Aula 7 - Índices antropométricos de saúde

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Teoria da avaliação
morfofuncional
Aula 7 - Índices antropométricos de saúde
INTRODUÇÃO
Nesta aula, estudaremos os índices antropométricos relacionados à saúde. Além disso, vamos aprender a calcular e
interpretar o índice de massa corporal, índice relação cintura-quadril, índice de conicidade e circunferência da cintura.
OBJETIVOS
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Identi�car os principais índices antropométricos de saúde.
Descrever as equações para cálculo do índice de massa corporal, índice relação cintura-quadril e índice de conicidade.
Explicar como interpretar corretamente os resultados de índice de massa corporal, índice relação cintura-quadril, índice de
conicidade e circunferência da cintura.
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INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS DE SAÚDE
Os indicadores de saúde são parâmetros utilizados para mapear a saúde de uma população por meio de índices que
representam razões entre duas grandezas (proporções corporais) de forma que uma não inclua a outra.
Um exemplo disso é o Índice Cefálico = (diâmetro transverso do crânio)/(diâmetro longitudinal de crânio) × 100.
Tais índices sofrem modi�cações com o crescimento físico (alterações progressivas observadas nas dimensões integrais
do corpo ou em suas partes e segmentos especí�cos), alterando os padrões relacionados à proporcionalidade corporal
(que procura reunir elementos quanto às proporções ou às relações que se estabelecem entre as dimensões
antropométricas dos distintos segmentos do corpo humano).
ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC)
Desde o início da antropometria existia a necessidade de se estabelecer um índice para o peso corporal relativo.
     
IMC em adultos
Quetelet (1796-1874) observou, em tabelas publicadas na época, que apresentavam para ambos os gêneros, pesos
corporais médios para a idade e estatura especí�cas, que a massa corporal de adultos é proporcional à estatura,
veri�cando ser a relação existente igual à massa corporal (kg)/estatura (m).
     
