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Manual Caseiro - Penal II 2020

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1 
1 
Sumário 
1. Crimes Contra a Pessoa ........................................................................................................................................... 2 
2. Crimes Contra a Honra ........................................................................................................................................ 111 
3. Crimes Contra o Patrimônio ................................................................................................................................ 176 
4. Crimes Contra a Dignidade Sexual ...................................................................................................................... 263 
5. Crimes Contra a Paz Pública ............................................................................................................................... 295 
6. Crimes Contra a Fé Pública ................................................................................................................................. 304 
7. Crimes Contra a Administração Pública .............................................................................................................. 333 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
2 
 
DIREITO PENAL II – PARTE ESPECIAL 
1. Crimes Contra a Pessoa 
HOMICÍDIO 
1. Conceito de Homicídio 
 
O homicídio é crime contra a vida. 
Nesse sentido, explica o prof. Cleber Masson “a vida constitui-se em direito fundamental do ser humano, 
consagrado no art. 5º da Constituição Federal. Trata-se de direito formal e materialmente constitucional, com 
caráter supraestatal. Não obstante, tem natureza relativa: pode sofrer limitações, desde que legítimas e 
sustentadas por interesses maiores do Estado. Nesse sentido, a admissão da pena de morte em tempo de guerra 
(CF, art. 5º, XLVII, a), a legítima defesa (CP, art. 25) e o aborto em determinadas situações legalmente previstas 
(CP, art. 128)”. 
Segundo o Professor Rogério Sanches, trata-se da injusta morte de uma pessoa praticada por outrem. 
Conforme proclama Nelson Hungria, homicídio é o tipo central dos crimes contra a vida. É o ponto culminante 
na orografia dos crimes. É o crime por excelência. 
 
Homicídio é a supressão da vida humana extrauterina praticada por outra pessoa. Se a 
vida humana for intrauterina estará caracterizado o delito de aborto. Se já iniciado o 
trabalho de parto, a morte do feto configura homicídio ou infanticídio (art. 123, CP).1 
 
2. Topografia do Homicídio 
Caput: homicídio doloso simples 
§ 1º: Homicídio doloso privilegiado 
§ 2º: Homicídio doloso qualificado 
§ 3º: Homicídio culposo 
§ 4º: Majorantes de pena 
§ 5º: Perdão judicial 
§ 6º: Majorante do grupo de extermínio ou milícia armada (Lei nº 12.720/12) 
§ 7º: Majorante para o feminicídio. 
 
 
2.1 Observações pontuais 
 Homicídio Preterdoloso 
 
1 Código Penal comentado / Cleber Masson. 
 
 
 
 
3 
3 
O homicídio preterdoloso não está previsto ao teor do art. 121 do Código Penal, trata-se de uma espécie 
qualificada de lesão corporal, lesão corporal seguida de morte. In casu, o resultado morte ocorre a título de 
culpa. 
Configura lesão corporal seguida de morte, prevista ao teor do art. 129, §3º, do Código Penal, e não 
sendo crime doloso contra a vida, NÃO É JULGADO perante o Tribunal do Júri. 
 
Homicídio versus Genocídio 
 
O crime de GENOCÍDIO tutela a diversidade humana e, por isso, tem caráter coletivo ou 
transindividual, não atraindo, por si só a competência do Tribunal do Júri. Ocorre que uma das formas de praticar 
genocídio é por meio da morte de membros do grupo. A competência constitucional para o julgamento de 
crimes contra a vida é do júri. Sendo o delito de genocídio atraído pelo Tribunal do Júri. 
Corroborado ao exposto, Cleber Masson: 
Genocídio é a destruição total ou parcial de grupo nacional, étnico, racial ou religioso (art. 
2º da Convenção contra o Genocídio, ratificada pelo Decreto 30.822/1952 c.c. art. 1º, a, da 
Lei 2.889/1956). A competência é do juízo comum, e não do Tribunal do Júri. Trata-se de 
crime contra a humanidade, e não de crime doloso contra a vida, pois não foi catalogado 
no Capítulo I do Título I da Parte Especial do Código Penal.2 
STF, já decidiu que no caso de genocídio com morte, o agente responde por homicídio mais genocídio, 
em concurso formal impróprio. São bens jurídicos próprios/distintos. 
 
Lei nº 2889/56 – Genocídio 
“Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, 
como tal: 
a) matar membros do grupo; 
Será punido: 
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra “a”. 
 
2 Código Penal comentado / Cleber Masson. 
 
 
 
 
4 
4 
Crimes contra a Segurança Nacional x Homicídio 
A tipificação do homicídio pode ser transferida do Código Penal para leis extravagantes em decorrência 
das características da vítima. Nesses termos, quem mata dolosamente e com motivação política o Presidente da 
República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal incide no crime 
definido pelo art. 29 da Lei 7.170/1983 – Crimes contra a Segurança Nacional. 
Assim, se a motivação for política contra os agentes mencionados restará afastado o delito de homicídio. 
 
3. Homicídio (art. 121 do Código Penal) 
Homicídio simples 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
 
3.1 Conduta 
Trata-se de crime de conduta livre. É classificado como crime de conduta livre porque não existe no 
art. 121 do CP um meio específico para se praticar o crime de homicídio. O homicídio pode ser praticado tanto 
por meio de ação quanto por omissão. No tocante a omissão, será praticado pelo denominado garantidor, isso 
porque ele devendo e podendo agir, nada o faz (art. 13, §2º do Código Penal). 
E em que momento acontece a morte? Se verifica com a cessação da atividade encefálica. 
Para a Sociedade Americana de Neurorradiologia, morte encefálica é o “estado irreversível de cessação 
de todo o encéfalo e funções neurais, resultante de edema e maciça destruição dos tecidos encefálicos, apesar 
da atividade cardiopulmonar poder ser mantida por avançados sistemas de suporte vital e mecanismos de 
ventilação”. 
Corroborando, Cleber Masson (Código Penal comentado): 
É o verbo matar. Trata-se de crime de forma livre. Pode ser praticado por ação ou por 
omissão, desde que presente o dever de agir (hipóteses previstas no art. 13, § 2º, do CP), de 
forma direta (meio de execução manuseado diretamente pelo agente) ou indireta (meio de 
execução manipulado indiretamente pelo homicida). Os meios de execução podem ser 
materiais (os que assolam a integridade física do ofendido) ou morais (a morte é produzida 
por um trauma psíquico na vítima como, por exemplo, a depressão que acarreta a morte em 
face do uso excessivo de medicamentos). 
 
 
 
 
5 
5 
Cumpre destacarmos que o meio de execução do delito de homicídio é livre, conforme mencionado 
acima. Contudo o meio de execução empregado poderá caracterizar uma qualificadora, como se dá no 
emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo 
comum (CP, art. 121, § 2º, III). 
 
3.2 Sujeito 
3.2.1 Ativo 
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime. Não se exige qualidade 
especial do agente. 
 
3.2.2 Passivo 
Qualquer pessoa viva pode ser sujeito passivo (vítima) do homicídio. É necessário que seja após o 
nascimento. 
O homicídio protege a vida humana extrauterina. Nessa vertente, Rogério Sanches (Código Penal para 
Concursos, 2019) “tutela-se a vida extrauterina, iniciada com o parto”. 
É necessário pelo menos o início do parto para que o crime de homicídio seja possível. Antes do início 
do parto a vida humana intrauterina não é protegida pelo art. 121 do CP, mas pelo crime de aborto, conforme 
será visto emsequência. 
Vejamos: 
ABORTO Homicídio (ou infanticídio) 
Protege a VIDA INTRAUTERINA VIDA EXTRAUTERINA 
 
Quanto ao início do parto, parte da doutrina afirma que ele se dá com a dilatação do colo do útero, 
enquanto outra parcela da doutrina defende que será com o início das contrações. Por fim, doutrina minoritária 
exige o início do desprendimento das entranhas maternas. 
Conforme Rogério Sanches, nas hipóteses em que o nascimento não se produzir espontaneamente, pelas 
contrações uterinas, como ocorre em se tratando de cesariana, por exemplo, o começo do nascimento é 
determinado pelo início da operação, ou seja, pela incisão abdominal. De semelhante, nas hipóteses em que as 
contrações expulsivas são induzidas por alguma técnica médica, o início do nascimento é sinalizado pela 
execução efetiva da referida técnica ou pela intervenção cirúrgica (cesárea). 
 
 
 
 
6 
6 
Nesse sentido, o STJ – 5ª Turma já se manifestou no HC 228.998-MG, “iniciado o trabalho de parto, 
não há falar mais em aborto, mas em homicídio ou infanticídio, conforme o caso, pois não se mostra 
necessário que o nascituro tenha respirado para configurar o crime de homicídio, notadamente quando existem 
nos autos outros elementos para demonstrar a vida do ser nascente” – Informativo 507, STJ. 
 
