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UEFS Apostila de Desenho Técnico Básico Disciplina: LET 610 – Desenho Básico – E Feira de Santana – BA, Dezembro/2013 Matheus Borges Seidel matheusbseidel@outlook.com Apostila de Desenho Técnico Básico 1 Sumário 1. Objetivo 2 2. Introdução 2 2.1 Definição 2 2.2 Normalização 2 2.3 Desenho na Engenharia 3 3. Folha de Desenho 3 4. Execução de Caracteres 6 5. Materiais 6 5.1 Esquadros 6 5.2 Escalímetro 7 5.3 Compasso 7 5.4 Régua Paralela 8 5.5 Prancheta 8 5.6 Lapiseira 8 5.7 Borracha 8 5.8 Papel e Fita Adesiva 8 6. Escala 9 7. Tipos de Linhas 10 8. Geometria Projetiva 11 9. Vistas Ortográficas 12 9.1 Arestas 13 9.2 Linhas de Chamada e de construção 13 9.3 Linhas de Simetria e de Centro 15 9.4 Cotagem em Vistas Ortográficas 15 9.5 Outras Informações 17 10. Perspectiva Isométrica 17 10.1 Desenho Isométrico passo a passo 18 10.2 Cotagem em Isometria 23 11. Perspectiva Cavaleira 24 11.1 Cotagem em Perspectiva Cavaleira 25 12. Perspectiva Cônica 25 Referências Bibliográficas 32 Apostila de Desenho Técnico Básico 2 1. Objetivo A presente apostila tem como objetivo servir de material de apoio didático à disciplina LET 610 - Desenho Básico do curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Feira de Santana; entretanto, este material pode, também, ser útil para demais estudantes de Engenharia, Arquitetura, Desenho Industrial e áreas afins. 2. Introdução 2.1 Definição O Desenho Técnico é uma forma de expressão gráfica que transmite informações de forma padronizada, seguindo normas previamente estabelecidas para comunicação de dados relevantes à área de aplicação onde o mesmo é utilizado; esta modalidade de Desenho possui intensa aplicação em diversas áreas da Engenharia, bem como na Arquitetura e Urbanismo, Topografia, Cartografia, Agronomia, Desenho Industrial, dentre outras. 2.2 Normalização É importante observar que, diferente do Desenho Artístico, no Desenho Técnico os conceitos de “bonito” e “feio” não possuem significado, mas, sim, os conceitos de certo e errado, tendo em vista as normas relevantes ao mesmo. No Brasil, estas normas são definidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e registradas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) na forma de Normas Brasileiras (NBRs). O órgão regulamentador no âmbito internacional é a Organização Internacional de Normalização (ISO - International Organization for Standardization). As normas que tratam dos assuntos abordados nesta apostila são as seguintes: - NBR 10647 – Desenho técnico - NBR 10068 – Folha de desenho - NBR 10582 – Apresentação da folha para desenho técnico - NBR 8402 – Execução de caracter para escrita em desenho técnico - NBR 8403 – Aplicação de linhas em desenhos - NBR 8196 – Emprego de escalas - NBR 10126 – Cotagem em desenho técnico - NBR 10067 – Princípios gerais de representação em desenho técnico Apostila de Desenho Técnico Básico 3 2.3 Desenho na Engenharia O Desenho Técnico possui grande importância e abrangente aplicação na Engenharia Civil, assim como na Arquitetura e demais vertentes da Engenharia; é através do mesmo que são desenvolvidos e transmitidos os projetos destas áreas. Além da aplicação direta, o estudo do Desenho também é importante pois proporciona ao estudante o desenvolvimento do raciocínio lógico e da visão espacial, habilidades que são imprescindíveis ao profissional da Engenharia. A própria convergência histórica entre o Desenho e a Engenharia, enquanto campos de conhecimento bem estruturados, ratifica o mutualismo entre a ferramenta e a área de aplicação. Voltando-se para à França em meados do século XVIII, vemos a correlação entre o desenvolvimento e estruturação científica da Geometria Descritiva por Gaspard Monge e o surgimento das primeiras escolas formais de Engenharia. 