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31 Re vi sã o: T ál ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 01 /1 8 PRÁTICA CLÍNICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DO ADULTO Unidade II 3 ATENÇÃO SECUNDÁRIA: CONSULTA DE ENFERMAGEM EM AMBULATÓRIO DE ESPECIALIDADES – ASMA BRÔNQUICA O caso, que será apresentado para realizar a SAE, é de uma jovem portadora de asma com várias crises e problemas decorrentes dessa patologia, identificados durante a consulta de enfermagem. Para realizar o raciocínio crítico, o julgamento diagnóstico e planejar a assistência a fim de atingir os resultados esperados, vamos rever a fundamentação científica sobre a asma e a assistência de enfermagem. A asma é uma doença inflamatória crônica caracterizada por hiper‑responsividade das vias aéreas inferiores, que causa contratura da musculatura lisa dos brônquios, levando ao broncoespasmo e à limitação do fluxo aéreo. A hiper‑responsividade é reversível espontaneamente ou com tratamento broncodilatador e resulta de interação genética, exposição ambiental a alérgenos (que causam um processo inflamatório nas vias aéreas inferiores com broncoespasmo) e produção excessiva de muco. Algumas das manifestações clínicas da asma são dispneia e sibilos na ausculta pulmonar, ocasionados pelo estreitamento das vias aéreas. Também é comum a presença de tosse produtiva, causada pelo processo inflamatório desencadeado nos brônquios. Outro sintoma é a dor ventilatório‑dependente, que ocorre pelo uso e consequente fadiga da musculatura acessória da respiração para ajudar na crise de dispneia. Vários são os fatores desencadeantes, de acordo com a suscetibilidade individual, sendo os mais comuns: • ácaros, fungos; • pólens e poeiras; • alterações climáticas; • poluentes; • fumaça de cigarro; • produtos químicos; • cheiros fortes (perfumes); • pelos de animais; • atividade física; 32 Re vi sã o: T ál ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 01 /1 8 Unidade II • fatores emocionais (ansiedade e depressão); • refluxo gastroesofágico; • medicamentos (anti‑inflamatórios não hormonais). Há uma classificação da asma de acordo com sua gravidade: • Leve: sintomas semanais, eventual uso de broncodilatador, limitação de atividades apenas nas exacerbações (crises de brocoespasmo). • Moderada: sintomas diários, uso de broncodilatador diariamente, limitação de atividades apenas nas exacerbações. • Grave: sintomas diários ou contínuos, uso de broncodilatador diariamente, limitação contínua de atividades. 3.1 Diagnóstico clínico Através da identificação de crises de broncoespasmo com sintomas de dispneia, tosse e sibilância, desencadeados por alérgenos. Devem ser investigadas a periodicidade, a intensidade e a duração das crises, classificando, assim, sua gravidade. O diagnóstico funcional é realizado através da espirometria, que avalia o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), que estará diminuído na crise e normal fora dela. Avalia‑se também a capacidade vital funcional (CVF), que deve estar normal. Podem ser realizados exames adicionais específicos, como testes cutâneos, para avaliar a quais substâncias o indivíduo tem resposta alérgica. Observação Normalmente realizam‑se três espirometrias na sequência: uma fora da crise, com resultado normal, outra após administração de alérgeno, que leva à crise (broncoprovocação), resultando na diminuição do VEF1, e a última após a administração do broncodilatador, avaliando a melhora do VEF1 e a resposta à medicação broncodilatadora na crise. As intervenções de enfermagem na asma estão relacionadas principalmente à educação em saúde. Para melhor controle da doença, com diminuição e prevenção de crises, tais intervenções se voltam para os fatores listados a seguir: • Controle dos fatores desencadeantes, evitando objetos que acumulem poeira, como cortina, tapete, brinquedo de pelúcia. Utilizar para limpeza pano úmido ao invés de varrer o chão. Evitar contato direto com animais e realizar atividade física com moderação e utilizando exercícios respiratórios concomitantemente. 