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2017 mArKetinG Prof.ª Liliane de Souza Vieira da Silva Prof. Tulio Kléber Vicenzi Copyright © UNIASSELVI 2017 Elaboração: Prof.ª Liliane de Souza Vieira da Silva Prof. Tulio Kléber Vicenzi Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfi ca elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 658.8 V632mVicenzi, Tulio Kléber Marketing / Tulio Kléber Vicenzi e Liliane de Souza Vieria da Silva. Indaial: UNIASSELVI, 2017. 227 p. : il. ISBN 978-85-515-0107-8 1.Marketing. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. Impresso por: III ApresentAção Prezado acadêmico! Em mais uma disciplina do seu curso, o marketing possui um papel fundamental nas organizações e que, muitas vezes, não é levado em consideração. No entanto, é uma ferramenta essencial para promover produtos ou serviços de uma empresa, até mesmo o marketing pessoal, no caso, em busca de um emprego, ou o marketing eleitoral, em que uma pessoa o utiliza para buscar votos para sua eleição, independentemente de qual seja o cargo a que esteja concorrendo. Nesta unidade o assunto abordado de marketing é sua evolução e revolução, necessárias para que a organização busque aumentar a participação de mercado, bem como, acompanhar as tendências que mudam com o passar do tempo, criando novas demandas, e o marketing deve estar preparado para essa transformação. Os detalhamentos dos assuntos estão disponibilizados de forma que seja importante ter primeiramente o conhecimento inicial, seus conceitos, e após, inicia-se o entendimento para o marketing, buscando a necessidade de evolução, conhecimento e aplicação. Um conteúdo muito interessante e que está presente em qualquer situação do marketing são os 4 Ps, 4 Cs e os 4 As, sendo de muita relevância, ainda hoje, em relação ao mercado em que a organização esteja presente. Outra situação é o entendimento para uma pesquisa. Qual a necessidade de pesquisar o mercado? Igualmente quando estamos comprando algum produto, fazemos pesquisas de preço. As empresas utilizam a pesquisa para buscar o entendimento do consumidor ou verificar tendências do mercado, pois é sabido que muitos produtos são cíclicos, por exemplo, as roupas: no passado, o xadrez era da época das décadas de 50 e 60, logo houve uma mudança de postura do consumidor e esse tipo de estilo era mal visto, já nos dias de hoje o xadrez voltou e mostrou o seu potencial de vendas. Muitos empresários ainda pensam que o marketing é apenas a imagem da empresa ou a instalação de propaganda e publicidade, porém, ao contrário, o marketing vai muito mais além da configuração de uma embalagem. Temos que vivenciar o momento e verificar a vantagem ou uma oportunidade identificada através da pesquisa. Importante e necessário para iniciar um projeto é o plano de marketing, presente em nosso livro didático. IV Agora no século 21, as tendências ocorrem mais rapidamente e o marketing deverá estar preparado para essa mudança tão generalizada, que podemos perceber em todos os ramos de negócios, principalmente o de consumo. Os clientes, consumidores natos, estão cada vez mais críticos nas suas escolhas e gostos, bem como no estilo de compra. Outro assunto importantíssimo é o Marketing Digital, como consequência da globalização. Caberá ao gestor de marketing buscar inovações através de sistemas de informação do marketing, conhecidos como SIM e, dessa forma, tomar decisões possíveis para conquistar os consumidores. Por meio de leituras e atividades, você terá a oportunidade de vivenciar o mundo do marketing na prática, tomando decisões e tendo a chance de opinar em todo o processo do seu desenvolvimento. Tenho certeza de que esta unidade de estudos trará novas oportunidades para tomadas de decisão e para que seja possível utilizar o marketing nos diversos ramos de negócio. Bom estudo e um grande abraço. Prof. Tulio Kléber Vicenzi Prof.ª Liliane de Souza Vieira da Silva V Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfi m, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI VI VII UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING .............. 1 TÓPICO 1 – OS CONCEITOS DO MARKETING ............................................................................ 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE MARKETING .................................................................... 3 2.1 O QUE É MARKETING? ................................................................................................................ 8 2.2 ERAS DO MARKETING ................................................................................................................. 10 2.3 MARKETING 1.0, 2.0 E 3.0 ............................................................................................................. 12 3 O MARKETING E A GLOBALIZAÇÃO.......................................................................................... 15 4 A ORGANIZAÇÃO E O MARKETING ........................................................................................... 17 5 IDENTIFICANDO O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ............................................ 19 5.1 TIPOS DE TOMADA DE DECISÃO ............................................................................................. 20 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 23 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 27 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 28 TÓPICO 2 – ORIENTAÇÃO DO MARKETING PARA O MERCADO ....................................... 29 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................29 2 O AMBIENTE DE MARKETING, MACROAMBIENTE, MICROAMBIENTE ....................... 29 3 O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DO MARKETING ........................................................... 33 3.1 PLANEJAMENTO DE MARKETING .......................................................................................... 33 4 A ESTRATÉGIA DE MARKETING .................................................................................................. 38 4.1 ESTRATÉGIAS DE CRESCIMENTO............................................................................................. 42 4.2 ESTRATÉGIA DA FORÇA DO NEGÓCIO .................................................................................. 45 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 50 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 51 TÓPICO 3 – O PLANEJAMENTO DOS COMPOSTOS DE MARKETING (MIX DE MERCADO) ...................................................................................................... 53 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 53 2 A GESTÃO DO PRODUTO E SERVIÇOS ...................................................................................... 54 2.1 O PRODUTO .................................................................................................................................... 54 2.2 O SERVIÇO ...................................................................................................................................... 56 2.3 CLASSIFICAÇÃO DO PRODUTO E SERVIÇO .......................................................................... 57 3 Os 4 Ps, os 4 Cs e os 4 As ...................................................................................................................... 59 3.1 OS 4 PS ............................................................................................................................................... 59 3.2 OS 4 CS .............................................................................................................................................. 61 3.3 OS 4 AS .............................................................................................................................................. 62 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 64 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 65 TÓPICO 4 – A COMUNICAÇÃO, PROPAGANDA E PUBLICIDADE ....................................... 67 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 67 2 A COMUNICAÇÃO ............................................................................................................................. 67 sumário VIII 2.1 COMUNICAÇÃO INTEGRADA ................................................................................................. 59 3 PROPAGANDA ................................................................................................................................... 70 3.1 MERCHANDISING ....................................................................................................................... 75 4 PUBLICIDADE ..................................................................................................................................... 77 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 78 RESUMO DO TÓPICO 4....................................................................................................................... 81 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 82 UNIDADE 2 – AS OPORTUNIDADES PARA O CONSUMO DO MERCADO ....................... 83 TÓPICO 1 – PESQUISA E SEGMENTAÇÃO DO MERCADO ..................................................... 