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DOI: 10.4025/reveducfis.v21i5.8683 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
MODALIDADES METODOLÓGICAS EM PESQUISA CIENTÍFICA, A PARTIR DE 
RECORTES DA EXPERIÊNCIA DE SAÚDE COLETIVA, EPIDEMIOLOGIA E 
ATIVIDADE FÍSICA DA UNICAMP 
METHODOLOGICAL MODALITIES IN SCIENTIFIC RESEARCH, FROM CLIPPINGS OF THE 
EXPERIENCE OF COLLECTIVE HEALTH, EPIDEMICS AND PHYSICAL ACTIVITY GROUP FROM 
UNICAMP 
Carla Cristina Cuoco Léo∗
 
Aguinaldo Gonçalves
**
 
RESUMO 
Esta comunicação apresenta e discute a experiência do Grupo de Saúde Coletiva, Epidemiologia e Atividade Física, da 
Faculdade de Educação Física da Unicamp, quanto a diferentes metodologias aplicadas em trabalhos científicos, a partir de 
projetos por ele desenvolvidos. Pretendeu-se oferecer, para cada modalidade metodológica analisada, fundamentações e 
singularizações que permitam compreender a conformação de sua identidade, assim como instrumento para tal ação. Os 
resultados são compostos por elementos qualitativos, apresentados em quadros padronizados, os quais situam as 
características básicas destas modalidades. São sugeridas questões norteadoras para discussões, por meio de instrumento 
elaborado. Tem-se que tal ferramenta é uma proposta de diagnóstico sobre o conteúdo de trabalhos científicos, assim como 
forma metodológico-didática de ensino de metodologia de pesquisa aplicada às ciências da Educação Física/Ciências do 
Esporte. Trata-se, portanto, de uma possibilidade de avanço em estudos de metodologia científica, principalmente quanto à 
possibilidade do uso de diferentes abordagens qualitativas e quantitativas. 
Palavras-chave: Análise de dados. Métodos. Avaliação de programas e instrumentos de pesquisa. 
 
∗ Mestre. Professora Coordenadora de Oficina Pedagógica - Área de Matemática, Secretaria do Estado da Educação – 
SEE/SP. 
** Doutor. Professor Titular da Universidade Estadual de Campinas, Coordenador de Grupo de Saúde Coletiva, 
Epidemiologia e Atividade Física (GSCEAF/FEF/UNICAMP. 
INTRODUÇÃO 
“Métodos e Técnicas de Pesquisa” é uma 
expressão acadêmica talvez tão polêmica 
quanto frequente. Recurso racionalizador, 
entendê-la consiste em admitir que o método 
corresponde aos principais sistemas de 
pensamento ocidental contemporâneos, como, 
por exemplo, o empiricismo/experimentalismo, 
o estruturalismo, o materialismo histórico, a 
fenomenologia. Estes, preexistindo como 
referencial teórico, permitem ao pesquisador a 
decisão sobre quais concepções básicas 
lastrearão seu trabalho. 
Perseverando neste refletir centrado 
tanto na metodologia como na temática, 
embora prioritariamente comprometido com 
a primeira, o próximo conjunto de opções a 
ser defrontado diz respeito a quais 
procedimentos adotar para o 
desenvolvimento das desejadas investigações 
aplicadas. Trata-se do processo de definição 
por alternativas qualitativas ou quantitativas, 
ou também qualiquantitativas, como mais 
recentemente se reconhece como igualmente 
adequado. 
Assim situa-se a centralidade do que aqui 
se apresenta e se vai discutir. Vale dizer, 
pretende-se, a partir de situações de 
pesquisas da Educação Física brasileira, 
mais especificamente do Grupo de Saúde 
Coletiva e Atividade Física da Unicamp, 
trazer, para cada uma dessas chamadas 
modalidades metodológicas (MM), 
fundamentações e singularizações que 
permitam compreender a conformação de sua 
412 Léo e Gonçalves 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
identidade: são doze diferentes tipos de 
textos - como ensaio monográfico, estudo 
exploratório, resenha - submetidos a 
formatos de registro e relato de mesmas 
características que as apropriadas para as 
sete estatísticas descritivas e inferenciais 
tratadas. 
UMA VISÃO GERAL 
Cada uma das modalidades 
metodológicas estudadas é apresentada a 
seguir: as qualitativas no Quadro 1 e as 
quantitativas no Quadro 2. Tais conteúdos, 
assim como as concepções de pesquisa 
qualitativa e quantitativa, podem ser 
encontrados em outro trabalho já publicado 
por Léo e Gonçalves (2008), na Revista da 
Educação Física/UEM. 
De fato, entende-se aqui pesquisa 
qualitativa como “conjunto de práticas 
interpretativas” (DENZIN; LINCOLN, 2000, 
p. 6) que busca nas ações e relações humanas 
o significado que não é possível ser captado 
pela quantificação, como em casos 
investigados pelas Ciências Sociais, por 
exemplo (MINAYO, 1994). Deste modo, não 
elabora previamente suas hipóteses, mas faz 
com que a investigação ocorra em ambiente 
natural, envolvendo-se nas situações reais do 
cotidiano, sempre em busca do “significado 
da ação social segundo a ótica dos sujeitos 
pesquisados” (SILVERMAN, 1997, p. 18). 
Já a pesquisa quantitativa, de modo 
contrário, lança previamente sua suposição, 
possui métodos próprios de verificação e 
submete o fenômeno à experimentação ou à 
observação sistemática, propondo-se a 
explicar sua causalidade e a formular leis a 
respeito do evento estudado. Deste modo, as 
medidas geradas disponibilizam-se para 
apropriações em averiguações futuras, 
analisam e representam os fatos analisados 
em números e operações, não buscam o que 
excede esta representação e não interpretam 
nem reconhecem a manifestação existente 
além da simbologia aritmética (PEREIRA, 
1999). Os “processos estatísticos” 
(MARCONI; LAKATOS, 2000, p. 93) 
transformarão, então, os conjuntos 
complexos em simples representações, 
verificando possíveis relações entre si. 
Busca, assim, uma aproximação com os 
acontecimentos da sociologia, política e 
economia, considera a sociedade como se 
fosse um todo organizado e a descreve 
racionalmente. Para tanto, amostras 
aleatórias são selecionadas da população 
considerada e a representatividade é 
assegurada; os eventos observados são 
“classificados de acordo com sua frequência 
e distribuição [...]” e “[...] as condições sob 
as quais os fenômenos e as relações em 
estudo ocorrem são controladas ao extremo”. 
As opiniões do pesquisador e das pessoas, ou 
seja, sua subjetividade, são eliminadas na 
análise da investigação, que, por 
consequência, procura se aperfeiçoar, 
buscando remediar essa limitação existente 
na fase de apreciação dos dados (FLICK, 
2004, p. 18). 
Os métodos qualitativos seguem a 
fenomenologia e a compreensão, enquanto os 
quantitativos seguem o positivismo lógico: 
os primeiros fazem uso da observação 
naturalista e assumem uma realidade 
dinâmica, enquanto os segundos controlam 
os procedimentos utilizados, resultando 
numa realidade estática (SERAPIONI, 2000). 
Ressalta-se, no âmbito da epistemologia, 
que não há distinção, apesar das divergências 
existentes, entre a cientificidade das duas 
abordagens, pois provêm de naturezas 
diferentes; mas podem se complementar, já 
que uma precisa recorrer aos métodos e 
técnicas da outra, a fim de que possam 
contribuir nas questões estudadas por ambas 
(MINAYO; SANCHES, 1993). 
 
 
 
 
 
Modalidades metodológicas em pesquisa científica, a partir de recortes da experiência de saúde coletiva, epidemiologia e atividade física ... 413 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
Modalidades Metodológicas Caracterização 
Relato de experiência Estudo observacional, não controlado, envolvendo intervenção e desfecho 
para única pessoa ou unidade (THE COCHRANE REVIEWERS´ 
HANDBOOK GLOSSARY, 2001). 
Texto de revisão Crítica de material já publicado, em que o autor “considera o avanço da 
pesquisa corrente, a fim de clarear o problema” (AMERICAN..., 2001, p. 21). 
Ensaio monográfico Qualquer tipo de publicação que não seja seriada; de modo geral, envolve um 
ou mais temas que se completam, podendo estar organizados de diferentes 
maneiras, como capítulos, por exemplo (BIREME, 2006). 
Estudo exploratório “Piloto” que possibilita adequação ao instrumento que se irá utilizar, assim 
como obter informações sobre a variável a ser estudada. Deste modo, procura 
evitarpercepções errôneas por parte do investigador, a fim de que “a realidade 
seja percebida tal como ela é, e não como o pesquisador pensa que seja” 
(PIOVESAN; TEMPORINI, 1995, 325). 
Resenha Síntese ou comentário sobre livros, revistas, filmes, cd-rom, sítios, entre 
outros, recém-publicados. O principal objetivo é servir de veículo de crítica, 
avaliação e divulgação da produção intelectual. Pode ser informativa, crítica 
ou crítico-informativa (OLIVEIRA; ESPÍNDOLA, 2003). 
Estudo de caso Ensaio detalhado de única situação, com objetivo de determinar dados 
singulares sobre o sujeito (ou instituição, comunidade...) analisado, buscando 
compreender situações similares. É utilizado na pesquisa quali e quantitativa, 
podendo ser de três tipos: descritivo, interpretativo ou avaliativo (THOMAS; 
NELSON, 2002). 
Análise de conteúdo Conjunto de técnicas utilizadas sobre textos e comunicações para descrever 
seu conteúdo, em busca de apreender aquilo que está por trás das palavras, ou 
seja, de conhecer outras realidades através delas (BARDIN, 2004). 
Modalidades metodológicas Caracterização 
Pesquisa participante Observação realizada diretamente no campo, em que pesquisador e pesquisado 
são agentes, ambos com clareza na sua opção ideológica. É bastante 
empregada nas Ciências Sociais e da Educação (TURATO, 2003). 
Texto de avaliação Aprecia sistematicamente a pertinência, suficiência, progressos, eficiência, 
eficácia e efeitos de programas como, por exemplo, os de saúde (BIREME, 
2006). 
Editorial 
 
Texto em que o editor da revista declara sua opinião, crença ou política. Em 
geral, caso represente órgão oficial da sociedade ou organização, aborda 
matérias de significado médico ou científico de interesse desta comunidade ou 
de outro meio social (BIREME, 2006). 
Carta ao editor Diálogo, manual ou impresso, entre pessoas e/ou representantes de 
organizações, de cunho pessoal ou profissional. No meio acadêmico, de modo 
geral, o(s) autor(es) a endereça(m) para o editor de periódico (BIREME, 
2006). 
4ª Capa Também chamada de contracapa, é o verso de um livro, que possui este nome 
porque “a primeira é a capa, o outro lado da capa é o segundo; o terceiro é a 
parte branca da contracapa - a qual é a quarta” (CULTVOX, 2006, s/ p.). 
Quadro 1 - Identificação das modalidades metodológicas qualitativas adotadas nas publicações do GSCEAF. 
 
