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Impresso por Doutor, CPF 151.197.967-45 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 02/06/2020 01:04:12 Fundamentos da Psicologia da Saúde Aula 1 O estudo da Psicologia é dividido em várias áreas, cada uma indicando um campo conceitual e uma área de aplicação específica. Psicólogos especializam-se, de acordo com o objeto de estudo, e atuam na saúde, na pesquisa social, no contexto hospitalar, na área jurídica, na clínica, entre outras. O que é a Psicologia da saúde? A Psicologia da Saúde tem por objetivo a promoção e manutenção da saúde e a prevenção da doença. Trata-se de um campo multidisciplinar interligado a outras áreas da Psicologia, tais como: Psicologia Comunitária, Clínica e Hospitalar. Ao mesmo tempo em que ressaltamos esta interseção, afirmamos a necessidade de diferenciar a Psicologia da Saúde e caracterizar seu campo de atuação. Nesse sentido, o psicólogo que atua no contexto hospitalar, por exemplo, está atuando na área da saúde. Mas a Psicologia da Saúde não se restringe à Psicologia aplicada a este contexto. A Psicologia Preventiva Comunitária, o atendimento a doentes terminais, o acompanhamento de pacientes com distúrbios alimentares são exercícios diferentes que também estão inseridos no objeto do nosso estudo. Atuação do psicólogo na psicologia da saúde: Para Matarazzo, a Psicologia da Saúde agrega conhecimentos que permitem ao psicólogo atuar: “Na promoção e na manutenção da saúde, na prevenção e no tratamento da doença, na identificação da etiologia e no diagnóstico relacionados à saúde, à doença e às disfunções, bem como no aperfeiçoamento do sistema de política da saúde” (MATARAZZO apud ANGERAMI, 2002, p.13). Angerami ressalta que as noções de saúde e doença englobam uma complexa interação entre aspectos físicos, psicológicos, sociais e ambientais. É fundamental que as diversas abordagens dentro do campo da saúde possam se harmonizar “no sentido de promoverem uma compreensão que não deixe de fora nenhum dos aspectos desse processo” (ANGERAMI, 2002, p.12). A atuação do psicólogo no campo da saúde é, desta forma, orientada para uma prática multidisciplinar. Para isso, é importante assinalar que a formação do psicólogo deve contemplar conhecimentos que englobem as bases biológicas, sociais e psicológicas da saúde e da doença. Breve histórico da Psicologia da Saúde A Associação Brasileira de Psicologia da Saúde (ABPSA) foi fundada em 2006. É uma associação com propósitos científicos e educacionais, que, além de incentivar a pesquisa, visa “facilitar a troca de informação, conhecimento e experiência entre seus membros, estimulando iniciativas que viabilizem redes de apoio mútuo” (ABPSA, 2012). Percebemos que é recente a preocupação em formalizar, dentro da Psicologia, um campo específico para estudos e intervenção no setor da saúde. Talvez por isso ainda haja certa dificuldade de definir estritamente o campo da Psicologia da Saúde, sem confundi-lo com outros afins. Apesar de recente do ponto de vista formal, o crescimento dessa área, no Brasil, é expressivo. Nos últimos vinte anos, aproximadamente, o setor de saúde pública foi o que mais absorveu psicólogos. Entretanto, a produção científica ainda é insuficiente. Impresso por Doutor, CPF 151.197.967-45 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 02/06/2020 01:04:12 Prática interdisciplinar – de trocas e relações profissionais que tenham como foco o paciente e sua recuperação A formação do psicólogo para a atuação na área de saúde Uma das preocupações do psicólogo da saúde é compreender como intervir levando em conta as demandas individuais, o sistema de saúde e os aspectos sociais. É comum o pensamento de que o psicólogo clínico, que pretende atender em consultório particular, não precisa compreender o funcionamento do sistema público de saúde no qual está inserida a sua prática. Entretanto, no contexto brasileiro contemporâneo, poucos são os psicólogos que trabalham apenas dentro dos consultórios. E, mesmo para os têm apenas essa prática, é fundamental o conhecimento mais amplo da carreira que escolheu. Neste sentido, é importante: • Estudo das bases orgânicas do comportamento; • Ter uma boa noção de Psicologia Social e trabalho com grupos; • Conhecimento da realidade brasileira; • Entender sobre a política de saúde pública. A criação do SUS e a atuação dos psicólogos Quanto ao conhecimento do funcionamento e regulamentação da saúde pública, ressaltamos que a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) fez nascer um panorama diversificado para a atuação dos psicólogos, a partir da política dos níveis de atenção e da