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101 Panorama da Aquicultura

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1Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
2 Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
3Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007 3
Editorial
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor
E u era ainda criança quando escutei pela primeira vez que os japoneses reservavam para o seu mercado interno os melhores produtos que podiam fabricar, e que a sobra era 
vendida para outros países. Acho que muita gente já deve ter escutado isso. Lembro-me que 
achei aquilo o máximo, mas até hoje não sei até que ponto isso era verdade. O fato é que nunca 
mais esqueci do país que reservava para o seu povo o que de melhor conseguia produzir, e isso 
só serviu para aumentar minha admiração pelo distante Japão. E como era distante pra mim, o 
país do meu super-herói National Kid. Awika!
Nessa mesma época ganhei de presente um radinho portátil, que pra funcionar precisava 
apenas de duas pilhas pequenas. Era de longe a maior novidade eletrônica que um moleque brasi-
leiro podia sonhar. O tal radinho era uma verdadeira jóia fabricada no Japão, que vinha protegido 
por uma capinha de couro marrom, e que podia até ficar apoiado numa pequena aba flexível. 
O presente parecia ter sido feito sob medida para andar grudado nos meus ouvidos. Diante da 
minha nova paixão, eu tentava imaginar como deveriam ser maravilhosos os radinhos que não 
eram exportados, já que o que produziam de melhor ficavam para as crianças japonesas.
No Brasil, infelizmente não era assim. O país do café, não reservava para nós os seus 
melhores grãos. Eu não conhecia ninguém que havia provado do melhor café brasileiro, sabia 
apenas que ele existia, mas que as sacas com as melhores seleções seguiam direto para o Cais 
do Porto, rumo ao exterior. Assim foi também com as laranjas e com outros tantos produtos de 
altíssima qualidade, que nós brasileiros nunca tínhamos acesso, e que eram destinados apenas 
aos consumidores do lado de fora do país.
Quando vi os produtores de camarão se voltando com disposição para o mercado interno, 
todas essas lembranças me vieram. Uma viagem às avessas imposta pela desvalorização cambial, 
que está obrigando a indústria do camarão cultivado a olhar com mais atenção, não só para os 
nossos supermercados, peixarias e feiras livres, mas também para o bolso do consumidor brasi-
leiro, que anda um pouco mais recheado. 
O melhor do camarão cultivado estará agora sendo consumido no mercado brasileiro e 
o setor está apostando alto no sucesso dessa mudança. Teremos a oportunidade de comer um 
produto processado em estabelecimentos com SIF, com controle de resíduos, tudo como exige, 
por exemplo, a Comunidade Européia. Sorte de nós consumidores.
A ocupação do mercado interno pela indústria do camarão brasileira é um dos muitos assuntos 
que tratamos nessa edição. Trazemos também um artigo sobre o cultivo de tilápias em açudes parti-
culares, uma reflexão sobre os problemas climáticos e seus efeitos na aqüicultura e muito mais...
A todos, uma ótima leitura,
4 Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
Sucesso Absoluto de Vendas!
Garanta também o seu CD!
Entre em contato conosco ou compre pelo site, que lhe enviaremos pelo correio!
Navegue e imprima os artigos publicados na revista nos últimos 5 anos. São 32 edições, formatadas 
em PDF, que podem ser acessadas através de um Menu que possibilita visualizar as revistas tal qual 
foram diagramadas originalmente.
5Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
O mercado interno para o camarão
O camarão de cultivo responde por cerca de dois terços da produção total de camarões 
no Brasil e o mercado interno é um dos temas mais discutidos atualmente pela indústria 
da carcinicultura brasileira, decorrente da queda no volume das exportações, que já 
atinge 43%. O mercado para camarões no Brasil, cujas vendas aumentaram na mesma 
proporção, oferece boas oportunidades de negócios, com algumas adequações, entre 
elas posicionar o camarão cultivado em pé de igualdade com os demais produtos 
concorrentes. No entanto, todos os esforços devem ser implementados sem que se 
perca o foco no mercado externo, conquistado com muito trabalho e que merece ser 
fortalecido e ampliado. O artigo publicado na página 22 dessa edição, faz um panorama 
desse mercado, onde o camarão de cultivo predomina.
 
...Pág 55
...Pág 41
...Pág 47
...Pág 57
...Pág 22
...Pág 32
...Pág 52
...Pág 06
...Pág 03
...Pág 13
...Pág 14
...Pág 10
...Pág 56
...Pág 59
...Pág 66
...Pág 36
Í N D I C E
Editor Chefe:
Biólogo Jomar Carvalho Filho
jomar@panoramadaaquicultura.com.br
Jornalista Responsável:
Solange Fonseca - MT23.828
Direção Comercial:
Solange Fonseca
publicidade@panoramadaaquicultura.com.br
Colaboradores desta edição: Alexandre 
Alter Wainberg, Ana Eliza Baccarin Leonardo, 
Antonio Fernando Gervásio Leonardo, Camila 
Fernandes Correia, Carlos Augusto Gomes 
Leal, Fernando Kubitza, Henrique César Pereira 
Figueiredo, Itamar de Paiva Rocha, João Donato 
Scorvo Filho, Leonardo Tachibana, Luís Parente 
Maia, Ricardo Y. Tsukamoto, Neuza S. Takahashi, 
Rodrigo A.P.L.F. de Carvalho, Uilians E. Ruivo
Os artigos assinados são de responsabilidade 
dos autores. 
A única publicação brasileira dedicada 
exclusivamente aos cultivos de 
organismos aquáticos
Uma publicação Bimestral da: 
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
Rua Mundo Novo, 822 # 101
22251-020 - Botafogo - RJ
Tel: (21) 2553-1107 / Fax: (21) 2553-3487
www.panoramadaaquicultura.com.br
revista@panoramadaaquicultura.com.br
ISSN 1519-1141
Assinatura:
Fernanda Carvalho Araújo
e Daniela Dell’Armi
assinatura@panoramadaaquicultura.com.br
Para assinatura use o cupom encartado, 
visite 
www.panoramadaaquicultura.com.br ou 
envie e-mail.
ASSINANTE - Você pode controlar, a cada 
edição, quantos exemplares ainda fazem parte 
da sua assinatura. Basta conferir o número de 
créditos descrito entre parênteses na etiqueta 
que endereça a sua revista.
Números atrasados custam R$ 16,00 cada. Para 
adquiri-los entre em contato com a redação. 
Edições esgotadas: 01, 05, 09, 10, 11, 12, 14, 17, 18, 20, 
21, 22, 24, 25, 26, 27, 29, 30,33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 
40, 41, 44, 45, 59, 61, 62, 63, 65, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 
82, 83, 84, 85, 87, 88
Projeto Gráfico:
Leandro Aguiar
leandro@panoramadaaquicultura.com.br
Design & Editoração Eletrônica:
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
 Impresso na Grafitto Gráfica e Editora Ltda.
Os editores não respondem quanto a quali-
dade dos serviços e produtos anunciados. 
Capa: Arte e foto 
Panorama da AQÜICULTURA 
Edição100 – março/abril 2007
Editorial
Notícias e Negócios
Notícias e Negócios on-line
Ostras e vieiras do Rio de Janeiro têm doença desconhecida
Tanques-rede em açudes particulares 
Mercado interno: Oportunidades para o camarão brasileiro
Columnariose: doença da piscicultura moderna
Problemas climáticos globais e seus efeitos na aqüicultura 
Diagnóstico dos conflitos entre a carcinicultura e a pesca artesanal
Construindo o Enfoque Ecológico para Aqüicultura
A piscicultura ao alcance de todos
Lançamentos Editoriais
Dourados sedia 1º Congresso Brasileiro de Peixes Nativos
IV FENACAM atrai também piscicultores para Natal
Aquabio elege nova diretoria
Calendário Aqüícola
6 Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
Notícias & Negócios
CABEÇA AMARELA - Uma notícia publica-
da no jornal El Nuevo Diário, da Nicarágua, 
colocou em alerta a indústria do camarão 
cultivado na América Latina e levou as au-
toridades nicaragüenses do Ministerio Agro-
pecuario y Forestal (Mag-For), a fechar as 
fronteiras para a importação de larvas de 
camarão da vizinha Honduras, já que os 
laboratórios estavam utilizando alimentos 
de larvas importados da China, suspeitos 
de serem portadores da doença da “Cabeça 
Amarela”. Fiscais do Mag-For, em inspeção 
aos laboratórios de larvas de camarão de 
Honduras, encontraram, além de artêmia 
e poliquetas, alimentos da China cuja im-
portação também não havia sido reportada 
às autoridades hondurenhas de sanidade 
animal. A preocupação das autoridades ni-
caragüensesdeve-se a possibilidade desses 
alimentos não estarem livres da doença da 
“Cabeça Amarela” e, por isso, decidiram não 
por em risco as fazendas nicaragüenses. A 
doença da “Cabeça Amarela” é considerada 
pior que a da "Mancha Branca", que apare-
ceu em 1998, e está atualmente controlada, 
mas que ocasionou grandes perdas para a 
indústria nicaragüense. Os hondurenhos, 
estão também muito preocupados porque o 
fechamento do mercado nicaragüense para 
as suas larvas pode dar início a uma reação 
em cadeia, que pode culminar com o fecha-
mento das exportações para os mercados 
dos Estados Unidos e Europa, com perdas 
superiores a 219 milhões de dólares, fruto 
da exportação anual de 22.650 toneladas.
CAMARÃO EQUATORIANO - O camarão 
equatoriano marcou um novo recorde em 
vendas ao exterior, exportando em maio 
11.400 toneladas. Isso representa a entrada 
de 51 milhões de dólares. Segundo a Câma-
ra Nacional de Aqüicultura, esse volume de 
venda por mês foi registrado como o mais 
alto da história das exportações de camarão 
do país. O crescimento tem sido progressi-
vo. Em 2006, as vendas já aumentaram 24% 
com relação a 2005. No primeiro trimestre 
de 2007, 62% das exportações foram para 
os EUA. A boa notícia para os produtores 
equatorianos veio na primeira semana de 
junho, quando o Departamento de Comér-
cio dos EUA (DOC) anunciou que o camarão 
equatoriano poderia ingressar com taxa zero 
nesse mercado. A decisão deve ser ratifica-
da antes de 20 de agosto próximo.
