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FUNDAMENTOS DA PSICOPEDAGOGIA versão 2019

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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Psicopedagogia e Neurociências 
Psicopedagogia Institucional 
 
 
 
 
 
 
 
FUNDAMENTOS DA PSICOPEDAGOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Me. Erica Fernanda Ursulino Lemos 
Prof. Me. Edna Barberato Genghini 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEMOS, Érica Fernanda Ursulino 
GENGHINI, Edna Barberato 
GHINI EDNA BARBERATO GENGHI EEDNA BARBATO 
GENGHINDNA BARBERATO EDNA BARBERATO GENGHINI 
I 
Fundamentos da Psicopedagogia (livro-texto) / Érica 
Fernanda Ursulino Lemos; Edna Barberato Genghini. – São 
Paulo: Pós-graduação Lato Sensu UNIP, 2019. 
163 p.: il. 
 
 
 1. Psicopedagogia. 2. Neurociências. 3. Psicologia 
Educacional. I. Lemos, Érica Fernanda Ursulino. Genghini, Edna 
Barberato. II. Pós-Graduação Lato Sensu UNIP. III. 
Fundamentos da Psicopedagogia. 
 
3 
FUNDAMENTOS DA PSICOPEDAGOGIA 
 
Professor Conteudista 
 ERICA FERNANDA URSULINO LEMOS é natural do Estado de São Paulo. Cursou 
Magistério (1997). Graduou-se em Pedagogia, com habilitação em Orientação Educacional 
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2002). Pós-Graduação Lato Sensu em 
Neurociências, Transtornos de Aprendizagem e Educação Especial, Psicanálise e Docência 
de 3º grau pela Faculdade Escola Paulista de Direito (2012). Pós-Graduação Lato Sensu em 
Formação em EAD- Educação a Distância pela Universidade Paulista (2014). É Mestre em 
Psicologia Educacional formada pelo Centro Universitário UNIFIEO (2018). Atuou como 
professora dos segmentos da Educação Infantil e Ensino Fundamental I de 2004 a 2013. 
Exerceu a liderança da equipe de tutores dos cursos de Sociologia e Artes Visuais na EAD na 
Universidade Paulista – UNIP de 2012 a 2016. Possui experiência como professora 
universitária nas disciplinas dos cursos de graduação em Pedagogia, pós-graduação em 
Psicopedagogia, Deficiência Intelectual e AEE - Atendimento Educacional Especializado. 
Atualmente realiza formações, cursos e palestras na área de Educação Inclusiva e Legislação. 
Trabalha na Secretaria de Educação do Município de Osasco como Assistente Técnico 
Pedagógico. É docente do Centro Universitário UNIFIEO. 
 
Professora Colaboradora/coordenadora: 
EDNA BARBERATO GENGHINI, Professora Universitária desde 2002. Atualmente 
no exercício da função de Coordenadora para todo o Brasil de três cursos ao nível de Pós 
Graduação Lato Sensu: em PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL, DOCÊNCIA PARA O 
ENSINO SUPERIOR e em FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, pela UNIP - 
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP/EaD, onde também atua como Professora Adjunta, nas 
modalidades SEI e SEPI. É Diretora e Psicopedagoga da MENTOR ORIENTAÇÃO 
PSICOPEDAGÓGICA LTDA. ME desde 1991. Possui graduação em Economia Doméstica - 
Faculdades Integradas Teresa D'Ávila de Santo André (1980), graduação em Pedagogia pela 
Universidade Guarulhos (1985), Pós-graduação em Psicopedagogia pela Universidade São 
Judas (1987), Mestrado em Ciências Humanas pela Universidade Guarulhos (2002) e pós-
graduação Lato Sensu em Formação em Educação a Distância pela UNIP - Universidade 
Paulista (2011). É autora e coautora de livros Textos para os cursos de Pós Graduação Lato 
Sensu em Psicopedagogia Institucional, Docência para o Ensino Superior e Formação em 
Educação a Distância da UNIP - EaD. Áreas de Interesse: Neurociências - Educação Inclusiva 
- Psicopedagogia Clínica e Institucional - Formação e Gestão em Educação a Distância - 
Formação de Docentes para o Ensino Superior. 
 
 
4 
SUMÁRIO 
 
Apresentação 06 
Introdução 08 
 
Unidade I 
INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA: história, conceito e atuação profissional 10 
1.1. Apresentação da Psicopedagogia e seu objeto de estudo: os processos de 
ensino e de aprendizagem 11 
1.1.1 A história da psicopedagogia, conceitos e as diferentes visões sobre o 
“Fazer Psicopedagógico” 11 
1.2. Jorge Visca e a Epistemologia Convergente: a psicopedagogia argentina que 
influenciou o mundo 16 
1.3. O conhecimento psicopedagógico no Brasil e a atuação da Associação Brasileira 
de Psicopedagogia - ABPp 18 
1.3.1 A Psicopedagogia: suas bases e conceitos 21 
1.4. O objeto de estudo, a causa e a razão da Psicopedagogia 27 
1.5. A práxis psicopedagógica no Brasil, campos de atuação e a APPp 30 
 
Unidade II 
PSICOPEDAGOGIA NA ATUALIDADE: ética, áreas de atuação e desafios 40 
2.1. A psicopedagogia e o psicopedagogo 41 
2.2. Multidisciplinaridade, Interdisciplinaridade, Transdisciplinaridade e as 
Perspectivas Futuras do Trabalho Psicopedagógico 46 
2.3. Campo de Atuação e Mercado de Trabalho 50 
2.4. As diferentes nomenclaturas do trabalho Psicopedagógico 52 
 2.4.1. Psicopedagogia Clínica 52 
 2.4.2. Psicopedagogia Institucional 53 
 2.4.3. Psicopedagogia Hospitalar 54 
 2.4.4. Psicopedagogia Empresarial 57 
2.5. A Psicopedagogia contemporânea e as Novas Tecnologias: Novos Enfoques no 
Trabalho Psicopedagógico 58 
2.6. Ética e Responsabilidade Social no Trabalho Psicopedagógico 62 
 2.6.1 Código de Ética do Psicopedagogo 64 
 
Unidade III 
A PSICOPEDAGOGIA DAS RELAÇÕES: dinâmica dos grupos e as relações 
interpessoais na família, no trabalho e na escola 67 
3.1. As Relações interpessoais na Família, no trabalho e na escola 71 
3.2. Relações Interpessoais no cotidiano e a aprendizagem 75 
3.3. Relações interpessoais no ambiente escolar: formas de intervenção 
psicopedagógica 78 
3.4. A importância do Feedback nas relações interpessoais 79 
 3.4.1. A Técnica do Sanduiche 81 
3.5. Os pilares da relação interpessoal e convivência 83 
 
5 
3.6. Estudos sobre Dinâmica Grupal e Grupos Operativos 85 
3.7. A abordagem centrada na pessoa: duas tendências em ação/educação poder ou 
pessoas 89 
 3.7.1. Vínculo, comunicação e aprendizagem 91 
 3.7.2. A Janela Johari – o estudo da percepção humana 92 
3.8. As principais correntes que influenciam o pensamento pedagógico 95 
 3.8.1. Fundamentações cognitivistas 97 
3.8.1.1. SKINNER:- Condicionamento Operante 98 
3.8.1.2. GAGNÉ: - Condições de Aprendizado 98 
3.8.1.3. PIAGET: - Desenvolvimento das Estruturas Cognitivas 100 
3.8.1.4. VYGOTSKY: - Desenvolvimento do Pensamento através da 
Linguagem 103 
3.8.1.5. AUSUBEL: - Aprendizagem Significativa 105 
3.8.1.6. KÖHLER: - Objetivos Educacionais e Valores da 
 Gestaltpedagogia 107 
3.8.1.7 GARDNER: - Expansão da Inteligência 111 
 3.8.2. Considerações humanistas na educação 113 
3.8.2.1. ROGERS e a Aprendizagem Significante 113 
3.8.2.2 FREUD e a Aprendizagem Centrada no Saber 115 
3.8.2.3 GOLEMAN e a Inteligência Emocional 119 
 3.8.3. Implicações socioconstrutivistas 123 
3.8.3.1. PIAGET e a Interação do Sujeito com o Meio Ambiente Favorecendo a 
Aprendizagem 123 
3.8.3.2 VYGOTSKY e a Troca de Estímulos no Desenvolvimento da 
Linguagem e do Pensamento 125 
3.8.3.3 WALLON: Afetividade e Cognição na Construção da Inteligência 128 
3.8.3.4 FEUERSTEIN e o Programa de Enriquecimento Instrumental 130 
 
Unidade IV 
INTRODUÇÃO ÀS NEUROCIÊNCIAS: contexto histórico e contribuições para 
Educação 136 
4.1. Introdução às Neurociências: contexto histórico 139 
4.2. Neurociências e Educação 140 
4.2.1. Alfabetização em Neurociências 141 
4.2.2. A relação entre cérebro e aprendizagem 143 
4.2.3. Neurociência Cognitiva e Educação 145 
4.2.3.1. Motivação para a aprendizagem 146 
4.2.3.2. Atenção e aprendizagem 147 
4.2.3.3. Plasticidade cerebral, memória e aprendizagem 148 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 152 
 
ANEXO I: CÓDIGO DE ÉTICA DO PSICOPEDAGOGO160 
 
 
6 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
Olá aluno (a), seja bem vindo! 
 
É com muito prazer que lhe apresento o Livro Texto, seu principal material de 
leitura e consulta durante o curso. Nele você encontrará os conteúdos pertinentes à 
disciplina Fundamentos da Psicopedagogia, na qual serão discutidos, 
fundamentalmente, a compreensão do processo de aprendizagem e a busca de 
soluções para a difícil questão do problema de aprendizagem. 
Sabemos que a aprendizagem deve ser olhada como a atividade de indivíduos 
ou grupos humanos, que mediante a incorporação de informações e o 
desenvolvimento de experiências, promovem modificações estáveis na personalidade 
e na dinâmica grupal as quais revertem no manejo instrumental da realidade. 
Para tanto, precisamos analisar e compreender os diferentes conceitos e 
teorias que embasam as práticas educativas e ao processo de aprendizagem dentro 
e fora do ambiente escolar, partindo dos estudos e contribuições das Neurociências e 
Psicologia Educacional, para formação integral do individuo. Ao longo das 3 unidades 
a seguir, o aluno entrará em contato com as questões: 
 Qual o objeto de estudo desta área do conhecimento; 
 Embasamentos teóricos; 
 O campo de atuação do psicopedagogo; 
 Ética profissional; 
 Neurociências e educação multidisciplinar. 
 