 
 
414 Léo e Gonçalves 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
Modalidades metodológicas Caracterização 
Descritivas: 
Distribuição de frequência 
Para que o dado resultante do trabalho possa ser visto de modo 
global, uma das maneiras de apresentá-lo é através da distribuição de 
frequência: a proporção de cada categoria da variável é dada por fi = 
ni/n, onde ni é a frequência de cada classe e n é o total de 
observações. A porcentagem (ou frequência relativa) é dada por 100 
x fi (BUSSAB; MORETTIN, 1987). 
Modalidades metodológicas Caracterização 
Medida de centralidade e dispersão As medidas de posição central (ou de centralidade) mais usadas são 
média aritmética (Me), mediana (Md) e moda (Mo). Já as de 
dispersão sumarizam a variabilidade de uma série de valores, para 
que seja possível comparar conjuntos diferentes destes, segundo 
algum critério estabelecido. O critério frequentemente usado é aquele 
que mede a concentração dos dados em torno de sua média. Por isto, 
as mais usadas são o desvio padrão e a variância (BUSSAB; 
MORETTIN, 1987). 
Indicador de saúde Parâmetro, de cunho internacional, que visa contribuir no 
acompanhamento dos padrões sanitários, de diferentes grupos 
populacionais e iguais períodos de tempo, ou, de mesma população e 
distintas épocas (ROUQUAYROL et al., 1993). 
 
Inferenciais: 
Teste não paramétrico 
 
 
 
Teste paramétrico 
 
 
 
Univariado 
 
Prova adotada quando os dados não atendem aos pressupostos das 
técnicas paramétricas de análise (BARROS; REIS, 2003). 
 
 
Empregado em distribuições que satisfazem aos pressupostos de 
normalidade e homogeneidade de variâncias dos dados (BARROS; 
REIS, 2003). 
 
Análise paramétrica em que cada variável é tratada isoladamente 
mediante exploração detalhada das observações (BARROS; REIS, 
2003). 
(Bi) Multivariado Estuda-se o relacionamento entre duas ou mais variáveis. É utilizado 
nos casos em que há estrutura de dependência entre estas; para tanto, 
há exigência de que a distribuição seja multinormal dentre as 
variáveis. Podem ser divididos em análise de interdependência ou de 
dependência (PADOVANI, 2001). 
Quadro 2 - Identificação das modalidades metodológicas quantitativas adotadas nas publicações do GSCEAF. 
EXPRESSANDO IDENTIDADES 
As principais modalidades 
metodológicas consideradas a partir de 
recortes da experiência do Grupo de Saúde 
Coletiva, Epidemiologia e Atividade Física 
da Unicamp são apresentadas a seguir no 
Quadros de 3 a 19. Como já indicado 
anteriormente, aí são situadas em suas 
características básicas, com vista a 
permitirem pronta identificação. 
Os primeiros quadros tratam das 
modalidades metodológicas qualitativas, 
enquanto os demais, das quantitativas; 
porém, neste segmento, todos seguem a 
mesma estrutura: i) Fundamentação: neste 
item, são retratados os principais 
embasamentos teóricos relativos à 
modalidade em questão; ii) 
Procedimentos/características 
operacionais: apresenta as principais etapas 
a serem percorridas pelo pesquisador, caso 
escolha adotar esta MM em sua investigação; 
iii) Aplicações correntes: aqui são relatadas 
as possibilidades de uso da modalidade, em 
âmbito geral; para as especificidades da área, 
o leitor deve observar o item iv) 
Apropriações em Educação 
Física/Ciências do Esporte e v) Situação 
explorada: descreve-se e discute-se um 
trabalho o qual já tenha utilizado 
determinada MM. 
Modalidades metodológicas em pesquisa científica, a partir de recortes da experiência de saúde coletiva, epidemiologia e atividade física ... 415 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
1 – Fundamentação 
 
Método que “permite relacionar a prática imediata com a teoria, sem generalizar a primeira, nem distorcer a 
segunda” (PÁDUA, 1997). Busca, assim, compreender determinada situação através da análise realizada pelo 
pesquisador, podendo este interferir ou não durante o estudo (MARZIALLE; RODRIGUES, 2002). 
 
2 – Procedimentos/características operacionais: 
 
• Informar, após as observações realizadas sobre o tema, de modo objetivo e claro; 
• Mostrar, ao descrever uma experiência, a existência de embasamento em determinadas opções teóricas e 
metodológicas, indispensáveis para avaliação decorrente destas escolhas, bem como julgar se foram 
capazes de satisfazer as perguntas inicialmente postas; 
• Refletir com qualidade para que a experiência seja colocada por escrito e possa ser publicada em 
seguida. Assim há avanço, pois o desenvolvimento só ocorrerá através de indagações e questionamentos 
(JARDIM, 2006); 
 
Descrever as ações realizadas de modo minucioso, contextualizando população e local, incluindo aí sua estrutura, 
espaço físico e pessoas envolvidas, público-alvo, participantes, metodologia geral do trabalho, atividades 
realizadas, apresentação dos principais resultados, dificuldades e obstáculos enfrentados, pontos positivos e 
negativos, sugestões – as quais devem ser expostas após a realização de avaliação do trabalho escrito 
(MENEZES et al., 2002). 
3 – Aplicações correntes: 
 
• Anunciar as novas contribuições provenientes de certa experiência, fazendo, assim, com que o conteúdo 
tenha as discussões que o cercam ampliadas em sua área acadêmica; 
Apresentar, sistematizar e fundamentar novas propostas de intervenção, com base em relatos de experiências 
anteriormente publicados (MERLO; JACQUES; HOEFEL, 2001). 
4 – Apropriações em Educação Física/Ciências do Esporte 
 
Refletir sobre a prática de sala de aula mostrando que a avaliação, mesmo em Educação Física, pode ser um 
processo socialmente construído,considerando constantemente o processo ensino-aprendizagem (MAUAD, 
2003). Divulgar o trabalho que foi realizado; relatar e descrever os caminhos possíveis de serem trilhados na área 
por meio da reflexão da prática e suporte no teórico (MENEZES et al., 2002). 
 
5 – Situação explorada 
 
GONÇALVES, A.; PEDROSO, M.; OLIVEIRA, S.; BACARELLI, R. Dificuldades e sugestões para 
implantação de atividades de prevenção de incapacidades em serviços de controle da hanseníase no Brasil. 
Revista Brasileira Medicina, São Paulo, v. 45, n. 10, p. 422-426, 1988. 
 
Descreve investigação sobre o processo de implantação de atividades preventivas de incapacidades físicas para o 
controle da hanseníase. São apresentados alguns dados numéricos desta averiguação, os obstáculos e dificuldades 
citados pelos egressos aos cursos do Hospital Lauro de Souza Lima, Bauru, SP, assim como as sugestões 
propostas. Observa-se que a qualificação dos recursos humanos foi sugerida pelo grupo em questão, deixando 
claro que não é possível a “operacionalização de serviços” somente com bases teóricas, sendo necessárias 
também as bases práticas, ressaltando assim, a importância de trabalhar as duas concepções em conjunto. 
Quadro 3 - Caracterização da modalidade metodológica RELATO DE EXPERIÊNCIA, a partir dos segmentos 
técnicos adotados no interior da GSCEAF. 
416 Léo e Gonçalves 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
 
1 – Fundamentação 
 
Apresenta contribuição sobre determinado tema, de modo que se exponha sua evolução científica com base na 
literatura técnica pertinente, juntamente com uma avaliação crítica do conteúdo tratado (REVISTA 
BRASILEIRA DE SAÚDE MATERNO INFANTIL, 2007). 
 
2 – Procedimentos/características operacionais: 
 
 Realizar pesquisa bibliográfica com a finalidade de encontrar os conceitos e aplicações já correntes 
sobre a matéria especificamente considerada; 
 
 Analisar estas publicações, detectando os principais avanços teóricos do fato ou ideia existentes. 
 
3 – Aplicações correntes 
 
• Identificar, através da análise realizada, a evolução histórico-científica já percorrida pelo assunto e 
como este se apresenta na atualidade; 
• Revisar o conhecimento construído sob diferentes aspectos para que as ações sejam tomadas segundo 
estes saberes, evitando-se decisões errôneas (PIRES; MELO, 2005). Citam-se para exemplificação os 
casos de detecção de doenças e seus melhores modos de tratamento. 
 
4 – Apropriações em Educação Física/Ciências do Esporte 
 
Tornar o leitor, por meio desta MM, ciente do assunto, que muitas vezes não é do seu âmbito de trabalho, mas, 
mediante a intervenção específica, poderá trazer novas contribuições ao tema. Se o profissional de Educação 
Física também tem conhecimento sobre as doenças cardiovasculares, poderá utilizar seus saberes específicos da 
área para auxiliar os que possuem este agravo, num trabalho interdisciplinar. 
 
5 – Situação explorada 
 
CAMPANE, R. Z.; GONÇALVES, A. Uma sistematização da atividade física no controle da hipertensão 
arterial. Revista Brasileira Medicina, São Paulo, v. 59, n. 8, p. 561-567, 2002. 
 