85 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 85 2 PESQUISA DE MARKETING ........................................................................................................... 85 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 89 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 93 3 O MÉTODO SIM NA PESQUISA DE MERCADO ...................................................................... 95 4 SEGMENTAÇÃO DO MERCADO .................................................................................................. 97 4.1 POSICIONAMENTO DE MERCADO ......................................................................................... 98 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 100 RESUMO DO TÓPICO 1....................................................................................................................... 103 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 104 TÓPICO 2 – PLANO DE MARKETING ............................................................................................. 107 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 107 2 O QUE É UM PLANO DE MARKETING ....................................................................................... 107 2.1 ESTRUTURA DO PLANO DE MARKETING ............................................................................ 109 2.2 COLETA DE DADOS E INFORMAÇÕES ................................................................................... 114 2.3 QUESTIONÁRIO ............................................................................................................................ 117 2.4 ENTREVISTAS ................................................................................................................................ 120 2.5 DADOS SECUNDÁRIOS A PARTIR DE BANCO DE DADOS .............................................. 122 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 123 2.6 POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES ................................................................................. 125 2.7 METAS E OBJETIVOS DE MARKETING ................................................................................... 126 RESUMO DO TÓPICO 2....................................................................................................................... 127 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 128 TÓPICO 3 – PROTEGENDO O NEGÓCIO E AS OPORTUNIDADES ...................................... 129 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 129 2 FRANQUIAS ........................................................................................................................................ 129 2.1 MARCA E PATENTE ..................................................................................................................... 132 RESUMO DO TÓPICO 3.......................................................................................................................134 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 135 TÓPICO 4 – RELACIONAMENTO COM O MERCADO, FOCO NO CONSUMIDOR ......... 137 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 137 2 MARKETING DE RELACIONAMENTO ....................................................................................... 138 RESUMO DO TÓPICO 4....................................................................................................................... 140 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 141 IX UNIDADE 3 – O PERFIL ATUAL DO MARKETING E O NOVO PERFIL DO MARKETING.......................................................................................................143 TÓPICO 1 – OS CONTEXTOS DO MARKETING .........................................................................145 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................145 2 MARKETING PESSOAL ...................................................................................................................145 2.1 MARKETING ESPORTIVO ..........................................................................................................148 2.2 OS RISCOS DO MARKETING ESPORTIVO .............................................................................150 2.3 OS BENEFÍCIOS DO MARKETING ESPORTIVO ....................................................................151 3 MARKETING SOCIAL E ÉTICO ....................................................................................................155 3.1 UMA NOVA PERSPECTIVA SOCIAL ........................................................................................159 4 MARKETING POLÍTICO ELEITORAL .........................................................................................160 5 MARKETING INSTITUCIONAL ...................................................................................................164 6 MARKETING AMBIENTAL ............................................................................................................167 7 MARKETING TURÍSTICO .............................................................................................................170 8 ENDOMARKETING ..........................................................................................................................173 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................175 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................179 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................180 TÓPICO 2 – MARKETING DIGITAL ...............................................................................................183 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................183 2 O MARKETING DIGITAL ...............................................................................................................183 2.1 A INTERNET E O CONSUMIDOR .............................................................................................185 2.2 E-COMMERCE ...............................................................................................................................188 3 ESTRATÉGIAS NO MARKETING DIGITAL .............................................................................191 3.1 ESTRATÉGIAS DE MARKETING DE INBOUND E CONTENT ............................................191 3.2 A PUBLICIDADE EM MÍDIAS DIGITAIS .................................................................................192 3.3 MARKETING DE BUSCA ............................................................................................................196 3.4 MARKETING VIRAL ....................................................................................................................197 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................199 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................203 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................204 TÓPICO 3 – O MARKETING E O SEU FUTURO ...........................................................................205 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................205 2 MARKETING GLOBAL ....................................................................................................................205 2.1 A IMPORTÂNCIA DO MARKETING GLOBAL ......................................................................207 2.2 O SISTEMA DE COMÉRCIO GLOBAL ......................................................................................209 3 OS ESFORÇOS DO PROFISSIONAL DE MARKETING E SUAS FUNÇÕES ......................211 4 O FUTURO DO MARKETING ........................................................................................................212 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................214 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................216 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................217 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................219 X 1 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer a introdução dos conceitos de marketing; • analisar a evolução e revolução do marketing; • identificar e analisar a estratégia de marketing; • conhecer e identificar os mixes de mercado; • analisar o segmento e o posicionamento do mercado; • diagnosticar as variáveis do marketing; • planejar a gestão do produto. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. Ao final de cada um deles, você encontrará atividades visando a compreensão dos conteúdos apresentados. TÓPICO 1 – OS CONCEITOS DO MARKETING TÓPICO 2 – ORIENTAÇÃO DO MARKETING PARA O MERCADO TÓPICO 3 – O PLANEJAMENTO DOS COMPOSTOS DE MARKETING TÓPICO 4 – A COMUNICAÇÃO, PROPAGANDA E A PUBLICIDADE 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 OS CONCEITOS DO MARKETING 1 INTRODUÇÃO Neste tópico estudaremos os principais conceitos da introdução de marketing. A necessidade do marketing vai muito além da embalagem, no entanto, muitas organizações ainda possuem, em sua cultura, que o marketing tem como foco a embalagem e a propaganda, mas, além das duas situações, existem outros objetivos, como: buscar informações no mercado que sejam de interesse da organização para alavancar o crescimento, bem como identificar o perfil do consumidor e as tendências do mercado, mas, para isso é importante que o gestor tenha conhecimento para alcançar um modelo moderno de gestão com a utilização da informação que tanto influencia o marketing. Além disso, é necessário também conhecer o passado, e como o marketing encontrou o seu lugar no mercado, pois a necessidade de evolução e inovação não é somente do produto ou serviço em si, mas em toda acadeia e em todos os ambientes dos mercados que possam gerar novas estratégias para as organizações. 