Na modalidade de ensino a distância você terá oportunidade de ler o seu livro 
texto, assistir as videoaulas, participar dos chats e fórum de discussão sobre temas 
relacionados à aula e consultar a biblioteca virtual para aprofundar seus 
conhecimentos. 
 
7 
Além disso, é importante para o aluno da UNIP INTERATIVA compreender 
como funcionam os meios de comunicação em EAD, seu planejamento – 
potencialidades e possibilidades e as concepções atuais e procedimentos 
pedagógicos que reorientam a prática profissional do Psicopedagogo. 
Também estudaremos a utilização das Tecnologias da Informação e 
Comunicação – TICs, aplicadas à Educação, visando despertar atitudes de 
aprendizagem mais complexas e significativas. 
 
E então, preparado (a)? Animado (a)? 
 
Embarque e dedique-se nesse novo desafio, mãos à obra! 
Você já é um vencedor! 
 
 
 
 
8 
 
INTRODUÇÃO 
 
Ao optar pelo curso na modalidade de ensino a distância o aluno conta com 
vantagens e oportunidades para aperfeiçoar seus estudos, entre elas, o acesso à 
plataforma digital Blackboard, um ambiente virtual de aprendizagem pensado e criado 
para atender as necessidades do aluno, flexibilidade de horário, local e autonomia 
para criar sua própria rotina de estudos. Dessa forma, você poderá se organizar para 
garantir a leitura do seu material digital chamado de Livro texto, a qualquer momento. 
Deste modo, e por essa razão, você, aluno (a) do curso de pós-graduação da 
UNIP Interativa está aqui e agora estudando esse livro texto: para compreender e 
refletir sobre o sistema educacional e enfatizar a importância da Psicopedagogia na 
alfabetização, certo? 
Vamos trabalhar com os conteúdos baseados na Ementa a seguir, constante 
nos Projetos Pedagógicos dos Cursos Psicopedagogia e Neurociências e 
Psicopedagogia Institucional: 
 
História, conceituação, campos de atuação e áreas de estudo. Fundamentos 
e Objeto da Psicopedagogia. Reflexão crítica e sistemática sobre a práxis 
psicopedagógica e a identidade profissional do Psicopedagogo. A presença 
e a atuação do Psicopedagogo nos diferentes mercados de trabalho. 
Regulamentação da profissão, ética profissional, formas de atuação no 
mercado de trabalho e desafios. Ética na atuação do psicopedagogo. Manual 
de Ética Profissional do Psicopedagogo. Principais referenciais teóricos 
cognitivistas, humanistas e sócios construtivistas. Relações Interpessoais, 
Dinâmica Grupal e os Grupos Operativos. Fundamentos das Neurociências: 
contexto histórico, estudo das bases neurobiológicas das Dificuldades e 
Distúrbios da Aprendizagem. Pensamento. Funções Executivas. Emoção. 
Consciência. A importância Psicologia Educacional e suas contribuições 
práticas em sala de aula. Conhecimento de estudos e investigações 
neurológicas recentes sobre o funcionamento cerebral e aprendizagem com 
aporte teórico de autores da Psicologia cognitiva: Piaget, Vygotsky, Wallon, 
Ausubel. 
 
O material que agora você tem em seu poder está dividido em quatro unidades 
didáticas distintas, porém complementares. Cada uma delas apresenta uma 
particularidade do tema e foi organizada tendo em vista facilitar seu percurso dentro 
da temática. 
Veja como estão organizadas: 
 
 
9 
Unidade 1: Introdução à Psicopedagogia: história, conceito e atuação 
profissional: Histórico da psicopedagogia e as interfaces com as áreas da psicologia, 
pedagogia, fonoaudiologia e neurociências. A Psicopedagogia: definição e seu objeto 
de estudo - os processos de ensino e de aprendizagem; Perfil profissional: campos de 
atuação no mercado de trabalho e desafios deste terceiro milênio. Psicopedagogia e 
a realidade educacional brasileira. 
 
Unidade 2: Psicopedagogia na Atualidade: ética, áreas de atuação e desafios. 
Quem é o Profissional Psicopedagogo. Campo de Atuação e Mercado de Trabalho do 
Psicopedagogo. Caráter Preventivo e Curativo da Psicopedagogia. 
Multidisciplinaridade, Interdisciplinaridade, Transdisciplinaridade no Trabalho 
Psicopedagógico. A Psicopedagogia contemporânea e as Novas Tecnologias Novos 
Enfoques no Trabalho Psicopedagógico. A Associação Brasileira de Psicopedagogia 
(ABPp). O Código de Ética do Psicopedagogo. Ética e Responsabilidade Social no 
Trabalho Psicopedagógico. 
 
Unidade 3: Compreensão das relações interpessoais e as principais teorias de 
conhecimento e aprendizagem na formação do Psicopedagogo. As Relações 
interpessoais na Família, no trabalho e na escola; Relações Interpessoais, Ambiente 
de Trabalho e a importância do trabalho em grupo; Funções e etapas de 
desenvolvimento dos Grupos Operativos, segundo Pichon-Rivière; Relações 
interpessoais no cotidiano e a aprendizagem; Relações interpessoais no ambiente 
escolar; formas de intervenção psicopedagógica; Fundamentações Cognitivistas na 
Educação e seus principais teóricos: Piaget e o Desenvolvimento das Estruturas 
Cognitivas; Vygotsky e o Desenvolvimento do Pensamento através da Linguagem; 
Ausubel e a Aprendizagem Significativa; Köhler e os Objetivos Educacionais e Valores 
da Gestalt-pedagogia; Gardner e a Expansão da Inteligência. 
 
Unidade 4: Introdução às Neurociências: contexto histórico e contribuições, 
O conhecimento de novas descobertas das Neurociências e suas contribuições na 
prática educativa. O estudo das ciências cognitivas nos processos de ensino-
aprendizagem. A relação entre cérebro, emoção e aprendizagem; O conhecimento 
sobre a memória, o sono, a atenção, o medo, o humor, a afetividade, o movimento, os 
sentidos, a linguagem, as interpretações das imagens que fazemos mentalmente e 
suas influências para aprendizagem. A Educação do futuro e as perspectivas do 
Psicopedagogo nesse contexto. 
 
Aproveite a leitura e as imagens do seu livro texto e não deixe de buscar as 
indicações do “Saiba mais”, “Observação”, “Lembretes”, “Atividades de Aplicação”, 
entre outros, para aprimorar seus conhecimentos! 
 
Seja bem-vindo(a) e boa jornada! 
 
 
http://www.youtube.com/watch?v=wPNaNTrSkqI&feature=related
 
10 
 
UNIDADE 1 
INTRODUÇÃO À PSICOPEDAGOGIA: história, conceito e atuação profissional 
 
Nesta unidade apresentaremos a trajetória percorrida pela Psicopedagogia e 
sua evolução ao longo dos anos. 
 
Objetivos da Unidade: 
a) Proporcionar aos futuros profissionais uma reflexão crítica e sistemática do 
saber psicopedagógico, a partir do conhecimento histórico, dos contextos, 
conceitos e formas de atuação no mercado de trabalho e desafios deste 
terceiro milênio. 
b) Conhecer a história da psicopedagogia e as interfaces com as áreas da 
psicologia, pedagogia, fonoaudiologia e neurociências. 
c) Entender a práxis psicopedagógica,seus campos de atuação e sua identidade. 
d) Relacionar a práxis psicopedagógica à realidade educacional brasileira. 
e) Conceituar os fundamentos da psicopedagogia do processo ensino 
aprendizagem. 
f) Buscar compreensões e afinidades equivalentes entre pedagogia e 
neurociência, numa abordagem sobre os aspectos essenciais entre esses dois 
campos de saberes, entendendo a fundamentação e relação da neurociência 
para com a educação e suas cooperações para as práticas educacionais, 
dirigidas no ensino-aprendizagem. 
 
Por ser a primeira unidade da primeira disciplina do curso, lembramos que seu 
livro texto é uma excelente ferramenta de estudo, indicado para leitura prévia e acesso 
à disciplina, facilitando a compreensão e assimilação do conteúdo. Além de possibilitar 
o processo de reflexão a partir das leituras propostas, das indicações bibliográficas e 
assim por diante, certo? 
 
11 
Com este pensamento em mente, vamos voltar um pouquinho na história e 
trazer para nossa conversa a principal ferramenta que todo educador deve conhecer 
para seguir em frente com seus estudos pedagógicos. 
 
 
1.1. Apresentação da Psicopedagogia e de seu objeto de estudo: os 
processos de ensino e de aprendizagem 
 
Nesta Unidade I serão apresentados e comentados, de forma breve, os 
aspectos históricos que permearam a formação do campo de atuação 
psicopedagógico e suas interlocuções. Iremos delinear o surgimento e o 
desenvolvimento dessa área de conhecimento, facilitadora dos processos do aprender 
e do ensinar na atualidade. 
Buscaremos apresentar as estratégias que vêm sendo utilizadas para o 
aprimoramento de potencialidades como autonomia e expressão, bem como destacar 
a necessidade permanente de discussões e reflexões em favor da competência e 
profissionalização, produtos do esforço de fazer a diferença no mundo de hoje: 
competitivo, globalizado e altamente tecnológico. 
 
 
1.1.1. A história da psicopedagogia1, conceitos e as diferentes visões sobre o 
“Fazer Psicopedagógico” 
 
A gênese da Psicopedagogia pode ser localizada no quarto e quinto séculos 
a.C. com os filósofos gregos Sócrates, Platão e Aristóteles levantando 
questionamentos e reflexões fundamentais sobre o funcionamento da razão humana: 
como as pessoas percebiam a realidade, o que é alma, consciência e o livre arbítrio. 
 
