem sido utilizado pelo Poder Judiciário para a aplicação do 
princípio da insignificância ao crime de descaminho; b) se os Auditores-Fiscais da 
Receita Federal do Brasil podem deixar de constituir créditos tributários relativos a 
tributos aduaneiros sob o argumento de aplicação do princípio da insignificância; c) 
eventuais consequências da aplicação do princípio da insignificância ao crime de 
descaminho no que tange aos tributos aduaneiros. 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
Primeiramente, é preciso registrar que o crime de descaminho está tipificado 
no artigo 334 do Código Penal e, com as alterações introduzidas pela Lei nº 13.008/14, 
consiste na conduta de sonegar, total ou parcialmente, o pagamento de imposto 
referente à entrada, à saída ou ao consumo de mercadorias. 
A possibilidade de aplicação do princípio da insignificância ou bagatela 
durante um bom tempo foi um tema divergente na jurisprudência dos Tribunais 
Superiores. 
Para o STJ, em um primeiro momento, não era possível a aplicação do 
princípio da insignificância ao crime de descaminho, sob o fundamento de que o artigo 
20 da Lei nº 10.522/02 não poderia servir como parâmetro. Isso se fundamentava no 
fato de que o mencionado diploma legal traria uma mera opção de política 
administrativo-fiscal, pautada nos princípios da eficiência e economicidade, não 
possuindo qualquer razoabilidade em correlacionar o exercício da jurisdição penal à 
iniciativa de uma autoridade fazendária. 
Ademais, o STJ entendia que o mencionado dispositivo legal, por se referir 
apenas à possibilidade de arquivamento, sem baixa na distribuição, das execuções 
fiscais ajuizadas com valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 não levaria à 
extinção do crédito tributário. Logo, não teria o condão de ser parâmetro para uma 
irrelevância penal do descaminho. 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 22 
Nessa perspectiva, também é preciso considerar que os tributos aduaneiros, 
que incidem nas operações de entrada e saída de mercadorias do país, especialmente o 
imposto sobre a importação (II) e o imposto sobre produtos industrializados (IPI), 
possuem como uma de suas características a extrafiscalidade, ou seja, são utilizados 
pela União para interferir na atividade econômica do país. Assim, no que tange ao 
crime de descaminho, os bens jurídicos tutelados são a economia do país, a indústria 
nacional e própria moralidade administrativa, o que impede a aplicação do princípio da 
insignificância. 
Ocorre que, em sentido diametralmente oposto, o STF firmou jurisprudência 
no sentido de que o princípio da insignificância se aplica ao crime de descaminho, 
desde que o valor sonegado seja inferior ao estabelecido no art.20 da Lei 10.522/02, 
aplicando-se, ainda, as atualizações de valores trazidas pelas Portarias nº 75 e 130, 
ambas do Ministério da Fazenda. Para o STF, como a União não ajuíza ações fiscais 
relativas a valores inferiores a R$ 20.000,00, esse valor é tido como insignificante até 
mesmo pela União, de forma que a conduta criminosa, até esse limite, seria atípica. 
O STF, no entanto, entendeu que registros criminais pretéritos da prática do 
delito de descaminho, a demonstrar a reiteração delitiva do criminoso, afastam a 
irrelevância penal da conduta praticada, mesmo que o valor fique abaixo de R$ 
20.000,00, relacionado na Portaria nº 130. 
Assim sendo, devido ao posicionamento do STF, o STJ, julgando recurso 
repetitivo sobre o tema e buscando uma uniformidade jurídica entre os Tribunais 
Superiores, reviu seu entendimento e passou a aplicar o princípio da insignificância, 
como causa supralegal de exclusão da tipicidade, em caso de crime de descaminho, 
utilizando como parâmetro o artigo 20 da Lei nº 10.522/02. 
Entretanto, o STJ não vem aceitando, para fins de aplicação da bagatela, as 
ampliações de valores inseridas no ordenamento jurídica pela Portaria nº 130 do 
Ministério da Fazenda, sob o fundamento de que uma norma infralegal não poderia 
alterar um parâmetro instituído por lei. 
A posição estabelecida pelos Tribunais Superiores é criticada por parcela da 
doutrina. Issoocorre porque há o risco de uma indevida sinalização para a sociedade 
no sentido de que o Estado não tem interesse em cobrar tributos sonegados ou 
iludidos. 