3. Folha de Desenho De acordo com a NBR 10068, as folhas de desenho podem ser utilizadas tanto na posição horizontal quanto vertical (porém, nesta disciplina, as folhas serão utilizadas exclusivamente na posição horizontal). As folhas de desenho seguem as dimensões da série “A”, que é baseada no formato A0 que possui aproximadamente 1 m². Os formatos são retangulares de forma que a relação entre os lados do retângulo sejam as mesmas que a relação entre um quadrado e a sua diagonal. A Figura 3.1 exemplifica a lógica dos formatos das folhas desenho: Figura 3.1 – Formato das folhas de desenho Apostila de Desenho Técnico Básico 4 Os outros formatos (A1, A2, A3 e A4) são obtidos através da bipartição dos formatos anteriores, ou seja, o formato A1 é a metade do formato A0, o formato A2 é a metade do formato A1 e assim sucessivamente de acordo com a Figura 3.2: As dimensões de cada formato encontram-se na tabela a seguir: Formato Dimensões (mm) A0 841 x 1189 A1 594 x 841 A2 420 x 594 A3 295 x 420 A4 210 x 297 Deve-se sempre escolher o menor formato possível de forma que não prejudique a visualização do desenho (nesta disciplina será usado o formato A3). Todas as folhas de desenho devem conter uma margem que, geralmente, já é impressa no papel (ver Figura 3.3). A margem esquerda sempre possui maior dimensão para permitir que o papel possa ser anexado (perfurado ou pressionado) em uma pasta sem que a área do desenho seja prejudicada. As dimensões das margens para cada formato de papel são definidas na tabela a seguir: Formato Margem Esquerda (mm) Demais Margens (mm) A0 25 10 A1 25 10 A2 25 7 A3 25 7 A4 25 7 Figura 3.2 – Processo de bipartição (Fonte: MAIA 2002) Apostila de Desenho Técnico Básico 5 As folhas de desenho devem conter legenda e, quando necessário, espaço reservado para textos (utilizado em projetos de Engenharia e Arquitetura). A legenda deve ser sempre posicionada no canto inferior direito da folha, dentro do espaço para desenho, e deve ter 178 mm de comprimento para os formatos A4, A3 e A2, e 175 mm para os formatos A1 e A0; a altura pode variar de acordo com as informações contidas na legenda que variam de acordo com o tipo e aplicação do desenho/projeto, porém, algumas informações são indispensáveis à qualquer desenho, como: - Escala - Data - Responsável pelo desenho/projeto - Número do desenho - Método de projeção/conteúdo do desenho O espaço para texto, quando necessário, deve ser colocado na margem direita ou inferior da folha de desenho, conforme a Figura 3.4: Figura 3.3 – Margens (Fonte: ABNT) Figura 3.4 – Organização da folha de desenho (Fonte: ABNT) Apostila de Desenho Técnico Básico 6 4. Execução de Caracteres A NBR 8403 define as normas para escrita em desenhos técnicos como o tamanho, intensidade, distanciamento e forma das letras e números utilizados nos desenhos; porém, muitos aspectos definidos nesta norma são muito específicos e o atendimento dos mesmos torna-se extremamente dispendioso (principalmente em desenhos manuais) e, para os propósitos desta disciplina, até mesmo desnecessários. Os principais aspectos a serem observados ao utilizarem-se caracteres em desenhos técnicos são a legibilidade e a uniformidade dos mesmos. As formas dos caracteres utilizados devem ser as seguintes: 5. Materiais Os principais materiais utilizados no desenho técnico são: par de esquadros, escalímetro, compasso, régua paralela, prancheta, lapiseira, borracha, papel e fita adesiva, entreoutros menos utilizados como régua T, transferidor, espanador, gabaritos (bastante utilizados em desenhos arquitetônicos), curva francesa etc. 5.1 Esquadros Os esquadros são utilizados aos pares e são triângulos retângulos (um com ângulos de 45°, outro com ângulos de 30° e 60°) que servem de apoio no traçado de linhas retas, sejam horizontais, verticais ou inclinadas; os esquadros técnicos não possuem graduação, são feitos, geralmente, de material acrílico e possuem as laterais retangulares (e não inclinadas como os esquadros escolares). Estes instrumentos também podem ser utilizados de forma combinada para traçar linhas com inclinações diferentes de 30°, 45° e 60°. Apostila de Desenho Técnico Básico 7 5.2 Escalímetro O escalímetro é um instrumento com formato de prisma triangular que possui 6 graduações diferentes; é semelhante a uma régua, porém, como o próprio nome indica, é uma ferramenta que faz medições em escalas, que podem ser de ampliação ou redução (ver detalhes no capítulo 6). O escalímetro utilizado nesta disciplina é o escalímetro de redução n° 1 que possui as seguintes escalas: 1:125, 1:100, 1:75, 1:50, 1:25 e 1:20. É importante lembrar que o escalímetro não deve ser utilizado para traçar linhas, mas apenas para fazer medições, pois o mesmo não oferece apoio adequado para o grafite; para isto, devem ser utilizados os esquadros ou a régua paralela (ver seção 5.4). 