1 Texto fundamentado em: BARBOSA, L.M.S. A História da Psicopedagogia contou também com 
Visca. in Psicopedagogia e Aprendizagem: Coletânea de Reflexões. Curitiba, 2002 e BOSSA, 
N.A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artmed, 2000. 
Apresentado, também como introdução do Curso de Neuropsicologia, Módulo 1, ministrado por 
www.gpeconline.com.br em 13/02/2019. 
http://www.gpeconline.com.br/
 
12 
O conhecimento baseado em questionamentos típicos da Filosofia começou a 
ser insuficiente para a sociedade. O conhecimento precisava ser mais sistemático, 
crítico e rigoroso, e surgiu a utilização do método experimental, para consolidar uma 
fonte de verdade e sabedoria, a Ciência. A primeira das ciências a se desvincular da 
Filosofia foi a Matemática, já no ano 300 a.C. com Euclides. Outras ciências só muito 
mais tarde se tornaram autônomas: a Física, na primeira metade do século XVII com 
Galileu. 
Tão diferente dos tempos atuais, vamos nos reportar a um período pré-
científico, que vai até o século XVIII. Não existiam conceitos de aprendizagem, muito 
menos de dificuldades para isso. Tudo o que não era compreendido, apresentava-se 
como doenças mentais, explicadas por forças sobrenaturais, por demônios que 
ameaçavam ou as punia por falhas humanas. 
Entre os finais do século XIX e começo do século XX, ocorreu uma etapa de 
transição entre as explicações pré-científicas e as científicas. Neste período, estudos 
realizados pelo Dr. Itard2 trouxeram uma visão ambiental para os fatos: 
 
Por volta de 1799, um menino de cerca de 12 anos foi encontrado perto da 
floresta de Aveyron, sul da França. Estava sozinho, sem roupa, andava de 
quatro e não falava uma palavra. Aparentemente fora abandonado pelos pais 
e cresceu sozinho na floresta. O menino abandonado, que cresceu na 
floresta, recebeu o nome de Victor de Aveyron (cerca de 1788 — 1828) e foi 
levado para Paris, aos cuidados do médico Jean-Marc-Gaspar Itard. A 
criança foi sujeita a um completo exame médico, que concluiu não existirem 
doenças. No início, ele tentava fugir constantemente, sendo capturado com 
alguma dificuldade. Recusava-se a usar roupas e se observa nele um 
comportamento animal. Pequenos detalhes provaram que esta criança não 
era totalmente desprovida de inteligência, reflexão e poder de raciocínio, mas 
tiveram pouco sucesso em seu relacionameno com o novo ambiente que lhe 
proporcionaram. Durante cinco anos o Dr. Itard dedicou-se a ensinar Victor a 
falar, a ler e a se comportar como um ser humano, mas seus esforços foram 
em vão. Pouco progresso foi conseguido durante esse tempo. Victor nunca 
falou e aprendeu a ler somente uma palavra (leite). 
 
Deste mesmo período destaca-se o trabalho do Dr. Pinel, médico e humanista 
que, com sua preocupação em minorar o sofrimento de doentes, trouxe mudanças 
que influenciaram para sempre a visão social das pessoas. Philippe Pinel (1745-1826) 
viveu a época em que tomavam vulto na França as ideias de Voltaire e de Jean-
 
2 LEITE, L.B. & GALVÃO, I. (org.). A Educação de um Selvagem. São Paulo: Cortez, 2000. Livro 
baseado em MALSON, L. Les Enfants Sauvages. Paris: Editora 10/18, 1964. Texto também pesquisado 
em: Wikipédia, a enciclopédia livre. http://pt.wikipedia.org/wiki/Victor_de_Aveyron. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/1788
http://pt.wikipedia.org/wiki/1828
 
13 
Jacques Rousseau (1767) e Pinel não escapou à influência das ideias revolucionárias 
de ambos. 
Médico, em 1792, o Dr. Pinel passou a dirigir a Gazeta de Saúde, na qual 
publicou o “Tratado de Higiene“. Dedicou-se ao estudo das afecções de origem mental 
e interessou-se pelo assunto. Com dificuldade, Pinel conseguiu do Governo 
Revolucionário, “La Terreur”, autorização para remoção dos grilhões aos quais os 
habitantes daquele lugar terrível estavam aprisionados, mudando, também, as 
condições desumanas com que eram tratados doentes de asilos. 
A fase seguinte começa com o nascimento de escolas psicológicas 
contemporâneas. O grande desafio da época se resumia em estudar a consciência 
através dos métodos experimentais e quantitativos que eram pertinentes às outras 
ciências. Wilhelm Wundt foi o fundador da Psicologia como ciência, em 1879, na 
Universidade de Leipzig, na Alemanha, ao criar o primeiro laboratório experimental de 
psicologia. Wundt criou o que, mais tarde, seria chamado de estruturalismo. Definiu 
regras importantes para o estudo da introspecção em laboratório. Titchener levou a 
ideia da Psicologia para os Estados Unidos, modificando-a em alguns pontos. 
A Psicologia científica foi fundada por Wundt e seguida por Titchener. 
Posteriormente, com o trabalho de W. James, seguido por Dewey e Woodwort, o 
estudo se ramificou em duas escolas: Estruturalismo e Funcionalismo. Estas correntes 
foram abandonadas por volta da metade do século XX, quando surgiram novas teorias 
melhor fundamentadas como: o Behaviorismo de Watson, a Gestalt de Wertheimer, 
Koehler e Koffka, a Psicanálise de Freud e os estudos sobre a cognição de Piaget, 
que se tornaram as mais importantes tendências teóricas da Psicopedagogia atual. 
Todas estas escolas preocupavam-se com a causa dos problemas, quer fosse 
o inconsciente, o estímulo, a estrutura, o ambiente. Antes de mais nada, a Ciência 
buscava explicações comprovadas para que pudesse ser reconhecida e aplicada. No 
final do século XIX educadores, psiquiatras e neuropsiquiatras preocupavam-se com 
as variantes que interferiam na aprendizageme começaram a organizar novos 
métodos para a educação infantil. 
Nesta época, apontaram como grandes colaboradores Seguin, Esquirol e 
Decroly, entre outros. Maria Montessori, educadora e psiquiatra italiana, por exemplo, 
criou um método de aprendizagem destinado, inicialmente, às crianças com retardo 
 
14 
mental, marcado pela expressão: "o que é bom para o excepcional é 
excepcionalmente bom para o normal". 
Nos Estados Unidos, neste mesmo período, a ênfase era maior nos aspectos 
médicos, dando um caráter biológico à abordagem das dificuldades de aprendizagem. 
Com o avanço das ciências da Educação, as questões das dificuldades escolares 
surgiram no sistema educativo regular, que reconheceu as influências da família, do 
meio social e as características da própria criança em interação com a família. 
Historicamente, segundo BOSSA (2000) os primórdios da Psicopedagogia 
ocorreram na Europa, ainda no século XIX, evidenciada pela preocupação com os 
problemas de aprendizagem na área médica. Acreditava-se na época que os 
comprometimentos na área escolar eram provenientes de causas orgânicas, pois 
procurava-se identificar no físico as determinantes das dificuldades do aprendente. 
Com isto, constituiu-se um caráter orgânico da Psicopedagogia. 
O século XX foi marcado pela expansão dos sistemas educativos das nações 
industrializadas, e a educação básica tornou-se obrigatória em praticamente todo o 
mundo. Assim, o processo ensino-aprendizagem ganhou espaço, bem como 
avançaram os estudos e pesquisas sobre as Dificuldades de Aprendizagem. Na 
década de 30, começou um período de integração de ideias, quando os cientistas 
abandonam suas posições irredutíveis para analisar o conhecimento de outros, 
tomando consciência de limitações, descrições e explicações de distintas correntes, 
gerando um movimento integracionista. 
A inclusão, apesar de decorrente da integração, se diferenciou desta por 
preconizar que não são as crianças que devem se ajustar às exigências da escola: 
era o sistema da Educação que deveria ser reestruturado para se tornar capaz de 
efetivamente cuidar de todos os alunos. Dentro da premissa maior de que todos têm 
direito a uma escola de qualidade, é da escola o papel facilitador na integração social. 
A Psicopedagogia é essencial no movimento pela inclusão. Trata de conhecer 
a criança e o seu meio, para compreender a dificuldade de aprendizagem e determinar 
uma ação reeducadora, além de diferenciar os que não aprendem, mesmo sendo 
inteligentes, daqueles que apresentam alguma deficiência mental, física ou sensorial. 
Na busca pelo reconhecimento dos direitos de todas as crianças frequentarem 
a escola regular, se estabeleceu um conceito mais claro de NEE (Necessidades 
 
15 
Educativas Especiais). O NEE defendia que as crianças, que por razões congênitas 
ou adquiridas apresentassem dificuldades de aprendizagem ao longo da escolaridade, 
necessitariam de atenção específica e de mais recursos educativos para minimizar as 
desvantagens e aproveitar as suas capacidades. A preocupação com o 
desenvolvimento infantil refletiu mudanças no pensamento do mundo com relação à 
importância da Educação. 
De acordo com BOSSA (2000), a crença de que os problemas de 
aprendizagem eram causados por fatores orgânicos perdurou por muitos anos e 
determinou a forma do tratamento dada à questão do fracasso escolar até bem 
recentemente. Nas décadas de 40 a 60, na França, a ação do pedagogo era vinculada 
à do médico. No ano de 1946, em Paris foi criado o primeiro centro psicopedagógico, 
fundado por J Boutonier e George Mauco. Tinham direção médica e pedagógica e 
reuniam conhecimentos conjuntos das áreas de Psicologia, Psicanálise, Neurologia e 
Pedagogia. 
Esses centros de reabilitação tinham o objetivo de readaptar crianças que, 
apesar de inteligentes, apresentavam comportamentos dificuldades de aprendizagem 
ou comportamentos socialmente inadequados na escola ou em casa, tratando de suas 
dificuldades de aprendizagem. 
Ressalte-se que o trabalho cooperativo entre médico e pedagogo era destinado 
a crianças “com problemas escolares”, ou de comportamento e eram definidas como 
aquelas que apresentavam doenças crônicas como diabetes, tuberculose, cegueira, 
surdez ou problemas motores. A denominação “Psicopedagógico” foi escolhida, em 
detrimento de “Médico Pedagógico”, porque acreditava-se que os pais enviariam seus 
filhos com menor resistência. 
De acordo com Grandjean-Thomsen3, esperava-se através desta união 
Psicologia-Psicanálise-Pedagogia, conhecer a criança e o seu meio, para que fosse 
possível compreender a dificuldade de aprendizagem para determinar uma ação 
reeducadora e, diferenciar os que não aprendiam, apesar de serem inteligentes, 
daqueles que apresentavam alguma deficiência mental, física ou sensorial. No início 
 
3 GRANDJEAN-THOMSEN, D.B. Psicopedagogia: Contexto, Conceito e Atuação. Artigo parte da 
Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação Lato-Sensu em Psicopedagogia, da 
Universidade Braz Cubas. (fevereiro de 2007). www.abpp.com.br/artigos/74.htm. Consulta feita em 
19/02/2019. 
 