3.3 Tipo Subjetivo 
 
É o dolo, denominado de animus necandi ou animus occidendi. Não se reclama nenhuma finalidade 
específica. 
O homicídio poderá ser praticado tanto de forma dolosa (simples, privilegiado e qualificado) quanto 
culposa (culposo). 
Obs.: Cabe suspensão condicional do processo unicamente no homicídio culposo, desde que presentes os 
demais requisitos exigidos pelo do art. 89 da Lei 9.099/1995. 
Obs.: O homicídio culposo que se dá na direção de veículo automotor encontra-se tipificado no art. 302 do CTB. 
Vejamos: 
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: 
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão 
ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
3.4 Consumação 
Trata-se de crime material, consumando-se com o fim das atividades encefálicas, conforme 
determinado pela lei de transplante de órgãos. Assim, de acordo com a Lei nº 9.434, que trata sobre a remoção 
de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento, a morte acontece com a morte 
encefálica (art. 3º, da Lei nº 9.434). 
É crime não transeunte – aquele que deixa vestígios, desafiando exame de corpo de delito, direto ou 
indireto, nos termos do art. 158 e ss do CPP. 
A prova da materialidade realiza-se pelo exame necroscópico, que, além de atestar a morte, indica 
também suas causas. 
 
 
 
 
7 
7 
Cuida-se de crime instantâneo, pois se consuma em um momento determinado, sem continuidade no 
tempo. Há quem sustente, porém, ser o homicídio um crime instantâneo de efeitos permanentes, pois, embora a 
consumação ocorra em um único momento, seus efeitos são imutáveis. 
 
3.5 Classificação doutrinária 
 
O homicídio é crime simples (atinge um único bem jurídico); comum (pode ser praticado por qualquer 
pessoa); material (o tipo contém conduta e resultado naturalístico, exigindo este último – morte – para a 
consumação); de dano (reclama a efetiva lesão do bem jurídico); de forma livre (admite qualquer meio de 
execução); comissivo (regra) ou omissivo (impróprio, espúrio ou comissivo por omissão, quando presente o 
dever de agir); instantâneo (consuma-se em momento determinado, sem continuidade no tempo), mas há 
também quem o considere instantâneo de efeitos permanentes; unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual 
(praticado por um só agente, mas admite concurso); em regra plurissubsistente (a conduta de matar pode ser 
fracionada em diversos atos); e progressivo (para alcançar o resultado final o agente passa, necessariamente, 
pela lesão corporal, crime menos grave rotulado nesse caso de “crime de ação de passagem”). 
 
3.6 Ação Penal e Competência 
Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
A competência é do Tribunal do Júri para as modalidades dolosas e do juiz singular para o homicídio 
culposo. 
Lembre-se: homicídio culposo não é julgado perante o Tribunal do Júri. 
 
3.7 Observações (você não pode deixar de saber): 
 
• O homicídio contra o presidente da República, da Câmara, do Senado ou do STF que tem motivação 
política encontra-se regulamentado ao teor do art. 29 da Lei nº 7.170/83. A motivação política nessa 
conduta é essencial para a caracterização do delito em comento. 
• O crime de homicídio simples só será HEDIONDO quando praticado em atividade típica de grupo 
de extermínio. Para o Bitencourt, grupo de extermínio é aquele que mata generalizadamente 
indivíduos pertencentes a determinados grupos. 
 
 
 
 
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8 
4. Homicídio Privilegiado 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de 
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a 
um terço. 
 
4.1 Natureza jurídica – causa de redução de pena 
 
Não obstante a nomenclatura de homicídio privilegiado, trata-se, em verdade, de hipótese de diminuição 
de pena. Assim, segundo ensina Rogério Sanches privilégio, nesse contexto, equivale a causa de diminuição de 
pena. 
Corroborando, Cleber Masson “a denominação homicídio privilegiado é fruto de criação doutrinária e 
jurisprudencial. Na verdade, não se trata de privilégio, mas de causa de diminuição da pena”. 
Uma vez presentes os requisitos, o juiz DEVE reduzir a pena. A discricionariedade do juiz recai apenas 
quanto ao quantum da diminuição, mas não quanto a sua aplicação. 
 
Incomunicabilidade do privilégio 
O prof. Cleber Masson explica que as hipóteses legais de privilégio apresentam caráter subjetivo. 
Relacionam-se ao agente, que atua imbuído por relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta 
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, e não ao fato. Por corolário, a causa de diminuição da 
pena não se comunica aos demais coautores ou partícipes, em consonância com a regra prevista no art. 30 do 
Código Penal. 
Vejamos um exemplo: “A”, ao chegar à sua casa, depara-se com sua filha chorando copiosamente. 
Pergunta-lhe o motivo da tristeza, vindo a saber que fora ela recentemente estuprada por “B”. Pede então a “C”, 
seu amigo, que mate o estuprador, no que é atendido. “A” responde por homicídio privilegiado (relevante valor 
moral), enquanto a “C” deve ser atribuído o crime de homicídio, simples ou qualificado (dependendo do caso 
concreto), mas nunca o privilegiado, pois o relevante valor moral a ele não se estende. 
 
4.2 Análise das Causas Privilegiadoras 
 
 
 
 
9 
9 
a) Motivo de Relevante Valor Social 
 
Por valor social deve-se interpretar a situação em que o agente mata alguém para atender aos interesses 
da coletividade. Por exemplo: matar perigoso bandido que ronda a vizinhança/ indivíduo que mata o traidor da 
pátria. 
Corresponde assim, ao interesse de toda comunidade. O agente mata para preservar os interesses da 
comunidade. Corroborando, Cleber Masson: 
Motivo de relevante valor social é o pertinente a um interesse da coletividade. Não diz 
respeito ao agente individualmente considerado, mas à sociedade como um todo. Exemplo: 
matar um perigoso estuprador que aterroriza as mulheres e crianças de uma pacata cidade 
interiorana. 
 
É imprescindível que o motivo seja relevante! 
b) Motivo de Relevante Valor Moral 
 
O relevante valor moral está relacionado a existência de sentimentos nobres de natureza individual. 
Entende-se que há valor moral, quando o agente mata para atender interesses particulares, normalmente 
relacionados a sentimentos de piedade, misericórdia e compaixão. Exemplo: Eutanásia. 
A eutanásia pode ser ativa ou passiva. A ativa ocorre quando presentes atos positivoscom o fim de matar 
alguém, eliminando ou aliviando o sofrimento de alguém. Por outro lado, a passiva: se dá com a omissão de 
tratamento ou de qualquer meio capaz de prolongar a vida humana, irreversivelmente comprometida, acelerando 
a sua morte. 
Motivo de relevante valor moral é aquele que se relaciona a um interesse particular do 
responsável pela prática do homicídio, aprovado pela moralidade prática e considerado 
nobre e altruísta. Exemplo: matar aquele que estuprou sua filha ou esposa. E, como 
observado pelo item 39 da Exposição de Motivos da Parte Especial do Código Penal, é 
típico exemplo do homicídio privilegiado pelo motivo de relevante valor moral “a 
compaixão ante o irremediável sofrimento da vítima (caso do homicídio eutanásico)”.3 
 
3 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 
2018. 
 
 
 
 
10 
10 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2013 Banca: FCC Órgão: TRT - 15ª Região (SP) Prova: FCC - 2013 - TRT - 15ª Região - Técnico Judiciário 
– Segurança. O autor de homicídio praticado com a intenção de livrar um doente, que padece de moléstia incurável, 
dos sofrimentos que o atormentam (eutanásia), perante a legislação brasileira, 
A. não cometeu infração penal. 
B. responderá por crime de homicídio privilegiado. 
C. responderá por homicídio qualificado pelo motivo torpe. 
D. responderá por homicídio simples. 
E. responderá por homicídio qualificado pelo motivo fútil. 
 
Gab. B. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2015 Banca: MPE-SP Órgão: MPE-SP Prova: MPE-SP - 2015 - MPE-SP - Promotor de Justiça. O agente que, 
para livrar sua esposa, deficiente física em fase terminal em razão de doença incurável, de graves sofrimentos físico 
e moral, pratica eutanásia com o consentimento da vítima, deve responder, em tese: 
A. por homicídio qualificado pelo feminicídio, pois o consentimento da ofendida nenhuma consequência gera. 
B. por homicídio qualificado pelo feminicídio, agravado pelo fato de ter sido praticado contra pessoa deficiente, já 
que o consentimento da ofendida é irrelevante para efeitos penais. 
C. por homicídio privilegiado, já que agiu por relevante valor social, que compreende também os interesses 
coletivos, entre eles os humanitários. 
D. por homicídio privilegiado, já que agiu por relevante valor moral, que compreende também seus interesses 
individuais, entre eles a piedade e a paixão. 
E. por homicídio privilegiado, pois o estado da vítima faz com que pratique o crime sob o domínio da violenta 
emoção. 
 
Gab. D. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2017 Banca: FAPEMS Órgão: PC-MS Prova: FAPEMS - 2017 - PC-MS - Delegado de Polícia. Segundo 
Busato (2014), "o homicídio é uma violação do bem jurídico vida como tal considerado a partir do nascimento". E 
para Hungria (1959), esse crime constitui "a mais chocante violação do senso moral médio da humanidade 
civilizada". 
BUSATO. Paulo César. Direito Penal: parte especial, l.ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 19. HUNGRIA, Nelson. 
Comentários ao código penal. 4.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1959, p. 25. 
 