5.3 Compasso O compasso é um instrumento utilizado para desenhar arcos, circunferências e elipses (a técnica para desenho de elipses será detalhada no capítulo 10); é constituído por uma ponta metálica (ponta seca) que é utilizada para fixar a ferramenta no papel e outra ponta onde é fixado o grafite, que deve estar sempre bem afiado. O compasso técnico é produzido em aço inoxidável e possui um movimento uniforme, ou seja, as duas partes do instrumento movem-se de forma dependente, mantendo o mesmo ângulo de abertura das duas pontas em relação ao eixo de simetria vertical do instrumento. Alguns compassos ainda possuem uma engrenagem para regular com mais precisão a abertura dos mesmos; este é um recurso útil, porém, prescindível. Figura 5.1 – Esquadros (Fonte: MAIA 2002) Apostila de Desenho Técnico Básico 8 5.4 Régua Paralela A régua paralela é um instrumento que é fixado à prancheta de desenho (ver seção 5.4) e serve para traçarem-se linhas horizontais de forma direta ou para desenhar linhas verticais ou inclinadas com o auxílio dos esquadros, servindo de apoio para os mesmos. 5.5 Prancheta A prancheta é a “mesa” de desenho; pode ser de madeira, metal ou outros materiais e destaca-se por permitir a regulagem da inclinação da superfície de desenho, evitando que o desenhista precise debruçar-se sobre o papel e permitindo que o mesmo mantenha uma postura mais ereta e confortável. 5.6 Lapiseira Também chamada de poli, porta-minas, ou, erroneamente, de grafite, a lapiseira é um instrumento bastante conhecido e utilizado. Deve-se ter o cuidado de utilizarem-se lapiseiras que possuam, em sua extremidade, um suporte metálico cilíndrico para o grafite, para que o instrumento possa ser mais bem apoiado nos esquadros ou régua paralela (Figura 5.2). Nesta disciplina, o grafite utilizado na lapiseira será de espessura 0,5 mm ou 0,7 mm da série HB. 5.7 Borracha É preferível que, para desenho técnico, utilize-se uma borracha macia para evitar que o papel seja danificado; além disso, borrachas mais duras tendem a soltar mais fragmentos que sujam a prancheta de desenho. Deve-se, também, ter o cuidado de sempre manter a borracha limpa, para evitar que a mesma suje a folha de desenho. 5.8 Papel e Fita Adesiva A folha de desenho deve sempre ser utilizada presa à prancheta através de pedaços de fita adesiva fixados em suas extremidades. Deve-se ter o Figura 5.2 – Lapiseira Apostila de Desenho Técnico Básico 9 cuidado de colar a fita adesiva na margem da folha, não ocupando o espaço reservado para desenho. 6. Escala Escala é a razão entre uma medida real e a sua representação em um desenho. A mesma deve ser definida, obviamente, antes do início do desenho de forma que o mesmo possa ser representado de forma fácil e clara. As escalas podem ser de ampliação ou de redução; como já se pode intuir, a escala de ampliação representa objetos em uma medida maior do que a real, enquanto a escala de redução representa objetos em um tamanho menor do que o real; por motivos óbvios, está última é bem mais utilizada na Engenharia Civil. Além das escalas de redução e de ampliação, um desenho pode representar um objeto em verdadeira grandeza, i.e., no seu tamanho real. Sempre deve ser indicada na legenda do desenho a escala utilizada no mesmo. As escalas de redução são indicadas da seguinte forma: Ex.: 1:50 O que significa que 1 unidade de medida no desenho corresponde a 50 unidades de medida na realidade, independente do sistema de unidades utilizado. Se, por exemplo, o centímetro for adotado, 1:50 significa que 1 cm no desenho corresponde a 50 cm na realidade. Já a escalas ampliação são representadas da seguinte forma: Ex.: 50:1 Ou seja, 50 unidades de medida no desenho correspondem a 1 unidade de medida real. A escala de um desenho em verdadeira grandeza é representada da seguinte forma: V.G.: 1:1 É importante notar que uma escala 1:20, por exemplo, é considerada maior do que uma escala 1:50, visto que, na escala 1:20, o desenho será representado em um tamanho maior do que o mesmo desenho em escala 1:50, exibindo mais detalhes com mais clareza. Apostila de Desenho Técnico Básico 10 7. Tipos de Linhas Cada tipo de linha no desenho técnico possui um determinado significado e razão lógica pela qual a mesma é aplicada. Os tipos de linhas mais comuns e que serão usados nesta disciplina são as linhas: contínuas largas, contínuas estreitas, tracejadas (e não pontilhadas!) e traço-e-ponto. A tabela a seguir apresenta essas linhas e suas aplicações: Tipo de linha Representação Aplicação Contínua larga Arestas visíveis Contínua estreita Linhas de chamada Linhas de construção Linhas de cota Linhas de extensão Hachuras Tracejada Arestas não visíveis Traço-e-ponto Linhas de centro Linhas de simetria Obs.: Exemplos de aplicações dessas linhas serão dados nos capítulos seguintes. Esses tipos de linhas são definidos pela NBR 8403; além desta norma, a NBR 9462, que trata da representação de projetos de arquitetura, também define outros aspectos para representação de linhas, mas que não serão abordados nesta disciplina por serem muito específicos e, por vezes, de difícil aplicação no desenho manual, sendo mais considerados nos desenhos feitos digitalmente. É importante sempre desenhar, inicialmente, utilizando-se apenas linhas estreitas e, quando o desenho estiver pronto e corrigido, destacarem-se as linhas que devem ser representadas largas; este cuidado deve ser tomado, pois, uma vez traçadas, linhas largas não devem ser apagadas, visto que se torna muito difícil apagá-las com perfeição e, portanto, acabam “sujando” o desenho, causando um grave problema não só estético, mas, até mesmo, dificultando a visualização de detalhes presentes no desenho. Por isso, deve-se adotar esta prática, já que linhas estreitas podem ser apagadas com relativa facilidade. Apostila de Desenho Técnico Básico 11 8. Geometria Projetiva O Desenho Técnico subdivide-se desenho projetivo e desenho não projetivo. O desenho projetivo, que é abordado nesta disciplina, é “resultante de projeções do objeto sobre um ou mais planos que fazem coincidir com o próprio desenho” (ABNT – NBR 10647);já o desenho não projetivo, não é “subordinado à correspondência, por meio de projeção, entre as linhas que constituem e que é por ele representado, compreendendo larga variedade de representações gráficas, tais como: diagramas, esquemas, ábacos ou nomogramas, fluxogramas, organogramas e gráficos” (ABNT – NBR 10647); este último, não será abordado na disciplina ou nesta apostila. Utilizaremos, basicamente, dois tipos de projeção: a projeção cilíndrica ortogonal e a projeção cônica (Figura 8.1): A projeção cilíndrica considera o observador como estando a uma distância infinita do objeto observado, desprezando, assim, as distorções relativas nas observações dos diferentes elementos de um objeto em função de suas distâncias em relação ao observador. A projeção cilíndrica ortogonal, em particular, considera o observador de forma que os raios projetantes sejam exatamente perpendiculares ao plano de projeção. Já a projeção cônica aproxima-se mais do modo como observamos na realidade, pois considera as distorções de objetos mais distantes (já que objetos mais distantes nos parecem menores). Nos dois principais sistemas de representação que utilizaremos (Vistas Ortográficas e Perspectiva Isométrica) tomaremos como base a projeção cilíndrica ortogonal. As projeções cônicas são pouco utilizadas na representação de projetos de Engenharia e Arquitetura, e, quando utilizadas, estão presentes nas fazes preliminares de projetos, onde são feitos croquis (esboços rápidos feitos à mão-livre e fora de escala) nas fases iniciais de idealização das Figura 8.1 – Tipos de Projeções Apostila de Desenho Técnico Básico 12 edificações; além disso, a projeção cônica possui larga aplicação no Desenho Artístico. 