FUNDADA A FEAq - Acaba de ser fundada 
em Florianópolis (SC) a Federação das Em-
presas de Aqüicultura, FEAq, cujo objetivo 
primordial é servir como órgão de represen-
tação das empresas aqüícolas existentes em 
Santa Catarina. São sócios fundadores as 
empresas Ostra Sul, Blue Water Aquaculture, 
Fazenda Marinha Ostravagante, Alternativa 
Produtos do Mar, Santana Cultivos Marinhos, 
Fazenda Marinha Atlântico Sul, Fazenda Ma-
rinha Ostra Viva e Mar do Sul e Ad Oceanum, 
todas com forte atuação na área de mala-
cocultura. A presidência da entidade está a 
cargo do maricultor e engenheiro agrônomo 
Fabio Faria Brognoli, da Fazenda Marinha 
Atlântico Sul. Brognoli assinala que há mui-
to tempo as empresas de aqüicultura preci-
savam se organizar para levar adiante suas 
reivindicações. “Precisamos fazer com que 
o muito que pagamos em impostos, taxas e 
tarifas retornem na forma de projetos, leis, 
fomento, crédito, obras e melhorias, e ve-
nha solucionar os problemas de toda ordem 
que as empresas se deparam no dia a dia” 
- explicou Brognoli.
BOM EXEMPLO - Moradores do bairro San-
ta Rita, localizado próximo ao centro de 
Piracicaba-SP, comemoram a produção de 
duas toneladas de tilápias. Há dois anos 
um grupo de 30 moradores se uniu para 
limpar os tanques abandonados do Centro 
de Piscicultura, situados em Área de Pre-
servação Permanente (APP), e passaram a 
7Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
Notícias & Negócios
investir na tilapicultura, transformando-se 
em piscicultores autodidatas. Hoje, após 
formarem a Associação dos Piscicultores do 
Santa Rita, exploram 11 mil m2 distribuídos 
em 15 tanques, que variam de 350 a 1000 
m2, onde foram colocados 11 mil alevinos. 
Para recuperar os tanques e tocar o projeto 
de piscicultura, os associados empregaram 
recursos próprios e tudo o que conseguiram 
com rifas e doações. Além disso, firmaram 
parcerias com a Prefeitura e buscaram apoio 
da Universidade Metodista de Piracicaba 
(Unimep), por meio do Núcleo de Estudos 
e Pesquisas em Educação Popular (Nepep). 
O trabalho de recuperação da área onde 
estavam os tanques atraiu também outros 
parceiros, como a Fraternidade Cristã e a 
Associação dos Deficientes de Piracicaba e 
Região, que se interessaram em utilizar par-
te do terreno para o plantio de ervas medici-
nais, com o objetivo de promover renda para 
os portadores de deficiência física. Dentro 
de duas semanas deverá ser aprovado na 
Câmara de Vereadores o projeto de lei que 
autoriza a exploração da área pela Associa-
ção dos Piscicultores do Santa Rita e libera 
recursos municipais para suprir custos bási-
cos. A aprovação da lei permitirá também 
que a Secretaria Municipal de Agricultura e 
Abastecimento (Sema) comercialize os pei-
xes. A renda obtida com a venda de parte 
dos peixes será distribuída entre as famílias 
carentes do Santa Rita. A outra parte da 
produção será doada à escola do bairro, para 
ser utilizada na merenda escolar. 
CAMARÃO CATARINENSE - A atual safra 
da produção de camarão em Santa Catarina 
ficou reduzida para apenas 300 ton. reflexo 
da doença do vírus da "Mancha Branca" nas 
criações em 2004. Antes da doença, a pro-
dução do Estado, o quinto maior produtor 
nacional, foi estimada em 4,2 mil toneladas 
de camarão, após crescimento de 31% da 
produção. Segundo a Epagri-SC, mesmo sem 
a manifestação da doença, de um total de 
109 fazendas catarinenses, apenas 12 con-
seguiram produzir camarão este ano.
PIRÁ TURBO 36 - O Grupo Guabi apresenta 
ao mercado aqüícola a sua nova ração para 
peixes, a Pirá Turbo 36, desenvolvida es-
pecialmente para as situações de estresse. 
Com altos teores de vitamina C, de gordura e 
de proteína, a ração ajuda a minimizar efei-
tos negativos do estresse que ocorrem por 
conta de altas densidades de estocagem, 
variações ambientais ou manejo intenso. A 
nova opção Pirá Turbo 36 deve ser adminis-
trada de forma preventiva, ressalta o geren-
te de produtos para aqüicultura da Guabi, 
João Manoel. O Pirá Turbo 36 tem 1.000 mg 
de Vitamina C/kg, alto teor de gordura (8% 
extrato etéreo) e de proteínas (36% PB). A 
vitamina C é um antioxidante natural que 
reduz os efeitos negativos do estresse, po-
tencializa a resistência dos peixes e pode 
ser fornecido como reforço para outras ra-
ções menos enriquecidas. Esta nova ração é 
acrescida dos principais nutrientes, de modo 
que, mesmo ingerida em pequenas quantida-
des, fornece as vitaminas necessárias, ami-
noácidos e gorduras de alta digestibilidade, 
suficientes para melhorar o quadro geral dos 
peixes afetados. A Pirá Turbo 36 pode ser 
administrada pura ou misturada a outras ra-
ções para aumentar os níveis de nutrientes 
ou melhorar sua digestibilidade. O produto 
é apresentado em dois diâmetros 2-4 mm 
e 6-8 mm, atendendo todas as espécies e 
tamanhos de peixes. Mais informações no 
site: www.guabi.com.br
REDE PARANAENSE I - Mais de 60 muni-
cípios do Estado do Paraná estão se bene-
ficiando com a Rede Paranaense de Pesca, 
com investimentos de R$ 22 milhões da 
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino 
Superior/Fundo Paraná, e cerca de 80% dos 
projetos estão em fase adiantada de execu-
8 Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
ção. A Rede foi criada em 2003, pelo Gover-
no do Estado, e reúne mais de 20 pesquisa-
dores de 13 instituições, entre elas a UFPR, 
PUC, Unioeste, Fundação Terra e Emater. No 
litoral, os principais projetos para desenvol-
vimento de tecnologia estão voltados para a 
produção de sementes de ostras em labora-
tório, alevinos de robalo peva Centropomus 
paralelus, formas jovens de caranguejo uçá 
Ucides cordatus e pós-larvas de camarão 
branco Penaeus schmitii, para repovoamen-
to das baías. A rede também faz o lança-
mento de armadilhas antiarrasto e de recifes 
artificiais em zonas próximas à orla maríti-
ma, e ainda está construindo, reformando e 
ampliando 15 laboratórios de universidades 
e adquirindo 14 veículos e oito lanchas para 
uso no mar e em rios.
REDE PARANAENSE II - No Mercado de 
Peixes de Paranaguá já foram instalados 
quatro módulos de depuração de mo-
luscos (ostras e mexilhões) e quatro no 
Mercado Municipal de Guaratuba. Outras 
duas unidades serão instaladas ainda em 
Guaraqueçaba. Segundo o engenheiro de 
pesca Luiz de Souza Viana, os projetos de-
senvolvidos no interior do estado tratam 
basicamente do repovoamento de rios e 
represas com espécies nativas como a pia-
para Leporinus elongatus, pacu Piaractus 
mesopotamicus, curimba Prochilodus line-
atus, surubim do iguaçu Steindachneridionmelanodermatum, jundiá Rhamdia sp. e 
lambari Astyanax sp. No Oeste e Sudoeste 
do Paraná, os projetos mais importantes 
estão relacionados à certificação do sis-
tema de produção de tilápia em viveiros 
escavados. Também estão sendo implan-
tados um frigorífico-escola e uma fábrica 
de ração, envolvendo mais de 180 pisci-
cultores em nove municípios, em parce-
ria com a Unioeste, para produção de al-
môndegas, quibes, macarrão, sopas, entre 
outros itens que vão compor a merenda 
escola das escolas municipais. 
PAPYTEX - A empresa paulista Papytex, 
com mais de 25 anos de atuação na 
indústria têxtil, foi certificada em de-
zembro passado com a ISO 9001, o que 
significa dizer que a empresa estabe-
leceu uma abordagem sistêmica para a 
gestão da qualidade dos seus produtos. 
A Papytex oferece ao mercado da Aqüi-
cultura produtos em multifilamento de 
nylon sem nós (Raschel), como a Rede 
anti-pássaro (polietileno com proteção 
Anti -“UV”); Rede para despesca (com 
ou sem saco) e Tanques-rede (tipo ber-
çário) com ou sem tampa. A empresa 
confecciona também produtos sob me-
dida e com garantia. Credenciada junto 
ao BNDES, a Papytex pode comercializar 
e financiar seus produtos através do car-
tão BNDES (www.cartaobndes.gov.br).
EUA VETA PRODUTOS CHINESES - Após 
inúmeras advertências ao governo chi-
nês, a agência que controla os alimentos 
e medicamentos dos EUA (FDA) emitiu, 
em 28 de junho, um “alerta importante” 
proibindo a venda de cinco tipos de pes-
cados cultivados na China - camarão, ba-
gre, enguia, basa (Pangasius sp.) e dace 
(Cyprinidae). A medida foi uma resposta 
aos repetidos casos detectados de conta-
minação com aditivos alimentares e me-
dicamentos veterinários não aprovados. 
Segundo o FDA a ação foi tomada após 
anos de alertas e uma recente visita às fa-
zendas aqüícolas chinesas. O assunto foi 
noticiado pelo jornal The New York Times, 
que reproduziu a opinião do professor Ro-
bert Romaire, da Universidade Estadual da 
Louisiana, criticando o manejo nas fazen-
das chinesas ao dizer que “às vezes che-
Notícias & Negócios
9Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
ga a ter de 10 a 20 vezes a densidade de 
peixes de um ambiente natural” e, para isso, 
alguns criadores chineses usam substâncias 
proibidas, principalmente fungicidas e bac-
tericidas, para prevenir doenças. Como os 
viveiros ficam freqüentemente lotados, os 
peixes e camarões podem adoecer à medida 
que a água fica poluída com rações e deje-
tos. Nenhum dos antibióticos e aditivos ali-
mentares encontrados nos pescados cultiva-
dos chineses - nitrofurano, verde malaquita, 
violeta genciana e fluoroquinolonas - está 
na lista aprovada pelo FDA. Segundo o ór-
gão, a exposição a longo prazo ao nitrofura-
no, verde malaquita e violeta genciana, que 
também são ilegais na China, causou câncer 
em animais de laboratório. Já as fluoroqui-
nolonas, permitidas na aqüicultura chinesa, 
não são permitidas nos Estados Unidos 
porque seu uso em rações animais pode 
aumentar a resistência a antibióticos. 
Ainda não é possível avaliar o impacto da 
medida, já que a China é responsável por 
22% das importações de pescados feitas 
pelos EUA. Sobre as importações, os pes-
cados somente poderão ser vendidos nos 
Estados Unidos se os importadores forne-
cerem testes independentes comprovando 
que os peixes e frutos do mar não contêm 
os contaminantes.