 
 
 
11 
11 
O Código Penal Brasileiro, em seu artigo 121, apresenta três modalidades de tipos penais de ação homicida, em que 
os elementos que o compõem podem ou não aparecer conjugados. Acerca das modalidades do crime de homicídio, 
variantes e caracterização, assinale a alternativa correta. 
A. É caracterizada como homicídio a morte de feto atingido por disparo de arma de fogo, quando ainda no ventre 
da mãe. 
B. O infanticídio é modalidade do homicídio qualificado pelo resultado, quando a mãe mata o próprio filho logo 
após o parto, sob a influência do estado puerperal, cuja pena é agravada. 
C. O latrocínio, por se tratar de espécie complexa de homicídio qualificado previsto no artigo 121 do Código Penal, 
não é julgado pelo Tribunal do Júri por envolver questões patrimoniais. 
D. A eutanásia, ou o homicídio piedoso, é reconhecida como conduta praticada por relevante valor moral, 
caracterizadora do homicídio privilegiado. 
E. O homicídio pode ser considerado qualificado /privilegiado quando praticado por relevante valor moral motivado 
por vingança. 
 
Gab. D. 
 
c) Domínio de Violenta Emoção, causada por injusta provocação da vítima 
 
A última privilegiadora relaciona-se com o estado anímico do agente, conhecido por parte da doutrina 
como homicídio emocional. 
Da simples leitura do dispositivo legal, retiramos os seus requisitos, quais sejam: 
• Domínio de violenta emoção; 
• Reação imediata; 
• Injusta provocação da vítima. 
 
c.1) Domínio de violenta emoção: domínio não se confunde com mera influência de violenta emoção. A 
influência meramente é causa atenuante (art. 65, CP). Com isso quer dizer que a emoção não deve ser leve e 
passageira ou momentânea. 
O Código Penal filiou-se a uma concepção subjetivista. Leva-se em conta o aspecto psicológico do 
agente que, dominado pela emoção violenta, não se controla. Sua culpabilidade é reduzida, refletindo na 
diminuição da pena a ser cumprida. 
 
 
 
 
 
12 
12 
#JÁCAIU esse assunto em prova de concurso do CESPE/2015 
Delegado de Polícia de Alagoas: Considere que José, penalmente imputável, horas após ter sido injustamente 
provocado por João, agindo sob a influência de violência emoção, tenha desferido uma facada em João, o que 
resultou em sua morte. Nessa situação, impõe-se em beneficio de José, o reconhecimento do homicídio privilegiado. 
Gab. ERRADO por duas circunstâncias. Primeiro, para que seja considerado o privilégio deve ocorrer LOGO EM 
SEGUIDA, e não horas depois, como afirma a questão. No mais, o sujeito estava apenas sob influência e nos termos 
da legislação é imprescindível que esteja sob o DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO. 
 
c.2) Reação imediata (logo em seguida a injusta provocação da vítima): para a configuração do privilégio se 
exige que o revide seja imediato, ou seja, sem intervalo temporal. A reação será considerada imediata, enquanto 
perdurar o domínio da violenta emoção. 
c.3) Injusta provocação da vítima: não significa necessariamente uma agressão, mas qualquer conduta 
desafiadora, mesmo que atípica. 
Exemplo1: Pai que mata o estuprador da filha. 
Exemplo2: Marido surpreende a esposa com outro ou (outra) na cama. 
Atenuante genérica X Causa de diminuição do homicídio 
A causa de diminuição de pena do homicídio não deve ser confundida com a atenuante genérica prevista 
ao teor do art. 65, III, C, 2ª parte do Código Penal. 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
 III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, 
ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; 
Vejamos: 
 Atenuante Genérica (art. 65, III, c, 2ª parte) Causa de Diminuição do Homicídio (art. 121, §1º) 
Sob a INFLUÊNCIA de violenta emoção, provocada 
por ato injusto da vítima. 
Sob o DOMÍNIO de violenta emoção, logo em 
seguida a injusta provocação da vítima. 
A intensidade é menor (influência). A intensidade é maior (domínio) 
Dispensa o requisito temporal Reação imediata (logo em seguida) 
Aplica-se a qualquer crime Aplica-se ao homicídio doloso 
 
 
 
 
 
13 
13 
O Supremo Tribunal Federal assim se manifestou acerca do assunto: 
A causa especial de diminuição de pena do § 1.º do art. 121 não se confunde com a atenuante 
genérica da alínea “a” do inciso III do art. 65 do Código Penal. A incidência da causa 
especial de diminuição de pena do motivo de relevante valor moral depende da prova de 
que o agente atuou no calor dos fatos, impulsionado pela motivação relevante. A atenuante 
incide, residualmente, naqueles casos em que, comprovado o motivo de relevante valor 
moral, não se pode afirmar que a condutado agente seja fruto do instante dos 
acontecimentos. 
 
4.2.1 Observações pontuais: 
 
• A emoção deve ser capaz de retirar o autocontrole do agente. O DOMÍNIO de violenta emoção 
mencionado no §1º não se confunde com a mera influência do estado anímico do agente. 
• Não pode haver lapso temporal entre a provocação e o homicídio, a reação é imediata. O dolo 
necessariamente será de ímpeto. 
• A jurisprudência afirma ser obrigatória a aplicação da causa de diminuição de pena quando incidente 
uma das privilegiadoras, inobstante o artigo de lei mencione “pode”. Atenção para o caso que a 
questão exigir tão somente a literalidade da lei. 
 
5. Homicídio Qualificado 
Com base no tipo fundamental descrito no caput do art. 121 do Código Penal, o legislador a ele agrega 
circunstâncias que elevam em abstrato a pena do homicídio. 
O homicídio qualificado encontra previsão ao teor do art. 121, §2º, do Código Penal. A pena passará a 
ser de reclusão de 12 a 30 anos, contemplamos que a pena do homicídio simples (6 – 20 anos) é sensivelmente 
majorada. 
O homicídio qualificado diferementemente do simples, em que só será hediondo em uma situação 
específica, é sempre hediondo. Assim, todo homicídio qualificado é crime hediondo. 
O homicídio qualificado é crime hediondo, qualquer que seja a qualificadora. É o que consta 
do art. 1.º, inciso I, in fine, da Lei 8.072/1990. 
Vejamos as circunstâncias que qualificam o homicídio. 
 
 
 
 
14 
14 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo futil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa 
resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a 
defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
Feminicídio 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela 
Lei nº13.142, de 2015). 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
§ 2º - A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Em 2015 as hipóteses de homicídio qualificado foram alteradas pelo advento das leis nº 13.104 e 13.142, 
respectivamente. 
Atenção: Diferentemente do homicídio simples, o homicídio qualificado é sempre hediondo, não 
importando a qualificadora. Nesse sentido, a Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos). 
Art. 1º - Lei nº 8072/90 - São considerados hediondos os seguintes crimes: I - homicídio 
(art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido 
por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV, V, VI e VII). 
Observação 
 
 
 
 
15 
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➢ O homicídio pode ser qualificado e privilegiado, quando a qualificadora for de natureza objetiva, ou seja, 
quando diz respeito ao meio através do qual o homicídio é praticado. 
 
#JáCaiuCESPE (CESPE - 2018 - MPU - Analista do MPU – Direito). 
 
Com relação aos crimes em espécie, julgue o item que se segue, considerando o entendimento firmado pelos 
tribunais superiores e a doutrina majoritária. 
Situação hipotética: João, penalmente imputável, dominado por violenta emoção após injusta provocação de 
José, ateou fogo nas vestes do provocador, que veio a falecer em decorrência das graves queimaduras 
sofridas. Assertiva: Nessa situação, João responderá por homicídio na forma privilegiada-qualificada, sendo 
possível a concorrência de circunstâncias que, ao mesmo tempo, atenuam e agravam a pena. 
É admissível a figura do chamado homicídio híbrido (privilegiado-qualificado), desde que a qualificadora seja 
objetiva, ou seja, relativa aos meios e modos de execução do crime. Assim, admite a compatibilidade entre o 
privilégio e as qualificadoras, desde que sejam de natureza objetiva. 
 
 
5.2 Análise das Qualificadoras 
O § 2.º do art. 121 do Código Penal contém sete incisos e, por corolário, sete qualificadoras. Os incisos 
I e II relacionam-se aos motivos do crime. Os incisos III e IV dizem respeito aos meios e modos de execução do 
homicídio. O inciso V refere-se à conexão, caracterizada por uma especial finalidade almejada pelo agente. Por 
sua vez, o inciso VI (feminicídio) vincula-se ao sexo da vítima, e também ao motivo do crime (“por razões da 
condição de sexo feminino”). Finalmente, o inc. VII liga-se ao delito cometido contra integrantes dos órgãos de 
segurança pública ou a pessoas a eles vinculadas pelo casamento, pela união estável ou pelo parentesco4. 
 
a) Mediante Paga ou Promessa de Recompensa, ou POR OUTRO MOTIVO TORPE (interpretação 
analógica) 
 
O homicídio realizado mediante paga ou promessa de recompensa é denominado de HOMICÍDIO 
MERCENÁRIO. 
Trata-se de crime de concurso necessário ou plurissubjetivo (número plural de agentes obrigatório), 
posto que deverá ter, necessariamente, a figura do mandante e do executor. 
 