organização, acolhimento e classificação de risco. Para a inserção nesse contexto, que se afirma cada vez mais como mercado de trabalho para o psicólogo, é importante conhecer sua proposta, limites e facilidades proporcionados ao saber psicológico. Assim, afirma-se a importância de uma formação que se desloca da ênfase na clínica tradicional e contempla a saúde em seus diversos aspectos: biológico, psicológico e social. Impresso por Doutor, CPF 151.197.967-45 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 02/06/2020 01:04:12 Desta forma, não se trata de suprimir a formação clínica, mas de valorizar, na formação do psicólogo, a diversidade do conhecimento, preparando o profissional para o contexto multidisciplinar contemporâneo. Aula 2 A saúde no Brasil até 1987 Antes do Sistema Único de Saúde (SUS) ser criado no Brasil, em 1988, o cenário da saúde brasileira era o seguinte: apenas os trabalhadores com carteira assinada tinham acesso ao atendimento na rede pública de saúde, por serem segurados pela previdência privada; a assistência médico-hospitalar era prestada pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), controlado pelo Ministério da Previdência e Assistência Social; as ações de promoção de saúde eram responsabilidade do Ministério da Saúde, que desenvolvia quase todas as campanhas que visavam à prevenção de doenças, como informação sobre o controle de endemias e vacinação. A Reforma Sanitária brasileira Trata-se de um movimento voltado para a ampliação dos direitos de cidadania à população, especialmente às camadas sociais marginalizadas. A limitação dos direitos civis, durante os anos de autoritarismo, agravou a desigualdade social com relação a direitos básicos, como o direito ao atendimento no setor da saúde pública. A proposta central da reforma sanitária era garantir o direito à saúde para todo cidadão, colocando em questão o dever do Estado nesse contexto. Podemos entender a Reforma Sanitária como um projeto dentro de uma trajetória maior – que englobou outros projetos econômico-sociais. Esse cenário de reivindicações contemplava a unificação do sistema de saúde através de uma nova política pública. Esse processo visava à universalização do atendimento e o acesso de toda a população, com extensão de cobertura de serviços. O movimento sanitarista brasileiro cresceu ao longo dos anos 1980 e ganhou representatividade através da participação de profissionais da saúde, políticos e lideranças populares. Com o objetivo de lutar pela reestruturação do sistema de saúde, este movimento teve como marco a 8ª Conferência Nacional de Saúde, ocorrida em Brasília, em 1986. As discussões centralizadas nesta conferência, que contou com a participação de representantes da população, resultaram em propostas que foram contempladas no texto da Constituição Federal, promulgada em 1988. As ideias também se consolidaram nas leis orgânicas de saúde, garantindo a valorização de um conceito ampliado de saúde, que engloba a promoção, proteção e a recuperação. A criação e regulamentação do SUS Como o resultantede um processo de mudanças sociais que englobou a saúde pública, O Sistema Único de Saúde é criado na Constituição de 1988 Mas, além da formalização garantida pela Constituição, outras leis são fundamentais para a compreensão da proposta de funcionamento do SUS. A Lei 8.080/90 de 19.09.90 - O SUS é definido pelo artigo 198 da Constituição Federal Brasileira (1988) e regulamentado pela Lei 8080 promulgada em 19 de setembro de 1990. A lei estabelece a integração das ações e serviços de saúde, substituindo um sistema regionalizado e hierarquizado. A saúde é assegurada como um dever do Estado. Mas nesse contexto, o Estado não diz respeito apenas ao governo federal. O Poder Público, no que diz respeito à saúde, abrange a União, os Estados e os municípios. A implementação do SUS implica a integração das obrigações de todas as esferas do governo e a construção de políticas setoriais, adequadas às diferentes realidades regionais. Impresso por Doutor, CPF 151.197.967-45 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 02/06/2020 01:04:12 A lei Orgânica da Saúde regulamenta as ações do SUS em todo o território nacional, estabelecendo diretrizes e detalhando as competências de cada esfera governamental. A lei: “Determina como competência do SUS a definição de critérios, valores e qualidade dos serviços. Trata da gestão financeira, define o Plano Municipal de Saúde como base das atividades e da programação de cada nível de direção do SUS e garante a gratuidade das ações e dos serviços nos atendimentos públicos” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Na lei 8.080/1990 estão formuladas