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Escravidão sexual Direitos Humanos

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA 
DIREITO 
(DISCIPLINA ON-LINE ) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESCRAVIDÃO SEXUAL 
 
 
 
 
 
T r a b a lh o a p r e s en tad o a o C u r s o d e 
D i r e i t o , 3 º p e r io d o – D is c ip l ina 
D i r e i t o s H u m a n o s – D H . 
Pr o f . Le t i c i a B o r ge s 
A lu n o :Lu iz R a m o s - 2 0 1 9 1 101 316 
 
 
 
 
 
R io d e J a n e i r o 
2 0 2 0 
 
 
 
 
 
 
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Resumo 
Este trabalho tem por finalidade, trazer uma luz ao tema da escravidão sexual, que está ligado 
diretamente ao tráfico de seres humanos, Será feito um levantamento dos dispositivos legais e 
convenções, que foram elaborados de forma a inibir, descontinuar e punir, quem insiste em 
manter ativa esta conduta nefasta e repugnante, que reduz seres humanos a mera coisa 
imprimindo sofrimento a pessoas que são enganadas por uma opção de vida melhor em relação 
as condições que vivem em seus países muitas vezes devastados por guerras, economias falidas 
e governos autoritários. 
 
Tráfico de seres humanos para escravidão sexual 
De acordo com o Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas, a maioria das vítimas, são do sexo 
feminino que são destinadas a exploração sexual é o tipo de mais comum. Este relatório foi 
baseado na informação disponibilizada por 142 países, e coloca em evidência o tráfico de 
pessoas em áreas de conflitos armados e também a ligação com o tráfico de drogas. Muitos 
países estão identificando e condenando um número maior de traficantes de pessoas, e podemos 
ver esse movimento como uma evolução no combate a este crime. Sendo a exploração sexual, 
o principal objetivo do tráfico, o que representa 59% dos casos relatados. Porem esses dados 
não representam a realidade pois estamos apenas falando dos casos em que os países alimentam 
esse relatório, pois alguns países sequer se preocupam com a exploração sexual. Brasil, 
Portugal, Angola e Moçambique registam um declínio no número total de casos de tráfico de 
pessoas nos últimos três anos, porem cada vez mais tem aumentado no Brasil os casos 
relacionados a exploração sexual que muitas vezes é mascarado como prostituição. Para o 
enfrentamento efetivo da escravidão sexual, é preciso entender a estrutura dessa modalidade de 
crime como diz, Yury Fedotov, diretor-executivo do UNODC, “Precisamos avaliar onde o 
tráfico de pessoas está acontecendo, quem são as vítimas e quem está cometendo este crime”. 
O tráfico para exploração sexual, em particular, aumentou em paralelo com a diversificação das 
indústrias sexuais e com a reificação da sexualidade, a procura por serviços sexuais aumentou 
desde a década de 70, o que tornou um ramo econômico muito lucrativo, A indústria do sexo 
inclui a prostituição, a pornografia e o turismo sexual, esse último é o mais usado para 
escravizar, pois é uma pratica que os traficantes muito utilizam, devido a muitas mulheres e 
crianças serem oriundas de regiões de conflitos armados com governos autoritários, que muitas 
vezes endossam esse tipo de escravidão, o que dificulta o combate a esse tipo de crime. A 
maioria das vítimas morre antes dos 30 anos de idade, por diversos fatores, dentre eles as 
doenças sexualmente transmissíveis. A exploração sexual envolvendo crianças, é o componente 
ainda mais sombrio deste crime bárbaro. Historicamente, o “turismo” sexual desenvolveu-se 
maciçamente na Ásia durante as guerras da Coreia (1950-53) e do Vietnam (1955-75). As bases 
norte americanas estiveram na origem da criação de centros de prostituição e de casa de alterne. 
Depois da guerra, os militares foram gradualmente substituídos por turistas (Kempadoo, 2004 
e Jeffreys, 2009). Atualmente esse turismo sexual abrange o mundo, especialmente nos países 
em desenvolvimento. E quem faz uso desse turismo, alimenta a exploração sexual. De acordo 
com um relatório da Unicef (2019) Children in an urban world, meninas de nove a dezessete 
anos, migram a força (ou não) do campo para áreas mais desenvolvidas economicamente. 
Muitos países priorizam a economia em detrimento dos direitos humanos, pois a prostituição 
 
 
 
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infantil é vista como um trabalho normal e a sociedade a tem como fonte de sobrevivência 
devido as precárias condições sociais que vivem. 
 