4 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 
2018. 
 
 
 
 
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Nessa modalidade, o executor pratica o crime movido pela ganância do lucro, é dizer, em troca de alguma 
recompensa prévia ou expectativa do seu recebimento (matador profissional ou sicário). Trata-se de delito de 
concurso necessário (ou bilateral), no qual é indispensável a participação de, no mínimo, duas pessoas (mandante 
e executor: aquele paga ou promete futura recompensa; este aceita, praticando o combinado), conforme ensina 
Rogério Sanches. 
Na paga o recebimento é prévio. O executor recebe a vantagem e depois pratica o homicídio. Incide a 
qualificadora se o sujeito recebe somente parte do valor acertado com o mandante. Já na promessa de recompensa 
o pagamento é convencionado para momento posterior à execução do crime. 
 
 Interpretação Analógica 
 
O legislador fez uso da interpretação analógica. O dispositivo encerra uma fórmula casuística (“mediante 
paga ou promessa de recompensa”) seguida de uma fórmula genérica (“ou por outro motivo torpe”). Deixa 
nítido que a paga e a promessa de recompensa encaixam-se no conceito de motivo torpe, mas que outras 
circunstâncias de igual natureza, impossíveis de serem definidas taxativamente pela lei em abstrato, são de 
provável ocorrência prática. 
 
Qual a natureza da paga ou promessa de recompensa? Para parte da doutrina, a recompensa deve ser de 
natureza econômica, enquanto que outra parcela defende que esta pode ser de qualquer natureza, até mesmo 
sexual. Prevalece o entendimento que deve ser necessariamente de natureza econômica. 
 
Entende-se como motivo torpe, o motivo vil, ignóbil, repugnante, abjeto (quase sempre espelhando 
ganância). 
O legislador contemplou exemplos de torpeza, e encerrou elencando uma abertura, ou por outro motivo 
torpe, utilizando-se de interpretação analógica (formula casuística seguida de uma forma genérica). 
Desse modo, contemplamos que o inciso trabalha com interpretação analógica (exemplos seguidos de 
encerramento genérico). Cumpre destacar que não fere o princípio da legalidade, mas novos casos devem guardar 
similitude com os exemplos dado pelo legislador. 
 
 
 
 
 
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A qualificadora da torpeza se aplica ao mandante, ao executor ou a ambos? 
A jurisprudência majoritária entende que a qualificadora é aplicada tanto ao mandantequanto ao 
executor, corrente minoritária defende que ela só deveria ser aplicada ao executor. 
1ª Corrente: entende que a qualificadora abrange somente o executor, salvo se o mandante também age 
com torpeza. 
2ª Corrente: a qualificadora se aplica ao executor e ao mandante. É a corrente que prevalece, segundo 
Sanches. Todavia, o STJ decidiu – Info. 575 que havendo essa comunicação (possibilidade), ela não será 
automática. Nesse sentido, vejamos o teor do Informativo. 
 
Incidência da qualificadora do motivo torpe em relação ao mandante de homicídio 
mercenário. 
O reconhecimento da qualificadora da "paga ou promessa de recompensa" (inciso I do § 2º 
do art. 121) em relação ao executor do crime de homicídio mercenário não qualifica 
automaticamente o delito em relação ao mandante, nada obstante este possa incidir no 
referido dispositivo caso o motivo que o tenha levado a empreitar o óbito alheio seja torpe. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1.209.852-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 15/12/2015 
(Info 575). 
 
O que decidiu o STJ? 
▪ "A paga ou a promessa de recompensa" é uma circunstância acidental do delito de homicídio, 
de caráter pessoal e, portanto, incomunicável automaticamente aos coautores do homicídio. 
▪ No entanto, não há proibição de que esta circunstância se comunique entre o mandante e o 
executor do crime, caso o motivo que levou o mandante a encomendar a morte tenha sido 
torpe, desprezível ou repugnante. 
▪ Em outras palavras, o mandante poderá responder pelo inciso I do § 2º do art. 121 do CP, 
desde que a sua motivação, ou seja, o que o levou a encomendar a morte da vítima seja algo 
torpe. Ex: encomendou a morte para ficar com a herança da vítima. 
▪ Por outro lado, o mandante, mesmo tendo encomendado a morte, não responderá pela 
qualificadora caso fique demonstrado que sua motivação não era torpe. Ex: homem que 
 
 
 
 
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contrata pistoleiro para matar o estuprador de sua filha. Neste caso, o executor responderá por 
homicídio qualificado (art. 121, § 2º, I) e o mandante por homicídio simples, podendo até 
mesmo ser beneficiado com o privilégio do § 1º. 
• Fonte: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/03/info-575-stj2.pdf 
 
Motivo torpe e feminicídio: inexistência de bis in idem. 
Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de 
feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violência 
doméstica e familiar. Isso se dá porque o feminicídio é uma qualificadora de ordem 
OBJETIVA - vai incidir sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e 
familiar propriamente dita, enquanto que a torpeza é de cunho subjetivo, ou seja, continuará 
adstrita aos motivos (razões) que levaram um indivíduo a praticar o delito. STJ. 6ª Turma. 
HC 433.898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/04/2018 (Info 625). 
 
#JáCaiuDelta (CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia). 
- Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz, 
na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de 
seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois 
de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos, Carlos 
fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser socorrida. 
Acerca dessa situação hipotética, julgue o próximo item. 
 
Na situação considerada, em que Paula foi vitimada por Carlos por motivação torpe, caso haja vínculo familiar 
entre eles, o reconhecimento das qualificadoras da motivação torpe e de feminicídio não caracterizará bis in 
idem. 
 
CERTO. Conforme entendimento exarado no Informativo 625 do STJ. 
 
 
#Vingança e ciúme são motivos torpes? 
A verificação deve ser feita com base nas peculiaridades do caso concreto. 
Assim, a vingança pode ou não ser torpe, dependendo do caso concreto, embora seja um ato reprovável. 
Já se decidiu quem se vinga da morte do filho, matando o assassino, não age por motivo torpe. (Código Penal 
para Concursos, Rogério Sanches, 2016). Assim, não há uma prévia tipificação, dependendo valoração da causa. 
https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/03/info-575-stj2.pdf
 
 
 
 
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b) Por motivo fútil 
O motivo fútil é o motivo desproporcional, insignificante, caso em que o agente executa o crime por 
mesquinharia. Por exemplo, homicídio em decorrência de briga de trânsito ou discussão por cobrança de pequeno 
valor. É assim, aquele motivo pequeno demais para causar um homicídio. 
Nas lições do prof. Cleber Masson, motivo fútil é o insignificante, de pouca importância, completamente 
desproporcional à natureza do crime praticado. Exemplo: Age com motivo fútil o cliente que mata o dono do 
bar pelo fato de este ter lhe servido cerveja quente. Fundamenta-se a elevação da pena na resposta estatal em 
razão do egoísmo, da atitude mesquinha que alimenta a atuação do responsável pela infração penal. 
 
Ausência de motivo e não incidência da qualificadora (motivo fútil) 
Prevalece que a ausência de motivo não qualifica o homicídio, por constituir-se em analogia in malam 
partem, vedada pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro. 
A ausência de motivo não deve ser equiparada ao motivo fútil, pois todo crime tem sua motivação. Na 
linha da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: 
Na hipótese em apreço, a incidência da qualificadora prevista no art. 121, § 2º, inciso II, 
do Código Penal, é manifestamente descabida, porquanto motivo fútil não se confunde com 
ausência de motivos, de tal sorte que se o crime for praticado sem nenhuma razão, o agente 
somente poderá ser denunciado por homicídio simples. 
Vejamos: 
Ausência de Motivo equipara-se ao motivo fútil qualificando o homicídio? 
1ª Corrente: a ausência de motivos, equipara-se 
ao motivo fútil. Para referida corrente, seria um 
contrassenso qualificar um homicídio quando 
presente o motivo pequeno, e não qualificar 
quando ausente qualquer motivo. 
2ª Corrente: A ausência de motivo, por falta de 
previsão legal, não se equipara ao motivo fútil. Sob 
os fundamentos de violação ao princípio da 
legalidade e proibição de analogia in malam partem. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Prova: FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2019 - DPE-MG - Defensor Público. Sobre os crimes dolosos contra a 
vida, analise as afirmativas a seguir. 
(...) 
 
 
 
 
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III. De acordo com entendimento firmado no Superior Tribunal de Justiça, responde por homicídio simples aquele 
que pratica o delito sem motivo, não se admitindo a incidência da qualificadora do motivo fútil pelo simples fato de 
o delito ter sido praticado com ausência de motivos. 
A assertiva em comento encontra-se correta, em consonância com a explicação proposta logo acima. 
 