A presente comunicação trata da hipertensão arterial como tema central juntamente com seus principais 
conceitos, discutindo associações com o desenvolvimento de outras patologias cardiovasculares. Debate, 
também, a eficácia das diferentes terapias medicamentosas, porém ressalta a vertente não medicamentosa 
por meio da prática dos exercícios físicos aeróbicos, fator que contribui para a saúde dessa coletividade. 
Finaliza com a prescrição do tipo de treinamento a ser realizado, fazendo as ressalvas necessárias quando 
estas ações são propostas aos grupos que possuem este agravo. 
 
Quadro 4 - Caracterização da modalidade metodológica TEXTO DE REVISÃO, a partir dos segmentos técnicos 
adotados no interior da GSCEAF. 
Modalidades metodológicas em pesquisa científica, a partir de recortes da experiência de saúde coletiva, epidemiologia e atividade física ... 417 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
 
1 – Fundamentação 
 
Tem como principal característica a abordagem de tema unitário. Esta MM parte do princípio de que “qualquer 
caso que se estude em profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou até de todos os 
casos semelhantes”. Consiste, assim, na análise de indivíduos pré-escolhidos, profissões, instituições ou grupos 
para que, a partir destes, possam ser realizadas generalizações. Para tanto, é examinada grande parte dos fatos 
que possam interferir no aspecto pesquisado. Mais do que averiguação de particularidades, tal modalidade pode 
também englobar diversas atividades de um grupo social particular, respeitando a “totalidade solidária” da 
coletividade e evitando o rompimento errôneo de elementos que na realidade estão associados. São exemplos as 
investigações regionais, rurais, de aldeia ou urbanas (LAKATOS; MARCONI, 1991). Significa o estudo de um 
ponto particular, de um ramo cientifico ou de uma arte, e focaliza a observação direta de fato único ou de vários 
outros, desde que verificados em diversos aspectos com detalhes. O nome de Frédèric Le Play (1806-1882) é 
ligado a esta modalidade: quando estudou a família como célula da sociedade, concluiu que esta revela 
peculiaridades da sociedade como um todo (RUIZ, 2003). 
 
2 – Procedimentos/características operacionais: 
 
• Definir o problema a ser analisado; 
 
• Fazer levantamento bibliográfico para que as investigações que envolvem a questão inicialmente posta 
sejam conhecidas e discutidas no decorrer do trabalho; 
 
• Concluir quatro etapas: i) desenvolvimento da pesquisa; ii) coleta os dados; iii) análise dos dados; iv) 
elaboração da redação final do estudo. Estas devem ser previamente planejadas e seguir os rigores 
científicos exigidos pela área. 
 
3 – Aplicações correntes: 
 
• É capaz de observar nos mínimos detalhes certo número de casos a fim de descobrir diretamente na 
fonte suas principais características, fato que não ocorre quando se analisa o indivíduo como caso 
isolado deste conjunto. É muito utilizado em pesquisas de cunho social; 
 
• Centra-se em algo unitário sem a fragmentação dos elementos que o envolvem (GIL, 2000). 
 
4 – Apropriações em Educação Física/Ciências do Esporte 
 
Esta modalidade permite apreender resultados do emprego de diferentes metodologias e técnicas, tais como a 
aplicação de questionário de qualidade de vida em determinado grupo de mulheres, ou ainda, investigar as 
respostas de um mesmo programa de treinamento em situações diversas, em crianças e adolescentes, por 
exemplo. É útil também para construir referencial teórico bem-estruturado, formulado previamente à adoção da 
prática. 
 
5 – Situação explorada 
 
LUZ, I. B. P.; GONÇALVES, A.; BORGES, V. L. Referências bibliográficas em Ciências do Esporte: 
conhecendo e aplicando recomendações técnicas. Movimento, Porto Alegre, v. 3, n. 4, p. 6-17,1996. 
 
O exemplo aqui estudado visa a contribuir com aqueles que produzem conhecimento científico em nossa área, no 
sentido de que expõe informações relevantes sobre as normas referenciais bibliográficas vigentes, segundo as 
orientações do órgão responsável. Assim, são apresentados alguns exemplos de citações mais utilizadas, sobre os 
quais se pode consultar o trabalho para que se evitem erros em suas publicações. 
 
Quadro 5 - Caracterização da modalidade metodológica ENSAIO MONOGRÁFICO, a partir dos segmentos 
técnicos adotados no interior da GSCEAF. 
418 Léo e Gonçalves 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
 
1 – Fundamentação 
 
Quando se investigam fatos relacionados aos humanos, faz-se necessário que seus valores, crenças, 
atitudes e opiniões sejam conhecidos para que não se tornem barreira ao pesquisador e este possa se 
aproximar com maior aceitação ao grupo populacional. O interar-se prévio da realidade por eles vivida 
denomina-seestudo exploratório e apoia-se em três princípios: i) a aprendizagem deve partir do que já é 
conhecido; ii) a busca por novos conhecimentos necessita ser constante; iii) o instrumento de respostas 
precisa estar adequado à realidade pesquisada (BOLACHA; AMADOR, 2003). 
 
2 – Procedimentos/características operacionais: 
 
• Por tratar-se de um continuum, sem a existência da predeterminação de etapas, anulando o fato de 
que devam possuir quantidades exatas, cada uma irá se apoiar na fase seguinte, até que os 
objetivos inicialmente propostos obtenham conclusões. Estas etapas são agrupadas de maneira que 
com o desenvolver do estudo elas se complementem, a saber: 
 
• Realizar entrevistas não dirigidas; quando se atinge a saturação do assunto, encerra-se este 
período; 
 
• Analisar os dados conforme são coletados, e, se a intenção é a montagem de questionário ou 
instrumento similar, as perguntas necessitam de reelaboração, aumentando a especificidade; 
 
• Utilizar abordagem quantitativa. 
 
3 – Aplicações correntes: 
 
• Obter informações a respeito da realidade das pessoas analisadas, por meio da observação e 
reflexão, para assim ela possa ser compreendida como realmente é, não como se pensa que seja. 
Esta característica resulta em controlar o viés pessoal do pesquisador, contribuindo para que não 
haja interferência de sua parte no decorrer do processo. 
 
4 – Apropriações em Educação Física/Ciências do Esporte 
 
Utilizado no desenvolvimento e implementação de programas de saúde que incluam a atividade física, 
assim como na elaboração de questionários pertinentes à área ajustados à realidade investigada. 
 
5 – Situação explorada 
 
PIRES, G. L.; MATIELLO Jr, E.; GONÇALVES, A. Lazer: Um princípio educativo para Educação Física 
Curricular Universitária. Movimento, Porto Alegre, v. 5, n. 11, p. 74-84, 1999. 
 
Apresenta ensaio exploratório resultante da reflexão, a partir de experiências vividas pelos autores, os 
quais são profissionais atuantes em Educação Física Curricular em suas instituições de ensino, tendo em 
vistas o advento da nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e as mudanças dela decorrentes. 
 
Quadro 6 - Caracterização da modalidade metodológica ESTUDO EXPLORATÓRIO, a partir dos segmentos 
técnicos adotados no interior da GSCEAF. 
 
 
 
 
Modalidades metodológicas em pesquisa científica, a partir de recortes da experiência de saúde coletiva, epidemiologia e atividade física ... 419 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
 
1 – Fundamentação 
 
Trata-se da síntese das ideias e conteúdos publicados em livros recentes, aliada a críticas e elogios, quando 
pertinentes, sobre o assunto exposto. Deve, assim, indicar as falhas cometidas pelo estudo relatado e 
também os méritos por ele alcançados (CIÊNCIA..., 2007). Destarte a resenha apresentae analisa o 
conteúdo da obra (LAKATOS; MARCONI, 1991). 
 
2 – Procedimentos/características operacionais: 
 
• Ler o livro; 
 
• Apreciar e resumir a obra, utilizando a capacidade de crítica ao decorrer da confecção do texto, 
pois não é somente resumo do publicado; 
 
• Formular conceitos acerca do material resenhado. 
 
3 – Aplicações correntes: 
 
• Oferecer o conteúdo tratado no volume de maneira concisa, objetiva e cortês, além das novidades 
que o seu autor traz, como os novos conceitos, teorias e abordagens; 
 
• Identificar questões presentes, porém já esclarecidas, e apontar outras não citadas, promovendo 
avaliação crítica global. 
 
4 – Apropriações em Educação Física/Ciências do Esporte 
 
Ao trazer comentários sobre a obra, visa auxiliar na decisão ou não da leitura da obra completa, uma vez 
que não são poucos os novos lançamentos, como também, a diversidade de temas que englobam este 
campo de atuação. 
 
5 – Situação explorada 
 
GONÇALVES, A. Uma rara e legítima articulação teoria e prática da Educação Física no Brasil.. Resenha 
de: KUNZ, E.; PIRES, G.L.; MATIELLO Jr. E.; et al. Didática da Educação Física 2. Ijuí: Unijuí, 2002. 
Ciência em Movimento, Porto Alegre, v. 8, n. 2, p. 58-59, 2002, (publicado em novembro de 2003). 
 
A presente publicação inicia seus comentários descrevendo a parte física do fascículo, seguindo a 
descrição capítulo a capítulo. O volume resenhado debate o conteúdo da Educação Física ensinado no 
quotidiano da escola. Assim, são apontadas as novidades trazidas pelos autores de forma tão “tocante e 
emocionante” que até aqueles externos a este âmbito conseguem compreender o diálogo por eles proposto. 
Entre as inovações trazidas destacam-se a perspectiva crítico-emancipatória da obra em uma ação de 
grupos de alunos em determinado local de vegetação preservada de Florianópolis e a descrição da 
disciplina de Práticas de Ensino na Educação Física juntamente com a discussão do seu programa de 
disciplina. O texto se encerra com o desejo de frutuosa leitura aos futuros leitores do livro. 
 
Quadro 7 - Caracterização da modalidade metodológica RESENHA, a partir dos segmentos técnicos adotados 
no interior da GSCEAF. 
 