16 
a psicopedagogia teve uma trajetória de caráter médico-pedagógico. Hoje essas 
ações são independentes, mas complementares. 
 
 
1.2. Jorge Visca e a Epistemologia Convergente: a psicopedagogia argentina 
que influenciou o mundo. 
 
A Argentina representa o berço da Psicopedagogia na América do Sul, a origem 
do pensamento argentino acerca da Psicopedagogia está fortemente marcada pela 
literatura francesa. Para melhor compreender essa influência, vamos conhecer um 
pouco dessa história e parte dos autores que deram sua contribuição para esse 
nascimento, entre eles pode-se destacar Jacques Lacan, Maud Mannoni, Françoise 
Dolto, Julián de Ajuriaguerra, Janine Mery, Michel Lobrot, Pierre Vayer, Maurice 
Debesse, René Diatkine, George Mauco, Pichón-Rivière e outros, foram e continuam 
sendo frequentemente citados nos trabalhos argentinos. 
Para BOSSA (2000, p. 39), os trabalhos realizados na França por Janine Mery, 
influenciaram fortemente a Psicopedagogia na Argentina, especialmente porque 
colocou em discussão as questões relacionadas ao termo e concepção da 
Psicopedagogia. A Psicopedagogia se tornou atividade popular em Buenos Aires, 
onde existem cursos de graduação e o trabalho psicopedagógico é oferecido na rede 
pública de ensino. 
Segundo Visca4 (2000), foram três tristes fatos que contribuíram para o 
desenvolvimento da Psicopedagogia na Argentina: 
 a Guerra Civil Espanhola (na década de 30: motivou a emigração de um 
grande número de intelectuais: entre os quais cabe mencionar a visão 
humanística de José Ortega y Gasseta); 
 a Segunda Guerra Mundial (entre os anos 40 e 45), a qual fez com que 
um número significativo de psicanalistas europeus buscasse na América 
 
4 Na Argentina, Jorge Visca é considerado o “pai da Psicopedagogia”, porque foi um dos primeiros a 
propor estudos fundamentados no construtivismo e interacionismo, em 1987. 
 
17 
do Sul um novo lar e difundisse suas práticas e conhecimentos, inclusive 
a teoria piagetiana); 
 a repressão militar (nas décadas de 70 e 80) - a Argentina sofreu grande 
repressão e intimidação, em que desaparecem 30.000 pessoas. Esse 
triste episódio sensibilizou estudiosos à reflexão e busca de novos 
recursos para a Educação. 
 
VISCA (2000, p. 16), assim declara: 
Eu comecei com a psicopedagogia clínica, clínica num sentido mal utilizado 
da palavra, querendo dizer que é trabalho no consultório; porque clínica não 
significa isto de forma alguma. Na escola se faz clínica, na comunidade se 
faz clínica... no sentido de perceber o sujeito como ele é. Diagnosticar este 
sujeito, trabalhar com este sujeito, mesmo que seja um grupo ou uma 
comunidade, aceitando este sujeitocomo ele é, isto é o trabalho de 
psicopedagogia institucional. (...). Por exemplo: por que os sujeitos têm que 
entrar na escola por idade e não por capacidade? Por que não esperar o 
momento em que o sujeito esteja amadurecido para entrar na escola primária, 
ou qualquer sistema? Quantas inteligências nós perdemos (...) porque se cria 
um vínculo negativo entre o sujeito e a situação de aprendizagem e a 
escolaridade? 
 
Na proposta de Visca, o trabalho com a aprendizagem se utiliza de uma 
confluência dos achados teóricos da escola de Genebra sobre os níveis de 
inteligência, com as teorizações da psicanálise sobre as manifestações emocionais e, 
ainda, as proposições da psicologia social de Pichon Rivière, porque a aprendizagem 
escolar precisa relacionar os aspectos cognitivos e emocionais, além de trabalhar com 
as relações interpessoais que ocorrem em grupos sociais específicos. Visca chamou 
seus estudos de “epistemologia convergente”. 
A Epistemologia Convergente é uma linha teórica que propõe um trabalho com 
a aprendizagem utilizando-se da integração de três linhas da Psicologia: 
 Escola de Genebra - Psicogenética de Jean Piaget, que descreve a estrutura 
cognitiva e o processo de aprendizagem; 
 Escola Psicanalítica - Sigmund Freud, que destaca uma visão de aspectos 
afetivos em relação a um objeto influenciando a percepção do mundo, desde a 
infância; 
 Escola de Psicologia Social de Enrique Pichon-Rivière, que trata da paridade entre 
os aspectos cognitivo e afetivo nos sujeitos de distinta cultura e suas 
http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/biografia_jean_piaget.htm
http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/biografia_sigmund_freud.htm
http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/biografia_pichon_riviere.htm
 
18 
aprendizagens em relação a um mesmo objeto, que se diferenciam conforme as 
influências que sofram de seus ambientes socioculturais (VISCA, 1991, p. 66). 
 
 
1.3. O conhecimento psicopedagógico no Brasil e a atuação da Associação 
Brasileira de Psicopedagogia - ABPp 
 
O termo psicopedagogia curativa foi usado e adotado pela primeira vez por 
Janine Mery, para caracterizar uma ação terapêutica que considera aspectos 
pedagógicos e psicológicos no tratamento de crianças que apresentam fracasso 
escolar. Tais crianças “experimentam dificuldades ou demonstram lentidão em relação 
aos seus colegas no qual diz respeito às aquisições escolares" (Janine Mery, 1985, p. 
16). 
Conforme Mery (1985), em 1946 foram fundados os primeiros Centros 
Psicopedagógicos, onde se buscava unir conhecimentos da Psicologia, da Psicanálise 
e da Pedagogia para tratar comportamentos socialmente inadequados de crianças, 
tanto na escola como no lar, objetivando a sua adaptação. A Psicopedagogia era a 
junção de ciências como a Psicologia, Medicina e Pedagogia e tinha como finalidade 
a reabilitação de crianças com comportamentos inadequados na escola ou em casa. 
Estas crianças eram definidas como aquelas que obtinham doenças crônicas como 
cegueira, problemas motores, diabetes, tuberculose e outros. 
De acordo com o professor Lino de Macedo, "a Psicopedagogia é uma (nova) 
área de atuação profissional que tem, ou melhor, busca uma identidade e que requer 
uma formação de nível interdisciplinar (o que já é sugerido no próprio termo 
psicopedagogia)" (1992 p. VIII). 
Nessa época existia a preocupação em diferenciar crianças que obtinham 
alguma deficiência mental, das demais crianças que apesar de serem inteligentes, 
não apresentavam um bom desempenho na escola. 
Foi somente na década de 1970 que a Psicopedagogia chega ao Brasil com 
o dever de atender as crianças com dificuldades de aprendizagem nas diferentes 
áreas do desenvolvimento. 
 
19 
A Psicopedagogia brasileira passou por um processo demorado de 
regulamentação. O verdadeiro papel desta nova ciência foi bastante questionado e 
indagado quanto a sua consistência e autonomia. Os primeiros psicopedagogos 
eram profissionais da área da Educação que tinham como objetivo ajudar as crianças 
que estavam à margem, por vez discriminadas e por isso sofriam. Visto que as 
dificuldades eram atribuídas a uma inaptidão, o aprendiz deveria ser portador de 
algum distúrbio que o impedia de aprender. 
Em 1979 foi inaugurado o primeiro curso regular em Psicopedagogia em São 
Paulo, no Instituto Sedes, tendo como objetivo um curso que valorizasse a visão do 
educador ou pedagogo, visto que o mesmo era só ocupado por psicanalistas e 
psicólogos. 
A Psicopedagogia nas décadas de 80 e 90 mostrou-se bastante eficiente na 
área clínica e com isso foi estruturada como corpo teórico multidisciplinar e 
importantes constatações, onde a experiência clínica mostrou que a relação 
psicopedagógica não se estabelecia entre o psicopedagogo e o processo de 
aprendizagem, mas entre o psicopedagogo e o sujeito deste processo. 
O objeto de estudo da psicopedagogia, neste momento era o ser cognoscente. 
Todo ser humano é um ser que constrói seu próprio conhecimento, sendo um ser 
pluridimensional constituído por três dimensões: dimensão racional, dimensão 
afetiva e dimensão relacional. 
 Dimensão racional: diz respeito ao conhecimento, à cognição. Explicada 
pela Psicogênese- Piaget. 
 Dimensão afetiva: diz respeito ao saber inconsciente, ao desejo. Explicada 
pela teoria Psicanalista- Freud. 
 Dimensão relacional: diz respeito ao saber como produto das 
interrelações, mediatizadas pela comunicação entre os sujeitos. Explicada 
por Vygotsky e Pichon (teoria do vínculo). 
 
Nesta década, os cursos de Psicopedagogia eram ministrados em Faculdades 
de Educação de São Paulo. Hoje, o ensino se ampliou e recebe contribuições de 
diversas ciências como: Sociologia, Linguística, Psicolinguística, Antropologia, 
Medicina, Fonoaudiologia, Psicologia e Pedagogia, inclusive das Neurociências. 
 
