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Patricia Frizon Nobre - TXI 1 Hepatites Virais – SP3 CARACTERÍSTICAS DE HEPATITES ➢ O vírus de hepatite inclui pelo menos 6 virus – A ate E e G. ➢ O principal órgão alvo é o fígado, causando icterícia e liberação de enzimas hepáticas. ➢ Hepatite A (HAV) e B (HBV) são vírus de hepatite clássica, hepatite C G E e D (HDV – agente delta) são vírus de hepatite não A e não B (NANBH) ➢ Esses vírus são significativamente diferentes em sua estrutura, modo de replicação, modo de transmissão, tempo de duração da doença e sequelas que causam ➢ Existem outros vírus que também podem causar hepatites ➢ Diferencia-se o vírus específico causador da doença através da sorologia e progressão da doença ➢ O vírus é altamente contagioso (antes de aparecer os sintomas ou mesmo sem sintomas) ➢ Causadores de hepatite: infecção por vírus, bactérias, fungos e protozoários; doenças autoimunes, agressão por substancias toxicas (álcool, medicação); doenças metabólicas HEPATITE A Patricia Frizon Nobre - TXI 2 Hepatites Virais – SP3 • Hepatite infecciosa, causada por picornavirus com RNA • Disseminado pela via fecal-oral • Período de incubação de 1 mês, após o qual os sintomas de icterícia se manifestam abruptamente • Não causa doença hepática crônica • Raramente é fatal • Transmissão: água e alimentos contaminados (como frutos do mar) • Foi inicialmente denominado como enterovírus 72, e recentemente reclassificado dentro de um novo gênero, o Heparnavirus, com base em seu genoma único ESTRUTURA • Sem envelope (nu) • Formato de icosaedro • Genoma de RNA de fita simples com polaridade positiva • Proteína VPg na extremidade 5, poliadenosina na extremidade 3 • Existe apenas 1 sorotipo para HAV • 4 polipeptídeos VP1 até VP4 • Ácido nucleico viral – estão contidos informações para a construção de novos vírus. • Capsídeo formado pelo antígeno HAVAg – O capsídeo é mais estável a ácidos e outros tratamentos em comparação aos demais picornavírus REPLICAÇÃO • Replica-se como outros picornavírus - as proteínas (VP1) no vértice do viríon contém uma estrutura de fenda à qual se liga o receptor, esse local é protegido contra a neutralização de anticorpos. Com a ligação ao receptor o VP4 é liberado e o viríon enfraquecido, o genoma se liga diretamente através da membrana por um canal criado pela VP1 em um dos vértices do viríon. O genoma se liga diretamente aos ribossomos, os ribossomos reconhecem uma laça de RNA interna única no genoma que também está presente em alguns RNA mensageiros celulares. Uma poliproteina então é sintetizada de 10 a 15 min após a infecção essa poliproteína é clivada por proteases virais. O RNA polimerase dependente viral gera um molde de RNA fita simples de sentido negativo a partir do qual o novo RNA mensageiro pode ser sintetizado. O número de RNAm aumenta bastante nas células. • Replica no citoplasma • Os picornavírus podem ser caracterizados devido a especificidade de seus receptores de superfície – Ele interage especificamente, através da glicoproteína, com o receptor celular 1 (HAVCR‑1, também conhecido como domínio de mucina e imunoglobulina de célula T [TIM‑1]) expresso nas células hepáticas e em células T • A estrutura do HAVCR‑1 pode variar de indivíduo para indivíduo, e formas específicas se correlacionam com a gravidade da doença. • Interage com os receptores expressos nas células hepáticas e algumas outras células. • Não é citolítico e é liberado por exocitose PATOGÊNESE • O HAV é ingerido e penetra na corrente sanguínea pela orofaringe ou pelo revestimento epitelial do intestino para poder atingir as células parenquimatosas do intestino. Patricia Frizon Nobre - TXI 3 Hepatites Virais – SP3 • O vírus se replica em hepatócitos e células de Kupffer, em seguida é liberado na bile e então nas fezes, isso se dá cerca de 