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PROCESSOS GRUPAIS P R O F E S S O R A PA U L A P R ATA G R U P O O U P R O C E S S O G R U PA L GRUPO OU PROCESSO GRUPAL • Em geral, os(as) autores(as), ao se referirem ao conceito de grupo, partem da descrição do mesmo fenômeno social: a reunião de duas ou mais pessoas com um objetivo comum de ação GRUPO OU PROCESSO GRUPAL Mas o que difere esses autores(as)? • O que difere é a leitura que os mesmos fazem do processo de constituição do grupo e do entendimento da finalidade do mesmo; • Lewin centra a sua definição de grupo, na interdependência dos membros do grupo, onde qualquer alteração individual afeta o coletivo. • Lewin demonstra uma preocupação em buscar o "grupo como um ser" que transcende as pessoas que o compõem • Há uma visão de um grupo "ideal", aquele marcado por uma grande coesão O sociólogo Michael S. Olmsted é um outro autor que define o grupo como “uma pluralidade de indivíduos que estão em contato uns com os outros, que se consideram mutuamente e que estão conscientes de que têm algo significativamente importante em comum" Esta definição traz consigo a ideia da consideração mútua, sem a preocupação da homogeneidade Aponta para a diversidade dos participantes e para o sentimento de compartilhar algo significante para cada um deles PONTOS IMPORTANTES PARA O ESTUDO DE PEQUENOS GRUPOS SOCIAIS: o contato entre as pessoas e a busca de um objetivo comum; a interdependência entre seus membros; a coesão ou espírito de grupo que varia em um contínuo que vai da dispersão até unidade. • Podemos dizer que, de acordo com o referencial de homem e de mundo, os cientistas sociais assumem, vai variar o entendimento, o sentido e a explicação que os mesmos vão dar em relação ao grupo e aos processos grupais; Silvia Lane (1986) enfatiza que a função do grupo é definir papéis Isso leva a definição da identidade social dos indivíduos e a garantir a sua reprodutividade social GRUPO IDEAL? ✓Existe um modelo ideal de grupo? ✓Na tradição lewiniana temos um ideal de grupo coeso, estruturado, acabado; ✓Passa a ideia de um processo linear; ✓Neste modelo não há lugar para o conflito; ✓Estes conflitos são vistos como algo ameaçador; ✓O grupo é como um modelo de relações horizontais, equilibradas, equitativas, onde as pessoas se amem e se respeitem; ✓Um modelo ideal de funcionamento social; GRUPO IDEAL? ✓Algo semelhante ao que sociólogo e pensador marxista brasileiro radicado na França Michael Löwy (1979) denomina de anticapitalismo romântico. GRUPO OU PROCESSO GRUPAL • O grupo também pode ser visto como um lugar onde as pessoas mostram suas diferenças; • Onde as relações de poder estão presentes e perpassam as decisões cotidianas, onde o conflito é interente ao processo de relações que se estabelece; • Onde há uma convivência do diferente, do plural; • Num confronto de idéias, buscando conciliar apenas o conciliável, deixando claro as individualidades, o diferente; • Há importância de afirmar que as pessoas são diferentes, possuem e pensam valores diferentes. • Determinações de classe social, de gênero, de raça e de nacionalidade; • Relações que se embaterão tanto na busca consciente de uma determinação quanto de defesas inconscientes utilizadas para lutar e/ou fugir das ameaças que as novas situações desconhecidas nos colocam; • Conflitos que podem gerar conforme Bion (1975), situações de funcionamento na base de ataque ao desconhecido ou da espera de um messias que venha trazer a salvação ao grupo. M U L H E R E S P E R F E I TA S 2004 , F i lme de Frank Oz , com Nico le K idman e Matthew Broder ick • Joanna (Nicole Kidman) é uma executiva bem-sucedida que, após o fracasso de um reality show idealizado por ela, é demitida e sofre um colapso nervoso. • Para descansar seu marido (Matthew Broderick) a leva para uma cidade do interior, Stepford, localizada no subúrbio de Connecticut, juntamente com seus dois filhos. • Lá ela faz amizade com Bobbie (Bette Midler) e começa a notar uma estranha coincidência: todas as esposas do local obedecem com grande dedicação aos seus maridos, parecendo felizes com a situação. • Joanna começa a investigar o caso e descobre a existência de um plano que evita os problemas familiares. E S C R I T O R E S D A L I B E R D A D E 2007 , F i lme de R ichard LaGravenese com Hi l ar y Swank , Patr i ck Dempsey, R icardo Mol ina ESCRITORES DA LIBERDADE Uma jovem e idealista professora chega a uma escola de um bairro pobre, que está corrompida pela agressividade e violência. Os alunos se mostram rebeldes e sem vontade de aprender, e há entre eles uma constante tensão racial. Assim, para fazer com que os alunos aprendam e também falem mais de