20 
De acordo com Scoz, a identidade do psicopedagogo, relacionada à sua 
atuação, refere-se ora à identidade clínica, ora à institucional, porém explica que 
ambas estão vinculadas ao processo de aprendizagem. Encontra-se então o 
Psicopedagogo como sendo um profissional ligado estritamente a educação. 
Para Moojen, ao conceituarmos a Psicopedagogia, deveremos proceder com 
cautela, pois um conceito teórico deve atender a determinadas características, 
devendo ser: dinâmico, histórico, flexível e contextualizado. 
Na atualidade, a Psicopedagogia é uma ciência complexa porque agrega 
diversas formações profissionais na compreensão do ser humano que aprende. Em 
nível de pós-graduação, somam-se graduados de Pedagogia, Psicologia, 
Fonoaudiologia, Assistente Social, Fisioterapeuta, Terapeuta Ocupacional e 
Licenciados de todas as disciplinas o que acaba justificando perfis de atuação 
diferentes. 
Em função da grande extensão territorial brasileira, ainda temos que considerar 
culturas muito diversas, que formam o mosaico de um país muito especial, com um 
verdadeiro quebra-cabeça de necessidades e características histórico-culturais. 
A Psicopedagogia, em amplo crescimento como área profissional, tem o 
desafio de transformar a Educação, buscar de novos instrumentos de avaliação, 
orientação e pesquisa, renovando saberes e criando novas perspectivas para o 
profissional e para a Instituição. Ela busca compreender os processos de ensino-
aprendizagem e o desenvolvimento sociocultural do indivíduo para proporcionar-lhe 
melhores condições de promoção de seu potencial e prevenção de dificuldades de 
aprendizagem, que emergem como barreiras sociais, impedindo o indivíduo de 
alcançar sua realização e integração na família e na sociedade. 
A Psicopedagogia vem criando a sua identidade e campo de atuação próprios, 
que estão sendo organizados e estruturados, especialmente quanto à sua expansão 
na publicação de artigos e produções científicas que referenciam o campo do 
conhecimento e pela Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). 
A Associação Brasileira de Psicopedagogia- ABPp elaborou diversos 
documentos sobre a identidade e os objetivos do psicopedagogo, dos quais pode-se 
citar o Código de Ética da Psicopedagogia, destacando o papel e a responsabilidade 
do psicopedagogo: 
 
21 
 Manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que 
tratem o fenômeno de aprendizagem humana; 
 Zelar pelo bom relacionamento com especialistas de outras áreas, 
mantendo uma atitude critica, de abertura e respeito em relação às 
diferentes visões do mundo; 
 Assumir somente as responsabilidades para as quais esteja preparado 
dentro dos limites da competência psicopedagógica; 
 Colaborar com o progresso da Psicopedagogia; 
 Difundir seus conhecimentos e prestar serviços nas agremiações de 
classe sempre que possível; 
 Responsabilizar-se pelas avaliações feitas fornecendo ao cliente uma 
definição clara do seu diagnóstico; 
 Preservar a identidade, parecer e/ou diagnostico do cliente de relatos e 
discussões feitos a título de exemplos e estudos de casos; 
 Responsabilizar-se por crítica feita a colegas na ausência destes; 
 Manter atitude de colaboração e solidariedade com colegas sem ser 
convincente ou acumpliciar-se, de qualquer forma, com o ato ilícito ou 
calúnia. O respeito e a dignidade na relação profissional são deveres 
fundamentais do psicopedagogo para a harmonia da classe e manutenção 
do conceito público. 
 
 
1.3.1. A Psicopedagogia: suas bases e conceitos 
 
Caro(a) Aluno(a): o que fizemos até o presente momento foram as 
apresentações oficiais: de um lado você aluno matriculado do curso, do outro, nosso 
objeto de estudo a Psicopedagogia5, campo de conhecimento e atuação em Saúde e 
 
5 Texto fundamentado em: SCHROEDER, M.M. & MECKING, M.L.M. Pedagogia e Psicopedagogia: 
artigo publicado na FCHLA - Centro de Atendimento Psicopedagógico da Universidade Tuiuti do 
Paraná. 
 
22 
Educação que lida com o processo de aprendizagem humana, seus padrões normais 
e patológicos, considerando a influência do meio – família, escola e sociedade. 
Vimos que a autora Nádia Bossa (2000) define a Psicopedagogia como linha 
de atuação teórico-prática que se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de 
uma demanda – o problema de aprendizagem6, colocado num território pouco 
explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia – e evoluiu 
devido à existência de recursos, ainda que embrionários, para atender essa demanda, 
constituindo-se, assim, numa prática. 
A Psicopedagogia, área científica7 que atua na aprendizagem humana, surgiu 
para atender crianças, que por diferentes motivos, não conseguiam aprender. Como 
ciência, seu objeto de estudo é o sujeito em processo de aprendizagem. O 
psicopedagogo é o profissional capacitado para se ocupar da prevenção e do 
tratamento das dificuldades de aprendizagem. 
É um trabalho multidisciplinar, que faz interface com diferentes áreas de 
conhecimento. O espaço de atuação em Psicopedagogia no Brasil que, de início, se 
restringia à atuação clínica, seguindo o modelo da Europa, se expandiu até as 
instituições escolares, hospitais, empresas, área de pesquisa e produção de 
conhecimento. 
O conhecimento psicopedagógico converge de várias áreas, como: Medicina, 
Linguística, Antropologia, Sociologia e Filosofia. Constituem o pensamento 
Psicopedagógico, principalmente, os advindos das áreas de: 
a) Psicanálise: Ciência que estuda o mundo inconsciente, com representações 
da realidade que não conseguimos perceber, mas que acontecem em nosso 
dinamismo psíquico e se expressa por sintomas e símbolos. Mesmo sem 
percebermos, cada pessoa tem preferências, interesses ou aversões que se 
ligam às suas experiências passadas e às pessoas que fizeram parte desse 
 
6 As dificuldades ou problemas de aprendizagem caracterizam-se como déficits manifestados sob a 
forma de discrepância entre o nível de realização esperado e o atingido, nos processos: da linguagem 
falada, da leitura e da escrita, da ortografia, da caligrafia ou da aritmética. 
7 VISCA (2000, p. 17), faz a seguinte citação a respeito deste termo: “Eu não sei se a psicopedagogia 
é uma ciência, mas ela era considerada a rainha das profissões porque, assim como se instrumentou 
a formação de psicopedagogia na Argentina em geral não acontece no mundo inteiro. Acredito que o 
único país que tem formação em termos formais seja a Argentina. Não sei (...) não tenho informações 
de que em algum outro país alguém obtenha um diploma em psicopedagogia. Temos formações muito 
diferentes.” 
 
23 
mundo. Na aprendizagem essas vivências estão presentes motivando ou 
perturbando o relacionamento do aluno com o ambiente e refletindo em seu 
aprendizado. A Psicanálise dirige-se aos conhecimentos de Sigmund Freud, 
com o principal objetivo de recorrer na compreensão dos diversos sintomas 
apresentados pela criança, o termo sintoma remete-se aos princípios 
psicanalíticos. O problema ou dificuldade de aprendizagem enquanto sintoma 
se apresenta como patologia que surge no corpo, sem explicação médica. O 
inconsciente investigado por Freud não se manifesta de forma direta, mas 
aparece nos sonhos, nos erros, nas dores inexplicáveis. A psicanálise, como 
ciência do inconsciente, desvenda o sintoma como uma manifestação humana 
carregada de significado, que permanece desconhecido numa análise 
superficial. 
b) Psicologia: Algumas áreas da Psicologia são especialmente interessantes 
para a Psicopedagogia: 
 Psicologia social é a área que se preocupar com a constituição do sujeito 
social, que se relaciona com a família, grupos e instituições, em condições 
socioculturais e econômicas específicas e que estão envolvidas com a 
aprendizagem, inevitavelmente. A criança que vê nos pais uma rotina de 
interesses em sua aprendizagem e lhe oferecem estímulos diversos, terá 
uma reação diferente da criança que não recebe incentivo do meio nem 
mesmo para ir à escola. 
 Epistemologia Genética, que teve Piaget como seu criador, descreve o 
processo construtivo do conhecimento pelo sujeito em interação com os 
outros e com os objetos. Para compreender e intervir nas questões de 
aprendizagem é essencial que se conheça o desenvolvimento da 
inteligência, das etapas de aprendizagem, da forma como o conhecimento 
se forma. A formação simbólica na linguística também foi investigada por 
Piaget, uma vez que a linguagem é uma característica sociocultural do 
homem, constitui seu processo de pensamento, essencial para a 
aprendizagem, comunicação, produção e acesso à história. 
c) Neuropsicologia é uma extensão desses estudos que se relacionam com a 
construção do conhecimento, porque estuda o cérebro e as funções cognitivas 
e os distúrbios de aprendizagem. 
d) Pedagogia é a Ciência que trata do processo ensino-aprendizagem, 
 
24 
analisando-o e preocupando-se em criar novos instrumentos e saberes que 
funcionem como facilitadores da aprendizagem. A Pedagogia com suas 
questões educacionais e atividades especificamente humanas e socioculturais 
liga-se à subjetividade dos estudos psicológicos relacionando os dois temas na 
Psicopedagogia. Preocupa-se com o saber e como é transmitido para que 
ocorra aprendizagem, na qual a verdadeira aprendizagem é aquela que se 
incorpora nossa vida. Não aprendemos apenas para saber, mas para melhorar 
em qualquer sentido: na saúde, no intelecto, na vida moral ou social, ou 
econômica. 
 
Com essa integração de saberes, desdobra-se o novo conceito de 
aprendizagem: aprender é mudar, melhorar na vida, num processo contínuo. 
KIGUEL (1983) ressalta que a Psicopedagogia encontra-se em fase de 
organização de um corpo teórico específico, visando à integração das ciências 
pedagógicas, psicológica, fonoaudiológica, neuropsicológico e psicolinguístico para 
uma compreensão mais integradora do fenômeno da aprendizagemhumana. Esta 
informação é compartilhada por VISCA (2000, p. 16), quando declarou: 
 
Anteriormente, psicopedagogia significava o conhecimento e o estudo do 
sujeito individual, enquanto educação significava o conhecimento da 
comunidade, da sociedade. Eu acredito que, naquele momento, por motivos 
manifestos e latentes, fez-se uma divisão porque conhecer verdadeiramente 
como o sujeito aprende é um conceito revolucionário, no sentido de aceitar o 
sujeito como ele é, fazer com que este sujeito aprenda de verdade, não 
fazendo de conta. Isso significaria uma modificação no sistema e na 
educação muito grande. 
 