a estrutura do SUS e as bases para o seu funcionamento. Faz parte da legislação que ampliou a definição de saúde, considerando-a também a partir de aspectos sociais, dentro da noção de qualidade de vida. Assim, são levados em conta diversos fatores determinantes, como: alimentação, moradia, saneamento básico, trabalho, educação, lazer e acesso a bens e serviços essenciais. A Lei 8.142/90 de 28.12.90 - trata do papel e participação da comunidade na gestão do SUS e da transferência de recursos financeiros entre União, estados e municípios. Fica estabelecida a participação da comunidade, que deve ser concretizada através dos Conselhos de Saúde. O Conselho Nacional de Saúde (CNS) institui um espaço de participação social na administração do Sistema Público. O Conselho Nacional consolida o controle social por intermédio dos Conselhos Estaduais e Municipais. “O CNS é uma instância coletiva, com poder de decisão. Ligado ao Poder executivo, é composto por 50% de usuários, 25% de trabalhadores de saúde e 5% de prestadores de serviços. Representantes do governo, profissionais de saúde e usuários estão entre os participantes e o número de conselheiros varia entre 10 e 20 membros. O Presidente é eleito entre os membros e a representação depende da realidade existente em cada área, preservando-se o princípio da paridade em relação aos usuários” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Ente as atribuições dos Conselhos de Saúde, destacam-se: • Propor a adoção de critérios que definam qualidade e melhor funcionamento do sistema de saúde; • Fiscalizar a movimentação de recursos; • Propor critérios para a execução financeira e orçamentária do Fundo de Saúde; • Examinar propostas e denúncias; • Estimular a participação social na administração do SUS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Novas premissas As leis 8.080/90 e 8.142/90 preveem os princípios de funcionamento do SUS, baseados em premissas que modificam a concepção de saúde e, consequentemente, o modelo de assistência: “O Sistema Único de Saúde é, por definição constitucional, um sistema público, nacional e de caráter universal, baseado na concepção de saúde como direito de cidadania e nas diretrizes organizativas de: descentralização, com comando único em cada esfera de governo; integralidade do atendimento; e participação da comunidade. A implantação do SUS não é facultativa e as respectivas responsabilidades de seus gestores – federal, estaduais e municipais – não podem ser delegadas. O SUS é uma obrigação legalmente estabelecida” (CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2012). A política que rege o SUS determina A (os estados e municípios passam a fornecer atendimento conforme descentralização as necessidades locais), a do atendimento (disponível a todos os cidadãos), a integralidade participação da comunidade nas decisões importantes relativas à saúde pública. Os princípios do SUS São elementos doutrinários e de organização do SUS. Dentre eles, destacam-se: Impresso por Doutor, CPF 151.197.967-45 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 02/06/2020 01:04:12 Universalidade - A saúde passa a ser vista como um direito de todos, como afirma a Constituição Federal de 1988. Promover e garantir a atenção à saúde para toda a população brasileira, sem distinção, torna-se obrigação do Estado Descentralização político-administrativa - O processo de descentralização, como já foi visto, consiste na redistribuição do poder, estabelecendo uma nova relação entre os três níveis (esferas) do governo – federal, estadual e municipal. Desta forma, cada uma das esferas tem atribuições próprias. Integralidade - A partir da criação do SUS, a atenção à saúde inclui tanto o tratamento quanto a prevenção da doença, englobando os meios individuais e os coletivos. As necessidades de saúde das pessoas ou de grupos devem ser levadas em conta. Cabe ressaltar que, dentro da visão ampliada de saúde, a qualidade do serviço oferecido também é valorizada, e não apenas o número de atendimentos. Equidade - O princípio da equidade refere-se à igualdade de oportunidades. Todos devem ter acesso ao sistema de saúde. Leva-se em conta a desigualdade de condições socioeconômicas que caracteriza o Brasil. A partir das disparidades regionais, que englobam fatores sociais e econômicos, as necessidades da população variam no que diz respeito à saúde. Equidade, nesse contexto, é compreendida como sinônimo de igualdade, no sentido de “igualdade de condição” para o acesso à saúde. Participação da comunidade – Esse princípio também é chamado de controle social. É regulado pela lei nº 8.142, que garante o direito de participação dos