 Homicídio e motivo fútil 
 
Não há motivo fútil se o inicio da briga entre vítima e autor é fútil, mas ficar provado que o homicídio 
ocorreu realmente por conta de eventos posteriores que decorreram dessa briga inicial. 
Caso concreto julgado pelo STF: 
A vítima iniciou uma discussão com algumas outras pessoas por causa de uma mesa de 
bilhar. Tal discussão é boba, insignificante e, matar alguém por isso, é homicídio fútil. No 
entanto, segundo restou demonstrado nos autos, o crime não teria decorrido da discussão 
sobre a ocupação da mesa de bilhar, mas sim do comportamento agressivo da vítima. Isso 
porque a vítima, no início do desentendimento, poderia deixar o local, mas preferiu 
enfrentar os oponentes, ameaçando-os e inclusive, dizendo que chamaria terceiros para 
resolverem o problema. Logo, a partir daí os agentes mataram a vítima, não mais por causa 
da mesa de sinuca e sim por conta dos fatos que ocorreram em seguida. 
Segundo noticiado no Informativo, o STF entendeuque “o evento ‘morte’ decorreu de 
postura assumida pela vítima, de ameaça e de enfrentamento”. Logo, não houve motivo fútil. 
Info 716, STF. 
 
Se o fato surgiu por conta de uma bobagem, mas depois ocorreu uma briga e, no contexto desta, houve 
o homicídio, tal circunstância pode vir a descaracterizar o motivo fútil. Info 524, STJ. 
Cleber Masson fornece um exemplo: 
“Depois de discutirem futebol, “A” e “B” passam a proferir diversos palavrões, um contra o outro. Em 
seguida, “A” cospe na face de “B”, que, de imediato, saca um revólver e contra ele atira, matando-o. Nada 
 
 
 
 
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obstante o início do problema seja fútil (discussão sobre futebol), a razão que levou à prática da conduta homicida 
não apresenta essa característica.” (Direito Penal esquematizado. 3ª ed., São Paulo: Método, 2011, p. 31). 
Vale ressaltar, no entanto, que “a discussão anterior entre vítima e autor do homicídio, por si só, não 
afasta a qualificadora do motivo fútil” (AgRg no REsp 1113364/PE, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta 
Turma, julgado em 06/08/2013). Assim, é preciso verificar a situação no caso concreto. Info 524, STJ. 
 
Candidato, o dolo eventual e motivo fútil é compatível? 
A qualificadora do motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP) é compatível com o homicídio 
praticado com dolo eventual? SIM. O fato de o réu ter assumido o risco de produzir o 
resultado morte (dolo eventual), não exclui a possibilidade de o crime ter sido praticado por 
motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo 
que ensejou a conduta. STJ. 5ª Turma. REsp 912.904/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 
06/03/2012. STJ. 6ª Turma. REsp 1601276/RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 
13/06/2017. 
 
Motivo fútil em homicídio decorrente da prática de racha 
Hipótese de inexistência de motivo fútil em homicídio decorrente da prática de "racha" 
Não incide a qualificadora de motivo fútil (art. 121, § 2°, II, do CP), na hipótese de homicídio 
supostamente praticado por agente que disputava "racha", quando o veículo por ele 
conduzido — em razão de choque com outro automóvel também participante do "racha" — 
tenha atingido o veículo da vítima, terceiro estranho à disputa automobilística. STJ. 6ª 
Turma. HC 307617-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis 
Júnior, julgado em 19/4/2016 (Info 583). 
 
c) Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa 
resultar perigo comum. 
Veneno é a substância de origem química ou biológica capaz de provocar a morte quando introduzida 
no organismo humano. Cumpre destacarmos que determinadas substâncias, inócuas para as pessoas em geral, 
podem ser tratadas como veneno quando, em particular no organismo da vítima individualmente considerada, 
 
 
 
 
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sejam aptas a levar à morte, em razão de alguma doença ou como resultado de eventual reação alérgica. 
Exemplos: injetar glicose em diabético; ou ministrar anestésicos em alérgico de modo a nele provocar choque 
anafilático. 
Segundo Rogério Sanches, o veneno consiste em qualquer substancia biológica ou química, animal, 
mineral ou vegetal capaz de perturbar ou destruir funções vitais do organismo humano. O açúcar, por exemplo, 
empregado em face de um diabético, pode ser considerado um veneno. 
Cumpre observamos que para caracterizar a qualificadora do veneficio, é imprescindível que a vítima 
desconheça nela está sendo ministrada a substância letal. Dessa forma, prevalece o entendimento que o veneno 
só qualifica quando a vítima não sabe que está ingerindo-o. 
Quando empregado de forma sub-reptícia, isto é, sem o conhecimento do ofendido, o 
veneno representará meio insidioso. Exemplo: colocar veneno no chá da vítima. De outro 
lado, se for utilizado com violência, proporcionando ao ofendido um sofrimento exagerado, 
estará caracterizado o meio cruel. Exemplo: amarrar a vítima e injetar o veneno em seu 
sangue. 
O homicídio praticado por meio da ingestão de veneno é denominado de VENEFÍCIO. 
Fogo é o resultado da combustão de produtos inflamáveis, da qual decorrem calor e luz. Trata-se, em 
geral, de meio cruel. Exemplo: queimar a vítima até a morte. Todavia, se do seu emprego um número 
indeterminado de pessoas puder ser exposto a perigo de dano, o crime será qualificado pelo meio de que possa 
resultar perigo comum. Exemplo: matar uma pessoa mediante o incêndio de seu imóvel, situado ao lado de 
diversas outras moradias. 
Explosivo é o produto com capacidade de destruir objetos em geral, mediante detonação e estrondo. 
Asfixia é qualquer método para se impedir a respiração. 
Consiste na supressão da função respiratória, com origem mecânica ou tóxica. A asfixia mecânica pode 
ocorrer pelos seguintes meios: estrangulamento, esganadura, sufocação, enforcamento, afogamento, 
soterramento, impressamento (meânica). A tóxica, por sua vez, pode ocorrer por meio de uso de gás asfixiante 
ou inalação, confinamento. 
A tortura é a imposição de sofrimento desnecessário. Nas lições do prof. Cleber Masson, tortura é 
“qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma 
pessoa a fim de obter, dela ou de terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou 
 
 
 
 
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uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras 
pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza”. 
No homicídio qualificado pela tortura existe dolo de torturar e de matar, sendo a tortura utilizada como 
meio de execução. Enquanto que na tortura qualificada pela morte existe preterdolo, ou seja, dolo na tortura 
e culpa na morte. 
O homicídio qualificado pela tortura (CP, art. 121, § 2.º, inc. III) caracteriza-se pela morte dolosa. O agente 
utiliza a tortura (meio cruel) para provocar a morte da vítima, causando-lhe intenso e desnecessário 
sofrimento físico ou mental. Depende de dolo (direto ou eventual) no tocante ao resultado morte. Esse crime 
é de competência do Tribunal do Júri, e apenado com 12 (doze) a 30 (trinta) anos de reclusão. 
Já a tortura com resultado morte (Lei 9.455/1997, art. 1.º, § 3.º) é crime essencialmente preterdoloso. O 
sujeito tem o dolo de torturar a vítima, e da tortura resulta culposamente sua morte. Há dolo na conduta 
antecedente e culpa em relação ao resultado agravador. Essa conclusão decorre da pena cominada ao crime: 
8 (oito) a 16 (dezesseis) anos de reclusão. Com efeito, não seria adequada uma morte dolosa, advinda do 
emprego de tortura, com pena máxima inferior ao homicídio simples. Além disso, esse crime é da competência 
do juízo singular. 
A diferença consiste pois no elemento subjetivo (dolo do agente). 
Para melhor compreensão, vejamos o quadro abaixo: 
Homicídio Qualificado pela Tortura (Art. 121, § 
2º, III, CP) 
Tortura Qualificada pela Morte (Art. 1º, § 3º, Lei 
9.455/97) 
Crime Doloso Crime Preterdoloso 
O dolo é de Matar O dolo é de Torturar 
Há dolo de matar e a tortura é o meio de execução 
escolhido para matar. 
Há dolo de torturar e a morte é resultado culposo 
decorrente da tortura. 
Pena → Reclusão, de 12 a 30 anos. Pena → Reclusão, de 8 a 16 anos. 
Competência do Tribunal do Júri. Competência do Juízo singular. 
 
JáCaiuMP (2017 - MPE-RO - Promotor de Justiça Substituto). 
 
O emprego de tortura pode qualificar o crime de homicídio ou caracterizar crime autônomo, dependendo do 
dolo do agente e das circunstâncias do caso concreto. 
 
 
 
Homicídio qualificado pela tortura Tortura com resultado morte 
O agente tem dolo de matar e faz da tortura o meio 
de execução para obter o resultado desejado. 
O agente tem dolo de torturar e a morte é um 
resultado advindo a título de culpa (crime 
preterdoloso). 
 