9. Vistas Ortográficas O sistema de Vistas Ortográficas ou Sistema Mongeano tem suas bases teóricas na Geometria Descritiva e foi idealizado pelo matemático francês Gaspard Monge (1746-1818). Este sistema de representação consiste, basicamente, na representação de um objeto tridimensional em duas dimensões, através de projeções de diferentes pontos de vista. A Figura 9.1 esclarece esse processo: Utilizando este método, podemos representar todas as vistas de um objeto da seguinte forma (Figura 9.2): Figura 9.1 – Vistas Ortográficas Apostila de Desenho Técnico Básico 13 Note-se que, do contrário do que se pode deduzir intuitivamente, a vista lateral esquerda deve estar à direita da vista frontal, enquanto a vista lateral direita é posicionada à esquerda da vista frontal. 9.1 Arestas As arestas visíveis dos objetos devem ser representadas com linhas contínuas e largas. As arestas não visíveis (e não invisíveis!) devem ser representadas com linhas tracejadas; ou seja, mesmo que em uma das vistas do desenho não apareçam todas as arestas pelo fato de algumas estarem encobertas, estas devem ser representadas para indicar sua existência. Na vista posterior da Figura 9.2, por exemplo, é possível observar a representação de uma aresta não visível, pois, ao observar-se o objeto de um ponto de vista posterior não se vê a aresta inferior do plano inclinado (rampa) presente no objeto; por este motivo, esta Aretas deve ser representada através de linhas tracejadas. No caso de, em uma das vistas, coincidirem arestas visíveis e não visíveis, ou seja, linhas contínuas e tracejadas, deve prevalecer a linha contínua. 9.2 Linhas de Chamada e de Construção As linhas de chama servem transpor uma medida repetida, sem que seja necessário utilizar-se o escalímetro, facilitando e agilizando o desenho; por exemplo, após desenhar-se a vista frontal, as linhas de chamada podem facilitar o traçado das horizontais nas vistas laterais e das linhas verticais na Figura 9.2 – Desenho Tridimensional e Vistas Ortográficas Apostila de Desenho Técnico Básico 14 vista superior. Também podem ser utilizadas linhas de chamadas curvas com o auxílio do compasso. A Figura 9.3 mostra a utilização deste tipo de linha: As linhas de construção são linhas que servem para simplificar e facilitar o desenho, em especial de objetos mais detalhados. Para desenhar, por exemplo, a vista frontal da Figura 9.1, pode-se desenhar um retângulo e, posteriormente, desenhar o detalhe na zona inferior do desenho; o mesmo pode ser feito na vista lateral esquerda, pode-se desenhar um retângulo e, depois, traçar-se a linha inclinada. A Figura 9.4 exemplifica o uso dessas linhas: Tanto as linhas de chamado quanto as linhas de construção não são obrigatórias, mas podem ser usadas de acordo com o interesse do desenhista. Estas linhas devem, sempre, ser representadas através de linhas estreitas, pois não fazem parte do desenho principal, sendo apenas linhas auxiliares; por isso, Figura 9.3 – Utilização de Linhas de Chamada Figura 9.4 – Linhas de Construção Apostila de Desenho Técnico Básico 15 também, a importância de se fazer todo o desenho em linhas estreitas para depois destacá-las, pois, desta forma, as linhas de chamada e de construção podem auxiliar o processo de desenho e não precisam ser apagadas ao final do mesmo. 9.3 Linhas de Centro e de Simetria As linhas de centro e as linhas de simetria são representadas através de linhas traço-e-ponto (estreitas). As linhas de centro são utilizadas para indicar a presença de circunferências, tanto nas vistas frontais, quanto nas laterais; são linhas obrigatórias e devem sempre ultrapassar os limites da circunferência de indicam. Já as linhas de simetria não são obrigatórias e, como seu nome já induz, indica que um objeto é simétrico em relação à linha traçada. A Figura 9.5 mostra a utilização destas linhas: 9.4 Cotagem em Vistas Ortográficas De acordo com a NBR 10126, cotagem é a “representação gráfica no desenho da característica do elemento, através de linhas, símbolos, nota e valor numérico numa unidade de medida”; i.e., apresentar em um desenho suas medidas reais independentemente de sua escala de representação. Para cotar um desenho utilizam-se os seguintes elementos: a linha de cota, a linha de extensão (ou linha auxiliar), o limite da linha de cota e a