10 dias antes dos sintomas de icterícia ou detecção de anticorpos. • Replicação lenta no fígado • Interferon limita a replicação viral, NK e células T citotóxicas são usadas para eliminação de células infectadas. • A icterícia: resulta de danos causados ao fígado e ocorre quando as respostas imunes mediadas por células e anticorpos contra o vírus são detectadas. • A proteção do anticorpo contra reinfecção é vitalícia • Não pode iniciar uma infecção crônica e não está associado ao câncer hepático EPIDEMIOLOGIA • 40% dos casos de hepatite aguda são causados por HAV • A maioria das pessoas é contagiosa de 10 a 14 dias antes de aparecer sintomas • 90% das crianças e entre 25 e 50% dos adultos são portadores de infecção produtiva, mas não aparente • O vírus é liberado nas fezes em concentrações elevadas e transmitido pela via fecal‑oral. Dissemina‑se por meio de água, alimentos contaminados e mãos sujas. • O HAV é resistente a detergentes, ácidos (pH = 1) e temperaturas acima de 60 °C, podendo sobreviver por muitos meses em água fresca e água salgada – esgoto não tratado contamina muito (inclusive frutos do mar sedo mexilhões e ostras podem reservatório do vírus, pois são filtradores) e aumenta o risco • Exemplo de epidemia: Xangai, na China, em 1988, quando 300 mil pessoas foram infectadas com o vírus por causa do consumo de mariscos coletados em águas poluídas. • Os surtos de HAV se originam geralmente de uma fonte comum (p. ex., suprimento de água, restaurantes, creches) – difícil identificar a fonte devido a excreção assintomática e longo período de incubação (15 a 40 dias) • Creche é principal fonte de disseminação entre crianças e outras, e ainda pais – numero de crianças e funcionários é transitório o que aumenta ainda mais o contato e risco de infecção • Higiene insatisfatória e aglomeração pode aumentar a propagação • Em paises desenvolvidos a infecção ocorre mais tarde • A maioria das pessoas infectadas com HAV em países emergentes (Brasil) é de crianças que apresentam doença leve e posterior proteção imune vitalícia contra a reinfecção. • Nas populações de países mais desenvolvidos, a infecção ocorre mais tarde na vida. • A taxa de soropositividade entre adultos varia de menos de 13% da população na Suécia a até 88% em Taiwan e 97% na Iugoslávia, e nos Estados Unidos varia entre 41 e 44%. Patricia Frizon Nobre - TXI 4 Hepatites Virais – SP3 CLINICA • Danos hepáticos mediado pelo sistema imune • A doença é mais leve nas crianças do q nos adultos • Os sintomas ocorrem abruptamente: 15 a 50 dias após a exposição e se intensificam 4 a 6 dias antes da fase icterica • Sintomas iniciais: febre, fadiga, náusea, dores abdominais e perda de apetite • Urina escura, fezes pálidas, icterícia, prurido podem aparecer também • Icterícia: observada em 10% das crianças com menos de 6 anos e cerca de 80% nos adultos • A recuperação completa ocorre em 2 a 4 semanas, e 99% dos casos são curados. • HEPATITE FUMINANTE o Doença em que o indivíduo previamente sadio, em um prazo de dias ou semanas, fica profundamente doente o É uma hepatite aguda grave com falência hiperaguda do fígado o Ocorre 1 a 3 pessoas em cada 1000, alta mortalidade – 80% • Ao contrário do HBV, os sintomas associados à formação de complexos imunes (p. ex., artrite, erupção) raramente ocorrem em pessoas portadoras da doença por HAV DIAGNOSTICO • É feita com base de duração dos sintomas clínicos, na identificação de uma fonte de infecção conhecida e, de modo mais confiável, nos resultados obtidos de testes sorológicos específicos. • Os testes mais utilizados são através da detecção de anticorpos IgG e IgM para o vírus, através da técnica ELISA. • O IgM começa a aparecer no sangue em torno de 4 semanas e desaparecem em torno de 6 meses, enquanto os níveis de IgG se elevam um pouco depois, porém persistem