 
 
 
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A qualificadora em estudo, utiliza-se também da técnica dainterpretação analógica, é o que podemos 
atestar da análise da expressão “ou outro meio insidioso...”. 
Este inciso também emprega a fórmula casuística inicial e, ao final, usa fórmula genérica, permitindo ao 
seu aplicador encontrar casos outros que denotem insídia, crueldade ou perigo comum advindo da conduta do 
agente (interpretação analógica). 
Trabalha com interpretação analógica (exemplos seguidos de encerramentos genéricos). 
Nas lições do prof. Cleber Masson5, meio insidioso é o que consiste no uso de estratagema, de perfídia, 
de uma fraude para cometer um crime sem que a vítima o perceba. Exemplo: retirar o óleo de direção do 
automóvel para provocar um acidente fatal contra seu proprietário. 
Noutra banda, meio cruel é o que proporciona à vítima um intenso e desnecessário sofrimento físico ou 
mental, quando a morte poderia ser provocada de forma menos dolorosa. Exemplo: matar alguém lentamente 
com inúmeros golpes de faca, com produção inicial dos ferimentos em região não letal do seu corpo. 
Cumpre destacarmos que não incide a qualificadora quando o meio cruel é empregado após a morte 
da vítima, pois a crueldade que caracteriza a qualificadora é somente aquela utilizada para matar. O uso de meio 
cruel após a morte caracteriza, em regra, o crime de homicídio (simples ou com outra qualificadora, que não a 
do meio cruel), em concurso com o crime de destruição, total ou parcial, de cadáver (CP, art. 211). 
A reiteração de golpes, por sua vez, isoladamente considerada não configura a qualificadora do meio 
cruel. Depende da produção de intenso e desnecessário sofrimento à vítima. 
Por fim, meio de que possa resultar perigo comum é aquele que expõe não somente a vítima, mas 
também um número indeterminado de pessoas a uma situação de probabilidade de dano. 
 
d) A traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a 
defesa do ofendido 
Na presente hipótese, o homicídio será qualificado pelo modo de execução da prática da conduta 
delitiva. Não é demais ressaltarmos que mais uma vez o legislador empregou a interpretação analógica 
(exemplos seguidos de encerramentos genéricos). 
 
5 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 
2018. 
 
 
 
 
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Nessa linha, a Traição, Emboscada e Dissimulação são apenas exemplos de modos que dificultam a 
defesa do ofendido. 
a) Traição: é o ataque desleal, por exemplo, atirar na vítima pelas costas. A traição é marcada pela 
deslealdade. Nessa qualificadora, o agente se vale da confiança que o ofendido nele previamente depositava 
para o fim de matá-lo em momento em que ele se encontrava desprevenido e sem vigilância. 
O prof. Cleber Masson explica que na traição a relação de confiança preexiste ao crime e o sujeito dela 
se aproveita para executar o delito. De fato, se o agente, para se aproximar da vítima, faz nascer esse vínculo de 
confiança, a qualificadora será a da dissimulação. 
O homicídio qualificado pela traição é doutrinariamente conhecido como homicidium proditorium. 
 
b) Emboscada: pressupõe ocultamento do agente, que ataca a vítima com surpresa. 
Emboscada é a tocaia. O agente aguarda escondido, em determinado local, a passagem da 
vítima, para matá-la quando ali passar. A emboscada pode ser praticada tanto em área 
urbana como em área rural. O homicídio por ela qualificado é também conhecido como 
homicidium ex-insidiis (“agguato”, dos italianos, ou “guet-apens”, dos franceses6). 
c) Dissimulação: o agente oculta a sua real intenção. Segundo Masson, a dissimulação é a atuação 
disfarçada, hipócrita, que oculta a real intenção do agente. O agente aproxima-se da vítima para posteriormente 
matá-la, valendo-se das facilidades proporcionadas pelo seu modo de agir. 
 
d) Outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido (interpretação analógica) 
É uma fórmula genérica indicativa de meio análogo à traição, à emboscada e à dissimulação. 
No tocante a presente qualificadora, importante apontarmos que não se aplica esta qualificadora - recurso 
que torne impossível a defesa do ofendido - quando a vítima é criança ou pessoa enferma, pois o inciso IV diz 
respeito ao meio praticado para matar e não a característica inerente da vítima. 
A idade da vítima torna o crime qualificado? 
 
6 Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 
2018. 
 
 
 
 
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Registramos que a idade da vítima (tenra ou avançada), por si só, não possibilita a aplicação da presente 
qualificadora, porquanto constitui uma característica da vítima, e não um recurso procurado pelo agente. A idade 
é uma característica, condição da vítima. 
Desse modo, o fato de a vítima ter 80 anos de idade ou 2 anos de idade não induz a aplicação da 
qualificadora do recurso que impossibilita ou torna dificultosa a defesa do ofendido, pois a idade da vítima não 
é recurso, mas sim uma condição desta. Então, a idade da vítima, por si só, não possibilita a aplicação da 
qualificadora, pois constitui característica da vítima, e não recurso utilizado pelo agente. 
d) Para assegurar a ocultação, vantagem ou impunidade de outro crime 
Trata-se do homicídio qualificado pela conexão, a qual poderá ser teleológica ou consequencial. 
Nesse sentido, a doutrina subdivide a conexão em teleológica (homicídio praticado para assegurar a 
execução de outro crime, futuro) e consequencial (quando o homicídio visa assegurar a ocultação, a impunidade 
ou vantagem de outro crime, passado). 
Na conexão teleológica o homicídio é praticado para assegurar a execução de outro crime. O sujeito 
primeiro mata alguém e depois pratica outro delito. Exemplo: Matar o segurança de um empresário para em 
seguida sequestrá-lo. Conexão consequencial, por sua vez, é a qualificadora em que o homicídio é cometido 
para assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime. O sujeito comete um crime e só depois 
o homicídio. 
- Conexão teleológica: o agente mata para assegurar a execução de outro crime (futuro). 
Ex.1: A mata segurança para estuprar o artista “B”. 
Obs.1: o crime de homicídio será qualificado ainda que o crime futuro não aconteça. 
Obs.2: o crime futuro não precisa necessariamente ser praticado pelo homicida. 
- Conexão consequencial: o agente mata para assegurar a ocultação ou impunidade ou vantagem de 
outro crime que já aconteceu. 
Ex.2: “A” mata testemunha de crime passado em que figura como suspeito. 
Cumpre destacarmos que o crime passado não exige identidade de sujeito ativo com o homicídio. 
 
 Candidato, se o agente pratica o homicídio para assegurar a ocultação, vantagem ou impunidade de 
CONTRAVENÇÃO PENAL, o homicídio será qualificado? 
 
 
 
 
27 
27 
Nesse ponto, importante salientar que não incide a qualificadora da conexão quando, por exemplo, 
o crime é praticado para ocultar, assegurar a impunidade ou a vantagem de uma contravenção penal. Pois o 
legislador se restringiu à expressão “outro crime”, sendo, assim, impossível aplicação da analogia in malam 
partem. 
Não se aplica esta qualificadora quando a outra infração for contravenção penal. Assim, matar para 
assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de contravenção penal não qualifica o homicídio pelo 
inciso V (mas pode caracterizar os demais incisos). 
Corroborrando, Cleber Masson não tem cabimento a qualificadora quando o homicida desejava 
assegurar a execução de uma contravenção penal, pois o dispositivo legal fala apenas em crime (princípio da 
taxatividade e vedação da analogia in malam partem). 
 
#JáCaiuDelta (UEG - 2018 - PC-GO - Delegado de Polícia). 
 
De acordo com o Código Penal, há homicídio qualificado quando for cometido: para assegurar a impunidade 
de outro crime. 
 
Conexão ocasional: o homicídio é praticado por ocasiãode outro crime, sem vínculo finalístico. 
A doutrina aponta a conexão ocasional como sendo aquela em que o crime é praticado em virtude da facilidade, 
da ocasião proporcionada pela prática crime anterior. Essa conexão não qualificaria o homicídio também por 
ausência de previsão legal 
Ex.: O agente está estuprando uma pessoa, entra seu desafeto no local e o agente o mata (não há vínculo 
entre os crimes). 
e) Feminicídio 
 
Obs.: Prezado candidato, recentemente tivemos alteração legislativa sobre o tema, em específico, novas 
majorantes ao tipo penal foram inseridas. Dessa forma, chamo a atenção para o conteúdo a seguir exposto. 
 
O feminicídio foi incluído no art. 121, § 2.º, inciso VI, do Código Penal pela Lei 13.104/2015. Cuida-se 
de figura qualificada do homicídio doloso, de competência do Tribunal do Júri e expressamente rotulado 
como crime hediondo, a teor da regra contida no art. 1.º, inciso I, da Lei 8.072/1990. 
Nessa esteira, a Lei nº 13.104 de 2015 inseriu o inciso VI para incluir no art. 121 o feminícidio, entendido 
como a morte de mulher em razão da condição de sexo feminino, leia-se, violência de gênero quanto ao sexo. 
 
 
 
 
28 
28 
A presente lei e respectiva circunstância qualificadora entrou em vigor em 10 de Março de 2015. Dessa 
forma, em se tratando de uma lei que agrava a situação do réu, consagra uma nova hipótese qualificadora, não 
pode ser aplicada a conduta praticada antes da referida data. 
Trata-se de homicídio cometido por razões de gênero do sexo feminino (preconceito, descriminação, 
desprezo pela condição de mulher). 
O feminicídio não pode ser confundido com o femicídio. E qual a diferença entre eles? O prof. Cleber 
Masson explica que ambos caracterizam homicídio, mas, enquanto aquele se baseia em razões da condição de 
sexo feminino, este consiste em qualquer homicídio contra a mulher. Exemplificativamente, se uma mulher 
matar outra mulher no contexto de uma briga de trânsito, estará configurado o femicídio, mas não o feminicídio. 
Vejamos: 
Feminicídio X Femicídio 
Feminicídio Femicídio 
Praticar homicídio contra mulher por “razões da 
condição de sexo feminino” (por razões de gênero). 
Praticar homicídio contra mulher (matar mulher). 
 