MONITORAMENTO HIDROBIOLÓGICO - A 
apostila sobre o “Monitoramento Hi-
drobiológico em Fazendas de Cultivo de 
Camarão”, editada pela Federação da 
Agricultura do Estado de Pernambuco - 
FAEPE com o apoio do SEBRAE-PE, en-
contra-se publicada no site do SEBRAE 
Nacional. O link para acesso é www.
biblioteca.sebrae.com.br 
CADEIA DA TILÁPIA - Piscicultores cea-
renses elaboraram um diagnóstico da ca-
deia produtiva da tilápia, que aponta vá-
rios obstáculos referentes ao elo da cadeia 
produtiva desse peixe. O documento foi 
baseado num estudo feito por empresá-
rios do segmento, por ocasião da visita 
de uma delegação cubana ao Estado do 
Ceará no mês passado. O diagnóstico, 
entregue ao Governo do Estado, aponta 
a falta de informação técnica oferecida 
e relata as dificuldades encontradas pe-
los produtores quanto ao licenciamento 
ambiental dos seus cultivos. Além dis-
so, enumera críticas à política de co-
brança de impostos, a falta de incenti-
vos e políticas para o setor, e a falta de 
incentivos ao consumo dos subprodutos 
da tilápia. O documento identifica ain-
da, os gargalos do processamento, como 
a falta de fábricas de gelo, a falta de 
unidades de beneficiamento que visem 
o aproveitamento integral da tilápia. Os 
tilapicultores preocupados em sofrer a 
mesma crise do camarão, solicitam tam-
bém o incremento de pesquisas sobre 
mortalidade dos peixes nos períodos de 
chuva, além de que sejam disponibiliza-
das as estatísticas sobre o setor. 
Notícias & Negócios
10 Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
Notícias & Negócios On-line
Para fazer parte gratuitamente da 
Lista Panorama-L vá ao site 
www.panoramadaaquicultura.com.br
 clique em Lista de Discussão 
e siga as instruções.
De: Antonio Dantas
avdantas@uol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Adubação de viveiros
Caros colegas, estou iniciando a estocagem de alevinos de tilápias 
(1g) em viveiros de terra para posterior criação em tanques-rede, 
aqui em Alagoas. Gostaria de saber como devo adubar os viveiros 
em questão.
De: Fábio R. Sussel
sussel@aptaregional.sp.gov.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Adubação de viveiros
Pode-se proceder da seguinte forma: 300 gramas de esterco bovino 
por m2 ou 120 gramas de esterco de aves (ambos devem ser “tri-
turados”, objetivando melhor dissolução na água); mais 5 gramas 
de uréia para dar o “quique” inicial à produção de fitoplâncton; de 
preferência com o viveiro ainda vazio, distribua o esterco mais a 
uréia por toda a extensão do fundo; abasteça o viveiro com água 
somente até a metade; após 3 dias proceda a soltura dos alevinos e 
complete o nível do viveiro. É possível substituir o adubo orgânico 
por adubo químico.
De: Robert Krasnow
robertkrasnow@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Adubação de viveiros
Prezados Antônio e Fábio, verifiquem a transparência da água an-
tes de adubar. Se a transparência estiver a redor de 30 cm não é 
necessário adubar, ao contrário, adubar sem necessidade pode ser 
prejudicial. De toda forma, se a água for transparente demais, pode 
adubar seguindo as indicações de Fábio.
De: Fábio R. Sussel
sussel@aptaregional.sp.gov.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Adubação de viveiros
Está correto Robert! Inclusive se os viveiros tiverem mais de 5-6 
anos de uso, há que se considerar que já existe um residual de ma-
téria orgânica dos cultivos anteriores. Neste caso, talvez somente a 
utilização da uréia para dar o “quique” inicial seja suficiente. Bem 
lembrado que a adubação sem necessidade é prejudicial.
De: Anderson Rodrigues
anderson@mma.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Alimentação de Tilápias
Prezados, tenho algumas dúvidas primárias sobre a alimentação 
de tilápias e agradeceria se alguém pudesse me ajudar: 1) Como 
produzir uma ração para tilápia com um custo reduzido, quando 
comparado às rações prontas (de marca) encontradas no merca-
do? Alguém tem experiência com a ração utilizada para frango? 
2) Qual a quantidade de tratos por dia ideal? Vi aqui na lista há 
uns meses que estudos comprovam que uma quantidade maior 
de tratos diária favorece o ganho de peso. Mas, na prática, 
como é feito? 3) Vi numa reportagem a utilização de bandejas 
de alimentação, e achei interessante, pois desperdiça menos 
ração e diminui a quantidade de tratos diários, facilitando o 
manejo. Que tipo de ração utilizar nestas bandejas uma vez que 
a extrusada é flutuante?
11Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
Notícias & NegóciosOn-line
De: Álvaro Graeff
agraeff@epagri.sc.gov.br 
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Alimentação de Tilápias
Estimado Anderson,1) Produzir rações caseiras podem e devem 
ser eficientes quando monitoradas por profissional experiente, 
caso contrário é mais caro do que as comerciais (conversão 
alimentar alta, digestibilidade baixa, relação cálcio e fósfo-
ro, nitrogênio/fósforo, proteína bruta e energia erradas, etc.). 
Quanto a utilização de rações de animais diferentes eu acho o 
maior erro, pois as necessidades também são diferentes, além 
de que têm em sua composição produtos incompatíveis com 
os peixes. 2) Os trabalhos divergem na freqüência, mas o ideal 
econômico/biológico/prático é no mínimo 2 vezes ao dia quan-
do utilizado o homem. Quando mecânico, melhor 4 vezes. 3) 
Há controvérsias neste modelo, pois veja: deixar à disposição a 
alimentação, logo ela não é mais ração e torna-se matéria orgâ-
nica (adubação de luxo), também não estimula o peixe a comer 
com eficiência (etologia), quanto não desperdiçar, concordo e o 
tipo de ração neste sistema é a peletizada.
De: Ricardo Y. Tsukamoto
bioconsu@uol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Alimentação de Tilápias
Caro Anderson, o objetivo expresso no seu e-mail de consulta, 
é produzir tilápia com o custo mais baixo possível. Porém, fazer 
ração caseira pode sair mais caro e resultar em eficiência bem 
menor do que a ração comercial, conforme esclarecido pelo Álvaro 
Graeff. Por isso, considere uma alternativa mais barata, mas fre-
qüentemente esquecida pelos interessados em criação de tilápia. 
A tilápia nilótica é uma das melhores espécies de peixe existentes 
para cultivo, já que é muito resistente, mas acima de tudo, por ser 
um excelente incorporador da produção natural do viveiro. Em con-
traste à maioria das espécies de peixe, a tilápia é capaz de filtrar a 
água do viveiro e dali extrair as algas microscópicas (microalgas). 
Estas algas dão a típica cor verde à água do viveiro e estão ali 
presentes em grande quantidade, mas não podem ser “colhidas” 
por outros peixes. Já a tilápia nilótica tem uma “rede de plâncton” 
nas brânquias, que permite a ela filtrar até as menores microalgas 
(que têm cerca de 3 micra = 3 milésimos de mm). Além disso, mes-
mo as algas tóxicas (cianobactérias ou algas verde-azuladas) são 
ingeridas e bem aproveitadas pela tilápia. Por esta razão, a tilápia 
pode ser considerada o “boi” da água, pois pasteja e incorpora 
a produtividade natural (plantas verdes que fazem fotossíntese) 
do viveiro - recurso alimentar que está sempre crescendo graças 
somente à luz do sol (gratuita e farta) e nutrientes. Para produzir 
tilápia em tanque-rede, onde não há possibilidade de usar esta 
produtividade natural, deve-se usar uma ração artificial equilibrada 
para garantir a saúde e o crescimento dos peixes ali confinados. 
Porém, para quem trabalha com peixes soltos em viveiro, a produ-
tividade natural é um grande trunfo, pois pode representar a maior 
parte do alimento ingerido pelas tilápias em cultivo. No Brasil, 
um excelente exemplo deste uso da produtividade natural está na 
criação consorciada, desenvolvida há séculos na China, e aqui for-
matada pela Epagri, de Santa Catarina - que conta nesta lista com o 
grande incentivador Sérgio Tamassia. Mas se você pretende criar só 
tilápia no viveiro, há numerosos trabalhos técnicos à respeito. Um 
destes trabalhos (Brown, 2000) mostra que a produtividade natural 
supre as tilápias durante os 45 a 75 dias iniciais do ciclo de criação, 
“sem” usar ração - o que permite economizar mais de um terço do 
custo total da criação, sem afetar o valor da colheita (ou seja, sem 
afetar o crescimento). A pesquisadora Zuleika Beyruth, da APTA-SP 
(zbeyruth@gmail.com), trabalha há mais de uma década com a rela-
ção entre a produtividade natural do viveiro e a tilápia nilótica. Seus 
trabalhos mostram até cada tipo de microalga e de bichinhos comi-
dos pela tilápia no viveiro (trabalho na íntegra: ftp://ftp.sp.gov.br/
ftppesca/Beyruth30_1.pdf). A conclusão é que o manejo eficaz da 
12 Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
Notícias & Negócios On-line
produtividade, ou seja, maximizar o quanto a tilápia irá aproveitar 
dela, resulta em menor custo de produção e maior ganho ambiental. 
Para fomentar a produtividade natural na piscicultura através da adu-
bação orgânica, existe também uma interessante tese da Unicamp 
sobre a eficiência do consorciamento porco-peixe em Santa Catari-
na (segundo modelo Epagri). Naquele trabalho, se buscou a melhor 
eficiência na relação porco-peixe. Nas propriedades rurais analisadas, 
o lucro obtido com peixe foi maior que com os suínos. A tese está 
disponível na íntegra na internet em: http://www.unicamp.br/fea/
ortega/extensao/Tese-OtavioCavalett.pdf . Já para um “manual” geral 
de criação de tilápia, com ênfase também em adubação orgânica para 
barateamento de custo, existe a publicação on-line da Emater-Paraná 
em: http://www.emater.pr.gov.br/arquivos/File/Comunicacao/Pre-
mio_Extensao_Rural/1_Premio_2005/ModeloEmaterProd_Tilapia.pdf
De: Álvaro Graeff
agraeff@epagri.sc.gov.br 
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Alimentação de Tilápias
Estimados Anderson e Tsukamoto, aproveitando o assunto aduba-
ção orgânica lembrei que na Revista Panorama da AÜICULTURA vol. 
16, nO 97 de setembro de 2006, na seção Lançamentos Editoriais 
consta: “Recomendações para o uso de fertilizantes orgânicos com 
baixo impacto ambiental para piscicultura” edição da Epagri.