cota propriamente dita; estes elementos são mostrados na Figura 9.6: Figura 9.5 – Linhas de simetria (esq.) e linhas de centro (dir.) Figura 9.6 – Elementos de cotagem Apostila de Desenho Técnico Básico 16 O limite da linha de cota pode ser representado através de uma seta, de uma linha inclinada a 45° ou de uma circunferência preenchida (Figura 9.7); ao utilizar-se a linha inclinada ou a circunferência preenchida, a linha de cota deve ultrapassar a linha de extensão; quando utilizada a seta, a linha de cota deve terminar na linha de extensão. É imprescindível definir apenas um tipo de limite de linha de cota a ser utilizado no desenho; não podem ser usados dois tipos de limite na mesma prancha. Todos os elementos de cotagem devem ser representados com linhas estreitas e as linhas de cota devem ser paralelas ao elemento do desenho que estão cotando; a cota (número que expressa as medidas do desenho) deve ser representado sempre acima ou à esquerda da linha de cota (Figura 9.8). Figura 9.7 – Tipos de limites de linha de cota Figura 9.8 – Desenho Cotado Apostila de Desenho Técnico Básico 17 Para cotar circunferências ou arcos de circunferências, deve ser feito como indicado na Figura 9.9: 9.5 Outras Informações Geralmente não são representadastodas as vistas de um objeto, já que, na maioria dos casos, três vistas (frontal, superior e uma das laterais) são suficientes para transmitir todas as informações de um objeto. Em alguns casos, como os desenhos da Figura 9.5, por exemplo, apenas duas vistas já são suficientes para representar os objetos com clareza. Deve-se desenhar as vistas ortográficas respeitando-se uma margem de 2 cm em relação ao quadro da folha de desenho (ver Figura 3.3); além disso, entre as vistas também deve ser dado um espaçamento de 2 cm. 10. Perspectiva Isométrica A perspectiva isométrica ou, de forma simplificada, isometria, é um sistema de representação no qual o objeto em questão é representado tridimensionalmente. A isometria é um caso da axonometria, que também compreende a dimetria e a trimetria, no qual todas as faces possuem o mesmo “destaque”, ou seja, o ângulo entre elas é o mesmo (iso = igual; metria = medida) de forma que todas as faces sofram a mesma deformação, mantendo o desenho proporcional (Figura 10.1); um objeto (cubo, por exemplo) pode ser observado em perspectiva isométrica da seguinte forma: partindo-se da sua vista frontal, rotaciona-se o objeto a 45° em torno do seu eixo vertical e inclina-se o mesmo para a frente, de forma que o ângulo entre as três arestas centrais sejam iguais. Figura 9.9 – Cotagem de circunferências através do diâmetro (esq.) e do raio (dir.) Apostila de Desenho Técnico Básico 18 A deformação sofrida pelas linhas na Isometria é de 81,6%, entretanto, visto que esta deformação é aplicada uniformemente no desenho, utiliza-se a perspectiva isométrica simplificada, na qual são utilizadas as medidas reais (em escala) desconsiderando-se essa deformação; a única implicação relevante desta simplificação é que o desenho em isometria é aparentemente maior do que o mesmo desenho na mesma escala em outro sistema de representação, como o de vistas ortográficas. Linhas inclinadas e curvas (rampas, circunferências, furos etc.) sofrem uma deformação diferente das demais linhas do desenho (por isso, são também chamadas de linhas não isométricas), portanto, estas linhas não devem ser medidas, mas devem ser traçadas a partir de suas extremidades ou através do uso de um sistema coordenadas; esta última opção não será abordada nesta apostila. Diferentemente do sistema de representação em vistas ortográficas, em isometria não são representadas arestas não visíveis (nem sob a forma de linhas tracejadas); outra particularidade da representação de linhas na perspectiva isométrica é que nesta não são representadas linhas de simetria ou linhas de centro. 