suas complicadas vidas, a professora Gruwell (Hilary Swank) lança mão de métodos diferentes de ensino. Aos poucos, os alunos vão retomando a confiança em si mesmos, aceitando mais o conhecimento, e reconhecendo valores como a tolerância e o respeito ao próximo. • O grupo precisa ser visto como um campo onde os trabalhadores sociais que se aventuram devem ter claro que o homem sempre é um homem alienado e o grupo é uma possibilidade de libertação (Lane, 1986), possibilidade de ser sujeito; • Mas também pode ser uma maneira de fixá- lo na sua posição de alienado; • As relações que se estabelecem podem ser meramente de reprodução das relações de dominação e de alienação. E N R I Q U E P I C H O N R I V I È R (1907 – 1977) P S I Q U I A T R A E P S I C A N A L I S T A S U I Ç O N A C I O N A L I Z A D O A R G E N T I N O Cria a técnica dos grupos operativos. Pichon-Rivière contribuiu muito com o questionamento que levantou sobre a psiquiatria e a questão dos grupos em hospitais psiquiátricos • Um dos conceitos fundamentais é o de ECRO – Esquema Conceitual Referencial e Operativo; • Pichon afirma que cada um de nós possui um ECRO individual; • Ele é constituído pelos nossos valores, crenças, medos e fantasias. • Dialogamos com os outros, ou melhor, com os ECROs dos outros, e levamos também nosso ECRO; • Como nem sempre explicitamos os nossos ECROs o nosso diálogo pode ser dificultado; • Quando se está trabalhando em grupos, a realização da tarefa estabelecida pode ser dificuldade pelas diferenças de ECROs que estão em jogo; • O autor fala na construção de um ECRO grupal; • Este ECRO seria um esquema comum para as pessoas que participam de um determinado grupo – sabendo o que pensam em conjunto – poderem partir para agir coletivamente com o aclaramento das posições individuais e da construção coletiva que favorece a tarefa grupal. COMO "FUNCIONA" O PROCESSO GRUPAL? • Pensar o grupo como um projeto, como um eterno vir-a-ser; • Pensando como Sartre e Lapassade (1982): • Este processo é dialético; • Constituído pela eterna tensão entre a serialidade* e a totalidade; * Serialidade é o tipo de relação que se estabelece entre indivíduos que compõem uma série. Série é uma forma de "coletivo" (conjunto humano) cuja unidade provém do exterior. Sartre dá o exemplo de uma fila de pessoas diante de um ponto à espera do ônibus. COMO "FUNCIONA" O PROCESSO GRUPAL? • Há uma ameaça constante da dissolução do grupo e a volta à serialidade, onde cada integrante assume afirma a sua individualidade sendo mais um na prensença dos demais; • Ao mesmo tempo há uma busca constante pela totalidade, dando sentido a relação estabelecida. Partindo da idéia de processo e da construção coletiva do projeto, não podemos pensar em um "treinamento" de grupo, no sentido de aplicação de uma série de exercícios que possam ajudar as pessoas a atingir um "ideal de grupo" pertencente ou criado pelo "profissionaltreinador"; As chamadas "dinâmicas de grupo" nada mais são do que técnicas de submissão do grupo ao profissional e à instituição/organização. • A constituição do grupo em processo pode requerer a presença de um profissional – técnico em processo grupal; • O trabalho do mesmo será auxiliar a que as pessoas envolvidas na experiência pensem o processo que estão vivenciando; • O se pensar não cada um individulamente, mas cada um participando de um mesmo barco que busca estabelecer uma rota. • Talvez o porto não seja seguro, porque não existe um destino final, e quando isso acontece o grupo se dissolve e o processo acaba. • Enquanto o grupo persiste é um constante navegar; • Um constante questionar a rota; • Um aprender a conviver com a insegurança e com a incerteza; • Talvez uma mudança de rota devido a avaliação do trajeto já percorrido e do que falta; • Enfim, há uma preocupação em centrar na tarefa e tornar explicítas as questões implícitas que estão dificultando a realização da tarefa pretendida, ou que a estão facilitando. • Esta é uma maneira de o grupo se tornar sujeito do seu próprio processo; • Os integrantes da experiência terão condições de tomar decisões de forma mais lúcida. A TÍTULO DE FECHAMENTO... • Aqui pudemos estudar um pouco mais sobre a compreensão dos pequenos grupos sociais; • Como Peralta (1996), não acreditamos que o movimento grupal possa ser lido – no sentido de uma certeza. • Portanto, não existem verdades absolutas mas apenas hipóteses que devem ser colocadas para o grupo; • Surgirão situações de manutenção de relações já estabelecidas ou a mudança das mesmas, numa decisão muito mais dos participantes do que do profissional que compreende mas não vive o processo.
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