33 Re vi sã o: T ál ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 01 /1 8 PRÁTICA CLÍNICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DO ADULTO • Orientar e treinar o uso correto dos medicamentos e seus dispositivos. • Informações adequadas aos pacientes, familiares e profissionais da saúde para diminuir preconceitos (por exemplo: medicamento como algo que vicia/causa problema no coração, não fazer exercício físico). • Controle da sintomatologia com medicações: spray de corticoide (anti‑inflamatório hormonal), uso diário para prevenção da crise, e broncodilatador (beta‑2 adrenérgico), uso durante a crise para relaxar a musculatura lisa dos brônquios e controlar de broncoespasmo. • Exercícios respiratórios estimulando a expiração para controle intercrises. • Exercícios respiratórios estimulando a expiração nas crises de broncoespasmo. • Exercícios para fortalecimento da musculatura respiratória para serem realizado entre as crises. Saiba mais Utilize o material indicado a seguir para estudo e resolução do caso. BETTENCOURT, A. R. de C. et al. Educação de pacientes com asma: atuação do enfermeiro. Jornal de Pneumologia, Brasília, v. 28, n. 4, p. 193‑200, 2002. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia para o manejo da asma. Jornal Brasileiro de Pneumologia, Brasília, v. 38, Suplemento 1, p. S1‑S46, abr. 2012. 3.2 Caso clínico: consulta de enfermagem em ambulatório de especialidades – asma brônquica Cláudia, de 21 anos, encaminhada pela UBS com antecedente de asma desde a infância, com várias internações devido a crises asmáticas. Atualmente faz uso de dois tipos de bombinha, somente quando tem crise, porém não sabe referir o nome dos medicamentos. Relata muita falta de ar durante as crises e não sabe o que fazer nesses momentos, também tem receio de usar os medicamentos, pois apresenta tremor e o coração dispara, além do medo de ficar viciada nos fármacos. No exame físico apresenta‑se consciente, orientada, descorada, hidratada, dispneia com frequência respiratória de 24 movimentos por minuto (FR24 mpm) e saturação de oxigênio 96%, apresentando tosse com pequena expectoração clara, boa expansibilidade pulmonar simétrica com MV presentes e sibilos difusos. Taquicardia, normotensa, BRnF em 2T s/s. Relata boa alimentação, IMC normal, abdome 34 Re vi sã o: T ál ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 01 /1 8 Unidade II plano, flácido, RHA presentes, eliminações vesical e intestinal sem alterações. Membros superiores (MMSS) e inferiores (MMII) com boa perfusão periférica, sem edema. Quadro 8 – Diagnósticos de enfermagem identificados de acordo com os dados de enfermagem no caso da paciente Cláudia Dados de enfermagem Diagnóstico de enfermagem Características definidoras Fator relacionado/risco Várias internações devido a crises asmáticas, uso de bombinha apenas quando tem crise, não sabe o nome dos medicamentos Falta de adesão Comportamento de falta de adesão, exacerbação dos sintomas Regime de tratamento complexo Falta de ar durante as crises e não sabe o que fazer nesses momentos, receio de usar os medicamentos e medo de se viciar Enfrentamento ineficaz Dificuldade para organizar informações e medo Alto grau de ameaça, incerteza secundária de crise asmática Dispneia com FR24 mpm e saturação de oxigênio a 96%, tosse com pequena expectoração clara e sibilos difusos Troca de gases prejudicada Dispneia, padrão respiratório anormal Desequilíbrio na relação ventilação/perfusão Quadro 9 – Resultados esperados e intervenções de enfermagem de acordo com os diagnósticos de enfermagem identificados no caso da paciente Cláudia Diagnóstico de enfermagem Resultado esperado (NOC) Intervenções de enfermagem (NIC) Falta de adesão Autocontrole da asma 1) Ensino: medicamento prescrito e habilidade psicomotora 2) Ensino:processo da doença 3) Ensino: procedimentos e tratamento Enfrentamento ineficaz Autocontrole na crise de asma 1) Ensino: procedimentos e tratamento durante a crise asmática Troca de gases prejudicada Monitorização respiratória 1) Controle da asma 2) Assistência ventilatória Quadro 10 – Prescrição de enfermagem de acordo com os diagnósticos de enfermagem identificados no caso da paciente Cláudia Diagnósticos de enfermagem Prescrição de enfermagem Falta de adesão 1) Orientar e determinar a compreensão do paciente em relação à doença e como controlá‑la 2) Orientar a diferença de medicamentos sprays anti‑inflamatórios e broncodilatadores e quando utilizar cada um 3) Ensinar a técnica e treinar a utilização de