2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE MARKETING O marketing pode ser usado em vários contextos, como o de relacionamento, o de pesquisa, o eleitoral, entre outros, no entanto, depende do ramo de negócio em que a organização está inserida. A seguir são apresentados alguns conceitos do marketing: Para Kotler (2011 p. 27), “marketing é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com outro”. Kotler (2011), em sua definição de marketing, tem como base as necessidades dos consumidores, bem como os desejos e as demandas por produtos, bens e serviços, e também a busca pela satisfação, em que se agregam os valores, bem como o relacionamento e as transações efetuadas por empresas e consumidores. Observe na Figura 1 o conceito que Kotler atribui para o marketing. FIGURA 1 – CONCEITO DE MARKETING FONTE: Adaptado de Kotler (2011) Necessidades, desejos e demandas. Produtos (Bens, serviços e ideias). Valor, custo e satisfação. Troca e transações. Relacionamento e redes. Mercados Empresas e consumidores potenciais. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 4 Podemos perceber na Figura 1 os conceitos centrais e que existem várias situações em que o marketing está presente, para tanto é necessário buscar a inovação e identificar o que o cliente ou consumidor está sentindo falta no mercado. Kotler (2011 p. 28) apresenta os conceitos fundamentais do marketing que se pode verificar a seguir, vejamos: a) Necessidades, desejos e demandas: as pessoas em si possuem muitas necessidades, principalmente de alimentos, ar, água, abrigo para sobreviver, são as necessidades básicas. No entanto, também possuem necessidades de lazer, educação, entre outros serviços, e buscam, através de suas preferências, por versões e marcas específicas conforme seus desejos. Para isso temos que ter em mente e distinguir corretamente o que são necessidades, desejos e demandas. • Necessidades: São as coisas básicas para a sobrevivência humana, ou seja, alimentos, água, ar, moradia, vestimentas, segurança, autoestima e sentimento de posse, mas que se distinguem de uma pessoa para outra, pois muitas vezes o que é necessidade para uma pessoa é obrigação para outra, visto que estamos em um mundo onde as necessidades de alguns são diferentes das de outros, mesmo que sejam as mais básicas. • Desejos: é uma situação específica de carência por um determinado produto, ou seja, você tem a necessidade da compra de um tênis, mas tem o desejo de comprar uma marca específica, por exemplo, tem o desejo de comprar da marca Nike ao invés da Ortopé. Outro exemplo seria a necessidade de alimentar-se, no entanto, prefere comer um hambúrguer do McDonalds ao invés de ir a um Food truck. Esses desejos dependem muito da sociedade, ou do meio em que as pessoas convivem, pois, muitas vezes, nossos desejos vêm através da observação em querer estar no mesmo nível das outras pessoas. Por isso é bom lembrar que na maioria das vezes os desejos são oriundos da classe social das pessoas. • Demanda: são desejos em possuir algum produto ou serviço com uma especificidade diferente, em que é possível alcançar dependendo da classe social em que esteja e pela disposição em pagá-lo. Esses desejos se tornam demandas quando se possui poder de compra. Um exemplo bem simples, ou seja, tenho a necessidade de um automóvel, mas meu desejo é ter uma BMW, no entanto, apenas uma classe social poderá adquiri-lo. Percebe-se que a demanda surge através dos desejos das pessoas, mas desde que elas estejam dispostas a pagar pelo produto ou serviço oferecido (KOTLER, 2011 p. 28). NOTA O marketing influencia a demanda ao oferecer um produto ou serviço apropriado, atraente, adquirível e facilmente disponível aos consumidores-alvo. (KOTLER, 2011, p. 28) b) Produtos (bens, serviços e ideias): é sabido que nossos desejos e necessidades nos satisfazem no momento da aquisição de um produto ou a solicitação de um serviço, ou seja, para um entendimento melhor, o produto é oferecido para a satisfação das necessidades ou desejos TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 5 NOTA Segundo Kotler (2011), os vendedores que focam ou têm uma grande concentração apenas no produto, ao invés dos desejos e necessidades das pessoas, sofrem de miopia de marketing, isso leva muitas vezes o cliente a desistir de realizar a compra naquela loja ou departamento. c) Valor, custo e satisfação: Sabemos que possuímos desejos e necessidades completamente diferentes, e isso é um grande problema para os marqueteiros, ou seja: como alcançar a satisfação dos consumidores? Ou ainda, uma certa necessidade? Vamos a um exemplo: suponhamos que uma pessoa de 30 anos, casada e com dois filhos, tem a necessidade de ir ao trabalho, que fica mais ou menos a dez quilômetros da sua casa, para isso ela tem a necessidade de um meio de transporte; pode ser por transporte público, táxi, Uber, veículo próprio, bicicleta ou outros meios que sejam sustentáveis, dessa forma ela tem um grande número de opções para satisfazer sua necessidade. Agora vamos supor que a pessoa gostaria de satisfazer outras necessidades, por exemplo, a segurança, a velocidade, o bem- estar, a economia e a sustentabilidade. Podemos perceber que existe um grande número de situações para satisfazê-la, no entanto, quem vai escolher é ela, levando em conta quais suas condições em adquirir um produto e o que mais a deixará satisfeita. • Valor: qual o pressuposto de cada produto ou serviço que poderá satisfazer um conjunto das nossas necessidades. O valor é o montante que o cliente dará para satisfazer as suas exigências e necessidades ao menor custo possível de aquisição, propriedade e de uso. • Custo: até qual custo poderá pagar para adquirir um bem e realizar sua satisfação. Este é o preço do produto ou serviço e é levado em consideração quando existe uma necessidade. Mas qual é o valor que dará para a sua satisfação, é necessário pagar um preço alto para satisfazer sua necessidade ou um desejo? A escolha faz com que a pessoa tenha a decisão final: ou vai pagar o preço para ter o que lhe interessa, ou dará mais valor à sua satisfação de algo sustentável. Isso é bem genérico e existem muitas situações em que o desejo é maior que a necessidade, e o cliente pagará por aquele produto mesmo que tenha de fazer outros cortes para conseguir pagar pela sua satisfação. d) Troca e transação: Esse modelo de necessidade já vem desde os primórdios do tempo e existem quatro formas de obter algum produto, sendo a primeira a autoprodução, como a caça, pesca ou coleta de frutas para minimizar a fome, nesse caso não existe mercado e, assim, sem a necessidade de marketing; a segunda forma é a coerção, em extrema necessidade as pessoas podem retirar à força de outras pessoas, imaginem o desencadeamento da fome, nesse caso não existe benefício, apenas a exceção de alguém sair dos consumidores. Independentemente de serem bens físicos, serviços ou ideias, o desejo das pessoas é adquirir e consumir coisas, não importa a classe social, todos terão a oportunidade de buscar seus desejos e necessidades, levando em consideração o alcance em possuir condições para pagar pelo produto ou serviço. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 6 ferido; a terceira é a mendicância: continuando com o exemplo da fome, as pessoas, por estarem famintas, podem implorar por comida; e, por fim, a quarta forma é a troca, pessoas com a necessidade de alimentação podem trocar algum produto, serviço e até mesmo com moedas, para a aquisição de alimentos. Para ficar claro, o marketing surge quando as pessoas propiciam a necessidade de satisfazer suas necessidades e desejos através da troca. Sendo assim, a troca é o ato de obter um produto desejado que pertence a alguém, lhedando em permuta algo em contrapartida. A transação tem algumas variações e várias dimensões, sendo essas: a necessidade de estar protegida por um contrato e com ao menos dois objetos de valores; condições de acordo; tempo e local para a negociação, de outra forma, as pessoas veriam como desconfiança e ambas sairiam perdendo. Também pode ser levada em consideração uma transação de presentes por gratidão, recebemos um presente em troca de gratidão com a pessoa. Para ficar claro, transação pode ser considerada como uma negociação consensual entre duas ou mais partes, e uma dessas partes propõe uma compensação por um serviço prestado ou uma composição a um dano causado pela outra, e, ao mesmo tempo, esta outra parte aceita receber esta compensação. Observe na Figura 2 um modelo de troca entre duas empresas (KOTLER, 2011, p. 29). FIGURA 2 – MÉTODO DE TROCA Fornecedora Cliente Lista de desejos da Transportadora - Alta qualidade, como equipamentos duráveis. - Preço justo. - Pontualidade na entrega. - Condições