IMC em crianças
Para interpretarmos adequadamente o IMC em crianças, devemos relembrar o que é percentil.
Em estatística descritiva, o késimo percentil Pk é o valor x que corresponde à frequência cumulativa de N k/100, onde N é
o tamanho amostral.
Portanto, o 1º percentil determina o 1% menor dos dados e o 98º percentil determina o 98% menor dos dados.
E como interpretamos o grá�co?
A parte inferior do grá�co mostra as idades (2 a 20 anos). Os lados esquerdo e direito do grá�co mostram os valores do
IMC.
As linhas existentes determinam que, aos 2 anos, 95% das meninas têm um IMC inferior a 19,2 e 5% têm menos do que
14,4.
Aos 20 anos, 95% das meninas têm um IMC inferior a 32 e 5% têm um menor do que 17,8.
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Então, para encontrar o IMC da criança ou adolescente, deve-se ler na horizontal a idade e acompanhar a linha vertical
veri�cando onde esse ponto está, ou seja, entre quais linhas de percentis ele se encontra.
Exemplo:
Uma menina de 12 anos de idade e com IMC de 18kg/m2 está um pouco abaixo do percentil 50%.
PDF
, Clique aqui (galeria/aula7/docs/a07_04_01.pdf) para entender melhor os grá�cos e classi�cação de percentis.
LIMITAÇÕES DO IMC
De acordo com as Diretrizes Brasileiras de Obesidade (ABESO, 2009), o IMC é um bom indicador, mas não totalmente
correlacionado à gordura corporal.
Este índice possui limitações como:
  Não distinguir massa gorda e massa magra (pode ser subestimado em idosos e superestimado nos indivíduos
musculosos);
  Não re�ete, necessariamente, a distribuição da gordura corporal;
  Não indica, necessariamente, o mesmo grau de gordura em populações diversas por causa das diferentes
proporções corporais.
Combinar o IMC com medidas da distribuição de gordura pode ajudar a resolver algumas dessas limitações.
ÍNDICE RELAÇÃO CINTURA-QUADRIL
A relação cintura-quadril é um índice utilizado para veri�car a presença de gordura na região do abdome e constitui um
elemento para prognóstico de eventos cardiovasculares em adultos.
Trata-se de uma ferramenta rápida, fácil e e�ciente na identi�cação de pessoas com risco de saúde elevado devido à
gordura abdominal.
Ele é capaz de veri�car o risco que uma pessoa tem de apresentar doenças cardiovasculares, pois, quanto maior a
concentração da gordura abdominal, maior o risco de problemas como:
Colesterol alto;
Diabetes;
Hipertensão;
Aterosclerose.
A presença dessas doenças em conjunto com o excesso de gordura na região abdominal do corpo aumenta o risco de
problemas ainda mais graves para a saúde que podem deixar diversas sequelas ou levar ao óbito, como:
Infarto agudo do miocárdio
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Isso acontece porque a gordura que é armazenada na região do abdome e nas vísceras há um caminho circulatório para o
fígado.
Nessa região, as células de gordura podem enviar ácido graxo livre diretamente para o fígado, que pode ser usado na
síntese de colesterol adicional, elevando o risco de doença cardíaca.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o índice relação cintura-quadril (IRCQ) um dos critérios para
caracterizar a síndrome metabólica, com valores de corte de:
0,90 para homens;
0,85 para mulheres.
Na população brasileira, o IRCQ também demonstra associar-se a risco de comorbidades.
Tabela 3. Classi�cação do IRCQ para homens
Idade Baixo Moderado Alto Muito Alto
Até 29 < 0,83 0,83 –
0,88
0,89 –
0,94
> 0,94
30 – 39 < 0,84 0,84 –
0,91
0,92 –
0,96
> 0,96
40 – 49 < 0,88 0,88 –
0,95
0,96 –
1,00
> 1,00
50 – 59 < 0,90 0,90 –
0,96
0,97 –
1,02
> 1,02
Acidente vascular encefálico (derrame)
Esteatose hepática (gordura no fígado)
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> 59 < 0,91 0,91 –
0,98
0,99 –
1,03
> 1,03
Fonte: Bray e Gray (1988)
Tabela 4. Classi�cação do IRCQ para mulheres
Idade Baixo Moderado Alto Muito Alto
Até 29 < 0,71 0,71 –
0,77
0,78 –
0,82
> 0,82
30 – 39 < 0,72 0,72 –
0,78
0,79 –
0,84
> 0,84
40 – 49 < 0,73 0,73 –
0,79
0,80 –
0,87
> 0,87
50 – 59 < 0,74 0,74 –
0,81
0,82 –
0,88
> 0,88
> 59 < 0,76 0,76 –
0,83
0,84 –
0,90
> 0,90
Fonte: Bray e Gray (1988)
ÍNDICE DE CONICIDADE
O Índice de Conicidade (Índice C) constitui uma técnica antropométrica proposta para avaliar a obesidade e a distribuição
da gordura corporal, levando em consideração que a obesidade central, mais do que a obesidade generalizada, está
associada às doenças cardiovasculares.
Este índice foi recentemente desenvolvido por Valdez, Seidell, Ahn e Weiss (1993), e pode ter valor clínico no empenho de
medir a distribuição de gordura (HEYWARD; STOLARCZYK, 2000, p. 91; FERREIRA et al., 2004).
Está pautado na ideia de dois per�s morfológicos:
Pessoas que apresentam maior concentração de gordura na região central do tronco tem per�l semelhante à forma
de um duplo cone com uma base comum (extremo mais gordo).
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Figura 3. Índice C. Fonte: Dâmaso (2012)
O IC modela então o corpo humano no formato de um cilindro (índice C = 1,00) a de dois cones perfeitos com base
comum na cintura (Índice C = 1,73) (HEYWARD; STOLARCZYK, 2000, p. 91; FERREIRA et al, 2004).Apesar da existência de controvérsias, o índice C é reconhecido como um bom indicador de obesidade central.
Em conjunto com o IRCQ, eles representam os melhores indicadores de obesidade para discriminar risco coronariano
elevado (RCE) do que os indicadores de obesidade generalizada.
O índice C determina‐se através das medidas de:
  Cintura (em metros);
  Estatura (em metros);
  Peso corporal (em quilogramas).
Veja a equação matemática:
Pessoas com menor quantidade de gordura na região central do corpo têm aparência semelhante a um cilindro
(extremo mais estreito).
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A maior limitação para o seu uso como preditor de doenças coronarianas é a inexistência de pontos de corte generalizado
que possam discriminar alto risco coronariano.
Neste âmbito, Pitanga & Lessa (2004) adotam pontos de corte ≥ 1,25 e ≥ 1,18 para homens e mulheres, respectivamente.
CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA
A literatura é controversa. Ainda que o IMC seja utilizado para associação com risco cardiovascular, existem estudos que
apontam a circunferência abdominal e de cintura, e não o IMC, como os principais fatores associados ao risco de
desfechos adversos em saúde relacionados à obesidade.
Assim, tanto a circunferência da cintura e a relação cintura-quadril são medidas de adiposidade central que parecem
prever o risco cardiovascular e diabetes melhor do que o IMC.
O perímetro de cintura vem sendo utilizado para avaliar a distribuição da gordura corporal e o risco cardiovascular
associados à adiposidade.
Petroski (2011) observa que uma maior adiposidade visceral, independentemente da adiposidade total, é vista como um
fator de risco para a saúde em crianças e em adultos.
A circunferência de cintura é utilizada como preditor de risco cardiovascular pois é capaz de re�etir acúmulo de gordura
intra-abdominal ou visceral (NIH, 2000; NHANES, 2007; ROSSI, 2013).
A gordura visceral é considerada mais perigosa do que a subcutânea, pois, conforme já falado anteriormente, esta tem a
capacidade de, em lipólise, liberar ácidos graxos para o fígado, além de produzir mais interleucinas in�amatórias que, em
excesso, podem atuar como aterogênicas (GUIMARÃES et al., 2007).
A OMS (1998) sugere os valores descritos na tabela 5 para os pontos de corte da circunferência da cintura:
Tabela 5. Circunferência de cintura e risco de doença cardiovascular (DVC)
Risco de DCV
Circunferência de
cintura
Homens (cm)
Circunferência de
cintura
Mulheres (cm)
Sem risco < 94 < 80
Risco ≥ 94 ≥ 80
Risco muito alto ≥ 102 ≥ 88
Fonte: OMS (1998)
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EXERCÍCIOS
Questão 1: Como método para avaliar o estado do peso corporal, é mais provável que o índice de massa corporal produza
resultados enganosos para as pessoas que:
Tendem a armazenar gordura em um padrão androide.
Participam de exercícios de resistência pesada.
Têm uma predisposição genética para a obesidade.
Estão em uma dieta.
São altas.
Justi�cativa
Questão 2: Em que parte do dia uma pessoa deve se pesar para determinar o índice de massa corporal?
De manhã, antes do café da manhã.
À noite, antes do jantar.
Meio-dia, logo após o almoço.
À noite, antes de ir para a cama.
De manhã, após o café da manhã.
Justi�cativa
Questão 3: A obesidade é um problema de saúde grave que atinge várias pessoas ao redor do planeta. Marque a
alternativa que apresenta o único fator que NÃO é considerado desencadeador da obesidade:
Problemas genéticos.
Hábitos alimentares inadequados.
Hipertensão arterial.
Problemas hormonais.
Falta de atividades físicas regulares.
Justi�cativa
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Glossário