De: Jefferson Midei – Listas
listas@jeffersonmidei.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Berçário
Alguém pode me informar o volume de um berçário “padrão” para 
tanques-rede? Que malha usa-se para fazer o berçário?
De: Chico Machado
chicomachado@infonet.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Berçário
Quem determina o tamanho do berçário é o tanque-rede que 
você utiliza. Tanques-rede de 4m³, 6m³ ou outro volume. Aqui 
em Sergipe utilizamos berçários de 4m³ em tanques-rede de 
2m x 2m x 1,20m (volume útil de 4m³) para alevinos de tilápia 
com peso inicial de 3g ou de 5g, na 1ª fase do cultivo, com 
malha de 4mm e 7mm a depender do tamanho do alevino, por 
um período de 30 a 45 dias. Nas duas fases seguintes utili-
zamos tanques-rede de 6m³. A biomassa na despesca de cada 
fase dependerá da capacidade de suporte do seu ambiente 
para cultivo. Utilizamos 25Kg/m³ na primeira fase, 50Kg/m³ 
na segunda e 75Kg/m³ na 3ª e última fase com despesca de 
peixes com 600 a 700g. Os berçários podem ser adquiridos 
prontos ou confeccionados por você.
13Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
Ostras e Vieiras sofrem alterações fisiológicas 
de origem desconhecida
N o dia 7 de maio, produtores da Associação dos Maricultores da Baía da Ilha Grande (AMBIG) no Rio de Janeiro, detectaram 
modificações fisiológicas nos moluscos cultivados. As ostras 
apresentaram alteração na coloração do líquido intravalvar, que se 
mostrava esverdeado, enquanto as vieiras apresentavam os rins com 
um volume maior do que o normal e com a coloração vinho, quando 
normalmente é marrom claro. Apesar das alterações fisiológicas, 
não foram registradas mortalidades entre os animais.
Diante do fato, amostras de ostras e vieiras, bem como da água 
de cultivo foram encaminhadas, já no dia seguinte, ao Laboratório 
de Fitoplâncton do Departamento de Biologia Marinha da UFRJ. 
As análises não detectaram presença de algas nocivas ou qualquer 
outra anormalidade.
Pesquisadores do Laboratório de Toxinas Marinhas da 
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), no dia 14 
de maio, coletaram novas amostras da água de cultivo, mexilhões, 
ostras e vieiras, e iniciaram uma bateria de análises, tendo como 
suspeita uma possível contaminação bacteriana. Material semelhante 
foi também levado para a FIOCRUZ. Nessa ocasião, uma checagem 
em todos os cultivos, constatou que todos os animais apresentavam 
as mesmas alterações fisiológicas, inclusive as vieiras selvagens 
coletadas por mergulhadores.
Diante desse quadro de incertezas, os produtores da 
AMBIG, invocando o princípio da precaução, decidiram, por conta 
própria,interromper a comercialização dos moluscos cultivados e 
iniciaram um processo de mobilização, no sentido de buscar novas 
informações que pudessem colaborar com os pesquisadores das 
várias universidades que, a essa altura já estavam envolvidos na 
tentativa de identificação do problema.
Considerando a descoberta de víbrios e Aerobacter sp nas análises 
realizadas, o presidente do Comitê Nacional de Controle Sanitário de 
Moluscos Bivalves (CNCMB), Felipe Suplicy, assinou, em primeiro de 
junho, uma portaria proibindo “a coleta, a colheita e a comercialização 
de moluscos” para toda a região da Baía da Ilha Grande. 
A partir desse momento 
e, principalmente, depois de 
divulgadas as análises realizadas 
pelo Laboratório de Bacteriologia 
da UFRRJ, muitas informações 
desconectas começaram 
a circular. Esse laboratório 
encontrou quatro espécies de 
víbrios (Vibrio metschnikovii, 
V. vulnificus, V. funissii e V. hollisae) totalmente diferentes das outras 
quatro espécies encontradas pelo laboratório da FIOCRUZ (Vibrio 
aestuarinuns, V. alginolyticus, V. carchariae e V. costicola). E, em 
nenhum dos laboratórios foi encontrada a Aerobacter sp. mencionada 
na portaria do CNCMB para proibir a comercialização. 
Foi montado um programa de análises para se conhecer, afinal, 
o que aconteceu com os moluscos. Apesar da urgência dos resultados, 
somente no dia 26 de junho, um mês e meio após o início das ocorrências, 
foram coletados novos animais para a análise. 
Ao fecharmos essa edição, na tarde de 9 de julho, fomos 
informados da assinatura de uma nova portaria do CNCMB revogando 
a proibição anterior, “considerando que as alterações físicas observadas 
nos moluscos bivalves de áreas de cultivo na região de Angra dos Reis 
nos meses de maio e junho de 2007 não estão mais presentes” e “que 
os resultados de análises microbiológicas da água do mar e da carne 
de moluscos de cultivo na região do município de Angra dos Reis está 
dentro dos padrões estabelecidos pela legislação vigente”. 
Segundo Felipe Suplicy, “passada a crise, o momento é de 
estruturar um serviço de monitoramento mais eficiente e organizado, 
de forma a não ter que lidar no futuro com situações sérias como esta, 
na base do improviso.”
Infelizmente, porém, todo esse processo causou prejuízos graves, 
entre eles o da empresa Rio Maricultura (ver edição 95 da Panorama 
da AQÜICULTURA) que, por ter que ficar todo esse tempo sem 
comercializar, foi obrigada a demitir a metade de seus funcionários.
Vieira (Nodipecten nodosus) 
apresentando alterações nos rins
14 Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
Por: Fernando Kubitza, Ph. D.
Acqua Imagem Serviços Ltda.
fernando@acquaimagem.com.br
Tanques-rede em açudes particulares:
oportunidade e atenções especiais
M 
uitos proprietários rurais e empresas agroflorestais inves-
tiram considerável capital na construção de açudes para 
prover água para irrigação, consumo animal, combate a 
incêndios e recreação. O retorno destes investimentos geralmente é 
demorado e, em muitos casos, pode até mesmo nem ocorrer. Desta 
forma, uma atividade capaz de agregar receitas adicionais, como 
a criação de peixes em tanques-rede, pode otimizar o uso destes 
açudes e reduzir o tempo de retorno do capital investido.
Grande parte das propriedades rurais no Brasil dispõe de açudes 
e muitos deles apresentam condições adequadas para a produção 
de peixes em tanques-rede. Esta atividade não consome água e não 
implica em desmatamento ou degradação do entorno do açude. Além 
do mais, quando se implanta o cultivo de peixes em tanques-rede 
nestes açudes, o empreendedor acaba adotando medidas mais rigo-
rosas de conservação do solo na bacia de captação e no entorno do 
açude, minimizando o transporte de partículas sólidas que podem 
acelerar o assoreamento do açude e prejudicar a qualidade da água 
e o desempenho dos peixes. Assim, a piscicultura em tanques-rede 
é plenamente compatível com a maioria das outras formas de uso 
dos açudes rurais. 
O investimento necessário para iniciar o cultivo de peixes em 
tanques-rede aproveitando açudes já existentes é muito menor quando 
comparado à implantação de pisciculturas em tanques escavados 
(viveiros). Além disso, também não exige a ocupação de novas áreas 
da propriedade, tampouco compete com outras atividades pelo uso 
da água. Outra grande vantagem a ser considerada no uso de açudes 
particulares para a piscicultura em tanques-rede é a maior facilidade 
de licenciamento ambiental do empreendimento, comparado à ob-
tenção de outorga de uso da água e autorização para implantação 
e operação de cultivos em tanques-rede em águas públicas.
Por estes motivos, e também pela grande possibilidade de 
obter bons retornos financeiros com a piscicultura, muitos empre-
endedores já investiram, e outros tantos têm avaliado com atenção 
a oportunidade de investir no cultivo de peixes em tanques-rede, 
tanto em açudes próprios ou arrendados de terceiros.
15Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
Tanques-rede
Tanques-rede em açudes particulares:
Uma boa avaliação da oportunidade do investimento
Apesar do grande potencial de aproveitamento dos açudes particulares para 
a piscicultura em tanques-rede, antes de decidir pelo investimento o empreendedor 
deve dedicar especial atenção ao planejamento do negócio. Cinco pontos funda-
mentais devem ser considerados antes de entrar no negócio:
• A definição da capacidade de produção dos açudes disponíveis;
• A identificação das espécies com potencial de cultivo e mercado;
• O levantamento dos possíveis mercados e preços de venda;
• A análise da viabilidade econômica da implantação do empreendimento;
• A capacidade de formar uma equipe de produção competente.
A capacidade de produção dos açudes - açudes de vários tamanhos podem abrigar 
tanques-rede para a engorda de peixes. Uma única propriedade pode dispor de um 
grande número de açudes. O mais adequado é concentrar o empreendimento em pou-
cos açudes de maior porte do que pulverizar os tanques-rede em um grande número 
de açudes pequenos. Isso facilita a rotina da produção (alimentações, classificações 
e transferência de peixes) e diminui a necessidade de duplicar investimentos em 
infraestrutura e equipamentos (plataformas de manejo, barcos para a alimentação, 
estradas de bom acesso, poitas, iluminação para inibir roubos, entre outros). Também 
fica mais fácil prover vigilância para impedir roubos.
Escolhidos os açudes de melhor potencial, o empreendedor deve ter a real 
dimensão do que é possível produzir, dadas as limitações de área e renovação de 
água em cada um deles. Ou seja, precisa ter uma idéia da capacidade de produção 
dos açudes, sem que haja comprometimento da qualidade da água para o próprio 
cultivo e para outros usos a que ela se destina. Para isso deve procurar auxílio de 
pessoas experientes no assunto. Invariavelmente, os proprietários, geralmente leigos 
na atividade, acreditam que o sistema comporta uma produção muito superior ao que 
é possível e rapidamente experimentam problemas de qualidade de água.
A área do açude e seu potencial de renovação de água são fatores importan-
tes que determinam a biomassa segura, a capacidade de produção anual e o nível 
de alimentação seguro para se atingir esta produção. Na Tabela 1 são apresentadas 
recomendações quanto à capacidade de produção de peixes em tanques-rede em pe-
quenos açudes, respeitando uma taxa de alimentação compatível com a manutenção 
de adequados níveis de oxigênio dissolvido na água. 
Geralmente o regime de reno-
vação de água nos açudes não mantém 
uma regularidade ao longo do ano. Há 
maior renovação na época das chuvas 
e menor na estiagem. Assim, para 
determinar a biomassa segura a ser 
sustentada no açude, possibilitando 
o planejamento inicial da produção, 
o empreendedor deve considerar o 
período de menor renovação de água. 