elevados por vários anos. • Outros exames também são eficazes, porém não são de muito fácil acesso, como o PCR • Não se usa cultura poisnão existe tecidos eficiente para o crescimento viral. TRATAMENTO • Evitar água e alimentos contaminados, evitar frutos do mar mal cozidos ou crus • Lavagem adequada das mãos é vital – locais de atendimento como hospitais psiquiátricos, creches • O tratamento da agua com cloro é suficiente para matar o vírus • A profilaxia com globulina sérica imune administrada antes ou logo no início do período de incubação (i.e., menos de 2 semanas após a exposição) tem eficácia de 80% a 90% na prevenção da doença clínica • Vacinas inativadas contra o HAV foram aprovadas pela U.S. FDA e estão disponíveis para todas as crianças e adultos com alto risco de infecção, em particular viajantes para áreas endêmicas. • A vacina é administrada em crianças com até 2 anos de idade e pode ser ministrada nos adultos junto com a vacina de HBV. Uma vacina viva contra o HAV está em uso na China. Existe apenas um sorotipo de HAV e esse vírus só infecta o homem (e os mexilhões?), fatores que ajudam a assegurar o sucesso em um programa de imunização. Patricia Frizon Nobre - TXI 5 Hepatites Virais – SP3 HEPATITE B CARACTERÍSTICAS E ESTRUTURA • “Hepatite do soro” • Principal membro da hepadnavírus, com DNA • Disseminada via parenteral (sangue, agulhas contaminadas, contato sexual e via perinatal) • Período médio de incubação de 3 meses – após os sintomas ictéricos se manifestam insidiosamente • 5 a 10% dos pacientes apresentam hepatite crônica • Tem associação causal com carcinoma hepatocelular primário (PHC) • >1/3 da população já foi infectada – 1 a 2mi de óbitos por ano – mas a vacina diminuiu a incidência (principalmente em lactentes) • Possuem tropismo limitado de tecidos e de faixas de hospedeiros • Infecta o fígado, e em menor escala os rins e o pâncreas • A cultura é bastante limitada • Vírus envelopado, pequeno, genoma é um DNA pequeno – circular , filamentos parcialmente duplos, 3200 bases -, apesar de ser vírus de DNA ele codifica uma transccripatase reversa e se replica por meio de um intermediário de RNA • O virion pode ser chamado de partícula DANE • Tem 42 mn de diâmetro • Ele resiste a tratamento com éter, PH baixo e congelamento/aquecimento – Essas características auxiliam na transmissão da doença de pessoa a pessoa e dificultam a desinfecção. • Tem uma proteína quinase e uma polimerase com atividade de transccripatase reversa e ribonuclease H • Cercado por um capsídeo icosaedrico forma pelo HBcAg e por um envelope contendo 3 formas de glicoproteínas HBsAG, possui também a proteína HBeAg. • HBcAg- secretada diretamente no soro Patricia Frizon Nobre - TXI 6 Hepatites Virais – SP3 • HBsAg – são liberadas no soro de pessoas infectadas, são imunogênicas e foram processadas na primeira vacina comercial HBsAg- possui 3 glicoproteinas L M S codificada pelo mesmo gene e • lida pelas mesmas estruturas, mas traduzidas em proteínas de diferentes códons. PATOGÊNESE E IMUNIDADE • O HBV pode causar doença aguda ou crônica, sintomática ou assintomática – parece depender da resposta imune do indivíduo à infecção • A detecção de ambos os componentes, HBsAg e HBeAg, do virion no sangue indica a existência de uma infecção ativa em andamento • As partículas de HBsAg continuam a ser liberadas no sangue, mesmo depois que a liberação do virion tenha sido finalizada e a infecção resolvida. • A principal fonte de vírus infecciosos é o sangue, mas o HBV pode ser encontrado no sêmen, na saliva, no leite materno, nas secreções vaginais e menstruais e no fluido amniótico. • A maneira mais eficiente de adquirir HBV é pela penetração do vírus na corrente sanguínea – contato sexual e o parto são rotas comuns, mas menos eficientes. • Replicação começa em 3 dias mas sintomas