usuários na gestão do SUS. Essa participação se dá através dos Conselhos de Saúde, que são órgãos colegiados organizados em todos os níveis (nacional, estadual e municipal) e também através das Conferências de Saúde, que acontecem a cada quatro anos. Trata-se de dispositivos que visam à democratização das decisões no campo da saúde, dando à população papel ativo na gestão e fiscalização da política pública da saúde. O SUS e a cidadania O movimento que culminou na criação do SUS representa um avanço no que diz respeito à valorização da cidadania. Paim (2011) observa que a implementação do SUS representa um avanço e uma iniciativa que vai ao encontro do direito à cidadania. Segundo o autor, é um desafio manter uma gestão descentralizada num país com uma dimensão territorial do Brasil. A gestão descentralizada é um tema que demanda reflexão constante por parte dos envolvidos no setor da saúde, assim como fiscalização e tomadas de decisão que avaliem a situação local e as especificidades de cada região. Ressaltamos a importância da difusão da informação, com o objetivo de promover para a população a consciência do direito à saúde. A educação em saúde é um tema fundamental, que pode ser compreendido como: “Processo que objetiva promover, junto à sociedade civil, a educação em saúde, baseada nos princípios da reflexão crítica e em metodologias dialógicas (ou seja, que tenham como base o diálogo). É instrumento para a formação de atores sociais que participem na formulação, implementação e controle social da política de saúde e na produção de conhecimentossobre a gestão das políticas públicas de saúde, o direito à saúde, os princípios do SUS, a organização do sistema, a gestão estratégica e participativa e os deveres das três esferas de gestão do SUS” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). Dentro da concepção ampliada de saúde, a educação é contemplada como um dos fatores condicionantes. A educação em saúde, especificamente, faz parte da preocupação com a prevenção da saúde, seja levando informações sobre doenças e cuidados essenciais, seja propagando os direitos do cidadão assegurados pela política pública vigente. Aula 3 Impresso por Doutor, CPF 151.197.967-45 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 02/06/2020 01:04:12 Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) - A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) foi aprovada pela Portaria 648/GM, em 2006, pelo Ministério da Saúde. Ela direciona o olhar para a porta de entrada do SUS através da organização da atenção básica, ressaltando a importância do PSF – Programa de Saúde da Família – e do Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Definição e princípios da atenção básica O modelo de atenção básica utilizado no Brasil leva em consideração a regionalização, ou seja, cada município oferece serviços de atenção básica conforme as necessidades da sua população local. Os serviços da atenção básica são direcionados para crianças, adolescentes, mulheres, adultos, idosos e famílias. O objetivo é atender as prioridades que dizem respeito a cada público específico. O conjunto de ações – coletivas ou individuais – que engloba a prevenção de doenças, a promoção e a proteção da saúde denomina-se .Atenção Básica Suas características estendem-se também ao diagnóstico, tratamento, reabilitação, manutenção e tudo o que diz respeito à saúde que se relacione diretamente com os serviços oferecidos no que se denomina atenção primária. É relevante considerar que: Os princípios do SUS orientam suas bases de ações: universalidade, integralidade, equidade, participação social. O foco é o acesso a serviços de saúde que permitam o cuidado humanizado, a construção do vínculo e sua continuidade com o serviço de referência. As tecnologias básicas e os recursos humanos devem atender aos problemas de maior relevância na comunidade na qual o serviço está sendo oferecido. A Atenção Básica está voltada para a população territorializada, ou seja, que tem um território definido para seus programas e ações, o que se denomina população de referência e comunidade adscrita – aquela que está circunstanciada nas adjacências da comunidade onde está inserido um determinado programa ou serviço e que também recebe seus benefícios. Fatores sociais do processo saúde/doença: A principal estratégia da atenção básica é o Programa da Saúde da Família, que conta com uma equipe de profissionais que atuam em conjunto para avaliar as necessidades de saúde da comunidade em que a Unidade Básica de Saúde (UBS) que lhe dá suporte está inserida. Alguns pontos que o PSF utiliza como base de atuação são: Redução de sofrimento e de