 
 
 
 
420 Léo e Gonçalves 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
1 – Fundamentação 
 
Pesquisa da especificidade de certo contexto, escolhido por critérios antecipadamente selecionados. Para seleção do 
caso, deve-se considerar que este efetivamente seja dotado de relevância, para que se justifique sua escolha e 
compreensão. Ressalta-se ainda que não é porque somente determinada característica unitária tenha sido analisada que o 
trabalho será denominado de Caso (ALVES-MAZZOTTI, 2006; GIOVANETTI, 2006). O objeto de estudo é a 
unidade, a qual é capaz de ser analisada de maneira integral, tornando-se complexo conforme o assunto é aprofundado. 
Uma classificação possível, entre outras, é constituída pelas categorias histórico-organizacional, observacional ou de 
história de vida A primeira analisa a vida de determinada instituição, tendo como ponto de partida o levantamento de 
dados sobre a organização, através do material disponível no local. Com estes elementos prévios é possível delinear 
anteriormente a coleta de dados. Já na segunda, a coleta é realizada por meio da observação participante, e o foco não é 
a organização do todo, mas de certa parte. A entrevista semiestruturada com pessoa de relevo social ou de popularidade 
notória no interior da comunidade é a característica principal do terceiro tipo. O diálogo deve ir se aprofundando na 
história de vida do sujeito conforme o tempo passa (TRIVIÑOS, 1987). 
2 – Procedimentos/características operacionais: 
 
• Utilizar i) os subsídios já existentes sobre o tema analisado, e ii) a observação participante ou iii) entrevista 
semiestruturada com indivíduo de destaque do local pesquisado (YIN, 2001), uma vez que o estudo de caso 
busca informações numerosas e detalhadas; 
• Usar diferentes métodos de coleta de dados, a depender do objeto estudado. 
 
3 – Aplicações correntes: 
 
• Explorar situações da realidade, para descrever o contexto onde está inserida a investigação ou para explicar 
variáveis de fenômenos muito complexos, quando outros tipos de delineamento não respondem a tais 
questionamentos; 
• Conceber novas ideias e hipóteses, permitindo, assim, que o conhecimento seja abrangente, mas apresente 
detalhes do objeto averiguado, observando-se características que as demais modalidades nem sempre são 
capazes de atingir (GIL, 1999). 
 
4 – Apropriações em Educação Física/Ciências do Esporte 
 
Visa a colaborar para o entendimento de questões da área por meio de particularidades até então desconhecidas, a fim de 
que os reais interesses da população sejam atendidos. Exemplo de ação neste sentido seria realizar análise de 
determinado espaço de lazer para oferecimento de atividades, levantando questões de como as pessoas fazem uso destes 
espaços. Investigação sobre a maneira como a comunidade faz uso das atividades proporcionadas pela Escola de 
Extensão da FEF/Unicamp também pode ser mencionadapara exemplificação. Pode ser útil, também, para avaliação de 
como são ministradas determinadas disciplinas ou cursos em Educação Física, ou ainda ponderar sobre a atuação de 
seus departamentos ou sociedades científicas. 
5 – Situação explorada 
 
MILANEZI, J. Z., NASCIMENTO Jr, A. F., GONÇALVES, A. Expectativa de espaço/lazer dos moradores do bairro 
Jardim Bela Vista, como subsídios para um programa de Atividades Físicas no município de Bauru. Revista Brasileira 
de Ciências do Esporte, São Paulo, v. 18, n. 2, p. 92-97, jan. 1997. 
 
Tal comunicação buscou compreender quais os interesses dos cidadãos ao utilizarem os espaços de lazer de bairro 
específico da cidade de Bauru, para futura implantação, se possível, de programas de atividade física. Para tanto, foram 
consideradas suas variáveis socioeconômicas e o que eles entendiam serem as atividades de lazer. Para cada quadra 
existente no bairro estudado elegeu-se uma residência a ser pesquisada, por meio de questionário, totalizando 75 
moradores. Notou-se que tais locais eram construídos sem que os interesses dos moradores fossem atingidos, com 
espaço insuficiente e sem qualquer organização. Espera-se, então, que o Poder Público programe ações voltadas ao 
lazer, respeitando as características específicas de cada coletividade envolvida, e que profissionais especializados e 
capacitados para orientação destes grupos estejam disponíveis. 
Quadro 8 - Caracterização da modalidade metodológica ESTUDO DE CASO, a partir dos segmentos técnicos 
adotados no interior da GSCEAF. 
Modalidades metodológicas em pesquisa científica, a partir de recortes da experiência de saúde coletiva, epidemiologia e atividade física ... 421 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
 
1 – Fundamentação 
 
Busca relacionar e associar a estrutura semântica e/ou linguística com a psicológica e/ou sociológica, 
aprofundando-se no texto a fim de encontrar seu verdadeiro conteúdo (ROCHA; DEUSDARÁ, 2006). Trata-se 
de conjunto de técnicas que, embora pareçam ser parciais são complementares e são aplicadas nas comunicações 
em análise, mediante procedimentos objetivos (BARDIN, 2004). 
 
2 – Procedimentos/características operacionais: 
 
• Realizar a pré-análise, que consiste em operacionalizar e sistematizar o trabalho a ser realizado e possui 
duas etapas principais: a leitura superficial do material e a escolha dos documentos a serem analisados; 
 
• Codificar, categorizar e quantificar a informação: é a fase de análise do material; 
 
• Tratar os resultados, sua inferência e sua interpretação, que consiste em realizar a análise por categoria 
do texto, e se possível, agrupar os resultados por classificações análogas. A técnica mais utilizada é a 
análise temática (RICHARDSON, 1989), a qual se refere à abordagem realizada com o texto lido uma 
vez (análise textual), portanto, já preparado para a próxima leitura, buscando compreender a mensagem 
contida em seu interior (MANTELLINI, 2006). 
 
3 – Aplicações correntes: 
 
• Apreciar documentos de órgãos oficiais que tenham como proposta a implantação de novos programas 
ou a continuação daqueles que já estejam em andamento; 
 
• Apreender identidades de políticas e estratégias provenientes de instituições responsáveis por 
determinado assunto, como é o caso da Organização Mundial da Saúde (OMS) e, a partir daí, propor 
ações que respondam ao problema posto; 
 
• Analisar minuciosamente a evolução de determinado tema ou conteúdo. 
 
4 – Apropriações em Educação Física/Ciências do Esporte 
 
Muito mencionada mas pouco aplicada com propriedade, tem-se registrado sua adoção em situações que visam: 
i) analisar como as ações de Saúde se dedicam a determinadas doenças e como a relacionam com atividade física, 
principalmente no sentido da reabilitação; e ii) conhecer e debater diferentes maneiras de associar saúde coletiva 
e atividade física em situações específicas de treinamento. 
 
5 – Situação explorada 
 
MATIELLO JUNIOR, E.; GONÇALVES, A. Avaliando relações entre saúde coletiva e atividade física: aspectos 
normativos e aplicados do Treinamento Físico Militar brasileiro. Motriz, Rio Claro, v. 3, n. 2, p. 80-88, 1997. 
 
Neste caso, o estudo procurou “identificar, expressar e discutir” a aptidão física de militares relacionada à saúde 
por meio de dois procedimentos distintos: o normativo, que compreendeu a revisão de instrumento técnico, e o 
outro, o aplicado, pelo qual foi observada sua utilização prática em unidade militar específica. Em casos como 
este, em que se associa a MM com outro recurso adicional, obtêm-se elementos bastante informativos: 
constataram-se especificidades, tais como fatos relacionados à implantação do treinamento físico militar (TFM), 
motivações e qualificações profissionais e, principalmente, a não sustentação de um dos objetivos inicialmente 
proposto pelo TFM, de "manutenção preventiva da saúde" dos atiradores. 
 
Quadro 9 - Caracterização da modalidade metodológica ANÁLISE DE CONTEÚDO, a partir dos segmentos 
técnicos adotados no interior da GSCEAF. 
422 Léo e Gonçalves 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
 
1 – Fundamentação 
 
Envolve de modo igualitário pesquisadores com a população estudada, à procura de soluções para problemas de 
interesse coletivo, unindo-os na busca de exercer a cidadania e, consequentemente, de mudanças práticas no 
âmbito social. Assim, há grande integração entre o investigador e seu objeto de estudo, contando-se, ainda, com 
efetiva participação dos grupos menos favorecidos da sociedade em decisões a serem estabelecidas e 
incorporadas em sua realidade (MELLO et al., 1998; FREIRE, 2000). 
 
2 – Procedimentos/características operacionais: 
 
• Realizar autodiagnóstico, feito pelos próprios participantes da comunidade; 
 
• Eleger os problemas prioritários, por meio das estratégias de afrontamento prático; 
 
• Organizar a política local numa “estratégia para garantir competência no enfrentamento dos problemas” 
(DEMO, 1995, p. 239). 
 
3 – Aplicações correntes: 
 
• Elaborar, junto ao objeto que se deseja estudar, novos conhecimentos, com a finalidade de fazer com 
que estes possam apresentar as necessidades e modificações mais urgentes; 
 
• Fazer valer a cidadania que é de direito, porém não cumprida, colocando, assim, a Ciência a serviço de 
emancipação popular. 
 
4 – Apropriações em Educação Física/Ciências do Esporte 
 
Cada vez mais presente, à medida que se concretiza a consciência das pessoas e grupos populacionais acerca de 
seus direitos e prerrogativas, é encontradiça em circunstâncias em que se visa a: i) implantar programas que 
sejam realmente almejados pela população de baixa renda; ii) analisar aqueles que já estão em andamento, para 
eventuais ajustes ou modificações, como, por exemplo, a prática de atividades lúdicas cooperativas entre 
moradores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ou como estes compreendem 
determinada atividade física em seu meio. 
 
5 – Situação explorada 
 
PIRES , G. L.; GONÇALVES, A. Cultura esportiva e mídia: abordagem crítico-emancipatória a partir da 
Educação Física. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO ESPORTE, 12., 2001, Caxambu. Anais 
eletrônicos ..., Caxambu: CBCE, 2001. 1 CD-ROM. 
 
Neste texto são apresentadas reflexões acerca da concepção crítico-emancipatória, analisadas a partir da relação 
do professor da disciplina da Educação Física com seus alunos, na Universidade Federal de Santa Catarina. Deste 
modo, puderam ser verificados os “avanços, limites e possibilidades” de se tratar desta temática no âmbito da 
nossa área. De fato, conseguiu-se apurar que se faz necessária a adequação do marco teórico/metodológico em 
análises da realidade, fundamentando assim as próximas intervenções. Expressou-se ocorrência de 
potencialidades ao se aproximar a Teoria Crítica com os estudos de recepção midiática, apontaram-se sugestões 
aos currículos da disciplina estudada e evidenciaram-seas possíveis aplicações em outros temas da área. 
 