demoram 45 dias ou mais para aparecer – depende da rota infecciosa e da própria pessoa • O vírus se replica em hepatócitos com efeito citopático mínimo • A infecção prossegue por período relativamente longo sem causar dano hepático (p. ex., elevação dos níveis de enzimas hepáticas) ou sintomas. – HBV fica latente • Sintomas e resolução da infecção é mediada por imunidade celular e inflamação (infiltrado é composto principalmente linfócitos) • Anticorpo (vacina ou não) previne a infecção inicial –não é possível liberar o vírus no fígado • Progressão da infecção limita a atuação de anticorpos • Complexo HBsAg + anti‑HBs pode resultar em reações de hipersensibilidade (tipo III), acarretando problemas como vasculite, artralgia, erupção cutânea e dano renal. Patricia Frizon Nobre - TXI 7 Hepatites Virais – SP3 • Crianças e lactentes têm menos chance de resolver a infecção pelo SI imaturo, mas também sofrem menos dano tecidual e sintomas mais leves – 90% dos lactentes infectados (via perinatal) se tornam portadores crônicos do vírus e a replicação viral persiste por anos • Fase aguda: parênquima hepático mostra alterações degenerativas – edema e necrose celular, especialmente nos hepatócitos que cercam a veia central de um lóbulo hepático. • A resolução da infecção permite a regeneração do parênquima. • As infecções fulminantes, a ativação de infecções crônicas ou a coinfecção com o agente delta podem resultar em dano hepático permanente e cirrose. EPIDEMIOLOGIA • No mundo 1 a cada 3 pessoas são infectadas por HBV, com cerca de 1 milhão de mortes por ano • Nas nações desenvolvidas cerca de 15% das crianças podem ser infectadas ao nascer • O carcinoma hepatocelular primário é endêmico em muitas áreas • Grande quantidade de pessoas assintomáticas com vírus no sangue ou em secreção estimula sua proliferação • O vírus é disseminado por vias sexual, parenteral e perinatal. • Os trabalhadores da área da saúde correm risco de incidentes envolvendo picadas de agulhas ou instrumentos afiados • Pode ser transmitido aos bebês pelo contato com o sangue da mãe durante o parto e pelo leite materno. Os bebês nascidos de mães HBV positivas portadoras crônicas estão em risco mais alto de infecção • Prevenção: triagem sorológica em bancos de sangue, hábitos sexuais seguros, vacina contra o HBV Patricia Frizon Nobre - TXI 8 Hepatites Virais – SP3 SÍNDROMES CLÍNICAS INFECÇÃO AGUDA • Apresentação clínica do HBV em crianças é menos intensa que em adultos e a infecção pode até ser assintomática • Doença aparente ocorre em 25% dos infectados • Caracterizada por período longo de incubação e início insidioso. • Sintomas: febre, mal‑estar e anorexia, seguidos de náusea, vômitos, desconforto abdominal e calafrios. • Os sintomas ictéricos clássicos de dano hepático (p. ex., icterícia, urina escura, fezes pálidas) acontecem logo depois. • A recuperação é indicada por declínio da febre e apetite renovado. • A hepatite fulminante ocorre em cerca de 1% dos pacientes ictéricos e pode ser fatal: o sintomas mais intensos e indicação de dano hepático grave, como ascite e sangramento. • A infecção por HBV pode promover reações de hipersensibilidade causadas por complexos imunes de HBsAg e anticorpo. o Podem produzir erupção cutânea, poliartrite, febre, vasculite necrosante aguda e glomerulonefrite. INFECÇÃO CRÔNICA • Sucede em 5% a 10% das pessoas portadoras de infecções por HBV – após quadro inicial de doença leve ou não percebido. o 1/3 delas apresenta hepatite crônica ativa com destruição continuada do fígado, acarretando escarificação do fígado, cirrose, insuficiência hepática ou PHC. o Outros 2/3 possuem hepatite passiva crônica e são menos propensos a problemas. • A hepatite crônica pode ser detectada acidentalmente pela descoberta de níveis elevados de enzimas hepáticas em perfil bioquímico