danos; Prevenção de doenças e promoção de saúde; Qualidade de vida; Saúde mental. Diretrizes das Unidades Básicas de Saúde: Equipe profissional - Composta por: médico, enfermeiro, cirurgião-dentista, auxiliar de consultório dentário ou técnico de higiene dental, auxiliar de enfermagem ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde. Outros profissionais, como assistente social, psicólogo, fisioterapeuta, podem ser incluídos na equipe conforme a necessidade local. Espaço adequado - Espaço para o atendimento à população pelos profissionais de saúde: consultórios específicos e apropriados para a prática profissional. Impresso por Doutor, CPF 151.197.967-45 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 02/06/2020 01:04:12 A implantação de uma Unidade Básica de Saúde se dá conforme o número de habitantes, então, em grandes centros urbanos, é recomendado uma unidade de UBS sem o Programa de Saúde da Família para cada 30 mil habitantes. Já as Unidades Básicas de Saúde com o PSF devem ter como referência 12 mil habitantes cada. Organização do espaço - Recepção, local para arquivos, sala para enfermagem, sala de vacinas, banheiros, equipamentos e materiais necessários à prática profissional de cada agente de saúde que atua no programa. Trabalho das equipes de atenção básica: Território de atuação - O trabalho das equipes de atenção básica deve ter como referência seu território de atuação, ou seja, a população adscrita. Se uma unidade de saúde, que conta com os profissionais atuando no Programa de Saúde da Família, oferece serviços de saúde básicos, o esperado é que os problemas de saúde sejam atendidos com prioridade, conforme a demanda existente na comunidade. Grupos de risco - As ações voltadas para os grupos de risco também são muito valorizadas, pois fatores comportamentais, alimentares, ambientais, hábitos de higiene, podem prevenir ou acelerar o aparecimento de doenças. Para tal, se faz necessário a utilização de parcerias com outras secretarias do Município que possam contribuir para uma educação sanitária, para a prática de exercícios físicos, para hábitos saudáveis que permitam uma saúde biopsicossocial. Educadores - Os agentes de saúde são também educadores, pois todo o processo de promoção de saúde e prevenção de doenças passa pelo desenvolvimento de ações educativas que devem envolver a comunidade de forma participativa na construção da qualidade de vida. Assistência Integral - É importante ressaltar que as ações do SUS, incluindo aqui a atenção básica, devem estar pautadas em uma assistência integral que garanta acesso aos outros níveis de atenção à saúde. O atendimento humanizado, preconizado pelo HumanizaSUS , deve ser uma referência para atuação dos gestores e agentes de saúde. É na Unidade Básica de Saúde que deve ser realizado o primeiro atendimento à urgência odontológica e médica e, dependendo da gravidade do caso, pode haver encaminhamentos diversos. Planejamento e avaliação - As equipes devem participar do planejamento e avaliação das ações voltadas para as demandas existentes, ressaltando a promoção de saúde através de ações que envolvam diversos setores, integrando projetos que estejam diretamente relacionados com o desenvolvimento da saúde biopsicossocial. Obs: Os agentes comunitários de saúde têm como responsabilidade oferecer às famílias orientações e acompanhamento de saúde, fazendo uma conexão entre os profissionais de saúde e a comunidade. A saúde no Brasil depende de modelos de gestão que priorizem a qualidade de atendimento e a busca por resultados satisfatórios tanto para o usuário do sistema quanto para a própria unidade de saúde, a integração de diretrizes do SUS que preconizam um atendimento universal e igualitário. Conheça alguns desses modelos: O Pacto pela Vida reforça esses preceitos e ressalta a movimentação no sentido de uma gestão pública de referência em qualidade. A Portaria GM/MS n° 325, de fevereiro de 2008, valida o Pacto pela Vida. Leia a portaria na íntegra em aqui Conheça alguns objetivos e metas do Pacto pela Vida: • Atenção à saúde do idoso; • Controle do câncer de colo de útero e de mama; • Redução da mortalidade infantil e materna; Impresso por Doutor, CPF 151.197.967-45 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 02/06/2020 01:04:12 • Fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária, influenza, hepatite, AIDS; • Fortalecimento da atenção básica; • Saúde mental; • Atenção integral às pessoas em situação ou risco de violência; O Pacto em Defesa do SUS tem como principais características: • Valorizar compromissosentre gestores da saúde com a reforma sanitária; • Articular ações que qualifiquem o SUS