financeiras favoráveis. - Peças e serviços bons. Lista de desejos da empresa prestadora de serviço: - Preço consideravelmente bom. - Pontualidade no pagamento. - Recomendação favorável. FONTE: Adaptado de Kotler (2011) NOTA Nesta situação, pode-se perceber que existe uma troca mútua, ou seja, uma empresa oferece o serviço ou produto com qualidade, e a outra empresa espera por qualidade e confiabilidade no produto ou serviço oferecido. TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 7 e) Relacionamento e redes: Neste item, o marketing tem a necessidade de um relacionamento entre as pessoas, ou consumidores e empresas para a construção de um relacionamento duradouro. Esse relacionamento entre a empresa e o consumidor é quase que uma troca, de um lado tem a necessidade ou desejo (cliente) e em contrapartida (empresa) a entrega de um produto ou serviço com qualidade, preço justo e pontualidade. A satisfação do consumidor será garantida com essas transações e consequentemente tornará uma parceria entre cliente e empresa por um longo período. O intuito do marketing de relacionamento é a construção de um relacionamento entre consumidores e fornecedores a longo prazo. f) Mercados: é um local onde se trocavam produtos, sejam eles através de moeda ou mesmo a “troca por troca” com outros produtos, sendo um negócio pequeno e local. Hoje, mercado é algo muito mais abrangente, levando em consideração até o que chamamos de mercado internacional, em que um grupo de consumidores potenciais que possuem desejos específicos ou uma necessidade compartilham entre eles recursos e trocas. No entanto, o tamanho desse mercado depende da quantidade de pessoas interessadas na troca desses produtos ou serviços em contrapartida através de outros recursos e necessidades. (Troca por outros produtos por pagamento em moedas, ou ainda a troca por serviços, na maioria das vezes esta é realizada através de pagamentos.) g) Empresas e consumidores potenciais: Aqui cabe identificar consumidores com potencial poder de compra, desejos ou necessidades, dispostos e engajados na transferência de valores. O marketing pode ser usado instantaneamente por ambas as partes, por exemplo: Vamos supor que um grupo de pessoas deseja comprar um apartamento na praia de frente para o mar que acabou de ser posto à venda. Nesse caso, como existe um número grande de pessoas, cada uma delas tentará fazer seu marketing para o comprador com vistas à aquisição do apartamento, isso é considerado marketing de reciprocidade, quando ambas as partes estão dispostas ativamente a fazer o negócio. Não podemos confundir a situação, pois, muitas vezes, quem possui mais vantagem econômica poderá comprar o apartamento sem a necessidade de concorrência e negociação (KOTLER, 2011, p. 30). Para Boone (2011 p. 8), “marketing é o processo de planejar, executar a concepção, a fixação de preço, a promoção e distribuição de ideias, produtos, serviços, organizações e eventos para criar e manter relacionamentos que satisfarão objetivos individuais e organizacionais”. Para que haja um entendimento mais aproximado do que é marketing, outro conceito, muito persistente de Las Casas (2009, p. 7) através da Associação Americana de Marketing, define o seguinte: O marketing é uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor para o cliente, bem como a administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e seu público interessado. Como podemos perceber, o marketing possui conceitos muito amplos, pois incorpora um conjunto de ideias. Se você pedir para quatro ou cinco pessoas o conceito de marketing, cada uma delas irá responder de uma forma diferente, mas o intuito será o mesmo, ou seja, as ideias serão direcionadas na satisfação, valores, desejos, necessidades, entre outros, para o consumidor (LAS CASAS, 2009). UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 8 Observe na Figura 3 um sistema simples de marketing e mercado, apresentado por Kotler (2011). FIGURA 3 – CICLO DO MARKETING E MERCADO Mercados produtores Mercados de recursos Mercados consumidores Mercados intermediários • Recursos e dinheiro • Recursos e dinheiro • Dinheiro, bens e serviços • Dinheiro, bens e serviços FONTE: Adaptado de Kotler (2011) O ciclo do marketing abrange todo o sistema de mercado e dos consumidores, no desenvolvimento de uma troca pelas suas necessidades e desejos, observando a classificação e o poder de compra dos consumidores para adquirir produtos e serviços. 2.1 O QUE É MARKETING? O marketing é uma ferramenta que busca apresentar informações referentes às preferências dos consumidores em quatro tipos de utilidades, apresentadas, no Quadro 1, por Boone (2011). QUADRO 1 – TIPOS DE UTILIDADE DO MARKETING Tipo Descrição Exemplos Forma Transformação de insumos para produtos acabados e/ ou serviços. Realização rápida de um serviço, ou a necessidade de uma alimentação mais eficiente no momento de cozinhar (macarrão instantâneo, controle da conta corrente, serviços de terceiros). Tempo Disposição de produtos e serviços quando o consumidor desejar. Serviços imediatos e pronto atendimento (imagens digitalizadas, saque de dinheiro, garantia, seguro). Lugar Disposição de produtos e serviços em locais convenientes. Equipamentos de produtos como chocolates e refrigerantes no lado de fora de um posto de combustível, caixa eletrônico nos supermercados, escola e creche próximo a casa ou trabalho. TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 9 FONTE: Adaptado de Boone (2011) Segundo Las Casas (2009), o marketing em si é “ação no mercado”, na tradução do inglês. Na década de 60, quando foi traduzido, tinha outro significado, como “mercadológica”, no entanto ainda usada, mas de forma mais branda, mas que possui o mesmo entendimento, portanto, quando for utilizada essa nomenclatura, ambas estão corretas. NOTA Vale lembrar que marketing possui muitos conceitos, mas o foco está no consumidor, em seus desejos, necessidades e satisfação. O marketing pode ser usado para alavancar algum produto, serviço ou até mesmo o turismo de uma cidade, o exemplo de Boone (2011) apresenta muito bem esse modelo. Gestores de marketing da cidade de Las Vegas, nos Estados Unidos, tinham como ideia atrair mais turistas para a cidade, então inventaram um lema para tentar buscar focar a imagem de diversão que a cidade apresentava. “O que acontece aqui, fica aqui”. Apenas com esse slogan acreditaram que seriam capazes de melhorar o turismo. Dito e feito, um recorde de 35 milhões de turistas na cidade foi apresentado. Muitas vezes, um marketing de apresentação, como um slogan, uma frase, uma palavra, pode mudar por completo a movimentação de consumidores, tanto em cidades e até mesmo de um estabelecimento, como shopping, supermercado ou um parque de diversão. Para auxiliar no entendimento do que é marketing,ou seja, o que ele pode fazer pelas pessoas e para empresas, Boone (2011) apresenta algumas situações que têm o envolvimento do significado do marketing, vejamos: • buscar identificar o que os consumidores estão necessitando; • desenvolver produtos ou serviços que possam satisfazer as necessidades dos consumidores; • apresentar as informações necessárias sobre os produtos ou serviços para os consumidores em potencial; • disponibilizar os produtos e serviços nos lugares e tempos que vão ao encontro das necessidades dos consumidores; Propriedade (posse) Capacidade de transferir título de produtos e serviços do profissional de marketing para o comprador. Vendas no varejo (é a troca do produto com o pagamento em moeda ou cartão). UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 10 • fixar o preço dos produtos e serviços conforme a capacidade de compra do consumidor; • o fornecimento dos serviços e produtos com garantia para satisfazer o cliente pós-compra. Podemos observar que o marketing é muito abrangente e que considera muitas variáveis para a satisfação do consumidor, conforme a explicação de Boone (2011). No entanto, cabe ao gestor de marketing identificar e presumir quais as necessidades importantes para as pessoas, dependendo do local que estejam frequentando, ou seja, de nada adianta colocar uma livraria dentro de um parque de diversões, ou vender bicicletas em uma rua onde apenas existe a venda de veículos. NOTA O marketing é um modelo em que o gestor deverá buscar identificar a satisfação do cliente no local que ele esteja frequentando, portanto é importante estar bem informado das necessidades e desejos, através de pesquisas, que iremos aprender a realizar nas próximas unidades. 