Dispositivos legais e convenções 
Nos termos do artigo 3º, “a”, do Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra 
o Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de 
Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças (“Protocolo de Palermo”), considera-se tráfico de 
pessoas: 
[...] o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, 
recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, 
ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de 
pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre 
outra para fins de exploração. A exploração incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição 
de outrem ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados, escravatura 
ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos. 
É irrelevante o consentimento da pessoa traficada, se for usado qualquer um dos meios citados 
além disso, se a vítima for menor de 18 anos, será considerados tráfico de pessoas mesmo que 
não seja por à ameaça, uso da força ou a outras formas de coação. 
 
Existem dispositivos legais, destinados ao combate de tráfico de pessoas para exploração 
sexual, no âmbito internacional, nacional e também regional, esses parâmetros são recíprocos 
ao interagir no sentido de assegurar mais eficácia, para combater o tráfico de pessoas. 
Sistema global (ONU) 
O Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado 
Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial 
Mulheres e Crianças, estabelece importantes definições e disposições para aplicação de 
medidas destinadas a prevenir, reprimir e punir o tráfico de pessoas. O Protocolo tem por 
objetivo prestar uma atenção especial às mulheres e às crianças; proteger e ajudar as vítimas 
desse tráfico, respeitando plenamente os seus direitos humanos. Destaca-se ainda que as 
disposições desse Protocolo devem ser interpretadas e aplicadas de acordo com o direito 
internacional humanitário e o direito internacional dos direitos humanos, sem descriminação. 
“Protocolo de Palermo”, entrou em vigor no âmbito internacional em 25 de dezembro de 2003; 
foi ratificado pelo Brasil em 2004 (Decreto nº 5.017/04), bem como a Convenção da ONU 
contra o Crime Organizado Transnacional, que foi também ratificada pelo Brasil em 2004, 
Decreto nº 5.015. Esse documento destaca a primazia dos direitos humanos das pessoas 
traficadas e todos esforços e medidas adotadas para prevenir e combater o tráfico de seres 
humanos dentre outras proteções que visam garantir a dignidade da pessoa humana. 
 
Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança 
Estabelece uma série de medidas a serem adotadas pelos Estados-partes sobre Venda de 
Crianças, Prostituição e Pornografia Infantil. 
 
Convenção Internacional sobre Proteção dos Direitos de todos os Trabalhadores 
Migrantes e Membros de suas Famílias. 
Fixa parâmetros protetivos mínimos, sob a perspectiva de direitos humanos, a serem aplicados 
pelos Estados-partes aos trabalhadores migrantes e membros de suas famílias, 
independentemente de seu status migratório. 
 
 
 
 
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Convenção sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher 
Estabelece em seu artigo 6º, que os Estados-partes tomarão as medidas apropriadas, inclusive 
as de caráter legislativo, para suprimir todas as formas de tráfico de mulheres e exploração da 
prostituição da mulher. 
 
