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Fundamentos da Administração

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Objetivos
Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de:
 Identificar as bases do pensamento administrativo gerencial.
 Interpretar as diversas abordagens do pensamento administrativo.
 Compreender a evolução dos princípios da administração.
 Identificar a presença da burocracia na atualidade.
 Reconhecer as diferentes formas de gestão das organizações.
Fundamentos de 
administração
Neste capítulo, serão apresentados os conceitos que formam as bases 
fundamentais da administração sob o ponto de vista gerencial, qualificando-a 
como campo do conhecimento. Para uma melhor compreensão desses 
conceitos, será explorado o contexto histórico em que foram propostos 
e como se manifestam na atualidade. Além disso, será apresentada uma 
análise crítica desses princípios, das perspectivas futuras e de outras 
possibilidades de se compreender a administração como ciência social 
aplicada e, portanto, vinculada às sociedades, organizações e pessoas de 
maneira ampla.
capítulo 1
Clúvio Buenno Soares Terceiro
Andréa Ribeiro Gonçalves Leal
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Para começar...
Organizações e sociedade
Na atualidade, ao contrário de outros mom
en-
tos da história da humanidade, as organi
za-
ções têm assumido a responsabilidade p
ela 
execução das principais atividades necessá
rias 
ao funcionamento da sociedade, organiz
an-
do, regulando e impondo uma forma de p
ro-
dução, de comercialização e de consumo
 de 
todos os bens e serviços, em todas as eta
pas 
e esferas da vida. Os exemplos que explicit
am 
esse pensamento são diversos: para nascer
, há 
uma maternidade; para o pós-vida, há um 
ce-
mitério ou um crematório; para deslocar-se
, há 
necessidade de se utilizar um complexo sis
te-
ma de transporte com regras que privilegi
am 
os veículos automotores; para atendime
nto 
médico, privilegiam-se os atendimentos h
os-
pitalares custeados por planos de saúde.
Além desses exemplos, é possível citar a pro
du-
ção do vestuário, que envolve uma compl
exa 
cadeia produtiva, desde as matérias-primas
 até 
a obtenção dos produtos finais e sua 
comercialização. Já a educação é as-
sumida e legitimada pela escola, pra-
ticamente desconsiderando outros 
espaços de aprendizagem. A comunicação 
en-
tre as pessoas passa a envolver um comple
xo 
sistema de correios, rádios, televisões, intern
et, 
etc. Outro exemplo é o cotidiano dos dom
icí-
lios, que exige o fornecimento de água e l
uz, 
dentre outros serviços, de forma coletiva.
Enfim, muitos outros exemplos poderiam 
ser 
citados para confirmar o quanto as organi
za-
ções estão presentes, voluntária e involunta
ria-
mente, em tempo integral, na vida das pesso
as, 
em especial no modo de vida urbano, cons
oli-
dado a partir da transição entre feudalism
o e 
capitalismo iniciada no continente europeu
.
Essa realidade apresenta alguns questio
na-
mentos que servem para orientar a leit
ura 
deste capítulo.
Fonte: ©istockphoto.com/viviyan (2011).
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Administração sob a 
perspectiva gerencial
Uma possibilidade de entendimento do caso inicial vincula-se à aceitação de uma 
realidade social e econômica orientada pelo resultado das organizações, portanto, 
aliada a uma noção de administração que a define como o processo de organizar 
recursos para a obtenção de resultados, que serão, em última instância, econômi-
cos. Mesmo nas organizações sem fins lucrativos, o resultado é entendido a partir 
do ponto de vista econômico, já que está vinculado a uma lógica de comparação 
entre o recurso despendido e os resultados alcançados.
Para essa perspectiva e para a obtenção da melhor relação entre recursos e resul-
tados, alguns princípios são fundamentais, tais como eficiência e eficácia, que 
são traduzidos para o processo administrativo na forma de ferramentas de ges-
tão capazes de apoiar a decisão do administrador (gestor ou gerente). Ao longo 
de todo o século XX, diversas propostas teóricas foram apresentadas com esse 
mesmo intuito, constituindo um conjunto teórico denominado Teoria Geral da 
Administração (TGA).
No Brasil, provavelmente os livros mais conhecidos e citados de TGA e de intro-
dução à TGA sejam os trabalhos de Idalberto Chiavenato (2011). Porém, é preciso 
destacar que outros autores também têm buscado apresentar esse conjunto de 
teorias, tais como:
 • Antonio Cesar Amaru Maximiano (2010);
 • Geraldo Caravantes (1998);
 DEFINIÇÃO
Eficiência é a correta 
utilização dos recursos (meios 
de produção) disponíveis, 
preocupando-se com os meios 
e métodos, os quais precisam 
ser planejados a fim de 
assegurar a otimização dos 
recursos disponíveis para 
a obtenção dos resutados 
previstos.
 PARA REFLETIR
O que há em comum nas organizações?
Que princípios e fundamentos de gestão orientam sua forma de produzir?
Que outras perspectivas poderiam ser encontradas para a complexa relação entre indivíduos, sociedade 
e organizações?
Haveria outras possibilidades para se pensar a vida em sociedade e a administração?
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 • Thomas Bateman (1998);
 • Eunice Laçava Kwasnicka (1995);
 • Stephen Robbins (2004).
Em geral, esses autores apresentam uma trajetória linear da TGA, iniciando pelos 
antecedentes históricos da administração, desde a antiguidade, passando pela 
Idade Média, até os dias atuais, situando a administração como uma ciência mo-
derna e focando no processo administrativo. Em comum, destacam os papéis 
e as habilidades do administrador e as características básicas das organizações, 
além da apresentação dos aspectos centrais das teorias da administração científi-
ca, da administração clássica e neoclássica, das relações humanas, estruturalistas, 
comportamentais, de sistemas, sociotécnicas e de contingência.
A seguir, são apresentados os aspectos centrais das principais abordagens do pen-
samento administrativo gerencial consolidado ao longo do século XX.
Antecedentes históricos da administração
A hegemonia das organizações, expressa no caso inicial, constitui um conjunto de 
fatos históricos, sociais, políticos e econômicos da atualidade. Isso não significa 
que não existiam organizações ou que não havia administração antes do século 
XX. Ainda na antiguidade, havia uma preocupação com a administração, o que 
pode ser verificado no livro A república, de Platão, na estrutura de comunicação 
entre Moisés e o povo hebreu, nos registros egípcios sobre a burocracia ou no pla-
nejamento estratégico grecoromano.
Deve-se destacar também a influência da Igreja Católica e dos exércitos militares 
na hierarquia, disciplina, descentralização de atividades e centralização de coman-
do, entre outros antecedentes presentes ainda hoje nessa perspectiva de adminis-
tração gerencial.
Administração científica
O principal autor do movimento da administração científica foi o engenheiro indus-
trial americano Frederick Winslow Taylor, comumente chamado de pai da adminis-
tração, devido à sua preocupação em tratar a administração de forma científica e não 
empírica. Seus principais conceitos foram apresentados principalmente nos livros 
Shop management (1903) e Princípios de administração científica (1911).
•
•
•
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A
 DEFINIÇÃO
Essas abordagens entendem 
que a administração é o 
processo de tomar decisões 
sobre objetivos e utilização 
de recursos, sejam materiais, 
humanos, financeiros, 
informacionais, entre outros, 
para a obtenção dos resultados 
previstos, sobretudo, na forma 
de lucro.