Nesse sentido, o art. 121, § 2º, VI, do CP, trata sobre FEMINICÍDIO, ou seja, pune mais gravemente 
aquele que mata mulher por “razões da condição de sexo feminino” (por razões de gênero). Não basta a vítima 
ser mulher. 
E o que são “razões da condição de sexo feminino”? O § 2.º-A do art. 121 do Código Penal contém uma 
norma penal explicativa, assim redigida: 
§ 2.º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I – violência doméstica e familiar; 
II – menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Sujeito passivo 
Para a invocação do crime de feminicídio, há três correntes discutindo o termo mulher. 
Nesse sentido, para uma primeira corrente, mulher para fins de aplicação da qualificadora deve ser 
empregado em seu conceito jurídico, ou seja, aquela definida no registro civil (é a corrente que prevalece). 
Segundo Rogério Sanches (Código Penal para Concursos, Rogério Sanches, 2019) a mulher que trata a 
qualificadora é aquela assim reconhecida juridicamente. No caso de transexual, que formalmente obtém o direito 
 
 
 
 
29 
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de ser identificado civilmente como mulher, não há como negar a incidência da lei penal porque, para todos os 
efeitos, está pessoa será considerada mulher. 
Candidato, pode figurar como vítima do feminicídio pessoa transexual? 
No tocante a presente discussão, temos duas correntes opostas dissertando sobte a questão. 
Para uma primeira corrente, conservadora, entende que a transexual, geneticamente não é mulher. 
Apenas, no caso de cirurgia, passa a ter órgão genital de conformidade feminina. Portanto, fica descartada, para 
a hipotesem a incidência da qualificadora. Considera-e aqui apenas o aspecto biológico: a mulher é assim 
identificada pela constituição genética e suas implicações físicas evidentes. Assim, deve ser observado o 
conceito biológico de mulher, sob o argumento de que a lei penal demanda aplicação restritiva. Não se inclui, 
portanto, os transexuais mesmo que a mudança de registro tenha sido efetuada. 
A segunda corrente, mais moderna, leciona ser possível a transexual figurar como vítima de feinicídio, 
desde que transmute suas características sexuais por cirurgia e de modo irreversível, retificando ainda, seu 
registro civil. 7 
 
 Razões de condição de sexo feminino 
O mero homicídio da mulher é denominado de femicídio. Haverá feminicídio quando estiverem 
presentes as razões do sexo feminino como causa do delito. 
§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Para parte da doutrina a violência doméstica deve ter sempre uma motivação de gênero, ou seja, é 
necessário o dolo de explorar situação de vulnerabilidade da vítima mulher. 
 
a) Violência doméstica 
A violência doméstica e familiar contra a mulher, indiscutivelmente uma violação dos direitos humanos, 
encontrasse definida no art. 5.º da Lei 11.340/2006: 
 
7 Código Penal Comentado para Concursos, Rogério Sanches Cunha, 2019. 
 
 
 
 
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30 
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou 
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral 
ou patrimonial: (Vide Lei complementar nº 150, de 2015) 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou 
sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram 
aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, 
independentemente de coabitação. 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. 
 
O prof. Cleber Masson explica que o inciso I do § 2.º-A deve ser interpretado em sintonia com o inciso 
VI do § 2.º, ambos do art. 121 do Código Penal. Em outras palavras, o feminicídio reclama que a motivação do 
homicídio tenha sido as “razões da condição do sexo feminino”. 
 
b) Menosprezo ou discriminação à condição de mulher 
Aqui não se exige a violência doméstica ou familiar. As “razões de condição do sexo feminino” se 
contentam com o menosprezo ou discriminação à condição de mulher. A pessoa que mata a mulher nela enxerga 
um ser inferior, com menos direitos. Exemplo: o aluno de uma prestigiada universidade mata a colega de sala 
que está prestes a concluir o curso com as melhores notas da turma, por não aceitar ser superado por uma mulher. 
Por fim, cumpre ressaltarmos que o crime de feminicídio poderá ser praticado, inclusive, por outra 
mulher. Nesse sentido, expõe Rogério Sanches “a incidência da qualificadora reclama situação de violência 
praticada contra a mulher, em contexto caracterizado por relação de poder e submissão, praticado por homem 
ou por mulher sobre mulher em situação de vulnerabilidade”. 
 
#JáCaiuDefensoriaPública (CESPE - 2018 - DPE-PE - Defensor Público) 
 
Ocorre o feminicídio quando o homicídio é praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, 
como quando o crime envolve a violência doméstica e familiar ou o menosprezo ou a discriminação à condição 
de mulher. 
 
Causas de Aumento de Pena 
 
 
 
 
31 
31 
As causas de aumento da pena aplicáveis exclusivamente ao feminicídio estão previstas no art. 121, § 
7.º, do Código Penal. 
Nesse ponto, merece especial atenção o estudo daLei 13.771/2018, a qual alterou três majorantes do 
feminicídio. 
§ 7º A penado feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído 
pela Lei nº 13.104, de 2015); 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de 
doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação 
dada pela Lei nº 13.771, de 2018); 
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei nº 
13.771, de 2018); 
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 
da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018) 
 
A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (UM TERÇO) ATÉ A METADE se o crime for praticado: 
 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
A pena será aumentada no feminicídio quando praticado contra gestante ou nos três meses posteriores 
ao parte. Cumpre destacar que, o agente deve conhecer desta condição, sob pena de caracterizar responsabilidade 
objetiva, vedada pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro. 
Segundo leciona Rogério Sanches, aplica-se a majorante desde o momento em que gerado o feto até três 
meses após o nascimento. O aumento da pena se justifica inclusive nas situações em que demonstrada a 
inviabilidade do feto, pois o objeto da proteção especial é a mulher em fase de gestação, não exatamente e de 
forma exclusiva o feto. 
Qual será a responsabilização penal do agente nessa situação? Por qual (quais) crime (s) responde? Nesse 
caso, e partindo da premissa de que o indivíduo conhece a gravidez, a ele serão imputados dois crimes: 
feminicídio circunstanciado (CP, art. 121, §§ 2.º, inc. VI, e 7.º, inc. I) e aborto sem o consentimento da gestante 
(CP, art. 125), com dolo direto ou eventual, em concurso formal impróprio ou imperfeito (CP, art. 70, caput, 
 
 
 
 
32 
32 
parte final), pois a pluralidade de resultados emana de desígnios autônomos. Todavia, se a gestação era ignorada 
pelo agente, não poderão ser reconhecidos nem o crime de aborto nem a majorante, em respeito à 
inadmissibilidade da responsabilidade penal objetiva. 
O prof. Cleber Masson explica que nos três meses após o parto o recém-nascido é extremamente 
dependente dos cuidados maternos: amamentação, segurança, afeto e conforto, entre tantos outros fatores. 
Depois de tanto tempo no ventre da mulher, a criança depende de tempo – cientificamente apontam-se os três 
primeiros meses – para adaptar-se ao ambiente externo. Com a morte da mãe, o normal desenvolvimento da 
criança torna-se muito mais complexo. Pelo exposto, resta justificado a incidência da majoração da pena quando 
acontece três meses posterior ao parto. 
 
II – contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora 
de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; 
É possível ainda aplicar a majorante, quando a vítima é menor de 14, maior de 60 ou portadora de 
deficiência (tanto a deficiência física quanto mental, pode levar a incidência da causa de aumento). É 
imprescindível que o agente conheça dessa característica, caso contrário, não haverá a aplicação da majorante. 
• MENOR de 14 anos; 
• MAIOR de 60 anos. 
O legislador ao se referir à idade da vítima (menor de catorze ou maior de sessenta anos) o dispositivo 
repete o § 4º do art. 121. Ressalta-se, porém, que, nesta majorante, diferentemente daquela do § 4º, em que o 
aumento é fixo em um terço, o aumento é variável de um terço à metade. 
Outra figura da causa de aumento contempla a vítima com deficiência (física ou mental). 
Nessa linha, o conceito de pessoa portadora de deficiência é trazido pelo art. 2º da Lei nº 13.146, de 06 
de julho de 2015. E, com a alteração promovida pela Lei 13.771/18, majora- se também a pena se a vítima tem 
alguma doença degenerativa que provoque limitação ou vulnerabilidade física ou mental, como esclerose 
múltipla, esclerose lateral amiotrófica, Parkinson, Alzheimer, osteoporose, arteriosclerose, diabetes e alguns tipos 
de câncer. 
 