de rotina. • As pessoas com infecção crônica são as principais fontes de disseminação do vírus e estão em risco de doença fulminante se forem coinfectadas com o HDV. CARCINOMAHEPATOCELULAR PRIMÁRIO (PHC) Patricia Frizon Nobre - TXI 9 Hepatites Virais – SP3 • A OMS estima que 80% de todos os casos de PHC podem ser atribuídos às infecções crônicas por HBV. • O genoma do HBV está integrado às células do PHC e essas células expressam os antígenos do HBV. • O PHC é normalmente fatal e umas das três principais causas mais comuns de mortalidade por câncer no mundo. – Em Taiwan, pelo menos 15% da população são portadores do HBV e quase a metade vai a óbito por PHC ou cirrose. • Prevenível por vacinação. • O HBV pode induzir o PHC ao promover reparo hepático e crescimento celular continuados em resposta à inflamação e ao dano aos tecidos ou por se integrar no cromossomo do hospedeiro e estimular diretamente o crescimento das células. Essa integração poderá incentivar rearranjos genéticos ou justapor promotores virais próximos aos genes de controle da multiplicação celular. De modo alternativo, uma proteína codificada por um gene X do HBV pode transativar (ligar) a transcrição de proteínas celulares e estimular a multiplicação das células. • A presença do genoma do HBV pode permitir que uma mutação subsequente promova a carcinogênese. • O período de latência entre a infecção por HBV e o PHC pode variar de 9 a 35 anos. DIAGNÓSTICO • Com base nos sintomas clínicos e na presença de enzimas hepáticas no sangue • Sorologia da infecção por HBV descreve o curso e a natureza da doença • As infecções agudas e crônicas por HBV podem ser diferenciadas pela presença de HBsAg e de HBeAg no soro (secretados no sangue durante a replicação viral) e pelo padrão de anticorpos aos antígenos individuais do HBV. • A detecção do HBeAg é o melhor correlato à presença do vírus infeccioso. • Uma infecção crônica pode ser diferenciada pela descoberta continuada de HBeAg, HBsAg ou de ambos e pela falta de anticorpo detectável contra esses antígenos. • Anticorpos anti‑HBsAg indicam a resolução da infecção ou a vacinação. • A presença de anticorpos anti‑HBcAg é indicativa de infecção prévia ou em andamento por HBV, e IgM anti‑HBc é a melhor maneira de diagnosticar infecção Patricia Frizon Nobre - TXI 10 Hepatites Virais – SP3 aguda recente, especialmente durante o período em que nem o HBsAg nem o anti‑HBs podem ser detectados (janela). • A detecção de anticorpos anti‑HBeAg e anti‑HBsAg é complicada durante a infecção porque eles estão complexados com antígenos no soro. • A quantidade de vírus no sangue pode ser determinada pela quantificação do genoma por meio do ensaio da reação em cadeia da polimerase (PCR) e técnicas relacionadas. O conhecimento da carga viral pode auxiliar na determinação do estágio de infecção crônica por HBV e na eficácia de tratamento antiviral. TRATAMENTO • Não há tratamento para a infecção aguda • A imunoglobulina da HBV pode ser adm. em bebes recém nascidos e mães portadoras de HBsAg, para prevenir ou atenuar a doença • A infecção crônica pode ser tratada com drogas voltadas para a polimerase: lamivudina – inibidor da transcriptase reversa do HIV; ou análogos de adenofir, dipivoxil, famciclovir • Esses tratamentos são aplicados durante 1 ano • O IFN gama também pode ser efetivo e deve ser adm por pelo menos 4 meses • Evitar a pratica de sexo comportador pode prevenir a transmissão • Profissionais da saúde e quem faz hemodiálise estão suscetíveis • A vacinação é recomendada para lactantes, crianças e grupo de alto risco • Para recém nascidos de mães portadoras de HBsAg ou para pessoas acidentalmente expostas a vacinação pode ser útil • As vacinas são de subunidade, a vacina inicial derivou de partículas de HBsAg do plasma humano obtido de pessoas com infecção crônica, a