 IMPORTANTE
Henry Ford foi 
o precursor da 
produção em massa 
com a adoção da 
linha de montagem, 
que se tornou um 
ícone da administração 
científica. A ideia central 
do fordismo consistia em 
acelerar a produção por 
meio do trabalho ritmado, 
coordenado e econômico, 
diminuindo otempo de 
duração da produção com a 
rápida colocação do produto 
no mercado. A produtividade 
poderia aumentar, aprimorando-
se a capacidade de produção 
do trabalhador por meio da 
especialização e da repetição.
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Taylor entendia que havia um grande desperdício de recursos (materiais e tempo) 
e que não existia um processo de gestão capaz de obter maior eficiência produti-
va. Assim, focou suas propostas na análise das atividades e tarefas desempenha-
das pelos trabalhadores industriais da virada dos séculos XIX e XX. No seu enten-
der, havia um método correto de trabalho que garantia resultados e também uma 
forma errada que leva ao desperdício. Assim, suas principais propostas da organi-
zação racional do trabalho (ORT) foram:
 • análise da tarefa;
 • a seleção científica do trabalhador;
 • o estudo de tempos e movimentos;
 • padronização do trabalho e treinamento intensivo.
Os princípios e as técnicas da administração científica procuravam combater o 
desperdício e aumentar a eficiência da produção por meio da racionalização do 
trabalho. Este deveria ser realizado seguindo os movimentos necessários para a 
execução da tarefa, dentro do tempo padronizado para sua execução, com gran-
de centralização do poder, pequena amplitude de controle e impessoalidade nas 
decisões.
A ORT prevê uma separação entre os gerentes, que definem, planejam e contro-
lam o trabalho e os operários que o executam. Para isso, é necessário que uma 
tarefa seja dividida no maior número possível de subtarefas, tornando-a simples 
de ser desempenhada, formando, assim, o desenho de cargos e tarefas.
A ênfase na tarefa tem como objetivo o aumento da produtividade da empresa 
por meio do aumento do nível operacional, partindo da ideia de que o homem é 
um ser eminentemente racional, que pode sempre escolher a melhor alternativa e 
maximizar os resultados de sua decisão.
Dentro do conceito de homo economicus, o movimento da administração científi-
ca vê o ser humano como alguém preguiçoso, egoísta, que não gosta de trabalhar. 
Entretanto, diante do medo de passar fome e da necessidade de obter dinheiro 
para sobreviver, o homem procura o trabalho. Assim, é fundamental para a em-
presa adotar um plano de incentivos financeiros e ter supervisão direta para obter 
maior produtividade de seus trabalhadores.
 PARA SABER MAIS
Mais informações sobre a linha de montagem de Ford e suas relações com o consumo de carne e da 
produção em massa você encontra em Peinado e Graeml (2007).
 DEFINIÇÃO
A ORT é um conjunto de 
medidas que envolvem 
a seleção científica do 
trabalhador para que 
desempenhe a tarefa mais 
compatível com suas aptidões. 
Assim, é capaz de adquirir 
maestria a partir do treino e 
da repetição de atividades 
padronizadas, tanto o tempo de 
execução como os movimentos 
a serem realizados.
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Teoria clássica e neoclássica
A teoria clássica está focada em dois alicerces: na definição de uma estrutura 
e na definição de papéis que precisam ser executados nessa estrutura, com es-
pecial atenção para os papéis desempenhados pelos administradores. As con-
tribuições da teoria neoclássica foram o foco nos objetivos e nas metas que 
deveriam referenciar tanto a estrutura como a atuação dos administradores.
A preocupação inicial de Henri Fayol, engenheiro francês que primeiro defen-
deu as ideias da teoria clássica, estava vinculada ao crescimento industrial do 
início do século XX. Ele entendia que havia funções administrativas a serem de-
sempenhadas em todas as estruturas produtivas, principalmente na área indus-
trial, como governo, militares, entre outras. Fayol partia da análise de que todas 
as operações de uma indústria poderiam ser divididas (Quadro 1.1).
Quadro 1.1 Divisão das operações em uma indústria
Técnicas Relacionadas com a transformação e com a produção 
de bens.
Comerciais Oriundas das transações de compra e venda.
Financeiras Vinculadas à obtenção de captação.
Contábeis Realizadas de acordo com os registros necessários das 
movimentações patrimoniais.
Segurança Voltadas para a preservação e a proteção de seus bens.
Administrativas Responsáveis por integrar, dirigir e sincronizar as 
demais atividades. 
Logo, todas as organizações necessitariam da administração e essas divisões 
compreenderiam as atividades mais importantes a serem realizadas, de maneira 
ordenada, seguindo princípios administrativos.
A teoria neoclássica foi uma resposta às necessidades de redefinição de estru-
turas empresariais, no período pós-guerra. O tema central trata da definição so-
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bre os níveis de responsabilidade, hierarquia e centralização/descentrali-
zação das decisões, provocando reformulações nos desenhos organizacionais/
departamentais, com reflexos no redimensionamento de tarefas e operações 
necessárias à obtenção dos resultados empresariais. Ganham destaque tam-
bém os aspectos vinculados à comunicação interna e externa e à formação 
de gestores dentro das organizações, alinhados com a cultura hegemônica da 
empresa, marcadamente vinculada aos seus proprietários.
Os pressupostos neoclássicos têm sido fundamentais para a perspectiva 
gerencial da administração na atualidade, que, devido à crescente compe-
titividade estabelecida pelo mercado, entendem a necessidade de redefinir 
estruturas empresariais para a garantia de obtenção dos objetivos e resulta-
dos, buscando mais eficácia e lucros maiores. Exigem que o administrador 
conheça os aspectos técnicos e específicos de sua atividade, como a direção 
de pessoas, por exemplo. Assim, as principais características das teorias clássi-
ca e neoclássica são:
 • divisão de trabalho;
 • centralização das decisões;
 • poucos subordinados por gerentes (pequena amplitude de controle);
 • impessoalidade nas decisões;
 • busca de estruturas e sistemas perfeitos.
Processo administrativo
Segundo Fayol (1990), é função do administrador tomar decisões, estabelecer 
metas, definir diretrizes e atribuir responsabilidades aos demais empregados. 
Assim, a atividade administrativa seria constituída de cinco funções: prever, 
organizar, comandar, coordenar, controlar.
Já os autores neoclássicos entendem que haveria aqui a necessidade de uma 
mudança para quatro funções, agrupando o comandar e o coordenar no item 
direção. Assim, as funções que compõem o processo administrativo para os au-
tores neoclássicos são planejamento, organização, direção e controle.
A Figura 1.1 apresenta as funções que compõem o processo administrativo se-
gundo os autores neoclássicos.
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Planejamento
Definir metas/objetivos (estratégicos, 
táticos e operacionais) e o meio mais 
adequado para alcançá-los, como 
planos de ação, procedimentos, 
orçamentos, programas, normas e 
regulamentos.
Organização
Organizar, estruturar e integrar os 
recursos e os diversos setores 
envolvidos, incluindo objetivos, 
estrutura, departamentos, cargos e 
tarefas especializadas.
Direção
Dar instruções sobre como devem ser 
executadas as atividades previstas 
para a obtenção dos objetivos/metas 
estabelecidos, considerando a 
estrutura e a hierarquia da 
organização (vertical/horizontal).
Controle
Avaliar os resultados obtidos na 
busca pela máxima aproximação ao 
que foi planejado, exigindo critérios 
de avaliação, medidas corretivas, de 
manutenção, coercitivas ou de 
regulação.
Figura 1.1 Funções do processo administrativo.