Quadro 10 - Caracterização da modalidade metodológica PESQUISA PARTICIPANTE, a partir dos 
segmentos técnicos adotados no interior da GSCEAF. 
 
 
Modalidades metodológicas em pesquisa científica, a partir de recortes da experiência de saúde coletiva, epidemiologia e atividade física ... 423 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
1 – Fundamentação 
 
Tal modalidade deve ser “original, inédita, completa, imparcial, clara, concisa, precisa, coerente, objetiva, 
equilibrada, honesta e exata” (LAKATOS; MARCONI, 1991 - p. 243), para que novos conhecimentos sejam 
validados através das críticas às informações publicadas, tornando-se, assim, de caráter científico. Para tanto, 
deve-se avaliar a contribuição principal que o estudo traz como um novo valor, a metodologia utilizada, suas 
conclusões e a parte referencial. 
 
2 – Procedimentos/características operacionais: 
 
• Realizar pesquisa bibliográfica, com a finalidade de estudar e efetuar o levantamento da produção 
acerca do tema; 
 
• Recorrer à utilização de técnicas específicas para a análise do fato estudado, por exemplo, a documental 
ou de conteúdo; 
 
• Alocar em fichas individuais especialmente elaboradas para este fim a apreciação das características 
estudadas; 
 
• Conhecer o assunto de modo suficiente para julgá-lo e redigi-lo em linguagem acessível ao público 
leitor, tendo como principal finalidade sua divulgação, não a vulgarização. 
 
3 – Aplicações correntes: 
 
• Selecionar as contribuições originais e relevantes para a área, tornando-se filtro de qualidade; 
 
• Permitir retorno ao trabalho dos escritores, ajudando-os a rever, aperfeiçoar ou prosseguir em suas 
pesquisas; 
 
• Avaliar periódicos, segundo instrumentos e critérios preestabelecidos. 
 
4 – Apropriações em Educação Física/Ciências do Esporte 
 
Detectar erros e irregularidades e sugerir o que deve ser feito para que sejam corrigidos; apresentar o 
desempenho global da situação exposta pela publicação, destacando seus aspectos positivos, assim como aqueles 
que devam ser aprimorados após essa avaliação (FERREIRA NETO; NASCIMENTO, 2003). 
 
5 – Situação explorada 
 
GONÇALVES, A.; BASSO, A. C.; GREGO, L. G.; BORIN, J. P. Aspectos básicos e epidemiológicos das lesões 
desportivas em nosso meio: uma revisita descritivo-analítica. Revista Brasileira de Medicina, Rio de Janeiro, v. 
61, n. 7, p. 477-488, 2004. 
 
Esta publicação descreveu e analisou estudos recentes sobre as lesões desportivas do Grupo de Saúde Coletiva, 
por meio da apreciação referente aos aspectos lesionais, metodologia utilizada, instrumento de coleta de dados e 
especificidades das lesões. Como principal resultado pode ser observado que ainda persiste a não integração 
entra as diferentes áreas relacionadas, evidenciando que as futuras investigações devem buscar preencher esta 
lacuna. 
 
Quadro 11 - Caracterização da modalidade metodológica TEXTO DE AVALIAÇÃO, a partir dos segmentos 
técnicos adotados no interior da GSCEAF. 
 
424 Léo e Gonçalves 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
1 – Fundamentação 
 
De responsabilidade dos editores do periódico (CIÊNCIA E SAÚDE COLETIVA no ano de 2007) ou de 
seus convidados, em geral, especialistas no tema a ser apresentado, é neste espaço que geralmente se faz a 
indicação de quais serão os temas e conteúdos abordados na edição. Pode haver também o relato dos 
acontecimentos que ocorreram entre a publicação anterior e a atual, assim como dos eventos que ainda 
estão por acontecer, desde que ambos estejam supostamente relacionados com o interesse dos seus leitores. 
 
2 – Procedimentos/características operacionais: 
 
• Definir quem se responsabilizará por esta seção, se os próprios editores ou um convidado externo. 
No primeiro caso, estes se encarregarão de redigir o texto; caso contrário, deve-se aguardar 
convite. 
 
3 – Aplicações correntes: 
 
• Sintetizar o que será apresentado nas próximas páginas da publicação; 
 
• Discutir os eventos científicos já ocorridos; 
 
• Indicar os próximos tidos como mais relevantes. contém análises ou apreciações de temas afeitos à 
área, atuais, contraditórios, em discussão, e/ou que ferem interesses envolvidos, explícitos ou não; 
apresenta, assim, a linha ideológica de quem é o editor-chefe. 
 
4 – Apropriações em Educação Física/Ciências do Esporte 
 
Em nosso meio, pelo menos na Revista Brasileira de Ciências do Esporte, o único periódico da área com 
periodicidade ininterrupta até o presente, há trinta anos exibe em seu texto as polêmicas que envolvem a 
Educação Física, tais como o fato de ser ou não uma área de conhecimento, ou as novas nomenclaturas 
adotadas, e busca fortalecer algo como a utilização da abordagem qualitativa, incentivando trabalhos nesta 
vertente. Pode haver, também, o apelo aos estudiosos da área para enviarem para publicação temas que 
estejam trabalhando no momento, incentivando sua produção escrita. 
 
5 – Situação explorada 
 
GONÇALVES, A. Que ciência é essa? Memória e tendências. Revista Brasileira Ciências do Esporte, 
Florianópolis, v. 15, n. 1, p. 3, set. 1993. 
 
No caso da situação explorada, foi indicado que o próximo evento científico promovido pelo CBCE, o 
VIII Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, estava por acontecer. Assim, no texto, apresentaram-se 
alguns caminhos percorridos para que tudo ocorresse com êxito: a definição do tema central, com a 
preocupação em “explorar o perfil” assumido até então pela área, a finalização da primeira fase de 
trabalho, com grande extensão de textos enviados para apreciação, a categorização dos estudos aprovados 
em diferentes temas e os critérios que a comissão científica adotou para examiná-los. Encerra-se com o 
agradecimento da autor àqueles que contribuíram para sua realização. 
 
Quadro 12 - Caracterização da modalidade metodológica EDITORIAL, a partir dos segmentos técnicos 
adotados no interior da GSCEAF. 
Modalidades metodológicas em pesquisa científica, a partir de recortes da experiência de saúde coletiva, epidemiologia e atividade física ... 425 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
 
1 – Fundamentação 
 
São correspondências encaminhadas ao editor de periódico com o objetivo de iniciar discussão sobre 
determinado artigo publicado recentemente por este meio de comunicação. De modo geral, é aquilo que é escrito 
ao editor, por um ou dois leitores, ou alguma sociedade científica, em busca de expor suas opiniões. Podem 
incluir o relato de pesquisa inédita ou a apresentação de estudos significativos para a área. 
 
2 – Procedimentos/características operacionais: 
 
• Encontrar certo artigo, de determinado meio de divulgação, que resulte em reflexão do leitor sobre 
o tema desenvolvido; 
• Relatar e divulgar os pensamentos provenientes da leitura científica, encaminhando-os ao editor-
chefe responsável; 
• Apresentar os possíveis atos errôneos do texto lido, e, com o intuito de esclarecê-lo, revelar o 
modo correto, como também destacar as novas contribuições propostas. 
Os autores do artigo lido, de modo geral, têm direito de responder as indagações e pensamentos expostos por seu 
leitor, passando a matéria a conter segmentos complementares de réplicas e eventualmente, até tréplicas. 
3 – Aplicações correntes: 
 
• Debater determinado conteúdo publicado, de modo que fique registrado por escrito, a fim de que 
as apreciações resultantes desta discussão possam auxiliar no entendimento do problema estudado; 
• Continuar a gerar conhecimentos a respeito do tema; 
• Sugerir a utilização de novas abordagens e provocar ideias já apresentadas. 
 
4 – Apropriações em Educação Física/Ciências do Esporte 
 
Modalidade ainda relativamente pouco frequente na área, encerra a possibilidade de colaboradores mais jovens 
contribuírem, na medida em que mostra como podem ser tratadas questões controversas,imprecisas ou 
inovadoras, realçando acertos e apontando carências em textos apresentados que precisem ser apurados ou 
destacando elementos cujo significado se sente que deva ser enfatizado. 
 
5 – Situação Explorada 
 
GONÇALVES, A. O efeito da respiração do nado "crawl" na coluna vertebral. Revista Brasileira Ciências do 
Esporte, Florianópolis, v. 14, n. 3, p. 154, 1993. 
 
A comunicação considerada, após uma apreciação genérica inicial, em que destaca a importância de relatar as 
eventuais falhas que as produções científicas publicadas em periódicos conceituados venham a apresentar, 
concentra-se no detalhamento de impropriedades de várias ordens, sejam redacionais ou conceituais. Neste 
contexto encontram-se referências que transitam no sentido de pontuar e esclarecer aspectos como local errôneo 
do artigo no periódico, absurdos gramaticais (como erros de concordância), composições de frases obscuras, sem 
clareza, e palavras com grafia ou sentido não pertinentes. Registra-se, ainda, o não cumprimento das normas para 
confecção de tabelas ou listagens (contando com exemplo do autor da carta para maiores esclarecimentos) 
presentes no texto original e a ausência de testes inferenciais para que as afirmações citadas possam ser julgadas 
em caráter científico. 
 
6 – Observações e comentários 
 
Habitualmente os autores são profissionais experientes e dispostos a sustentar, se necessário, a defesa dos 
aspectos que mencionam, pois suas informações podem ter reações acaloradas e discordantes do exposto pelo 
artigo analisado. 
 
Quadro 13 - Caracterização da modalidade metodológica CARTA AO EDITOR, a partir dos segmentos 
técnicos adotados no interior da GSCEAF. 
426 Léo e Gonçalves 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
 
1 – Fundamentação 
 
Também conhecida como contracapa, trata-se da síntese da obra, relatada na última capa, de maneira a 
apresentar o conteúdo discutido em seu interior em poucas linhas, porém de modo a seduzir o leitor a 
conhecer o fascículo por completo. 
 