Implantado o projeto, com base na 
condição de qualidade de água após 
atingida a biomassa segura inicial-
mente proposta, o empreendedorpoderá avaliar se há possibilidade de 
aumentar, ou mesmo se deve diminuir, 
a intensidade de produção no açude.
Exemplo de aplicação da Tabela 1 - 
um açude de 4 hectares com renovação 
próxima de zero, pode sustentar uma 
biomassa instantânea de 8 toneladas 
de peixes (4ha x 2t/ha) e uma carga 
diária de ração entre 80 e 120kg (4ha 
x 20kg/ha/dia a 4ha x 30kg/ha/dia). 
A produção anual esperada deve ficar 
entre 20 e 28 toneladas (4ha x 5t/ha/
ano a 4ha x 7t/ha/ano);
Outro exemplo - um açude de 15 
hectares com renovação de 5 a 10% 
ao dia pode sustentar uma biomassa 
instantânea de 45 toneladas (15ha x 
3t/ha) e uma carga diária de ração 
entre 600 e 750kg (15ha x 40kg/ha/
dia a 15ha x 50kg/ha/dia). A produção 
anual esperada deve ficar entre 120 e 
150 toneladas (15ha x 8t/ha/ano a 15ha 
x 10t/ha/ano).
O produtor deve assegurar um 
nível de oxigênio de pelo menos 3 
a 4mg/l pela manhã no interior dos 
tanques-rede, de forma a manter um 
adequado desempenho dos peixes. Ní-
veis de oxigênio abaixo de 2mg/l, além 
de prejudicar o desempenho (cresci-
mento e conversão alimentar), podem 
deixar os peixes mais susceptíveis ao 
manuseio e doenças, aumentando a 
mortalidade no cultivo. Para evitar 
problemas com o oxigênio dissolvido 
é fundamental não exceder os limites 
seguros de alimentação. Tais limites 
são excedidos quando o produtor ins-
tala mais tanques-rede do que o açude 
é capaz de suportar, ultrapassando a 
Tabela 1. Sugestão básica de capacidade de produção para início de implantação do cultivo de 
tanques-rede em açudes rurais, de acordo com os dados gerados com a planilha do livro “Cultivo de 
Peixe em Tanques-Rede” (Ono e Kubitza 2003).
16 Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
biomassa segura. O produtor inexperiente 
e que não tem controle sobre os parâme-
tros de qualidade de água, sempre tende 
a acreditar ser possível instalar uma nova 
linha de tanques-rede, pois é enganado 
pelo grande espaço ainda disponível no 
açude. Este produtor acaba aprendendo, 
da maneira mais dura, que há um limite de 
sustentação que deve ser respeitado.
Espécies que podem ser cultivadas 
em tanques-rede - Diversas espécies 
de peixes podem ser produzidas em 
tanques-rede. A tilápia, o pintado, o 
catfish americano, a carpa comum, os 
peixes redondos, o pirarucu, a jatuarana 
e a matrinxã são exemplos de espécies 
com bons resultados obtidos no cultivo 
em tanques-rede. As condições de mer-
cado (preferências, demanda e preço), a 
disponibilidade de alevinos, o custo de 
produção, entre outras particularidades, 
devem ser avaliadas pelo produtor antes 
de optar por uma outra espécie. A tilápia 
- dentre todas estas espécies, a tilápia é 
a melhor para quem está debutando na 
atividade. O produtor não tem dificuldade 
em obter alevinos, o peixe é resistente ao 
manuseio mesmo quando envolve pessoal 
pouco experiente. E o mercado da tilá-
pia está em plena ascensão. Por esses e 
outros motivos a tilápia é hoje a espécie 
mais cultivada em tanques-rede no país. 
O uso de tanques-rede é a opção mais 
acertada quando se pensa em produzir 
tilápias em açudes particulares. Geral-
mente estes açudes são profundos, têm 
obstáculos ao arrasto das redes (plantas 
aquáticas, troncos e galhos de árvores, 
etc) e não podem ser drenados com 
freqüência, seja por falta de estrutura 
para drenagem completa, seja pelo uso 
da água em outras atividades. Sob tais 
condições, a despesca de tilápias soltas 
no açude é humanamente impossível. No 
entanto, quando as tilápias são cultivadas 
em tanques-rede, a colheita é simples e 
eficiente. Apesar da relativa facilidade de 
produção de tilápias nos tanques-rede, 
em algumas situações a grande oferta 
local pode tornar o valor de venda pouco 
atrativo diante do custo de produção entre 
1,90 e 2,20/kg hoje obtido com a tilápia 
em tanques-rede. Estes custos podem 
variar em função da região do país, escala 
de produção e peso médio final do peixe 
produzido. Custos mais elevados podem 
ocorrer se os cultivos forem prejudicados 
pelo mau planejamento, doenças, roubos 
ou escapes de peixes. Os preços de ven-
da da tilápia cultivada em tanques-rede 
variam entre R$ 2,50 e R$ 5,00/kg, em 
função da região, tamanho do peixe, estra-
tégia de comercialização e mercado alvo. 
O pintado (surubim) - o cultivo deste 
peixe em tanques-rede vem empolgando 
alguns produtores em São Paulo e Minas 
Gerais. Devido ao seu alto valor de mer-
cado, o pintado é uma interessante opção 
quando é preciso maximizar os lucros sob 
limitada disponibilidade de área, o que 
geralmente ocorre em pequenos açudes 
particulares. O pintado desfruta de grande 
conceito e valor no mercado. No entan-
to, o produtor que optar por investir no 
cultivo do pintado, deve estar preparado 
para mudanças na rotina do cultivo. Uma 
delas é a realização de alimentações du-
rante o período noturno, principalmente 
nos tanques-rede com juvenis, que não se 
alimentam bem durante o dia. Pintados de 
maior porte (acima de 20-25cm) podem 
ser habituados à alimentação em horários 
de baixa luminosidade (primeiras horas 
da manhã e ao final do dia). No entanto, 
ainda se alimentam melhor durante a 
noite. Mudar a rotina da produção para 
realizar as alimentações noturnas tem 
suas vantagens em nosso país. A principal 
delas é a inibição de roubos e vandalis-
mos. Funcionários trabalhando são mais 
eficientes nisso do que um vigia dormindo 
a noite inteira. Além do mais, concen-
trando o manejo da alimentação durante 
a noite, o período diurno fica reservado 
para outras atividades de manejo (classi-
ficação, transferências, despescas, reco-
lhimento de peixes mortos, ajustes nos 
anéis de alimentação, etc), sem que haja 
interferências com a rotina de alimenta-
ção. O custo de produção do pintado em 
tanques-rede varia em função da escala de 
produção, qualidade do alevino (eficiên-
cia do treinamento alimentar e genética) e 
peso final do peixe produzido. Este custo 
hoje gira entre R$ 4,30 a 5,80/kg, prati-
camente o dobro do custo de produção 
da tilápia. Isso se deve principalmente ao 
maior custo dos alevinos e das rações no 
cultivo do pintado. Assim, o produtor que 
optar pelo pintado deve estar preparado 
para investir mais no custeio da produção. 
Ta
nq
ue
s-
re
de "O uso de tanques-
rede é a opção mais 
acertada quando se 
produz tilápias em 
açudes particulares. 
Geralmente 
estes açudes são 
profundos, têm 
obstáculos ao 
arrasto das redes 
e não podem ser 
drenados com 
freqüência, seja por 
falta de estrutura 
para drenagem 
completa, ou pelo 
uso da água em 
outras atividades. 
Sendo assim, a 
despesca de tilápias 
soltas no açude 
é humanamente 
impossível. No 
entanto, quando os 
peixes são cultivados 
em tanques-rede, a 
colheita é simples".
17Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
Tanques-rede
Apesar desse maior custo, os produtores 
de pintado têm recebido R$ 8,00 a 10,00 
por quilo de peixe inteiro com a venda a 
intermediários (transportadores de pei-
xes vivos, atacadistas e supermercados). 
Preços ainda melhores, entre R$ 10,00 e 
12,00/kg são obtidos com a venda direta 
aos pesque pagues e ao consumidor final. 
Esta maior margem de lucro possível com 
o pintado resulta em retorno superior ao 
que pode ser obtido com a tilápia, tornan-
do atrativa até mesmo a implantação de 
empreendimentos de pequeno porte.
Uma avaliação dos canais de mercado - 
O pescado oriundo da piscicultura pode 
ser comercializado de diversas formas: 
a) peixe vivo para pesca esportiva, para 
o mercado de peixe vivo ou mesmo para 
entrega aos frigoríficos e algumas redes 
de supermercado; b) peixe abatido para 
venda direta ao consumidor final na fa-
zenda ou em feiras livres; ou para venda 
a restaurantes ou a atacadistas (super-
mercados, frigoríficos, entre outros); c) 
produtos processados na propriedade, 
para vendas diretas ao consumidor final, 
a restaurantes ou a atacadistas. Quando 
a escala de produção é relativamente 
pequena, os peixes acabam sendo vendi-
dos localmente a preços compensadores,seja para consumidores no município ou 
pesque-pagues locais. Em particular, a 
venda de peixes vivos diretamente ao 
consumidor, apesar de exigir grande de-
dicação do produtor, possibilita alcançar 
alta margem de lucro e um mercado sem 
concorrente para os produtos da aqüi-
cultura. Dos relatos que tenho ouvido 
de produtores em diversas regiões do 
país, todos que partiram para esta forma 
de comercialização, principalmente no 
início dos seus empreendimentos, ficaram 
impressionados com o sucesso dessa mo-
dalidade de venda. Com uma produção 
maior, muitas vezes é necessário expandir 
o horizonte de comercialização. Isso pode 
exigir investimentos em infraestrutura 
de transporte de peixe vivo ou mesmo a 
instalação de uma pequena unidade de 
beneficiamento, geralmente com alvará 
e licença para funcionamento no muni-
cípio expedido pela vigilância sanitária e 
prefeitura local. Isso possibilita ampliar o 
leque de produtos ofertados (peixe evis-
cerado e filés frescos e congelados), con-
tribuindo para o aumento nas vendas 
diretas. Quando estes investimentos 
não são possíveis, o produtor passa a 
depender de transportadores de peixes 
vivos ou de outros intermediários/
atacadistas para escoar parte ou toda 
a sua produção.