Organograma, departamentalização,linha e staff
O organograma está relacionado à especialização do trabalho e sua organiza-
ção em setores administrativos. Propõe o desdobramento horizontal e verti-
cal da organização, competindo à direção traçar estratégias, planos e objetivos 
para a organização e aos gestores/supervisores cabe realizar a organização 
tática. O objetivo é atingir as metas traçadas, incluindo a supervisão sobre os 
níveis operacionais, para aqueles que realizam o trabalho previsto, garantindo 
os resultados.
Seguindo os princípios de administração propostos, apresentamos os conceitos 
de linha e de staff (assessoria). Assim, a linha apresenta a hierarquia a qual to-
dos estão submetidos na organização, seguindo os princípios da cadeia escalar, 
autoridade e unidade de comando, na qual cada indivíduo possui apenas um 
chefe. Já o staff são órgãos prestadores de serviços especializados, como asses-
sorias, consultorias (internas ou externas) e conselhos consultivos, em que não 
está presente o princípio da cadeia escalar, já que os serviços que prestam são 
orientações sobre como a organização deve proceder em casos específicos.
Esse modelo pode ser analisado verticalmente, no qual estão presentes os níveis 
de hierarquia e responsabilidade, e horizontalmente, a partir dos diferentes tipos 
de atividades desenvolvidas na organização.
t
 DEFINIÇÃO
Organograma é o desenho 
de responsabilidades da 
organização. Tem por objetivo 
formalizar e estabelecer as 
relações de poder e de comando 
sobre o trabalho, incluindo os 
fluxos de comunicação entre os 
níveis estratégicos, táticos e 
operacionais.
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Escola das relações humanas
A teoria das relações humanas teve início a partir dos trabalhos de Mary 
Parker Follet, como uma alternativa à tendência de desumanização do traba-
lho, decorrente da aplicação de métodos e técnicas da administração cien-
tífica (GRAHAM, 1997). Mas o fato de origem reconhecido é a experiência de 
Hawthorne, coordenada por Elton Mayo, psicólogo industrial australiano e 
professor da Universidade de Harvard (MAYO, 1933). Essa experiência, realizada 
entre 1927 e 1932, compreendeu quatro fases, com o objetivo inicial de analisar 
a influência do ambiente na produtividade, o que não se confirmou ao longo do 
experimento, já que as principais conclusões foram, entre outras, as seguintes:
 • O nível de produção é resultante da integração social.
 • O comportamento social dos empregados, que agem/reagem como mem-
bros de grupos.
 • A existência de recompensas e sanções sociais.
 • A existência de normas e padrões estabelecidos pelo grupo – condicionado-
res do comportamento dos trabalhadores.
 • A existência de uma organização informal e espontânea que emerge das 
necessidades de segurança, aprovação social e afeto.
O conceito de homo socialis, em oposição ao conceito de homo economicus, 
de acordo com a escola das relações humanas, entende que o ser humano 
não pode ter seu comportamento reduzido ao mecanicismo ou às relações 
econômicas, já que é condicionado pelo sistema social, devido à existência 
de necessidades vinculadas ao contexto social. Assim, há a necessidade de ser 
aceito pelo grupo social e de participar das decisões, das definições de objeti-
vos, entre outros.
A escola das relações humanas revelou que, além dos aspectos econômicos 
necessários à sobrevivência, os fatores afetivos e sociais são importantes 
para o trabalhador, já que são pessoas dotadas de sentimentos, desejos e te-
mores.
 PARA SABER MAIS
Mais detalhes sobre a experiência de Hawthorne você encontra no livro Teoria geral da administração, de 
Fernando C. Prestes Motta e Isabella F. Gouveia de Vasconcelos (2006).
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Teorias comportamentais e de liderança
Estudos posteriores aos experimentos de Hawthorne identificaram que não havia 
uma relação tão direta entre a satisfação das necessidades psicossociais dos em-
pregados e o aumento de produtividade, conforme apontara a escola das relações 
humanas. Esses estudos indicaram que a adoção de um modelo de gerência par-
ticipativa e a melhoria do clima como medidas para a busca de maior produtivi-
dade eram limitadas. Logo, não se trata de entender a relação entre fatores sociais 
e econômicos nas relações de trabalho assalariado.
Assim, os novos estudos sobre o comportamento humano no trabalho, sobre a moti-
vação e a liderança apontaram a existência de uma complexidade de fatores, como a 
busca por autonomia, autodesenvolvimento e o sentido do trabalho. Entre as princi-
pais teorias sobre motivação e liderança, estão: hierarquia das necessidades huma-
nas; teoria X; teoria Y; teoria dos dois fatores.
A hierarquia das necessidades humanas foi desenvolvida por Abraham Mas-
low (2001) e entende que existem cinco grupos de necessidades, que podem 
ser representados na forma de uma pirâmide: fisiológicas, de segurança, so-
ciais, de estima e de autorrealização (Quadro 1.2). Assim, o homem, seguindo 
prioridades individuais, nesta ordem, busca satisfazer primeiro as necessidades 
básicas para depois deslocar energia para a satisfação das necessidades mais 
complexas.
Quadro 1.2 Grupos de necessidades
Fisiológicas Relacionadas à manutenção do corpo humano, como a alimentação, o 
frio e o calor, além dos equipamentos de trabalho e do salário recebido.
Segurança Envolve tanto a segurança física (contra a violência) como os recursos 
financeiros, da família e da saúde, ou ainda vinculados à estabilidade da 
relação de trabalho.
Sociais Vinculam-se à atividade social, como amizades, família e outros espaços 
de socialização que, no trabalho, são relacionados com a interação com os 
colegas e o relacionamento com a chefia.
Estima Vincula-se ao reconhecimento, ao respeito e ao prestígio nos mais diversos 
meios sociais.
(continua)
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23
A teoria X e a teoria Y, de Douglas McGregor (1970), afirmam que o comporta-
mento humano está vinculado aos diferentes estilos de liderança. Assim, a teoria 
gerencial convencional é chamada de teoria X e a gerência participativa é denomi-
nada teoria Y, como contraponto à primeira.
Para o modelo teórico da teoria X, as pessoas são preguiçosas, indolentes e ten-
dem a evitar o trabalho, ou seja, evitam a responsabilidade para se sentir seguras 
e são ingênuas e sem iniciativa. Assim, é fundamental uma gestão que assuma o 
controle do processo de trabalho, estabelecendo regras claras, punições e recom-
pensas para a consecução dos objetivos gerenciais.
Já, para a teoria Y, as pessoas gostam do trabalho que exercem e são esforçadas e 
dedicadas. Assim, a gerência tem o papel de intermediar as relações de trabalho e 
proporcionar as melhores condições, pois, se o trabalho é algo natural a ser reali-
zado, o trabalhador poderia assumir responsabilidades e o controle do seu próprio 
trabalho, com criatividade e competência.
Herzberg (1959, 1976) entende que o ser humano possui duas atitudes diferen-
tes em relação ao trabalho, buscando não só a satisfação de suas necessidades 
elementares (higiênicas), mas também o aperfeiçoamento de suas habilidades, 
de seu espírito e o desenvolvimento de seu potencial humano. A esses conceitos, 
denominou teoria dos dois fatores (Quadro 1.3).
Quadro 1.2 Grupos de necessidades (continuação)
Autorrealização É instintiva do ser humano e está vinculada ao sentido das atividades 
que se realiza, à melhor utilização de suas habilidades, à superação dos 
desafios, à resolução de problemas, ao senso de moralidade e até mesmo 
ao prazer no trabalho.