vacina atual é produzida por inserção de um plasmídeo contendo o gene S para HBsAg em uma levedura a saccharomyces cerevisiae, a proteína se integra a partícula e intensifica sua imunogenicidade. • A vacina deve ser aplicada em uma serie de 3 injeções com a segunda e a terceita adm dentro de 1 a 6 meses após a primeira dose HEPATITE C ESTRUTURA E CARACTERÍSTICAS • É prevalente em todo o mundo, com mais de 170 milhões de portadores da doença • A transmissão é similar a HBV e estabelece hepatite crônica persistente – também aumenta o risco para PHC (primary hepatocellular carcinoma) • Tem potencial de causar cirrose e carcinoma hepatocelular • Gênero hepacivirus da família flaviviridae – flavivírus com genoma RNA • Entre 30 e 60 nm de diâmetro • Genoma de RNA de polaridade positiva • Envelopado • Codifica cerca de 10 proteinas incluindo 2 glicoproteinas • Por conta da variabilidade dos genes é difícil desenvolver uma vacina Patricia Frizon Nobre - TXI 11 Hepatites Virais – SP3 • Infecta homens e chipanzés • O HCV adere aos receptores de superfície dos hepatócitos e nos linfócitos B e pode também se revestir por si próprio com lipoproteínas de baixa e alto densidade e então usar o receptor lipoproteico para absorção nos hepatócitos. PATOGÊNESE • A habilidade do HCV em permanecer associado com a célula e prevenir a morte da célula hospedeira promove infecção persistente, mas resulta em posterior doença hepática • A resposta imune mediada por célula é a responsável tanto pela resolução da infecção quanto pelo dano ao tecido. • Assim como para o HBV, a infecção crônica pode esgotar as células T citotóxicas CD8+ para impedir a resolução da infecção. • A extensão da infiltração linfocítica, inflamação, fibrose portal e periportal e da necrose lobular em biópsias hepáticas pode ser utilizada para classificar a intensidade da doença. • Tem‑se sugerido que a inflamação por citocinas, o reparo contínuo do fígado e a indução da multiplicação celular que ocorrem durante a infecção crônica por HCV são fatores predisponentes no desenvolvimento de PHC. • Anticorpos anti‑HCV não são protetivos EPIDEMIOLOGIA • O HCV é transmitido principalmente por sangue infectado e por via sexual. • Os usuários de drogas injetáveis, indivíduos tatuados, que recebem transfusões e órgãos transplantados e os hemofílicos que recebem o fator VIII ou IX estão em risco máximo de infecção. • Quase todas (mais de 90%) as pessoas infectadas com HIV e que são ou eram usuárias de drogas intravenosas estão infectadas com HCV. • Esse vírus é especialmente prevalente na região sul da Itália, Espanha, Europa central, Japão e partes do Oriente Médio (p. ex., quase 20% de todos os doadores de sangue no Egito são HCV positivos). • A alta incidência de infecções assintomáticas crônicas promove a disseminação do vírus na população. • Procedimentos de triagem têm acarretado redução nos níveis de transmissão do vírus por transfusão de sangue e doação de órgãos, mas a transmissão por outras vias ainda é prevalente. Patricia Frizon Nobre - TXI 12 Hepatites Virais – SP3 SÍNDROMES CLÍNICAS HEPATITE AGUDA • Tem resolução da infecção e recuperação em 15% dos casos • A viremia pode ser detectada dentro de 1 a 3 semanas após transfusão de sangue contaminado – dura entre 4 e 6 meses • Nessa forma a infecção por HCV é semelhante àquela por HAV e HBV, mas a resposta inflamatória é menos intensa e os sintomas são normalmente mais leves. • Com mais frequência (acima de 70%), a doença inicial é assintomática, mas estabelece doença crônica persistente. • O sintoma predominante é a fadiga crônica. INFECÇÃO CRÔNICA • É persistente com possível progressão para a doença (a longo prazo durante a vida) para 70% das pessoas infectadas • Viremia dura mais de 10 anos • Geralmente progride para a hepatite crônica ativa dentro de 10 a 15 