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Procedimento Comum - Processo de Conhecimento 1) Petição Inicial: O processo civil brasileiro adotou o princípio da inércia da jurisdição, razão pela qual o processo deve ter início por vontade da parte, cabendo ao juiz, subsequentemente, promover o desenvolvimento do processo. O princípio norteador para que o juiz prossiga com o processo é o impulso oficial, previsto no artigo 2º do CPC/2015. O veículo de manifestação formal da demanda é a petição inicial, onde a lide é exposta ao juiz juntamente com os pedidos do autor ao réu para compor o litígio. O autor, portanto, faz duas manifestações na inicial: a) a demanda de tutela jurisdicional do Estado para intervir na lide com o réu, formando uma relação triangular; b) o pedido de alguma providência relativa ao réu que, pelo princípio da congruência, deve ser objeto do julgamento final da sentença do mérito. Destarte, pela Sententia debet esse libello conformis, a sentença deve ser vinculada ao que foi pedido na inicial. Requisitos da petição inicial A petição inicial deve, rigorosamente, ser elaborada na forma escrita em português, sendo firmada por advogado legalmente habilitado - salvo exceção prevista no art. 103 do CPC/2015 - constituído como representante judicial do demandante, contendo os requisitos indicados pelo art. 319 que seguem: I. Juízo a que se dirige; II. Nomes, prenomes, estados civil, existência de união estável, profissão, número no cadastro de pessoas físicas ou no cadastro nacional de pessoas jurídicas, endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu. Considerações acerca da identificação do réu “No caso do autor não possuir de imediato a identificação do réu, é lícito formular pedido ainda na petição inicial para que o juiz então determine diligências no sentido de obter os dados necessários; a petição não será indeferida se, a partir dos dados fornecidos relativos ao réu, ainda que incompletos, for possível localizar e intimar o réu. A possibilidade em tela se dá pois, a incompletude dos dados do réu não gera embaraços ao prosseguimento do processo, que é o que se busca evitar com a requisição de fornecimento de dados mais completos possíveis. Ademais, nada justificará o indeferimento da petição inicial pela incompletude dos dados do réu “se a obtenção das informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça” conforme art. 319, §3º do CPC/2015. Em primazia da garantia fundamental de acesso à justiça, o código prevê em seu art. 256, I a citação por edital de réu desconhecido ou incerto, de modo a resguardar o direito material acima das exigências legais quanto a forma.” III. Fatos e fundamentos jurídicos do pedido: apontamento de direito subjetivo que pretende exercitar contra o réu necessitando da tutela do Estado e apontar o fato do qual decorre o referido direito. O direito processual brasileiro, neste ponto, adotou a teoria da substanciação da causa de pedir, que diz não ser suficiente apontar o dispositivo legal daquilo que é postulado ante o juízo, e sim da necessidade de embasar relativamente à causa petendi que compreenda o fato ou conjunto de fatos ao qual se chegou no pedido proposto na inicial. Por tanto, de mister importância é que se faça a descrição do fato gerador do direito subjetivo, em face da apresentação dos dispositivos legais aplicáveis, uma vez que o juiz encontra-se vinculado aos fatos jurídicos expostos e não a fundamentação jurídica formulada. Dessa forma, não se apresenta como imprescindível a menção do texto legal que garanta o direito material subjetivo uma vez que iura novit curia. Para demandas que envolvam obrigações decorrentes de operações financeiras tais como financiamentos, empréstimos entre outras, há previsão legal que exige o detalhamento sobre quais são as obrigações e qual valor incontroverso da ação. IV. O pedido com suas especificações: apresentação do objeto da ação e do processo. O autor deve pedir duas medidas ao juiz, sendo elas: uma sentença - pedido imediato, e uma tutela específica ao bem jurídico que considera violado ou ameaçado - pedido mediato, que pode consistir em uma condenação do réu, declaração ou constituição de estado ou relação jurídica, conforme a sentença pretendida. V. Valor da causa: conforme art. 291, toda causa deve ser dotada de um valor certo; VI. As provas com que pretende provar as alegações: sob pena de sucumbência na causa, incumbe ao autor o ônus da prova de todas as alegações e fatos pertinentes à pretensão. Não deve, desde já, adotar medidas probatórias, mas sim apontar quais meios pretende utilizar para produzi-las; VII. Opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental, assim ficando autorizado o autor de incluir na petição inicial a sua pretensão de tutela de urgência, quando cabível e necessário. Despachos possíveis da petição inicial Nos juízos em que há mais de um juiz de igual competência, a distribuição da inicial deve ocorrer em repartição específica do juízo. Após, a petição inicial é levada ao magistrado que analisará os aspectos intrínsecos e extrínsecos da peça, despachando positiva ou negativamente. O Novo Código de Processo Civil traz duas formas de indeferimento, sendo elas: indeferimento por questões processuais com vícios que não foram sanados pelo autor no prazo concedido - art. 330, CPC/15 - e o julgamento pela improcedência liminar do pedido, que ocorre nos casos previstos no art. 332 do CPC/15, vindo a ser indeferida por questões jurisprudenciais. A matéria sobre o qual se fundamenta a ação é então analisada pelo juízo designado, onde se pode proferir uma decisão de quatro naturezas: a) determinação da citação: é o despacho positivo do juiz, onde a relação processual assume caráter trilateral, com a citação do réu; b) de saneamento da petição: quando são encontradas lacunas ou erros na inicial, o juiz deve abrir o prazo de 15 dias para que o autor a emende ou complete devendo indicar com precisão o que deve ser corrigido ou completado. No caso do autor não cumprir com a diligência, então o juiz indeferirá a inicial conforme artigo 321, §ú do CPC/15. O autor tem um prazo de 5 dias para apelar perante tribunal; c) do indeferimento da inicial: não atendidas as diligências de emendar a inicial, o juiz proferirá sentença sem resolução de mérito extinguindo o processo ou com trânsito em julgado nos casos em que não houver apelação da decisão; d) da improcedência liminar do pedido: o juiz rejeita o pedido em sentença com julgamento de mérito negativo imediato, independendo de citação do réu, cabendo recurso de apelação. Os casos excepcionais de improcedência liminar do pedido estão no artigo 332 do CPC/15.
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