Quadro 1.3 Aspectos do trabalho relacionados com a teoria dos dois fatores
Higiênicos Motivacionais
 • a natureza do cargo; • o conteúdo do cargo;
 • o contexto da empresa; • a natureza das atividades/tarefas;
 • o ambiente de trabalho; • o controle do indivíduo;
(continua)
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Assim, os fatores higiênicos estão relacionados às condições sob as quais o tra-
balho é realizado, portanto, são extrínsecos e ambientais. Logo, previnem insatis-
fação, mas são incapazes de produzir algum tipo de motivação e nunca são com-
pletamente satisfeitos. Porém, à medida que aumenta o grau de insatisfação das 
necessidades higiênicas, aumenta a insatisfação com o trabalho.
Os fatores motivacionais estão relacionados ao aprendizado e à realização do 
potencial humano no trabalho, por isso, são intrínsecos. Estão associados à satisfa-
ção no trabalho e incitam os indivíduos a um desempenho superior. Porém, a não 
satisfação desses fatores não gera desmotivação.
Outras teorias sobre a motivação humana no trabalho
David McClelland propôs uma teoria contingencial para a motivação (Quadro 
1.4), entendendo que o comportamento humano é resultado da combinação de 
três fatores/desejos inconscientes (MCCLELLAND; STELLE, 1973).
Quadro 1.4 Fatores da teoria contingencial para a motivação
Realização Vinculada ao reconhecimento dos pares sobre sua excelência 
técnica ou profissional.
Afiliação Relacionada à aceitação pelo grupo e à qualidade das 
relações interpessoais.
Poder Sentimento de ter de tomar decisões sobre indivíduos, 
recursos ou organização.
Quadro 1.3 Aspectos do trabalho relacionados com a teoria dos dois 
fatores (continuação)
 • as exigências de controle mantidas pela 
empresa;
 • as possibilidades de realização;
 • o salário; • o reconhecimento e o crescimento profissional;
 • o relacionamento com a chefia; • a responsabilidade pelo próprio trabalho.
 • os benefícios e serviços sociais.
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Assim, ainda que esses três fatores sejam analisados em conjunto, a motivação 
baseia-se no potencial que um indivíduo tem para alcançar o objetivo/desejo, o 
que serve de estímulo para que direcione suas energias e seu comportamento para 
obter esse êxito desejado. Portanto, a motivação está vinculada à projeção que o 
indivíduo faz de si mesmo em relação ao futuro que deseja alcançar.
Burrhus Frederic Skinner (1995, 2003) procurou estabelecer a relação entre o 
comportamento humano e a aprendizagem por meio de uma teoria baseada no 
controle e na previsibilidade dos indivíduos, o que poderia ser alcançado pela 
utilização de reforços positivos e negativos e da punição. Assim, entende que o 
comportamento é aprendido por meio de experiências e de sua manipulação, de 
acordo com o resultado pretendido.
O conjunto das teorias sobre o comportamento humano contribuiu para a con-
solidação do conceito de homo complexus, que é uma ampliação do conceito de 
homo socialis, que considera o trabalho como o principal meio de inserção social 
humana. É um reconhecimento das necessidades múltiplas humanas vinculadas 
ao trabalho, tais como:
 • o desenvolvimento pessoal;
 • a aprendizagem;
 • a autorrealização.
Vinculados a esse conceito, surgem vários estudos e teorias sobre motivação e 
liderança, que evidenciam o desejo de autodesenvolvimento e de realização, ad-
mitindo que o trabalho fornece sentido à existência humana, traz autonomia de 
pensamento e estabelece diferenças individuais quanto a objetivos e interesses. 
Além disso, essas teorias foram fundamentais para o desenvolvimento da admi-
nistração de recursos humanos (ARH), propondo mudanças estruturais nas or-
ganizações e privilegiando um estilo de liderança mais democrático.
Na atualidade, a ARH é denominada gestão de pessoas e tem sido tratada como 
área estratégica pelas organizações na busca por desempenhos melhores dos tra-
balhadores, segundo Motta e Vasconcelos (2006). Dois modelos diferentes têm 
sido apresentados: o instrumental, focado na maximização do resultado eco-
nômico, e o político, baseado na eficiência como resultado de um processo de 
negociação entre as partes.
É importante destacar também outros dois movimentos vinculados às ques-
tões comportamentais: a gestão participativa, vinculada ao modelo japonês 
(toyotismo – JIT – produção enxuta) e a democracia industrial, desenvolvida 
pela Volvo.
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Toyotismo e Volvismo você 
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Organizações vistas como sistemas 
abertos e teoria da contingência
O cientista Von Bertalanffy (1950), com sua publicação The theory of open systems 
in physics and biology, influenciou diversos ramos do conhecimento divulgando o 
conceito de sistemas abertos, que entendeu como um complexo de elementos 
em interação e em intercâmbio contínuo com o ambiente. Os pressupostos bási-
cos da teoria geral dos sistemas afirmam que:
 • Há uma tendência para a integração nas várias ciências naturais e sociais.
 • Tal integração parece orientar-se para uma teoria dos sistemas.
 • Essa teoria pode ser um meio importante de objetivar os campos não do conhe-
cimento científico, especialmente nas ciências sociais.
 • Desenvolvendo princípios unificadores que atravessam verticalmente os uni-
versos particulares das diversas ciências, essa teoria aproxima-nos do objetivo da 
unidade da ciência.
 • Isso pode levar a uma integração muito necessária na educação científica.
Cabe abordar alguns conceitos importantes sobre a teoria geral dos sistemas, 
como o conceito de sistema (ao lado), sinergia e entropia.
Sinergia é quando duas ou mais partes do sistema produzem, atuando em con-
junto, um efeito maior do que a soma dos efeitos que produziriam atuando indi-
vidualmente.
Entropia ocorre quando partes do sistema perdem sua integração e comunicação 
entre si, fazendo com que o sistema se decomponha, perca energia e informação, 
degenerando-se.
A teoria geral dos sistemas passou a influenciar outras ciências, tornando-se uma 
forma explicativa e uma referência para diferentes ciências, entre elas, a adminis-
tração, para a qual possibilitou uma ampliação na visão dos problemas organiza-
cionais, até então percebidos como fechados.
A concepção de homem funcional, com o desempenho de vários papéis e seus 
conflitos somados aos da organização (mistos), compõe o quadro organizacional 
dessa abordagem, que necessita de melhor sistematização e possui pouca aplica-
ção prática. Existe uma relação entre todos os elementos constituintes da socieda-
de. Os fatores essenciais dos problemas públicos, das questões e dos programas a 
serem adotados devem sempre ser considerados e avaliados como componentes 
interdependentes (Figura 1.2).
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 DEFINIÇÃO
Sistema é um conjunto de 
elementos dinamicamente 
relacionados, formando uma 
atividade para atingir um 
objetivo, que opera sobre 
dados/energia/matéria para 
fornecer informação/energia/
matéria.
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Recursos a
serem
transformados
Entradas Saídas
Bens e
Serviços
Processo de
transformação
Ambiente
Recursos de
transformação
Figura 1.2 A empresa em uma perspectiva sistêmica.
A teoria geral dos sistemas considera que as organizações são sistemas que transfor-
mam insumos (recursos) em produtos e/ou serviços e que as partes do sistema ou 
departamentos se inter-relacionam, sofrendo intervenções e intervindo no ambien-
te externo da organização.
Talcott Parsons (1964, 1969, 1971) entende que as organizações são a consequên-
cia da divisão do trabalho na sociedade, com atributos da burocracia weberiana, 
como uma descrição de funções e papéis, já que “a sociedade está constituída por 
subsistemas (estruturas) que operam (funcionam) de modo interdependente, 
cada parte do sistema desempenha um papel que busca o equilíbrio e aordem 
social”. Seu modelo explicativo contempla quatro funções de um sistema social 
(Quadro 1.5).