medicamentos sprays inalatórios 4) Orientar sobre os fatores desencadeantes da crise e auxiliar o paciente a identificar os alérgenos que causam crise 5) Estabelecer estratégias com o paciente para evitar contato com os alérgenos 35 Re vi sã o: T ál ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 01 /1 8 PRÁTICA CLÍNICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DO ADULTO Enfrentamento ineficaz 1) Estabelecer com o paciente um plano por escrito para o controle das exacerbações 2) Ajudar a reconhecer sinais e sintomas de reação asmática iminente e implementar medidas adequadas 3) Utilizar medicação spray broncodilatadora por no máximo três vezes, com intervalo de quinze minutos; se a crise não melhorar, procurar o pronto atendimento 4) Orientar sobre os efeitos colaterais dos medicamentos, salientando que a medicação não vicia 5) Encorajar a verbalização de sentimentos quanto ao diagnóstico, ao tratamento e ao impacto no estilo de vida Troca de gases prejudicada 1) Monitorar frequência, ritmo, profundidade e esforço da respiração com uso de musculatura acessória 2) Manter repouso em posição de Fowler 3) Orientar exercício respiratório estimulando a expiração. 4) Administrar medicação CPM Lembrete Os cuidados de enfermagem para o asmático visam à educação em saúde, ensinando o indivíduo a adequar seu estilo de vida para conviver melhor com a doença, diminuir e saber lidar com as crises, levando, assim, a uma melhora da qualidade de vida destas pessoas. 4 ATENÇÃO SECUNDÁRIA: CONSULTA DE ENFERMAGEM EM AMBULATÓRIO DE ESPECIALIDADES – DIABETES MELITOTIPO II Um senhor portador de diabetes melito tipo II apresenta várias descompensações e problemas decorrentes dessa patologia, todos identificados durante a consulta de enfermagem. Para realizar o raciocínio crítico, o julgamento diagnóstico e planejar a assistência com o objetivo de atingir os resultados esperados, vamos rever a fundamentação científica sobre o diabetes melito e a assistência de enfermagem. diabetes melito é uma doença crônica com alta incidência na população, estimativas crescentes do número de portadores, alta morbidade e comorbidade com prejuízo da qualidade de vida, bem como alto custo previdenciário. É consequência de um distúrbio no metabolismo de carboidratos resultante da deficiência ou da resistência à insulina disponível, sendo caracterizada pela hiperglicemia. A educação em saúde visando a um melhor controle metabólico pode previnir as complicações dessa patologia. 4.1 Classificação O diabetes melito tipo I, insulinodependente e responsável por 5% a 10% dos casos, é caracterizada por deficiência na produção de insulina. Sua causa exata é desconhecida, podendo resultar de um processo autoimune, possivelmente ativado por vírus, tem participação de fatores genéticos. 36 Re vi sã o: T ál ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 01 /1 8 Unidade II O diabetes melito tipo II, não insulinodependente e responsável por 90% dos casos, é caracterizado por defeitos na liberação e no uso da insulina, além da resistência ao hormônio. Afeta pessoas com idade superior a 40 anos, e os fatores predisponentes incluem obesidade, vida sedentária e suscetibilidade genética. O diabetes gestacional ocorre durante a gravidez, caracterizando‑se por uma intolerância transitória à insulina. É associada ao risco aumentado de desenvolver diabetes no futuro, e sua incidência é maior em mulheres acima de 30 anos. É associada também ao elevado peso do recém‑nascido (RN), ou seja, superior a 4 kg. 4.2 Fisiopatologia do diabetes melito tipo II Vários são os problemas que levam ao diabetes melito não insulinodependente (tipo II). Normalmente existe mais de um problema associado. São eles: • Deficiência na produção de insulina pelas células beta das ilhotas de Langherans no pâncreas. • Falta de secreção adequada em resposta aos altos níveis de glicemia. • Inativação da insulina na circulação. • Falta de um número adequado de receptores de insulina sobre a superfície celular, comprometendo a absorção da glicose pelas células. Os fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes melito tipo II envolvem: • idade igual ou maior que 45 anos; • sobrepeso (IMC ≥ 25 Kg/m2); • obesidade central (circunferência abdominal superior a 102 cm em homens e 88 cm em