Por fim, importante destacar que os auditores fiscais não podem deixar de 
efetuar o lançamento e constituir o crédito tributário com fundamento no princípio da 
insignificância. Há que se diferenciar a esfera penal da administrativa, tendo em vista 
que o Código Tributário Nacional é expresso ao dispor, especialmente em seu artigo 
142 e parágrafo único, que o lançamento é uma atividade administrativa vinculada e 
obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. 
JURISPRUDÊNCIA APLICADA: 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 23 
(...) 1. Hipótese em que foram apreendidas ao entrarem ilegalmente no país 644 
(seiscentos e quarenta e quatro) pacotes de cigarro de diversas marcas e 12 (doze) 
litros de whisky, todas mercadorias provenientes do Paraguai, avaliadas à época em R$ 
6.920,00 (seis mil novecentos e vinte reais). Impossibilidade de aplicação do princípio 
da insignificância. 2. Não é possível utilizar o art. 20 da Lei nº 10.522/02 como 
parâmetro para aplicar o princípio da insignificância, já que o mencionado 
dispositivo se refere ao ajuizamento de ação de execução ou arquivamento sem 
baixa na distribuição, e não de causa de extinção de crédito. 3. O melhor parâmetro 
para afastar a relevância penal da conduta é justamente aquele utilizado pela 
Administração Fazendária para extinguir o débito fiscal, consoante dispõe o art. 18, § 
1.º, da Lei n.º 10.522/2002, que determina o cancelamento da dívida tributária igual 
ou inferior a R$ 100,00 (cem reais). 4. Há de se ressaltar que, no caso, existe 
controvérsia sobre o montante da dívida tributária, que pode até ser maior do que R$ 
10.000,00, além de se tratar a denunciada de pessoa que ostenta outras duas 
condenações por crimes da mesma espécie, revelando, em princípio, reiteração 
criminosa. (...)” (EREsp 966077 / GO; Relator(a): Ministra LAURITA VAZ; Órgão 
Julgador: S3 - TERCEIRA SEÇÃO; Data do Julgamento: 27/05/2009; Data da 
Publicação/Fonte: DJe 20/08/2009) 
(...) I - Segundo jurisprudência firmada no âmbito do Pretório Excelso - 1ª e 2ª 
Turmas - incide o princípio da insignificância aos débitos tributários que não 
ultrapassem o limite de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a teor do disposto no art. 20 da 
Lei nº 10.522/02. II - Muito embora esta não seja a orientação majoritária desta Corte 
(vide EREsp 966077/GO, 3ª Seção, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe de 20/08/2009), mas em 
prol da otimização do sistema, e buscando evitar uma sucessiva interposição de 
recursos ao c. Supremo Tribunal Federal, em sintonia com os objetivos da Lei nº 
11.672/08, é de ser seguido, na matéria, o escólio jurisprudencial da Suprema Corte. 
Recurso especial desprovido. (REsp 1112748 / TO; Relator(a): Ministro FELIX FISCHER; 
Órgão Julgador: S3 - TERCEIRA SEÇÃO; Data do Julgamento: 09/09/2009; Data da 
Publicação/Fonte: DJe 13/10/2009) 
(...). 1. A jurisprudência desta Quinta Turma reconhece que o princípio da 
insignificância não tem aplicabilidade em casos de reiteração da conduta delitiva, 
porquanto tal circunstância denota maior grau de reprovabilidade do comportamento 
lesivo, sendo desnecessário perquirir o valor dos tributos iludidos pelo acusado. 2. A 
existência de outras ações penais, inquéritos policiais em curso ou procedimentos 
administrativos fiscais, em que pese não configurarem reincidência, denotam a 
habitualidade delitiva do réu e afastam, por consectário, a incidência do princípio da 
insignificância. 3. Esta Corte consolidou o entendimento de que não é possível a 
aplicação do princípio da insignificância quando o valor do montante do tributo 
devido for superior a R$ 10.000,00 (art. 20 da Lei n. 10.522/2002), não se aplicando, 
portanto, a Portaria MF n. 75/2012. 4. Agravo regimental desprovido.” (AgRg no REsp 
1618447 / PR; Relator(a): Ministro RIBEIRO DANTAS; Órgão Julgador: T5 - QUINTA 
TURMA; Data do Julgamento: 09/03/2017; Data da Publicação/Fonte: DJe 17/03/2017) 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 24 
“(...) 2. Para crimes de descaminho, considera-se, na avaliação da insignificância, o 
patamar previsto no art. 20 da Lei 10.522/2002, com a atualização das Portarias 75 e 
130/2012 do Ministério da Fazenda. Precedentes. 3. Embora, na espécie, o 
descaminho tenha envolvido elisão de tributos federais em montante pouco superior a 
R$ 11.533,58 (onze mil, quinhentos e trinta e três reais e cinquenta e oito centavos) a 
existência de registros criminais pretéritos obsta, por si só, a aplicação do princípio da 
insignificância, consoante jurisprudência consolidada da Primeira Turma desta 
Suprema Corte (HC 109.739/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe 14.02.2012; HC 
110.951/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe 27.02.2012; HC 108.696/MS, Rel. Min. Dias 
Toffoli, DJe 20.10.2011; e HC 107.674/MG, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJe 14.9.2011). 