10.1 Desenho Isométrico Passo a Passo Para iniciar-se o desenho em isometria, é recomendável traçar-se, inicialmente, uma linha horizontal que servirá de referência e de apoio para os esquadros; esta linha deve ser traçada como linha de construção, visto que não faz parte do desenho. A partir desta linha, devem ser traçadas duas linhas com 30° de inclinação (com o auxílio do esquadro de 30°/60°) como indica a Figura 10.2: Figura 10.1 - Axonometria Apostila de Desenho Técnico Básico 19 Inicialmente, todo o desenho deve ser feito exclusivamente com linhas finas e, quando o mesmo for finalizado, as arestas visíveis devem ser escurecidas; desta forma, é possível corrigir eventuais erros no processo de desenho e podem ser traçadas linhas de construção que auxiliam e facilitam o desenho e não precisam ser apagadas após a finalização do mesmo. Em seguida, deve-se traçar um paralelepípedo de referência para, posteriormente, serem traçados os detalhes do desenho (Figuras 10.3 e 10.4). Figura 10.2 Figura 10.3 Apostila de Desenho Técnico Básico 20 Finalmente, após todas as linhas serem traçadas, aquelas que representam as arestas da figura devem ser destacadas, de acordo com a Figura 10.5: Figura 10.4 Figura 10.5 Apostila de Desenho Técnico Básico 21 Como citado anteriormente, linhas inclinadas não podem ser medidas diretamente no desenho isométrico, já que sofrem uma deformação diferente da do restante do desenho; portanto, estas linhas devem ser traçadas da seguinte forma (Figura 10.6): Outros exemplos de linhas não isométricas são as circunferências (ou arcos de circunferência) que, em perspectiva isométrica, serão representadas na forma de elipses; para traçar elipses, deve-se proceder como indicado na Figura 10.7: Figura 10.6 Apostila de Desenho Técnico Básico 22 Figura 10.7 – Desenho de circunferência em perspectiva Apostila de Desenho Técnico Básico 23 10.2 Cotagem em Isometria Os conceitos descritos na seção 9.4 também valem para a cotagem em perspectiva isométrica. Uma das poucas diferenças é que só devem ser utilizadas como limite da linha de cota as setas ou as circunferências (traços inclinados não devem ser usados em isometria). Na maioria dos casos, há mais de uma forma correta de se cotar um desenho, sendo tarefa do desenhista escolher a forma mais prática, simples e visualmente agradável. É imprescindível que todas as linhas de extensão contidas em uma mesma linha de cota sejam paralelas; em geral, estas linhas auxiliares podem ser inclinadas (30°) ou verticais. A Figura 10.8 apresenta duas formas distintas de se cotar corretamente um desenho: Assim como na cotagem de desenhos em vistas ortográficas, em isometria também não se deve repetir cotas. Figura 10.8 – Cotagem em isometria Apostila de Desenho Técnico Básico 24 11. Perspectiva Cavaleira A perspectiva cavaleira é um tipo de representação no qual é feita a projeção cilíndrica no do objeto em um plano paralelo ao plano da face frontal da figura, i.e., a face definida como frontal é apresentada como nas vistas ortográficas, sem distorção e paralela ao plano do observador. As demais faces do objeto são representadas inclinadas (com ângulos de 30°, 45° ou 60°) e, portanto, distorcidas. Para que a visualização do desenho seja proporcional, estas linhas distorcidas não devem ser traçadas com sua medida real, mas devem ter seu tamanho ajustado de acordo com o ângulo escolhido; quanto maior o ângulo, maior a distorção e, portanto, menor deve ser a medida da linha no desenho. Para fazer esse ajuste, deve-se multiplicar a medida da linha (linhas inclinadas que indicam a profundidade do desenho) por um coeficiente K que depende do ângulo escolhido. A Figura 11.1 apresenta a perspectiva cavaleira com os três ângulos e seus respectivos coeficientes: Portanto, ao se utilizar, por exemplo, o ângulo de 30°, se uma das linhas inclinadas mede 6 cm, esta deve ser representada no desenho com uma medida de 4 cm, já que 6*2/3 = 4. Figura 11.1 – Perspectiva Cavaleira Apostila de Desenho Técnico Básico 25 11.1 Cotagem em Perspectiva Cavaleira Para cotagem em perspectiva cavaleira, valem as mesmas regras da cotagem em isometria; o único detalhe que deve ser observado é que, ainda que linhas inclinadas sejam distorcidas e tenham suas medidas alteradas, as cotas devem representar a medida real do desenho e não a medida distorcida. 