mulheres); • antecedente familiar; • histórico de intolerância à glicose ↓ ou exame de glicemia de jejum alterada; • histórico de diabetes gestacional ou RN com mais de 4 Kg; • hipertensão arterial (HA) superior ou igual a 140 mmHg x 90 mmHg em adultos; • dislipidemia (trigliceridemia ≥ 250 mg/dl) ou colesterol HDL baixo (≤35 mg/dl); • diagnóstico prévio de síndrome de ovários policísticos; 37 Re vi sã o: T ál ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 01 /1 8 PRÁTICA CLÍNICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DO ADULTO • histórico de doença vascular ⇒ cardíaca, cerebral ou periférica; • sedentarismo; • uso de medicamentos diabetogênicos (como os medicamentos com corticosteroides). O diagnóstico do diabetes melito tipo II baseia‑se nos seguintes exames: • glicemia de jejum ≥100 mg/dl, sendo o valor de referência de normalidade entre 70 mg/dl a 99 mg/dL. Em caso de glicemia ≥ 100 mg/dl, é recomendado solicitar teste oral de tolerância à glicose (TOTG); • teste oral de tolerância à glicose (TOTG) acima de 140 mg/dl em duas horas (com valor de referência de normalidade entre 70 mg/dl a 140 mg/dL); • hemoglobina glicada ≥ 6,5%, (com valor de referência de normalidade entre 4,5% a 5,6%). Esse exame avalia a concentração de glicose no corpo (ligada à hemoglobina), em média, de 60 a 90 dias antes da coleta, sendo um bom teste para avaliar como ficou a glicemia no sangue nos últimos meses e não somente no dia anterior à coleta do sangue. 4.3 Sinais e sintomas da hiperglicemia Polidpsia (sede excessiva), polifagia (fome excessiva) e poliúria (aumento do volume urinário) constituem os três “P” da DM. Outros sinais são o emagrecimento, a desidratação e a fraqueza, todos relacionados ao aumento da glicemia no sangue. A seguir, trataremos de algumas complicações agudas. Observação A suscetibilidade à infecção no diabético é resultado da capacidade comprometida dos granulócitos de responder aos agentes infecciosos somada a um ambiente propício à proliferação de microrganismos (pelo excesso de glicose). 4.4 Coma hiperglicêmico hiperosmolar não cetótico Mais comum no diabetes melito não insulinodependente (tipo II), é associado ao aumento do consumo de glicose e ao tratamento incorreto, à infecção ou utilização de glicocorticoides. As manifestações clínicas são desidratação, nível de consciência diminuído, taquicardia, hipotensão, glicemia acima de 700 mg/dl, osmolaridade sanguínea acima de 300 mOsm/Kg. 38 Re vi sã o: T ál ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 01 /1 8 Unidade II 4.5 Cetoacidose diabética É mais comum no diabetes melito insulinodependente (tipo I), caracterizada por hiperglicemia e acidose grave. As manifestações clínicas são desidratação, nível de consciência diminuído, taquicardia, respiração de kussmaul, hálito cetônico, distúrbios gastrointestinais (náuseas, vômitos e dor abdominal), potássio sérico aumentado, gasometriacom acidose. 4.6 Hipoglicemia Associada a uso excessivo de agentes hipoglicemiantes, diminuição da ingestão alimentar, aumento da atividade física, consumo excessivo de álcool ou insuficiência renal. As manifestações clínicas são glicemia abaixo de 70 mg/dl, pele úmida, fria e pálida, taquicardia, tremor, parestesias (alteração na sensibilidade), cefaleia, confusão progredindo para perda da consciência ou convulsão. 4.7 Complicações crônicas As complicações crônicas estão relacionadas ao crônico aumento do nível de glicose no sangue: • Microangiopatias: espessamento da membrana basal do capilar, comum nos vasos da retina (déficit visual) e nos glomérulos (insuficiência renal crônica). • Macroangiopatias: alterações arterioscleróticas aceleradas pelas anormalidades lipídicas exacerbadas: hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio (IAM) e hemorragia vascular cerebral (AVC). • Neuropatia periférica: função anormal do nervo, afetando as bainhas nervosas ou a função da célula neurológica, causada pela elevação do nível de glicose no sangue crônico (pé diabético). Lembrete Polidpsia, polifagia e poliúria constituem os três “P” da DM e significam que o paciente está apresentando aumento de glicose na circulação, sendo necessário investigar o motivo do aumento da glicemia e implementar medidas para manutenção da glicemia estável (prevenindo, assim, as complicações do diabetes). 