Ressalva de entendimento pessoal da Ministra Relatora. 4. Ordem denegada. Decisão: 
(...).”. (HC 123861 / PR; HABEAS CORPUS; Relator(a): Min. ROSA WEBER; Julgamento: 
07/10/2014; Órgão Julgador: Primeira Turma; Publicação: 28-10-2014) 
(...) 1. A pertinência do princípio da insignificância deve ser avaliada considerando-se 
todos os aspectos relevantes da conduta imputada. 2. Para crimes de descaminho, 
considera-se, na avaliação da insignificância, o patamar previsto no art. 20 da Lei 
10.522/2002, com a atualização das Portarias 75 e 130/2012 do Ministério da 
Fazenda. Precedentes. 3. Descaminho envolvendo elisão de tributos federais no 
montante de R$ 19.892,68 (dezenove mil, oitocentos e noventa e dois reais e sessenta 
e oito centavos) enseja o reconhecimento da atipicidade material do delito pela 
aplicação do princípio da insignificância. (...)”. (HC 136984 / SP; Relator(a): Min. ROSA 
WEBER; Julgamento: 18/10/2016; Órgão Julgador: Primeira Turma; Publicação: DJe-
049 DIVULG 14-03-2017 PUBLIC 15-03-2017) 
(...) 1. O delito de descaminho reiterado e figuras assemelhadas impede o 
reconhecimento do princípio da insignificância, ainda que o valor apurado esteja 
dentro dos limites fixados pela jurisprudência pacífica desta Corte para fins de 
reconhecimento da atipicidade. Precedentes: HC 133.566, Segunda Turma, Rel. Min. 
Cármen Lúcia DJe de 12/05/2016, HC 130.489AgR, Primeira Turma, Rel. Min. Edson 
Fachin DJe de 09/05/2016, HC 133.736 AgR, Segunda Turma, Relator Min. Gilmar 
Mendes, DJe 18/05/2016. (...)”. (HC 122348 AgR / RS - RIO GRANDE DO SUL; Relator(a): 
Min. LUIZ FUX; Julgamento: 09/11/2016; Órgão Julgador: Primeira Turma; Publicação: 
DJe-248 DIVULG 21-11-2016 PUBLIC 22-11-2016 
 
PROCURADOR MUNICIPAL – PGM-BOA VISTA/RR – 2010 - CESPE 
Antônio, servidor público municipal, lotado na seção de licitação e contratos de uma 
prefeitura municipal, coordenador do departamento de compras, licitação e contratos 
do referido ente municipal, no regular exercício da função pública, dispensou licitação 
em diversas compras no período de janeiro a agosto de 2009, fora das hipóteses legais 
de dispensa e com inobservância das formalidades pertinentes ao procedimento 
administrativo licitatório, ensejando um prejuízo de R$ 90.000,00 aos cofres do 
município. Além disso, em concurso material, solicitou significativa quantia para célere 
liberação de pagamento a fornecedores e devassou sigilo de proposta apresentada em 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 25 
procedimento licitatório, para beneficiar falsificação de documentos públicos e, com 
isso, ocultar algumas práticas ilegais. Por fim, no curso da apuração administrativa, 
Antônio retardou a prática de ato de ofício para satisfazer interesse e sentimento 
pessoal. Todos esses fatos restaram provados nos autos de inquérito policial que, 
concluso, foi encaminhado ao MinistérioPúblico, o qual denunciou Antônio, 
desencadeando ação penal que se encontra em curso. Considerando a situação 
hipotética narrada acima, redija um texto dissertativo que atenda, necessariamente, 
de forma justificada e com o devido fundamento, as seguintes determinações: 1- 
comente sobre a possibilidade de habilitação do município na condição de assistente 
de acusação; 2- informe que medida processual penal garantirá o ressarcimento dos 
prejuízos sofridos pela administração; 3- comente sobre os efeitos penais da sentença 