O objeto de estudo deste campo do conhecimento é a aprendizagem humana 
e seus padrões evolutivos normais e patológicos. Mas antes é importante falar sobre 
o saber que fundamenta a didática do docente, da diferença entre o pedagogo e o 
professor e dos saberes que compõe a profissão e o exercício da educação. Afinal, o 
que é a Pedagogia? 
A Pedagogia é uma ciência teórico-prática, que tem por objeto de estudo a 
educação em suas três modalidades formal, informal e não formal; é uma ciência 
interdisciplinar por apoiar-se, pois, nas ciências humanas tais como, filosofia, 
sociologia, história psicologia entre outras. A palavra Pedagogia vem do grego (peda 
 
25 
– paidos - criança; Agogia – agogé – condução) partindo da etimologia pedagogia 
significa condução da criança, mas Libâneo (2010) rompe as barreiras da etimologia 
e define a pedagogia como “prática cultural que envolve uma prática intencional de 
produção e internalização de significados”. 
Podemos afirmar então, que o pedagogo é um criador de caminhos para se 
chegar a um fim, podendo atuar com qualquer que seja o tipo de educação que esteja 
sendo apresentada, bem como utilizador de métodos educacionais, por isso é lhe 
imposta à tarefa de educar as crianças. Em suma, o pedagogo é um especialista em 
educação que associa as questões sociais e políticas ao aprendizado para fazer com 
que este seja melhor. 
Já o professor, é quem usa os métodos para ensinar algo a alguém, por 
exemplo, o professor de filosofia aprende a filosofia e a forma de ensiná-la, não é 
preparado para educar, e sim para ensinar a filosofia, o objeto principal de estudo dele 
é a filosofia, assim como o professor de matemática e assim por diante. O pedagogo 
pode atuar como professor aplicando o sistema que por ele foi criado para a 
transmissão do conhecimento, o docente não foi preparado para atuar em todas as 
áreas do saber educacional. 
Esclarecida as diferenças e compreendido os papéis do pedagogo e do 
professor, é necessário agora compreender os fundamentos da Psicopedagogia 
segundo alguns autores. 
Para os profissionais brasileiros como Maria M. Neves; Kiguel; Scoz; Golbert; 
Weiss; Rubinstein pode-se verificar que o tema da aprendizagem além de preocupá-
los, ocupa-nos, sendo os problemas desse processo (de aprendizagem) a causa e a 
razão da psicopedagogia. 
a) Para SISTO a Psicopedagogia é uma área de estudos que trata da 
aprendizagem escolar, quer seja no curso normal ou nas dificuldades. 
b) CAMPOS considera que os problemas de aprendizagem constituem-se no 
campo da Psicopedagogia. 
c) Por SOUSA, a Psicopedagogia é vista como área que investiga a relação 
da criança com o conhecimento. 
 
26 
d) Segundo o Código de Ética da Psicopedagogia, no Capítulo I, Artigo 1º, 
afirma que “A Psicopedagogia é campo de atuação em saúde e educação 
o qual lida com o conhecimento, sua ampliação, sua aquisição, distorções, 
diferenças e desenvolvimento por meio de múltiplos processos”. A 
Psicopedagogia é uma área de estudos nova que pode e está atendendo 
os sujeitos que apresentam problemas de aprendizagem. 
e) BOSSA articula que a Psicopedagogia nasce com o objetivo de atender a 
demanda – dificuldades de aprendizagem. 
f) FERREIRA (1982, P.1412) Psicopedagogia “é o estudo da atividade 
psíquica da criança e dos princípios que daí decorrem, para regular a ação 
educativa do indivíduo”. 
g) Segundo MULLER, a Psicopedagogia liga-se as características da 
aprendizagem humana, como se aprende, como essa aprendizagem varia 
evolutivamente e está condicionada por outros fatores; como e porque 
ocorrem as alterações da aprendizagem, como reconhecê-las e tratá-las, 
que fazer para preveni-las, e para promover processos de aprendizagem 
que tenham sentido para os participantes. 
 
Para a Psicopedagogia, esse objeto de estudo, que é um sujeito a ser estudado 
por outro sujeito, adquire características específicas e depende tanto do trabalho 
clínico ou preventivo. 
No caso do trabalho clínico, funciona também como preventivo, pois trata 
alguns transtornos de aprendizagem, podendo evitar o aparecimento de outros. O 
profissional nessa modalidade de trabalho deve compreender o que o sujeito aprende, 
como ele aprende e por que, além de perceber a dimensão da relação entre 
psicopedagogo e sujeito de forma a favorecer a aprendizagem. 
No trabalho preventivo, a instituição, enquanto espaço físico e psíquico da 
aprendizagem é objeto de estudo da psicopedagogia, uma vez que são avaliados os 
processos didático-metodológicos e a dinâmica institucional que interferem no 
processo de aprendizagem. 
 
27 
Ao psicopedagogo cabe saber como se constitui o sujeito, como este se 
transforma em suas diversas etapas de vida, quais os recursos de conhecimento de 
que ele dispõe e a forma pela qual produz conhecimento e aprende. 
Esse saber exige que o psicopedagogo recorra a teorias que lhe permitam 
aprender, bem como às leis que regem esse processo: as influências afetivas e as 
representações inconscientes que o acompanham, o que pode comprometê-lo e o que 
pode favorecê-lo. 
O psicopedagogo precisa saber o que é ensinar e o que é aprender; como 
interferem os sistemas e métodos educativos; os problemas estruturais que intervêm 
no surgimento dos transtornos de aprendizagem e no processo escolar. 
Enfim, a psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de 
uma demanda – o problema de aprendizagem. – Como se preocupa com o problema 
de aprendizagem, deve ocupar-se inicialmente do processo de aprendizagem, 
estudando assim as características da aprendizagem humana. 
É necessário comentar que a Psicopedagogia é comumente conhecida como 
aquela que atende crianças com dificuldades de aprendizagem. É notório o fato de 
que as dificuldades, distúrbios ou patologias podem aparecer em qualquer momento 
da vida e, portanto, a Psicopedagogia não faz distinção de idade ou sexo para o 
atendimento. 
Atualmente, a Psicopedagogia vem ganhando espaço, se estabelecendo no 
mundo do trabalho como profissão. 
 
 
1.4. O objeto de estudo, a causa e a razão da psicopedagogia 
 
No livro da autora Nádia Bossa, a Psicopedagogia no Brasil (1991), são citados 
vários autores que se referem ao objeto de estudo da psicopedagogia. 
a) Para Kiguel, "o objeto central de estudo da Psicopedagogia está se 
estruturando em torno do processo de aprendizagem humana: seus 
padrões evolutivos normais e patológicos – bem como a influência de meio 
(família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento" (1991, p. 24). 
 
28 
b) De acordo com Neves, "a psicopedagogia estuda o ato de aprender e 
ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da 
aprendizagem, tomadas em conjunto. E, mais, procurando estudar a 
construção do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando 
colocar em pé de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que 
lhe estão implícitos" (1991, p. 12). 
Para a autora Scoz, "a psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e 
suas dificuldades, e numa ação profissional deve englobar vários campos do 
conhecimento, integrando-os e sintetizando-os” (1992, p.2). 
Segundo Golbert: (...) o objeto de estudo da Psicopedagogia deve ser 
entendido a partir de dois enfoques: preventivo e terapêutico. O enfoque preventivo 
considerao objeto de estudo da Psicopedagogia o ser humano em desenvolvimento 
enquanto educável. O enfoque terapêutico considera o objeto de estudo da 
psicopedagogia a identificação, análise, elaboração de uma metodologia de 
diagnóstico e tratamento das dificuldades de aprendizagem (1985, p. 13). 
Para Rubinstein, "num primeiro momento a psicopedagogia esteve voltada para 
a busca e o desenvolvimento de metodologias que melhor atendessem aos portadores 
de dificuldades, tendo como objetivo fazer a reeducação ou a remediação e desta 
forma promover o desaparecimento do sintoma". E ainda, "a partir do momento em 
que o foco de atenção passa a ser a compreensão do processo de aprendizagem e a 
relação que o aprendiz estabelece com a mesma, o objeto da psicopedagogia passa 
a ser mais abrangente: a metodologia é apenas um aspecto no processo terapêutico, 
e o principal objetivo é a investigação de etiologia da dificuldade de aprendizagem, 
bem como a compreensão do processamento da aprendizagem considerando todas 
as variáveis que intervêm nesse processo" (RUBINSTEIN, 1992, p. 103). 
Do ponto de vista de Weiss, "a psicopedagogia busca a melhoria das relações 
com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da própria 
aprendizagem de alunos e educadores" (WEISS, 1991, p. 6). 
Com referência aos profissionais brasileiros supracitados, pode-se verificar que 
o tema aprendizagem ocupa-os e preocupa-os, sendo os problemas desse processo 
(de aprendizagem) a causa e a razão da Psicopedagogia. 
 
29 
Pode-se observar esse pensamento traduzido nas palavras de profissionais 
argentinos como Alicia Fernandez, Sara Paín, Jorge Visca, Marina Müller, etc., que 
atuam na área e estão envolvidos no trabalho teórico. Para eles, "a aprendizagem 
com seus problemas" constitui-se no pilar-base da Psicopedagogia. 
Segundo Jorge Visca, a Psicopedagogia, que inicialmente foi uma ação 
subsidiária da Medicina e da Psicologia, perfilou-se como um conhecimento 
independente e complementar, possuída de um objeto de estudo – o processo de 
aprendizagem – e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios. 
Atualmente, a Psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem 
segundo a qual participa desse processo um equipamento biológico com disposições 
afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito com o meio, sendo 
que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais 
do sujeito e do seu meio. 
Ao psicopedagogo cabe saber como se constitui o sujeito, como este se 
transforma em suas diversas etapas de vida, quais os recursos de conhecimento de 
que ele dispõe e a forma pela qual produz conhecimento e aprende. É preciso, 
também, que o psicopedagogo saiba o que é ensinar e o que é aprender; como 
interferem os sistemas e métodos educativos; os problemas estruturais que intervêm 
no surgimento dos transtornos de aprendizagem e no processo escolar. 
Segundo Bossa, faz-se, necessário que, enquanto psicopedagogos possamos 
aprender sobre como os outros sujeitos aprendem e também sobre como nós mesmos 
aprendemos. Para Alicia Fernández, esse saber só é possível com uma formação que 
os oriente sobre três pilares:- prática clínica, construção teórica, tratamento 
psicopedagógico-didático. 
De acordo com Alicia Fernández (1991), todo sujeito tem a sua modalidade de 
aprendizagem, ou seja, meios, condições e limites para conhecer. É necessário 
incorporar conhecimentos sobre o organismo, o corpo, a inteligência e o desejo, 
estando estes quatro níveis basicamente implicados no aprender. Considerando-se o 
problema de aprendizagem na interseção desses níveis, as teorias que ocupam da 
inteligência, do inconsciente, do organismo e do corpo, separadamente, não 
conseguem resolvê-lo. 
 
30 
Daí a importância de aprofundar conhecimentos e dedicar-se a leitura outros 
autores, pois, uma teoria psicopedagógica fundamentada em conhecimentos de 
outros corpos teóricos, ressignificam e embasem nossa essa prática. 
 