anos, para a cirrose (20% dos casos crônicos) e para a insuficiência hepática (20% dos casos cirróticos) após 20 anos. CIRROSE • Progressão rápida e intensa em 15% dos pacientes • O dano hepático induzido pelo HCVpode ser exacerbado por álcool, certos medicamentos e outras hepatites virais que provocam a cirrose. • O HCV promove o desenvolvimento de carcinoma hepatocelular após 30 anos em até 5% dos pacientes cronicamente infectados. DIAGNOSTICO • O diagnóstico e o tratamento precoces podem evitar a evolução da doença para cirrose ou câncer de fígado. • O diagnóstico pode ser feito por t estes rápidos que dão o resultado em uma hora. Também existem exames feitos em laboratório. • Testes Rápidos – Os testes rápidos para os tipos B e C estão disponíveis nos serviços públicos de saúde para todas as pessoas. Se você tiver mais de 40 anos, é muito importante fazer o teste de hepatite C. Você pode ter sido exposto a esse vírus na juventude. Em 2017, foram distribuídos 12 milhões de testes rápidos de hepatite B e C em todo o país. • Pré-natal – O exame de hepatite B também faz parte do rol de exames do pré-natal. A gestante deve ser diagnosticada e será tratada, se houver indicação, ainda durante a gravidez. • O diagnóstico da hepatite C é realizado por meio do exame anti-HCV e confirmado por biologia molecular (HCV-RNA quantitativo). Os exames estão disponíveis no SUS. Conforme a Portaria GAB/SVS nº 25/2015, o diagnóstico da hepatite C é feito com um teste capaz de detectar a presença do anticorpo contra o HCV (anti-HCV). Em caso de resultado positivo, deve-se realizar um teste capaz de detectar a presença do RNA do HCV na amostra, também conhecido como teste de carga viral do HCV. Caso esse teste também tenha resultado positivo, define-se que existe a infecção pelo HCV. TRATAMENTO Patricia Frizon Nobre - TXI 13 Hepatites Virais – SP3 • A hepatite C tem cura em mais de 90% dos casos quando o tratamento é seguido corretamente. As hepatites B e D têm tratamento e podem ser controladas, evitando a evolução para cirrose e câncer. • O Ministério da Saúde torna pública a atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Hepatite C e Coinfecções. Entre as principais alterações do documento, está a inclusão de dois esquemas terapêuticos pangenotípicos (que tratam todos os tipos de vírus da hepatite C): glecaprevir/pibrentasvir e velpatasvir/sofosbuvir, ambos com o uso recém aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A indicação dessas duas novas opções terapêuticas se junta ao esquema que compreende a associação de sofosbuvir/daclatasvir, pangenotípico já ofertado desde 2015. Além dessas opções, o PCDT manteve as indicações para ledipasvir/sofosbuvir (genótipo 1), elbasvir/pibrentasvir (genótipos 1 e 4), ribavirina e alfapeginterferona (para algumas situações pediátricas) DIFICULDADES DOS PACIENTES EM RELAÇÃO ÀS DOENÇAS CRÔNICAS • Consideradas um problema de saúde pública • Responsáveis por alto índice de mortalidade, internações e inatividade econômica precoce. • Em 2003 as doenças cardiovasculares foram responsáveis por 27,4% dos óbitos no Brasil e em 2005 registrou-se 1.180.184 internações – fato que acarreta modificações tanto familiares quanto sociais • Prevalentes: HAS com 22,3% e DM com 43,9% no Brasil • Dos 15 milhões de brasileiros que são portadores desta enfermidade, mais de 12 milhões utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS) • No tratamento do portador de doença crônica devem ser cultivados hábitos e atitudes promotores de qualidade de vida, de modo a prevenir complicações. • Adesão ao tratamento representa um desafio para profissionais e usuários. • Estudos apontam que mais de 33% da população portadora de hipertensão desconhecem a patologia e menos de 1/3 das pessoas diagnosticadas consegue manter os níveis pressóricos dentro