2 – Procedimentos/características operacionais: 
 
• Ao finalizar o conteúdo do livro a ser publicado, o(s) autor(es) pode(m) convidar outro 
pesquisador a redigir a contracapa, ou, ficar a encargo próprio ou da equipe de editoria o 
pequeno relato das principais abordagens e tópicos abordados na obra. 
 
3 – Aplicações correntes: 
 
• Apresentar visão geral dos conteúdos tratados, convidando os profissionais a se aprofundarem 
nos temas trazidos por este volume, principalmente por meio das propostas aí descritas. 
 
4 – Apropriações em Educação Física/Ciências do Esporte 
 
Identificar as novas abordagens específicas da área trazidas em seu interior, quais sejam recentes 
métodos de ensino, programas de treinamento, diferentes parcerias autorais na busca de responder sobre 
a identidade da área, por exemplo; exposição de associações positivas realizadas, tais como 
determinado tipo de treinamento e a nutrição, ou mesmo, orientações sobre teorias e instrumentos 
práticos aplicados na pesquisa em Educação Física/Ciências do Esporte (EF/CE). 
 
5 – Situação explorada 
 
GONÇALVES, A. A Educação Física e o discurso midiático: abordagem crítico-emancipatória. Ijuí: 
Unijuí, 2002. (4ª capa). 
 
Nesta publicação, a novidade trazida, relatada na 4ª Capa, refere-se ao discurso midiático na Educação 
Física. Esta, de fato, busca recuperar ou avançar, em poucas linhas, as características cardiais da obra, 
no sentido de apontar as novidades reunidas em seu interior, assim como as peculiaridades presentes. 
 
Quadro 14 - Caracterização da modalidade metodológica 4ª CAPA, a partir dos segmentos técnicos adotados no 
interior da GSCEAF. 
Modalidades metodológicas em pesquisa científica, a partir de recortes da experiência de saúde coletiva, epidemiologia e atividade física ... 427 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
 
1 – Fundamentação 
 
Ante à necessidade de reproduzir o mais fielmente possível as cifras assumidas por determinada variável numa 
série de observações e à impossibilidade de reproduzir todas as quantidades obtidas, tem-se adotado o recurso 
em questão, pela apresentação tanto de respectivos valores absolutos quanto relativos (geralmente em base 
percentual), estes permitindo, inclusive, comparações simples, de ordem descritiva (LEVIN; FOX, 2004). 
 
2 – Procedimentos/características operacionais: 
 
• Somar os valores encontrados para cada variável, chegando à frequência absoluta de cada uma delas; 
 
• Multiplicar por 100 a fração que representa o número de frequência observado na categoria estudada 
pelo total da população, com o que se têm os valores percentuais. Esta última consiste na frequência 
relativa. 
 
3 – Aplicações correntes 
 
• Reproduzir os valores encontrados de maneira sintética e organizada; 
 
• Auxiliar na apresentação descritiva dos dados coletados, presente, de modo geral, nas primeiras tabelas 
de um trabalho, pois caracteriza a variável analisada em relação às demais; 
 
• Pode ser apresentada na forma de gráficos; 
 
• As frequências relativas serão fundamentais caso os cálculos de análise de dados não se encerrem nesta 
fase, apesar de serem os mais simples, envolvendo somente o princípio da contagem aritmética. 
 
4 – Apropriações em Educação Física/Ciências do Esporte 
 
Apresentar visão descritiva geral do objeto estudado, como, por exemplo, a quantidade e respectivos percentuais, 
de mulheres e homens que praticam alguma atividade física em determinado programa com esta finalidade. A 
distribuição de frequência é, entre as MMs quantitativas, a mais simples, podendo ser calculada pelos próprios 
pesquisadores, mesmo os de graduação. Igualmente, é a base para os cálculos que possam vir a ser realizados 
descritiva ou inferencialmente. 
 
5 – Situação Explorada 
 
GHIROTTO, F. M. S.; PADOVANI, C. R.; GONÇALVES, A. Lesões desportivas: estudo junto aos atletas do 
XII campeonato mundial masculino de voleibol. Arquivo Brasileiro de Medicina, São Paulo, v. 68, n. 5, p. 
307-312, 1994. 
 
Tomando as lesões desportivas como tema central, este trabalho contribuiu realizando um corte para a 
modalidade voleibol. Foram, então, investigados quase 150 atletas que participaram do XII Campeonato Mundial 
Masculino. Aplicou-se o Inquérito de Morbidade Referida específico em conjunto com outras questões, 
apurando-se também: 1) fundamento da modalidade; 2) interrupção da prática; 3) periodicidade; 4) cronicidade; 
e 5) adequação das regras. O processamento dos dados foi executado com o auxílio de um programa 
computacional. Os resultados apontaram que as maiores distribuições de frequência para ocorrência de lesões 
estavam presentes, principalmente, nos movimentos de bloqueio e cortada. 
 
Quadro 15 - Caracterização da modalidade metodológica DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA, a partir dos 
segmentos técnicos adotados no interior da GSCEAF. 
 
 
428 Léo e Gonçalves 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
 
1 – Fundamentação 
 
A fim de resumir os dados de uma variável de maneira mais sintética que a distribuição de frequência, alguns 
parâmetros podem representar a série numérica por meio das medidas de posição central. Dentre estas, as mais 
utilizadas são média, moda e mediana. A primeira, de conceito mais conhecido e mais utilizada, representa o ponto 
onde estão concentradas as distribuições encontradas. A segunda é a cifra cuja observação foi a de maior frequência; e 
a terceira indica o ponto central da distribuição, dividindo-a em duas partes simétricas. Para que as informações 
obtidas demonstrem a variabilidade existente entre os dados encontrados, verifica-se qual a sua concentração em torno 
do centro da distribuição, ou seja, busca-se averiguar quanto cada uma das medidas se distancia da média do grupo. 
São mais comumente usados o desvio padrão e a variância (BUSSAB; MORETTIN, 1987). 
 
2 – Procedimentos/características operacionais• MÉDIA: soma de todos os valores encontrados, referentes à variável estudada, dividida pelo total de 
suas observações; 
• MODA: a medida que ocorreu com maior frequência; 
• MEDIANA: quando todos os valores estão ordenados, aquele que ocupa a posição central desta 
classificação; 
• DESVIO PADRÃO: raiz quadrada (Xi – média) ²/ N, em�positiva da VARIÂNCIA, calculada pela 
fórmula: VAR = que se calcula a diferença de cada medida efetuada pela média do conjunto de dados; 
eleva-se este valor ao quadrado e em seguida somam-se todas estas quantias; por último, divide-se o total 
encontrado pelo total das observações realizadas. 
 
3 – Aplicações correntes: 
 
• Sintetizar e organizar os valores encontrados das variáveis estudadas, possibilitando, assim, que seja 
exibido como estes se posicionam em relação a uma das medidas de centralidade e quanto estão 
dispersos desta, através de uma das medidas de dispersão. 
• Tornam-se, assim, úteis na exposição dos dados quantitativos, visto que apresentam os resultados 
encontrados na investigação de maneira resumida, porém clara e de entendimento universal. 
 
4 – Apropriações em Educação Física/Ciências do Esporte 
 
Apresentar descritivamente as informações estudadas, permitindo uma visão geral do comportamento das variáveis e 
comparações entre elas. São extremamente úteis na apresentação de dados obtidos em pré- e pós-teste em grupo único 
e na comparação de variáveis de dois ou mais grupos. Pode-se exemplificar uma aplicação quando se apresenta a 
média de peso de dado grupo - e seu respectivo desvio padrão - antes e após determinado treinamento físico. Examina-
se, então, se a coletividade analisada perdeu ou não peso após a intervenção. 
 
5 – Situação explorada 
 
BORIN, J. P.; GONÇALVES, A.; PADOVANI, C. R.; ARAGON, F. F. Variabilidade da intensidade de esforço nas 
três posições do basquetebol: ensaio quantitativo em nosso meio. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, São 
Paulo, v. 20, n. 2-3, p. 119-125, abril, 1999. 
 
Com o objetivo de verificar a variabilidade das respostas cardíacas de jovens atletas, observou-se a realização de 
movimentos fundamentais do basquetebol em cinco partidas do turno da fase de classificação do campeonato paulista 
masculino. Analisou-se, então, a categoria infanto-juvenil de um time da cidade de Araraquara, composta por 
jogadores de 15 anos de idade. Para registro dos batimentos do coração utilizou-se um frequencímetro, e a câmera 
filmadora gravou as atitudes dos jogadores quando estes detinham a posse de bola em quadra. As informações obtidas 
apresentaram-se de modo descritivo por meio de medidas de centralidade e dispersão, sob as formas tabular e gráfica. 
Os principais resultados apontaram grande variabilidade entre as posições, bem como estímulos de baixa e alta 
intensidade, fatos relevantes na elaboração e controle de novos programas de treinamento para tal modalidade. 
 
Quadro 16 - Caracterização da modalidade metodológica MEDIDA DE CENTRALIDADE E DISPERSÃO, a 
partir dos segmentos técnicos adotados no interior da GSCEAF. 
Modalidades metodológicas em pesquisa científica, a partir de recortes da experiência de saúde coletiva, epidemiologia e atividade física ... 429 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
 
1 – Fundamentação 
 
De maneira geral, apresenta-se como medidas que buscam, junto com certos determinantes (social, econômico, ambiental, 
biológico...), descrever o estado de saúde de uma população específica. São expressos na forma de proporções (quociente 
entre duas frequências da mesma unidade) ou de coeficientes (relação entre dois números, os quais irão apresentar a 
velocidade ou intensidade com que determinado fenômeno se altera). Os indicadores são classificados em global ou 
específico. O segundo pode ainda ser subdividido por sexo, idade, causa ou qualquer outra variável de interesse. Dentre os 
indicadores globais, os mais usuais são a Razão de Mortalidade Proporcional, o Coeficiente Geral de Mortalidade e a 
Esperança de Vida ao Nascer. Já os específicos são o Coeficiente de Mortalidade Infantil e o Coeficiente de Mortalidade por 
Doenças Transmissíveis (GONÇALVES; GONÇALVES, 1988). 
2 – Procedimentos/características operacionais: 
 
• Para se construir um indicador de saúde é necessário que os dados estejam disponíveis, que a sua utilização seja 
simples e de fácil entendimento, que exista uniformidade, que ele seja passível de comparações entre diferentes 
regiões nacionais e internacionais e que englobe o maior número possível de contingentes que influenciam no 
estado de saúde da coletividade; 
• Todo indivíduo pertencente à área estudada contribui com a análise realizada; entretanto, devido ao dinamismo aí 
existente, o que se sugere é que seja feita a estimativa referente a este grupo no meio do ano, assumindo, assim, que 
os nascimentos, mortes ou migrações ocorram de modo homogêneo no decorrer do ano, compensando os dois semestres 
(VERMELHO; COSTA; KALE, 2004). 
 