2.2 ERAS DO MARKETING Como qualquer situação desde os primórdios da evolução humana, o marketing também teve sua alavancagem evolutiva, ou seja, desde que existe a troca por alguma coisa, seja ela por dinheiro na aquisição de um produto tangível, um serviço não tangível e até a doação de sangue, é uma combinação na busca para satisfazer uma necessidade em que duas ou mais pessoas dão algo de valor em troca de outro (BONNE, 2011). Como o marketing está sempre fazendo parte de um negócio, sua importância tem variado muito durante os anos. Assim, desde a era da produção o marketing está dividido em quatro fases: 1º da produção; 2º das vendas; 3º do marketing e, por fim, o 4º do relacionamento. O Quadro 2 a seguir apresenta uma adaptação dos conceitos de Boone (2011) e Kotler (2011). QUADRO 2 – ERAS DO MARKETING FASES ProduçãoAntes de 1920 Vendas Antes de 1950 Marketing A partir de 1950 Relacionamento (mercado) A partir de 1990 Atitude dominante do período. Um bom produto se vende sozinho. Propaganda e vendas criativas ultrapassarão a resistência do consumidor e irão convencê-lo a comprar. O consumidor domina! Encontre uma necessidade e a satisfação. Relacionamento de longo prazo com consumidores e outros sócios leva ao sucesso. FONTE: Adaptado de Boone (2011) e Kotler (2011) TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 11 Como se pode perceber, o marketing passou por uma evolução que durou muitos anos, apesar de em alguns este tempo foi menor, mas esta ocorreu em virtude da necessidade das empresas se adaptarem aos seus clientes (BOONE, 2011, KOTLER, 2011). a) Era da produção: No início, a produção era quase que artesanal, e a partir da Revolução Industrial, nos países desenvolvidos o foco era produzir um produto com qualidade, que por si só iria vender sozinho, pela necessidade do consumidor em adquiri-lo. Um bom exemplo foi quando Henry Ford decidiu produzir um automóvel de fácil aquisição pelas pessoas, no entanto a escolha era única, um Ford T da cor preta. A produção em massa garantia um custo de produção baixo e vendas elevadas. Funcionou muito bem naquela ocasião, nesse período a produção tinha o foco principal do negócio muito aplicado na escola científica de Taylor. Eram poucas as escolhas que os clientes podiam fazer, no entanto, os consumidores não demonstravam necessidades específicas como nos dias atuais, antigamente seus interesses eram por produtos em massa e não sentiam a necessidade de diferenciação como agora, em que os desejos e necessidades são levados muito em consideração pelas empresas. b) Era das vendas: nessa época, o marketing ainda estava engatinhando, muitas empresas ainda consideravam que vendas e marketing eram a mesma coisa. No entanto, são coisas totalmente diferentes, seria a mesma coisa que dizer: jogar xadrez é o mesmo que jogar damas, ou ainda dizer que biomedicina é igual a biologia, mas o marketing vai além do que vender. Nesse período, observou- se que a produção estava maior que a oferta, assim houve a necessidade de uma maior persistência nas vendas para convencer os clientes a comprarem o que não necessitavam. As abordagens eram tão grandes nos clientes, que eles simplesmente compravam produtos ou serviços sem a sua real necessidade de utilização, atitude hoje conhecida como “compras desnecessárias”. c) Era do marketing: Como é natural, as culturas das pessoas mudam e as empresas foram obrigadas a mudar. Com o pós-guerra, muitos produtos estavam em falta no mercado, ou descobriu-se a sazonalidade nas vendas, pois produtos que vendiam no verão não vendiam no inverno e vice-versa. Nesse período, então, foi que o marketing começou a surgir com maior ênfase, pois a necessidade era de manter o negócio a longo prazo, e buscar a necessidade, desejos e satisfação do cliente, mesmo estando ele sem dinheiro, desde que tivesse a convicção de comprar produtos e serviços. O cliente passou a ser considerado o “rei”. Estudo de caso da Coca-Cola: Quando a empresa resolveu fazer uma mudança do seu produto, em 1981, para um novo sabor com o objetivo de oferecer a coca dietética, os executivos da Coca-Cola insistiram em não atribuir a mudança do sabor mais doce à Pepsi, mas os resultados das pesquisas indicavam a preferência pelo novo sabor, de 55% contra 45%. Porém ocorreu algo diferente, os consumidores iniciaram um protesto depois da introdução do novo sabor. O protesto foi de proporção nacional, em que todos pediam a volta do sabor centenário. A empresa foi obrigada a recuar, pois as vendas caíram, verificando-se a necessidade de retornar o antigo sabor. Foi um problema clássico de marketing, UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 12 mas no fim, após pesquisas, a marca Coca-Cola ainda era a mais lembrada (KOTLER, 2011). d) Era do Relacionamento (mercado): Com esse novo paradigma e a mudança na cultura das pessoas a partir da era do marketing, o foco fica no relacionamento de valorização e de longo prazo, com os consumidores e fornecedores. Nessa era, é o cliente que está ditando o ritmo de consumo e de seus desejos e necessidades, respeitando-se os aspectos preferenciais dos consumidores. Nesse caso, o que prepondera é a satisfação, que envolve a qualidade, o atendimento e a responsabilidade social. Em relação ao pós-venda, não havia muita preocupação pelas organizações, mas com essa transformação cultural foi necessário realizar mudanças para garantir que o cliente voltasse a comprar os produtos de determinada empresa e não do seu concorrente. Portanto, marketing de relacionamento, no que diz respeito às empresas, é garantir a satisfação do cliente para que volte a utilizar e comprar seus produtos, surgindo daí uma relação de longo prazo. NOTA Podemos perceber que o marketing foi evoluindo durante as décadas e que até a Coca-Cola errou mudando a fórmula do seu refrigerante. Portanto, nos dias atuais é indispensável promover uma pós-venda adequada e que os produtos busquem a satisfação dos consumidores. 2.3 MARKETING 1.0, 2.0 E 3.0 Com uma denominação diferente do tópico anterior, mas que trata da mesma classificação da evolução do marketing, em relação à evolução, o marketing passou por três fases, que segundoKotler (2012) são chamadas de Marketing 1.0, Marketing 2.0 e Marketing 3.0. Como aconteceu nas Eras do Marketing, as fases também foram sendo alteradas conforme os desejos, necessidades e satisfação dos consumidores. As empresas tinham a necessidade de promover mudanças para que seus produtos fossem bem vistos e consumidos pelos clientes (KOTLER, 2012). Em relação ao passado, quando a principal tecnologia ainda era referente ao equipamento industrial, o papel do marketing era vender produtos para quem desejava comprá-los, mesmo produtos básicos eram disponibilizados em massa para servir ao mercado. Nesse caso, o maior objetivo da organização era produzir em um número de escala relativamente grande para redução de custos, diminuindo o preço final do produto para que um número maior de consumidores pudesse adquiri-lo. TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 13 Esse exemplo de grande escala foi protagonizado por Henry Ford com seu famoso modelo T, ocasião em que o empresário afirmava: “O carro pode ser de qualquer cor, desde que seja preto”, portanto essa era a fase do Marketing 1.0, ou seja, o marketing centrado no produto (KOTLER, 2012). Quando iniciou a era da informação, nasceu o Marketing 2.0. A partir dessa fase, passou-se a observar mais os consumidores, pois com a tecnologia e a informação, estes estavam muito mais decididos e informados dos seus desejos e, com isso, podendo facilmente comparar preços com produtos semelhantes. Foi nessa época que começou a mudança na percepção na compra dos clientes, ou seja, ninguém mais queria apenas a cor preta do modelo T de Henry Ford, e assim, outras empresas, já mais avançadas, passam a disponibilizar automóveis em outras cores. O valor do produto passou a ser definido pelo consumidor, e suas preferências são muitíssimo variadas. Assim, o Marketing 2.0 era orientado para o cliente, onde a regra era o “cliente é o rei”. E nos dias atuais o profissional de marketing tenta chegar ao coração e mente do consumidor, tratando-o com uma abordagem centrada implicitamente, ou seja, oculta, nas campanhas de marketing. Somos induzidos a comprar (KOTLER, 2012). Nos dias atuais, o surgimento do Marketing 3.0 se tornou necessário, pois está voltado para os valores. Os profissionais de marketing passam a olhar para os consumidores como seres humanos plenos: com mente, coração e espírito. Percebe-se que o consumidor está buscando seus anseios de transformação do mundo globalizado, tornando-o mais apresentável e melhor para se viver. Os consumidores pesquisam por empresas que abordam as necessidades de justiça social, econômica e ambiental em sua missão, visão e valores. Resumindo, o Marketing 1.0: o consumidor buscava o que o produto entregava; Marketing 2.0: o consumidor buscava o que o produto entregava, de uma marca que tivesse um bom relacionamento com ele; e o Marketing 3.0: o consumidor busca o que o produto entrega, de uma marca que tenha um bom relacionamento e que contribua de forma positiva para o planeta e as pessoas. NOTA Os consumidores buscam não apenas satisfação funcional e emocional, mas também satisfação espiritual, nos produtos e serviços que escolhem. (KOTLER, 2012, p. 16) Igualmente ao Marketing 2.0, orientado para o consumidor, o Marketing 3.0 tem sua preferência em satisfazer o consumidor, mas a percepção dos valores, missão e visões é muito mais aparente nessa fase, tendo como objetivo oferecer soluções para os problemas da sociedade (KOTLER, 2012). UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 14 TABELA 1 – COMPARAÇÃO ENTRE O MARKETING 1.0, 2.0 E 3.0 Marketing 1.0 centrado no produto Marketing 2.0 voltado ao consumidor Marketing 3.0 voltado aos valores Objetivo Vender produtos. Satisfazer e reter os consumidores. Fazer do mundo um lugar melhor. Forças propulsoras Revolução Industrial. Informação. Nova