Além desses instrumentos mencionados, outras Convenções que objetivam coibir o 
tráfico foram ratificadas pelo Brasil em 1950: a) Convenção para a Repressão do Tráfico de 
Mulheres e Crianças de 1921; e b) a Convenção para a Repressão do Tráfico de Mulheres 
Maiores, de 1933. Contudo, estes documentos internacionais, datados das décadas de 20 e 
30, não são suficientes para responder à complexidade do tráfico na ordem contemporânea 
enquanto crime transnacional. Adicione-se, ainda, a Convenção e o Protocolo Final para a 
Supressão do Tráfico de Pessoas e do Lenocínio (Convenção de 1949). 
Convenções no âmbito da OIT 
Convenções da OIT nº 2927 e nº 105,28 relativas a trabalho forçado e compulsório; nº 182, 
relativa às piores formas de trabalho infantil;29 nº 143 relativa às migrações em condições 
abusivas e à promoção da igualdade de oportunidades e de tratamento dos trabalhadores 
migrantes. 
Sistema regional interamericano 
A Convenção de Belém do Pará (Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a 
Violência contra a Mulher) 
A Convenção Interamericana sobre Tráfico Internacional de Menores, versa sobre a prevenção 
e punição do tráfico internacional de menores, assim como a regulamentação de aspectos civis 
e penais relacionados. 
Organização dos Estados Americanos (OEA) 
Foi instituída uma Seção Antitráfico de Pessoas em 2004, com a missão de facilitar o 
intercâmbio de informações, realizar treinamento e capacitação, e promover políticas de 
enfrentamento ao tráfico de pessoas de forma a auxiliar os esforços empreendidos pelos 
Estados-membros da OEA para prevenir e combater o tráfico de pessoas, especialmente 
mulheres, adolescentes e crianças. Declaração de Montevideo contra o Tráfico de Pessoas, 
adotada em 2005, é uma iniciativa de cooperação para enfrentar o tráfico de seres humanos 
entre os Estados-membros do Mercosul. 
Dados sobre o Brasil 
A Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração 
Sexual Comercial no Brasil (PESTRAF), indica uma estreita relação entre pobreza e 
exploração sexual comercial, pois as rotas de tráfico apresentam-se em maior número nas 
regiões mais pobres do Brasil, revelando que a região Norte apresenta a maior concentração 
de rotas de tráfico, seguida pela região Nordeste. 
 
Conclusão 
Considerando-se os parâmetros normativos mencionados, para enfrentar a escravidão sexual de 
forma efetiva, se torna necessário, a adoção de medidas adequadas também em âmbito social 
para prevenir e reprimir o tráfico de pessoas, assim como para proteger e reparar os direitos das 
pessoas traficadas, ou seja prevenção, repressão e proteção, sobre a perspectiva dos direitos 
humanos e de gênero, pois muitas economias sobrevivem em paralelo com essa pratica 
criminosa, muitas vezes tolerada pela sociedade por falta de outra opção, devido a condições 
desumanas que alguns governantes, tratam as camadas mais pobres, fato esse que julgo ser 
responsável pelo constante aumento dessa pratica criminosa. 
 
 
 
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 Os Direitos Humanos tem um pressuposto axiológico e simbolizam ação social e a luta pela 
dignidade humana, destinado a prevenir as graves violações destes direitos. Não faz parte da 
natureza de nenhum ser humano ser possuído, usado, explorado e descartado. Não faz parte da 
natureza de ninguém ter sua dignidade vilipendiada a cada dia, a cada hora e em cada encontro. 
Essa pratica tão danosa tem se prolongado ao longo do tempo, mesmo com todos esses 
mecanismos de controle, e muitos destes tratados e convenções, são normas que não são 
respeitadas na pratica. 
 
 
 
 
 
 
Referencias: 
TORRES, Hédel de Andrade. Tráfico de Mulheres – Exploração Sexual: 
Liberdade à Venda. Brasília: Rossini Corrêa, 2012. 
 
TOMÁS, Julia. O Tráfico de Seres Humanos para Exploração Sexual. Ed. São Paulo, 2018. 
 
CUNHA, Danilo Fontenele. Revista do Tribunal Regional Federal da 3ª Região. In Tráfico de 
mulheres para fins sexuais, p.119. São Paulo, 2019. 
 
PIOVESAN, Flavia e KAMIMURA, Akemi. Revista do Tribunal Regional Federal da 3ª Região. In 
Tráfico de pessoas sob a perspectiva de direitos humanos. P.173. São Paulo, 2019. 
 
The Counter Traffi cking Data Collaborative (CTDC) é uma plataforma que reúne dados sobre tráfico 
de pessoas no mundo, disponível em: https://www.ctdatacollaborative.org. 
 
UNODC. Global report on trafficking in persons 2018. Dez. 2018. Disponível em: 
https://url.gratis/ML7t4 
 
E-book Tráfico de pessoas. Disponível em: http://www.upis.br 
 
 
 
 
https://www.ctdatacollaborative.org/
https://url.gratis/ML7t4
https://url.gratis/ML7t4
http://www.upis.br/

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