dos valores de referência estabelecidos pelas VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial • A dificuldade em aderir ao tratamento está relacionada a vários aspectos: alterações de contexto social e familiar, condições sociodemográficas, conhecimentos e crenças do portador sobre a enfermidade, tratamento farmacológico e não farmacológico e acesso ao serviço de saúde • Importante: a educação em saúde é uma estratégia utilizada pelos profissionais para auxiliar os portadores de HAS e DM na reflexão sobre seus hábitos e comportamento de vida e saúde; o trabalho em grupo possibilita aos participantes constantes a troca de experiências e conhecimentos pela convivência com problemas semelhantes, em que os sujeitos podem usar as experiências negativas ou positivas dos companheiros no seu próprio processo de mudança • Assim, atividades conduzidas em grupo deveriam ter impacto positivo na mudança de comportamento dos usuários. • Em face disso, há quatro anos vem sendo desenvolvido na região metropolitana de Curitiba - Paraná um projeto de extensão com a finalidade de promover a saúde dos portadores de doenças crônicas, com vistas a superar o modelo biomédico mediante a articulação entre o conhecimento científico e o popular, para ampliar a consciência crítica da realidade e gerar modificações nos hábitos de vida diários dos envolvidos Patricia Frizon Nobre - TXI 14 Hepatites Virais – SP3 • O objetivo do estudo é relatar os resultados de uma roda de conversa utilizada como estratégia educativa com portadores de HAS e DM acerca das dificuldades na adesão ao tratamento. • A roda de conversa resultou em: espaço de acolhimento, troca de experiências e interação, o que leva a um envolvimento na prática de hábitos saudáveis e consequente melhora em sua qualidade de vida. • A partir da realização desta atividade no projeto de extensão, verificou-se que os usuários têm consciência dos hábitos que precisam modificar para controlar os níveis pressóricos e glicêmicos, bem como reconhecem as dificuldades na efetivação do tratamento e as falhas na ingestão dos medicamentos. • As ações desenvolvidas no projeto de extensão possibilitaram uma atuação junto à comunidade e uma reflexão sobre as atividades desenvolvidas, além de mostrarem a importância de do portador de HAS e DM participar ativamente no seu tratamento. • Este relato de experiência pode contribuir para o desenvolvimento de pesquisas sobre estratégias de educação em saúde, aumentar a adesão à terapêutica, evitar e/ou diminuir as complicações decorrentes da patologia e melhorar a qualidade de vida dos doentes crônicos. • Além disso, pode incentivar sua replicação em outras instituições de ensino, pois proporciona ao aluno reflexão sobre os saberes científicos adquiridos na vida acadêmica e possibilita experiência prática, capacitação em trabalhos de campo e convivência com a comunidade. • É relevante para os profissionais de saúde, principalmente os da enfermagem, conhecer as dificuldades dos usuários em aderir ao tratamento de uma enfermidade, principalmente quando ela possui caráter crônico, pois, a partir desta iniciativa, eles poderão obter subsídios no planejamento de ações de enfermagem. REFERÊNCIAS • MURRAY, Patrick R.. Microbiologia Médica. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. • Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico: 17. ed. Brasília/DF: Secretaria de Vigilância em Saúde, 2019. 50 v. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2019/boletim- epidemiologico-de-hepatites-virais-2019. Acesso em: 25 maio 2020. • MANTOVANI, Maria de Fátima et al. Dificuldades no tratamento da doença crônica: relato de experiência de atividadede extensão. Ciência, Cuidado e Saúde, Maringá, v. 10, n. 1, p. 157-161, 27 out. 2011.
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