Quadro 1.5 Funções de um sistema social segundo Parsons
Latência A forma como o sistema se sustenta e se reproduz 
continuamente e como transmite os valores e padrões 
culturais que o embasam.
Integração A função que assegura coerência e coordenação entre 
indivíduos e grupos que compõem o sistema e entre suas 
partes diferenciadas.
Gerar e 
atingir 
objetivos 
A função que garante o estabelecimento de metas e 
objetivos e a implementação de meios visando atingi-los.
Adaptação Quando a organização ou o sistema social buscam 
recursos para a sua sobrevivência.
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Teoria sociotécnica
Motta e Vasconcelos (2006) afirmam que, quando a tecnologia interage com 
indivíduos, não é possível maximizar a eficiência nem da tecnologia nem do 
sistema social. A teoria sociotécnica foca a integração de pessoas e tecnolo-
gias e mostra que é o ser humano que atribui sentido à ferramenta, de acordo 
com os seus padrões cognitivos, seus objetivos pessoais e seus elementos de 
identidade social. Os principais teóricos dessa teoria são os psicólogos Eric Trist 
e Fred Emery.
Segundo essa abordagem sociotécnica, a organização divide-se em dois subsis-
temas: o técnico e o social. O técnico corresponde às demandas da tarefa, à im-
plantação física e ao equipamento existente, sendo responsável pela eficiência 
potencial da organização. O social refere-se às relações sociais daqueles encar-
regados pela execução da tarefa e que transformam a eficiência potencial em 
eficiência real.
Conheça os fundamentos da escola sociotécnica, a seguir:
 • A organização é um sistema aberto. Ela interage com o ambiente, é capaz de au-
torregulação e pode alcançar um mesmo objetivo a partir de diferentes caminhos 
e usando diferentes recursos.
 • A organização é formada por dois subsistemas: o técnico e o social.
 • A escola sociotécnica considera que o comportamento das pessoas, face ao tra-
balho, depende da forma de organização desse trabalho e do conteúdo das tarefas 
a serem executadas.
 • Os subsistemas social e técnico devem ser considerados, particularmente, e oti-
mizados de forma conjunta para que os objetivos organizacionais sejam atingidos, 
ao mesmo tempo em que alcançamos o desenvolvimento e a integração dos in-
divíduos.
Teoria da contingência
Chiavenato (2011) afirma que não existe uma única maneira melhor de organizar 
uma empresa, assim, as organizações precisam ser sistematicamente ajustadas às 
condições ambientais. A teoria da contingência considera que, para cada situa-
ção, existe uma teoria ou combinação de teorias administrativas. Não existe um 
modelo administrativo ideal ou único que sirva para todas as organizações, in-
dependentemente de sua natureza. Mas, dependendo do objetivo ou problema, 
deve-se estudar qual o melhor modelo para gerir a organização. Essa teoria mostra 
que não há one best way, mas um leque de opções.
Segundo Motta e Vasconcelos (2006), a teoria demonstra o princípio da equifi-
nalidade dos sistemas: existe mais de uma maneira de atingir os objetivos pro-
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postos. Para Chiavenato (2011), a teoria da contingência apresenta os seguintes 
aspectos básicos:
 • a organização é um sistema aberto;
 • as características organizacionais apresentam uma interação entre si e com o 
ambiente;
 • as características ambientais funcionam como variáveis independentes, en-
quanto as características organizacionais são variáveis dependentes.
Assim, os autores da escola contingencial apresentam duas variáveis principais 
que determinam toda a organização da empresa e os relacionamentos entre suas 
partes: o ambiente e a tecnologia. Ambiente é o que envolve externamente uma 
organização (ou um sistema). É o contexto dentro do qual uma organização está 
inserida e, como a organização é um sistema aberto, ela mantém transações e in-
tercâmbio com seu ambiente. Isso faz com que tudo o que ocorre externamente 
no ambiente passe a influenciar o que ocorre internamente na organização.
Como o ambiente é vasto e complexo, envolvendo tudo ao redor da organização, 
ele pode ser analisado em dois extratos: ambiente geral e ambiente de tarefa. 
O ambiente geral é o macroambiente, comum a todas as organizações. É cons-
tituído de um conjunto de condições que podem ser semelhantes para todas as 
organizações:
 • tecnológicas;
 • econômicas;
 • políticas;
 • legais;
 • demográficas;
 • ecológicas;
 • culturais.
Já o ambiente de tarefa é o ambiente mais próximo e imediato de cada organiza-
ção. Consiste em um segmento do ambiente geral, do qual a organização extrai as 
suas entradas e deposita suas saídas. É formado por:
 • fornecedores de entradas;
 • clientes ou usuários;
 • concorrentes;
 • entidades reguladoras.
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É importante destacar que as teorias aqui apresentadas analisaram as organiza-
ções sob pontos de vista diferentes, assim, formam conceitos que se sobrepõem. 
Não necessariamente negam umas às outras, mas utilizam-se de lentes diferentes 
para analisar aspectos diferentes das organizações.
Todavia, elas têm em comum alguns pressupostos vinculados com a atualidade des-
sas organizações e que marcam o momento histórico cultural, como, por exemplo, 
a orientação para o resultado e as relações de poder hierarquizadas entre quem de-
tém os meios de produção, ou são seus representantes, e quem detém a força de 
trabalho.
Essas abordagens pouco questionam como a sociedade evoluiu até o estágio atual, 
partindo do princípio de que o mundo está posto e que as organizações são a forma 
hegemônica de produção hoje.
Retomando o caso inicial 
em uma perspectiva 
crítica
A seguir, serão abordados aspectos centrais presentes nessas teorias, para os quais 
deve-se atentar, em especial, aqueles expostos anteriormente, buscando uma re-
flexão crítica sobre os fundamentos da administração.
O pensamento administrativo atual é fruto de uma conjunção de fatores sociais, 
econômicos, políticos, produtivos, científicos e tecnológicos. É, portanto, dotado de 
um conjunto ideológico, de uma visão do homem, do estado e do mundo, orienta-
do por interesses pessoais, sociais e coorporativos, por meio de uma perspectiva de 
compreensão das organizações e da própria administração.
Assim, concordamos com Tragtenberg (1992) quando afirma que as bases do 
pensamento administrativo surgiram a partir da burocracia e das mudanças 
sociais por ela proporcionadas. Logo, estão imbricadas com a racionalidade 
instrumental legal, já que representam o modo de pensar escolhido pelos 
capitalistas. Assim, os fundamentos de administração e a Teoria Geral da Ad-
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ministração são ideológicos, visto que seu aparato técnico-científico autoriza 
certos tipos de relações de poder e de dominação, que atribuem força a um 
grupo específico.
Para tanto, a administração será situada a partir das proposições de Motta e Vascon-
celos (2006), o que, por consequência, resgata as pesquisas e os conceitos de Max 
Weber (2004), apresentados no livro Economia e sociedade, sobre o processo de mo-
dernização da sociedade e sua relação com a emergência do pensamento administra-
tivo e da administração como campo de conhecimento. Além disso, será abordada a 
forma como esse pensamento está vinculadocom a sociedade capitalista, logo, com 
a subordinação do trabalho ao capital e com as formas de reprodução do capital pelo 
trabalho.