 
1.5. A práxis psicopedagógica no Brasil, campos de atuação e a APPp 
 
Atualmente, novas abordagens teóricas sobre o desenvolvimento e a 
aprendizagem, bem como inúmeras pesquisas sobre os fatores intra e extraescolares 
na determinação do fracasso escolar, contribuíram para uma nova visão mais crítica 
e abrangente. 
A Psicopedagogia moderna atua como uma forma interdisciplinar, buscando 
desenvolver seu próprio campo de conhecimento e atuando sobre as dificuldades de 
aprendizagens e distúrbios dos educandos. Podemos encontrá-la em diversas 
instituições, tais como: escola, hospital e até empresa. 
Com a necessidade e a oferta surgiram também novas formas e locais de 
formação destes profissionais. Segundo Scoz poderão exercer a função de 
Psicopedagogo no Brasil os portadores de certificado de conclusão em curso de 
especialização em Psicopedagogia em nível de pós-graduação, expedidos por 
escolas ou instituições devidamente autorizadas ou credenciadas pelo MEC nos 
termos da legislação pertinente. 
A formação do Psicopedagogo deve ser em primeiro lugar, multidisciplinar, 
assentada em diversas ciências. Do ponto de vista filosófico, seu embasamento deve 
lhe permitir encontrar a ideia de homem e os valores implícitos em cada teoria 
educacional. 
Devido a crescente procura e expansão da Psicopedagogia surgiram inúmeras 
dúvidas sobre esta área, e a partir daí, a Associação Brasileira de Psicopedagogia - 
ABPp, uma instituição localizada em São Paulo, elaborou um documento sobre a 
Identidade Profissional do Psicopedagogo e os objetivos da Psicopedagogia. A ABPp 
investe constantemente em congressos e palestras sobre esta área de estudos para 
 
31 
todo Brasil. O psicopedagogo ainda encontra desafios e dúvidas com relação a sua 
prática no dia-a-dia e o espaço que deve ocupar em uma instituição escolar. 
Já sabemos que a Psicopedagogia possui como objeto de estudo o sujeito e a 
aprendizagem e suas dificuldades, com um caráter preventivo e terapêutico. Esta 
ciência não só atua no ambiente escolar, mas também com a família e a comunidade, 
explicando e mostrando as diferentes etapas do desenvolvimento de uma criança, 
para que possam entender e respeitar as características das mesmas. 
A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, estudando as 
particularidades, tais como: como se aprende, como a aprendizagem transforma-se, 
como se criam as alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, preveni-las e 
tratá-las. 
Durante muito tempo a Psicopedagogia era direcionada a reeducação em 
função das dificuldades de aprendizagem nas diferentes áreas do desenvolvimento. 
E obtinha o sujeito que não possuía um bom desempenho na escola, como objeto de 
estudo. 
A Psicopedagogia trabalha, hoje, a aprendizagem com formação de ideias, no 
qual o sujeito participa com o seu meio e sua bagagem cultural, sendo ele o sujeito 
do processo de construção da aprendizagem. 
 
“Para o Psicopedagogo, aprender é um processo que implica pôr em ação 
diferentes sistemas que intervêm em todo o sujeito: a rede de relações e 
códigos culturais e de linguagem que, desde antes do nascimento, têm lugar 
em casa ser humano à medida que ele se incorpora a sociedade.” (BOSSA, 
1994, pág. 51). 
 
As escolas, hoje, estão cada vez mais preocupadas com os alunos que 
apresentam dificuldades de aprendizagem. Daí a importância da psicopedagogia se 
ocupar com a aprendizagem humana, estudando suas particularidades, tais como se 
aprende, como a aprendizagem transforma-se, como se criam as alterações na 
aprendizagem, como reconhecê-las, preveni-las e tratá-las. 
 
 
32 
 
Fonte: neurosaber.com.br/psicomotricidade-na-concepcao-neuroeducacional 
 
Durante muito tempo a Psicopedagogia era direcionada a reeducação em 
função das dificuldades de aprendizagem nas diferentes áreas do desenvolvimento. 
E obtinha o sujeito que não possuía um bom desempenho na escola,como objeto de 
estudo. Hoje, o foco é a aprendizagem com formação de ideias, no qual o sujeito 
participa com o seu meio e sua bagagem cultural, sendo ele o sujeito do processo de 
construção da aprendizagem. 
 
“Para o Psicopedagogo, aprender é um processo que implica pôr em ação 
diferentes sistemas que intervêm em todo o sujeito: a rede de relações e 
códigos culturais e de linguagem que, desde antes do nascimento, têm lugar 
em casa ser humano à medida que ele se incorpora a sociedade.” (BOSSA, 
1994, pág. 51). 
 
As escolas, hoje, estão cada vez mais preocupadas com os alunos que 
apresentam dificuldades de aprendizagem. E muitas vezes não sabem qual 
procedimento tomar, visto que muitas não possuem uma política de intervenção 
capaz de contribuir para a superação destes problemas. 
É necessário, então, que o psicopedagogo ganhe seu espaço em uma 
instituição escolar e desenvolva de maneira eficaz o seu trabalho, com o foco também 
na prevenção dos problemas de aprendizagem. 
É fundamental que ele ofereça assistência e trabalhe também com os 
professores e outros profissionais da escola, para a melhoria das condições do 
processo ensino-aprendizagem. 
 
33 
O Psicopedagogo tem a função de fortalecer a identidade da instituição 
escolar e apoiar a equipe procurando sintonizá-la com a realidade que está sendo 
vivenciada no momento histórico atual e buscando adequar esta escola às reais 
demandas da sociedade. 
Durante o processo educativo a ação psicopedagógica procura investir numa 
concepção de ensino-aprendizagem que fomente interações pessoais, estimule a 
postura transformadora de toda a comunidade educativa e busque inovar a prática 
escolar contextualizando-a e enfatize o essencial: conteúdos e conceitos 
estruturados, com significado relevante. 
É papel do Psicopedagogo orientar e interagir com o corpo docente no sentido 
desenvolver mais o raciocínio do aluno, ajudando-o a aprender a pensar e a 
estabelecer relações entre os diversos conteúdos trabalhados. 
Segundo João Beauclair, entre as principais habilidades e competências do 
psicopedagogo em uma instituição escolar, estão a capacidade de usar a liberdade 
e amorosidade na relação do “aprender-ensinar”. Essa relação deve ser envolvida 
de zelo, cuidado e afeto. Para Prandini o amor é a emoção que funda as relações 
entre os seres humanos. Com isto esta relação tão árdua tornar-se-ia mais prazerosa 
e fácil. 
Com o objetivo de amenizar o medo e ampliar a esperança no mundo atual, é 
fundamental que a Psicopedagogia através da educação humanize o ser humano, 
fazendo valer princípios básicos, porém perdidos como a justiça, solidariedade, 
cooperação e originalidade. 
 
 
34 
 
Fonte: Pinterest / domínio público/ dificuldades de aprendizagem 
 
Assim, a Psicopedagogia é importante e contribui para a sociedade, pois sua 
reflexão está relacionada a vencer o medo, nutrir a esperança, cuidar da vida e 
construir a paz onde os educadores forem capazes de se influenciar. 
O olhar do Psicopedagogo se constrói na busca pela reflexão teórica, 
vivências e pesquisas cotidianas. Mas reconhecem-se as dificuldades e embates 
encontrados na trajetória profissional dos psicopedagogos, principalmente em 
relação à inserção e reconhecimento destes. 
Cabe à Psicopedagogia humanizar o seu humano, ou seja, despertar nele o 
interesse pelo outro, perceber que ele faz parte de um grupo, e sua interação e 
bem estar com todos é necessário para sua vivência, desfrutando do amor e 
carinho pelo próximo. 
O Psicopedagogo também atua na relação da escola com a família 
fortificando e mostrando o valor desta parceria. Na instituição escolar podem ser 
detectadas duas naturezas de trabalhos psicopedagógicos: preventiva e curativa. 
A psicopedagogia preventiva refere-se à assessoria e o acompanhamento 
junto a pedagogos, orientadores e professores. Sua função é trabalhar todas as 
questões ligadas à relação professor - aluno e redefinir procedimentos 
pedagógicos, integrando sempre o cognitivo e o afetivo. 
 
35 
Ela tem como meta desenvolver projetos pedagógicos educacionais, 
enriquecendo os processos de sala de aula, como: metodologia, planejamento, 
avaliação. 
 
“Há diferentes níveis de prevenção. No primeiro nível, o psicopedagogo atua 
nos processos educativos com o objetivo de diminuir a frequência dos 
problemas de aprendizagem. Seu trabalho incide nas questões didático-
metodológicas, bem como a formação e orientação dos professores, além 
de fazer aconselhamento aos pais. No segundo nível, o objetivo é diminuir 
e tratar dos problemas de aprendizagem já instalados. Para tanto, cria-se 
um plano diagnóstico da realidade institucional e elabora-se planos de 
intervenção baseados neste diagnóstico, a partir do qual procura-se avaliar 
os currículos com os professores, para que não se repitam transtorno, 
estamos prevenindo o aparecimento de outros.” (BOSSA, 1994,pag 102) 
 
Com o educador, o Psicopedagogo tem a função de instrumentalizar e 
sistematizar sua atuação profissional. Propiciando melhorias em suas condições 
de trabalho, levando sempre, em consideração, as características do educando. 
O profissional da psicopedagogia, junto com o professor, procura dinamizar 
as atividades escolares, tornando a aprendizagem cada vez mais prazerosa. Ele 
deve capacitar os professores, para que estes profissionais compreendam com 
mais clareza o processo ensino-aprendizagem e suas interfaces, possibilitando a 
intervenção e o discernimento entre dificuldades nascidas e desenvolvidas na 
escola, daquelas que já vem com a criança na sua trajetória escolar. 
O Psicopedagogo deve instrumentalizar a criança para o conteúdo que ela 
irá aprender, ou seja, a criança precisa receber preventivamente as condições 
para a aprendizagem de específicos conteúdos. Ele é o suporte para os 
professores lidarem com as diversas diferenças encontradas em uma sala de aula. 
A Psicopedagogia curativa em uma instituição escolar ocupa-se em atender 
crianças encaminhadas por professores, que apresentam baixo rendimento 
escolar e dificuldade de aprendizagem. 
Alunos com déficit de aprendizagem incluem problemas mais localizados 
nos campos da conduta e da aprendizagem, dos seguintes tipos: 
 Atividade motora: hiperatividade ou hipoatividade; dificuldade de 
coordenação. 
 Atenção: dispersão; baixo nível de concentração. 
 Área matemática: problemas em seriações; inversão de números; 
 