transformação da tecnologia e informação. Como as empresas veem o mercado Compradores em massa, com necessidades físicas. Consumidores inteligentes dotados de mente e coração. Ser humano pleno, com coração, mente e espírito. Conceito de marketing Desenvolvimento de produto. Diferenciação. Valores. Diretrizes de marketing da empresa Especificação do produto. Posicionamento do produto e da empresa. Missão, valores e visão da empresa. Posição de valor Funcional. Funcional e emocional. Funcional, emocional e espiritual. Interação com os consumidores Transação do tipo um-para-um. Relacionamento um- para-um. Colaboração, um- para-muitos. FONTE: Adaptado de Kotler (2012, p. 18) O marketing, ao passar por suas fases, teve que buscar mudanças para que as organizações pudessem continuar a sobreviver. Existem muitos exemplos de empresas que, com o passar dos anos, continuaram no marketing 1.0, consequentemente, hoje elas não existem mais. Já as empresas que entenderam a mudança do comportamento do consumidor estão cada vez mais prósperas e cresceram, promovendo uma importante mudança em seus valores, missão e visão, como exemplo: McDonalds, Coca-Cola, Nike, Samsung, entre outras empresas estrangeiras. Entre as empresas nacionais que fizeram uso do Marketing 3.0 estão a WEG e a Malwee, situadas na cidade de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina. Kotler (2012) afirma que em momentos de crises econômicas globais, o Marketing 3.0 agrega uma maior relevância na vida dos clientes, geralmente quando são afetadas diretamente as esferas sociais, econômicas e ambiental. As empresas que praticam o Marketing 3.0 normalmente possuem respostas rápidas para enfrentar esses problemas e, consequentemente, fazem com que os consumidores, com suas esperanças, tendem a se espelharem nos valores e missão dessas organizações. Esse modelo de marketing é um diferencial muito eficiente e eficaz nas épocas turbulentas. Para um entendimento melhor, a Tabela 1 apresenta uma comparação entre as fases do Marketing. TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 15 NOTA Não deixe de pesquisar as empresas de sua região que buscam valorizar o cliente através dos valores, missão e visão. 3 O MARKETING E A GLOBALIZAÇÃO Por mais que seja necessário ter conhecimento do passado, é importante que as organizações detenham informações, visto que estas são importantes para analisar esse ciclo em virtude da ocorrência de altos e baixos, uma vez que são situações que podem acontecer em qualquer modelo de negócio. Portanto, é necessário que as empresas estejam preparadas para qualquer tipo de mudança no mercado, pois este é um fato comum no mundo globalizado. Para um entendimento melhor, no Quadro 3 é apresentado o conceito de globalização por alguns autores, vejamos: QUADRO 3 – CONCEITOS DE GLOBALIZAÇÃO Conceito de globalização Autor A globalização implica, em primeiro lugar e acima de tudo, uma prorrogação das diversas atividades nos meios social, político e principalmente econômico, através das fronteiras, de modo que os acontecimentos, decisões e atividades em uma determinada região do mundo podem ter significados distintos para indivíduos e atividades em regiões do globo. Também se pode dizer que é uma força central que conduz a uma velocidade as mudanças sociais, políticas e econômicas que remodelam as sociedades modernas e a ordem mundial. David Held (1999) A globalização é um processo que tem conduzido ao condicionamento crescente das políticas econômicas nacionais pela esfera econômica mundial, e ao mesmo tempo possui uma participação nas relações de interdependência, dominação e dependência entre os atores internacionais e nacionais, incluindo os próprios governos nacionais que procuram colocar em prática suas estratégias no mercado global. Mário Murteira (2003) É a integração entre os países e os povos que tem como resultado uma grande diferença na redução dos custos, principalmente os do transporte e da comunicação, e a exclusão das barreiras artificiais à circulação de produtos, matéria-prima, agronegócios, serviços, capitais, conhecimentose pessoas. Joseph Stiglitz (2004) FONTE: O autor A partir do momento da globalização, o marketing foi obrigado a acompanhar as mudanças do mercado com esse novo modelo de comércio, sendo que cada país possui uma cultura, dessa forma, não era possível utilizar um modelo padronizado. Cada esfera, cada cultura, cada país possui suas diferenças, UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 16 dessa forma será necessária uma abordagem diferente de marketing para cada região geográfica do planeta. É sabido que a globalização iniciou pela década de 90 com o surgimento da internet (veremos mais adiante), pois a rápida globalização dos negócios permitiu que o profissional de marketing se tornasse internacional. Para quem acredita que o profissional de marketing tem a vida fácil, está muito enganado, pois enquanto algumas empresas possuem um orçamento grande para o marketing, outras encontram grandes dificuldades para colocar em prática estratégias para alavancar os negócios (BOONE, 2011). Os benefícios com a globalização são muito importantes para as empresas, pois ao invés de apenas fazer negócio no país nativo, a abertura do mercado expande para todos os outros continentes, trazendo uma receita adicional com suas operações. Com a abertura de novos escritórios em outros países, os profissionais de marketing encontram novos modelos de negócios, produtos, abordagens para distribuição, comunicação inteligente, podendo esse conhecimento ser aplicado com sucesso em seu mercado doméstico e até em outros mercados internacionais. É importante levar em consideração os mercados internacionais, a cultura de cada povo. Um exemplo apresentado por Boone (2011) aconteceu na China. A Toyota Motor Corp. teve que retirar um anúncio dos jornais, televisão e revistas de circulação durante uma campanha de marketing de um SUV (Sport Utility Vehicle ou “veículo utilitário esportivo) com o nome de Prado Land Cruiser, pois esse nome lembrava uma situação no tempo em que o Japão havia invadido a China em 1937. A palavra Prado, em sua tradução, significa “governar pela força” ou “excesso de força” em chinês. Como a Toyota é japonesa, isso passava uma péssima impressão. NOTA É importante que o profissional de marketing tenha conhecimento da cultura de cada país, região e até a religião de um determinado local em que pretende estabelecer negócios. É interessante lembrar que o profissional de marketing deve conhecer os costumes de cada país, e a utilização da etiqueta internacional se torna uma maneira de agradar o negociador, visto que as culturas são muito importantes para a realização do negócio. Um exemplo: no Japão não se deve cumprimentar com as mãos e nem a esposa do primeiro-ministro ou imperador, a não ser que ele tome a preferência. No passado houve um embaraço com o ex-presidente Barak Obama no Japão, pelo simples movimento de tirar seu casaco e emprestá-lo para a primeira dama. Podemos perceber que é muito complexa a cultura de alguns países. No Quadro 4 são apresentadas algumas etiquetas para um bom negócio global. TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 17 QUADRO 4 – ETIQUETA PARA UM BOM NEGÓCIO China • Relógios, guardanapos e as cores branca, azul e preta são associadas a morte, em hipótese alguma devem ser dados como presentes. • Refeições à noite são as ocasiões mais populares para entretenimento de negócio. Aguarde um local para sentar e não espere discutir negócio durante a refeição. • Experimente tudo o que é servido (mesmo que não goste) como uma cortesia, mas coma pouco, pois pode haver vários pratos. • Seja pontual, é extremamente importante. África do Sul • Vista-se bem em público em nome de seu anfitrião. • Oferecer presentes de negócio não é a regra. • Aperto de mão varia conforme os grupos étnicos. • Esteja preparado para um churrasco na piscina, principalmente se for um jantar na casa de um sul-africano branco. FONTE: Adaptado de Boone (2011) No quadro anterior foram apresentadas apenas algumas considerações e cuidados com as maneiras como devem ser tratadas as pessoas em cada país, no entanto, o profissional de marketing precisa pesquisar sobre cada cultura onde for realizar o negócio, isso é imprescindível. 4 A ORGANIZAÇÃO E O MARKETING A empresa deve estar preparada para quando começar a crescer, por isso é importante a organização dentro de toda a estrutura, pois irá demandar novas contratações, criação de funções e, no caso da falta de organização, a tendência será um total descontrole de todos os processos, dificultando alcançar os objetivos do negócio (LAS CASAS, 2009). A estrutura da organização tem variações conforme o crescimento que está demandando. Pode-se dizer que nas empresas de pequeno porte, o próprio proprietário toma as decisões mais importantes, centralizando na sua pessoa as operações principais da empresa, voltadas para o setor de vendas, pois é importante a busca por receitas. No entanto, quando o negócio se inicia com um grande crescimento, as demandas são outras e o proprietário não terá mais condições de organizar sozinho, ele se distancia do setor de vendas e busca se preocupar com um planejamento e com as tomadas de decisão que poderão levar a empresa a alavancar seus negócios. Dessa forma, é norma a exigência de uma reestruturação na estrutura organizacional (LAS CASAS, 2009). Geralmente, em pequenas empresas não existe um setor específico de marketing, muitas vezes este é adicionado ao setor de vendas. É importante salientar que não existe um trabalho que busca o entrosamento do marketing com o mercado, muitas empresas pequenas apenas têm em mente um único pensamento: “Estou vendendo e dessa forma não preciso de um setor de marketing”. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 18 FIGURA 4 – ORGANOGRAMA PADRÃO FONTE: Las Casas (2009) Nos novos modelos de organograma, as organizações já em crescimento demandaram um setor ou departamento próprio para o marketing. Lógico que depende de cada empresa desenhar o seu organograma da melhor maneira. Na Figura 5, o modelo apresentado é uma hipótese do que as empresas podem usar em seu organograma, pois algumas delas levam em consideração o marketing como uma estratégia e não apenas como mais um setor administrativo. FIGURA 5 – NOVO MODELO DE ORGANOGRAMA Gerente de Produção Gerente de marketing Gerente Financeiro Gerente Administrativo Gerente de Vendas Diretor FONTE: O autor Muito pelo contrário, empresas que desejam crescer têm, sim, necessidade de criar no organograma da empresa um setor ou departamento chamado Marketing. É nesse lugar que serão tomadas decisões para o crescimento de uma empresa. Imaginem se a maior empresa de refrigerante, a Coca-Cola, não tivesse um setor de marketing nos dias atuais, com certeza seria atropelada pela Pepsi e, quem sabe, por outras marcas menos conhecidas ou conhecidas localmente e regionalmente. Na Figura 4, a seguir, Las Casas (2009) apresenta um organograma padrão de empresas que não possuem um departamento ou setor de marketing. TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 19 Com essa nova nomenclatura, foram necessárias algumas mudanças internas na organização, ou seja, antes eram de responsabilidade do setor de vendas a pesquisa e a propaganda, que passam a ser responsabilidade do setor de marketing, pois é nele que serão tomadas decisões conforme forem realizados estudos de mercado e demanda. Lógico que o setor de vendas tem muito a auxiliar, como demonstrar a sazonalidade e as tendências de mercado, ou seja, ambos os setores devem trabalhar de forma conjunta e contínua, mas cada um com suas responsabilidades estratégicas. No organograma ainda podemos organizar a hierarquia interna do setor de marketing, adicionando outros departamentos, como: departamento de pesquisa, de propaganda e publicidade, de produtos, entre outros. Cada empresa busca o melhor organograma possível para si, algumas alteram o seu organograma adicionandoo setor de vendas logo abaixo do setor de marketing, sendo de sua responsabilidade, e não um setor em separado, como é apresentado na Figura 5. NOTA O organograma da organização depende da(s) pessoa(s) que toma(m) a decisão final da empresa, os modelos apresentados são hipotéticos, mas podem ser levados em consideração na maioria das pequenas e médias empresas. 5 IDENTIFICANDO O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR O comportamento do consumidor possui inúmeras situações que podem ser identificadas a partir das suas necessidades, no entanto, geralmente é através de alguma influência que ele passa a querer adquirir algum produto ou serviço. É importante ter a compreensão de que o consumidor possui atitudes diferentes, ou seja, quando compra um chocolate, a satisfação é bem diferente de quando irá adquirir um veículo, um eletrodoméstico ou um eletrônico. Na Figura 6 é possível perceber fatores que desencadeiam um processo de compra. FIGURA 6 – PROCESSO DE DECISÃO Necessidade Informações Avaliação Decisão Pós-compra FONTE: Adaptado de Las Casas (2009) Pode-se inferir que o consumidor irá adquirir um produto pela necessidade, a partir dessa situação. Por exemplo, uma oficina mecânica tem a necessidade de comprar um elevador de veículos para facilitar a manutenção da UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 20 parte inferior, o passo seguinte será buscar informação do modelo do elevador (marca), custo, os benefícios que serão propostos com a aquisição desse novo equipamento. Em seguida, a avaliação, este caso não é propor uma nota, e sim avaliar um grande número de situações, como a oferta (preço e fornecedores), condições de pagamento, características e os benefícios adquiridos. Para finalizar, cabe a decisão de adquirir o melhor produto encontrado no mercado, no entanto, após a compra, o consumidor poderá sentir um complexo de culpa, sendo isto algo psicológico, lembrando que muitas pessoas têm arrependimento na compra efetuada. Para alguns é só a devolução, para outros é um processo de procurar elementos que buscam justificar a confirmação da escolha. Na pós-venda o consumidor espera um atendimento adequado quando necessitar tirar alguma dúvida ou solucionar algum problema que possa ocorrer (LAS CASAS, 2009). NOTA Os comportamentos das pessoas são diferentes, independentemente da situação. Tanto que o consumidor poderá arrepender-se da compra. Segundo Las Casas (2009), quando ocorre um desequilíbrio psicológico com o arrependimento da compra, o consumidor tenta diminuí-lo da seguinte forma: a) Busca informações que reforçam a decisão da compra. b) Percebe outras informações reforçando a sua decisão. c) Reforça os aspectos positivos e tenta minimizar os aspectos negativos. O processo de decisão do consumidor deverá ser encarado com extrema importância por parte dos profissionais de marketing, pelo motivo de que esse passa por várias etapas até chegar à decisão de adquirir ou não o produto ou serviço. Para que se compre o produto da empresa, o marketing reforça os procedimentos no consumo, benefícios, características que fortaleçam a escolha no processo de avaliação. É sabido que temos gostos diferentes, mas as empresas tentarão, de todas as formas, convencer o indivíduo a escolher o seu produto e não o do concorrente. 5.1 TIPOS DE TOMADA DE DECISÃO É interessante identificar os tipos de decisão para cada compra, ou seja, dependendo do produto, a situação de compra tem significativas alterações, sendo dividida em três modelos de decisão. Las Casas (2009) apresenta estes modelos no Quadro 5. TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 21 QUADRO 5 – TIPOS DE DECISÃO Tipos de decisão Envolvimento do indivíduo com a compra Características do conjunto considerado Fontes de informações consultadas Tempo investido Rotineiras Baixo Poucas opções de marca, vendedores e características dos produtos avaliados. Ex.: extrato de tomate, leite, pão, gasolina etc. Internas, pois são ligadas a preço, conveniência e do gosto do consumidor, já sabe o que deseja. O mínimo possível, pois já tem em mente o que deseja adquirir. Limitadas Moderado Várias marcas, vendedores e características de produtos avaliados. Ex.: roupas, calçados, artigos esportivos. É importante o desenvolvimento da marca para a escolha do consumidor. Internas e algumas externas, através de comparação com outros produtos, sendo ofertas e marcas, mas em um esforço exagerado. Ex.: prefere o refrigerante da Pepsi ao invés da Coca-Cola. Pouco. Extensivas Alto Muitas marcas, vendedores e características de produtos avaliados. Geralmente produtos caros, especiais e pouco conhecidos, mas de extrema relevância para o consumidor. Ex.: veículos, casas, notebook etc. Algumas internas e muitas externas (muitas vezes, depende da tática do vendedor para finalizar a compra). Muito (produtos que demandam muito tempo e às vezes anos para se efetuar a compra, como no caso de um imóvel). FONTE: Adaptado de Las Casas (2009) O processo de compra pode ser levado a duas considerações, ou seja, por dois tipos de influências: a interna e a externa. As influências internas geralmente são levadas por fatores psicológicos, como a percepção, a satisfação, motivação, atitudes e a personalidade do indivíduo. Já as influências externas são geralmente levadas por fatores como a classe social, família, grupos étnicos e a cultura em si. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 22 NOTA Quando induzido a uma compra e, já na sua residência, ocorre o fator psicológico de uma depressão pelo fato de o consumidor não estar satisfeito com a aquisição. No entanto, muitas pessoas não fazem a devolução por simples timidez e pela perda de tempo em retornar à loja. O comportamento dos consumidores também leva em consideração a classe social. Muitas vezes, uma pessoa que tem muito dinheiro prefere comprar coisas simples e, muitas vezes, pessoas de classe mais baixa preferem comprar produtos com uma marca mais conhecida e mais cara. Las Casas (2009) apresenta no Quadro 6 o perfil de famílias brasileiras em diferentes classes sociais. QUADRO 6 – PERFIL DE COMPRA DO MERCADO BRASILEIRO Classe Participação total Característica Padrões de consumo A 30% Classe alta: Gerentes executivos, proprietários de empresas, profissionais liberais, grandes proprietários rurais. Grupo de consumo mais sofisticado: acesso aos bens importados, consumo tipo substituição de modelos, consumidores de juros pela aplicação na poupança. B1 20% Classe média urbana: Profissionais liberais, altos funcionários, empresários médios, proprietários rurais médios. Núcleo fundamental de expansão do setor moderno de mercado. Compra a curto e médio prazo. B2 22,5% Pequenos comerciantes. Base do mercado moderno, compras a médio e longo prazo. C 15% Classe assalariada. Principal suporte do mercado tradicional e dos bens de consumo não duráveis de baixo preço, poder de compra flutua com o salário mínimo real. D 12,5% Trabalhadores rurais, trabalhadores urbanos, marginalizados, marginais sociais em geral. Fora do mercado consumidor moderno e penetrando no tradicional. FONTE: Las Casas (2009, p. 166) TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 23 No quadro apresentado por Las Casas (2009) pode-se perceber que existem várias classes sociais no Brasil, mas, a princípio, o consumo geralmente depende do poder de compra de cada classe. No entanto, não quer dizer que uma pessoa de outra classe não pode comprar um produto do seu gosto, mas terá que pagar o valor que está na “vitrine”. O profissional de marketing terá muitos desafios para identificar as classes sociais e apresentar um produto para aquele indivíduo sem passar por constrangimento, pois cada pessoa tem uma personalidade e poderá ficar decepcionada com a marca ou loja, por estar sendo comparada com classessociais mais baixas do que aquela a que realmente pertence. NOTA O profissional de marketing deverá levar em consideração as atitudes, percepções e a satisfação dos consumidores e perceber o seu comportamento conforme a satisfação e aquisição de um produto, buscando o cuidado para não generalizar as classes sociais. LEITURA COMPLEMENTAR A limonada da crise é a mudança de comportamento do consumidor Estela Benetti O empreendedor Romero Rodrigues, fundador da Buscapé Company, empresa líder em digital commerce na América Latina, foi palestrante no primeiro Meetup Startup SC 2016, realizado quinta-feira à noite no Centro de Inovação Acate Primavera, em Florianópolis. O evento reuniu mais de 600 pessoas, foi uma iniciativa do Sebrae/SC e da incubadora Midi Tecnológico. Romero, que no final do ano passado assumiu a presidência do conselho da Buscapé e se tornou sócio do fundo de investimento em startups Redpoint eventures, conversou comigo sobre o futuro da busca de preços pela web, crise e o cenário do setor de TI de Florianópolis. Graduado em engenharia pela USP, Romero fundou a Buscapé em 1999 com os colegas de universidade Ronaldo Takahashi, Rodrigo Borges e Mário Letelier. Em 2009, eles venderam a companhia para a empresa Naspers, da África do Sul, por US$ 342 milhões. Como vocês fundaram a Buscapé e como foi a evolução dela? UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 24 A Buscapé começou em 1998. Eu já vinha com amigos de faculdade de Engenharia fazendo exercícios para criar uma empresa. Depois de várias tentativas que deram errado, o Rodrigo (um dos fundadores) estava tentando comprar uma impressora e começou a procurar em sites de busca pela internet. Ele procurou em todos da época – Cadê, Zaz e Uol – e não encontrou nada sobre informação de compra daquele produto. Aí veio a ideia de criar um site em que só se encontrasse produto e preço. Este site nós lançamos em junho de 1999, com 35 lojas e 30 mil produtos, que era 100% da internet brasileira na época. O projeto era inovador, fomos o segundo site de busca de preços no mundo (existia o mySimon no exterior) e até então não tinha havido investimento em empresa de internet noticiado pela mídia, não havia venture capital no Brasil. A gente foi pego de surpresa pela onda que teve. Foi uma onda grande, boa, mas uma só, curta, de 1999 a 2000, de investimentos em internet. Primeiro a gente conseguiu levantar recurso numa rodada Seed, bem pequena, depois conseguimos uma rodada maior com o Merrill Lynch e Unibanco, que foi de US$ 3 milhões. Esse dinheiro foi fundamental para a gente levar a empresa para a lucratividade, crescer e transformar a Buscapé no que acabou virando depois. Que conselhos você dá para quem quer empreender na área de tecnologia, abrir um startup? Primeiro eu brinco que empreendedorismo se quebra (divide) em três palavras: em resiliência, consistência e estar disposto a fracassar. Consistência porque você precisa realmente ter consistência no discurso e bater várias vezes até ser bem-sucedido. Há histórias maravilhosas, como a do Airbnb, que vale mais do que qualquer rede de hotel e não tem um prédio. Tiraram sarro quando eles apresentaram o projeto. Você não pode aceitar um não. Tomou um não, deve seguir para frente, continuar com a sua mensagem, criar uma cultura forte. E a resiliência de aguentar os tapas. Você vai tomar tapas e, mesmo assim, tem que seguir. E sobre o fracasso, uma vez ouvi uma analogia boa. O que um startup faz é que você tem hoje todas as grandes empresas. Imagina que elas são esferas. Então, tem gente que olha e fala que não tem espaço – há o Google encostado no Facebook. Mas há quem vê todo o volume que tem embaixo dessas esferas para poder crescer e empurrar para o lado as esferas grandes. Você tem que estar disposto a fazer testes e fracassar, tem que encontrar um ângulo, tem que ter essa teimosia de ficar testando até que o usuário goste do seu produto e passe a usá-lo. Você tem que estar disposto a fazer esses testes e arriscar fracassar. Qual é a tendência para o mercado de busca de preços pela internet? Eu acho que este é um momento muito especial, porque o smartphone está mudando tudo. Quando a gente criou o Buscapé, a ideia original era ter preço de produtos de lojas de rua. Para poder sair para fazer a compra sem perder tempo e gastar muita gasolina. Não era e-commerce. O smartphone muda tudo porque o consumidor tem no bolso, dentro da loja, todos os produtos e preços. Apesar de ser extremamente poderoso para o consumidor e fantástico para o Buscapé, tem outro problema, porque o modelo de negócio muda. O Buscapé, que está acostumado a cobrar para levar o consumidor até a loja on-line e cobrar dela, agora se depara com TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 25 boa parte das pessoas usando o aplicativo, mas não necessariamente fechando a compra pelo celular na loja on-line ou comprando nessa loja. Ele pode comprar na loja do shopping. Então, apesar de a gente ter as lojas, os preços e o consumidor, o modelo de negócios para esse novo futuro precisa ser reinventado. O que mudou no uso do aplicativo? Temos dois grupos de usuários do aplicativo. Um é o dos que usam para decidir o que vão comprar. As pessoas decidem a compra pelo celular no Buscapé e quando vão comprar pelo computador, não digitam o endereço do portal, só o do Walmart. Muitas lojas acreditam que o tráfego orgânico está aumentando. Mas, na verdade, são pessoas que usam o Buscapé ou o Google para obter a informação e depois vão comprar direto no site. Eu estou gerando valor, mas não estou capturando valor. Tenho um problema de monetização. O segundo grupo é o mais difícil. É o cliente que está na Casas Bahia ou no Ponto Frio e diz ao lojista que no Walmart está mais barato. Aí o Ponto Frio diz que vai fazer o mesmo preço. Ele usou a ferramenta, mas a monetização, a nossa receita é zero. O celular é um desafio e uma oportunidade. Uma opção é recomendar lojas mais perto da residência de quem compra. Começamos os serviços em 1999 e começamos a cobrar pela primeira vez em 2002. O Buscapé só ficou grande porque estávamos três anos à frente. Se for a mesma coisa, três ou quatro anos é mais fácil porque a empresa é maior. A gente não fala mais de 10 mil usuários, são 20 milhões por mês. Toda vez que você gera valor grande para o usuário, você vai ter um modelo de negócios. O que preocupa é como eu respondo as perguntas dos consumidores. É como o filme do Facebook. Não tem como você ter 500 milhões de pessoas entrando todo dia e não tirar valor disso. Como a crise impacta o setor de tecnologia? O ambiente de crise é uma oportunidade para todo mundo que está aqui neste evento (mais de 600 pessoas), porque a limonada da crise é a mudança de comportamento do consumidor. A receita do Buscapé não está essas coisas porque todos os clientes são varejistas e essas empresas estão supermal. Imagina quem está vendendo geladeira, máquina de lavar, televisão num Brasil como está hoje. Em compensação, a audiência do Buscapé está crescendo 45%, o que não acontecia desde 2009. Isso porque aquele pai de família que ia ao shopping almoçar, comprava uma TV numa loja e voltava para casa assistir ao jogo do seu time não faz mais isso. Ele pesquisa muito mais. A crise fez o consumidor mudar de comportamento. Ele cancela a TV a cabo e contrata o Netflix, cancela o seguro da corretora e vai para o Minuto Seguro procurar um preço mais acessível, em vez de ir direto para o shopping, dá uma olhada no Buscapé antes. Em SP, ao invés de ir ao aeroporto de táxi, que custa R$ 150, ele vai de Uber, que custa R$ 60. Há algumas frases que eu adoro. Uma delas não tem dono: "Hábitos antigos nunca morrem". "Mas se eles morrem, é durante a crise", acrescento. E a segunda é do Winston Churchill, que eu adoro: "Nunca desperdice uma boa crise". O melhor momento para criar uma nova cultura é durante uma crise. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO
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