Segundo Motta e Vasconcelos (2006), ao contrário do que é afirmado por outros 
autores, a preocupação de Weber não era propor a burocracia como teoria admi-
nistrativa. Pelo contrário, buscava, a partir de uma perspectiva fenomenológica, 
compreender a emergência da burocracia em um processo amplo de evolução da 
sociedade, na transição entre o feudalismo e o capitalismo.
Weber (2004) classificou a burocracia como o corpo administrativo das organiza-
ções racionais legais na busca pela colaboração entre um grande número de indi-
víduos com funções especializadas de maneira estável e duradoura. Portanto, não 
restrito ao sistema econômico, mas um modelo de sociedade: a sociedade moder-
na, baseada na razão instrumental, ou, como Weber preferiu chamar, dominação 
racional instrumental legal.
Modernidade e dominação racional legal
A modernidade é caracterizada pelo predomínio da racionalidade instrumental 
e pela dominação racional legal, que contribuíram para o desenvolvimento do 
capitalismo. As organizações dominantes na sociedade moderna – empresas, apa-
ratos estatais e organizações formais da sociedade (sindicatos, associações, etc.) 
– são predominantemente racionais legais e reproduzem aparatos administrativos 
burocráticos.
À luz da teorização weberiana, a administração, como campo do conhecimento, 
encontra-se sob o paradigma da racionalidade da sociedade moderna. Essa 
afirmação pode ser vista a partir do processo histórico de modernização da socie-
dade, desde o final da Idade Média até hoje, período em que foram sendo cons-
truídos os principais paradigmas atuais em todos os campos do conhecimento. 
Inclusive a administração, que, desde seus primeiros teóricos, também encontra-
-se inserida nesse contexto.
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A transição entre a Idade Média e os dias atuais alterou, de forma drástica, todos 
os setores da sociedade, envolvendo a forma de governo, a religião, a economia 
e as formas de produção e de consumo. Vivia-se em um Estado fragmentado, em 
feudos, no qual o poder encontrava-se depositado no senhor feudal, que, como 
representante divino na Terra e descendente de linhagem nobre, definia a ordem 
de tudo o que se encontrava dentro de seus domínios.
O senhor feudal administrava de forma arbitrária, segundo seus interesses e os 
da classe social que representava, legitimado pela nobreza e pela ação do cle-
ro. Estabeleceram-se as monarquias absolutistas, com a concentração de poder 
nas mãos dos reis, logo, sem alteração em relação ao sistema anterior. Posterior-
mente, as repúblicas e as monarquias modernas foram sucedidas pelos Estados 
nacionais modernos.
Isso representa uma mudança radical na estrutura da sociedade, alterando não 
apenas o nome ou o título do senhor, mas tudo o que legitima o poder e as formas 
de dominação, portanto, de administração.
Weber (2004), no livro Economia e sociedade, preocupava-se em compreender o 
que legitima o poder e as formas de dominação. Logo, ao tratar de poder le-
gitimado, excluiu toda forma de opressão física ou por meio da força, já que as 
considera ilegítimas. Assim, sua construção metodológica questionava por que os 
indivíduos obedecem, mesmo contra a sua própria vontade.
Weber (2004) preocupava-se, então, com a dominação humana, a autoridade, o 
poder e suas vinculações na estrutura da sociedade. Seu entendimento é de que 
a dominação decorre da crença de quem é dominado na autoridade e de quem 
emite a ordem. Para compreender como isso ocorria na sociedade moderna, We-
ber propôs um modelo teórico a partir dos tipos ideais (puros) de dominação 
(Quadro 1.6).
Quadro 1.6 Tipos ideais de dominação segundo Weber (2004)
Carismática Embasa-se na crença dos dons naturais (natos).
Tradicional Baseia-se na tradição e na manutenção do status. 
Legal Baseada no uso da razão de quem detém o poder (por isso, 
racional).
A Figura 1.3 apresenta um esquema com as formas de dominação e autoridade, 
segundo Max Weber.
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TRADICIONAL
PROCESSO
DE
MODERNIZAÇÃOCARISMÁTICA RACIONAL-
-LEGAL
• Mitos
• Processos
 identificatórios
 grupais
• Líder
• Qualidades
 pessoais
• Regras
• Normas
• Direitos e
 deveres
• Costumes
• Tradições
Figura 1.3 Formas de dominação e autoridade, segundo Max Weber.
Fonte: Adaptada de Motta e Vasconcelos (2006).
Comparando o estudo weberiano com a modernização da sociedade, percebe-se 
a vigência da burocracia. Em outras palavras, as organizações sociais modernas 
encontram-se sob o paradigma da dominação racional legal, pois, à medida 
que se analisa esse processo de modernização na história, torna-se evidente que 
a crença na legitimidade da dominação é decorrente, cada vez mais, da razão, 
baseada mais nas leis do que nos dons (carisma) ou na tradição.
A dominação racional legal corresponde às necessidades da sociedade moderna, 
principalmente por sua característica impessoal, em que o senhor não ordena nem 
a si próprio, pois ele também está subordinado à regra. Segundo Weber (2004), as 
categorias fundamentais da dominação racional são:
 • um exercício contínuo de funções oficiais;
 • competência limitada com atribuição de poderes;
 • hierarquia oficial com instâncias de controle;
 • existência de regras (regras técnicas e normas);
 • separação entre quadro administrativo e os meios de administração e produção;
 • inexistência de apropriação do cargo pelo detentor;
 • princípio da documentação (registro);
 • existência de quadro administrativo de caráter funcional.
 IMPORTANTE
É importante lembrar o 
contexto em que Weber 
vivia quando propôs essa 
forma de compreensão do 
processo de modernização 
da sociedade, decorrente 
das transformações pelas 
quais passava a Alemanha, 
de unificação rápida e 
tardia, liderada pelo príncipe 
Bismarck.
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A administração como campo do conhecimento está situada sob a perspectiva da 
manutenção da ordem e da razão, não apenas contribuindo, mas ratificando a teoria 
weberiana. Assim, a chamada Teoria Geral da Administração e as teorias organizacio-
nais, desde Taylor e Fayol até os autores contemporâneos, têm proposto um conjunto 
de ideias para as organizações. São exemplos os estudos sobre produtividade, efi-
ciência, eficácia e liderança, orientados pela crença no que é racional e, como tanto, 
legítimo. Enfim, generalizando, a sociedade moderna e a administração encontram-
-se sob o paradigma da racionalidade instrumental legal, teorizado por Max Weber.
O que é burocracia
Conforme Motta e Vasconcelos (2006), na organização burocrática, as interações 
entre os indivíduos devem seguir padrões de impessoalidade, que reprimam a 
espontaneidade e a possibilidade de conflitos de interesse. Assim, a burocracia 
passa a ser uma solução organizacional com o objetivo de evitar a arbitrariedade, 
o confronto entre indivíduos e grupos e os abusos de poder. Seu objetivo é organi-
zar a atividade humana de modo estável para a realização de fins organizacionais 
explícitos (MOTTA; VASCONCELOS, 2006).
Para o sucesso da burocracia, é necessária a adoção (imposição) de regras claras 
que orientem (determinem) como o trabalho humano deve ser realizado, seguin-
do rotinas e procedimentos que garantam estabilidade ao processo, que redu-
zam suas incertezas e ofereçam os resultados previamente planejados por quem 
comanda a organização burocrática (Figura 1.4). Percebe-se que a burocracia está 
relacionada com a adoção de uma estrutura organizacional que possibilite maior 
competitividade, alinhada à lógica de mercado da modernidade.DIRETORIA
Planejamento
estratégico
GERÊNCIA MÉDIA
Implementação
das decisões
NÍVEL OPERACIONAL
Rotinização
das funções
Figura 1.4 A estrutura burocrática, segundo Max Weber.