36 
reiterados erros de cálculos. 
 Área verbal: problemas na codificação/decodificação simbólica; 
irregularidades na lectoescrita; disgrafias. 
 Emoções: desajustes emocionais leves; baixa autoestima. 
 Memória: dificuldades de fixação de conteúdos. 
 Percepção: reprodução inadequada de formas geométricas; confusão 
entre figuras e fundos; inversão de letras. 
 Sociabilidade: inibição participativa; pouca habilidade social; 
agressividade. 
Diante das dificuldades de aprendizagem é importante que o 
Psicopedagogo assuma os princípios da normalização e individualização do 
ensino, optando pela compreensão ao invés da exclusão. Colocar o acento no 
próprio processo de interação ensino/aprendizagem, entendendo que todas as 
dificuldades de aprendizagem são em si mesmas contextuais e relativas. 
A aprendizagem do aluno não depende somente dele, e sim do grau em 
que a ajuda do professor esteja ajustada ao nível que a criança apresenta em 
casa tarefa de aprendizagem. 
Neste vasto e complexo cenário a Psicopedagogia curativa obtém como 
objetivo reintegrar o aluno portador de dificuldades de aprendizagem ao processo 
de construção de conhecimento. Ela procura identificar, analisar e elaborar uma 
metodologia de diagnóstico e tratamento destas dificuldades. 
O trabalho curativo se dá na relação entre o sujeito com sua história pessoal 
e seu modo peculiar de aprendizagem, procurando abranger a mensagem do 
outro sujeito, que está envolvido no não aprender. Neste métodoonde o 
investigador é objeto-sujeito de estudo interage constantemente, a própria 
alteração e torna-se alvo de estudo da psicopedagogia. 
Neste caso o profissional deve compreender o quê a criança aprende, como 
aprende e porquê, compreendendo a importância da relação entre o 
psicopedagogo e a criança, favorecendo sempre a aprendizagem. 
 
 
37 
 
Vale a pena conferir as sugestões de leituras sobre o tema da psicopedagogia 
e neurociências! Aproveite! 
 
 Código de ética do Psicopedagogo (ABPp, 2013); 
 Capítulo: O papel do Psicopedagogo – Professora Leda Barone 
(Psicanalista e Psicopedagoga brasileira) 
Fonte: https://www.fnac.com.br 
 
 
 
1 - Qual o motivo do surgimento da Psicopedagogia? 
 
a) A psicopedagogia como ciência surgiu para atender exclusivamente em clinicas 
as crianças e seus familiares que apresentavam dificuldades de aprendizagem 
e transtornos psíquicos e emocionais. 
b) Segundo Visca, foram três tristes fatos que contribuíram para o desenvolvimento 
da Psicopedagogia na Argentina: a Guerra Civil Espanhola, a Segunda Guerra 
Mundial e a repressão militar (nas décadas de 70 e 80) a Argentina sofreu grande 
repressão e intimidação, em que desaparecem 30.000 pessoas. 
c) A Psicopedagogia, área científica que atua na aprendizagem humana, surgiu 
para atender crianças, que por diferentes motivos, não conseguiam aprender. 
Como ciência, seu objeto de estudo é o sujeito em processo de aprendizagem. 
d) Surgiu no final do século XIX para concorrer com a psicologia que se consolidava 
enquanto ciência que se dedicava a estudar o comportamento humano. Seu 
objetivo inicial era estritamente clinico. 
https://www.fnac.com.br/
 
38 
e) A Psicopedagogia que surgiu na Europa através da junção de ciências como a 
Psicologia e a Medicina e tinha como objetivo a reabilitação de crianças com 
baixo desempenho escolar 
 
ALTERNATIVA CORRETA: C 
A Psicopedagogia, área científica que atua na aprendizagem humana, surgiu para 
atender crianças, que por diferentes motivos, não conseguiam aprender. Como 
ciência, seu objeto de estudo é o sujeito em processo de aprendizagem. 
 
 
 
Vale a pena conferir as sugestões de leituras sobre o tema da psicopedagogia 
e neurociências! Aproveite 
 
 
Fonte: https://www.fnac.com.br 
 
 
 
https://www.fnac.com.br/
 
39 
 
Nesta unidade você estudou e conheceu tudo sobre a Psicopedagogia: como 
surgiu, sua trajetória ao longo da história no Brasil e no mundo, os principais autores 
e as contribuições que a partir dela foram geradas visando o processo de ensino e de 
aprendizagem. 
Você foi levado (a) a pensar sobre a aprendizagem e os conflitos que a 
envolvem entre elas, as dificuldades que surgirão e fazem parte desse processo. 
Sabemos que para Piaget a construção do conhecimento ocorre quando 
acontecem ações físicas ou mentais sobre objetos que, provocando o desequilíbrio, 
resultam em assimilação ou, acomodação e assimilação dessas ações e, assim, em 
construção de esquemas ou conhecimento. Em outras palavras, uma vez que a 
criança não consegue assimilar o estímulo, ela tenta fazer uma acomodação e após, 
uma assimilação e o equilíbrio é, então, alcançado. 
Conhecendo a teoria, fica mais fácil identificar as anormalidades dentro desse 
processo, ou seja, quando o educando por algum motivo não conseguiu assimilar o 
conteúdo trabalhado em sala. 
Nesse sentido, o conhecimento e a atuação do psicopedagogo são de extrema 
importância para intervenção e busca de resultados, reversão do quadro e o trabalho 
preventivo na escola. 
Esperamos que os conteúdos tenham sido proveitosos para você, nas próximas 
unidades você conhecerá um pouco mais sobre as neurociências e sua contribuição 
para a educação. 
Tenha sempre em mente que a razão da instituição escolar existir é a promoção 
da aprendizagem e da construção de conhecimento dos alunos e você serão 
responsáveis por parte disso. 
Vamos agora para a Unidade II, conhecer mais um pouco sobre a 
Psicopedagogia na atualidade: ética, áreas de atuação e desafios. 
Bons estudos! 
 
 
40 
UNIDADE II 
PSICOPEDAGOGIA NA ATUALIDADE: ética, áreas de atuação e desafios 
 
 
Conteúdos trabalhados na unidade: Campo de Atuação e Mercado de 
Trabalho do Psicopedagogo. Multidisciplinaridade, Interdisciplinaridade, 
Transdisciplinaridade no Trabalho Psicopedagógico. A Psicopedagogia 
contemporânea e as Novas Tecnologias Novos Enfoques no Trabalho 
Psicopedagógico. O Código de Ética do Psicopedagogo. Ética e Responsabilidade 
Social no Trabalho Psicopedagógico. 
 
Objetivos desta Unidade: 
a) Proporcionar aos futuros profissionais uma reflexão crítica e sistemática sobre 
a práxis psicopedagógica e a busca da identidade profissional do 
Psicopedagogo Institucional; 
b) Regulamentação da profissão, ética profissional, formas de atuação no 
mercado de trabalho e desafios; 
c) Relacionar a práxis psicopedagógica à realidade educacional brasileira, 
fundamentando o trabalho nos princípios do Manual de Ética Profissional do 
Psicopedagogo. 
 
Essa é a Unidade II da sua disciplina Fundamentos da Psicopedagogia. Nela, 
iremos conhecer os campos de trabalho do profissional e discutir sobre o fazer 
psicopedagógico. Você irá compreender como a Psicopedagogia está pronta para 
atender crianças, adolescentes e adultos que, por diferentes motivos, não conseguem 
aprender. 
 
 
 
 
 
41 
2.1. A psicopedagogia e o psicopedagogo 
 
Sabemos que a Psicopedagogia é uma ciência que busca compreender as 
diferentes formas de aprendizagem humana. Seu objeto de estudo é o sujeito em 
processo de aprendizagem. O psicopedagogo é o profissional capacitado para se 
ocupar da prevenção e do tratamento das dificuldades de aprendizagem em 
interlocução com diferentes áreas de conhecimento. 
O espaço de atuação em Psicopedagogia no Brasil, que de início se restringia 
às clínicas seguindo o modelo europeu e norte-americano, se expandiu para as 
instituições escolares, hospitais, empresas e área de pesquisa e produção de 
conhecimento. A Psicopedagogia, em amplo crescimento como área profissional, tem 
o desafio de preparar profissionais aptos a atuarem num mercado de trabalho cada 
vez mais exigente e complexo. 
A psicopedagogia contemporânea tem contribuído para transformar as 
condições em que ocorrem os processos de ensino-aprendizagem, usando a seu 
favor os recursos tecnológicos, as mídias digitais, mas sem perder seu principal foco, 
as dificuldades de aprendizagem. 
Ao longo do curso você terá a oportunidade de estreitar seu interesse acerca 
dos conteúdos. Em cada disciplina e unidades, irá conhecer e se aprofundar dos 
conhecimentos que envolvem o desenvolvimento humano e aprendizagem, em seus 
vários aspectos. 
A Psicopedagogia evoluiu e se consolidou para se constituir numa área 
aplicada, interdisciplinar e transdisciplinar. Ela integra e constrói sua própria síntese a 
partir das contribuições de várias áreas de conhecimento, tais como a Pedagogia, a 
Psicologia, a Psicolinguística, a Sociologia, a Epistemologia Genética, a Neurologia, 
a Psicanálise e das Neurociências, buscando não só o tratamento, mas também a 
prevenção das dificuldades no processo de aprendizagem na especificidade do sujeito 
que aprende, enquanto singular e único. 
Nessa Unidade abordaremos conceitos importantes para a prática profissional 
de atendimento do Psicopedagogo como: 
 
42 
• Multidisciplinaridade: ocorre quando para a solução de um problema torna 
necessário obter informação de duas ou mais ciências ou setores do 
conhecimento sem que as disciplinas envolvidas no processo sejam elas 
mesmas modificadas ou enriquecidas. 
• Interdisciplinaridade: mais pela prática do que pela teoria, uma vez que a 
interdisciplinaridade esta acontecendo, e a partir disso, uma teria tem sido 
desenvolvida. A interdisciplinaridade confere ao trabalho psicopedagógico o 
cunho científico ao estabelecer

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