12. Perspectiva Cônica Para entender o desenho em perspectiva cônica é importante relembrar o conceito de projeção cônica apresentado na Figura 8.1; neste sistema de representação, são consideradas as distorções sofridas peloas objetos em função da sua distância em relação ao observador. Desta forma, assim como na visão humana, objetos mais distantes parecem menores em relação a objetos mais próximos ao observador. Por causa desta distorção,representações em perspectiva cônica não possuem uma escala definida, já que cada elemento do desenho possui uma redução particular e, portanto, também não podem ser medidos de forma absoluta. O aspecto que sempre deve ser preservado nos desenhos em perspectiva cônica é a proporção; ainda que não sejam usadas medidas exatas, deve-se manter uma coerência entre o tamanho dos diferentes elementos do desenho, mantendo, assim, uma visualização coesa e fiel ao que está sendo representado. Para entender o desenho em perspectiva cônica, deve-se, inicialmente, conhecer-se dois conceitos básicos: o de pontos de fuga (abreviadamente PFs), que são os pontos para os quais as linhas que “entram” no desenho (isto é, linhas que indicam a profundidade dos objetos representados) devem convergir; outro conceito importante, é o de Linha do Horizonte (abreviadamente LH) que é uma linha localizada na altura do observador e, portanto, objetos localizados abaixo da LH terão sua vista superior observada e objetos localizados acima da LH terão suas vista inferior observada. O desenho em perspectiva cônica pode ser feito com 1, 2 ou 3 PFs, que sempre devem ser localizados em cima da linha do horizonte, salvo no caso do desenho com 3 PFs que tem um dos seus pontos de fuga fora da LH. Para desenhar com 1 PF, inicia-se o desenho a partir de uma das faces do objeto (Figura 12.1). Apostila de Desenho Técnico Básico 26 Após desenhar a face frontal do desenho, devem ser traçadas as linhas que indicam a profundidade do desenho convergindo para o ponto de fuga (Figura 12.2). Figura 12.1 – Desenho com 1 PF – 1° passo Figura 12.2 – Desenho com 1 PF – 2° passo Apostila de Desenho Técnico Básico 27 Finalizando o desenho (Figuras 12.3 e 12.4): Figura 12.3 – Desenho com 1 PF – 3° passo Figura 12.4 – Desenho com 1 PF – 4° passo Apostila de Desenho Técnico Básico 28 Para desenhar com 2 PFs, inicia-se o desenho a partir de uma de suas arestas; as Figuras de 12.5 a 12.9 mostram o desenho com 2 PFs passo a passo. Figura 12.5 – Desenho com 2 PFs – 1° passo Figura 12.6 – Desenho com 2 PFs – 2° passo Figura 12.7 – Desenho com 2 PFs – 3° passo Apostila de Desenho Técnico Básico 29 Para desenhar com 3 PFs inicia-se o desenho a partir de um dos vértices do desenho (Figuras 12.10 a 12.15): Figura 12.8 – Desenho com 2 PFs – 4° passo Figura 12.9 – Desenho com 2 PFs – 5° passo Figura 12.10 – Desenho com 3 PFs – 1° passo Apostila de Desenho Técnico Básico 30 Figura 12.11 – Desenho com 3 PFs – 2° passo Figura 12.12 – Desenho com 3 PFs – 3° passo Figura 12.13 – Desenho com 3 PFs – 4° passo Apostila de Desenho Técnico Básico 31 Desenhos com 3 pontos de fuga não usados com muita frequência e, apesar de não serem representados nas figuras acima, também podem estar acima ou em cima da linha do horizonte. Note-se ainda que, quanto mais próximo do ponto de fuga, maior será a distorção sofrida pelo desenho; por causa disto, podemos afirmar que a projeção cilíndrica é um tipo de projeção cônica na qual o ponto de fuga está localizado no infinito, anulando, assim, qualquer distorção sofrida pelo desenho. Figura 12.14 – Desenho com 3 PFs – 5° passo Figura 12.15 – Desenho com 3 PFs – 6° passo Apostila de Desenho Técnico Básico 32 Referências Bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8196/99: Desenho técnico - emprego de escalas. Rio de Janeiro, 1999. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8402/94: Execução de caracter para escrita em desenho técnico. Rio de Janeiro, 1994. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8403/84: Tipos de linhas. Rio de Janeiro, 1984 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10067/95: Princípios gerais de representação em desenho técnico. Rio de Janeiro, 1995. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 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