Fonte: Adaptada de Motta e Vasconcelos (2006).
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Assim, o pensamento administrativo surge como consequência do processo de 
modernização da sociedade, é a expressão da lógica burocrática, baseada no con-
trole da atividade humana por meio da regra, com o objetivo de aumentar a pro-
dutividade e a geração de lucro na sociedade industrial (MOTTA; VASCONCELOS, 
2006).
 PARA SABER MAIS
Pesquise na internet sobre o conceito de racionalização do direito.
Evolução das relações econômicas e 
produtivas
A economia também passou por uma transformação radical. A circulação de 
moeda resultou no enriquecimento de uma classe (burguesia), que, por meio do 
comércio e do desenvolvimento industrial, impôs um modelo de produção e consu-
mo de bens e serviços em massa, portanto, padronizados, alcançando ganhos até 
então não imaginados. Percebe-se, dessa forma, uma transformação nas formas de 
planejamento e controle sobre a produção, o que resultou em mudanças no traba-
lho, passando de um modelo artesanal para o sistema industrial e no consumo de 
bens e serviços.
No modelo artesanal, o trabalhador possuía o conhecimento necessário à pro-
dução, era responsável pela provisão de materiais e pela construção dos próprios 
instrumentos e ferramentas, detendo o controle de todo o processo produtivo. 
Havia autonomia para determinar a produção, tanto em termos de qualidade 
como em quantidade, ainda que os tempos de produção estivessem totalmente 
subordinados aos tempos da natureza.
Logo, é preciso compreender que o trabalho artesanal não é apenas sinônimo de 
trabalho manual, mas sim de um modo de produção centrado no trabalhador. 
Nele, os bens estão personalizados na figura de quem o produz e não nas neces-
sidades de quem o consume. Do ponto de vista da economia de mercado, havia 
uma demanda reprimida, que se tornou oportunidade para o aumento da pro-
dução por meio de: aceleração industrial; divisão social do trabalho; especializa-
ção do trabalhador; substituição das ferramentas por máquinas; e substituição da 
força humana pela força motriz.
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O modelo de produção industrial abrange o controle sobre toda a produção, 
incluindo a escolha e a definição dos instrumentos, dos materiais e dos processos 
padronizados e racionalmente organizados de trabalho e de produção, incluindo 
a seleção de trabalhadores. Logo, o conhecimento sobre as técnicas de produção 
e o ato de trabalhar estão separados em pensar e fazer. Nesse processo, o traba-
lhador não possui autonomia, uma vez que está delegada a um pequeno grupo 
de pessoas, detentoras do capital ou determinadas por este.
Esse pequeno grupo de pessoas, detentoras do capital ou determinadas por quem 
possui, é que pensa e determina os processos, custos, preços, quantidades, quali-
dade e até mesmo a quantidade de trabalhadores necessários para o atingimento 
das metas de produção. Ou seja, esse grupo de trabalhadores necessários para o 
atingimento das metas de produção, embora maior, apenas executará o trabalho 
como parte (recurso) desse processo.
Segundo o Brigthon Labour Process Group (1991), as mudanças na economia (de 
subsistência para a de mercado) e no modelo de produção (de artesanal para in-
dustrial) são analisadas por Karl Marx em sua crítica à economia política, principal-
mente no livro O capital, em que evidencia a subordinação do trabalho ao capital e 
os fatores que compõem o processo de acumulação, quais sejam:
 • Apropriação privada dos meios de produção.
 • Cercamento e garantia de propriedade sobre a terra.
 • Concentração de trabalhadores (operários da indústria) nas cidades, subordina-
dos a uma relação de trabalho assalariado.
 • Controle da ciência e da tecnologia.
 • Divisão técnica e social do trabalho.
 • Subordinação do trabalho humano às indústrias, por meio do controle das má-
quinas, das regras, da velocidade e da capacidade produtiva.
 • Substituição dos tempos da natureza pelos tempos das máquinas.
 • Surgimento da produção e do consumo em massa.
Esse conjunto de fatores analisados por Marx permitiu subordinar o trabalho hu-
mano à reprodução de capital pela empresa, pela extração de mais-valia, estando 
centrado no trabalho assalariado e na transformação dos meios de produção, de 
subsistência e dos produtos na forma de mercadorias.
Na transformação dos meios de produção, de subsistência e dos produtos na 
forma de mercadorias, cada mercadoria é composta pela transformação de ma-
teriais e informações que, pela ação humana, incorporam o valor fixo do investi-
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 DEFINIÇÃO
O trabalho assalariado é a 
forma de trabalho na qual 
trabalhadores precisam 
vender sua força de trabalho 
para receber salário em 
troca, como forma de 
sobrevivência, pois não 
possuem acesso aos meios 
de subsistência.
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 DEFINIÇÃO
De maneira sintética, o 
conceito de mais-valia, 
apresentado por Karl Marx 
(2010) em O capital, é 
decorrente da exploração 
do trabalhador pela 
relação entre o tempo 
de trabalho excedente 
(em que o trabalhador 
produz) e o tempo de 
trabalho necessário (em 
que o operário reproduz 
o valor de sua força de 
trabalho, equivalente ao 
seu salário).
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mento capitalista e o lucro que o proprietário dos meios de produção deseja obter, 
logo, incorporando, pela ação do trabalhador, mais-valia retida na forma de lucro.
Assim, há a mais-valia absoluta, que consiste em estender a duração da jornada 
de trabalho, mantendo o salário constante, e a mais-valia relativa, que é obtida 
pela ampliação da produtividade do trabalho, por meio da inserção de maquiná-
rio/tecnologia.
Marini (1979) apresenta o conceito de mais-valia extraordinária, que está rela-
cionado à redução do valor individual das mercadorias, mantendo seu valor social 
a partir da combinação entre a utilização de tecnologia avançada e trabalhadores 
de baixo custo.
Diante disso, evidenciam-se três princípios do processo de produção capitalista: 
a divisão do trabalho intelectual e manual, o controle hierárquico e a fragmenta-
ção e desqualificação do trabalhador (Quadro 1.7).
Quadro 1.7 Princípios do processo de produção capitalista
Divisão do 
trabalho 
intelectual e 
manual
 • Por mais repetitivo ou rotinizado que a execução do trabalho possa parecer, 
qualquer ação humana exige atividade intelectual, seja reflexiva, de controle 
ou conceitual.
 • Da mesma forma, todo trabalho intelectual prescinde do corpo humano, seja 
de braços, pernas, olhos ou outra parte qualquer. Assim, a separação entre 
trabalho manual e intelectual não está relacionada à divisão existente entre as 
funções físicas do corpo humano, embora as utilize como metáfora para expor a 
separação entre quem pensa e quem executa.
 • A separação está no fato de que o capitalista ou seu representante tem o poder 
de pensar (planejar, coordenar, dirigir e controlar) o trabalho que deve ser feito, 
bem como os resultados. Logo, possui o monopólio sobre o conhecimento e os 
sistemas de produção, restando ao trabalhador executar o trabalho de acordo 
com a prescrição necessária para a realização da produção. 
Controle 
hierárquico
 • Está vinculado à pronta aceitação de ordens. Muito mais do que buscar a 
superação da resistência em cumprir ordens, a hierarquia deseja informações 
sobre qualidade e quantidade da produção individual e coletiva.
 • Tem por objetivo manter estável a organização do trabalho previamente 
definida, delimitandotodas as ações do trabalhador e retirando-lhe qualquer 
margem de manobra que o permita assumir o controle da produção.
