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DEMOCRATIZAÇÃO INACABADA: FRACASSO DA SEGURANÇA PÚBLICA ALBA ZALUAR (2007)

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Resumo artigo 6
DEMOCRATIZAÇÃO INACABADA: FRACASSO DA SEGURANÇA PÚBLICA
ALBA ZALUAR (2007)
PALAVRAS-CHAVE: 
· PARADOXO
· ENIGMA
· CRIME-NEGÓCIO GLOBALIZADO
· FORÇAS DE SEGURANÇA FORMAIS E INFORMAIS
· CONSUMO MACIÇO DE ESTILO
· CRIME-NEGÓCIO
· PATRÕES RURAIS
· ILHAS DE IMPUNIDADE
· GRUPO DE EXTORSÃO
· SUJEITO HOMEM
INTRODUÇÃO
O artigo aborda 2 paradoxos e 1 enigma que se desenvolveram no pais durante as últimas décadas. A autora analisa tais circunstancias sobre a ótica do processo de democratização que ocorreu após regime militar, iniciado em 1978. 
Ela afirma que esse processo foi acompanhado por um aumento espetacular da criminalidade, haja vista que nem o perdão e nem a pacificação foram amplamente discutidos pela sociedade posteriormente.
E importante salientar que o mais impressiona é que a violência atinge em sua esmagadora maioria os homens jovens, vítimas de homicídio.
São utilizadas 4 dimensões para entender essa realidade: o contexto internacional do tráfico de drogas e de armas de fogo; a inercia institucional que explica a ineficácia do sistema de justiça ; as formações subjetivas sobre a concepção de masculinidade em suas relações com a exibição de armas de fogo e, por fim, a relevância das explicações que abrangem uma grande parte da sociedade sobre a criminalidade que está atrelada as estruturas transnacionais do crime organizado (pobreza e exclusão social).
DESENVOLVMENTO
O presente artigo analisa 2 paradoxos e 1 enigma que se desenvolveu no pais nas últimas décadas. O primeiro paradoxo se refere ao processo de democratização que começou em 1978 (pós regime militar), o qual foi acompanhado de altas taxas de criminalidade, principalmente de homicídios entre homens jovens. Já o segundo, aponta que apesar de o Brasil ser uma nação essencialmente cordial e conciliadora (recebeu muitos judeus e pessoas perseguidas por inúmeras coisas) tais ideais foram esquecidos e substituídos pelos mecanismos de vingança pessoal e impulsos agressivos, em virtude de nem o perdão e nem a pacificação social terem sidos publicamente após o término do regime militar. 
Assim, diante deste cenário que se suscita o enigma: por que a violência brutal (homicídios) que atinge esmagadoramente os homens jovens entre 15 e 29 anos?
A indústria do crime ou o crime- negócio globalizado, configura um dos maiores problemas mundiais, tendo em vista que esse mercado é composto tanto de negócios ilegais quanto dos legais mascarados. Dessa maneira misturam-se lavagem de dinheiro, contrabando, a corrupção governamental e os muitos tráficos existentes. 
É nesse contexto que o crime organizado transnacional aumentou em muito a violência em alguns setores, especialmente no tráfico de drogas. Setor esse que utiliza constantemente as ameaças, intimidações, chantagem, extorsão, agressões, assassinatos e até mesmo o terrorismo.
A corrupção institucional, a irreverência pelas leis, a ineficácia e a discriminação no sistema de justiça, em países como o Brasil, fizeram com que a violência urbana aumentasse num ritmo desastroso.
Apesar da expansão do poder do Estado para o controle público dessas ações durante os anos de 1990, só muito recentemente se deu atenção aos interesses econômicos e políticos conectados a economia da droga. As polícias ainda não atuam repressivamente, o que colabora com o crescimento das forças e segurança privadas formais e informais.
O comercio de drogas pode ser considerado o setor ilegal de distribuição de bens e serviços que se denominou de consumo maciço de estilo.
De fato houve uma revolução nos modelos de consumo, e os valores culturais acompanharam tais mudanças, na medida em que enalteceram práticas individualistas e mercantis selvagens (décadas de 1970 e 1980). Assim, eram corriqueiras as expressões fazer “dinheiro fácil” e “tirar vantagem de tudo” e o comércio de drogas fazia parte dessa nova realidade social.
Os efeitos combinados da po0breza e da urbanização acelerada, sem que houvesse um desenvolvimento econômico necessário para oferecer empego urbano aos imigrantes e aos trabalhadores pobres, não são por si sós suficientes para compreender os conflitos armados que matam homens jovens.
Além disso, a rápida urbanização não permite que as práticas sociais urbanas de tolerância e civilidade sejam definidas entre os novos habitantes das cidades, nem que os valores morais tradicionais sejam interiorizados do mesmo modo pelas novas gerações. Destarte muitos jovens se tornam vulneráveis do crime-negócio em virtude da crise em suas famílias, do sistema escolar ineficaz, da falta de treinamento profissional, adicionado aos postos de trabalho insuficientes.