3 – Aplicações correntes: 
 
• Fornecer os dados necessários para realização de avaliação da saúde de grupos de pessoas, com foco na visão 
sanitária, para planejamento eficaz nesta área de atuação; 
• Através do acompanhamento das modificações ocorridas nos padrões encontrados, fazer a comparação com 
distintas populações em uma mesma época, ou desta mesma coletividade, em períodos de tempo diferentes; 
• Identificar causas de doenças para assim poder preveni-las; 
• Precisar métodos de controle de doenças usuais; 
• Relatar e classificar historicamente as enfermidades; 
• Promover a higidez dos indivíduos, levando-lhes conhecimento e informação. 
 
4 – Apropriações em Educação Física/Ciências do Esporte 
 
Quantificar e descrever as causas de agravos que podem ser combatidas pela ação do profissional de Educação Física; 
incorporar aos indicadores de saúde já existentes elementos que permitam elaborar metodologias de trabalho mais eficazes e 
também capazes de abranger peculiaridades existentes nas coletividades. 
5 – Situação explorada 
 
CONTE, M.; MATIELLO JÚNIOR, E.; CHALITA, L. V. A. S.; GONÇALVES, A.; TÓFFOLI, J. R. Buscando entender as 
lesões desportivas entre universitários de educação física: estudo a partir de grupo de Sorocaba/SP. In: CONGRESSO 
BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA, 6, 2000, Salvador. Resumos... Salvador: [s.n.], 28 de agosto a 1º setembro, 2000. 
 
Ressaltando o fato de que as lesões desportivas são um problema também de saúde pública, e não só das Ciências do Esporte, 
este trabalho buscou analisar os aspectos envolvidos na incidência de lesões desportivas (LD) entre alunos de Licenciatura 
Plena em Educação Física. Para tanto, identificou como grupo de análise 307 alunos de Faculdade de Educação Física de 
Sorocaba. “Os dados de interesse foram coletados através de inquérito de morbidade específica referida”. Os principais 
resultados revelaram que: i) houve incidência de quarenta e cinco lesões (quase 15%) no período considerado; ii) não existe 
associação de sexo, IMC, período e modalidade com essas lesões; iii) detectou-se associação das LDs com o semestre de 
curso e também com a região corporal afetada; iv) a chance de ter LD no primeiro semestre é 3,05 vezes maior do que no 
terceiro; v) a região acometida pela lesão não está associada com a modalidade. Um dos resultados mais interessantes foi o 
fato de não ter existido associação de sexo e IMC com as LDs, uma vez que estudos têm demonstrado que mulheres e 
pessoas com sobrepeso ou obesas são particularmente vulneráveis. Demonstra-se assim a utilização de indicadores de saúde 
no âmbito das Ciências do Esporte em questões como a das lesões, uma de muitas controvérsias presente no dia-a-dia dos 
profissionais da área de Educação Física/Ciências do Esporte. 
Quadro 17 - Caracterização da modalidade metodológica INDICADOR DE SAÚDE, a partir dos segmentos 
técnicos adotados no interior da GSCEAF. 
 
 
430 Léo e Gonçalves 
R. da Educação Física/UEMMaringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
1 – Fundamentação 
 
Prova de significação estatística aplicada caso se obedeça aos pré-requisitos específicos, quais sejam: i) a variável dependente deve 
consistir de tipificação quantitativa contínua; ii) a população da qual a amostra é procedente precisa seguir distribuição normal; iii) 
existência de homoscedasticidade* entre os grupos estudados; iv) a amostra analisada necessita ter, no mínimo, trinta observações. 
(BISQUERRA; SARRIERA; MARTÍNEZ, 2004). Quando a análise estatística é desenvolvida a uma variável isolada, os 
procedimentos a serem seguidos são os univariados; quando é aplicada simultaneamente em conjunto de variáveis, segue-se o teste 
multivariado (PADOVANI, 2001). 
2 – Procedimentos/características operacionais 
 
• Avaliar a hipótese de normalidade, em geral por meio da prova de Kolmogorov-Smirnov**, para o cumprimento 
dos fatores exigidos no emprego dos testes paramétricos; 
• Verificar se as dispersões das observações são equivalentes ou não (homoscedasticidade*), por meio de diferentes 
testes disponíveis. 
• A depender da quantidade de amostras e da dependência ou não entre elas, passa-se ao cálculo referente à inferência 
adotada. 
3 – Aplicações correntes: 
 
• Conferir com os dados provenientes da amostra, auxiliando na resposta do problema inicialmente posto, e julgando 
a hipótese do problema, com a finalidade de verificar se esta deve ser aceita ou rejeitada, dentro de margem de erro 
considerada aceitável; 
• Analisar uma amostra e considerar se o evento estudado pode ser generalizado para a população. 
4 – Apropriações em Educação Física/Ciências do Esporte 
 
Em EF/CE os testes são utilizados para: i) averiguar a eficácia de determinado tipo de treinamento de um grupo, com vistas a concluir 
se a intervenção foi a causa das modificações ocorridas após sua aplicação ou não; ii) consultar a existência de respostas de diferentes 
estímulos em amostras distintas (qual dos programas de treino foi o que obteve melhores resultados, por exemplo); e iii) apurar 
possíveis associações entre duas ou mais características estabelecidas (como idade, por exemplo) e o gênero; e da condição 
socioeconômica com o fato de o sujeito ser ativo e possuir ou não doenças coronarianas. 
5 – Situação explorada 
 
TESTE PARAMÉTRICO UNIVARIADO: 
MONTEIRO, H. L.; OPROMOLLA, D. V.; PADOVANI, C. R.; GONÇALVES, N. N. S.; MONTEIRO, M. L. T. M. Saúde 
Coletiva/Atividade Física e o padrão epidemiológico de transição: hanseníase como modelo. Interciência, Caracas, v. 20, n. 2, p. 94-
100, 1995. 
 
Com a finalidade de melhor caracterizar a relação Saúde Coletiva e Atividade Física a partir de realidades socioeconômicas diferentes 
e de construir um referencial teórico-metodológico, tomou-se como modelo a hanseníase. Para tanto, recorreu-se ao Serviço de 
Arquivo Médico e Estatístico (SAME) do Instituto “Lauro de Souza Lima”, Bauru, SP. Realizou-se a sistematização das informações 
contidas em relatório etiológico anual das internações referentes ao período de 1987 a 1992, onde se encontram os registros de todos 
os diagnósticos formulados no hospital durante o ano. Os dados foram ordenados segundo a Classificação Internacional de Doenças 
(CID), permitindo, assim, a formulação de distribuições nos âmbitos descritivo e analítico. As primeiras expressaram estratificações 
intra e intergrupos da casuística em questão, a partir das variáveis adotadas; já para a segunda, buscou-se caracterizar influências 
recíprocas entre elas. Para análise dos dados utilizou-se teste paramétrico para populações binomiais. Aparentemente, os resultados 
apontam possível diminuição dos agravos ao longo da série histórica, porém isto não nos permite concluir ter havido melhora das 
condições de saúde da população, mas que essa diminuição deveu-se a alterações nas políticas na área ocorridas no período em 
questão. 
 
TESTE PARAMÉTRICO MULTIVARIADO: 
GONÇALVES, N. N. S.; CORRÊA, A. M. S.; PADOVANI, C. R.; CHALITA, L. V. A. S.; GONÇALVES, A.; LEITE, G. P. R. L. 
Evolução e determinantes de incremento de peso (por altura e idade) em crianças de dois a 72 meses em Sorocaba, São Paulo: 
evidências a partir de estudo quase-experimental seriado. Revista Brasileira Materno Infantil, Recife, v. 1, n. 12, p. 177- 179, 2001. 
 
Para avaliar a política pública setorial de suplementação alimentar na infância, durante um ano, a cada trimestre acompanharam-se 
indicadores de crescimento e desenvolvimento da população periférica de dois a 72 meses de idade, em duas regiões distintas da 
cidade de Sorocaba/SP. Os dados das crianças que frequentavam creches (total de 164) puderam ser comparados aos das demais 
(totalizando 280), por meio de testes univariados e multivariados. Como uma das conclusões, pode-se afirmar que a assistência aos 
pré-escolares é imperativo de ordem social. 
* O teste de homoscedasticidade apurará se as diferenças entre as variâncias das variáveis estudadas são significativas ou não. 
** O teste de Kolmogorov-Smirnov testa a aderência da variável investigada à curva normal. Aplica-se sua fórmula e verificam-se 
seus valores críticos em tabela específica. 
Quadro 18 - Caracterização da modalidade metodológica TESTE PARAMÉTRICO, a partir dos segmentos 
técnicos adotados no interior da GSCEAF. 
Modalidades metodológicas em pesquisa científica, a partir de recortes da experiência de saúde coletiva, epidemiologia e atividade física ... 431 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
1 – Fundamentação 
 
Testes inferenciais podem calcular a probabilidade de um evento ser fruto do acaso ou não. Assim, na ausência 
do cumprimento dos pressupostos exigidos pelas provas paramétricas, os não paramétricos são adotados. Estes 
diferem dos primeiros por não utilizarem os parâmetros de média, moda ou mediana, por não exigirem número 
mínimo de amostras estudadas e por suas variáveis não necessitarem seguir os padrões necessários para a 
aplicação dos outros exames. São dependentes do número de amostras e de estas estarem ou não relacionadas; 
podem ser para uma amostra, duas ou mais (SIEGEL, 1975). 
 