 • Assim, o controle é posto sobre o maquinário e a tecnologia, de maneira que 
controlem os tempos e as quantidades a serem produzidas, bem como todo o 
trabalho humano. 
(continua)
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Hoje em dia, devido ao acirramento da concorrência, tem se tornado comum a 
concessão de maior nível de autonomia ao trabalhador. Mas, mesmo nos pro-
cessos de trabalho denominados participativos, essa participação é decorrente do 
duo benevolência-legitimação. Benevolência porque a participação é permitida 
dentro de níveis controlados de autonomia, como um presente, uma concessão. 
E legitimação porque necessariamente passa por um processo de aprovação que 
comprove atender aos interesses do capital. Logo, a autonomia é parcial e permi-
tida enquanto forma de aumento da base material capitalista.
 PARA REFLETIR
Tente descrever como você percebe que esses conceitos estão presentes na sociedade atual. Como você 
se posicionaria levando em conta sua atuação nesta sociedade?
Repensando os princípios da 
administração científica
A escola clássica propunha que a administração deveria ser encarada como ciência 
e, para tanto, precisava de um método científico. Taylor e Fayol (ambos engenhei-
ros), seus principais representantes, o fizeram sob diferentes perspectivas, mas am-
bos mantiveram o olhar sob a organização formal.
O primeiro, por meio do estudo das tarefas, debruçou-se no quanto as empresas 
poderiam obter ganhos de produtividade e assim maiores lucros. Disso, surgiram 
importantes estudos, como, por exemplo, a organização racional do trabalho, dos 
Quadro 1.7 Princípios do processo de produção capitalista (continuação)
Fragmentação e 
desqualificação 
do trabalhador
 • Estando o trabalho subordinado ao maquinário e à tecnologia, há um 
movimento constante de desqualificação-qualificação do trabalhador, 
em função do processo de inovação que permeia os bens, os serviços, a 
maquinaria e a tecnologia.
 • Logo, quanto menor o tempo de vida útil de um determinado processo de 
trabalho e/ou tecnologia, com maior velocidade e mais acentuadamente ocorrerá 
o processo de desqualificação-qualificação.
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tempos e movimentos, da fadiga humana e o conceito de homo economicus. Já o 
segundo esteve focado na estrutura e nas funções do administrador, a quem 
atribuía a possibilidade de sucesso das empresas.
O início da escola das relações humanas ocorre a partir da experiência de Ha-
wthorne, que percebe aspectos até então não evidentes para as empresas, como, 
por exemplo, a existência das relações informais, da dinâmica do grupo e das ne-
cessidades de atenção e status que o trabalhador possui, propondo o conceito de 
homo socialis. Entre as decorrências dessa escola, podem ser citados os estudos 
sobre motivação e liderança, por exemplo.
Essas escolas são vistas, normalmente, a partir de suas diferenças, tanto em rela-
ção ao trabalho humano como em relação à gestão da empresa (Quadro 1.8).
Quadro 1.8 Diferenças entre as escolas clásssica e das 
relações humanas
Escola clássica Escola das relações humanas
 • Foco na formalidade.
 • O trabalhador era visto como 
preguiçoso.
 • O trabalho deve ser definido pela 
empresa e pelo supervisor dentro 
do conceito de the best way e first 
class man.
 • Foco na informalidade.
 • O trabalhador era visto como 
alguém que tem necessidades e 
motivações.
 • O ritmo do trabalho é definido 
pelos operários e que, se preciso for, 
defenderão os mais lentos.
Contudo, há diversos aspectos de complementaridade entre a escola clássica e 
a escola das relações humanas. Um exemplo é a experiência de Hawthorne, cuja 
ideia inicial era verificar como variava a produtividade a partir das alterações am-
bientais, no caso, a iluminação. Uma das expoentes dessa teoria, Follet não desfa-
zia dos ganhos de produtividade, aliás, como integrante do instituto fundado por 
Taylor, entendia e concordava que era preciso aumentar a eficiência das empresas 
e diminuir o desperdício, contudo, defendia que isso não deveria ser obtido sobre-
pondo-se aos interesses das pessoas.
Por fim, essa teoria propunha maior satisfação ao trabalhador como forma de 
equalizar o descontentamento e melhorar os rendimentos da empresa, ou seja, 
sob a visão do gerente. Assim, é bastante ingênuo imaginar que a teoria das rela-
ções humanas contrapõe-se às ideias da teoria clássica, pois os objetivos de ambas 
são muito semelhantes –, embora a primeira tenha se afastado da segunda quan-
to à forma de obtê-los, o foco de ambas é a garantia da produtividade e do lucro.
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Outras perspectivas de gestão
Da mesma forma que o Fórum Social Mundial afirma que uma outra sociedade é 
possível, pode-se afirmar que uma outra administração é possível. Não se pode 
afirmar se é uma mudança na administração que resultará em uma transformação 
na sociedade ou se a mudança na sociedade é que levará a uma nova forma de 
administrar. De fato, uma vez que a administração é fruto do processo de moder-
nização da sociedade, esse processo emerge a partir de alterações nas relações 
de produção da existência humana e de poder, portanto, da administração. Logo, 
uma administração que supere o modelo burocrático e a exploração do trabalho 
pelo capital está vinculada a uma sociedade que legitime o trabalho assalariado e 
as atuais formas de produzir e consumir bens e serviços.
Uma perspectiva que tem sido apontada em oposição ao sistema de produção 
capitalista é o trabalho associado, que, pautado nas relações não hierarquiza-
das de trabalho, pode proporcionar autonomia ao trabalhador e possibilidade de 
superação da divisão entre quem pensa e quem executa o trabalho. Essa perspec-
tiva de autogestão busca a eliminação da subordinação e relações mais justas 
de trabalho. Os princípios do trabalho associado são: a propriedade dos meios de 
produção compartilhada pelos trabalhadores e as decisões colegiadas.
Essas possibilidades, vinculadas a mudanças também no modo de produção e 
no consumo sustentável, precisam ser repensadas na academia e na sociedade. 
Alguns autores brasileiros entendem ainda que há necessidade de se pensar a 
administração no contexto brasileiro, de um capitalismo periférico e em desen-
volvimento, contrariando a tese de importar referenciais da Europa e dos Estados 
Unidos.
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 NO SITE
Leia o artigo 
Experimentando pensar: 
da fábula de Bernard 
à aventura de outras 
possibilidades de 
organizar, de Maria Ceci de 
Araujo Misoczky e Rafael 
Augusto Vecchio, disponível 
no ambiente virtual de 
aprendizagem.
 PARA REFLETIR
Você concorda com a opinião de alguns autores sobre a necessidade de se pensar a adminstração no 
contexto brasileiro? Por quê?
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Atividades
1) Quais são os fundamentos da administração apresentados neste capítulo?
2) Descreva os aspectos complementares e diferentes do movimento da administração científica e da 
escola das relações humanas.
3) Como as teorias de motivação e liderança podem contribuir para a gestão de pessoas?
4) Como as teorias administrativas gerenciais podem contribuir para a gestão das organizações?
5) Como as teorias sobre motivação e liderança estão presentes nas organizações?
6) O que é burocracia, qual a sua finalidade e principais características?
7) Quais são as três formas de autoridade, segundo Max Weber?
8) Qual é a relação entre a burocracia, a evolução das relações econômicas e produtivas e a industrializa-
ção?
9) Qual é a relaçãoentre as teorias administrativas e a extração de mais-valia?
REFERÊNCIAS
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