III – na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; 
 
 
 
 
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Expressa o texto legal que o comportamento criminoso ocorra na presença do ascendente ou do 
descendente da vítima. No tocante a presença, questiona-se: deve ser física ou pode ser também virtual? 
Com as alterações oriundas da Lei nº 13.771 de 2018, a divergência até então existente perde o 
sentido tendo em vista que a própria legislação passou a reconhecer que a presença poderá ser tanto FÍSICA 
quanto VIRTUAL. 
A pena imposta ao feminicídio será aumentada se o delito foi praticado na presença (física ou virtual) 
de descendente ou de ascendente da vítima. Aqui a razão do aumento está no intenso sofrimento que o autor 
provocou aos descendentes ou ascendentes da vítima que presenciaram o crime, fato que irá gerar graves 
transtornos psicológicos. 
Diante do atual estágio de interação humana, em que ambientes de presença virtual são capazes de tornar 
a comunicação por meio de áudio e vídeo muito próxima da realidade, já sustentávamos, quando o § 7º foi 
incluído pela Lei 13.104/15, a possibilidade de interpretação extensiva do vocábulo presença para nele abarcar 
outras formas de interação que não a física, como chamadas com vídeo pela internet (Skype, por exemplo). 
Nessa linha, com a modificação promovida pela Lei 13.771/18, a majoração pela presença virtual é 
expressa. 
 
IV – em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do 
art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. 
Por meio da Lei 13.771/18, inseriu-se nova majorante para as situações em que o homicida comete o 
crime apesar da existência de medidas protetivas contra si decretadas nos termos da Lei Maria da Penha. O inciso 
I do art. 22 estabelece a medida de suspensão da posse ou restrição do porte de armas; o inciso II consiste no 
afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; e no inciso III temos a proibição de 
determinadas condutas, entre as quais: a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando 
o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas 
por qualquer meio de comunicação; c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade 
física e psicológica da ofendida. 
Desde a entrada em vigor da Lei 13.641, em abril de 2018, o descumprimento de medidas protetivas é 
crime punido com detenção de três meses a dois anos, mas, se ocorre no mesmo contexto da prática do homicídio, 
incide apenas a causa de aumento, afastando- se a figura criminosa autônoma diante do bis in idem provocado 
pela imputação simultânea. 
 
 
 
 
34 
34 
Vamos entender melhor esse inciso com um exemplo: 
Carla decidiu se separar de Pedro. Este, contudo, continuou a procurá-la insistentemente e a fazer 
ameaças caso ela não reatasse o relacionamento. 
Diante disso, Carla procurou a Delegacia pedindo que fossem tomadas providências. 
A autoridade policial lavrou o boletim de ocorrência e enviou um expediente ao juiz com o pedido de 
Carla para que Pedro não se aproximasse mais dela (art. 12, III, da Lei nº 11.340/2006). 
O juiz deferiu o pedido da ofendida e determinou, como medidas protetivas de urgência, que Pedro 
mantivesse distância mínima de 500 metros de Maria e não tentasse nenhum contato com ela por qualquer meio 
de comunicação, conforme autoriza o art. 22, III, “a” e “b”, da Lei nº 11.340/2006: 
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o 
juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente,as seguintes medidas protetivas de 
urgência, entre outras: 
(...) 
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância 
entre estes e o agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; 
(...) 
Na decisão, o magistrado consignou ainda que, em caso de descumprimento de quaisquer das medidas 
impostas, seria aplicada ao requerido multa diária de R$ 100, conforme previsto no § 4º, do art. 22 da Lei nº 
11.340/2006. 
Quais as consequências caso o indivíduo descumpra as medidas protetivas de urgência? 
• é possível a execução da multa imposta; 
• é possível a decretação de sua prisão preventiva (art. 313, III, do CPP); 
• o agente responderá pelo crime do art. 24-A da Lei Maria da Penha: 
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. 
 
 
 
 
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Continuando em nosso exemplo: 
Pedro foi regularmente intimado. Apesar disso, uma semana depois procurou Carla em sua casa pedindo 
para que ela retomasse o relacionamento. Como ela não aceitou, Pedro a matou com uma faca. 
Neste caso, Pedro responderá por feminicídio e incidirá a causa de aumento de pena prevista no art. 121, 
§ 7º, IV, do CP. 
Pergunta: responderá também pelo art. 24-A do CP? 
NÃO. Isso porque o delito do art. 24-A do CP é absorvido pela conduta mais grave, qual seja, a prática 
do art. 121, § 7º, IV, do CP. 
Fazer incidir o art. 24-A da Lei nº 11.340/2006 e também pelo inciso IV do § 7º do art. 121 do CP 
representaria punir duas vezes o agente pelo mesmo fato (bis in idem), o que é vedado. 
Fonte: https://www.dizerodireito.com.br/2018/12/comentarios-lei-137712018-altera-as.html 
A Lei nº 13.771/2018 alterou três causas de aumento de pena do feminicídio (art. 121, § 7º do 
Código Penal). Para melhor compreensão do tema, vejamos as hipóteses anteriores ao advento da lei e o cenário 
atual. 
Vejamos: 
Antes da Lei 13.771/2018 ATUALMENTE 
Art. 121 (...) 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 
(um terço) até a metade se o crime for 
praticado: 
Art. 121 (...) 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 
(um terço) até a metade se o crime for 
praticado: 
I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses 
posteriores ao parto; 
Não foi alterado. Continua a mesma redação. 
II – contra pessoa menor de 14 (quatorze) anos, 
maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; 
II – contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, 
maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou 
portadora de doenças degenerativas que 
acarretem condição limitante ou de 
vulnerabilidade física ou mental; 
III – na presença de descendente ou de 
ascendente da vítima. 
III – na presença física ou virtual de 
descendente ou de ascendente da vítima; 
Não havia inciso IV. IV – em descumprimento das medidas 
protetivas de urgência previstas nos incisos I, 
II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 
7 de agosto de 2006. 
 
 
 
https://www.dizerodireito.com.br/2018/12/comentarios-lei-137712018-altera-as.html
 
 
 
 
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#JáCaiuDefensoriaPública (CESPE - 2019 - DPE-DF - Defensor Público) 
 
A circunstância do descumprimento de medida protetiva de urgência imposta ao agressor, consistente na 
proibição de aproximação da vítima, constitui causa de aumento de pena no delito de feminicídio. 
 
#JáCaiuInvestigador (INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES – Investigador) 
 
Assinale, dentre as alternativas a seguir, a única que NÃO majora de 1/3 até a metade a pena para o autor do 
delito de feminicídio. 
 
A. Praticar o crime nos 5 meses posteriores ao parto. 
B. Praticar o crime contra pessoa menor de 14 anos. 
C. Praticar o crime contra pessoa com deficiência. 
D. Praticar o crime na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima. 
E. Praticar o crime contra pessoa maior de 60 anos. 
 
Alternativa A, é a única hipótese em que a pena não será majorada. Vamos revisar as causas de aumento do 
feminicídio o qual sofreu alterações no final do ano de 2018. 
#NovidadeLegislativa 
 
Art. 121. § 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de 
doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação 
dada pela Lei nº 13.771, de 2018) 
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei nº 
13.771, de 2018) 
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 
da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018) 
 
 
Candiato, é possível que o agente seja condenado pelas qualificadoras do motivo torpe e também pelo 
feminicídio? É possível a incidência das duas qualificadoras em um caso concreto? 
SIM. 
Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de feminicídio no crime de 
homicídio praticado contra mulher em situação de violência doméstica e familiar. STJ. 6ª Turma. HC 433.898-
RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/04/2018 (Info 625). 
 Isso se dá porque segundo o entendimento do STJ, o feminicídio é uma qualificadora de ordem objetiva - 
vai incidir sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita enquanto que 
a torpeza é de cunho subjetivo, ou seja, continuará adstrita aos motivos (razões) que levaram um indivíduo a 
praticar o delito. 
 
 
 
 
37 
37 
f) Homicídio funcional 
O presente inciso foi incluído no Código Penal pela Lei 13.142/2015, com a finalidade de tornar mais 
severa a pena do homicídio, consumado ou tentado, praticado contra integrantes dos órgãos de segurança pública 
ou pessoas a estes ligadas pelo casamento, pela união estável ou pelo parentesco. 
O homicídio contra integrantes dos órgãos de segurança pública é uma qualificadora do homicídio 
doloso, de competência do Tribunal do Júri, razão pela qual deve ser submetida à votação pelos jurados. Além 
disso, esse delito tem natureza hedionda, a teor da regra contida no art. 1.º, inc. I, da Lei 8.072/1990. 
O fundamento da qualificadora repousa na maior gravidade da conduta criminosa, atentatória da 
estrutura do Estado Democrático de Direito e causadora de temor acentuado às pessoas em geral. De fato, o 
homicídio cometido contra funcionários públicos que atuam na linha de frente do combate à criminalidade 
provoca pânico na sociedade e nítida sensação de insegurança pública8. 
A Lei 13.142/15 alterou o art. 121, § 2º, do CP, nele acrescentando mais uma circunstância qualificadora 
(VII), assim redigida. Vejamos: 
 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau, em razão dessa condição. 
 
A Lei alterou, ainda, o art. 129 do Código Penal, acrescentando ao tipo um novo parágrafo (§12), 
majorando a pena da lesão corporal (dolosa, leve, grave, gravíssima ou seguida de morte) de um a dois terços 
quando praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes 
do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, 
ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º. grau, em razão dessa condição. 
Por fim, foi alterada a Lei 8.072/90. De modo que, o homicídio e a lesão corporal gravíssima ou seguida 
de morte, quando praticados contra autoridade

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