condenatória no tocante ao cargo público do servidor; 4- elenque as infrações penais 
praticadas pelo servidor. 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: 
 Em relação à assistência de ente público no processo penal, existe controvérsia 
doutrinária sobre o tema. A doutrina contrária à assistência aduz, sinteticamente, que 
o Estado já estaria presente na ação penal pública em virtude da atuação do Ministério 
Público. Com isso, não caberia ao ente público atuar na qualidade de assistente, pois 
haveria a situação de duas entidades estatais estarem contra o réu. 
 Já a doutrina que defende a assistência aduz que determinadas infrações 
penais poderão gerar, além da sanção penal, outras formas de reação do Direito, 
possuindo, por exemplo, interesse de natureza patrimonial a partir da violação a 
determinados bens jurídicos de particulares perfeitamente individualizados. Não se 
pode negar, por exemplo, o interesse jurídico de determinado município na condenação 
de servidor público que cometeu delitos funcionais em um procedimento licitatório. 
 O STJ possui entendimento no sentido de ser admissível a assistência de pessoas 
jurídicas de direito público como assistentes da acusação quando a motivação da 
intervenção for extrapenal. Para tanto, aduz que, segundo dispõe o art. 91, I, do CP, 
constitui um dos efeitos da sentença penal condenatória tornar certa a obrigação de 
indenizar o dano causado pelo crime. 
 Por isso mesmo dispõe o art. 63 do CPP que, transitada em julgado a sentença 
condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da 
reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. Nesse caso, 
a sentença constitui título certo e ilíquido em favor do direito à indenização, e, com 
esse título executório, o exequente não vai discutir o an debeatur, mas sim o quantum 
debeatur. 
 A medida processual penal a ser adotada para garantir o ressarcimento do 
erário municipal é o sequestro. Constitui-se em uma medida assecuratória fundada no 
interesse público e antecipativa do perdimento de bens como efeito da condenação, no 
caso de ser produto do crime ou adquiridos pelo agente com a prática do fato 
criminoso. Por ter por fundamento o interesse público, qual seja, o de que a atividade 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 26 
criminosa não tenha vantagem econômica, o sequestro pode, inclusive, ser decretado 
de ofício. 
 Em relação à perda do cargo público do servidor, o art. 92 do CP menciona que, 
dentre os efeitos da condenação, temos a perda do cargo, função pública ou mandato 
em algumas situações de pena privativa de liberdade. Existe posicionamento no 
sentido de que a perda de cargo público é tão somente efeito administrativo da decisão 
judicial, de modo que a motivação/fundamentação para esse efeito da pena pode 
decorrer do próprio conjunto da decisão judicial. 
 O STJ entende que os efeitos específicos da condenação não são automáticos, 
de sorte que, ainda que presentes, em princípio, os requisitos do art. 92, I, do CP, deve 
a sentença declarar, motivadamente, os fundamentos da perda do cargo público. 
 No tocante às infrações praticadas pelo servidor, houve o cometimento do 
delito previsto no art. 89 da Lei nº 8.666/93; do delito de corrupção passiva (art. 317 do 
Código Penal); do delito previsto no art. 94 da Lei nº 8.666/93 e do delito de 
prevaricação (art. 319 do Código Penal). 
JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA: 
MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO. AÇÃO PENAL PÚBLICA E ASSISTÊNCIA. CRIME 
CONTRA A PREFEITURA MUNICIPAL. 1. DA DECISÃO DENEGATORIA DE MANDADO DE 
SEGURANÇA EM UNICA INSTANCIA, CABE RECURSO ORDINARIO. 2. TRATANDO-SE DE 
AÇÃO PENAL PÚBLICA PROMOVIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO, SENDO 
LESADA A PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO, E ADMISSIVEL O INGRESSO DESTA 
COMO ASSISTENTE. E QUE O INTERESSE DO BEM PÚBLICO GERAL DO ORGÃO 
MINISTERIAL NÃO COINCIDE COM O INTERESSE SECUNDARIO DA OFENDIDA 
MUNICIPALIDADE. 3. RECURSO PROVIDO. (STJ - RMS: 546 SP 1990/0007494-0, Relator: 
Ministro JESUS COSTA LIMA, Data de Julgamento: 17/10/1990,T5 - QUINTA TURMA, 
Data de Publicação: DJ 05.11.1990 p. 12434</br> RT vol. 667 p. 334) 
 
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. 
PODERES INVESTIGATÓRIOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA Nº 593.727. UTILIZAÇÃO DA PROVA 
EXTRAJUDICIAL COMO FUNDAMENTO PARA A CONDENAÇÃO. POSSIBILIDADE EM 
CARÁTER COMPLEMENTAR À PROVA JUDICIALIZADA. PARECER TÉCNICO. NÃO 
SUJEIÇÃO À DISCIPLINA LEGAL DA PROVA. INDEFERIMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVA 
CONSIDERADA IRRELEVANTE. DISCRICIONARIEDADE REGRADA. RENOVAÇÃO DO 
INTERROGATÓRIO AO FINAL DA INSTRUÇÃO. LEI Nº 11.719/2008. ALTERAÇÃO 
LEGISLATIVA SUPERVENIENTE. TEMPUS REGIT ACTUM. TIPICIDADE. ELEMENTO 
SUBJETIVO. REEXAME DE PROVA. SÚMULA 7/STJ. DESCLASSIFICAÇÃO. PRINCÍPIO DA 
ESPECIALIDADE. PERDA DO CARGO PÚBLICO. VIOLAÇÃO DE DEVER PARA COM A 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. 1. O Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal, no 
julgamento do Recurso Extraordinário nº 593.727, submetido ao rito do artigo 543-B 
do Código de Processo Civil, pacificou o entendimento no sentido de que "O Ministério 
Questões Discursivas – www.questoesdiscursivas.com.br 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 27 
Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo 
razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e 
garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do 
Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional 
de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em 
nosso País, os Advogados (Lei 8.906/94, artigo 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, 
XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade - sempre presente no Estado democrático 
de Direito - do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente 
documentados (Súmula Vinculante 14), praticados pelos membros dessa instituição". 
2. O artigo 155 do Código de Processo Penal não impede a utilização da prova 
extrajudicial como fundamento para a condenação desde que em caráter 
complementar à prova produzida sob crivo do contraditório judicial. 3. Documento 
particular produzido pela vítima tem natureza de parecer técnico, não sujeito à 
disciplina legal da prova inserta no artigo 155 e seguintes do Código de Processo Penal. 
4. O parágrafo 1º do artigo 400 do Código de Processo Penal confere ao magistrado a 
condição de destinatário final das provas, o qual, pelo princípio do livre convencimento 
motivado, pode indeferir de forma fundamentada as providências que considere 
protelatórias, irrelevantes ou impertinentes, não estando obrigado a realizar outras 
provas quando já se encontra suficientemente instruído diante dos elementos 
probatórios existentes nos autos. (...). 8. A pena de perda do cargo público não é mero 
efeito da condenação, devendo ser motivada por determinação expressa do parágrafo 
único do art. 92 do Código Penal, tal como nos presentes autos, em que o réu, na 
condição de agente fiscal de rendas do Estado, valeu-se do cargo para perpetrar o 
crime de corrupção ativa em matéria tributária (artigo 3º inciso II, da Lei 8.137/90) 
causando lesão ao erário estadual que, segundo ele próprio, poderia alcançar mais de 
duzentos milhões de reais. 9. Agravo regimental improvido. (AgRg noREsp 
1444444/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado 
em 16/02/2016, DJe 24/02/2016

Continue navegando