Sem dúvida, há conexões entre a presente violência urbana e o passado de violência predominante rural no Brasil. É fato que não temos traumatismos indeléveis e nem ódios profundos em consequência das guerras civis envolvendo grupos étnicos, religiosos ou políticos, porém a violência presente desde dos tempos dos patrões rurais, mais conhecidos como coronéis, até os dias atuais possui raízes na nossa sociedade.
As vinganças pessoais ligadas ao parentesco eram comuns em um sociedade segmentada por grupos locais e de parentesco que disputavam o poder entre si. As guerras de família marcaram de fato marcaram a história da violência no brasil rural até o século XX. Tais movimentos estavam presentes no nordeste brasileiro, conhecidos como o fenômeno do cangaço e também dos bandos de homens armados em outra regiões do pais, nas quais se imperavam as decisões dos chefes locais (não havendo nenhuma aceitação a decisão dos juízes).
A nossa cultura de cordialidade, tolerância e a arte da negociação se desenvolveu ao longo dos sec. XIX e XX, haja vista nosso país ter recebido muitos judeus perseguidos, bem como ainda na época de colônia a inquisição jamais conseguiu mobilizar explosões de caça às bruxas.
Essa cultura desenvolvida ao longo de pelos menos um século de história sobre as artes da conversação e da sociabilidade, acarretou no caráter tolerante e acolhedor do povo brasileiro.
Após a deterioração do poder pessoal dos coronéis, uma nova clientela se impôs: a organizada pelos partidos políticos. Esse sistema usava os benefícios obtidos junto ao governo, como por exemplo os impostos para realizar seus interesses, bem como manipulava autoritariamente os eleitores a fim de ganhar-lhes os votos, e persiste até hoje, pois foi justamente ele que abriu precedentes vermos o que se assiste hoje no congresso nacional. 
Com o regime Exceção e o consequente fechamento do congresso nacional, a posterior democratização que começou no final do anos 70, não modificou o jogo entre o legislativo e o executivo, ou seja, a abertura do regime não recuperou a cultura urbana de tolerância e as artes da negociação. Pode se dizer que o pior efeito de tal regime é que ele destrói a cultura democrática que se manifesta nas práticas sociais cotidianas de respeito e de civilidade com o outro, deveres do cidadão, até mesmo as de negociação que havia se difundido em cidades brasileiras. 
Porém, nem tudo foi planejado nas forças armadas brasileiras e durante o regime militar, consequências não previstas ajudaram a mudar o quadro da criminalidade e sua repressão.
Por terem empregado a tortura, as prisões ilegais e a censura, o regime de exceção abriu caminho para o crime organizado em vários setores. Alguns oficias que aderiram a essas práticas se tornaram membros de grupos de extermínio ou de extorsão, ou pior, se associaram a bicheiros, os proprietários dos pontos ilegais de jogos do bicho, assim como traficantes de drogas. Foi neste período que os bicheiros passaram a controlar as escolas de samba, transformando-as em um negócio lucrativo.
Neste momento que as favelas passam a se chamar comunidade. Cabe ressaltar que os militares da época ficaram imunes pois foram protegidos pela Lei da Segurança Nacional e pela Lei da Anistia.
Após o período de grave recessão e altas taxas de inflação o pais, a economia brasileira tornou-se diversificada e moderna, sem que a democratização das instituiçõespolíticas e jurídicas acompanhassem essa modernização.
Neste sentido, mesmo reconhecendo a importância do econômico não se pode olvidar que o funcionamento precário e desigual de justiça em razão das práticas organizacionais, que fazem a lógica da ação de seus funcionários, assim como o código penal caduco contribuíram para juntos criarem ilhas de impunidade e uma cultura indulgente com as práticas ilegais.
Assim o núcleo duro da discriminação no Brasil está na esfera institucional, ou seja, nas violações dos direitos dos mais pobres advindas do funcionamento do sistema de justiça. Primeiramente, com os policiais corrompidos, que formam o que se poderia chamar de grupo de extorsão, já que eles matam jovens traficantes que habitam regiões pobres das cidades exigindo a sua parte do dinheiro no tráfico.
Há também de se ressaltar que a maior entrada de armas e drogas no pais também contribuíram para os índices de violência, porém novamente o nível de impunidade no pais é certamente um fator de aumento das taxas de mortalidade entre os pequenos traficantes. O grande nível também de casos sem solução é um fator encorajador pra a reincidência. Ainda mais em um contexto em que as quadrilhas fornecem assistência jurídica, moral e financeira para os seus membro.
O sistema está todo interligado, agora os adolescente não morrem não apenas nas guerras pelo controle dos pontos comerciais, mas igualmente pelos motivos que ameaçam o status ou a empáfia de jovens ensaiando afirmar sua virilidade sujeito homem do qual o orgulho de ser homem não se origina na gentileza e outras ações civilizadas, mas da capacidade e disposição de destruir o adversário
São desses jovens vulneráveis que cedem a sedução, os corpos que aumentam as taxas de homicídios pelo pais afora, principalmente nas cidades onde no passado se desenvolveram as culturas de tolerância, de negociação e de disputa civilizada na festa. 
Mesmo que hajam melhoras no índices de desenvolvimento humano, aumento da escolaridade, redução da mortalidade infantil por doenças infectocontagiosas, a proporção de pobres no país, ainda sim cabe perguntar até quando?

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