Análise preliminar da viabilidade 
econômica - Antes de decidir pela 
implantação, é fundamental realizar 
uma análise da viabilidade econômica 
do empreendimento, de forma a pre-
ver o potencial de retorno ao capital 
investido sob diferentes cenários, prin-
cipalmente variando as condições de 
preço de venda, volume de produção 
anual e preços dos principais insumos 
de produção (geralmente a ração e os 
alevinos). Para realizar esta análise 
é preciso ter uma idéia do tamanho 
do investimento (em tanques-rede, 
equipamentos, infra-estrutura de su-
porte e demais desembolsos que serão 
necessários para a implantação do 
empreendimento). Também é preciso 
prever o montante das despesas opera-
cionais (ração, mão de obra, alevinos, 
insumos diversos, manutenção das 
instalações e equipamentos) e ter uma 
previsão das receitas (descontadas as 
despesas e impostos sobre as vendas). 
As receitas são geralmente estimadas 
com base nos preços de venda que 
foram aferidos em diversos canais 
de mercado, como o pesque-pague, o 
mercado local (peixe vivo ou abatido) 
e os atacadistas.
Capacidade para formar a equipe 
de produção - A maior dificuldade 
para a operação de uma piscicultura 
é a relativa dificuldade de encontrar 
funcionários familiarizados com o ma-
nejo envolvido na produção de peixes. 
Assim, o proprietário deve se certificar 
de que contará com suporte técnico 
inicial, tanto para planejar a produção 
e as atividades rotineiras, como para 
capacitar os funcionários e gerentes do 
empreendimento. O sucesso da produ-
ção depende, em grande parte, do olhar 
atento, da habilidade e do cuidado dos 
funcionários, além da capacidade de 
organização de quem gerencia o dia 
a dia do cultivo. Muitos proprietários 
"O proprietário de 
uma piscicultura deve 
se certificar de que 
contará com suporte 
técnico inicial, 
tanto para planejar 
a produção e as 
atividades rotineiras, 
como para capacitar 
os funcionários 
e gerentes do 
empreendimento. O 
sucesso da produção 
depende, em grande 
parte, do olhar 
atento, da habilidade 
e do cuidado dos 
funcionários, além 
da capacidade de 
organização de quem 
gerencia o dia a dia 
do cultivo".
18 Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
interessados no cultivo de peixes em tanques-rede acabam 
optando por fazer experimentações, colocando muitas 
vezes gente inexperiente e sem suporte para conduzir as 
atividades de rotina, que geralmente acabam sendo execu-
tadas nas brechas entre as atividades principais que estes 
funcionários desempenham na fazenda.
Onde posicionar os tanques-rede?
Decidir onde posicionar os tanques-rede em um açude 
não é uma tarefa muito simples. Os produtores quase sempre co-
locam os tanques-rede nos locais mais fundos, em geral próximo 
à barragem. Diversos motivos induzem a isso: o principal, e há 
lógica nisso, é acreditar que quanto mais distantes os tanques-
rede ficarem dos resíduos orgânicos do fundo, menor o risco de 
problemas com a qualidade da água no interior dos tanques-rede 
e menor o risco de doenças e infestações por parasitos. O segun-
do motivo, pelo fato de poder contar com um acesso mais fácil 
às estruturas, visto que o topo da barragem geralmente oferece 
boas condições de tráfego de veículos, facilitando a chegada dos 
insumos e a saída dos peixes. O terceiro motivo é o fato de que, 
posicionando os tanques-rede no local mais fundo, dificilmente 
haverá necessidade de deslocá-los quando ocorre um abaixa-
mento no nível do reservatório, o que pode ocorrer em açudes 
usados para irrigação durante os meses de estiagem. 
Mas a decisão de onde posicionar os tanques-rede 
nem sempre pode ser tomada com base em intuição, im-
pulso ou comodidade. O produtor deve estar ciente de 
que há um grande risco de se posicionar os tanques-rede 
nos locais mais profundos do açude, devido aos riscos de 
mistura ou desestratificação da coluna d’água (ver Figura 
1). Portanto, para definir onde os tanques-rede devem ser 
posicionados, diversos aspectos merecem ser considerados. 
O primeiro deles é a necessidade de assegurar um espaço 
mínimo de pelo menos 1,0m entre o fundo dos tanques-
rede e o fundo do açude. Assim, para tanques-rede com 
1,5m de altura útil, estamos falando em locais com 2,5m 
de profundidade. A maneira mais objetiva de selecionar 
o local (satisfeitas às exigências quanto à facilidade de 
acesso, investimento mínimo e segurança) é avaliar o perfil 
de oxigênio em profundidade nas áreas pré-selecionadas. 
Debaixo d’água muita coisa pode estar escondida. Áreas 
com grande quantidade de vegetação e/ou depósito de 
material orgânico (turfas, por exemplo) podem ter ficado 
submersas com a formação do açude. Níveis baixos de 
oxigênio e concentrações elevadas de gás carbônico são 
característicos nestes locais, podendo permanecer assim 
durante muito tempo, muitas vezes anos, após o enchimen-
to do açude. Assim, a verificação dos níveis de oxigênio da 
superfície ao fundo pode confirmar se o local é adequado 
ou não. Locais adequados são aqueles em que o oxigênio 
se mantém acima de 3mg/l no ponto equivalente a 70% da 
profundidade. Exemplificando, em um local com profun-
didade máxima de 5m, o oxigênio dissolvido a cerca de 
3,5m de profundidade (70% de 5,0m) deve ser, pelo menos, 
3mg/l. Isso diminui muito o risco de problemas de morte 
de peixes se houver a mistura da água do açude.
O risco dos tanques-rede nos locais mais profundos
Os corpos d’água dos açudes apresentam estratificação 
física, causada por diferenças na densidade da água em função 
da temperatura nas diferentes camadas, conforme ilustrado na 
Figura 1b e 1c. Na superfície, em função da radiação solar, a água 
permanece mais aquecida e com maior intensidade luminosa. A 
intensidade de luz é reduzida com o aumento na profundidade e, 
assim, a água do fundo não é aquecida com a mesma intensidade 
que a água da superfície. Quanto mais fria for a água (até 4oC), 
maior será a sua densidade. Desta forma, a água mais fria se 
posiciona nos extratos mais profundos. Com isso ocorre a estra-
tificação física do corpo d’água de um açude. 
Na camada mais superficial do açude, com radiação solar 
mais intensa, o fitoplâncton se desenvolve melhor. Através da fotos-
síntese, o fitoplâncton produz mais de 80% do oxigênio utilizado na 
respiração dos demais organismos aquáticos, inclusive os peixes nos 
tanques-rede. Com o aumento na profundidade, a intensidade de luz 
diminui, desacelerando a fotossíntese e reduzindo a produção de oxi-
gênio. Isso resulta em uma redução progressiva no oxigênio dissol-
vido, desde a camada mais superficial até a mais profunda do açude. 
A uma profundidade próxima de 2,4 vezes a transparência da água 
(medida com o disco de Sechi) a taxa fotossintética se iguala àtaxa 
respiratória, ou seja, todo o oxigênio produzido é consumido. Assim, 
em um açude com água de transparência ao redor de 1,00m, abaixo 
de 2,40m não há excedente da produção de oxigênio e, a oxigenação 
deste extrato mais profundo depende em grande parte da mistura de 
sua água com a água do estrato superior, mais oxigenado. 
Adicionalmente, sobre os sedimentos dos açudes ocorre a 
deposição de material orgânico (plâncton sedimentado; fezes dos 
peixes; folhas, estercos animais e outros materiais transportados pelo 
vento ou pela enxurrada; restos de plantas aquáticas; eventuais sobras 
de alimento; fertilizantes orgânicos aplicados no açude; entre outros). 
Este material depositado nos sedimentos é rapidamente reciclado nos 
locais mais rasos do açude (Zona 1). Neste estrato há grande dispo-
nibilidade de oxigênio, pH adequado e temperaturas elevadas para 
acelerar o processo de degradação e decomposição da matéria orgâ-
nica por bactérias e outros organismos. Os nutrientes liberados neste 
processo são rapidamente assimilados pelo fitoplâncton. Entre eles, o 
gás carbônico (CO2), o nitrogênio na forma amoniacal (NH4
+) ou de 
nitrato (NO3
-) e o fósforo na forma de ortofosfatos (HPO4
-2 e H2PO4
-). 
No entanto, nos locais mais profundos (Zonas 2 e 3), em virtude da 
menor disponibilidade de oxigênio, maior acidez e baixa temperatura 
da água, este material orgânico é decomposto de forma muito lenta. 
Isso provoca um acúmulo de material orgânico nos sedimentos, re-
sultando em depleção total do oxigênio e aumento na concentração de 
gás carbônico nas águas mais profundas. Sem oxigênio, o processo de 
decomposição da matéria orgânica passa a ser anaeróbico (“fermenta-
ção”), resultando na produção e acúmulo de substâncias tóxicas como 
a amônia (NH3), o nitrito (NO2
-), o gás súfídrico (H2S) e o metano 
(CH4). Assim, além de ter o oxigênio zerado (ou mesmo “negativo”, 
ou seja, demanda por oxigênio) e alta concentração de gás carbônico, 
a água das zonas mais profundas (Zona 3) concentra uma significativa 
quantidade de substâncias tóxicas aos peixes.
Enquanto esta água permanece no fundo, sem perturbação, 
não há problema. No entanto, quando este estrato do fundo, por 
alguma razão, se mistura com as outras camadas (em um fenômeno 
Ta
nq
ue
s-
re
de
19Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
Tanques-rede
chamado “desestratificação”), o risco de morte dos peixes nos tanques-rede é 
muito grande. Diferente dos peixes soltos no açude, os peixes confinados nos 
tanques-rede não conseguem se deslocar para um local de melhor qualidade de 
água. Tampouco, devido à alta densidade no interior dos tanques-rede, muitos não 
conseguem acessar a superfície, onde está o filme de água mais oxigenado, em 
contato com a atmosfera. Inevitavelmente, grande parte dos peixes morre. A boca 
e os opérculos abertos são sinais claros de que houve asfixia, causada pela súbita 
redução no oxigênio e alta elevação no gás carbônico após a mistura dos estratos. 
Quando a morte dos peixes não ocorre imediatamente (ou seja, o oxigênio e o gás 
carbônico não atingiram níveis suficientes para matar), nos dias seguintes pode 
ocorrer mortalidade em virtude da intoxicação dos peixes por outras substâncias 
tóxicas que aumentaram de concentração na água superficial. Por tudo isso, quando 
gativo – potencial redox negativo); acúmulo de 
matéria orgânica nos sedimentos; decomposição 
anaeróbica do material orgânico; acúmulo de 
compostos tóxicos, como o nitrito (NO2
-), o gás 
sulfídrico (H2S) e o metano (CH4). 
(a) – Vista superior de um açude com tanques-rede, identificando áreas com 
diferentes riscos para posicionamento dos tanques-rede. 