enquanto política pública. O Pacto de Gestão do SUS define responsabilidades dos gestores e ressalta as relações solidárias entre aqueles que estão à frente da gestão de cada unidade de saúde. Segundo o Ministério da Saúde, são eixos estruturantes do Pacto de Gestão do SUS: • Regionalização solidária – cooperativa; • Planejamento; • Programação pactuada e integrada; • Regulação, controle, auditoria e avaliação; • Financiamento; • Participação social e controle público. Os níveis de atenção e o papel do psicólogo: Primário – Incorpora pequena densidade de tecnologia, com perfil de morbidade relacionado às doenças mais corriqueiras, com capacitação profissional simples, isto é, formação médica básica. É considerada a porta de entrada do SUS. Neste nível estão as UBS, onde são realizadas as ações dos programas de saúde (postos de saúde, PSF, Programa de Prevenção e Controle da Hipertensão, Programa de Saúde da Mulher, Programa de Saúde do Idoso, Programa Atenção Integral à Criança e Adolescente etc.) Secundário – Incorpora média densidade de tecnologia, com perfil de morbidade relacionado às doenças com padrão mais complexo que do nível primário, com capacitação profissional intermediária, isto é, formação médica específica, pois abarca as especialidades básicas: clínica, pediatria, ginecologia-obstetrícia e cirurgia geral. Neste nível estão os hospitais gerais. Terciário – Incorpora alta densidade de tecnologia, com perfil de morbidade relacionado às doenças muito complexas, com alta capacitação profissional, isto é, formação em subespecialidade, como neurocirurgia, por exemplo. Neste nível estão os hospitais altamente especializados. Papel do psicólogo nos níveis de atenção: Para os psicólogos, pela sua relativa recente inserção no setor da saúde, há a necessidade de uma formação que valorize a atuação em unidades de saúde nos 3 níveis de atenção, com possibilidades de estágios que permitam a clarificação do seu papel em cada um desses níveis, o que resulta em possibilidades de atuação mais concretas. Essencialmente, a atuação na atenção básica se caracteriza pelo desenvolvimento de um trabalho da equipe de saúde na – e com a – comunidade, através do modelo da vigilância da saúde, focando sobretudo, em ações de promoção à saúde e trabalhando também com prevenção e atenção curativa. A atuação da Psicologia nos níveis secundário e terciário vem crescendo muito com a prática da Psicologia Hospitalar, que permite ao psicólogo uma abrangência de serviços e ações nos mais diversos setores hospitalares, trabalho em equipe multidisciplinar ou interdisciplinar, através de práticas que envolvem a equipe de saúde, os pacientes e seus familiares. Pacto pela Vida e suas prioridades: • Atenção à saúde do idoso; • Controle do câncer de colo de útero e de mama; Impresso por Doutor, CPF 151.197.967-45 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 02/06/2020 01:04:12 • Redução da mortalidade infantil e materna; • Fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária, influenza, hepatite, AIDS; • Promoção da saúde; • Fortalecimento da atenção básica; • Saúde do trabalhador; • Saúde mental; • Fortalecimento da capacidade de resposta do sistema de saúde às pessoas com deficiência; • Atenção integral às pessoas em situação ou risco de violência; • Saúde do homem. Aula 4 Programas da Psicologia em relação às DST e a AIDS: A AIDS surgiu, no Brasil, no início da década de 1980, no exato momento em que o país sofria transformações político-sociais importantes para o direcionamento das ações políticas no campo da saúde e, no caso em particular, da AIDS. Nesta ocasião, podemos ressaltar o surgimento de alguns marcos históricos na área de saúde do país: a reforma sanitária, a Conferência Nacional de Saúde, a criação do SUS e todas as conquistas do movimento de saúde na elaboração da Constituição Federal Brasileira, de forma a garantir que o direito dos cidadãos brasileiros à saúde fosse assegurado, como citado no Art. 196: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988). Eixos da Política Nacional do programa brasileiro: Com o intuito de dar respostas políticas ao momento de epidemia do HIV/AIDS, a Política Nacional do programa brasileiro compreende três eixos principais, para que venham a funcionar de forma integrada e com base nos princípios do SUS: Promoção à saúde, proteção dos direitos fundamentais das pessoas vivendo com HIV e AIDS e prevenção da transmissão das DST, do HIV / AIDS e do uso indevido de drogas. – Esse componente articula suas diretrizes, estratégias e ações, tendo em vista a redução da incidência da infecção pelo HIV / AIDS e por outras DST. Diagnóstico e assistência – Visa a garantir o acesso a procedimentos de diagnóstico e tratamento à população em geral e a pessoas vivendo com DST / HIV / AIDS. Lei Federal nº 9313, de 13/11/1996, que dispõe sobre a obrigatoriedade do acesso universal e gratuito aos medicamentos antirretrovirais pelo sistema público de saúde, que contribui significativamente para a maior sobrevida e qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV / AIDS. Desenvolvimento institucional e gestão do programa – esse terceiro componente tem relação, principalmente, com o princípio de descentralização do SUS no que se refere aos vários aspectos de gestão do programa nacional, da execução de políticas e do seguimento de diretrizes pelos programas estaduais e municipais. A Psicologia e o campo DST / AIDS: O trabalho do psicólogo no campo das políticas públicas relativas às DST / AIDS respeita, praticamente, os mesmos compromissos sociais subjacentes às práticas profissionais que estabelecem os parâmetros a serem buscados nas ações desenvolvidas nesse campo. O psicólogo atuando no campo da AIDS deve: Impresso por Doutor, CPF 151.197.967-45 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 02/06/2020 01:04:12 Ajudar – ajudar no processo de ressignificação pessoal e coletiva das pessoas envolvidas no processo em especial na sua relação com o dia a dia. Atuar – atuar de modo auxiliar na recuperação das pessoas fragilizadas pela doença, buscando sua recolocação social e melhora na condição de vida. Observar – observar o contexto histórico particular de cada indivíduo, para que este não seja descolado do seu ambiente natural e zona de conforto neste processo de recuperação. Cada indivíduo é um mundo particular e isto deve ser respeitado. Capacitação do psicólogo: O psicólogo deve ter como referência a epidemiologia e os programas de saúde (federal, estaduais e municipais), pois essas informações fornecerão elementos para decidir quais serão as áreas prioritárias e as demandas da população. Três itens devem ser observados na capacitação de um psicólogo para este ambiente: Conhecimento teórico e prático sobre DST, HIV, AIDS e hepatites, além de informações básicas na área de saúde em geral e capacidade de controle de grupos. Conhecimento específico do conteúdo programático do sistema. Conhecimento sobre suporte pessoal, ou seja, como cuidar daquele que também cuida. Atuação do psicólogo em programas de DST/AIDS: Dentro do sistema promotor de saúde pública, principalmente nas equipes multidisciplinares, existe uma série de atividades onde a responsabilidade pertence a todos os profissionais de saúde que, na maioria das vezes, não é reconhecida como própria de uma ou outra profissão. É comum, nestes casos, ver o psicólogo questionara pertinência de dirigir uma ação educativa, uma vez que “não se formou para isso”. As ações comuns à equipe, no entanto, se inserem no paradigma da prevenção e da promoção da saúde, e estas constituem campo de atuação de todos os indivíduos envolvidos com as questões da saúde. Há relevância em como o profissional psicólogo deve se portar, em sua ação diante da fragilidade ao vírus HIV ou qualquer DST, não só pela vulnerabilidade social – que desfavorece em maior ou menor grau o indivíduo em análise - , mas também pela exposição a transtornos ou desordens emocionais. Sistema de prevenção de saúde: De acordo com a lógica de atenção proposta pelo SUS, além de desenvolver as noções de campo, núcleo e vulnerabilidade, as ações deverão estar organizadas em atividades de prevenção, promoção e assistência. O sistema de prevenção de saúde é divido em três níveis de complexidade: Prevenção primária – esta seria a primeira linha de defesa contra determinados agentes patógenos. São ações que visam à divulgação dos cuidados de prevenção ao DST / AIDS, e o psicólogo também se enquadra neste trabalho de palestras, aconselhamento individual e coletivo pré e pós-teste, oficinas e qualquer atividade que vise o esclarecimento a respeito do tema. Prevenção secundária – as ações da prevenção secundária devem ser exercidas pelo psicólogo e visam impedir o avanço da doença ou a sua cronicidade. Neste ponto, é importante a escuta psicológica e o aconselhamento com monitoramento da situação psicológica do sujeito atendido. Prevenção terciária – é a última linha de defesa e trabalha buscando a reabilitação, além de evitar ou diminuir o risco de invalidez total ou parcial, logo após a doença ter sido curada ou estabilizada, como no caso da AIDS. As ações da prevenção terciária constituem em intervenções na comunidade com o intuito de: Diminuir o preconceito e a discriminação;
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