2 – Procedimentos/características operacionais: 
 
• Escolher o teste para aplicação, a depender de quantas são e como estão relacionadas suas amostras; 
 
• Transformar dados numéricos em postos ou sinais, seguidos do emprego das respectivas fórmulas; o 
valor encontrado é, então, comparado com o já calculado, em tabela específica, e o pesquisador decide 
se rejeita ou não a hipótese nula. 
 
3 – Aplicações correntes: 
 
• Alternativa para verificação de hipóteses quando as variáveis estudadas não cumprem os pressupostos 
exigidos pelas avaliações já mencionadas e/ou quando as observações são inferiores a 30 unidades. 
 
4 – Apropriações em Educação Física/Ciências do Esporte 
 
Em EF/CE existem situações em que, após algum tipo de programa oferecido, o estudo se encerra com número 
insuficiente de sujeitos para análises paramétricas. Neste caso, a solução é recorrer à MM em questão. Em outros 
casos, a quantidade mínima não é atingida já no início da investigação, pelo fato de os critérios de inclusão no 
estudo serem de grande especificidade, tratando de particularidades, ou ainda por se lidar com fatos cujas 
incidências são de pequena expressão. 
 
5 – Situação Explorada 
 
SOUSA, M. S. C.; SOUSA, S. J. G.; SANTOS, J. P.; TORRES, M. S.; GONÇALVES, A. O percentual de 
gordura em atletas profissionais de futebol segundo diferentes métodos: ensaio envolvendo condições desportivas 
e de saúde. Revista da Educação Física, Maringá, v.10, n. 1, p. 53-64, 1999. 
 
Ao investigar o percentual de gordura e suas implicações na saúde e treinamento físico, o trabalho em questão 
explorou três diferentes protocolos utilizados para obtenção das medidas de dobras cutâneas e de circunferências 
corpóreas, quais sejam, Guedes (1989), Faulkner (1968) e Dotson e Davis (1991). Assim as variáveis estudadas 
foram:peso total, idade, estatura, dobras cutâneas, circunferências, percentual de gordura, peso ideal, massa 
magra e peso de gordura armazenada, em 23 atletas profissionais. As inferências estatísticas realizadas foram 
testes não paramétricos, tendo como principal resultando a forte correlação entre os métodos de Guedes e 
Faulkner. Entre as conclusões apresentadas, destaca-se que a opção pode ser feita por qualquer um destes 
procedimentos, desde que aplicados em situações similares e de maneira adequada. 
 
Quadro 19 - Caracterização da modalidade metodológica TESTE NÃO PARAMÉTRICO, a partir dos 
segmentos técnicos adotados no interior da GSCEAF. 
DISCUTINDO APLICAÇÕES 
Com vista a contribuir mais precisamente 
para a utilização direta em situações práticas de 
pesquisa, neste segmento são tomadas 
publicações do grupo para revisão com algum 
nível de detalhamento, para que identidades e 
características das modalidades metodológicas 
possam ser melhor percebidas. 
Como primeira delas tem-se o Relato de 
experiência, presente em investigações como as 
de Oliveira et al. (1990), Gonçalves, Parizotto e 
432 Léo e Gonçalves 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
Gonçalves (1997), Gonçalves e Gonçalves 
(2000). Nestas é possível situar o 
desenvolvimento do trabalho realizado por 
pesquisadores no âmbito da hanseníase, em que 
a modalidade se destaca. O primeiro texto faz a 
apresentação e, em seguida, discute os 
instrumentos de registro de dados recomendados 
pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 
porém não se esquece da realidade brasileira, ao 
identificar os meios utilizados no país. Além 
disso, divulga para os cientistas avanços 
originais, que consistem nas potencialidades e 
adequações necessárias para a formulação de 
questionário nacional, cuja missão é descobrir e 
documentar lesões resultantes deste agravo. O 
segundo relata a inclusão de novo tipo de 
tratamento na cicatrização das úlceras que a 
hanseníase provoca, localizadas em membros 
inferiores, concluindo que, na maioria dos casos, 
a reconstituição tecidual foi obtida com sucesso. 
Nesse caso, a MM adotada permite que os 
autores ofereçam proposta inédita de 
intervenção, através da laserterapia, a qual 
obteve resultados satisfatórios em suas 
aplicações. Por último, o terceiro sugeriu, para o 
grupo populacional estudado, a inserção do 
profissional de Educação Física e, 
consequentemente, do exercício físico, em 
serviços locais de saúde (SILOS). Pode-se 
observar o mapeamento já realizado, e por meio 
da análise destes dados, a possibilidade da 
prática da atividade física para a coletividade 
analisada. 
Relatos e avaliações sobre a experiência 
brasileira em investigações que englobam a 
hanseníase podem ser conferidos em Virmond, 
Duerksen e Gonçalves (1989). Neste, é descrito 
um projeto que possuía, até então, quinze anos, 
seguindo modelo de Centro de Referência. 
Ressalta-se, ainda, a necessidade de avaliação 
epidemiológica dos procedimentos utilizados. 
Nota-se, assim, que esta MM permite que 
sejam divulgados os avanços ocorridos na área, 
fundamenta-os e alia prática com teoria. Há, 
também, o destaque para as propostas atuais de 
intervenção. Tais características auxiliam no 
conhecimento e na formulação dos saberes sobre 
o objeto estudado. 
As informações resultantes da vivência em 
atividades oferecidas pela Extensão 
Universitária da FEF/Unicamp, em projeto 
denominado “Projeto Aprender a Nadar”, suas 
ações em grupos temáticos, a editoração de livro 
de produção coletiva, assim como o trabalho 
pedagógico realizado com as pessoas da 
Terceira Idade que o frequentam, podem ser 
melhor explicitadas em Vilarta et al. (2002a), 
Vilarta et al. (2002b) e em Clemente et al. 
(2002), respectivamente. 
Estes são alguns exemplos de utilização da 
MM tratada concernentes à área de EF/CE, os 
quais contribuem na apreensão de novas 
vertentes seguidas, anunciando e avaliando 
projetos recentemente implantados e as 
populações envolvidas. 
Conceitos básicos de saúde e doença são 
apresentados, primeiramente para auxiliar os 
discentes de Educação Física matriculados na 
disciplina Higiene Geral e dos Desportos, sob 
forma de texto de revisão, em Gonçalves e 
Gonçalves (1988). Tal modalidade é utilizada 
também por Ghirotto e Gonçalves (1992), ao 
realizarem a caracterização da epidemiologia até 
então e identificação das principais formas de 
observação e metodologias que esta oferece a 
outras esferas de conhecimento. As 
explicitações das principais concepções de 
saúde e atividade física, assim como de 
atividade física, exercício e aptidão física, são 
relatadas em Gonçalves et al. (1994) e Monteiro 
e Gonçalves (1994), respectivamente, sob a 
mesma MM, texto de revisão. Nota-se no campo 
controverso das lesões desportivas a mesma 
utilidade: a retomada de alguns conteúdos 
essenciais deste tema em Gonçalves et al. (1995) 
e da especificidade de um esporte, no caso, o 
voleibol, em Ghirotto e Gonçalves (1997). Esta 
MM, ao recuperar conceitos já apresentados por 
outros autores, fundamenta o cientista iniciante 
no assunto, atualiza os demais e torna-se 
interessante proposta de capacitação de 
estudantes. 
Através da modalidade Resenha, Monteiro 
e Gonçalves (2003) apresentaram à comunidade 
acadêmica reflexões sobre um tema tão 
discutível em nosso meio, a qualidade de vida 
(QV). Mais que simples fichamento, 
construíram a síntese de livro, ao mesmo tempo 
em que teceram reconhecimentos ou 
discordaram de alguns conceitos tratados. 
Lançam, assim, importante discussão acerca do 
estilo de vida da pessoa e sua QV, ao advertirem 
Modalidades metodológicas em pesquisa científica, a partir de recortes da experiência de saúde coletiva, epidemiologia e atividade física ... 433 
R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 3, p. 411-441, 3. trim. 2010 
que nossos comportamentos e hábitos não são 
escolhas exclusivas por si sós, mas são 
determinados por questões socioeconômicas e 
culturais. A MM empregada nesta comunicação 
permitiu, em poucas linhas, que os leitores 
tomassem conhecimento, dentre tantos trabalhos 
disponíveis sobre o assunto, do conteúdo da 
obra e de quão contraditório é o tema em 
questão. Tornou possível, também, discutir 
elementos que circundam a QV, como, por 
exemplo, o caso de culpabilização da vítima, 
resultando em debates frutíferos para o avanço 
da área. 
Outro exemplo de resenha produzida pode 
ser encontrado em Gonçalves (2003), acerca da 
mesma e polissêmica QV. Neste caso, é 
destacada a contribuição que o volume 
resenhado acrescenta aos pesquisadores do 
tema, por meio de ponderações sobre o relato da 
implementação de políticas públicas, mais 
especificamente, o Observatório de Qualidade 
de Vida de Santo André/SP. Trata-se da 
iniciativa de três setores (o municipal, a 
instituição de pesquisa e órgãos de fomento, em 
particular a Fundação de Amparo à Pesquisa do 
Estado de São Paulo), os quais uniram esforços 
para modificar a QV da cidade. Esta produção 
ilustra a importância da modalidade em questão, 
que contribui, a partir da descrição de 
determinada obra, para o acesso às informações 
originais. 
A Análise de conteúdo foi a MM utilizada 
como exemplo por Mantellini e Gonçalves 
(2005), para tratamento científico de textos 
acadêmicos e documentos de órgãos nacionais e 
internacionais, com foco nas incapacidades 
físicas em hanseníase (IFH). Como ferramenta 
facilitadora para tal, utilizaram os referidos 
autores o software Reference Manager® 11, que 
sistematiza as produções consultadas e auxilia 
na organização e controle de referências e 
respectivas citações. Através deste processo o 
trabalho mencionado foi desenvolvido, 
possibilitando, entre outros resultados, que se 
apresentassem as relações da atividade física, 
adaptação e saúde com as IFHs em determinado 
período de tempo. Confirmou-se, assim, o 
indicado por Bardin (2004), principal referência 
perante a MM em questão, ao ressaltar a 
utilização

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