(b) – Seção longitudinal de um açude (AB)
(c) – Seção transversal de um açude (CD)
os tanques-rede são posicionados nas áreas de 
maior profundidade, o risco de mortalidade dos 
peixes devido à mistura das camadas é maior. 
Zona 1 – bem iluminada; presença do 
fitoplâncton; temperatura mais elevada; oxi-
gênio adequado; pouco gás carbônico; rápida 
decomposição de material orgânico;
Zona 2 – menor intensidade de luz; 
menos fitoplâncton; temperatura, oxigênio e 
gás carbônico em níveis intermediários;
Zona 3 – pouca ou nenhuma luz; 
ausência de atividade fotossintética; baixos 
níveis de oxigênio (geralmente zero ou ne-
Figura 1 – Na Fig. 1a é apresentado um desenho simplificado de 
um açude com baterias de tanques-rede posicionadas em diferentes 
locais. Geralmente os produtores posicionam os tanques-rede nas 
áreas mais fundas do açude, próximas à barragem. Os cortes AB e CD 
da Fig. 1a são representados na forma de perfis do açude, nas Fig. 1b 
(perfil longitudinal) e Fig. 1c (perfil transversal), respectivamente. 
Em ambos os perfis é apresentada uma simplificada estratificação 
da coluna d’água do açude. Estratificação como esta deve ser 
esperada em todos os açudes. Na Fig. 1b observe que a influência do 
estrato mais profundo e de pior qualidade (Zona 3) aumenta quanto 
mais próximo se chega a barragem. Na Fig. 1c observamos que a 
influência desta mesma Zona 3 é maior no centro do açude do que 
nas margens. Posicionar os tanques-rede próximos à barragem ou 
nas áreas centrais do açude implica em maior risco de incidentes 
com a mistura destas camadas de água (desestratificação).
20 Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
As principais forças que causam a 
desestratificação da água dos açudes são 
os ventos fortes, as enxurradas e a queda 
na temperatura do ar, que afeta a tempe-
ratura e a densidade da água superficial. 
Nos meses de verão, momento em que o 
açude se encontra fortemente estratifica-
do, a ocorrência de temporais, com fortes 
ventos, e/ou grande volume de enxurrada 
carreado para dentro dos açudes, as ca-
madas de água podem ser rapidamente 
misturadas, desestratificando o açude. 
Por anos seguidos tenho conhecido pro-
dutores que experimentaram mortalidade 
súbita de tilápias em tanques-rede, princi-
palmente nos meses de verão. Em quase 
todos os casos, ocorreram temporais ao 
entardecer ou na noite que antecedeu a 
mortalidade. Onde isso não ocorreu, a 
mais provável causa da morte dos peixes 
por asfixia pode ter sido a morte súbita 
do fitoplâncton em açudes onde a água 
estava excessivamente verde e com 
transparência abaixo de 30cm (mais infor-
mações sobre a morte súbita do plâncton 
poderão ser encontradas em livros sobre 
qualidade de água e em matérias já pu-
blicadas nesta revista). Nos meses de 
inverno, a temperatura da água superficial 
acompanha a queda na temperatura do 
ar. Esse resfriamento da água superficial 
provoca uma queda na temperatura das 
camadas subseqüentes até que, aos pou-
cos, o gradiente de temperatura entre as 
diferentes camadas é minimizado. Com 
isso, a diferença na densidade entre os 
estratos se reduz e a mistura da água do 
açude acaba ocorrendo, porém de maneira 
menos súbita. Esse fenômeno é chamado 
de inversão térmica. Em pequenos açudes 
a inversão térmica pode ocasionar a morte 
dos peixes nos tanques-rede, porém com 
menor intensidade do que se poderia es-
perar em grandes reservatórios.
Quando ocorre a morte dos peixes 
pela mistura das camadas (uma mortali-
dade muito misteriosa aos olhos de um 
produtor leigo), é comum atribuir o pro-
blema à ração ou mesmo a um possível 
envenenamento intencional da água do 
açude. No entanto, uma ração embolorada 
ou com alguma deficiência nutricional 
não mata todos os peixes da noite para 
o dia, a não ser que realmente alguém 
tenha colocado um veneno na ração. E, 
por outro lado, se houve algum envenena-
mento da água, os peixes soltos no açude 
também deveriam ter morrido. E isso ge-
ralmente não ocorre, pois os peixes soltos 
podem procurar locais com oxigênio mais 
adequado ou, até mesmo, se “esparramar” 
pela superfície da água, buscando o filme 
superficial mais oxigenado.
O produtor pode prevenir a ocor-
rência de forte estratificação através dos 
seguintes procedimentos de rotina:
• drenagem periódica da água do fundo, 
com o uso de“monges”, cachimbos e ou-
tras estruturas que removam continuamen-
te o excesso de água pelo fundo do açude. 
Se estas estruturas não existem, ainda é 
possível fazer a implantação de sifões para 
a descarga da água do fundo;
• captação de água para irrigação no 
estrato mais profundo do açude. A água 
em profundidade geralmente contém 
menos material particulado (água com 
ausência de plâncton), causando menos 
problemas com o entupimento de filtros 
e dos bicos dos aspersores. Além disso, 
remover a água do fundo ajuda a reduzir 
a severidade de morte dos peixes nos 
tanques-rede em um eventual problema 
com a mistura da água do açude. Quando 
a água é removida dos estratos interme-
diários, o gradiente de qualidade de água 
entre a superfície e o fundo fica ainda 
mais acentuado, podendo amplificar a 
mortalidade de peixes com a ocorrência 
da desestratificação. 
• circulação diária da água nas áreas mais 
fundas do açude, com o uso de aeradores 
de pá ou com propulsores de ar eficientes. 
Esta circulação deve ser efetuada entre 
as 12:00 e 15:00 horas, horários mais 
quentes do dia e de pico de fotossíntese. 
O objetivo da circulação é empurrar a 
água mais rica em oxigênio da superfí-
cie para o estrato mais fundo do açude, 
melhorando as condições de oxigênio no 
fundo, reduzindo assim o gradiente de 
qualidade da água entre a superfície e o 
fundo do açude. O produtor que dispuser 
de oxímetro notará que após a circulação 
de água haverá um aumento na concentra-
ção de oxigênio em profundidade.
O uso de aeração
Em açudes pequenos, se houver 
eventuais problemas com a qualidade da 
água, não é difícil acudir providenciando 
uma aeração localizada próxima das 
Ta
nq
ue
s-
re
de
"Produtores 
inexperientes 
muitas vezes 
minimizam a 
importância do 
uso de rações de 
alta qualidade 
e, seduzidos por 
preços atrativos 
e por falsas 
garantias de bom 
desempenho, 
acabam comprando 
rações incapazes 
de atender às 
necessidades dos 
peixes cultivados 
em tanques-rede. 
Rações inadequadas, 
prejudicam o 
crescimento e a 
conversão alimentar, 
e podem resultar 
em maior incidência 
de doenças e 
mortalidade no 
cultivo, após 
o manuseio e 
durante e depois 
do transporte. Com 
isso o custo de 
produção se eleva e 
pode inviabilizar o 
cultivo".
21Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
Tanques-rede
linhas de tanques-rede ou mesmo no interior dos tanques-
rede. No entanto, em açudes de grande porte, o esforço 
demandado por uma aeração de emergência pode ser muito 
grande, muitas vezes impossível de prover. 
Em açudes com tanques-rede, a aeração deve ser usada apenas 
como ferramenta em situações de emergência e não com a finali-
dade de atingir um nível maior de produção. Realizar uma aeração 
localizada é mais eficiente do que tentar elevar o oxigênio em toda a 
extensão do açude. De um modo geral, em viveiros de piscicultura, a 
potência de aeração aplicada varia entre 5 a 10 HP/ha, dependendo 
da taxa de alimentação, da biomassa de peixes estocada e de diversos 
outros fatores. No caso de uma aeração localizada para tanques-rede 
nos açudes, esta potência pode ser reduzida em pelo menos 50% (2 a 
5HP/ha), visto que a biomassa instantânea e taxa de alimentação por 
área geralmente é menor do que o praticado em viveiros.
A aeração pode ser feita das seguintes maneiras:
• Com o uso de aeradores de pás posicionados próximos as linhas de 
tanques-rede, provendo uma aeração localizada na área dos tanques-
rede. Aeradores de pás são os mais eficientes. No entanto, deve se 
tomar cuidado para não posicionar os aeradores muito próximos aos 
tanques-rede, para não causar desconforto aos peixes com correntes 
de água muito rápidas. Aeradores de pá também podem ser usados 
para circular e misturar a água nas áreas mais fundas dos açudes, 
evitando que ocorra forte estratificação dos açudes;
• Com difusores de ar de adequado tamanho e alta vazão posiciona-
dos no interior dos tanques-rede. O sistema de aeração por ar difuso 
demanda a instalação de sopradores de ar (compressores radial), 
ramais principais de grande calibre (75, 100 e até mesmo 150mm, 
dependendo da distância das tubulações) e difusores de grande va-
zão, de forma a evitar estrangulamentos no sistema e sobrecargas 
no motor dos sopradores. Grande parte dos sistemas de ar difuso 
que tenho visto nas pisciculturas tem sido implantada pelos pró-
prios produtores e não segue os requisitos técnicos demandados 
por este sistema de aeração. Assim, é comum ver sopradores de 
alta potência estrangulados por tubos e mangueiras finas e mesmo 
por um sem número de ineficientes pedras porosas de pequeno 
calibre e vazão. Os resultados: a sobrecarga do sistema, queima 
freqüente dos motores dos sopradores e uma ineficiente aeração. 
A aeração por ar difuso consome mais energia por unidade de 
oxigênio incorporada, comparado a outros sistemas.
 No entanto, quando é necessário prover aeração apenas em 
caráter de emergência, pode ser uma boa opção em tanques-
rede nestes açudes de pequeno porte.
• Um sistema de aeração de emergência também pode ser 
montado com bombas de água que succionam a água da 
superfície do açude e, através de uma rede de tubos, conduz 
a água ao longo de todas as linhas de tanques-rede, injetando 
a mesma com pressão no interior ou bem nas laterais dos tan-
ques. Isso força a incorporação de oxigênio durante a queda 
(efeito cascata) e promove uma melhor circulação de água no 
interior dos tanques-rede.