39 Re vi sã o: T ál ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 01 /1 8 PRÁTICA CLÍNICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DO ADULTO 4.8 Caso clínico: consulta de enfermagem em ambulatório de especialidades – diabetes melito tipo II Senhor E. F. S., 50 anos, encaminhado pela UBS com diagnóstico de diabetes melito há três anos. Desde então, faz tratamento com hipoglicemiante oral (sulfonilureias e metformina), mas os exames laboratoriais mostram hiperglicemia persistente. Durante a consulta relata poliúria, polidpsia e polifagia, além de cansaço e dor nos membros inferiores. Diz que está apresentando importante problema com o filho mais velho, usuário de drogas. Sai pouco de casa e briga frequentemente com a esposa. É trabalhador autônomo (vendedor ambulante) e tem tido dificuldades para obter a renda mensal para sustento da família. Não faz atividade física porque não tem tempo. Apresenta IMC 30 e relata que não consegue realizar a dieta para diabetes. Quando questionado sobre aos remédios que toma diariamente, diz que esquece algumas vezes e não lembra a dosagem de cabeça. Faz verificação de glicemia capilar apenas quando vai ao posto, pois não tem aparelho em casa, relatando não ter dinheiro para adquirir um. Na consulta médica, foi introduzida insulina exógena NPH para o controle da glicemia. Quadro 11 – Diagnósticos de enfermagem identificados de acordo com os dados de enfermagem coletados no caso do senhor EFS Dados de enfermagem Diagnóstico de enfermagem Características definidoras Fator relacionado/ risco Hiperglicemia persistente, poliúria, polidipsia e polifagia, cansaço e dor nos MMII, esquece de tomar remédios e não lembra a dosagem, glicemia capilar só quando vai ao posto, não tem aparelho e insulina NPH Controle ineficaz da saúde Dificuldade com o regime terapêutico Regime de tratamento complexo Problema com o filho mais velho e brigas com a esposa. Dificuldade para obter a renda para sustento da família Processos familiares disfuncionais Abuso verbal de filho, escalada de conflitos, desvantagem financeira Habilidades insuficientes de solução de problemas IMC 30 e alega que não consegue realizar a dieta para diabetes Obesidade IMC>30 Kg/m2 Comportamento alimentar inadequado Quadro 12 – Resultados esperados e intervenções de enfermagem de acordo com os diagnósticos de enfermagem identificados no caso de senhor EFS Diagnóstico de enfermagem Resultado esperado (NOC) Intervenções de enfermagem (NIC) Controle ineficaz da saúde Autocontrole do diabetes 1) Educação para a saúde 2) Assistência na automodificação Processos familiares disfuncionais Enfrentamento familiar 1) Melhora do enfrentamento 2) Promoção do envolvimento familiar Obesidade Apetite Comportamento de aceitação Dieta prescrita 1) Aconselhamento nutricional 2) Monitorização nutricional 3) Controle de ambiente 4) Intermediação cultural 40 Re vi sã o: T ál ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 01 /1 8 Unidade II Quadro 13 – Prescrição de enfermagem de acordo com os diagnósticos de enfermagem identificados no caso do senhor EFS Diagnósticos de enfermagem Prescrição de enfermagem Controle ineficaz da saúde 1) Orientar e determinar a compreensão do paciente em relação à doença 2) Orientar e treinar a técnica para monitorização da glicemia capilar 3) Orientar a indicação dos medicamentos e a diferença entre a insulina regular e NPH 4) Ensinar a técnica e treinar a autoaplicação da insulina 5) Orientar e determinar a compreensão do paciente em relação ao risco de hipoglicemia, além de como evitá‑la 6) Orientar e determinar a compreensão do paciente em relação ao risco de hiperglicemia, além de como evitá‑la Processos familiares disfuncionais 1) Utilizar a comunicação terapêutica para a mobilização familiar e a mediação de conflitos 2) Encaminhar para terapia familiar Obesidade 1) Oferecer informação sobre a necessidade de modificação da dieta: perda de peso e restrição de açúcares e carboidratos 2) Identificar com o paciente os comportamentos alimentares a serem mudados 3) Estabelecer com o paciente metas a curto e longo prazo em relação às mudanças no estado nutricional 4) Estabelecer com o paciente estratégias para modificar a dieta 5) Discutir hábitos de compra de alimentos e limites orçamentários 6) Pesar o paciente e avaliar sua circunferência abdominal Saiba mais Utilize o material indicado a seguir para aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto. TEIXEIRA, C. R. de S. et al. Validação de intervenções de enfermagem em pessoas com diabetes mellitus. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 45, n. 1, p. 173‑179, 2011. Resumo Nesta unidade foram apresentados dois casos clínicos para elaboração da SAE na atenção secundária à saúde. Os casos abordaram a consulta de enfermagem em ambulatório de especialidades. O primeiro caso apresentado foi de uma jovem portadora de asma com várias crises e problemas decorrentes dessa patologia. Os principais 41 Re vi sã o: T ál ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 01 /1 8 PRÁTICA CLÍNICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DO ADULTO diagnósticos identificados foram falta de adesão (evidenciada por várias internações devido a crises asmáticas, uso da bombinha apenas quando em crise, não sabe o nome dos medicamentos) e troca de gases prejudicada (evidenciada por dispneia com FR 24 mpm e saturação de oxigênio 96%, tosse com pequena expectoração clara e sibilos difusos). A fim de atingir os resultados esperados (NOC), as ações prescritas pelo enfermeiro para o diagnóstico de falta de adesão foram: 1. orientar e determinar a compreensão do paciente em relação à doença e à forma de controlá‑la; 2. orientar sobre a diferença entre medicamentos sprays anti‑inflamatórios e broncodilatadores, explicitando quando utilizar cada um; 3. ensinar a técnica e treinar a utilização de medicamentos sprays inalatórios; 4. orientar sobre os fatores desencadeantes da crise e auxiliar o paciente a identificar os alérgenos que a causam; 5. estabelecer com o paciente estratégias para evitar contato com os alérgenos. Para o diagnóstico de troca de gases prejudicada: 1. monitorar frequência, ritmo, profundidade e esforço da respiração com uso de musculatura acessória; 2. manter repouso em posição de Fowler; 3. orientar exercício respiratório estimulando a expiração; 4. administrar medicação conforme prescrição médica (CPM). O segundo caso foi de um senhor portador de diabetes melito comvárias descompensações e problemas decorrentes dessa patologia. Os principais diagnósticos identificados foram controle ineficaz da saúde (evidenciado por hiperglicemia persistente, poliúria, polidipsia e polifagia, cansaço e dor nos MMII, o paciente esquece de tomar remédios e não lembra a dosagem, glicemia capilar só quando vai ao posto, não tem aparelho e insulina NPH) e obesidade (evidenciada por IMC 30 e pelo relato do paciente sobre não conseguir realizar a dieta para diabetes). As ações prescritas pelo enfermeiro para esses problemas, no sentido de atingir os resultados esperados (NOC), para o diagnóstico de controle ineficaz da saúde foram: 1. orientar e determinar a compreensão do paciente em relação à doença; 2. orientar e treinar a técnica para monitorização da glicemia capilar; 3. orientar a indicação dos medicamentos e esclarecer sobre a diferença entre insulina regular e NPH; 4. ensinar a técnica e treinar a autoaplicação da insulina; 5. orientar e determinar a compreensão do paciente em relação ao risco de hipoglicemia e como evitá‑la; 6. orientar e determinar a compreensão do paciente em relação ao risco de hiperglicemia e como evitá‑la. Para o diagnóstico de obesidade: 1. oferecer informação sobre a necessidade de modificação da dieta: perda de peso e restrição de 42 Re vi sã o: T ál ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 01 /1 8 Unidade II açúcares e carboidratos; 2. identificar com o paciente os comportamentos alimentares a serem mudados; 3. estabelecer com o paciente metas a curto e longo prazo em relação às mudanças no estado nutricional; 4. estabelecer estratégias com o paciente para modificar a dieta; 5. discutir hábitos de compra de alimentos e limites orçamentários; 6. pesar o paciente e avaliar sua circunferência abdominal. Assim, a SAE foi realizada pautada em evidências científicas, para permitir adequação dos hábitos de vida às necessidades das doenças, reduzindo os riscos de complicações e melhorando a qualidade de vida dessas pessoas. Exercícios Questão 1. (CIAAR, 2009) A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas e provoca a hiper‑responsividade dessas vias, edema de mucosa e produção de muco. Em relação à asma, assinale a alternativa correta. A) O exame físico do asmático geralmente é inespecífico. Os sintomas mais comuns da asma são sibilos, dispneia, opressão torácica e tosse, particularmente à noite ou no início da manhã. A presença de sibilos é indicativa de obstrução ao fluxo aéreo, contudo, pode não ocorrer em todos os pacientes. B) A fisiopatologia subjacente na asma é a inflamação difusa e irreversível da via aérea. A inflamação leva à obstrução a partir do seguinte: edema das membranas que revestem as vias aéreas, aumentando o diâmetro da via aérea, contração da musculatura lisa brônquica, produção diminuída de muco, que aumenta o tamanho da via aérea e pode tamponar por completo os brônquios. C) As células como os mastócitos, neutrófilos, eosinófilos e linfócitos T não possuem papel significativo na inflamação da asma. D) A alergia é um fator predisponente de pequena importância para a asma. E) A confirmação do diagnóstico de asma usualmente é feita através da espirometria após a inalação de um broncodilatador de ação longa. Contudo, uma espirometria normal não exclui o diagnóstico de asma. Resposta correta: alternativa A. 43 Re vi sã o: T ál ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 01 /1 8 PRÁTICA CLÍNICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DO ADULTO Análise das alternativas A) Alternativa correta. Justificativa: as manifestações clínicas da asma variam de dispneia a sibilos na ausculta, devido ao estreitamento das vias aéreas. A tosse é desencadeada pelo processo inflamatório dos brônquios. B) Alternativa incorreta. Justificativa: a fisiopatologia na asma é a inflamação dos brônquios, causando tosse devido à obstrução das vias aéreas, porém não é irreversível. Broncodilatadores são usados no tratamento para dilatação dos brônquios, e o broncoespasmo produz muito muco. C) Alternativa incorreta. Justificativa: pessoas com asma produzem mais imunoglobulina E (relacionada aos alérgenos ambientais) e são mais sujeitas a processos inflamatórios. Os mastócitos produzem mais interleucina e, no ataque ao processo inflamatório, produzem histamina (que causa edema e alergia). As células de defesa participam do processo de imunidade e, ao entrarem em contato com o alérgeno (antígeno), irão desencadear o processo inflamatório e induzir o corpo a produzir anticorpos. D) Alternativa incorreta. Justificativa: a alergia é um fator predisponente de grande importância para a asma. O indivíduo pode vir a óbito por um edema de glote e fechamento das vias aéreas, necessitando, por isso de tratamento adequado. E) Alternativa incorreta. Justificativa: a confirmação do diagnóstico de asma usualmente é feita através da espirometria, exame que avalia o volume expiratório forçado no primeiro segundo (estará diminuído na crise e normal fora dela). Questão 2. (UFRJ, 2016) Tradicionalmente, o sistema de saúde brasileiro está organizado para atender a saúde materno‑infantil, não considerando o envelhecimento como uma de suas prioridades. O Brasil envelhece de forma rápida e intensa; sua população idosa é composta por 23 milhões de pessoas, totalizando 11,8% da população total do país (IBGE, 2010). Com o envelhecimento populacional, há o aumento da incidência das doenças crônicas e, dentre as de maior relevância para a saúde, está o diabetes mellitus. Considerando a magnitude da incidência de diabetes na população idosa, assinale a alternativa correta para a atual classificação de diabetes mellitus. A) Diabetes mellitus tipo 1, diabetes mellitus tipo 2 e diabetes mellitus gestacional. 44 Re vi sã o: T ál ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 2/ 01 /1 8 Unidade II B) Diabetes mellitus tipo 1, diabetes mellitus tipo 2, diabetes mellitus gestacional e diabetes mellitus insulinodependente. C) Diabetes mellitus tipo 1, diabetes mellitus tipo 2, diabetes mellitus gestacional e diabetes mellitus não insulinodependente. D) Diabetes mellitus tipo 1, diabetes mellitus tipo 2, outros tipos específicos de diabetes mellitus e diabetes mellitus gestacional. E) Diabetes mellitus insulinodependente e diabetes mellitus não insulinodependente. Resolução desta questão na plataforma.
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