Rações de alta qualidade são imprescindíveis
Os peixes cultivados em tanques-rede dependem 
exclusivamente da ração para suprir, de forma equilibra-
da, todos os nutrientes necessários para adequada saúde e 
desempenho produtivo. Produtores com pouca experiência 
muitas vezes minimizam a importância do uso de rações de 
alta qualidade e, seduzidos por preços atrativos e por falsas 
garantias de bom desempenho, acabam comprando rações 
incapazes de atender as necessidades dos peixes cultivados 
em tanques-rede. Deficiências nutricionais devido ao uso 
de rações inadequadas, além de prejudicar o crescimento e 
a conversão alimentar, podem resultar em maior incidência 
de doenças e mortalidade no cultivo, após o manuseio e du-
rante e depois do transporte. Com isso o custo de produção 
se eleva, podendo inviabilizar o cultivo.
Considerações finais
A criação de peixe em tanques-rede é uma ativi-
dade intensiva que demanda um adequado planejamento, 
conhecimento técnico, equipe de produção bem treinada e 
empenho na comercialização, de forma a obter a melhor re-
muneração possível e estruturar canais de venda seguros. 
O uso dos açudes particulares disponíveis oferece uma 
oportunidade única de implantar um negócio promissor com 
uma imobilização mínima de capital. Essa oportunidade pode 
ser estendida a empreendedores não proprietários que, através 
de contratos de arrendamento ou através de parcerias de pro-
dução, poderão se tornar donos do seu próprio negócio. Além 
disso, ao contrário da grande imobilização de investimento 
feito na implantação de pisciculturas tradicionais em tanques 
escavados, as unidades de cultivo e estruturas de apoio usa-
das no cultivo em tanques-rede podem ser transferidas de 
um local a outro diante de uma eventual necessidade e, até 
mesmo, vendidas com maior agilidade se houver necessidade 
de interrupção do empreendimento. 
Observando o universo de propriedades rurais no 
Brasil, é possível identificar um grande número de açu-
des com potencial para piscicultura convencional ou em 
tanques-rede de forma sustentável. A exemplo do que tem 
sido praticado há décadas na China, o aproveitamento dos 
açudes disponíveis para fins de piscicultura, seja de forma 
tradicional ou com o uso de tanques-rede, por si só, possi-
bilitará um significativo aumento na produção e oferta de 
pescado em nosso país.
22 Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
Mercado Interno: 
Por: Rodrigo A.P.L.F. de Carvalho¹, Uilians E. Ruivo², 
Itamar de Paiva Rocha³
¹Doutorando do Instituto Oceanográficoda Universidade de 
São Paulo (rodrigoplfc@usp.br )
²Royal Fish (ruivo@redel.com.br)
³Associação Brasileira de Criadores de Camarão - ABCC 
(abccam@abccam.com.br) 
Consumo de camarão no mundo – maioria dos produtores consome pouco
O total da soma do camarão capturado (3.349.466t) com o camarão 
cultivado (2.733.134t) em 2005 (FAO), dividido pela população mundial 
(6,451 bilhões em 2005, segundo o US Census Bureau), resulta na disponi-
bilidade de camarão per capita de aproximadamente 0,94Kg. E como parte 
deste camarão é processado, podemos considerar que o consumo mundial 
per capita gira ao redor de 0,7 Kg. Os principais países importadores de 
camarão (Estados Unidos, Japão, Espanha e França) apresentam, porém, 
um consumo per capita bem superior à média mundial, em contraste com 
os principais produtores mundiais que apresentam um consumo inferior à 
média mundial, com exceção da China e do México (Figura 1). O Brasil 
possui um consumo per capita baixo, ao redor de 0,250Kg/ano.
Situação e Oportunidades para o 
Camarão Brasileiro
O “Mercado Interno” é um dos temas mais discutidos no momento pela carcinicul-
tura brasileira e surgiu com força no momento 
em que as exportações despencaram devido à 
valorização do real, o aumento da oferta de ca-
marões cultivados no mundo e a ação antidum-
ping. A queda no volume das exportações, que 
em 2006 totalizou 25%, nos primeiros quatro 
meses deste ano já atinge 43%, enquanto que 
as vendas para os supermercados e as centrais 
atacadistas aumentaram na mesma proporção, 
como uma válvula de alívio da oferta.
Como mostraremos adiante, o mercado 
para camarões no Brasil oferece boas opor-
tunidades para as empresas, e as condições 
necessárias para aproveitar estas oportunida-
des estão disponíveis. É necessário, porém, 
arregaçar as mangas e posicionar os produtos 
de camarão cultivado em pé de igualdade com 
os seus concorrentes (aves, bovinos e suínos), 
que estão pelo menos uma década à frente no 
que se refere à logística, padronização, varie-
dade e popularidade junto aos consumidores.
É importante, porém, alertar para os 
riscos do aumento do foco no mercado interno 
em detrimento do mercado externo, onde o 
Brasil conquistou um espaço importante que 
merece ser fortalecido e ampliado. Estão aí 
as indústrias da carne e do frango como bons 
exemplos do equilíbrio entre vendas domésti-
cas e exportações. 
Figura 1- Consumo de camarão per capita em países selecionados
Fontes: NMFS, Eurostat, Glitnir, Rabobank, ABCC, FAO, BID
Poucos produtores de camarão no mundo possuem um mercado 
interno estabelecido. Na Ásia, a China se destaca como um grande 
produtor e consumidor mundial de camarões, seguida pela Índia, 
23Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
M
ercado de Cam
arão
onde o crescimento econômico e populacional vão torná-la 
um dos maiores mercados consumidores do mundo. Como 
conseqüência da melhoria das condições sanitárias e nutri-
cionais, a população da Índia vai ultrapassar a população da 
China por volta de 2035.
Na América Latina, muito embora o Equador seja o 
maior produtor de camarões, o México e o Brasil são os maio-
res mercados, e consumiram 130 mil e 46,5 mil toneladas em 
2005, respectivamente, o que é uma vantagem em comparação 
aos outros países que não contam com um mercado interno. O 
Brasil importa milhões de dólares de bacalhau, salmões e mer-
luzas para suprir a demanda por pescado. Em 2006, o valor das 
importações de bacalhau e derivados foi 20% maior do que as 
exportações de camarão. 
Oferta de camarão no Brasil – o camarão de cultivo predomina
O camarão de cultivo responde por cerca de dois ter-
ços da produção total de camarões no Brasil. No mundo, o 
camarão de cultivo representa um pouco menos da metade 
da oferta total. A figura 2 mostra que a oferta de camarões 
de cultivo predomina no Brasil, principalmente nos estados 
do Ceará e Rio Grande do Norte. Já os maiores produtores 
de camarão capturado são: Pará, Maranhão, Rio Grande do 
Sul e Santa Catarina. O IBAMA lista a Bahia como o maior 
produtor de camarão da pesca, o que é questionável.
Alguns estados se consolidaram como fornecedores de 
camarão para o mercado interno, como, por exemplo, o Ceará, 
que abastece quase um terço do camarão que chega ao CEASA 
do Rio de Janeiro; o Rio Grande do Norte que vendeu R$ 72 mi-
lhões de camarões para o mercado interno em 2006 e aumentou 
em 170% as vendas para o Rio de Janeiro de 2005 para 2006 e, 
a Bahia que vendeu cerca de R$ 18 milhões em camarões no 
ano passado e aumentou em 380% as vendas para o Paraná, 
que recentemente despertou para o consumo de frutos do 
mar e se tornou um mercado promissor.
Os maiores concorrentes do camarão de cultivo, 
obviamente, são os camarões da pesca: camarão 7 barbas, 
camarão vermelho e/ou Santana, camarão Lagoa dos Patos 
e até mesmo o camarão rosa. Uma das principais vantagens 
do produto cultivado é a oferta regular e adaptável às janelas 
abertas pela sazonalidade do produto da pesca, como por 
exemplo, os períodos de defeso nos meses de Janeiro e Fe-
vereiro, Março a Maio e Outubro a Dezembro. As grandes 
indústrias de pesca contornam o problema da sazonalidade 
estocando grandes volumes de camarão e colocando no mer-
cado gradualmente para manter a regularidade da oferta.
Aspectos do consumo de camarão no Brasil – 
o camarão de cultivo é pouco conhecido
A pesquisa mais recente de Orçamentos Familiares 
do IBGE aconteceu entre 2002 e 2003 e avaliou o consumo 
nos domicílios, oferecendo detalhes sobre os dispêndios e 
hábitos de consumo de alimentos no Brasil. Serve como 
orientação sobre o consumo de proteínas de origem animal 
em geral e de camarão, em específico. Estes dados foram 
bem explorados no trabalho realizado por Sonoda (2006).
A pesquisa comprova e mostra em detalhes a par-
ticipação pequena do pescado na mesa dos brasileiros, 
em relação às outras fontes como as carnes vermelhas e 
as proteínas prontas (laticínios, presuntos e embutidos). 
Em relação a estas últimas, São Paulo e Rio Grande do 
Sul se destacam como maiores consumidores, o que 
sugere um maior potencial de consumo de produtos de 
valor agregado (Figura 3).
Figura 2- Produção de camarão de cultivo 
(2006) e da pesca (2005) no Brasil
Figura 3- Distribuição % do gasto domiciliar por proteína em 
relação ao gasto total nas principais unidades da federação 
de diferentes regiões no Brasil entre 2002 e 2003
 O estudo mostrou que o camarão fresco apresenta o 
quarto maior consumo entre os tipos de pescado. O que nos 
chama a atenção é o consumo domiciliar elevado de camarões 
na região norte do país, onde o camarão é o segundo pescado 
mais consumido nos domicílios (Figura 4).
"O camarão de cultivo 
responde por cerca de dois 
terços da produção total de 
camarões no Brasil". 
24 Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
25Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2007
Para quantificar o potencial dos estados para o con-
sumo de camarão foram criados dois índices auxiliares: i- o 
Índice de Consumo Potencial - ICP e ii- o Índice de Déficit 
de Camarão - IDC. Os dados de consumo domiciliar per 
capita foram combinados com o IPC e IDC em um único 
gráfico e mostram que os estados com maiores ICP e IDC 
(Rio de Janeiro, Distrito Federal, Minas Gerais e São Paulo) 
possuem bons potenciais de mercado. 
O consumo per capita quando elevado (AP, PA), 
indica um mercado amadurecido para o consumo de 
camarões e, quando baixo (RS, MG), é sinal de que o 
mercado não possui hábito de consumir camarões, o que 
não necessariamente é ruim, pois oferece um potencial 
inexplorado, embora exija um esforço maior de marke-
ting para tornar o produto conhecido (Figura 7).
M
ercado de Cam
arão
O consumo domiciliar per capita de cama-
rões frescos no Brasil é igual a 0,114g, ou cerca da 
metade do consumo per capita total (0,250kg). O 
consumo per capita de camarões varia muito entre 
os estados, com destaque para o Amapá, Pará e 
Sergipe e até o Distrito Federal como alguns dos 
principais

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